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30 DE DEZEMBRO
– Sentido da filiação divina. Confiança em Deus. Ele nunca chega tarde para nos socorrer.
– Providência. Todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus.
O temor é um fenómeno cada vez mais estendido nos nossos dias. Tem-se
medo de quase tudo. Muitas vezes, esse estado de ânimo resulta da
ignorância, do egoísmo (excessiva preocupação pessoal, ansiedade por males
que talvez nunca cheguem, etc.), mas, sobretudo, é consequência de que
construímos a nossa vida sobre alicerces muito frágeis.
Jesus apontá-los-ia com um gesto, ao mesmo tempo que dizia aos seus
ouvintes: “Nem um só destes pardais está esquecido diante de Deus”. Deus
conhece-os a todos. Nenhum deles cai ao chão sem o consentimento do vosso
Pai. E o Senhor volta a incutir-nos confiança: Não temais; vós valeis mais do
que muitos pardais11. Nós não somos criaturas de um dia, mas filhos de Deus
para sempre. Como não há de o Senhor cuidar das nossas coisas? Não
temais. O nosso Deus deu-nos a vida e no-la deu para sempre. E diz-nos: “A
vós, meus amigos, digo-vos: Não temais”12. “Qualquer homem, contanto que
seja amigo de Deus – são palavras de São Tomás –, deve estar muito
confiante em que será libertado por Ele de qualquer angústia... E como Deus
ajuda de modo especial os seus servos, quem serve a Deus deve viver muito
tranquilo”13. A única condição é esta: sermos amigos de Deus, vivermos como
seus filhos.
A filiação divina não pode ser considerada como uma metáfora: não é
simplesmente que Deus nos trate como um pai e queira que o tratemos como
filhos; o cristão é filho de Deus pela força santificadora do próprio Deus
presente no seu ser. Esta realidade é tão profunda que afecta a essência do
homem, a tal ponto que São Tomás afirma que por ela o homem é constituído
num novo ser16.
O facto de saber-se filho de Deus faz com que o cristão adquira, em todas
as circunstâncias da sua vida, um modo de ser no mundo essencialmente
amável, que é uma das principais manifestações da virtude da fé. O homem
que se sabe filho de Deus não perde a alegria, assim como não perde a paz. A
consciência da filiação divina liberta-o de tensões inúteis e, quando pela sua
fraqueza se extravia, é capaz de voltar para Deus, na certeza de ser bem
recebido.
(1) Lc 1, 30; (2) Mt 1, 20; (3) Lc 2, 10; (4) Mt 8, 24; (5) Mc 4, 35; (6) Mt 8, 25-26; (7) Santa
Teresa, Vida, 11, 4; (8) S. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 730; (9) S. Josemaría Escrivá,
Amigos de Deus, n. 92; (10) Rom 8, 31 e segs.; (11) cfr. Mt 8, 26-27; (12) Lc 8, 50; (13) São
Tomás, Exposição sobre o Símbolo dos Apóstolos, 5; (14) S. Josemaría Escrivá, Amigos de
Deus, 150; (15) 1 Pe 5, 7; (16) São Tomás, Suma Teológica, 1-2, q. 110, a. 2 ad. 3; (17) Rom
8, 28; (18) Santo Agostinho, De corresp. et gratia, 30, 35; (19) São Cipriano, De moralitate, 13.