Você está na página 1de 2

Examinem-se

- por René Burkhardt | 21 de Dezembro de 2009

“Examinem-se para ver se vocês estão na fé; provem-se a si mesmos. Não percebem
que Cristo Jesus está em vocês? A não ser que tenham sido reprovados!” (2Co 13.5)

Esta é a recomendação feita a toda a Igreja: um auto-exame constante, diário, porque somos
ordenados a viver um dia de cada vez. Assim, precisamos verificar o estado de nossa fé
diariamente. Deus nos transforma, de glória em glória, à imagem de Seu Filho, pelo Espírito
(2Co 3.18). Isto quer dizer que a verdadeira fé salvadora sempre traz uma mudança na
conduta, no coração daquele que exercita a fé, e essa transformação se desenvolve a cada dia.

Se o fato de nos examinarmos conscientemente permite sabermos se estamos andando em fé


ou não, então Paulo está nos indicando duas coisas, aqui, em relação à fé: quando ele diz para
nós nos examinarmos, ele nos indica que é necessário termos uma convicção em nossa mente,
de que a verdade pregada deve ser aplicada em relação a nós, que deve atuar na nossa
conduta. E ele também diz que essa verdade, que ouvimos na pregação da Palavra, precisa
gerar uma mudança correspondente no coração. Isto quer dizer que, quando o homem é
convencido pela pregação e admite a verdade em relação a si mesmo, então ele deve aplicar
esta verdade em sua própria vida, gerando mudança na sua conduta.

As pessoas podem ouvir belos sermões sobre o plano de salvação, sobre o caráter e a soberania
de Deus e, até, ficarem maravilhadas com a glória e a excelência mostradas. Elas podem até
aplaudir com entusiasmo e pensarem que têm fé. Mas, na verdade, elas não têm nem um pingo
de fé salvadora, porque até os demônios agem assim, desde que não tenham que aplicar essa
verdade em suas próprias vidas.

Essas pessoas (e os próprios demônios) vêem o Evangelho como verdade, mas não o aprovam,
porque ele interfere diretamente no seu egoísmo. Passam a odiar a Deus e se rebelam contra
Ele, porque Deus, o seu Criador, está totalmente em oposição a esse seu egoísmo. Então, essas
pessoas aceitam o Evangelho como verdade, se alegram em ouvir certas pregações e chegam
até a dizer que estão sendo alimentadas por elas. Mas, depois, vão embora e não aplicam em
suas vidas aquilo que ouviram.

Tiago também comenta sobre isto: "Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" (Tg 1:22). Em outras palavras, ele está dizendo que
qualquer um que não pratica aquilo que admite ser verdade, engana a si mesmo.

E, amados, essas coisas estão sendo ditas para pessoas que carregam o nome de cristãs. Mas a
Palavra comprova que tais pessoas são, na verdade, hipócritas. Algumas são hipócritas por
tentarem enganar aos outros, como os fariseus faziam, através de sua religiosidade, suas longas
orações, seus jejuns, seus dízimos e diversas outras coisas que possam tornar públicas. Outras,
como diz Tiago, são hipócritas por enganarem a si mesmas, pensando que são boas cristãs, mas
sem buscarem a santificação em Cristo Jesus e sem praticarem os preceitos básicos da Palavra.

Tanto Paulo, quanto Tiago, indicam que a verdadeira fé vai resultar em boas obras. Mas essas
boas obras não são o cumprimento da lei, pura e simplesmente. Ambos apontam para o
cumprimento da essência da lei, como disse Jesus, que é, primeiramente, a transformação do
íntimo da pessoa, fazendo com que ela tenha prazer em exercitar justiça, misericórdia e fé (Mt
23.23).

Nossa grande dificuldade, atualmente, tem sido a de definir o que é andar em fé. Temos nos
deixado levar por doutrinas e preceitos humanos, ao invés de imitar o povo de Beréia e buscar
nas Escrituras, para saber se as coisas são realmente assim. Também não temos orado para que
o Espírito Santo nos ensine qual seja a perfeita vontade de Deus para as nossas vidas. Desta
forma, permitimos sermos manipulados por pessoas que não têm o Espírito de Cristo e que nos
levam a cumprir fetiches religiosos, como se fossem demonstrações de fé.
Já que “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16-17), certamente, ela também nos
ensina sobre o andar em fé:

Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”
(Mt 16.24). Na seqüência, o Senhor diz que essa atitude é que vai resultar na salvação da alma
da pessoa. Ele está dizendo que, para seguir a Jesus (andar, viver por fé), existem condições e
que, sem cumprir essas condições, ninguém alcançará a salvação de sua própria alma. Ele diz
que as pessoas que tentarem salvar suas próprias vidas, ou seja, insistirem em satisfazer o seu
próprio “eu” (v. 25), não se salvarão da condenação do inferno. Por outro lado, quem abrir mão
da satisfação de seus desejos pessoais (a si mesmo se negar), será salvo dessa condenação e
viverá eternamente junto ao Deus Pai e Criador.

Amados, o que o Senhor Jesus está dizendo é muito simples, porém, é extremamente difícil de
ser cumprido por nós. É difícil, porque se trata de nossa morte, não física, mas espiritual. Para
nos negarmos a nós mesmos, precisamos fazer morrer a nossa natureza, que sempre busca o
nosso próprio bem-estar, através de conforto e satisfação emocionais e físicos. Nossa natureza
também nos leva a satisfazer a nossa soberba, aquela que nos faz pensar que somos
merecedores de tudo do bom e do melhor, que somos superiores a tudo e a todos, e que somos
capazes de fazer qualquer coisa, inclusive de cumprirmos preceitos (religiosidades) que nos
dêem direito à salvação.

O que o Senhor está dizendo, em outras palavras, é que devemos nos arrepender de termos
vivido, até este momento, achando que somos soberanos sobre nossas próprias vidas, e que
devemos nos aproximar, em humildade, do Senhor, para fazermos um conserto definitivo com
Ele!

O Senhor Deus nos dirá: “Meu amado, estou feliz por você ter ouvido e ter atendido à Minha
Palavra. Estou feliz por você ter recebido o Meu Evangelho e ter perseverado para entrar em
Minha Presença. Agora, quero fazer um conserto com você, mas é necessário que você concorde
com algumas coisas, a fim de que você esteja, a partir de agora e por toda a eternidade, em
Minhas mãos”.

“Em primeiro lugar, amado, me entregue essa sua religiosidade, essa sua idéia de que pode
fazer coisas como cumprir regras e leis, ou fazer boas obras, para se justificar e Me agradar.
Essas coisas, da forma e com a intenção que são feitas, são imundas e fétidas para Mim.
Coloque isso aos pés da Cruz do Meu Cristo e lhe darei a Justificação em Jesus”.

“Me entregue também essa sua tentativa inútil de se santificar através do seu esforço próprio,
da sua própria capacidade que, na verdade, não o santifica de nada, apenas esconde no seu
íntimo aquilo que deveria ser arrancado de você, e lhe dou a Santificação definitiva em Cristo
Jesus”.

“Por último, filho Meu, me entregue todos os seus sonhos, seus desejos, seus planos, que eu lhe
dou o próprio Cristo para viver em você”.

Evidentemente, não podemos afirmar que o apóstolo Paulo tenha tido esse diálogo com o
Senhor, mas sabemos que, em certo momento, ele afirmou confiantemente: “Estou crucificado
com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2.19-20).

Esta declaração nos mostra que o apóstolo passou pelo processo de crucificação com Jesus,
onde o seu próprio “eu” foi morto definitivamente. Isto significa que ele aplicou em sua vida o
fato de que apenas Jesus é “sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1Co 1.30).

Crer nisso e aplicar isso em nossas vidas é o verdadeiro “andar em fé”. Amém.

Extraído de http://kasteloforte.blogspot.com/2009/12/examinem-se.html

Você também pode gostar