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8. CRISTO E A IGREJA
– Na Igreja encontramos Cristo.
Por isso, a Igreja é um mistério que não se exprime com palavras. A sua
insondável riqueza resulta da própria Pessoa de Jesus e tem como finalidade
perpetuar a sua presença salvadora entre nós. Mais ainda: a sua missão
consiste em tornar presente Cristo – que subiu aos Céus, mas anunciou que
estaria connosco até a consumação dos séculos3 – e em conduzir-nos até Ele.
O Concílio Vaticano II afirma que Jesus Cristo é o autor da salvação e o
princípio da paz e da união, e que constituiu a Igreja “a fim de que fosse para
todos e cada um o sacramento visível desta unidade salvadora”4.
A união íntima e vital entre Cristo e a Igreja permite afirmar realidades que,
tomadas ao pé da letra, só se podem aplicar à Igreja e vice-versa. Assim, pode-
se dizer que Cristo é perseguido quando a Igreja é perseguida9; que Cristo é
amado quando são amados os membros do seu Corpo; que se renega Cristo
quando não se quer ajudar os fiéis10. Também se pode dizer que a “paixão
expiatória de Cristo se renova e de certo modo continua e se completa no
Corpo Místico que é a Igreja... Com razão, pois, Jesus Cristo, que padece
ainda no seu Corpo Místico, deseja ter-nos por sócios na expiação, e isso é
exigido também pela nossa inserção n’Ele; porque, sendo como somos Corpo
Místico de Cristo, é necessário que tudo o que a cabeça padece, padeçam com
ela os membros”11. Trata-se, pois, de uma união íntima e misteriosa.
A consideração desta ajuda eficaz que prestamos aos outros deve animar-
nos a cumprir perfeitamente os nossos deveres e a dar-lhes um sentido
sobrenatural, apresentando-os ao Senhor como uma oferenda, pois, “da
mesma maneira que num corpo natural a actividade de cada membro repercute
em benefício de todo o conjunto, o mesmo acontece com o corpo espiritual que
é a Igreja: como todos os fiéis formam um só corpo, o bem produzido por um
comunica-se aos outros”16. Um dia, poderemos contemplar em Deus, cheios de
admiração, o bem tão grande que fizemos a muitos cristãos e à Igreja inteira
situados no nosso escritório, na cozinha, na sala de cirurgia ou nos trabalhos
do campo. Não deixemos que se perca uma só hora de trabalho, uma
contrariedade ou uma longa espera. Podemos converter todas as coisas em
graça, e assim vivificar, unidos a Cristo, todo o seu Corpo Místico.
Ó Deus, olhai propício o vosso povo e derramai sobre ele os dons do vosso
Espírito, para que cresçamos sempre no amor da verdade e procuremos com
empenho a perfeita unidade dos cristãos17.
(1) Hebr 13, 8; (2) cfr. Sagrada Bíblia, Epístola a los Hebreos, EUNSA, Pamplona, 1987, nota a
Hebr 13, 8; (3) Mt 28, 20; (4) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 9; (5) Paulo VI, Alocução,
27-IV-1966; (6) cfr. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 6; (7) cfr. 1 Cor 12, 12-17; (8) cfr.
Conc. Vat. II, ib., 7; (9) cfr. Act 9, 5; (10) cfr. Mt 25, 35-45; (11) Pio XI, Enc. Miserentisimus
Redemptor, 8-V-1928; (12) Pio XII, Enc. Mystici Corporis, 29-VI-1943, 7; (13) cfr. Conc. Vat. II,
Const. ib., 11; Decr. Presbyterorum ordinis, 5; (14) 1 Cor 12, 26; (15) Ch. Journet,Teologia de
la Iglesia, Desclée de Brouwer, Bilbao, 1960, pág. 252; (16) São Tomás, Sobre o Credo; (17)
Oração coleta da Missa pela unidade dos cristãos, 3, ciclo C.