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Comentário à análise crítica feita pela colega Isabel Ferreira ao Modelo de Auto-Avaliação das BE

Escolher um trabalho para comentar não foi tarefa fácil, uma vez que, em termos de
conteúdo todos focaram os aspectos pedidos, uns de uma forma mais global, outros de forma
mais pormenorizada. Assim, a minha opção baseou-se, sobretudo, na forma como os conteúdos
foram abordados. Nesse sentido, chamou-me particular atenção o trabalho da colega Isabel
Ferreira, uma vez que considero que fez uma análise clara, directa e incisiva, focando os
aspectos que eu considero realmente importantes e que devem ser tidos em conta neste contexto.
Assim, tal como foi referido pela colega, considero que o Modelo de Auto-Avaliação das
Bibliotecas Escolares proposto pela RBE, deve ser entendido como um processo orientador e
de acompanhamento, como uma verdadeira oportunidade de conhecer e melhorar os
serviços que a BE presta, pois só desta forma poderá resultar e atingir os objectivos que lhe
estão subjacentes. No primeiro ponto destaco a citação que a colega colocou logo no início do
seu trabalho, a qual resume e esclarece muito bem o carácter pedagógico deste instrumento,
cujo objectivo principal é permitir o conhecimento dos pontos fracos e fortes de cada BE,
reflectir sobre as práticas levadas a cabo e, a partir daí adoptar estratégias que permitam
optimizar os seus serviços. Nesse sentido, a sua aplicação apresenta-se como pertinente e
imprescindível numa escola que se quer e necessita de qualidade, capaz de responder aos
desafios constantes, onde a BE deve ocupar um lugar central.
De modo resumido e claro apresentou a forma como o modelo se encontra estruturado.
Assim, considera que o modelo se constitui como um documento explicitador dos quatro
domínios que são objecto de avaliação (apoio ao desenvolvimento curricular; leitura e
literacias; projectos, parcerias e actividades livres e de abertura à comunidade; gestão da
biblioteca escolar) e sugere procedimentos para recolha de informação que sustente a avaliação
e define perfis de desempenho e respectivos critérios. Estando cada um dos domínios
desdobrado num conjunto de indicadores, para os quais as bibliotecas devem recolher
evidências que permitam a avaliação dos domínios e sub-domínios em níveis de desempenho.
Realçou e, muito bem, que o desenvolvimento de recolha de evidências (evidence-based
practice) está associado ao trabalho do dia-a-dia, no reconhecimento de pontos fortes e críticos
dessa acção.
Por outro lado, uma vez que foi elaborado a partir de conceitos de valor, de melhoria
constante baseada numa avaliação sistemática, orienta na eficácia dos resultados, permitindo
definir estratégias que conduzam à mudança e à melhoria sistemática e gradual dos
serviços desta estrutura, a qual se deve afirmar como central e imprescindível no
quotidiano da escola que serve. Este processo só resultará e só será efectivamente pedagógico
se envolver e implicar toda a escola, que deverá reconhecer a necessidade e a pertinência da
implementação do modelo, uma vez que o mesmo permite contribuir para o sucesso educativo.
Concordo plenamente com a colega quando refere que a pertinência deste modelo, além
de ser um sinal de mudança, também se prende com o carácter uniformizador das práticas
que se pretendem implementar nas BE de todo o país, uma vez que a sua organização
estrutural e funcional é esclarecedora e abrangente, integrando as funções da BE, referindo os
domínios e os sub-domínios (que foram muito bem explicitados pela colega) os quais devem
ser considerados no trabalho do PB, pois constituem um ponto de referência e uma base de
trabalho de extrema utilidade.
Ao contrário da colega nunca apliquei o modelo, mas tal como a Isabel também
considero que se trata de um modelo exigente mas exequível, desde que todos os
intervenientes no processo educativo compreendam a necessidade e a importância da sua
aplicação e se envolvam, de facto, na implementação do mesmo. Penso que este ponto é um
dos principais constrangimentos, associado à forte carga burocrática, à falta de experiência na
recolha e tratamento dos dados recolhidos e ao tempo que se temos que disponibilizar.
No entanto, e face ao reconhecimento da importância e das vantagens da sua aplicação
no sentido de melhorar continuamente os serviços que a BE presta, é uma competência e ao
mesmo tempo um grande desafio do PB integrar e aplicar este modelo à realidade da
escola/agrupamento, devendo ter-se sempre em conta o ambiente interno e externo da
Biblioteca: oportunidades e ameaças, prioridades da escola, adequação aos objectivos e
estratégias de ensino/aprendizagem. Para tal, terá que diagnosticar e dar a conhecer os pontos
fracos e fortes e, delinear e aplicar metodologias e estratégias que informem, formem, motivem
e mobilizem em primeiro lugar a equipa e, progressivamente, todos os intervenientes no
processo educativo para a necessidade e a importância da implementação do modelo de auto-
avaliação. Todo este processo requer um diálogo contínuo/aberto, de permanente inter-
ajuda com a Direcção e com os professores.
Em todo este processo, o PB, tal como refere a Isabel, tem um papel fundamental.
Assim, é legítimo que possua um vasto número de competências que, certamente, farão a
diferença no seu trabalho, as quais foram devidamente apontadas pela colega, e que me parece
importante destacar as seguintes:
“ Ser persuasivo no modo como vai apresentar e justificar a necessidade da avaliação.
Explicando que não é o professor bibliotecário nem a sua prática que estão a ser avaliados,
mas sim os resultados do funcionamento da BE e as implicações que estes têm no processo de
ensino/aprendizagem e formação global dos alunos.”

“Deve definir estratégias que lhe permitam uma recolha sistemática de evidências e tratamento
dos dados e divulgação dos mesmos. Traçar o seu plano de melhoria.”

Neste contexto, e embora estejam subjacentes no exposto do trabalho da colega,


permito--me acrescentar ainda as seguintes competências:

• ter capacidade de liderança e competências de visão e gestão estratégica;

• ser proficiente no uso da informação e das TIC, revelando capacidade de fornecer o

conhecimento.

• ter uma atitude positiva e flexível face ao seu trabalho, o qual tem que ser desenvolvido

com paixão, entusiasmo e energia.

Em suma, penso que, ao longo do seu trabalho, a Isabel revelou uma atitude conhecedora
do modelo de Auto-Avaliação das BE e uma atitude consciente das suas implicações,
terminando com uma citação do texto desta sessão, com a qual eu concordo plenamente: “A
auto-avaliação da biblioteca não é um fim em si mesma. É um processo de melhoria que deve facultar
informação de qualidade capaz de apoiar uma tomada de decisão interligada à avaliação da escola.”

A formanda: Lúcia Morgado

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