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Salvador BA
2007
EDUARDO ANTÔNIO DE CARVALHO MUNIZ
Orientador:
Profº. Dr. Rubens Ribeiro Gonçalves da Silva
SALVADOR BA
2007
Dedico esse trabalho à minha filha Gabriela
Silva Muniz, que, embora ainda no ventre de sua
mãe, inspira-me a sonhos mais altos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Jesus e a Buda, que me deram força para enfrentar os poucos problemas que
que encontrei nessa jornada, desde o vestibular prestado até a finalização deste trabalho.
Aos meus pais, sempre pensando no que é melhor para mim e que esperaram por vinte e
Aos meus irmãos e amigos que sempre acreditaram na finalização vitoriosa desse
processo.
servidores dessa instituição, a meus colegas de curso e especialmente ao Professor Rubens Silva,
Esta monografia tem como objetivo reunir elementos para uma compreensão arquivística e social
da dimensão potencialmente transformadora da lei ordinária 11.419/2006, que trata da
virtualização dos processos judiciais nas esferas federal e estadual. Com tantas críticas à lentidão
do sistema judicial brasileiro, é relevante um estudo dos caminhos que se apresentem como
solução para este impasse. Esta monografia foi construída a partir da garimpagem do escasso
material existente sobre o tema, porém, tenta formar uma visão sistemática do seu objeto de
estudo, que é a informatização do Judiciário brasileiro. Embora trate fundamentalmente da
substituição do suporte em papel pelo meio eletrônico para os processos judiciais, a lei
11.419/2006 é, na verdade, algo muito mais abrangente, pois servirá de norte para as profundas
mudanças no Poder Judiciário. Os benefícios que trazem o texto da nova Lei, serão melhor
percebidos quando da implantação efetiva das diversas inovações tecnológicas planejadas para a
Justiça do Trabalho, que pressupõem necessariamente um sistema de segurança eficiente que
possa dar proteção aos agentes envolvidos e aos dados circulantes, por essa razão, esta
monografia compreende um espaço muito maior que a própria Lei 11.419/2006. A expectativa de
observar uma atuação efetiva do profissional de arquivo no projeto e implantação do sistema de
informatização do Judiciário foi frustrada, pois em nenhum momento foi identificada a sua
presença neste processo, o que ressalta a necessidade de uma visibilidade maior do profissional
arquivista e de sua profissão perante a sociedade e o governo.
Palavras-chave: Justiça do Trabalho, Justiça sem Papel, Lei 11.419/2006, processo judicial
eletrônico, segurança da informação, legislação arquivística.
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 10
6 ASPECTOS AMBIENTAIS................................................................................................... 34
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS......................................................................................................................... 39
10
1 INTRODUÇÃO
O sistema judiciário brasileiro, seja na esfera federal ou nos estados, vem a cada ano
acumulando críticas de natureza as mais diversas e por todos os setores da sociedade civil.
Existe hoje um conjunto de fatores que são responsáveis pela lentidão nos processos judiciais,
e que, por não raras vezes, impede que o impetrante da ação, após anos de angústia e
sofrimento, receba seus direitos em vida, repassando assim a seus herdeiros essa expectativa
não alcançada. O principal fator dessa inoperância é a legislação trabalhista, que traz em seu
bojo a obrigatoriedade de se observar todos os atos e prazos processuais sob pena de nulidade.
A possibilidade de se impetrar diversos recursos, levando anos para se ter a conclusão final do
processo, é outro fator determinante nesse prolongamento excessivo nas causas trabalhistas e
que faz parte da nossa legislação. Marinoni (1999, p. 27-28) bem descreve a angústia dessa
espera quando afirma:
[...] a questão da celeridade do processo seja a que mais de perto signifique o sentido
da verdadeira ‘efetividade do processo’, por ser o problema que mais aflige o
jurisdicionado quando da decisão de recorrer à tutela jurisdicional, ou de buscar uma
conciliação nem sempre realmente favorável. Com efeito, a morosidade do processo,
como é intuitivo, estrangula os canais de acesso à tutela jurisdicional dos
economicamente débeis.
Diferente dos dois primeiros fatores, que requerem uma vontade política maior para
que se procedam às mudanças necessárias, existe um terceiro grande empecilho à celeridade
dos processos, mas que começa a tomar um rumo satisfatório na história jurídica do país, e
que é o tema central deste trabalho. Estamos falando da limitação tecnológica e de uma rede
de sistemas que não funciona, simplesmente porque não existe, e neste contexto podemos bem
observar a opinião de Hoeschl (2001, p. 11), quando afirma que:
As vinte e quatro Regiões Trabalhistas 1 espalhadas pelo país não operam de modo
uniforme no que diz respeito aos seus sistemas de informação e de movimentação processual,
1
De acordo com o artigo 111 da Constituição da República, a Justiça do Trabalho está estruturada em três graus de jurisdição: Primeira
instância - Varas do Trabalho que julgam apenas dissídios individuais, Segunda instância - Tribunais Regionais do Trabalho (24 TRT’s) que
julgam recursos ordinários contra decisões de Varas do Trabalho e a Instância extraordinária - Tribunal Superior do Trabalho (TST) com
sede em Brasília-DF e jurisdição em todo o território nacional, tem por principal função uniformizar a jurisprudência trabalhista.
11
além de não possuírem meios de comunicação entre elas, e muito menos com os tribunais
estaduais ou de instâncias superiores. Desta forma, cada regional realiza suas atividades
processuais independente das demais, ocorrendo muitas vezes que alguns regionais realizam
rotinas que já não são mais praticadas em outros, pois estes já as julgam desnecessárias, ou,
como ocorre com alguma freqüência, implantam soluções simples com base no uso de
sistemas informacionais, reduzindo de modo drástico gastos desnecessários com tempo, uso
de serviços dos correios e as horas trabalhadas pelos servidores para realizarem essas e outras
rotinas. Infelizmente esses avanços pontuais não são compartilhados com os demais Tribunais
Regionais.
2 A LEI 11.419/2006
A Lei 11.419/2006, com seus 22 artigos, representa, tal como uma carta magna, as
diretrizes que devem ser seguidas pelas demais leis ou normas, federais ou estaduais, quando
se venha a tratar da informatização do processo judicial no país. Em seu primeiro artigo fica
explícito o seu foco fundamental:
2
O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, criado pela Emenda Constitucional n 45, de 08/12/2004, tem como função a supervisão
administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, atuando como órgão central do
sistema.
12
Esta lei por si só não é suficiente para orientar de modo específico acerca dos diversos
projetos que fazem parte da informatização do Judiciário, mas como veremos em seguida, ela
se apresenta como norte para todas as demais instruções normativas e legais que a
acompanharão na intenção de dar suporte técnico e administrativo no desenrolar da
implantação do sistema de informatização dos processos na esfera do judiciário.
Alguns pontos adiante, trataremos da relação desta lei com as demais leis que fazem
parte da legislação arquivística brasileira, e tentaremos observar a necessária harmonia entre
elas. Da mesma forma, faremos com relação à resolução sobre o e-ARQ Brasil (CONARQ,
2007), recentemente aprovada, e que se trata de um conjunto de requisitos a serem cumpridos
por organizações produtoras ou recebedoras de documentos no âmbito de sistemas
informatizados.
Em seu artigo 2º, o texto da lei deixa claro sua preocupação com as questões de
segurança que envolvem a virtualização dos processos judiciários, e que são fonte principal
das discussões no que diz respeito à viabilidade incólume desta lei em razão dos conhecidos
riscos existentes no tráfego de conteúdos via internet. Por esta razão, o envio de petições, de
recursos e a prática de atos processuais como citações, intimações e notificações, realizados
por meio eletrônico, serão assinados eletronicamente, e terão sua validade reconhecida face
um protocolo de assinatura eletrônica, previamente credenciada pelo Poder Judiciário, de
acordo com o que for determinado pelos órgãos respectivos.
Para que este credenciamento surta os resultados esperados, no que diz respeito à
segurança, será necessário que o mesmo seja feito de forma presencial, com a adequada
identificação do interessado. Ao credenciado será atribuído um registro e o meio de acesso ao
sistema, de modo a preservar o sigilo, a identificação e a autenticidade de suas comunicações.
Mais adiante em seu artigo 12º, parágrafo 1º, mais uma vez evidencia a preocupação com as
questões de segurança do sistema, quando o texto afirma que:
13
Art. 12º A conservação dos autos do processo poderá ser efetuada total ou
parcialmente por meio eletrônico.
§ 1º Os autos dos processos eletrônicos deverão ser protegidos por meio de sistemas
de segurança de acesso e armazenados em meio que garanta a preservação e
integridade dos dados, sendo dispensada a formação de autos suplementares.
(BRASIL. Lei n.º 11.419, de 19 de dezembro de 2006. Diário Oficial [da]
República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 20 dez. 2006. p.
2.)
Em seu artigo 4º, um ponto de destaque da nova lei, é a criação do diário de justiça
eletrônico por parte dos tribunais, uma vez que essa iniciativa é estimulante ao exercício da
14
Com o diário de justiça eletrônico, qualquer cidadão poderá ter acesso, via rede
mundial de computadores, às comunicações em geral do Poder Judiciário, seus atos judiciais e
administrativos, bem como dos órgãos a ele subordinados. O parágrafo 2º do artigo 4º deixa
claro ainda o fim próximo da impressão do Diário Oficial em suporte de papel:
[...]
3
Carta Precatória é o meio que dispõe o juiz de fazer cumprir os atos processuais (citação, penhora, apreensão, etc), fora dos limites
territoriais da sua comarca, ou seja, os atos devem ser praticados em comarca diversa de onde corre o processo.
4
Carta Rogatória é a carta expedida pelo juiz quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira para cumprimento de atos processuais no
território estrangeiro.
15
todas as comunicações oficiais que transitam entre órgãos do Poder Judiciário, bem como
entre os deste e os dos demais Poderes. Com relação a este entrave, foi sábia a letra da lei
quando concedeu preferência à realização desses procedimentos jurídicos por via do meio
eletrônico, agilizando a circulação do processo e reduzindo o gasto de papel.
Em seu artigo 8º a referida lei abre espaço para que os órgãos do Poder Judiciário
desenvolvam seus próprios sistemas eletrônicos de processamento de ações judiciais, por
meio de autos total ou parcialmente digitais, utilizando, preferencialmente, a rede mundial de
computadores, podendo o acesso ser feito por meio de redes internas e externas. Porém, com a
parceria entre a Fundação Getúlio Vargas e Conselho Superior da Justiça do Trabalho é
sabido que o interesse maior é em padronizar o sistema em todos os Regionais e manter a
melhor e maior intercomunicação entre os mesmos, no interesse da melhor qualidade dos
serviços prestados. Ciente de que é impossível garantir a permanência do sistema disponível e
livre de interrupções, o artigo 10º, em seu parágrafo 2º, estabelece que:
[...]
Outro ponto de fundamental importância, e que foi lembrado no texto da lei para que
os interessados pudessem exercer seus direitos a partir do novo contexto, determina no
parágrafo 3º do artigo 10º que o Poder Judiciário deve disponibilizar equipamentos de
digitalização e computadores com acesso à rede mundial para que as partes possam realizar a
distribuição das peças processuais. Após a digitalização das peças processuais, é necessário
que o detentor das mesmas às preserve até o momento em que seja dado o trânsito em
julgado 6 da sentença.
5
Carta de Ordem é aquela pela qual o juiz determina a outro, de categoria inferior, a realização de uma diligência na circunscrição territorial
deste, fixando-lhe prazo para a tarefa.
6
Situação da sentença que se tornou indiscutível, por não estar mais sujeita a recurso, originando a coisa julgada.
16
[...] nunca antes as mudanças das técnicas, da economia e dos costumes foram tão
rápidas e desestabilizantes. A virtualização consiste justamente a essência, ou a
ponta fina, da mutação em curso. Enquanto tal, a virtualização não é nem boa nem
17
má, nem neutra. Ela se apresenta mesmo como o movimento do “devir outro” do
humano. Antes de temê-la, condená-la ou lançar-se às cegas a ela, proponho de que
se faça o esforço de apreender, de pensar, de compreender em toda a sua amplitude a
virtualização”.
[...] não se quer justiça amanhã. Quer-se justiça hoje. Logo a presteza da resposta
jurisdicional pleiteada contém-se no próprio conceito do direito-garantia que a
justiça representa. A liberdade não pode esperar, porque enquanto a jurisdição não é
prestada, ela pode estar sendo afrontada de maneira irreversível; a vida não pode
esperar, porque a agressão ao direito à vida pode fazê-la perder-se; a igualdade não
pode esperar, porque a ofensa a este princípio pode garantir a discriminação e o
preconceito; a segurança não espera, pois a tardia garantia que lhe seja prestada pelo
Estado terá concretizado o risco por vezes com a só ameaça que torna incertos todos
os direitos. (ROCHA, 1993, p.37)
As questões trabalhistas no Brasil, como na maioria dos países do mundo, são fruto do
não contentamento de quaisquer das partes envolvidas, e ocorrem com trabalhadores ou
empregadores de todas as faixas sociais, econômicas e culturais. O Brasil é uma nação que
conta, em sua maior parte, com uma população que se encontra em um grau de
desenvolvimento social e econômico considerado baixo, e esse fato dificulta a habilitação
dessa população a lhe dar com os avanços tecnológicos impostos por um desenvolvimento
que o estado não pode nem deve conter, e que, sem dúvida, abre as portas do novo, do
moderno, do encurtamento das distâncias e do melhor manejo do tempo, porém, apenas
àqueles que estiverem incluídos no mundo digital, e nesse ponto a atuação desse referido
estado é fundamental:
destino a ponto de podermos dizer que, embora não determine a evolução histórica e
a transformação social, a tecnologia (ou sua falta) incorpora a capacidade de
transformação das Sociedades, bem como os usos que as Sociedades, sempre em
processo conflituoso, decidem dar ao seu potencial tecnológico. (CASTELLS, 1999,
p. 56)
Para esta grande maioria populacional é que se faz necessário um cuidado maior, para
que possam, da melhor maneira possível, exercer seus direitos de cidadão dentro dessa nova
sociedade informatizada. Esses direitos fazem parte do que hoje é chamada inclusão digital7.
Cabral (2004) aborda a questão da inclusão digital dizendo:
[...] iniciativas de inclusão digital são aquelas que visam oferecer à sociedade “os
conhecimentos necessários para utilizar com um mínimo de proficiência os recursos
de informática e de telecomunicações existentes e dispor de acesso físico regular a
esses recursos”. A inclusão digital se assemelha, portanto, à idéia de alfabetização
digital, numa equivalência com a perspectiva da alfabetização no processo de
inclusão social, voltando o foco para aqueles que também se encontram no próprio
contexto de exclusão social, acrescentando a temática da tecnologia digital no
sentido de somar esforços para atenuar essa diferença.8
Os mais recentes dados sobre a inclusão digital no país não nos deixam acreditar que a
população, sobretudo a de baixa renda, poderá se aproveitar de modo integral desses novos
avanços tecnológicos. O acesso a conteúdos informacionais é um dos princípios básicos no
que diz respeito ao exercício pleno da cidadania, e como demonstra a Tabela 1, o brasileiro
ainda se encontra muito distante de uma realidade onde o acesso virtual a conteúdos possa se
mostrar como um caminho tranqüilo para a maioria. Esse panorama que se apresenta no país é
bem contextualizado por Cappelletti e Garth (1988, p.10) quando afirmam que:
O acesso à Justiça pode, portanto, ser encarado como requisito fundamental – o mais
básico dos direitos humanos – de um sistema jurídico moderno e igualitário que
pretenda garantir, e não apenas proclamar os direitos de todos. [...] O “acesso” não é
apenas um direito social fundamental, crescentemente reconhecido; ele é, também
necessariamente, o ponto central da moderna processualística. Seu estudo pressupõe
um alargamento e aprofundamento dos objetivos e métodos da moderna ciência
jurídica.
7
A inclusão digital é um processo de apropriação das novas ferramentas tecnológicas de informação e comunicação, de forma a permitir a
autonomia para pessoas historicamente excluídas dos seus direitos.
8
CABRAL, A. Sociedade e tecnologia digital: entre incluir ou ser incluída. Disponível em: <http://www.ourmedianet.org/papers/
om2004/Cabral.om4.port.pdf>. Acesso em: 22 de dez. 2006.
19
implantadas pelo setor privado, sobretudo por meio de Fundações ligadas às grandes
corporações, voltadas à população menos favorecida, mas ainda há um longo caminho a
percorrer, uma vez que o grau de utilização da internet pela população brasileira nos estados
da federação não supera os 20 por cento. Isso só corrobora a idéia de que poucos serão os que
passarão a ter um acesso mais facilitado à informação; não quer dizer, no entanto, que a
sociedade como um todo não se beneficiará dos avanços tecnológicos implantados na Justiça
do Trabalho, mesmo que isso venha a acontecer em um futuro mais adiante.
20
Tabela 1 - Distribuição das pessoas de 10 anos ou mais de idade, por situação de ocupação na semana
de referência e utilização da internet, no período de referência dos últimos três meses, segundo as
Unidades da Federação e as Regiões Metropolitanas – 2005
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005.
(1) Inclusive as pessoas sem declaração da situação de ocupação na semana de referência.
(2) Inclusive as pessoas sem declaração de utilização da internet.
21
Talvez a melhor maneira de se começar esta seção seja citando a Lei 8.159/1991:
Isso porque, antes de tudo, qualquer lei que venha tratar de documentos de arquivos
deve levar em consideração o fato de que as mudanças em razão da evolução tecnológica
nunca poderão estar à frente da segurança e da preservação da informação em questão.
9
Modelo de requisitos para sistemas informatizados que objetiva orientar a implantação da gestão arquivística de documentos, fornecer
especificações técnicas e funcionais, bem como metadados para orientar a aquisição e/ou desenvolvimento de sistemas informatizados.
22
10
Programa do Governo brasileiro que tem o objetivo de integrar, coordenar e fomentar ações para a utilização de tecnologias de informação
e comunicação, de forma a contribuir para a inclusão social de todos os brasileiros na nova sociedade e, ao mesmo tempo, contribuir para que
a economia do País tenha condições de competir no mercado globalizado.
23
11
O e-ARQ Brasil ainda não disponibilizou o capítulo que trata sobre metadados.
12
A Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos - CTDE - foi criada pelo Conselho Nacional de Arquivos - CONARQ - em 1995 (Portaria
nº8, de 23/8/1995) e reestruturada em 2002 (Portaria nº60, de 7/3/2002), contando com representantes de vários setores do governo e da
sociedade civil.
13
O Sistema Integrado de Gestão da Informação da Justiça do Trabalho objetiva conferir maior celeridade e qualidade à prestação
jurisdicional, através de um Planejamento Estratégico de Informática, participativo e de longo prazo.
24
14
Como exemplo desses sistemas menores podemos citar: e-JUS, AUD, e-RECURSO, dentre outros que serão tratados na sub-seção
Ferramentas Administrativas.
25
procedimentos como um todo, sendo necessário o perfeito entendimento dessas partes para
que o sistema funcione de modo harmonioso.
Sete grupos distintos de pessoas, representando as mais diversas áreas dos mais diversos
órgãos da Justiça brasileira, Ministério Público, advocacia pública e privada, e defensoria
pública realizaram reuniões rotineiras durante os anos de 2005 e 2006 com o objetivo de
levantar dados e encontrar as melhores soluções para a implantação do Sistema de
informatização da Justiça brasileira. Nos dias 28, 29 e 30 de junho de 2006 os referidos
grupos e seus integrantes, denominados operadores da justiça virtual, promoveram um
encontro com o objetivo de apreciar e analisar os sistemas estudados, respeitadas as
peculiaridades de cada região e dos segmentos respectivos. Cada grupo apresentou as
funcionalidades, dificuldades, pontos relevantes, sugestões e pontos de convergência entre os
sistemas dos órgãos que acompanharam. Os operadores do processo virtual, reunidos em
Brasília de 28 a 30 de junho de 2006, manifestam a necessidade da urgente implementação e
intercomunicabilidade dos sistemas de processo eletrônico na Justiça brasileira. Ficou
demonstrado nessa reunião que os avanços tecnológicos e a experiência acumulada permitem
a adoção de sistemas úteis aos diversos segmentos da Justiça e a todos os operadores do
Direito no país, de maneira a formar uma rede virtual para o Judiciário brasileiro, como
instrumento de plena realização da cidadania.
se da certificação digital para oferecer segurança na transmissão dos arquivos entre os bancos.
A certificação digital baseia-se na existência de certificados digitais, que são os documentos
eletrônicos, assinados por uma terceira parte confiável, que associa uma entidade a uma chave
pública. Esses certificados podem ser emitidos para pessoas físicas ou jurídicas.
confiabilidade a toda estrutura e aos atos praticados em seu âmbito. Atualmente, existem
como unidades certificadoras na ICP-Brasil: Caixa Econômica Federal, CERTISIGN,
Presidência da República, Secretaria da Receita Federal, SERASA e o SERPRO.
Vários são os sistemas e ferramentas que integram o SIGI, todos eles pensados para
que funcionem da maneira mais uniforme e integrada possível.
O SIGA é um sistema único para a área administrativa dos Tribunais que substituirá
cerca de 100 sistemas isolados nas áreas de material e patrimônio, almoxarifado, compras,
contratos, recursos humanos, pagamento, planejamento e execução orçamentária,
padronizando os procedimentos e otimizando o esforço de manutenção de sistemas. Para
detalhamento, elaboração de projeto básico e acompanhamento da licitação para aquisição do
software foi contratada a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPqD). O SIGA será adquirido para toda a Justiça do Trabalho e a
padronização dos procedimentos permitirá que um Tribunal consulte outro sobre situações
específicas pelo mesmo sistema.
Uma carta precatória é o meio que dispõe o juiz de fazer cumprir os atos processuais
(citação, penhora, apreensão, etc.), fora dos limites territoriais da sua comarca, ou seja, os atos
devem ser praticados em comarca diversa de onde corre o processo, e é dirigida a juiz de
mesma categoria jurisdicional.
16
Recebe a denominação de acórdão o julgamento proferido pelos tribunais.
17
É o recurso contra decisão que contenha interpretação de norma legal divergente entre Tribunais ou entre o Tribunal e o TST, ou contra
decisões que contrariem literalmente dispositivo de lei federal ou da Constituição.
33
Como é possível perceber, mais uma vez a lei veio a reboque dos fatos, e o e-DOC já
vem funcionando nos tribunais muito antes da Lei 11.419/2006, que dispõe sobre a
informatização do processo digital. O e–DOC é um serviço de uso facultativo, disponível nas
páginas web do Tribunal Superior do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho, que
permite às partes, advogados e peritos utilizar a internet para a prática de atos processuais
dependentes de petição escrita.
O sistema de cálculo rápido é muito útil na produção de dados para guiar as tentativas
de acordo durante as audiências e permite proferir sentenças. Simples, de fácil instalação e
manuseio, pode ser usado não apenas pelo magistrado, mas também por qualquer pessoa que
trabalhe com liquidação de sentenças trabalhistas. Trata-se de mais uma ferramenta eletrônica
desenvolvida pela justiça trabalhista que tem um papel fundamental na solução dos litígios
quando ainda na primeira audiência, evitando a sobrecarga do sistema com mais processos
que irão demandar mais recursos na armazenagem de dados.
6 ASPECTOS AMBIENTAIS
O eucalipto é a espécie mais usada pela indústria de papéis no Brasil, com 65% de
participação, seguida pelo pinus com 35%. Para entender a extensão dos danos causados pela
monocultura dessas espécies, se faz necessário a exposição de como é feito o plantio dessa
árvore no país, e também demonstrar de que maneira ela age sobre o meio ambiente. O
35
Para se produzir uma tonelada de papel faz-se necessário o uso de duas a três toneladas
de madeira, além de uma quantidade de água maior do que qualquer outra atividade industrial
necessite empregar. Some-se a isso uma grande quantidade de produtos químicos utilizados
para o embranquecimento da celulose e que acarreta em sério risco à saúde humana,
comprometendo ainda a qualidade do solo, da água e dos alimentos. Ambientalistas
denunciam que a espécie promove o ressecamento do solo, diminuindo os níveis de água nos
lençóis freáticos, além de diminuir a precipitação na sua área de influência. Outro problema
observado é que a absorção de água do solo em plantios de eucalipto é freqüentemente maior
do que em outros tipos de uso da terra, devido ao seu alto metabolismo e capacidade de
produzir um sistema de raízes muito bem desenvolvido. O solo não é a única interferência
ambiental negativa quando se trata da monocultura de eucaliptos, essa planta possui pragas
típicas de sua espécie, como as saúvas cortadeiras, que terão que se deslocar para a vegetação
mais próxima quando da época de corte dos eucaliptos, causando com isso uma interferência
no equilíbrio ambiental no ecossistema das cercanias.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada país com seu nível particular de desenvolvimento tecnológico, social, político e
econômico, além das suas necessidades individuais na esfera judicial, determinam o estágio
em que se encontram hoje nesse processo de informatização. O mais importante, no entanto, é
saber que o Brasil está entre aqueles que optaram por um caminho de fortalecimento da
cidadania, e que mesmo sabendo das dificuldades impostas em razão de não estar social e
culturalmente pronto a mudanças tão revolucionárias, não escolheu por esperar que melhores
ventos soprassem para que pudesse colocar em prática seu sistema de modernização do Poder
Judiciário.
Justiça e do próprio Judiciário. Fácil, também, é observar que, apesar de envolver técnicas e
procedimentos arquivísticos, em nenhum momento foi possível identificar a presença de um
arquivista nesse processo de construção.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional de Arquivos. Resolução n.º 25, de 27 de abril de 2007. Dispõe
sobre a adoção do Modelo de Requisitos para Sistemas Informatizados de Gestão Arquivística
de Documentos - e-ARQ Brasil pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de
Arquivos - SINAR. Rio de Janeiro 2007a. Disponível em: <http://www.conarq.arquivonacio
nal.gov.br / cgi / cgilua.exe /sys/start.htm?from%5Finfo%5Findex=21&infoid=206&sid=46>.
Acesso em: 22 de jan. 2007.
BRASIL. Lei n.º 8.159 de 8 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política nacional de arquivos
públicos e privados e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do
Brasil. Brasília, DF, 9 jan. 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/
L8159.htm>. Acesso em: 12 jan 2007.
BRASIL. Lei nº. 9.800 de 26 de maio de 1999. Permite às partes a utilização de sistema de
transmissão de dados para a prática de atos processuais. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil. Brasília, DF, 27 mai. 1999. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Leis/L9800.htm>. Acesso em: 19 fev. 2007.
CABRAL, A. Sociedade e tecnologia digital: entre incluir ou ser incluída. In: Liinc em
Revista, v.2, n.2, setembro 2006, p.127-139. Disponível em <http://www.liinc.ufrj.br/revista/
index-revista.htm>. Acesso em: 12 mar. 2007.
CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: Sérgio Antônio
Fabris Editor,1998, p. 10.
LÉVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Editora 34, 1996. 157 p.
MARINONI, Luiz Guilherme. Novas linhas de processo civil. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Malheiros, 1999.