1 - João da Silva e José dos Santos, servidores públicos federais
propõem, em face da União, ação ordinária, alegando, em resumo,
terem sido beneficiados pela Lei X, com o reenquadramento no cargo que ocupam que lhes conferia direito ao pagamento de gratificação de produtividade. Argumentam que a citada Lei X foi posteriormente revogada pela Lei Y, que extinguiu a gratificação em questão e procedeu a um novo reenquadramento funcional, violando direito já adquirido. Assim, em razão da ofensa aos princípios da irretroatividade e irredutibilidade de vencimentos, pretendem o reconhecimento do seu direito a manter a gratificação decorrentes da aplicação da Lei X, assim como o pagamento da gratificação por ela instituída e sua incorporação ao vencimento-base.
Regularmente citada, a União apresentou a contestação, alegando,
em síntese, que a Lei X foi totalmente revogada pela Lei Y e que a gratificação pretendida não chegou a ser implementada, razão pela qual inexiste direito adquirido. Aduz que a lei estabelecia o prazo de 3 (três) anos para a incorporação da gratificação, sendo que a sua revogação se deu antes que se completassem 3 (três) anos de sua vigência, razão pela qual não há que se falar em incorporação de gratificação ou em promoção. Por fim, pede a improcedência dos pedidos formulados pelos autores, afirmando, ainda, que as alterações promovidas pela Lei Y não significaram redução nos vencimentos.
Decida o caso concreto.
Os servidores João da Silva e José dos Santos requerem em ação o direito à gratificação de produtividade conferida por reenquadramento funcional pela lei X revogada pela lei Y. Os servidores alegam que a revogação da lei X pela lei Y fere os princípios da irredutibilidade e da irretroatividade e o direito adquirido.
A revogação de gratificação não fere ao princípio da
irredutibilidade de vencimentos, já que gratificações não integram os vencimentos para todos os fins.
Tampouco, há o desrespeito da irretroatividade das leis, pois a
mesma lei não cumpriu o prazo de 3 anos estabelecidos no texto legal para a incorporação da gratificação.
Outro ponto, é que não há direito adquirido em relação a
regime jurídico de servidores públicos. Segundo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, o regime jurídico dos servidores públicos federais pode ser alterado a qualquer momento, desde que respeitado o princípio constitucional da irredutibilidade de vencimentos.
Logo, a revogação da Lei X não feriu o quanto dos vencimentos
dos referidos servidores, preservando incólume o princípio da irredutibilidade, assim como da irretroatividade das leis. Nem mesmo o direito adquirido foi ferido, pois o mesmo inexiste no caso. Desse modo, João da Silva e José dos Santos não têm direito algum ao atendimento do pedido realizado na ação.