O documento discute três projetos de criação de um novo "Leviatã" socialista: 1) Marxismo clássico na América Latina, levando a caos; 2) Socialismo fabiano nos países desenvolvidos, mas impraticável no longo prazo; 3) Socialismo keynesiano falso em países em desenvolvimento, resultando em estagnação econômica. A conclusão é que as estratégias socialistas modernas não superaram limitações históricas e só trarão problemas, apesar de sua persistência.
O documento discute três projetos de criação de um novo "Leviatã" socialista: 1) Marxismo clássico na América Latina, levando a caos; 2) Socialismo fabiano nos países desenvolvidos, mas impraticável no longo prazo; 3) Socialismo keynesiano falso em países em desenvolvimento, resultando em estagnação econômica. A conclusão é que as estratégias socialistas modernas não superaram limitações históricas e só trarão problemas, apesar de sua persistência.
O documento discute três projetos de criação de um novo "Leviatã" socialista: 1) Marxismo clássico na América Latina, levando a caos; 2) Socialismo fabiano nos países desenvolvidos, mas impraticável no longo prazo; 3) Socialismo keynesiano falso em países em desenvolvimento, resultando em estagnação econômica. A conclusão é que as estratégias socialistas modernas não superaram limitações históricas e só trarão problemas, apesar de sua persistência.
superar velhas limitaes, apontando como decorrncia de suas estratgias somente o caos, o impraticvel ou a estagnao socioeconmica. Mas cuidado, o cavalo s parece estar morto.
H um estranhamento comum entre pessoas cujo conhecimento
especfico no est voltado para a poltica, quando ouvem que estamos s portas de algum tipo de socialismo. A maioria acredita que as velhas ideologias da esquerda ficaram esquecidas no tempo, enfim, sob os destroos do muro de Berlim. Se at a China hoje capitalista, porque temer por uma nova onda de foice e martelo, de represso e misria? A Guerra Fria foi vencida pelos americanos e o que sobrou daquilo foram resqucios exticos em lugares que fazem pouca diferena, como Cuba e Coreia do Norte. O Hugo Chvez? Ah, este somente mais um populista que, porventura, est beira da morte. Da que para tais indivduos ficou cada vez mais fcil aceitar que o progresso civilizatrio caminha 1
Publicado no Jornal Opo, edio 1963, de 17 a 23 de fevereiro de 2013.
Everaldo Leite economista do Conselho de Desenvolvimento do Estado da Secretaria da Indstria e Comrcio de Gois. 2
naturalmente para o Estado de bem-estar social, quando o capitalismo
dever obedecer a regras que s traro bonana e satisfao coletiva, sustentabilidade e justia social. Tambm ficaram menos resistentes quanto ao papel do poder pblico. Em seus entendimentos prosaicos no h preos significativos a se pagar se o objetivo for a conquista, atravs do Estado, de uma condio de maior igualdade e incluso das minorias.
De fato, num mundo repleto de tablets, apps e smartphones no
existe momento possvel para que o cidado comum reflita melhor sobre problema to dmod. Exceto quando o problema se tornar um problemo, exigindo maior ateno. O que se pode perceber que o Estado de bem-estar social que essas criaturas tm na imaginao no chega nem perto daquele que vem sendo formulado nas profundezas daquela outra poro da sociedade que est no poder, que circula pelo ou tem interesse acerca deste. O que ocorre realmente que grande parte poltica do mundo est investindo boa parcela do seu tempo para construir um novo arqutipo geopoltico que buscar enquadrar muitos pases em formatos mais ou menos socialistas, de modo a incorporar uma srie de modernos valores culturais, certezas polticas, crenas econmicas e consensos internacionais, sobretudo para a acomodao espontnea nos pases das enormes corporaes pblico-privadas, das
inovadoras redes partidrias supranacionais e dos ocasionais novos
blocos continentais. Mas, seguramente, essa conduta acima de tudo tem como desgnio garantir uma hegemonia de longo prazo anticapitalista, de legtima sujeio do mercado, cujo produto no final das contas substituir o atual sistema por um colossal regime oligrquico de esquerda ao qual a sociedade dever sua servido.
Teoria da conspirao? No, atualmente pelo menos trs projetos de
criao de um novo Leviat merecem verificao, todos concorrentes entre
si,
mas
intercambiveis
ideologicamente,
satisfazendo
respectivamente as bases marxista-clssica, socialista-fabiana e a falsokeynesiana (neoestruturalista ou neodesenvolvimentista). Nas ltimas
dcadas, alguns autores, como David Horowitz, Richard Poe, Peter Collier, Nicholas Hagger e o brasileiro filsofo professor Olavo de Carvalho, tm destacado que tais projetos h muito abandonaram a perspectiva terica para assumir a ao prtica de uma nova ordem mundial. Nos EUA, Amrica Latina e na chamada Eursia, os movimentos neste sentido tm deixado claro os contornos de uma geopoltica alternativa, de modo a fazer interagir nos mltiplos discursos conceitos equivalentes e dspares, ora apoiando causas globalistas, ora motivos muito particulares. Mas o discernimento j pode ser possvel na
inconfundvel fora como cada projeto atua em cada lugar, espelhando o
prprio patamar de desenvolvimento dos mesmos, a pujana de suas instituies, da sua evoluo econmica e do seu carter cultural. Para maior entendimento, destarte, improviso uma breve explicao sobre tais projetos, alguma anlise pontual e suas limitaes evidentes.
Primeiramente, em locais onde se reconhece uma fragilidade
institucional e baixssimo nvel cultural, como na Venezuela, Bolvia e outros pases latino-americanos, tm prevalecido o crescimento das ideias marxistas clssicas para a formao de um novo Estado, podendo-se de antemo dizer que este deve ser considerado o mais incisivo, com implicaes realmente inquietantes para os indivduos. Para comear, Karl Marx (1818-1883), o autor de O Capital, acreditava que os fins no deveriam ser buscados no Estado timo, no Estado que atingiu a perfeio, mas sim na negao, no trmino, na extino, na desapario do Estado, como expe o filsofo militante Norberto Bobbio (19092004), que igualmente adverte que, para Marx, o Estado nunca foi o reino da razo, mas sim da fora, nem do bem comum e sim do interesse parcial; alm disso, que este nunca teve como finalidade o bem-estar de todos, mas sim dos que detm o poder; caracterizando qualquer Estado como uma ditadura e considerando relevante somente a questo de quem
governa seja burguesia ou proletariado e no de como o governa. Ora,
quando um novo Estado esquerdista tem Marx como parmetro, ter como regra, novamente, uma assombrosa antidemocracia, moldada pela ditadura do proletariado, quando uma minoria convertida em classe oligrquica governante passar a se lambuzar nas furnas do poder e na desordem, sendo muito difcil acreditar que, quando vitoriosos, estabelecero um regime que no escancare vasta chance maldade. Resultado final: caos.
A segunda concepo de Estado da esquerda, chamada de fabianista
(os socialistas, apesar do nome genrico, no esto todos na trilha marxista, como se pensa), vem sendo idealizada inequivocamente em pases desenvolvidos, especialmente agora nos EUA e em alguns pases europeus e asiticos, como registra Olavo de Carvalho, citando-se como uma de suas referncias mais sbias o pensamento do filsofo Bertrand Russell (1872-1970), que, a despeito de sua estimvel inteligncia, defendia um tipo de socialismo global onde os Estados teriam condies, em suas palavras, de realizar um ajustamento produo mecnica, sendo demandado por consideraes de senso comum e calculado para aumentar a felicidade no apenas dos proletrios, mas da totalidade da raa humana, com a exceo de uma nfima minoria. A sua parte
econmica consistiria na propriedade estatal do mximo poder
econmico, que abarca, pelo menos, as terras e os minerais, os capitais, os bancos, o crdito e o comrcio exterior, enquanto que a parte poltica exigiria que o mximo poder poltico fosse democrtico. O que parece difcil (ou impossvel?), neste caso, ser realizar efetivamente tal ideia, j que o processo social e a mentalidade individual se mostram mais complexos na prtica do que racionalizava o argucioso pensador. Ademais, apesar do seu humanismo em busca da felicidade geral e do poder poltico democrtico, no pegaria bem hoje numa sociedade civilizada, para a consolidao do moderno Estado de esquerda, a sua condescendncia a respeito de uma possvel eliminao de pessoas (nfima minoria) que divergissem do novo regime. Resultado final: impraticabilidade no longo prazo.
Por sua vez, o socialismo falso-keynesiano, idealizado e atualmente
praticado por pases em desenvolvimento, como o Brasil e a Argentina, compete antes nas raias esquerdistas na inteno de ser a salvao da ideologia aps uma dcada e meia de liberalismo, se apresentando como um modelo amparado em noes nacionalistas e neodesenvolvimentistas para o bem-estar, tendo como eixo um Estado de propores colossais, com total liberdade para intervenes drsticas e com absoluta autoridade
sobre o que, quanto, como e para quem produzir, atendendo demandas
que ele tambm intenciona controlar, seguindo em grande escala o parmetro apresentado pelo economista Franois Chesnais queridinho da esquerda alquebrada na dcada de 1990 , para o qual um Estado correspondente s aspiraes socialistas modernas seria aquele dotado de instituies suficientemente fortes para impor ao capital privado disposies de todo tipo e disciplinar o seu funcionamento, que disponha de recursos que lhe permita tanto suprir as deficincias setoriais do investimento privado, como fortalecer a demanda. , portanto, o novo Leviat da velha social-democracia europia, mas com a face voltada para o marxismo, um alvo que para eles no precisa ser acertado na mosca, ao menos no curto prazo, mas que deve ser mantido como meta secreta enquanto se conclui uma revoluo cultural. Resultado final: a estagnao socioeconmica.
Quase concluso: Enfim, o que se pode verificar que a anteviso
socialista moderna de Estado ainda no conseguiu superar velhas barreiras e, por todos os modos exequveis discorridos, apontam como decorrncia de suas estratgias somente o caos, o impraticvel ou a estagnao socioeconmica. Sendo assim, porque tais estratgias persistiriam? Prosseguiro at onde puderem, porque para a esquerda os
meios interessam mais do que os fins. Todavia, a parte da sociedade que
pouco se importa com poltica e que no acredita no retorno do socialismo, de repente, acordar impressionada (ou maravilhada?) com o coice do cavalo morto, como adverte o filsofo Olavo de Carvalho.