O documento discute a filosofia de Hegel, especialmente sua teoria do direito e do Estado. Apresenta como Hegel via o direito como expressão da vontade livre e racional, criticando tanto o jusnaturalismo quanto o historicismo. Também descreve como Hegel via o Estado como manifestação do Espírito objetivo, que compatibiliza ordem e liberdade.
Descrição original:
A Matriz Teórica de Hegel Foi Sem Dúvida o Criticismo Kantiano 3
O documento discute a filosofia de Hegel, especialmente sua teoria do direito e do Estado. Apresenta como Hegel via o direito como expressão da vontade livre e racional, criticando tanto o jusnaturalismo quanto o historicismo. Também descreve como Hegel via o Estado como manifestação do Espírito objetivo, que compatibiliza ordem e liberdade.
O documento discute a filosofia de Hegel, especialmente sua teoria do direito e do Estado. Apresenta como Hegel via o direito como expressão da vontade livre e racional, criticando tanto o jusnaturalismo quanto o historicismo. Também descreve como Hegel via o Estado como manifestação do Espírito objetivo, que compatibiliza ordem e liberdade.
A matriz terica de Hegel foi sem dvida o criticismo kantiano 3, criando um racionalismo
diferenciado representando um verdadeiro marco intelectual da modernidade.
Destaca-se tambm o realce conferido por Hegel Revoluo Francesa que teve a grande influncia na reestruturao das relaes humanas da poca. Hegel foi o primeiro pensador a ter conscincia completa de que a modernidade haveria de se tornar objeto de reflexo e justificao e o contexto da modernidade( definido pela trama da Revoluo Francesa, o Iluminismo e da Reforma). A Filosofia do Direito de Hegel passar, ento, a representar um desafio no sentido dos indivduos, entre a ordem e a liberdade, com vistas na construo de uma estrutura institucional sendo simultaneamente funcional e tica(onde h a proteo das liberdades individuais uma das maiores conquistas da modernidade). "O que real racional, o que racional o real", a mxima do idealismo racional hegeliano. Todo real s real pois conhecido por um sujeito que lhe identifica como real, e, nessa medida, aquilo que j foi conhecido, j se tornou racional. S conhecemos, o que se converte em pensamento. O ser para o idealista, uma idia, um ser pensado. Nessa sua especulao contundente que geou polmica, est imersa uma certa metafsica e uma certa gnoseologia, a um s tempo4. Em Hegel se almeja a fuso entre a metafsica e a gnoseologia, fundo excludos todas as transcendncias. A Lgica de Hegel uma lgica do ser, a metafsica do ser. Por isso, a doutrina do esprito envolve a compreenso do que seja o esprito e de quais sejam as expresses do esprito, a saber: o esprito subjetivo que a alma, a conscincia, a razo; o esprito objetivo que direito, a moralidade e o costume e, por fim, o esprito absoluto(como manifestao do esprito como plenamente consciente de si e conhecedor de si), que arte, religio e filosofia. Para Hegel, o Esprito torna-se um ser para si(autonomia humana) medida que se libera e se distingue do ser em si(natureza). A vida humana no simplesmente existncia, mas sobretudo existncia consciente. A odissia humana revela-se na libertao do esprito e seu conseqente desenvolvimento histrico5. uma gradao tambm da trilogia dos espritos pois se a razo(esprito subjetivo) importante para o homem, filosofia tambm, sumamente importante para o homem(esprito absoluto). Dentro do Esprito objetivo, o Direito a liberdade em grau mximo, em sua abstrao lgica mais genrica e, portanto, infinita em si que se projeta para fora de forma imperfeita( esta a liberdade em si; a moralidade a liberdade voltada para o sujeito que dela se vale). A sntese(costume) entre direito tese e moral(anttese) esta a liberdade feita objeto social e coletivo do comportamento humano. As trs partes do Esprito objetivo so desdobramentos dialticos da noo de vontade. O elemento dinmico da base material do direito, a sociedade civil, cuja mola propulsora a fora de trabalho e suas relaes. A respeito da moralidade, explica Hegel, a vontade no momento em que deixa de ser infinita em si para o ser para si. A liberdade um plano superior. Aquela parte da existncia em que o elemento real se junta agora idia subjetividade da vontade. Dessa trilogia extrai-se que a reflexo jurdica tem por base a anlise do Esprito Objetivo. O Direito figura, portanto, neste contexto de discusses, como o momento em que o esprito que determina a liberdade, a determina do modo mais abstrato e do modo mais geral possvel. Porque o Direito ter por objeto o comportamento de mltiplos sujeitos, na projeo da liberdade em sua exterioridade. Cumpre ao Direito fixar os limites entre o justo e o injusto, entre lcito e o ilcito e nisso h grande margem de liberdade e grande amplitude conceitual. Para Hegel, portanto, a Filosofia do direito possui um objeto, qual seja, a idia do conceito de direito. "H duas posies tericas claramente combatidas por Hegel pela sua unilateralidade: o jusnaturalismo, que apresenta como fundamento do direito positivo a razo no modo abstrato e formal do Iluminismo, e o historicismo da Escola Histrica, que fundamenta o direito, no na natureza da coisa, mas na aparncia ou contingncia fenomenal dos fatos histricos; racionalismo abstrato do direito natural e irracionalismo do historicismo ftico ou emprico". (Salgado A idia de justia em Hegel, 1996 p.343) A histria uma contnua evoluo da idia de liberdade. O objeto da cincia da Filosofia do Direito a idia do direito, o conceito e sua realizao. Toda realidade que no for a realidade assumida pelo prprio conceito existncia passageira, opinio, aparncia, superfcie, erro ou iluso. A Filosofia do Direito forma de manifestao da lgica qus est contida a liberdade dos conceitos. No h para Hegel uma idia de justia separada da realidade em que ela se revela. A idia da Justia no criao arbitrria do homem para ser aplicada como esquema compulsrio. Assim, na medida em que o Estado ou o direito aparecem na sua mais clara inteligibilidade, na mais radical expresso da racionalidade, mostram-se na sua maior expresso de realidade. A justia conjunto de idias e no um mero dado axiolgico da sociedade, sendo idia que norteia a prpria formao do Direito. Portanto, a idia de justia, a realidade efetiva do direito, no em si imediato e natural, mas em si e para si, enquanto liberdade efetiva ou vontade livre. Pode-se dizer que o Direito o existir da vontade livre, sem sua essncia, liberdade autoconsciente. Nisto, Hegel prossegue o pensamento de Kant, o direito o lugar da liberdade.Para Hegel como para Kant, o direito continua a ser a nica forma de existncia da liberdade e, a razo o critrio de sua validade. Hegel introduz a historicidade do direito e da sociedade em que o direito se desenvolve. A lei a forma para si do direito, plenamente conhecida, ou posta ao conhecimento de todos. Assim, afirma que a sentena que a qualificao legal de um caso, garante o direito subjetivo das partes; quanto lei, porque conhecida e portanto, a lei da prpria parte; quanto publicidade do processo. A justia puramente a eliminao do arbitrrio subjetivo e a instaurao da possibilidade de uma jurisdio neutral, imparcial. Justa a deciso imparcial, no arbitrria, ainda que do ponto de vista do seu resultado possa ser considerada como injusta. "O imperativo do direito portanto: s uma pessoa e respeita os outros como pessoas"(Hegel, Princpios da filosofia do Direito, 1990, pg. 56). O Estado a estrela primordial na filosofia do Direito hegeliana, nesse sentido o Estado a manifestao tambm do Esprito, nele estando imersas as noes de moralidade e de liberdade. O Estado um estgio evolutivo das corporaes humanas que oferece aos cidados a ordem e o imprio da razo. O que faz do Estado um aparelhamento tico o fato de operar a compatibilizao, ps- revolucionria entre ordem e liberdade. Hegel apologista do estado que considera o mais alto grau do esprito objetivo, esprito desperto, ao contrrio da natureza que esprito adormecido. So quatro os tipos de Estado analisados pelo filsofo: oriental, grego, romano e prussiano( sendo este o ideal para Hegel). A guerra ilegtima pois que contraria a racionalidade do dilogo, no s pela lei do mais forte que impe mas por ser contrria ao desenvolvimento do direito e da ordem. Para a compatibilizao das vontades internacionais que foi criado o direito internacional. Por fim Hegel, quer captar em suas filosofia o movimento dialtico da realidade e assim atingir a sntese superior. Vrios filsofos contestaram-no o que mais se destacou foi Feuerbach que recusou veemente o idealismo hegeliano, taxando-o de "especulao vazia", apega-se ao ser concreto e funda um materialismo que seria muito importante para o marxismo. Outro importante contestador foi Kierkegaard que alegava que a filosofia no consegue compreende a existncia do ser humano, a sua angstia e o seu desespero, alis recomendo tambm a leitura do artigo "O romntico Kierkegaard" da mesma autora. A filosofia de Hegel dialtica6(no como mtodo) mas como uma concepo do real mesmo "todas as coisas so contraditrias em si", logo a contradio faz parte da essncia.O prprio conceito de civilizao antes de tudo a superao das contradies humanas, rumando para sntese final que evoluo. Adendos *1 Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em Stuttgart em 1770, estudou no seminrio de Tbingen, mas logo deixou a inteno de ser pastor de lado. Tornou-se catedrtico na Universidade Heidelberg quando redige a Enciclopdia das cincias filosficas(1817). *2 Hegel abusa no uso do vocabulrio tcnico que possui um sentido especfico dentro de sua obra. *3 A crtica de Hegel a Kant segue a linha do racionalismo moderno que fora inaugurado pela tentativa de Descartes que fulcra o conhecimento na conscincia do sujeito pensante. *4 Pretende substituir o problema epistemolgico de fundamentao do conhecimento pela auto-reflexo fenomenolgica(fenomenologia), ou seja, "cincia dos atos da conscincia". A cincia uma manifestao do conhecimento como qualquer outra. Hegel refratrio ao privilgio da cincia, que considera um pressuposto no justificado. *5 Cada indivduo sempre filho de sua poca; portanto, a filosofia a sua poca tal como apreendida pelo pensamento. Ratifica plenamente Ortega Y Gasset. to absurdo imaginar que a filosofia pode transcender sua realidade contempornea quanto imaginar que um indivduo pode superar seu tempo, saltar sobre Rodes. *6 A dialtica do senhor e do escravo, por exemplo, descreve uma relao assimtrica entre duas conscincias que se tratam como sujeito e objeto, e no uma relao entre dois sujeitos, como deveria ser, uma relao de reconhecimento mtuo e recproco. S ao atingir o saber absoluto a conscincia ser capaz do reconhecimento universal.