O documento discute as origens antigas do Yoga, remontando ao xamanismo das cavernas há 10.000 anos atrás. O Yoga provavelmente se desenvolveu a partir de práticas xamânicas ao longo de milênios, embora pouco se saiba sobre os estágios iniciais. As evidências literárias e arqueológicas mais antigas do Yoga datam do terceiro milênio a.C. O Rg Veda contém elementos do Yoga arcaico e provavelmente foi composto entre o terceiro e quarto milênio
O documento discute as origens antigas do Yoga, remontando ao xamanismo das cavernas há 10.000 anos atrás. O Yoga provavelmente se desenvolveu a partir de práticas xamânicas ao longo de milênios, embora pouco se saiba sobre os estágios iniciais. As evidências literárias e arqueológicas mais antigas do Yoga datam do terceiro milênio a.C. O Rg Veda contém elementos do Yoga arcaico e provavelmente foi composto entre o terceiro e quarto milênio
O documento discute as origens antigas do Yoga, remontando ao xamanismo das cavernas há 10.000 anos atrás. O Yoga provavelmente se desenvolveu a partir de práticas xamânicas ao longo de milênios, embora pouco se saiba sobre os estágios iniciais. As evidências literárias e arqueológicas mais antigas do Yoga datam do terceiro milênio a.C. O Rg Veda contém elementos do Yoga arcaico e provavelmente foi composto entre o terceiro e quarto milênio
Em "A tempestade", Shakespeare compartilha conosco aseguinte parcela de sabedoria: "O que passado, prlogo".
Sadhus, yogis sivaistas. Company paintings, Patna, 1827. Galerie Marco Polo, Paris. (Fonte: MICHAUD, Roland e Sabrina. Mirror of India. London: Thames and Hudson Ltd, 1990, ilustrao 167.)
Em "A tempestade", Shakespeare compartilha conosco a seguinte parcela de sabedoria: "O que passado, prlogo". De fato, o presente moldado pelo passado e, em troca, molda o futuro. Como estudantes de Yoga, podemos enriquecer nossa atual prtica com o entendimento, pelo menos, dos pontos essenciais da magnfica tradio yogne do passado. Como Francis Bacon, o filsofo e cientista ingls do sculo XVII, escreveu, "Pea conselho (...) aos tempos antigos sobre o que melhor e aos tempos posteriores sobre o que cai melhor". Neste esprito, eu gostaria de convid-lo a juntar-se a mim em uma breve mas reveladora excurso ao passado distante do Yoga. Do xamanismo do tempo das cavernas ao Yoga Vrios estudantes no Ocidente pensam que a tradio do Yoga remonta a Patanjali, o autor do Yoga Stra ("Aforismos do Yoga"). Eles freqentemente chamam Patanjali de o "pai" do Yoga. Contudo, de acordo com a prpria tradio yogue, esta honra pertence, distintamente, a Hiranya- garbha ("Bero Dourado"). Ele tido como algum que viveu muito antes de Patanjali (entre 300 a.C. e 200 a.C.). Hiranyagarbha ressalta a mente intuitiva superior, que a fonte tanto da sabedoria quanto das experincias visionrias, que so centrais no caminho yogue. Se algum dia realmente existiu um mestre de Yoga com este nome, ele deve ter se tornado mito depois. O quo depois, ningum sabe. Para falar a verdade, as razes do Yoga entram num vago e remoto passado. Parece provvel que o Yoga nasceu do xamanismo do tempo das cavernas. No sabemos, no entanto, nada sobre os estgios de desenvolvimento que levaram do xamanismo ao Yoga. Estamos no escuro num perodo de dez mil anos de desenvolvimento. Nem sequer sabemos muito sobre a vida espiritual dos primeiros agricultores de dez mil anos atrs. Aparentemente h uma continuidade cultural estarrecedora entre o hindusmo moderno e a cultura do agrupamento neoltico de Mehrgarh, onde hoje o Paquisto, datando do stimo milnio a.C. No quinto milnio, Mehrgarh tornou-se uma cidade do tamanho da moderna cidade universitria de Stanford, Califrnia (EUA), abrigando umas vinte mil pessoas. Este parece ter sido o maior agrupamento naquele perodo inicial. No h nada que nos impea de especular que os sacerdotes xams de Mehrgarh cultivaram idias e prticas que, passo a passo, levaram s bem conhecidas noes, smbolos e rituais do hindusmo. Seja como for, o incio histrico mais antigo do Yoga, sustentado pelas evidncias arqueolgicas e literrias que temos, datam do terceiro milnio a.C. at possvel que as evidncias literrias mais antigas, como as encontradas no Rg Veda ("Conhecimento de Louvor"), provm, pelo menos em parte, do quarto ou possivelmente do quinto milnio a.C. Portanto o Yoga, como o conhecemos hoje, um produto de um desenvolvimento complexo, prolongando-se por, pelo menos, cinco mil anos. Na contemplao da longa histria do Yoga, vrias perguntas importantes surgem forosamente. Como era a primeira forma de Yoga? Como ela difere da clssica e dos ensinamentos contemporneos? O que, seja o que for, foi perdido da herana yogue da mais remota antigidade? O que o Yoga arcaico pode nos ensinar? A seguir, eu tentarei responder brevemente estas perguntas. Parece provvel que o Yoga nasceu do xamanismo do tempo das cavernas. No sabemos, no entanto, nada sobre os estgios de desenvolvimento que levaram do xamanismo ao Yoga. O legado vdico Em nosso esforo para entendermos a natureza do Yoga arcaico, somos afortunados por termos um registro razoavelmente abrangente dos 1.028 hinos do arcaico Rg Veda ("Conhecimento de Louvor"). Escrito em uma forma inicial do snscrito, esta a escritura mais antiga em qualquer lngua indo-europia e, como acreditam certos estudiosos hoje, do mundo. At recentemente, a maioria dos pesquisadores datava os hinos mais antigos do Rg Veda por volta de 1500 a.C., sendo que a maioria dos hinos supostamente vrias centenas de anos mais nova. Esta data, no entanto, acabou mostrando-se um tanto arbitrria. Isto comeou com pouco mais de uma conjectura de alguns sanscritistas no sculo XIX, notadamente do sbio alemo Max Mller (que era professor em Oxford). Porm logo se tornou um duradouro paradigma de estudo, pelo menos nas universidades nos Estados Unidos e na Europa. Vrios tradicionais Pandits indianos sustentaram uma data bem anterior para o Rg Veda. Suas vrias posies esto cada vez mais vindicadas pelas mais recentes pesquisas. Com a colaborao de Subhash Kak e David Frawley, examinei e avaliei muitas das evidncias disponveis em nosso livro conjunto "In Search of the Cradle of Civilization" ("Na busca do bero da civilizao"). Esta foi uma aventura vertiginosa para ns que nos levou a algumas concluses extraordinrias sobre a ndia antiga. O Yoga, como o conhecemos hoje, um produto de um desenvolvimento complexo, prolongando-se por, pelo menos, cinco mil anos. Cada vez mais estudiosos aceitam que os hinos vdicos pertencem ao terceiro ou at quarto ao invs do segundo milnio a.C. Esta opinio revisada empolgante pelo menos por duas razes. Primeiro, ela torna o Rg Veda pelo menos contemporneo dos textos das pirmides que foram proclamados como os mais antigos documentos escritos na Terra. Segundo, ela traz o Rg Veda cronologicamente numa grande proximidade com a to citada civilizao do vale do Indo que floresceu entre 2600 e 1900 a.C. De fato, como explicarei brevemente, esta proximidade cronolgica possui implicaes que tm grandes conseqncias. Se por um lado verdade que os manuscritos disponveis do Rg Veda tm apenas algumas centenas de anos, por outro, a tradio oral que manteve esta hinologia viva por bem mais de quatro mil anos foi estarrecedoramente acurada. Podemos deduzi-lo pelo simples fato de que todas as revises dos manuscritos existentes do Rg Veda possuem apenas uma nica variao de leitura! Os hinos vdicos foram mantidos com tanto respeito que os sacerdotes (brmanes) foram especialmente treinados para aprend-los e recit-los com a mxima acuidade. A tecnologia mnemnica da ndia antiga foi e continua sendo insupervel em qualquer lugar do mundo. No que diz respeito ao Rg Veda, podemos pesquis-lo com a mesma confiana que teramos no caso de um texto escrito. A sua fidelidade de transmisso impecvel. H ainda brmanes vivos hoje que podem recitar impecavelmente todo o Rg Veda, bem como as outras trs hinologias vdicas. Para os nossos crebros modernos esquecidos, isto parece um feito quase sobre-humano. Mesmo para os antigos que aprenderam tudo no por livros, mas pela palavra pronunciada e pela memorizao, isto representa uma faanha extraordinria. Isto particularmente impressionante quando se sabe que por centenas de anos os brmanes recitaram os hinos vdicos sem entender muito do seu significado, o qual foi esquecido h muito tempo. Este feito quase comparvel a aprender 397.265 slabas sem sentido, que o nmero de slabas no Rg Veda. Quando passamos os olhos no incio da tradio do Yoga, podemos detectar elementos do Yoga arcaico tanto no Rg Veda como em algumas outras escrituras antigas em snscrito e tambm entre os artefatos arqueolgicos do vale do Indo. A data revisada para o Rg Veda agora obriga os estudiosos a olharem de outra forma para a possvel conexo entre os compositores deste trabalho sagrado e os criadores das cidades do vale do Indo, notadamente os grandes centros urbanos de Mohenjo-Daro e Harappa. De fato, h vrios bons motivos para se aceitar que o povo vdico, cujas crenas religiosas e prticas so narradas no Rg Veda, foram as mesmas pessoas que tambm criaram as numerosas cidades e vilas nas margens do rio Indo e de seus afluentes e nelas viveram . De acordo com a explicao padro, o povo falante do snscrito originou-se fora da ndia e invadiu o subcontinente entre 1500 e 1299 a.C. (dependendo do estudioso que est falando). Esta teoria foi seriamente posta em dvida pelas evidncias mais recentes. Em particular, as fotografias de satlite e a geologia provaram ser instrumentais nesta revoluo. Como sabemos, o grandioso e mais celebrado rio do Rg Veda - o Sarasvati - secou em 1900 a.C. Seu leito seco agora corre atravs do enorme deserto Thar. Este foi um dos efeitos desastrosos de uma catstrofe maior muito provavelmente causada por mudanas tectnicas que afetaram todo o Norte da ndia, forando o povo vdico a migrar para as margens frteis do Ganges. No apenas o Rg Veda, mas tambm alguns dos textos Brhmanas (anteriormente datados entre 1000 a.C e 800 a.C) foram compostos muito antes do rio Sarasvati ser extinto. Hoje, a invaso ariana da ndia permanece exposta como uma dessas hipteses de estudo que crescem dentro de mitos doutrinrios que so to tenazes quanto errados. Pesquisas imparciais agora mostram que nunca houve uma invaso ariana e que o povo vdico viveu na ndia desde tempos imemoriais. Admite-se que este novo entendimento continua sob investigao minuciosa pela comunidade de estudiosos estabelecida, que notria pela resistncia a mudanas. No entanto, a evidncia fala por si s e, sem dvida, levar a uma revoluo, em nosso entendimento, da histria da ndia antiga e da Histria antiga em geral. Se por um lado verdade que os manuscritos disponveis do Rg Veda tm apenas algumas centenas de anos, por outro, a tradio oral que manteve esta hinologia viva por bem mais de quatro mil anos foi estarrecedoramente acurada. Quando passamos os olhos no incio da tradio do Yoga, podemos detectar elementos do Yoga arcaico tanto no Rg Veda como em algumas outras escrituras antigas em snscrito e tambm entre os artefatos arqueolgicos do vale do Indo. Porm, enquanto os artefatos so um tanto limitados e nos dizem muito pouco sobre seus significados e possveis usos, os hinos vdicos oferecem-nos uma figura razoavelmente detalhada das idias e prticas do Yoga arcaico. E para esta evidncia literria que devemos olhar em busca de explicaes. Aps este rpido panorama histrico, podemos agora ir para alguns dos prprios ensinamentos do Yoga arcaico da idade vdica. Divinizao da ordem csmica pela viso interna e o ritual externo O Yoga arcaico no nada parecido com o to conhecido caminho de oito partes de Patanjali ou com a ainda mais conhecida abordagem do Hatha Yoga com o seu elaborado arsenal de posturas (sanas). Pelo que podemos colher dos hinos vdicos, o Yoga arcaico era menos individualista e, como o xamanismo, mais intrinsecamente ligado ao bem-estar da comunidade do que com a salvao individual. A sua principal preocupao era descobrir, pela viso inspirada interior (dhi) e a afinao exttica, a ordem csmica (rta) e, assim, ajudar a preservar esta ordem na dimenso da interao humana por meio de atitudes e aes apropriadas. O povo vdico buscava nos seus videntes-poetas, conhecidos como rsis, um tipo de sabedoria que lhes permitisse conduzir suas vidas em harmonia com o divino e a ordem csmica. Por meio de suas prprias prticas espirituais intensivas, os videntes vdicos adquiriram um profundo conhecimento (veda) da conexo entre o Cu e a Terra, o Acima e o Abaixo. Em profunda meditao, eles foram capazes de experienciar diretamente a Configurao csmica e prestar testemunho disto em seus hinos graciosamente construdos. Sabemos que todas as culturas antigas de que temos conhecimento preocuparam-se com o entendimento da ordem divina, como inscrita nos caminhos eternos do Sol, da Lua, dos planetas, das estrelas e nos ritmos da Terra. Elas foram observadoras extremamente minuciosas do jogo das foras celestiais e naturais. Pensaram que, a no ser que a vida humana espelhe a harmonia dos cus, ela s pode levar ao caos, desordem, devastao e ao sofrimento individual e coletivo. E com esta profunda preocupao com a ordem celestial que ns tambm devemos olhar para o incio da astronomia e da astrologia. De fato, como o professor Subhash Kak mostrou, o Rg Veda incorpora um cdigo astronmico, que , alm disso, refletido na construo dos altares para o fogo vdico. Como aprendemos atravs do Rg Veda, os antigos tambm reconheceram a curiosa relao entre o cosmos externo e o universo interno, entre o mundo objetivo e o espao subjetivo, ou psique. No apenas a comunidade como um todo deve espelhar a harmonia da dimenso divina, mas tambm cada pessoa individual deve estabelecer dentro do seu prprio ser a mesma harmonia, como forma de garantir a boa fortuna para a famlia, o cl, a tribo e toda a comunidade humana. Eis aqui uma lio importante para ns, praticantes de Yoga de tempos modernos, pois, s vezes, esquecemos o benefcio maior e praticamos apenas para nosso prprio bem. Tampouco estamos particularmente atentos interconectividade das coisas, apesar do advento da teoria dos sistemas, da ecologia e da fsica quntica. H ainda brmanes vivos hoje que podem recitar impecavelmente todo o Rg Veda, bem como as outras trs hinologias vdicas. Para os nossos crebros modernos esquecidos, isto parece um feito quase sobre- humano. Os videntes vdicos aspiraram por uma viso iluminada (dhi) ou pelo entendimento superior derivado da absoro meditativa e da transcendncia exttica da mente racional limitadora. Eles atingiram isto com a meditao religiosa (brahman) combinada com o ritual (karman), a recitao de mantra e o controle da respirao, produzindo neles mesmos um estado de incandescncia conhecido como tapas. Esta antiga palavra snscrita significa "calor", mas tambm "ardor" e empregada tanto para designar o calor ardente do sol, como para o calor interno criado pela prtica espiritual intensa e o ascetismo. Qualquer um que tenha praticado seriamente qualquer disciplina espiritual saber o que tapas significa, e qualquer yogi ou yogim altamente motivado aspira por gerar este intenso estado interno de estar em fogo. A meditao religiosa era concebida para elevarmo-nos s divindades de dimenses celestiais, como Indra, Agni e Surya e, de l, retornarmos novamente, como vages carregados de preciosidades para o vidente e todo o mundo humano. Os videntes-poetas disseram que suas meditaes religiosas proporcionariam o "tesouro de vigor", pelo qual eles queriam dizer o bem-estar e abundncia de energia advinda do contato com o mundo invisvel de seres superiores. Alguns compositores de hinos compararam a meditao religiosa ao lpido corcel de Indra, enquanto outros a assemelhavam a uma carruagem. Contudo, mesmo sendo a meditao religiosa gerada pelo foco mental dos videntes, era tambm entendida, de certa forma, como "ddiva de Deus" (deva-datta) - esforo mais graa -, como conhecido em vrias escolas posteriores do hindusmo e outras tradies espirituais. Pesquisas imparciais agora mostram que nunca houve uma invaso ariana e que o povo vdico viveu na ndia desde tempos imemoriais. Estudantes contemporneos de Yoga, impreg nados dos valores seculares da nossa sociedade ocidental, raramente possuem um senso de conexo com os poderes (divindades) das dimenses invisveis. Para os videntes vdicos, no entanto, as divindades eram fatos concretos, cujos auxlios eram procurados em todas as coisas, tanto espirituais quanto materiais. Os videntes vdicos tambm tinham uma grande apreciao pelo poder do ritual. O Yoga arcaico foi profundamente ritualizado. Em contrapartida, estudantes ocidentais de Yoga tendem a subvalorizar ou ignorar os aspectos ritualsticos do Yoga, mas estes aspectos so um tanto pervagantes e obviamente servem para um propsito prtico. Alguns professores ocidentais de Yoga tm sido um tanto eloqentes sobre o que eles percebem como sendo desnecessariamente ritualstico e mitolgico na bagagem do Yoga. Esta atitude desastrosa, visto que pode levar a uma abordagem do Yoga meramente fsica ou meramente mental. Porm o Yoga tem tradicionalmente alejado a um equilbrio. O Yoga arcaico exemplar em sua orientao integrativa, com sua nfase na harmonia e na incorporao de experincias espirituais em atitudes e aes sociais construtivas. Aqueles que dispensam rituais e mitos sagrados devem lembrar que, mesmo em face da (ou mais precisamente por causa da) secularidade excessiva de nossa sociedade, pessoas ainda ritualizam as suas vidas e fazem mitos dos seus mundos. Aqueles que dispensam rituais e mitos sagrados devem lembrar que, mesmo em face da (ou mais precisamente por causa da) secularidade excessiva de nossa sociedade, pessoas ainda ritualizam as suas vidas e fazem mitos dos seus mundos. A grande diferena, contudo, que os rituais seculares (assistir ao futebol aos sbados) e mitos seculares (notadamente a noo de progresso ilimitado) no possuem o poder de nos elevar ou nos mudar para melhor. Como mostrou o psiquiatra Rollo May em seu ltimo livro, ns imploramos por mitos. por isto que tantas pessoas que tm sido privadas das suas ncoras mticas mais tradicionais procuram refgio intelectual e emocional em aliengenas, revelaes de "fim-do-mundo" e outros produtos similares provenientes da New Age. Apesar de os videntes-poetas terem aspirado a dar voz ao fruto de suas meditaes religiosas na forma de poesias ou hinos, eles sabiam que, essencialmente, a orao estava alm da mente, sendo transcognitiva (achitta). Mesmo assim, a recitao sagrada era importante para eles. Para tanto, pela mestria da comunicao verbal - e os videntes-poetas eram soberbos artesos da lngua, a Realidade inominvel podia ser indicada e, assim, tornar-se um meio eficiente de autotransformao para os seus ouvintes. Os seus hinos so chamados "mantras", porque eles so ferramentas de foco da mente (manas) para alcanar o grande trabalho de penetrar nos mistrios do cosmos e ganhar o "mais alto cu", a moradia da imortalidade. Em um famoso hino, nomeado "Hino da Criao", um vidente-poeta vdico de nome Dirghatamas ("Senhor Escurido") mostra uma maravilha imponente de pensamento: No incio, o desejo, a primeira semente da mente, surgiu Naquilo. Poetas-videntes, buscando em seus coraes com sabedoria, acharam o vnculo da existncia na inexistncia.
Seus raios [de viso] transpassaram atravs. Talvez houvesse um Abaixo; talvez houvesse um Acima. Havia doadores de sementes; havia poderes: esforo Abaixo, autodoao Acima.
Quem sabe a verdade? Quem aqui ir pronunci-la, provin do deste nascimento, provindo desta criao? Os Deuses apareceram posteriormente, com a criao deste [mundo]. Quem ento sabe de que provir ela surgiu? (Rg Veda X:129.4-6)
O Rg Veda inteiro tradicionalmente tido como sendo uma revelao no-humana, porque seus 1.028 hinos foram todos frutos das meditaes e vises religiosas destes videntes-poetas. Assim esta hinologia , de fato, um produto da criatividade yogue, e a mais antiga nisto. Por esta razo, a traduo do Rg Veda apresenta dificuldades formidveis, e vrias geraes de estudiosos ocidentais falharam em fazer justia profundidade espiritual e intrincada simbologia desta escritura. Foi necessrio um grande adepto yogi como Sri Aurobindo para arrancar, a partir dos visualmente carregados hinos vdicos, alguma coisa dos seus significados profundos e apontar para os estudiosos uma nova, mais plausvel e recompensadora direo. Sem dvida sero necessrias outras vrias geraes de estudiosos que sejam espiritualmente sensveis ou adeptos do Yoga com uma inclinao erudio para desenterrarem as camadas mais profundas do pensamento e simbolismo vdico. Sem dvida sero necessrias outras varias geraes de estudiosos que sejam espiritualmente sensveis ou adeptos do Yoga com uma inclinao erudio para desenterrarem as amadas mais profundas simbolismo vdico. Atualmente, podemos conhecer o Yoga arcaico do perodo vdico apenas parcialmente (e este artigo mal tocou no que sabemos sobre isto). Na verdade, til para estudantes de Yoga acostumarem-se com o Rg Veda. Afinal a origem do hindusmo e de todos os Yogas posteriores. Dentre outras coisas, ele nos mostra que os primeiros mestres de Yoga, os videntes vdicos, estavam longe de ser ascetas negadores-da-vida, sem educao ou talento. Eles no evitaram a mente, mas a treinaram para um propsito maior: o de realizar suas verdadeiras naturezas na dimenso imortal da existncia. Eles amaram este mundo, mas no eram prisioneiros dele. Eles amavam o Infinito, mas no falharam em se dar conta que, para que o Infinito fosse verdadeiramente infinito, ele deveria incluir a dimenso finita. Estes pioneiros do esprito no eram primitivos, o que arrebatadoramente evidente pelas suas poesias altamente habilidosas. Se sua linguagem simblica nos aliengena, talvez seja porque ns mesmos nos tenhamos tornado muito alienados dos nveis mais profundos de nossa psique e de do pensamento e toda a dimenso invisvel da existncia. Leitores dos Yoga Sutras de Patanjali sabem que o estudo (svdhyya) um dos elementos do Yoga Clssico. Isto sempre significou primordialmente o estudo das escrituras sagradas. Com o ponto de vista do sculo XX, este tipo de estudo, que tinha a inteno de enriquecer a prtica pessoal e o crescimento interior, , ao mesmo tempo, um estudo da histria do Yoga. Obviamente, seria benfico comear tal estudo com o Yoga arcaico do Rg Veda. Longe de ser algo penoso, isto pode ser uma tarefa edificante. A leitura atenta dos hinos vdicos, mesmo com as mais do que imperfeitas verses em ingls, como ouvir os grandes mestres de Yoga da Antigidade. Se conseguirmos guardar nossas presunes e preconceitos e, nas palavras de Francis Bacon, "pedirmos conselho" aos adeptos vdicos, eles ainda podem nos ensinar muito.
Georg Feuerstein autor de vrios livros sobre Yoga e dirige o Traditional Yoga Studies. www.yrec.info Traduo de Rodrigo Gomes Ferreira. rodrigogf@yahoo.com
Leituras recomendadas AUROBINDO, Sri. On the Veda. Pondicherry, India: Sri Aurobindo Ashram, 1956. AUROBINDO, Sri. Hymns to the Mystic Fire. Pondicherry, ndia: Sri Aurobindo Ashram, 1970. FEUERSTEIN, Georg; KAK, Subhash; FRAWLEY, David. In Search of the Cradle of Civilization. EUA: Quest Books, 1995. FRAWLEY, David. Wisdom of the Ancient Seers: Mantras of the Rig Veda. EUA: Passage Press, 1993. KAK, Subhash. The Astronomical Code of the Rig-Veda. India: Aditya, 1994. MACDONELL, A. A. Vedic Mythology. India: Banarsidass, 1981. O'FLAHERTY, W. Doniger. The Rig Veda: An Anthology. Inglaterra: Penguin Books, 1981. PANIKKAR, R. The Vedic Experience: Mantramanjari. Londres: Darton, Longman & Todd, 1979.
Ritual De Evocação Dos 72 Anjos-gênios Do Mercúrio. Clavícula Da Cabala Sagrada, Ou Verdadeiro Tratado Da Cabala, Pelo Qual Podemos Obter Dos Anjos Por Revelação Tudo O Que Pedimos A Deus Observando As Coisas Sagradas.