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EM LEGTIMA
DEFESA
DANIEL
DEFOE
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EM LEGTIMA
DEFESA
Certo fidalgo, senhor de uma avultada fortuna, casou com uma dama,
tambm de bons cabedais, de quem teve um filho e uma filha apenas,
aps o que anos passados, ela se finou. Em breve contraiu segundas
npcias; e a segunda esposa, posto que de mais baixa condio e
menores haveres que a primeira, tomou a peito aborrecer e maltratar
os filhos que ele tivera da outra mulher, o que fez a desarmonia da
famlia, tanto no que respeita s crianas como no que toca ao prprio
pai.
O primeiro resultado de tal comportamento da madrasta no seio da
famlia foi o filho, mal principiou a sentir-se homem, ter pedido ao pai
que o deixasse viajar por terras estranhas. A madrasta, conquanto
desejasse ver-se livre dele, como ele precisava de uma soma
considervel para se manter no estrangeiro, ops-se violentamente,
fazendo com que o pai o no deixasse partir, depois de lhe ter dado
autorizao para isso.
To arreliado ficou o rapaz que, depois de haver renovado o seu
pedido ao pai, com todo o respeito, quer diretamente quer por
intermdio de alguns parentes, sem ter conseguido o seu intento,
encorajado algum tanto por um tio, irmo da sua me, primeira
mulher do pai, resolveu partir de casa sem licena; e se assim o
pensou melhor o fez.
Por que parte do mundo viajou no me lembro; parece que o pai se
manteve em contacto com ele por algum tempo e em condies de lhe
fazer chegar s mos uma razovel penso, para sua mantena, a
qual o rapaz mandava receber por meio de cartas de crdito,
regularmente pagas; mas, algum tempo depois, governando a casa a
madrasta, uma dessas cartas foi recusada e, depois de protestada,
devolvida sem aceite; aps o que, no mandou mais nenhuma nem
nunca mais escreveu, e o pai nunca mais ouviu falar dele durante
quatro anos, pouco mais ou menos.
Desse longo silncio tirou a madrasta vrios benefcios; primeiro
comeou por querer convencer o marido de que, tendo o rapaz
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