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A Marmita Do Cego
A Marmita Do Cego
Óculos escuros
para o cego, mas
falas claras
arroz
A cacofonia
dos bastidores
avança da orquestra
para os ombros
da espera
assentada lá fora
feijão
Aquele timbre
da personalidade
está lá no fundo
esperando por
ti, por eles
e elas
alface
Em novembro
flamboyants acendem a cidade
o amor dá chamas a ela
as crianças sapecam a cidade
em dezembro
até que outro fogo
derrote-a com beijos e abraços
tomate
Moram nele
certas idades.
Assim o diz, mas
não o faz.
Moram em ti,
de fato, quantas
posses ?
pão
Conta indefinida é
o sal do meio dia
sempre ele o dia
cheio de avisos
e impostos sobre
os extremos da gente
repolho
Vai ao fogo
o prumo das veias
os quadris deitam-se
e que flexão alguma
escape do rodo
da pá de pedreiro
da ferida aberta
no coração
pimenta
: caldo primordial
suã
A realidade, suspeita de dormir de botas,
procura os óculos e ativa-se por motivos
alheios, sim, até então quase alheia
a entornos e núcleos, a suspeita torna-se
(às vezes, cedo demais)
realidade, e te condena a novos temperos,
e nos dilacera por velhas camas e comas.
peixe
Pirão e pasta de gente nas ruas, de tudo
se come: pirão de peixe e crimes no (b)ar,
gente afoita na cidade há meios totais
e meio termo, nós & cós, penhoras
a placa avisa aos passantes: cuidado
alguém cai na rua, liquidação: “só hoje”
pois é na rua que todas as coisas acontecem.
cará
Sacode com o riso essa besteira
que acabas de fazer, anda logo
e chega para cá
pois ainda há
muito pirão de queixos pra gastar
banana
Conversar remove
espinhos, ou não, mas
o senhor pede
a senhora manda
elabore-se o amor
sob vias de fato
em vias públicas
possa o amor amar
transitar em qualquer lugar
morangabóbora
Próprio do amor é copiar e colar culpas
e desculpas para os carunchos do amor,
já por si atrevidos: sobem no tambor
e descem mamilos, ligam cigarras e grilos
vazando segredos no seio da lenha,
escondidas no meio da mata, nas veias
da mais bem guardada senha.
birita
Um trabalho minucioso faz o amor: só vai
dormir após tentar falar todas
as línguas, depois de beber
todos os recursos da persuasão,
de moer toda a ciência do sim e do não.
Assim é o amor: vai
caminhando e cantando
até dormir entre paredes daquilo que o sucede.
asas
vai ao centro
do mundo a rocha (luz e sombra)