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UNIVERSIDADE PORTUCALENSE
Infante D. Henrique
Porto, Janeiro 2009
Susana Rosa Marques de Jesus
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UNIVERSIDADE PORTUCALENSE
Infante D. Henrique
Porto, Janeiro 2009
A biblioteca escolar:
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É o baile da biblioteca
Baile da Biblioteca,
Cabeças no Ar
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A biblioteca escolar:
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torna-se, assim, flexível, cooperante e capaz de ocupar os tempos livres dos seus
diferentes públicos, organizando e realizando actividades e projectos diversos, onde
(porque não?), incluir um baile ou um chá e bolinhos.
Mas será que a população portuguesa lê? Ricardo Jorge Costa, jornalista do jornal
A Página da Educação, num artigo de 2002, refere que Portugal é um dos países com
um dos mais baixos índices de leitura dos países da OCDE, apontando como razão
principal para este panorama o “facto de as bibliotecas - locais por excelência para o
desenvolvimento de hábitos de leitura - desde sempre terem sido consideradas como
locais herméticos, de acesso restrito, destinadas essencialmente aos ‘letrados’”.2 É
necessário contradizer esta situação oferecendo serviços que aproximem as populações,
em particular crianças mais desfavorecidas, habitantes de bairros sociais e idosos, às
bibliotecas,3 que devem transformar-se para dar resposta a estes grupos tão diferentes
dos letrados.
2 COSTA, Ricardo - Rede de bibliotecas públicas e bibliotecas escolares: Sobram as intenções, faltam
os meios. [Em linha].
3 No artigo de Ricardo Costa, o director da Biblioteca Pública Municipal da cidade do Porto (BPMP),
Sílvio Costa, refere que "Se as bibliotecas não disponibilizarem serviços vocacionados para chegar a estes
públicos não estarão a cumprir totalmente o seu desígnio".
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A biblioteca escolar:
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4 De acordo com directrizes da IFLA/UNESCO para bibliotecas escolares, o professor bibliotecário tem
como uma das suas funções auxiliar os alunos a conhecer a biblioteca e para isso deve realizar programas
de formação que vão desenvolver um conjunto de competências de estudo e de literacia de informação,
essenciais para o processo de ensino aprendizagem dos alunos (p. 21-25).
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A biblioteca escolar:
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ligação existe com ela? A biblioteca escolar pretende promover, educar, distrair, alargar
horizontes e promover a criatividade junto de todos estes públicos.
Decidi fazer uma viagem à memória dos meus dez anos de serviço enquanto
professora, em diversas escolas, situadas no centro, no sul e mais recentemente, no
norte. Para além das experiências que tenho de trabalho nessas bibliotecas, encontrei,
numa breve e rápida pesquisa, como é óbvio pela internet, situações muito díspares,
bons exemplos e exemplos menos bons e a sensação de que muito tem ainda de ser feito
e muitos esforços têm de ser conjugados para que a biblioteca escolar funcione na
plenitude e alcance o seu maior objectivo - participar no processo educativo dos alunos.
5 DAS, Lourense H. - Bibliotecas Escolares no século XXI: à procura de um caminho. [Em linha].
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A imagem que possuo sobre o trabalho realizado nas bibliotecas escolares define-
se ainda em muitos casos pela “tradicional e portuguesíssima carolice”6, pois julgo que
os professores bibliotecários ainda andam à deriva em torno de uma função para a qual
não se formaram, dominando a boa vontade e o voluntarismo. Na opinião do professor
Jorge Mateus, a essência da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) é a "partilha e a
conjugação de esforços".7 Estes esforços devem concentrar-se na formação que passa
por dotar, quem trabalha nas bibliotecas escolares, com as competências técnicas
necessárias, esclarecer sobre o seu funcionamento, organização e gestão e fazer
compreender a missão, o papel e a função que as bibliotecas escolares desempenham no
contexto da escola e no processo educativo.
9 Escola Secundária da Mealhada (Aveiro); Escola Básica Integrada de Alcoutim (Algarve); Escola EB
2, 3 de Trancoso (2 anos, Guarda); Escola Secundária com 3ºCEB de Sabugal (Guarda); Escola EB 2, 3
de Vilarinho do Bairro (Aveiro); Escola Básica Bento Carqueja (Oliveira de Azeméis); Escola EB 2, 3
José Régio (Portalegre); Escola Secundária Dr. Francisco Fernandes Lopes (Olhão) e Escola EB 2, 3 de
Lousada (Lousada).
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A biblioteca escolar:
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bibliotecas estavam localizadas em espaços exíguos, o que fazia com que o acervo
estivesse guardado em salas fechadas e sem acesso livre. Contudo, algumas bibliotecas
sofreram remodelações e possuem agora salas amplas, iluminadas, bem organizadas,
com as estantes de documentos bem legendadas, dispostas com clareza pela sala e de
acesso livre. Verifiquei uma preocupação em dividir o espaço em zonas, de acordo com
as características dos utentes e suas necessidades: zona para estudo, zona para pesquisar
na internet / no fundo documental, zona para leitura livre e informal… Todavia, apesar
destas divisões, nem sempre é fácil isolamento acústico entre espaços. Observei e
recordo-me de uma preocupação com a decoração da biblioteca, recorrendo a cartazes e
a trabalhos realizados pelos alunos, a frases e pensamentos de autores diversos, de modo
a criar um ambiente acolhedor e agradável. Mas só isto não basta.
10 NUNES, Manuela Barreto. Novas colecções e novas formas de acesso à informação na Biblioteca
Escolar. [Em linha].
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condições às escolas para produzir e divulgar os seus catálogos, quer de escola, quer
catálogos colectivos (pertencentes às Redes de Bibliotecas dos respectivos concelhos).
Desta forma, o professor bibliotecário, os alunos e os professores de diferentes escolas
podem aceder ao fundo documental e estabelecer parcerias de empréstimo
interbibliotecário, que pode permitir a realização de inúmeras actividades de leitura,
bem como aumentar a troca de experiências entre bibliotecas e comunidades escolares.
Por falar em blogosfera, duas das escolas que procurei na internet possuem um
blog há relativamente pouco tempo, lançados no ano lectivo anterior: a Escola
Secundária da Mealhada e a Escola Básica de Vilarinho do Bairro.13 As restantes
escolas também estão em linha, mas em locais diferentes. Duas escolas estão inseridas
na plataforma moodle e a informação não se encontra actualizada e nem todos os
utilizadores estão familiarizados com este recurso. Outras duas escolas estão em linha
através da RCTS14 e uma escola está inserida na própria página da escola (a escola de
Olhão). Duas escolas não possuem página na internet. Três destas escolas possuem
informação actualizada e mostram preocupação em revelar o que de bom se faz no seu
espaço e na sua comunidade escolar. As restantes mostraram interesse em divulgar-se
na internet, mas não deram continuidade ao trabalho nesta área. No entanto, tal não
14 A RCTS é uma rede informática gerida pela Fundação para a Computação Científica Nacional que
usa os protocolos da Internet para garantir uma plataforma de comunicação e colaboração entre as
instituições do sistema de ensino, ciência tecnologia e cultura.
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significa que não trabalhem ou realizem actividades e projectos nas suas escolas. Todas
as actividades parecem ser ainda elaboradas dentro da própria escola sem abertura e
troca de experiências com outras escolas, vivendo cada escola isolada no seu mundo.
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15 MIRANDA, Maria Cabral – São precisos dois para dançar o tango. [Em linha].
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As visitas que são dinamizadas pelo professor bibliotecário e dirigidas aos alunos
do 5º ano nas escolas básicas ou 7º ano nas escolas secundárias, pois são alunos novos
na escola, devem ser transpostas para fora da escola. Visitar bibliotecas municipais ou
uma biblioteca universitária e um arquivo aumentaria certamente a curiosidade dos
alunos. Uma outra actividade interessante, para conhecer a própria biblioteca, é o
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bibliopaper, uma corrida por entre as estantes da biblioteca, que se transforma nesse
momento num local agitado e onde se pode mexer no livro.
Existem, ainda, dois outros grupos que também podem realizar actividades na
biblioteca escolar. Os professores, que para além de recorrerem aos recursos para a
planificação das suas aulas, podem igualmente desfrutar de umas horas de lazer,
abrindo-se a biblioteca à noite. No ano lectivo passado, a Escola Secundária de Olhão
realizava uns encontros que denominou “Palavreandos”, sessões de discussão, debate e
troca de ideias sobre literatura portuguesa e estrangeira. Nestes encontros estavam
presentes professores e autores convidados, que em torno de uma chávena de chá e de
uns bolinhos, expressavam as suas ideias sobre livros lidos. E os pais? Estes devem
conhecer não só as bibliotecas públicas como também as bibliotecas escolares, pois ali
vão encontrar livros para os vários gostos e interesses dos seus filhos. Se estes virem os
seus pais a frequentar uma biblioteca, a ler um livro ou simplesmente se os ouvirem
comentar um livro, irão certamente interessar-me mais pela leitura. Uma actividade que
poderá contribuir para cimentar o gosto pela leitura poderá passar pela realização de
ateliers de leitura ao fim de semana, quando pais e filhos estão mais livres. O objectivo
passa, segundo Jorge Mateus, “por pensar na oferta de serviços que ultrapasse o âmbito
da comunidade educativa, tentando abri-la também à comunidade envolvente”.18
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Directrizes da IFLA / UNESCO para bibliotecas escolares, 2002. [Em linha]. Trad.
Maria José Vitorino. Vila Franca de Xira: [s.n.], 2006. [Consult. 16 Nov. 2008].Título
Original: The IFLA / UNESCO school libraries guidelines. Disponível em WWW:
<URL:http://www.ifla.org/VII/s11/pubs/school-guidelines.htm>.
MIRANDA, Maria Cabral – São precisos dois para dançar o tango – bibliotecas públicas e
bibliotecas escolares – os sucessivos passos de uma coreografia. Encontro «SABE num
projecto integrado de Leitura» [Em linha]. 18 Abril 2007. [Consult. 12 Nov. 2008]. Disponível
em WWW:<URL:http://194.79.88.139/rbep/upload/Dnloads/mariamiranda_IPLB.pdf>.
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