vermelha cruz entre brancas pedras negras luzes: o espaço entre a minha e a tua concepção sendo cada vez mais estreito ou largo ? Fazer Silêncio absurdo, nervoso, faz no entorno da gente (deveria ?), sim, faz silêncio, mas alguém canta na plataforma sobre a qual a manhã não espera. Tema Constelações e nebulosas como um coração humano, vaga humana rumo ao desumano: assim é a palavra da primária instrução, dando boas vindas aos filhos e filhas da Dúvida. Alucinação O copo grita nos lábios agitando as folhas do chá para o ancião com trinta toneladas de males sobre si, desabando sobre tudo, mas em novas alquimias ele se esmera, às veias de um Dora Na linha do horizonte há um crisol de atenção, novos ecos no espaço atual, a música ao longe parece ter perdido os dentes ao dissolver-se na anticausa que tanto amamos. Flora Mulher sem rosto ocorre cedo na calma da gente com medo de tudo, até com sorte. Mulher sem rosto pode haver-se com o passageiro. Cantar Corpo em repouso diante de mim o corpo transgredido vai à manhã , e, quem sabe ?, até se funda com rocha mais sólida , e solte suas penúltimas borboletas. Polpa e nervos Levar a vida mais acima do Nunca, evadindo-se sem olhar para trás nem gritar que o fim do mundo é isso de cair até perder a noção da gravidade com que abiscoitam a nossa liberdade os fungos da primavera. Clima Tu, de nervosa, encolhes os cantos da boca ao mundo. Tu e eu não somos mais do que dois ângulos do mesmo clima ? ou somos cisma de mil sismos ? Fel ou Sal
Vida com sombras pode ser a vida
na mesa de alguém, e sempre alguém mais vai dizer-nos que a rua é boa de se andar, e deitar e rolar em nome do pai desconhecido, da mãe de todos conhecida. Ah, vida boa, nem tudo se derrete bem na boca da gente. Fogo O que se abate sobre os ombros e os lábios da gente não me apetece no sono. Tu estás alheia a tudo, és a dançarina mexendo numa panela cheia de adstringentes dentro da qual a vida arde muito além da filosofia de alimentos dietéticos.