Você está na página 1de 1

MENDONA, Eduardo Prado de.

O Valor da Inutilidade in O Mundo Precisa de


Filosofia. 3. ed. Rio de Janeiro, Agir, 1973.
Mendona diz que o homem moderno, atravs de uma conscincia coletiva da
noo do que til como critrio de excelncia, est viciado na produtividade e se
tornou o que o prprio autor chama de gerao da maquina, este processo se deu por
algumas razes.
A primeira razo de ordem terica, ao invs de verdades absolutas e estveis, o
agnosticismo fundamental do pragmatismo doutrinrio, criou suas prprias verdades em
funo da atividade, no se mais possvel distinguir as verdades e suas aplicaes, o
homem torna-se criador de suas prprias verdades por suas aes.
Uma outra razo de ordem prtica surge quando o advento da mquina trouxe a
tona o utilitarismo, o til se tornou critrio por excelncia. O que a primeira vista
positivo e traz a ideia de criao e de mudanas constantes se analisado mais de perto se
torna um problema pois, segundo o autor, desaparece a ideia de um fim a atingir,
porque o meio se tona o fim, o fim se identifica com o meio isso resulta na produo
pela produo sem um objetivo concreto a no ser o de produzir, pois produzir bom e
til, mas sem uma finalidade especifica o homem moderno se angstia, pois ele no
alcana o resultado final dessa produo.
Por fim e no menos importantes temos as razes de ordem moral, partindo do
principio que a vida se renova e o homem se cria em busca da perfeio, a moral se
passa fora do til, pois til a produo e no a perfeio.
Isto posto se torna impossvel compreender e aceitar Deus pelo conceito da
utilidade, da perspectiva pratica Ele existira apenas para uma questo de sobrevivncia,
mas o homem no se resume a isso, ele possui necessidades oriundas de suas relaes
externas, a sua existncia ultrapassa a barreira da utilidade, sendo assim preciso
compreender as necessidades inteis da vida ldica, esttica, moral, religiosa dentro
dessa vida til.
Sendo o conceito de til tudo aquilo que tem um fim noutro, e no em si
mesmo (Mendona) como ele pode ser o mais importante nessa relao de
modernidade se ele necessita do outro para existir ao ponto que o conceito de inutilidade
mal interpretado no significa o que no tem finalidade alguma, mas sim que tem a
finalidade em si mesmo, o homem tem durante sua existncia atos teis e inteis, a
forma como ele vai lidar com esses conceitos que vai determinam se sua existncia
autntica ou no.
Esse processo fez com que o homem fosse reduzido somente ao critrio do plano
til, porm no plano intil necessrio encarar essas esferas do no prtico na vida
humana como, por exemplo, o artista, sua arte no tem um para qu uma forma de o
artista externar o no rotineiro ou pratico da vida comum, uma possibilidade de
despertar os homens automatizados, outro exemplo a Filosofia movido pelo desejo de
encontrar uma resposta, que satisfaa a sua disposio inata de perguntar. (Mendona)

Você também pode gostar