4 DEJANEIRO
As mães tinham que esperar o sacerdote na porta oriental. Para lá foi Maria,
junto com as outras mulheres, à espera de que chegasse a sua vez para que o
sacerdote tomasse nos braços o seu Filho. A seu lado estava José, pronto para
pagar o resgate. A cerimónia da purificação de Maria e do resgate do Menino
do serviço do Templo não se distinguiu exteriormente em nada do que
costumava acontecer nessas ocasiões.
II. SE O TEU OLHO for simples, todo o teu corpo estará iluminado3. A
simplicidade exige transparência e rectidão de intenção, de modo a não termos
uma dupla vida, servindo a dois senhores: a Deus e a nós próprios. Requer,
além disso, uma vontade forte, que nos leve a escolher o bem, a impor-nos às
tendências desordenadas de uma vida exclusivamente voltada para o sensível,
e a dominar tudo o que há de turvo e complicado no homem. A alma simples
avalia as coisas, as pessoas e os acontecimentos segundo um juízo recto
iluminado pela fé, não pelas impressões do momento4.
Se formos simples com Deus, saberemos sê-lo com aqueles com quem
estamos todos os dias, com os nossos parentes, amigos e colegas. É simples
quem actua e fala em íntima harmonia com o que pensa e deseja, quem se
mostra aos outros tal como é, sem aparentar o que não é ou o que não possui.
É sempre uma grande alegria encontrar uma alma chã, sem pregas nem
recantos, em quem se pode confiar, como Natanael, que mereceu o elogio do
Senhor: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há duplicidade nem
engano8. Em sentido contrário, o Senhor alerta-nos contra os falsos profetas
que vêm a vós disfarçados9, contra aqueles que pensam de um modo e actuam
de outro.
Mas a simplicidade que o Senhor nos ensina não é ingenuidade: Eis que vos
envio como ovelhas para o meio de lobos. Sede, pois, prudentes como as
serpentes e simples como as pombas11. Os cristãos devem caminhar pelo
mundo com estas duas virtudes – simplicidade e prudência –, que se
aperfeiçoam mutuamente.
(1) S. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 499; (2) ibid., n. 379; (3) Mt 6, 22; (4) cfr. Ignacio Celaya,
verbete Simplicidad, em Gran Enciclopedia Rialp, Madrid, 1971, vol. 21, págs. 173-174; (5) Mt
18, 2-3; (6) 1 Sam 16, 7; (7) cfr. S. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 541; (8) Jo 1, 47; (9) Mt 7,
15; (10) S. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 47; (11) Mt 10, 16; (12) S. Josemaría Escrivá,
Caminho, n. 932.