O objetivo geral desta pesquisa é apresentar os princípios da educação do diálogo. Especificamente o propósito é promover a cultura do diálogo e contrapor a educação do solilóquio. A pesquisa tem sua inspiração na tradição filosófica e pela constatação da necessidade de estabelecimento e manutenção da sociedade. Projeto justificado pela carência de atividades que promovam a sociabilidade através da expressão oral no mundo contemporâneo, que se fazem necessárias devido ao estabelecimento do multiculturalismo.
Título original
Educação Do Diálogo Frente à Educação Do Solilóquio
O objetivo geral desta pesquisa é apresentar os princípios da educação do diálogo. Especificamente o propósito é promover a cultura do diálogo e contrapor a educação do solilóquio. A pesquisa tem sua inspiração na tradição filosófica e pela constatação da necessidade de estabelecimento e manutenção da sociedade. Projeto justificado pela carência de atividades que promovam a sociabilidade através da expressão oral no mundo contemporâneo, que se fazem necessárias devido ao estabelecimento do multiculturalismo.
O objetivo geral desta pesquisa é apresentar os princípios da educação do diálogo. Especificamente o propósito é promover a cultura do diálogo e contrapor a educação do solilóquio. A pesquisa tem sua inspiração na tradição filosófica e pela constatação da necessidade de estabelecimento e manutenção da sociedade. Projeto justificado pela carência de atividades que promovam a sociabilidade através da expressão oral no mundo contemporâneo, que se fazem necessárias devido ao estabelecimento do multiculturalismo.
Albertino Servulo Doutorando em Filosofia-UFC albertinoservulo@alu.ufc.br
RESUMO: O objetivo geral desta pesquisa apresentar os princpios da educao do
dilogo. Especificamente o propsito promover a cultura do dilogo e contrapor a educao do solilquio. A pesquisa tem sua inspirao na tradio filosfica e pela constatao da necessidade de estabelecimento e manuteno da sociedade. Projeto justificado pela carncia de atividades que promovam a sociabilidade atravs da expresso oral no mundo contemporneo, que se fazem necessrias devido ao estabelecimento do multiculturalismo. Palavras-chave: Dilogo. Solilquio. Multiculturalismo.
PARTE 1 - CONSTATAO DE UM FATO: EDUCAO DO SOLILQUIO
Quando analisamos as relaes dos interlocutores nas instituies de educao, em qualquer de seus nveis, fundamental, mdio, tcnico e superior; deparamo-nos com um fato generalizado. Isto , essas relaes so fundamentalmente, relaes narradoras. Com relaes narradoras ou relaes dissertadoras queremos dizer que as relaes dos interlocutores nas instituies de educao implicam fundamentalmente em narrao que implica um sujeito, o narrador, e objetos pacientes, os ouvintes. Nesse sentido as relaes dos interlocutores nas instituies educativas so preponderantemente relaes verticais, pois impera nessas relaes a educao do solilquio.
1.1 A REALIDADE E O SUJEITO DA EDUCAO DO SOLILQUIO
Nessas relaes dos interlocutores nas instituies educativas, em
qualquer de seus nveis, fundamental, mdio, tcnico e superior; onde impera a educao do solilquio. A realidade apresentada externa aos interlocutores e estes no so considerados sujeitos. A narrao apresenta a
realidade compartimentada e sem contradies ou a narrao apresenta algo
completamente alheio experincia existencial dos interlocutores. No contexto das relaes dos interlocutores nas instituies educativas onde impera a educao do solilquio. A narrao ou dissertao aparece como seu indiscutvel agente, como o verdadeiro sujeito, cuja tarefa indeclinvel encher os interlocutores dos contedos de sua narrao. Os contedos dessa narrao so retalhos da realidade desconectados da totalidade em que se engendram e em cuja viso ganhariam significao. A palavra nesse contexto privada e protegida pelo aparato policial do discurso da autoridade; aos interlocutores s permitida a repetio da palavra e a memorizao mecnica do contedo narrado.
1.2 CONSEQUNCIAS DA EDUCAO DO SOLILQUIO:
PASSIVIDADE As relaes dos interlocutores nas instituies educativas, em qualquer de seus nveis, fundamental, mdio, tcnico e superior; onde impera a educao do solilquio; promove a transformao dos interlocutores em vasos sanitrios, em meros recipientes a serem enchidos, onde ensinar significa encher cada vez mais os interlocutores de contedos, e aprender significa os interlocutores se deixaram docilmente encher pelos contedos. Em lugar dos interlocutores se comunicarem, eles so comunicados; pois so considerados meras incidncias, a nica ao que se oferece aos interlocutores a de receberem os contedos, memoriz-los e repeti-los.
1.3 TODOS SO ANULADOS NA EDUCAO DO SOLILQUIO:
PRXIS
No fundo, nessa concepo que privilegia o solilquio, todos so
anulados, pois fora da prxis os indivduos sociais no podem ser indivduos sociais. Os interlocutores se anulam na medida em que, nesta distorcida educao do solilquio, no h participao, no h discusso, no h reconhecimento.
1.4 IDEOLOGIA DA DOMINAO: ABSOLUTIZAO DA
IGNORNCIA Nas relaes dos interlocutores nas instituies educativas, em qualquer de seus nveis, fundamental, mdio, tcnico e superior; onde impera a educao do solilquio; o saber uma doao dos que se julgam sbios aos que so julgados como ignorantes. Essa concepo da absolutizao da ignorncia um instrumento da ideologia da dominao, que constitui o que chamamos de alienao da ignorncia, segundo a qual esta se encontra sempre no outro.
1.5 ALIENAO DA IGNORNCIA
Na alienao da ignorncia, segundo a qual esta se encontra sempre
no outro, os interlocutores, que alienam a ignorncia, se mantm em posies invariveis. A rigidez dessas posies nega prxis educativa e o conhecimento como processo de busca. Os interlocutores se pem como antinomia necessria uns dos outros. Alguns reconhecem na absolutizao da ignorncia dos outros a razo de sua existncia. Enquanto estes outros, alienados, por sua vez, maneira do escravo na dialtica hegeliana, reconhecem em sua ignorncia a existncia desses alguns. Porm, no chegam nem sequer ao modo do escravo naquela dialtica, pois l o escravo descobre que interlocutor do interlocutor. Ou seja, na educao do solilquio temos uma contradio que no pode ser superada, isto , os interlocutores se pem como antinomia (porm, como antinomia necessria) uns dos outros.
1.6 O PROPSITO DA EDUCAO DO SOLILQUIO
Nas relaes dos interlocutores nas instituies educativas, em
qualquer de seus nveis, fundamental, mdio, tcnico e superior; onde impera a educao do solilquio; que estamos contrapondo, no se verifica nem pode verificar-se esta superao, isto , dos interlocutores se colocarem em antinomia necessria. Pelo contrrio, refletindo a sociedade que a
estabeleceu e sendo, portanto uma dimenso da cultura do silncio, a
educao do solilquio mantm e ainda estimula a contradio.
1.7 OS INTERLOCUTORES COMO SERES DE ADAPTAO
Nesta viso da educao do solilquio os interlocutores so concebidos como seres da adaptao, do ajustamento. Quanto mais se exercitem os interlocutores na nica ao que lhes permitida, isto , de receberem os contedos, memoriz-los e repeti-los, tanto menos desenvolvero em si a conscincia crtica de que resultaria a sua insero no mundo, como sujeitos, porque seriam seres transformadores dele.
1.8 EDUCAO DO SOLILQUIO: FAVORECE A DOMINAO
Na medida em que a educao do solilquio anula ou minimiza a
participao, a discusso e o reconhecimento dos interlocutores, estimulando a passividade e no a criticidade, satisfaz aos interesses dos dominadores. Para estes, o fundamental no o desnudamento e a transformao do mundo. O seu humanitarismo est em preservar a situao de que so beneficirios e que lhes possibilita a manuteno de sua falsa generosidade. Por isso, os arautos da educao do solilquio reagem contra qualquer tentativa de uma educao estimulante do pensar autntico, que no se deixa emaranhar pelas vises parciais da realidade, buscando sempre os nexos que prendem um ponto a outro, ou um problema a outro. A educao do solilquio a educao como prtica da dominao, pois o que pretende em seu marco ideolgico, nem sempre percebido por muitos dos que a realizam, acomodar os interlocutores no mundo da opresso, na paz social, que no fundo, no outra seno a paz privada dos dominadores.
1.9 PRTICA DA EDUCAO DO SOLILQUIO: PATERNALISMO
Na verdade, o que pretendem aqueles que se servem da educao do
solilquio domesticar os demais e no transformar a situao que os
oprime. Nesta est embutida uma ao de carter paternalista, em que os
oprimidos recebem o nome simptico de assistidos.
1.10 HUMANISMO ESTRANHADO DA EDUCAO DO
SOLILQUIO
O humanismo da educao do solilquio um humanismo
estranhado, pois se reduz a tentativa de fazer dos homens o seu contrrio, isto , o autmato.
1.11 H UM SEM NMERO QUE NO SE SABEM A SERVIO DA
DESUMANIZAO Existem os que executam a educao do solilquio deliberadamente, todavia h um sem-nmero de interlocutores de boa vontade, que no se sabem a servio da desumanizao ao praticarem e defenderem o solilquioismo. O objetivo fundamental deste, mesmo que dele no estejam advertidos muitos dos que o realizam, dificultar, em tudo, o pensar crtico. Nas exposies solilquiais, nos mtodos de avaliao, no controle da leitura, na distncia entre os interlocutores, nos critrios de promoo, nas indicaes bibliogrficas, em tudo, h sempre a conotao vertical e a proibio do pensar crtico.
1.12 PENSAR CRTICO: AUTENTICADO NA
INTERCOMUNICAO
O pensar crtico dos interlocutores somente ganha autenticidade na
intercomunicao, mediada pela realidade. Por isto, o pensar de uma minoria de interlocutores no pode ser imposto a uma maioria de interlocutores. Por isto, no deve ser um pensar no isolamento, na torre de marfim, mas em torno da realidade. Somente assim no ser possvel a superposio dos homens aos homens.
1.13
UMA COMPREENSO FALSA DOS HOMENS
A educao do solilquio parte de uma compreenso falsa dos
homens, estes so reduzidos a meros objetos. Pois nessa falsa viso dos homens, se estabelece uma dicotomia entre homens e o mundo. Isto , homens simplesmente no mundo e no com o mundo e com os outros. Homens espectadores e no recriadores do mundo.
1.14
CONCEPO MECNICA DE CONSCINCIA
A educao do solilquio concebe a conscincia dos homens como
se fosse uma seo dentro dos homens, mecanicistamente compartimentada, passivamente aberta ao mundo que a ir enchendo de realidade. Uma conscincia continente a receber permanentemente os depsitos que o mundo lhe faz. Uma concepo mecnica da conscincia, que a v como algo vazio a ser preenchido.
1.15
EDUCAO DO SOLILQUIO SERVE A OPRESSO
A educao do solilquio que serve a opresso necrfila. Pois, ela
se funda num conceito mecnico, esttico da conscincia e que transforma os interlocutores em recipientes, no deixando estes se moverem pelo nimo de libertar o pensamento pela ao: da participao, da discusso, do reconhecimento, numa palavra pela intercomunicao. Seu nimo justamente o contrrio, o de controlar o pensar e a ao, levando os homens ao ajustamento do mundo.
1.16 A PROIBIO DE ATUAR PROVOCA O SENTIMENTO DE
RECUSA A IMPOTNCIA
A educao do solilquio ao inibir o poder de atuar, ao obstaculizar a
atuao dos interlocutores, como sujeitos de sua ao, frustra-os. Quando os interlocutores se sentem proibidos de atuar, quando se descobrem incapazes de usar suas faculdades, sofrem. Mas, o no poder atuar, que provoca o
sofrimento, provoca tambm nos interlocutores o sentimento de recusa a sua
impotncia e tentam, ento, reestabelecer a sua capacidade de atuar.
1.17
A LIBERDADE DO DISCURSO SE D NA PRAXIS
O que parece indiscutvel que aqueles que pretendem a liberdade
do discurso dos interlocutores no podem comear por alien-los. A liberdade do discurso dos interlocutores autntica, no uma coisa que se deposita nos interlocutores, mas a prxis que implica a ao e a reflexo dos interlocutores sobre a realidade para transform-la.
PARTE 2 - O FUNDAMENTO DA EDUCAO QUE SE OPE AO
SOLILQUIOISMO
A educao que se impe aos que verdadeiramente se comprometem
com a liberdade do discurso dos interlocutores no pode fundar-se numa compreenso de que os interlocutores so seres vazios a quem a realidade posta encha de contedos. No pode ser a da conscincia como recipiente de contedos, mas a da problematizao dos interlocutores em suas relaes com a realidade.
2.1 O QUE POSSIBILITA A RELAO DIALGICA
A educao do dilogo coloca, desde logo, a exigncia da superao da contradio entre os interlocutores, isto , de se colocarem em antinomia necessria. Sem esta superao no possvel a relao dialgica, indispensvel cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, em torno do mesmo objeto cognoscvel.
2.2 ANTAGONISMO ENTRE A EDUCAO DO SOLILQUIO E A
EDUCAO DO DILOGO O antagonismo entre a educao do solilquio e a educao do dilogo, a primeira serve dominao, a segunda libertao. A primeira mantm a contradio entre os interlocutores, segunda realiza a superao.
Para manter a contradio, a educao do solilquio nega a dialogicidade
como essncia da educao e se faz antidialgica. Para realizar a superao a educao do dilogo afirma a dialogicidade e se faz dialgica.
2.3 DILOGO: SUPERAO DA ANTINOMIA ENTRE OS
INTERLOCUTORES A educao do dilogo rompe com os esquemas verticais da educao do solilquio, realiza a liberdade do discurso dos interlocutores. atravs do dilogo que ela opera a superao de que resulta um novo esquema, no mais aquele que promove a dicotomia entre os interlocutores, mas aquele em que todos so interlocutores. Desse modo no existe interlocutor com privilgio de discursar. Todos se tornam sujeitos do processo em que aprendem e ensinam no dilogo e em que os argumentos de autoridade j no valem.
2.4 MEMORIZAO EM DETRIMENTO DO CONHECIMENTO
Na educao do solilquio no pode haver conhecimento, pois os
interlocutores no so chamados a conhecer, mas a memorizar o contedo narrado por um pretenso interlocutor que tem privilegio do discurso. Os interlocutores no realizam nenhum ato cognoscitivo, uma vez que o objeto que deveria ser posto como incidncia de seu ato cognoscente posse de um pretenso interlocutor privilegiado e no mediatizador da reflexo crtica de todos os interlocutores.
2.5 ESSNCIA DO DILOGO
A linguagem o constituinte essencial do dilogo, um fenmeno exclusivamente humano. A linguagem para ser considerada como algo mais do que um meio para que se estabelea o dilogo carrega duas dimenses: a ao e a reflexo. No h linguagem verdadeira que no seja prxis. A linguagem inautntica, com que no se pode transformar a realidade, resulta da dicotomia que se estabelece entre suas dimenses. A linguagem esgotada de sua dimenso de ao, tambm sacrifica a reflexo, que transforma a
linguagem em verbalismo, em blablabl; em linguagem alienante, pois dela
no se tem uma denncia do mundo. A linguagem que enfatiza ou exclusiviza a ao se converte em ativismo, pois desconsidera a reflexo. O ativismo ao pela ao, a minimizao da reflexo, consequentemente nega prxis verdadeira e impossibilita o dilogo. Mas se emisso da linguagem prxis, isto , transformao do mundo, ento emitir a linguagem no privilgio de alguns interlocutores, mas direito inalienvel de todos. Precisamente, por isto, ningum pode emitir a linguagem sozinho, ou emiti-la para os outros, num ato de prescrio, com o qual furta a linguagem aos demais.
2.6 CONCEPO DO DILOGO
O dilogo a reunio entre os interlocutores, mediatizados pelo
mundo, para pronunci-lo. Esta a razo por que no possvel o dilogo entre os que negam aos demais o direito de emitir a linguagem e os que se acham negados deste direito.
2.7 O DILOGO UMA EXIGCIA EXISTENCIAL
Se emitindo a linguagem que os interlocutores transformam o mundo, o dilogo se impe como caminho pelo qual os interlocutores ganham significao enquanto interlocutores. Por isso, o dilogo uma exigncia existencial.
2.8 O DILOGO NO DEBATE PELO DEBATE
O dilogo no debate pelo debate, isto , no uma discusso guerreira, polmica entre sujeitos que no aspiram a chegar a um acordo sobre a realidade, mas que se preocupam apenas em vencer o interlocutor pelo interesse pessoal, visando a conquista do outro. Por isso, o debate se reduz a um ato de impor ideias de um interlocutor no outro. A conquista implcita no dilogo a do mundo pelos sujeitos dialgicos, no a de um pelo outro. Em suma, conquista do mundo para a libertao dos interlocutores.
2.9 PRINCPIOS DA EDUCAO DO DILOGO: AO MESMO TEMPO
QUE SO SEUS PRESSUPOSTOS SO TAMBM A SUA GRANDE DIFICULDADE PARA ESTABELEC-LO So princpios da Educao do dilogo: a humildade, a f e a confiana.
2.9.1
HUMILDADE: PRESSUPOSTO DO DILOGO
No possvel estabelecer o dilogo se no h humildade dos
interlocutores.
emisso
da
linguagem
entre
os
interlocutores,
mediatizados pelo mundo, no pode ser uma ato arrogante. No possvel
dilogos se os interlocutores alienam a ignorncia, isto , se a vem sempre no outro, nunca em si mesmo. No possvel estabelecer o dilogo se os interlocutores se admitem como interlocutores distintos, virtuosos por herana, diante dos outros, que so vistos como meros istos, em quem esses no reconhecem outros eus. No possvel estabelecer o dilogo se os interlocutores se sentem participantes de uma elite de interlocutores nicos, donos da verdade e do saber, para quem todos os que esto de fora so prias ou senso comum. No possvel estabelecer o dilogo se o fundamento da linguagem dos interlocutores sobre o mundo tarefa de interlocutores seletos e que a presena dos demais na histria secundria. No possvel estabelecer o dilogo se os interlocutores se fecham ou se recusam a receber a contribuio dos outros, pois se sentem ofendidos com a interveno destes, pois jamais os reconhecem como interlocutores. No possvel estabelecer o dilogo se os interlocutores se definem e se sentem auto-suficientes, pois esta incompatvel com o dilogo. os interlocutores que no tem humildade no podem relacionar-se, pressupe a quebra da sociabilidade. No dilogo no h ignorantes absolutos, nem sbios absolutos; h interlocutores que se relacionam para conhecer e saber mais.
2.9.2 F: PRESSUPOSTO DO DILOGO
No possvel estabelecer o dilogo se no h uma intensa f nos
interlocutores. F na capacidade dos interlocutores que no privilgio de alguns eleitos, mas direito de todos. A f nos interlocutores um dado a priori do dilogo. Pois, existe antes mesmo de que ele se instale.
2.9.3
CONFIANA: PRESSUPOSTO DO DILOGO
Ao se fundar na humildade e na f dos interlocutores, o dilogo se
faz numa relao horizontal, em que a confiana dos interlocutores uns nos outros consequncia bvia, pois seria uma contradio se com seus princpios supra o dilogo no provocasse o clima de confiana entre os interlocutores. No existe essa confiana na antidialogicidade da educao do solilquio. Se a f nos interlocutores um dado a priori do dilogo, a confiana se instaura com ele. A confiana faz com que os interlocutores sejam cada vez mais sociveis. A antidialogicidade da educao do solilquio promove e estimula a averso social e o culto ao individualismo. O fascismo, o nazismo, a misoginia, a misantropia, a tirania, o academicismo, so crias da educao do solilquio. A confiana no pode existir se o discurso do interlocutor no coincide com seus atos. Dizer uma coisa e fazer outra, no pode ser estmulo a confiana. Discursar em prol da democracia e proibir a participao de todos na emisso do discurso uma farsa.
CONSIDERAES FINAIS
Finalmente, no possvel estabelecer o dilogo se no h nos
interlocutores um pensar crtico. A educao do solilquio estabelece o pensar ingnuo, pois nesta o importante a acomodao, no se comunica, aceita sem buscar investigar, pois se dobra a imposio. Somente o dilogo implica um pensar crtico. Sem ele no h comunicao e sem esta no h educao.