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A Criança e o Jogo: Perspectivas de Investigação

Carlos Neto

Faculdade de Motricidade Humana


Universidade Técnica de Lisboa

1-Introdução

As mudanças sociais ocorridas nos últimos 20-30 anos alteraram significativamente a


estrutura de vida familiar. Os hábitos quotidianos de vida transformaram-se radicalmente, os
ritmos e as rotinas de crianças e jovens também. Brincar na rua é em muitas cidades do mundo
uma espécie em vias de extinção. O tempo espontâneo, do imprevisível, da aventura, do risco,
do confronto com o espaço físico natural, deu lugar ao tempo organizado, planeado,
uniformizado. Do estímulo ocasional passou-se a uma hegemonia do estímulo organizado,
tendo como consequência a diminuição do nível de autonomia das crianças, com implicações
graves na esfera do desenvolvimento motor, emocional e social. Sem a imunidade que lhe é
conferida pelo jogo espontâneo, pelo encontro com outras crianças num espaço livre, onde se
brinca com a terra, se inventam jogos, se vivem aventuras, a criança vai revelando menos
capacidade de defesa e adaptabilidade a novas circunstâncias. É um facto que as
possibilidades de acção (independência de mobilidade) da criança e do jovem, tem vindo a
diminuir drasticamente como consequência de um estilo de vida padronizado. A rua não é só
um espaço onde circulam carros e gente anónima e apressada, mas sim um espaço de
encontro, descoberta e até desordem. Tudo isso é importante para crescer. A promoção do
jogo e actividade física na vida da cidade, deverá constituir-se como um indicador decisivo de
qualidade de vida. A investigação centrada nas relações entre jogo e actividade física,
necessita ser retomada, melhorando os métodos naturalistas de observação e um olhar atento
á diversidade de contextos de acção no sentido de analisar os obstáculos que se colocam ao
exercício do jogo livre nas primeiras idades (Pellegrini & Smith, 1998).
Pretende-se com este texto destacar os problemas associados ao estudo do jogo e
desenvolvimento da criança, nomeadamente os que se referem a aspectos conceptuais e
metodológicos e suas implicações no desenvolvimento de políticas de intervenção social e
defesa de direitos na infância e adolescência.

2-O Estudo do Jogo e o Desenvolvimento da Criança

Jogar/brincar é uma das formas mais comuns de comportamento durante a infância,


tornando-se uma área de grande atracção e interesse para os investigadores no domínio do
desenvolvimento humano, educação, saúde e intervenção social. Neste sentido, o estudo do
jogo na perspectiva do desenvolvimento da criança e do adolescente pode ser considerado no
âmbito da investigação científica como área exclusiva de abordagem (Neto, 1997).
Os estudos de investigação sobre o jogo, têm vindo a merecer nas últimas décadas,
um interesse crescente na comunidade científica a par de uma mobilização internacional sobre
a defesa do direito da criança ao jogo e materializada em múltiplos projectos de intervenção.
Algumas razões podem ser invocadas:

a) O aparecimento de periódicos especializados sobre o jogo, livros temáticos e meios de


divulgação e informação sobre experiências realizadas em vários locais e regiões
espalhadas pelo mundo;
b) A realização periódica de seminários, encontros, congressos e conferências
relacionadas com o papel que o jogo pode desempenhar no desenvolvimento humano;

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c) A integração crescente do conhecimento disponível sobre o jogo no comportamento
evolutivo dos homens e animais como área fundamental de formação de professores e
outros técnicos ligados à criança em cursos de formação graduada e pós-graduada;
d) A criação de centros de investigação e estudo da actividade lúdica relacionados a
projectos sobre concepção de equipamentos e materiais de jogo, listagem de
comportamentos lúdicos em contextos diversificados e impacto do jogo na educação e
terapia em populações especiais;
e) Criação de museus dedicados ao brinquedo, jogos tradicionais e outras iniciativas
ligadas ao património lúdico-cultural na sua dimensão histórica e antropológica;
f) O desenvolvimento de serviços e estruturas comunitárias, escolares e de assistência
social, dedicadas ao desenvolvimento de equipamentos lúdicos, criação de espaços
verdes, espaços de lazer e espaços de jogo para crianças;
g) O aparecimento do fenómeno da indústria ligada à fabricação de brinquedos e
equipamentos de jogo (criança consumidora), tornando-se um dos fenómenos comerciais
mais singulares deste fim de século, considerando a sua concepção, produção,
comercialização, consumo e segurança;
h) As mudanças progressivas dos estilos de vida familiar e a alteração das rotinas de vida
quotidiana dos filhos na gestão do espaço e tempo livre, associada a constrangimentos
associados a uma diminuição de autonomia e independência de mobilidade no contexto
social (insegurança, intensidade de tráfego e ausência de espaços de jogo);

A investigação sobre o papel e valor do jogo no desenvolvimento humano tem-se expandido


rapidamente. Um largo corpo de suportes científicos, muitas vezes recorrendo a dimensões
multidisciplinares de estudo, evidenciam certas conclusões:

a) O jogo promove o desenvolvimento cognitivo em muitos aspectos: descoberta,


capacidade verbal, produção divergente, habilidades manipulativas, resolução de
problemas, processos mentais, capacidade de processar informação (Rubin, Fein &
Vandenberg, 1983);
b) Em sequência, o empenhamento no jogo e os níveis de complexidade envolvidos,
alteram e provocam mudanças na complexidade das operações mentais (Levy, 1984);
c) A criança aprende a estruturar a linguagem através do jogo, isto é, brinca com
verbalizações e ao faze-lo, generaliza e adquire novas formas linguísticas (Garvey, 1977);
d) A cultura é passada através do jogo. Esquemas lúdicos e formas de jogo passam de
geração em geração, adulto para a criança, e de criança para criança (Sutton- Smith,
1979);
e) Habilidades motoras são formadas e desenvolvidas através de situações pedagógicas
que utilizam o jogo como meio educativo (Neto & Piéron, 1993).

O comportamento lúdico é uma tarefa fácil de identificar mas difícil de definir. O estudo do
jogo apresenta-se como um fenómeno complexo e global. A fundamentação sobre o jogo
encontra-se habitualmente dispersa, devido: à multiplicidade de abordagens; existência de
diversas linhas de investigação e multiplos pontos de vista teóricos; dificuldade em estabelecer
relações entre o desenvolvimento lúdico (fenómeno da maturação bio-psicológica e o efeito da
vivência da experiência lúdica); à influência de modelos culturais no processo de
desenvolvimento lúdico e às modificações e transformações ao longo da idade (significado e
estrutura) associadas a alterações do contexto social (quadros de referência). No entanto é
possível sistematizar algumas variáveis de estudo utilizadas de forma frequente em estudos
de investigação sobre o desenvolvimento da criança e o jogo:

a)-Diferenças individuais: procurando esclarecer como ao longo das diversas fases do


desenvolvimento as crianças se comportam em jogo, as etapas possíveis de observar; os
materiais e espaços utilizados; as formas de jogo; o nível de intensidade e motivação
intrínseca e os factores internos e externos que influenciam as relações entre processo
(controlo, significado e regulação interna) e produto (comportamento lúdico observável).

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b)-Factores socioculturais: procurando responder aos efeitos que as assimetrias sociais,
os níveis sócio-económicos, padrões de cultura e qualidade de vida, apresentam no
desenvolvimento lúdico das crianças;
c)-Influências Parentais: procurando esclarecer o impacto das atitudes, representações e
formas de interacção entre pais e filhos. Principalmente o estudo do jogo simbólico e as
relações mâe-criança têm merecido maior destaque na literatura existente;
d)-Estabilidade emocional: procurando relacionar e esclarecer como o jogo pode ser um
elemento de diagnóstico e terapêutico na formação da auto-estima infantil associado aos
factores perturbadores do equilíbrio afectivo-emocional.
e)-Influência de Espaços e Equipamentos: procurando esclarecer os seus efeitos
diferenciados de estimulação sensorial, perceptiva, motora, cognitiva e social no
desenvolvimento do jogo infantil;
f)-Influência de Programas de Treino: procurando verificar o efeito de programas lúdicos
organizados ou de jogo livre numa grande variedade de capacidades e competências;
g)-Influência do Jogo nas Aquisições Escolares: procurando esclarecer o valor do jogo
como elemento mediador do processo de ensino-aprendizagem nas aquisições escolares.

O estudo do jogo, em termos de desenvolvimento humano, pode ser visto em relação às


manifestações observáveis de acordo com os factores que as tornam relevantes; aos
mecanismos internos subjacentes ao comportamento lúdico, identificando os processos e as
dinâmicas de natureza energética, morfológica, nervosa ou simbólica, e por último, os factores
relevantes de natureza contextual como sejam os modelos culturais ou as características do
envolvimento físico. Uma grande parte dos instrumentos de avaliação de estudo do jogo no
desenvolvimento da criança recorrem habitualmente a escalas de observação sobre o jogo
social (Parten, 1932), intensidade lúdica (Van der Kooij, 1997), actividade mental (Van der
Kooij, 1997), análise do jogo livre (McCune-Nicolich, 1980), desenvolvimento do jogo infantil
(Belsk & Most, 1981), avaliação do jogo (Fewell & Rich, 1987), avaliação lúdica transdisciplinar
(Linder, 1990), jogo sociodramático (Smilansky, 1968), jogo social e cognitivo - Parten -Piaget
(Rubin, 1982) e "Playfulness scale" (Liberman, 1977). Por outro lado, estes diversos
instrumentos variam consideravelmente quando são considerados níveis de estrutura e
intrusão (Johnson, Welteroth & Corl, 1997). No sentido de tornar a investigação mais realista e
focada no contexto de acção (validade ecológica) a observação naturalista e participante tem
demonstrado ser mais eficaz na descrição de comportamentos lúdicos das crianças em
situação espontânea.
Outras perspectivas de estudo do jogo infantil são estudadas de um ponto de vista
sociológico, procurando explicar através de questionários e entrevistas os diversos
constrangimentos associados aos quotidianos de vida e as culturas próprias da infância. Estas
construções lúdicas na infância envolvem a compreensão dos valores, atitudes e
representações associadas às práticas realizadas, aos contextos de acção e à gestão do
tempo relacionado com as rotinas de vida diária de natureza formal (tempo escolar) e informal
(tempo livre espontâneo ou institucionalizado). Ainda que a maior parte dos estudos sobre o
jogo em crianças seja centrado no sujeito, é óbvio que a unidade de desenvolvimento deveria
ser, por natureza, claramente de índole relacional. O estudo do jogo do ponto de vista do
desenvolvimento humano implica o recurso a metodologias integradas e multidisciplinares de
pesquisa oriundas das ciências biológicas, neuropsicológicas e sociais. Quando estudamos o
jogo na infância importa, pois, tratar o indivíduo como um sistema complexo e organizado.
Durante as duas últimas décadas tem vindo a desenvolver-se uma linha de argumentos
focando as relações entre sujeito e envolvimento, baseadas em pressupostos da
termodinâmica e da teoria geral dos sistemas. O desenvolvimento humano tem lugar segundo
uma óptica aberta em que o sistema troca matéria, energia e informação com o envolvimento.
Novas concepções e paradigmas sobre o estudo do jogo necessitam de ser desenvolvidas
considerando a diversidade biológica e cultural observada no comportamento lúdico na infância
e os fenómenos associados de adaptabilidade, flexibilidade, estabilidade e mudança, harmonia,
risco e segurança e interacção social. Entende-se que a pesquisa sobre o jogo deve procurar
compreender esta complexidade do fenómeno através de uma Teoria Bioecológica ou Teoria
dos Sistemas Ecológicos (Krebs, 1997; Bronfenbrenner, 1999, 1992). É nossa convicção que
as teorias e métodos clássicos de estudo do jogo infantil devem evoluir para a compreensão do

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fenómeno numa perspectiva não linear do processo e com uma abordagem não determinista. A
ideia centra-se em procurar compreender as fronteiras das representações mentais
(mecanismos de controlo central) e categorias dinâmicas de acção (mecanismos periféricos)
como adaptação aos constrangimentos físicos e sociais. Trata-se, portanto, de equacionar o
estudo do desenvolvimento lúdico como um processo de auto-organização e auto-controlo
progressivo, atendendo às percepções e experiências com o mundo físico, social e cultural.
Esta riqueza de perspectivas ou abordagens do desenvolvimento lúdico, considerando as
relações com factores de ordem ecológica, de controlo e regulação das funções nervosas ou
ainda de mecanismos próprios ao processo, leva-nos a situar a necessidade de desenvolver
uma dimensão sistémica na definição de estratégias quanto à delimitação de factores
influentes e domínios de integração sobre o jogo no desenvolvimento da criança.

A revisão atenta da literatura produzida sobre o estudo do jogo no desenvolvimento da


criança, expressa em artigos em congressos e revistas da especialidade, permitem agrupar
linhas próprias de investigação e intervenção social, educativa e terapêutica. Adiantaremos
algumas áreas de estudo do jogo especialmente relacionadas com o desenvolvimento infantil:

1-Fundamentos do Jogo ("Fundamentals of Play"): procurando responder a questões básicas


sobre a compreensão do jogo em função de diversos níveis explicativos através de indicadores
biológicos, psicológicos, sociológicos, antropológicos, filosóficos e psicanalíticos. As mudanças
ao longo da idade, as diferenças relacionadas ao género e a influência de factores
socioculturais associadas ao desenvolvimento da criança são habitualmente as preocupações
principais para compreender as diversas formas de manifestação de comportamento lúdico
(jogo funcional, jogo simbólico e jogo de regras) (Johnson, Christie & Yawkey, 1999; Neto,
1998; Van der Kooij, 1997; Pellegrini & Boyd, 1993; Dempsey & Frost, 1993; Rubin, Fein &
Vandenberg, 1983; Sutton-Smith, 1979, 1971);

2-Jogo e Literacia ("Play & Literacy"): procurando responder ao efeito do jogo livre ou dirigido
nas aprendizagens consideradas socialmente úteis na sala de aula. O jogo pode ser utilizado
como um meio de utilização pedagógica com uma linguagem universal e um poder robusto de
significação nas estratégias de ensino-aprendizagem. A existência de ambientes lúdicos em
situações de aprendizagem escolar permite que as crianças obtenham mais facilidade em
assimilar conceitos e linguagens progressivamente mais abstractas. Os estudos de
investigação têm demostrado que a percentagem de crianças que foram estimuladas a partir
de contextos lúdicos obtêm maior sucesso e adaptação escolar de acordo com os objectivos
pedagógicos perseguidos. (Azevedo, Van der Kooij & Neto, 1997; Christie, 1997; Pessanha,
1997, 1994; Christie, 1995; Vukelich, 1991; Smillansky, 1968);

3-Planeamento Urbano e Participação Lúdica ("Urban Planning and Play Participation"):


procurando compreender as mudanças e alterações existentes de oportunidades de acesso ao
jogo na vida da cidade e os problemas associados aos obstáculos relacionados à insegurança,
tráfego, e diminuição de espaços de jogo em quantidade e qualidade oferecidos às populações
jovens. A política de ordenamento dos espaços de jogo para a infância nas escolas, em zonas
habitacionais e em espaços públicos (parques, zonas verdes, etc.), implicam uma planificação
estruturada na perspectiva da qualidade de vida deste segmento importante da população. Os
estudos demonstram uma diminuição de níveis de mobilidade e autonomia das crianças nos
meios urbanos e um aumento considerado preocupante de sedentarismo infantil,
comprometendo a vivência de experiências próprias da idade, isto é, o jogo e a actividade
física (Neto, 1999; Piéron, 1999; Van Gills, 1996; Frost, 1992; Moore, Goltsman & Iacofano,
1992; Moore, 1986);

4-Espaços de Jogo & Segurança ("Safety & Playgrounds"): Procurando estudar a concepção,
implementação, animação, manutenção e segurança de equipamentos e espaços de jogo para
crianças. Uma larga investigação tem vindo a ser desenvolvida sobre normas de segurança
dos equipamentos (superfícies de impacte, "design", localização, estrutura e função, etc.) e
novos modelos de espaços de jogo em função de níveis desejados de estimulação informal do
jogo nas suas diversas dimensões (estética, física e motora, sensorial e social). A identificação

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das preferências e a observação de comportamentos das crianças de acordo com os
equipamentos e espaços existentes, são habitualmente estudados em função da cultura e o
contexto específico de acção. (Neto,1999, 1992; Pellegrini, 1995; 1992, 1979; Mason, 1982;
Frost & Klein, 1979);

5-Brinquedos e Ludotecas ("Toys & Toy Libraries"): procurando estudar o efeito da


estimulação do brinquedo (natural, artesanal-tradicional, didáctico e industrial) no
desenvolvimento da criança (motor, cognitivo e social), a definição de taxionomias, a formação
de ludotecários e os modelos de funcionamento, animação e implementação de ludotecas.
Alguns estudos demonstram como a utilização dos brinquedos na infância são uma parte
essencial das "culturas de infância" e importantes numa larga quantidade de experiências e
aquisições das crianças no seu processo de desenvolvimento. (Ferreira & Neto, 1993;
Campagne,1989 ; Brougére, 1981).

6-Jogo & Educação Especial ("Play & Especial Education"): procurando esclarecer o valor do
jogo na educação de populações deficientes e com dificuldades de aprendizagem, assim como
as questões relacionadas com a acessibilidade e frequência de espaços de jogo. Uma larga
quantidade de pesquisas têm vindo a desenvolver-se sobre a apropriação de brinquedos e
equipamentos de jogo em determinadas deficiências (motoras, mentais, sensoriais, etc.). Por
outro lado procura-se igualmente compreender os comportamentos lúdicos destas populações
em diversas dimensões de estudo (jogo social, jogo sociodramático, jogo de construção, etc,)
(Fernandes, Neto & Morato, 1997; Curado, Neto & Van der Kooij, 1997);

7-Jogo & Actividade Física ("Play & Physical Activity"); procurando verificar como evoluem,
decrescem ou se mantêm os padrões de actividade física ao longo da vida, através da
actividade formal ou informal. Parece deduzir-se pelos estudos já realizados, que a educação
para a saúde, procurando fomentar estilos de vida activa, deve começar na infância a partir de
condições de estimulação oferecidos pela comunidade (espaços verdes, espaços de jogo e
desportivos, etc.), pelas escolas (espaços de recreio apropriados e ensino da Educação Física
e Desporto Escolar) e pelos pais (interacção parental). A apreciação das rotinas de vida e a
independência de mobilidade de crianças nos meios urbanos permitem concluir que a
inactividade física tem vindo a aumentar de uma forma considerável nos últimos anos. O
desenvolvimento da qualidade de vida nas sociedades contemporâneas, deverá exigir um
planeamento urbano adequado ao desenvolvimento de experiências de jogo e aventura para
crianças e jovens (Bogin, 1999; Piéron, 1999; Arez & Neto, 1999; Neto, 1999; Pereira & Neto,
1999; Pellegrini & Smith, 1998; Pomar & Neto, 1997; Pereira, Neto & Smith, 1997; Serrano &
Neto, 1997);

3-Políticas de Infância e os Direitos da Criança ao Jogo

De uma forma progressiva as pesquisas sobre a infância têm vindo a crescer nos
últimos anos em diversas áreas científicas a par de uma consciência política sobre a
importância de estratégias de intervenção na área da saúde, educação, tempos livres e
comunitária. O interesse por este nível ou fase de desenvolvimento humano está
aparentemente relacionado com as alterações na estrutura social, familiar e laboral das
Sociedades Industrializadas ou Pós-Industrializadas. As relações entre infância e sociedade
tornaram-se uma prioridade nas políticas de planeamento político, económico e social de
Países desenvolvidos. O estudo da Infância pode ser abordada de forma autónoma e através
de múltiplos pontos de vista de acordo com parâmetros considerados em termos de pesquisa
ou de intervenção. Para Qvortrup (1995) o desconforto da nossa cultura acerca da
ambiguidade em relação à infância, pode apreciar-se na base de nove paradoxos: os adultos
querem e gostam de crianças, mas têm-nas cada vez menos, enquanto a sociedade lhes
proporciona menos tempo e espaço "(1); os adultos acreditam que é benéfico quer para as
crianças, quer para os pais passarem tempo juntos, mas vivem cada vez mais vidas separadas
(2); os adultos gostam da espontaneidade das crianças, mas estas vêem as suas vidas ser
cada vez mais organizadas (3); os adultos afirmam que as crianças deveriam estar em primeiro
lugar, mas cada vez mais são tomadas decisões a nível económico e político sem que as

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mesmas sejam levadas em conta (4); a maior parte dos adultos acredita que é melhor para as
crianças que os pais assumam sobre elas maior responsabilidade, mas, do ponto de vista
estrutural, as condições que estes têm para assumir este papel deterioram-se
sistematicamente (5); os adultos concordam que se deve proporcionar o melhor início de vida
possível às crianças, mas estas pertencem a um dos grupos menos privilegiados da sociedade
(6); os adultos concordam que se deve ensinar às crianças o significado de liberdade e
democracia, mas a sociedade limita-se a oferecer preparação em termos de controlo, disciplina
e administração (7); os adultos atribuem geralmente às escolas um papel importante na
sociedade, mas não se reconhece como válida a contribuição das crianças na produção de
conhecimentos (8); em termos materiais, a infância não importa aos próprios pais, mas antes à
sociedade. Contudo, a sociedade deixa os custos por conta dos pais e das crianças (9)." Da
análise destes nove paradoxos, poderiam acrescentar-se muitos outros sobre os conceitos, as
culturas, os valores, as práticas e as representações e imaginários sociais sobre a infância.
Um dos papéis mais relacionados com as crianças na sua vida quotidiana diz respeito
ao jogo e tempos livres. Pode-se mesmo admitir a possibilidade de uma Sociologia do Jogo e
Tempos Livres na Infância como área exclusiva de investigação, procurando verificar como se
mobilizam as suas rotinas de vida em diversos contextos sociais, como se caracterizam a
gestão do tempo e espaço de práticas lúdicas e que motivações e representações as guiam
nas suas experiências individuais ou colectivas. Faltará estudar as crianças através das suas
próprias opiniões, divergências, actividades e interacções em situações reais de vida, para
compreender-mos a provável distância em relação à percepção que os adultos fazem delas.
Métodos e instrumentos de pesquisa estão ainda por definir de modo a avaliar o que realmente
a criança pensa, faz ou gostaria de fazer nos seus quotidianos de vida e a diversidade e o
significado que atribuem a muitos aspectos da vida social, familiar e comunitária. Como refere
Sarmento (2000),"o estudo das culturas de infância não pode ignorar, mesmo defendendo a
hipótese de uma epistemologia própria, que nas acções da iniciativa própria das crianças,
existe uma parte que é o produto de processos de colonização dos mundos de vida respectivos
pelos adultos, uma parte que decorre do processo crescente de institucionalização da infância
e do controlo da sua vida quotidiana pela escola, pelos lazeres estruturados e pelas práticas
familiares e uma última parte que é o resultado da assimilação da informação e dos modos de
apreender o real veiculados pelos média ou por outros meios de difusão de informação (jogos
vídeo e informáticos, etc.)."

A convenção Internacional dos Direitos da Criança é um documento de grande alcance


social, político e cívico. Através dela são delimitadas intenções que devem ser definidas e
implementadas pelos estados membros. O artigo 31º que consagra o direito da criança ao jogo
assume uma importância vital num tempo em que as mudanças sociais são enormes a par das
tendências alarmantes de normalização de atitudes, pensamentos e acções.
As organizações internacionais dedicadas à defesa e implementação dos direitos
humanos devem assegurar a formulação de políticas realistas como forma de chamar a
atenção para as dificuldades e problemas da vida dos cidadãos. A criança tem a sua cidadania
própria, que passa por uma necessidade fundamental: o acesso ao espaço e a oportunidades
de jogo. Esta característica exige um respeito escrupuloso pelo adulto sob pena de se
comprometer o desenvolvimento futuro da sociedade e da humanidade. A componente lúdica
no homem é uma característica fundamental da sua essência que não pode nem deve ser
marginalizada.
O ser humano apresenta uma capacidade invulgar de adaptação através de arranjos e
equilíbrios imprevisíveis, mobilidade variável de interesses e motivações e tendências de
manter estados estáveis de apreensão do real. O jogo é a melhor categoria que define os
horizontes subjectivos e aleatórios do controlo das energias físicas e mentais e a
compatibilidade com o meio ambiente. Jogar é portanto um sonho que se torna realidade mas
que rapidamente se pode esquecer. As crianças têm uma propensão fantástica de
percepcionarem as fronteiras entre utopia e realidade. O princípio não é conduzir o processo
do seu desenvolvimento e aprendizagem, é antes de tudo dar-lhes os instrumentos para que se
possam exprimir e auto-conduzir. A criança não tem nada a aprender; deveria ter condições
para manifestar o que já sabe. Entende-se que brincar/jogar é conseguir este diálogo

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intrinsecamente motivado perante situações de incerteza mas objectivo na intenção e direcção
tomada.

3.1-A Implementação de Programas de Acção sobre o Artº 31

O direito ao jogo é uma questão da maior actualidade no desenvolvimento de políticas


para a infância. Algumas Organizações Internacionais, como é o caso do IPA (International
Association for Child's Right to Play), têm desenvolvido imensas iniciativas em todo o mundo
para dar voz às crianças e promover iniciativas locais de divulgação científica e política sobre o
artº 31 (Guddemi & Jambor, 1993). Algumas medidas necessitam ser tomadas em diversas
esferas do poder político, organizações não-governamentais, organizações locais e pela
comunidade em geral, no sentido de implementar as recomendações que estão subjacentes ao
articulado do artº 31. Desenvolveremos em seguida as seguintes ideias sobre as formas de
intervenção:

1-Promover iniciativas de esclarecimento sobre o significado atribuído ao artº 31º, usando


todos os meios ao nosso alcance: debates, realização de seminários, produção de informação
escrita, prospectos, "spots" televisivos, etc.;

2-Desenvolver acordos com outras instituições interessadas na promoção dos direitos ao jogo,
no sentido de agrupar pontos de vista, estratégias e iniciativas;

3-Dimensionar projectos interdisciplinares tendo em atenção: O jogo como veículo de


mobilização de estruturas governamentais no âmbito da criação de projectos e produção de
legislação e medidas de protecção e avaliação de experiências:

(3.1)-modificação de critérios de planificação urbana favorecendo o aparecimento de


melhores condições de acesso ao jogo;

(3.2)-alteração de barreiras sociais, habitacionais, de tráfego, permitindo o


aparecimento de maior flexibilidade quanto à circulação dos cidadãos e, seleccionando
quadros de vida que permitam às famílias dedicar mais tempo de actividade lúdica às
crianças;

(3.3)-promover planos nacionais, regionais e locais quanto a melhores oportunidades,


facilidades e programas destinados ao jogo, à aventura e descoberta de situações
inabituais;

(3.4)-melhorar as condições de acesso e qualidade de espaço físico e equipamentos


lúdicos destinados à infância;

(3.5)-alterar progressivamente os quadros de referência de organização social, típicos


das sociedades industriais ou pós-industriais e favorecendo o aparecimento de uma
nova ordem de valores e convivência através da cultura lúdica;

(3.6)-resolver os problemas das assimetrias sociais considerando as crianças pobres,


marginalizadas socialmente, desadaptadas ou super-protegidas. Os direitos dizem
respeito a todos os cidadãos;

(3.7)-pensar nos direitos ao jogo e divertimento de populações diferentes que estão


impossibilitados fisicamente, intelectualmente, sensorialmente ou socialmente de
participar e usufruir dos direitos que constitucionalmente a elas estão atribuídos;

(3.8)-dinamizar programas de formação de técnicos de jogo, professores, médicos,


administradores, políticos, autarcas, pais e outros agentes de educação, quanto ao
valor do jogo na formação do desenvolvimento da criança;

7
(3.9)-influenciar os organismos hierarquicamente responsáveis pela dinamização de
projectos de desenvolvimento social, sobre as barreiras existentes quanto ao direito da
criança ao jogo, na escola, na habitação, na rua, no parque, na casa, etc.

(3.10)-implementar projectos de investigação relacionados com o jogo sobre o


levantamento e captação de problemas, obstáculos e impedimentos ouvindo os
intervenientes no processo;

(3.11)-definir a implementação dos direitos ao jogo atendendo às tradições culturais e


padrões de vida, considerando as regras e os interesses dos grupos de cidadãos;

(3.12)-incentivar uma política de descoberta dos direitos e não uma estratégia


manipulativa dos mesmos;

(3.13)-criar mecanismos de coesão quanto aos intervenientes no processo e


divulgação dos efeitos positivos ou negativos alcançados;

(3.14)-implementar uma política de direitos ao jogo considerando a diversidade dos


homens, das culturas, das motivações dos grupos e das experiências.

4-CONCLUSÕES

O jogo e a motricidade são seguramente dois grandes indicadores do desenvolvimento


da criança e reveladoras de dinâmicas específicas relacionadas com a idade, permitindo
caracterizar um espaço autónomo de investigação. O conjunto de factores que influenciam este
processo evolutivo é no entanto complexo e diverso, exigindo da parte dos investigadores,
metodologias de estudo e instrumentos de análise suficientemente robustos com capacidade
de descrever e interpretar estes fenómenos de uma forma ampla (macroscópica) e ao mesmo
tempo restrita (microscópica) não esquecendo o nível de precisão e rigor necessários ao
trabalho de investigação científica. No âmbito do estudo sobre o jogo relacionado com o
desenvolvimento da criança, pode dizer-se que se fizeram grandes progressos nos últimos
anos, considerando a literatura científica disponível e a sua divulgação em eventos e revistas
da especialidade. Os diversos domínios de investigação e variáveis utilizadas, permitem
concluir sobre a importância do jogo e da motricidade no processo de desenvolvimento da
criança e do adolescente. O conhecimento alargado do efeito de factores biológicos, sociais e
simbólicos no desenvolvimento lúdico-motor é assumido como um elemento fundamental em
áreas de intervenção educativa, terapêutica e comunitária.
No entanto, é nossa opinião pessoal que necessitamos compreender melhor o impacto
de mudanças sociais ocorridas nas últimas décadas nos quotidianos de vida e das culturas de
crianças e jovens. Os obstáculos existentes de acesso ao jogo livre e estruturado e os estilos
de vida progressivamente mais sedentários, devido a problemas relacionados com os
problemas do tráfego, insegurança e ausência de tempo, espaço e equipamentos lúdicos
adequados às necessidades das crianças e jovens, merecem ser estudados no quadro de uma
sociologia do jogo e da motricidade, capaz de explicar e definir soluções apropriadas a esta
nova faceta dos tempos modernos. O valor político e económico e o debate internacional, por
vezes científico, sobre a infância, tem emergido como uma preocupação essencial à definição
de critérios de desenvolvimento social e ao aperfeiçoamento de melhores níveis de qualidade
de vida da sociedade. A constatação de reduzida investigação sobre o jogo, visto nesta
perspectiva (sociocultural), implica que sejam estudadas as crianças e os jovens como actores
e construtores das suas próprias realidades nos contextos em que se movimentam e de
acordo com os objectivos que dão sentido aos seus comportamentos (lógicas, crenças,
motivações, discursos, interacções e preocupações). Interessa compreender qual o papel que
o jogo, a motricidade, a actividade física e o lazer têm na vida quotidiana da criança e do jovem
e que políticas de articulação e harmonização necessitam ser desenvolvidas entre a família, a
escola e o trabalho dos pais, no sentido de ultrapassar as situações de "stress" e violência
urbana que os cidadãos vivem de forma generalizada nos nossos dias.

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A implementação da carta dos direitos humanos e mais particularmente dos direitos da
criança ao jogo, exigem uma vigilância atenta da contribuição da investigação científica e das
diversas experiências e programas de intervenção neste domínio.

O Jogo não é só um direito é uma necessidade. Jogar não deve ser uma
imposição mas uma descoberta. Brincar/jogar não é só uma ideia é uma
vivência. O jogo não é um processo definido é um processo aleatório.
Jogar/brincar não é só incerteza é uma forma acrescida de ganhar segurança
e autonomia.

5-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arez, A. & Neto, C. (2000). The study of independent mobility and perception of the physical
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