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O conceito de aprendizagem colaborativa apresentado por Dillenbourg (1999) define-a

como sendo uma situação de aprendizagem na qual duas ou mais pessoas aprendem ou
tentam aprender algo juntas. De acordo este autor, o conceito de aprendizagem
colaborativa pode ser interpretado de várias maneiras pois o número de sujeitos
envolvidos pode sofrer grande variação; aprender é também um conceito polissémico;
situações de aprendizagem presenciais ou virtuais; síncronas ou assíncronas; como um
todo ou com divisão de tarefas.
Assim sendo, a prática de aprendizagem colaborativa pode assumir múltiplas acepções,
podendo haver dinâmicas e resultados de aprendizagem diferentes para cada contexto
específico.
Portanto, para aprender colaborativamente espera-se que ocorra uma aprendizagem
como efeito colateral de uma interacção entre pares que trabalham em sistema de
interdependência na resolução de problemas ou na realização de uma tarefa.
A interacção reforça uma aprendizagem mais eficaz, bem como, um trabalho mais
eficiente. O processo de aprendizagem é colaborativo e social, em vez de competitivo e
isolado. A partilha de ideias estimula o pensamento e aprofunda a sua compreensão.
Esta forma de aprendizagem pode ocorrer de forma:
• Síncrona – a comunicação ocorre em tempo real.
• Assíncrona – a comunicação ocorre em momentos distintos.
Em contexto escolar, a aprendizagem colaborativa caracteriza-se pela organização de
grupos de trabalho com objectivos compartilhados, onde os indivíduos auxiliam-se
mutuamente na construção de conhecimento. Ao professor não basta apenas agrupar, de
forma desordenada, os seus alunos em grupo. Deve criar situações de aprendizagem em
que possam ocorrer partilhas significativas entre os alunos e, entre estes e o professor.
Em relação à divisão de tarefas em um grupo de trabalho colaborativo, há “um ajuste
mútuo dos participantes num esforço coordenado para a resolução do problema em
conjunto”. (Dillembourg, 1996).
Deste modo, há a responsabilização de todos no sucesso ou no fracasso do grupo.
Portanto, todos os indivíduos envolvidos neste processo colaborativo são
automaticamente responsáveis pelo seu desenvolvimento e pelo progresso do seu grupo,
num relacionamento solidário e sem hierarquias.
Estas práticas estimulam uma socialização no processo de ensino-aprendizagem, o que
permite o desenvolvimento de competências sociais como a negociação, o diálogo, a
receptividade, a tolerância, a colaboração e a cooperação.
No trabalho em colaboração os alunos assumem a responsabilidade sobre a sua própria
aprendizagem e desenvolvem habilidades metacognitivas para a monitorizar e
direccionar. Quando há a interacção entre pessoas de forma colaborativa, verifica-se
uma partilha dos seus próprios esquemas mentais e perspectivas, sobre determinada
situação ou informação. Cada pessoa consegue ver o problema de uma perspectiva
diferente, portanto devem negociar e gerar significados e soluções mediante um
entendimento partilhado. A proposta construtivista levou a uma compreensão de como a
aprendizagem pode ser facilitada por meio de actividades construtivas. Este modelo de
aprendizagem enfatiza a construção de significados através de uma participação activa
em contextos sociais, culturais, históricos e políticos.
O elemento crucial de uma participação activa é a troca de experiências por meio do
diálogo. A interacção entre indivíduos e a partilha de ideias promovem o
desenvolvimento cognitivo do sujeito, na medida em que os conhecimentos são
socialmente definidos e o sujeito depende da interacção social para construção e
validação dos conceitos.
A Aprendizagem Colaborativa emerge as características positivas dos intervenientes
que, em conjunto desenvolvem-se mutuamente, de uma forma que não aconteceria se
trabalhassem isoladamente.
O raciocínio resultante da interacção colaborativa será enriquecido pelas diferentes
perspectivas e experiências com que cada participante contribui.
Alguns resultados de diversas pesquisas de inúmeros autores sobre aprendizagem
colaborativa definem como mais-valias:
1. Aperfeiçoamento das aprendizagens decorridas no contexto escolar;
2. Melhoria das relações interpessoais;
3. Aumento da auto-estima;
4. Aquisição e desenvolvimento de competências no pensamento crítico;
5. Maior capacidade em aceitar as perspectivas dos outros;
6. Maior motivação intrínseca;
7. Maior número de atitudes positivas para com as disciplinas estudadas, a escola, os
professores e os colegas;
8. Menos problemas disciplinares, dados existirem mais tentativas de resolução dos
problemas de conflitos pessoais;
9. Aquisição das competências sociais;
A aprendizagem colaborativa é uma filosofia que se adapta ao mundo globalizado de
informação. Se diferentes pessoas aprendem a trabalhar em conjunto, provavelmente
tornar-se-ão melhores cidadãos mais activos, críticos e cívicos. Estas características
desencadearão maior facilidade em relações de interacção positiva, nível local, como à
escala mundial.
Pode-se falar portanto na emergência de um novo paradigma de aprendizagem, onde a
colaboração aliada às novas tecnologias, contribui significativamente para a formação
de cidadãos comprometidos com um desenvolvimento sustentável para a criação de uma
sociedade mais justa e equitativa.

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