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Direitos do preso

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liberdade alguns dos seus membros é a necessidade de
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3 usuários on-line essenciais para a convivência pacífica em sociedade.
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2) Cultura Esses bens são chamados de bens jurídicos. É de se
3) Carta africana dos imaginar que para que um bem possa autorizar a privação
direitos humanos e da liberdade, pela prisão, de um membro da sociedade
dos povos esse bem deve ser muito importante. Não é qualquer
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coisa que pode justificar tamanho custo humano.
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reprodutivos
6) Direitos humanos Pois bem, os bens jurídicos que merecem proteção e que
7) Literatura se de alguma forma desrespeitados podem ensejar a
8) Constituição prisão estão descritos na Constituição Federal (vida,
9) Organização
liberdade, privacidade etc). e só podem ser objeto de
Mundial da Saúde
10) Salário- proteção do direito penal quando existe uma clara
maternidade necessidade social.
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fórum Os bens jurídicos são, portanto, valores
constitucionalmente protegidos que podem ser definidos
como bens essenciais do ser humano que possibilitam sua
plena realização e desenvolvimento em sociedade e que
facilitam ou asseguram a participação social livre e
igualitária.

O direito penal, por sua vez, diante desses valores


descritos na Constituição, tem por função exclusiva
intervir apenas quando for necessário para a conservação
ou manutenção da convivência pacífica dos cidadãos, para
garantir-lhes a liberdade: só se pode punir lesão ao bem
jurídico se isso for imprescindível para a convivência em
comum, no Estado democrático de direito cabe ao direito
penal a proteção dos cidadãos.

É tarefa do direito penal resguardar as condições


elementares para a convivência social e a auto-realização
do homem em sociedade. Num direito penal que tem por
limite os princípios constitucionalmente consagrados, a
prisão só pode ocorrer onde houver e necessidade de
aplicação de pena para a proteção de bens jurídicos
relevantes e do próprio indivíduo.

O direito penal tem a função de assegurar a liberdade de


todos os cidadãos, minimização da violência e o arbítrio
punitivo e maximização da tutela dos direitos, da
liberdade e da segurança dos cidadãos.

No Estado democrático de direito o Estado está a serviço


dos cidadãos. Por ter a pessoa como objeto principal de
proteção, o Estado de direito é incompatível com qualquer
proposta de diminuição de garantias e o direito penal só
deve servir para limitar a violência.

No entanto diminuir a violência é fazer prevalecer sobre a


prisão a liberdade; sobre a necessidade de cumprir pena
as garantias individuais. Daí surgem os direitos do preso
no estado democrático de direito, no qual o cumprimento
da pena não pode implicar jamais na perda ou
minimização dos direitos fundamentais.

É porque não podem ser minimizados que da vigência dos


direitos fundamentais deriva a obrigatoriedade de sua
proteção pelas autoridades administrativa e judiciária. Daí
decorre que já não é mais possível afirmar que, no âmbito
da relação penitenciária, haja uma relação especial de
sujeição ou que o preso seja visto como alguém sujeito a
uma relação especial de poder. O que há é uma pessoa
sujeita a meras 'regras especiais' que não atingem a
titularidade dos direitos fundamentais. Essas regras
especiais implicam em direitos e deveres recíprocos, do
preso e da administração e os direitos fundamentais,
como direitos inerentes a todos os cidadãos, só podem ser
limitados, em razão dessa relação, excepcionalmente, nos
casos expressamente previstos em lei, quando a limitação
for imprescindível para alcançar um dos fins assegurados
pela ordem valorativa da Constituição. Assim, essa relação
entre preso e administração só pode ser interpretada com
fins garantistas e os direitos fundamentais dos reclusos
não podem ser minorados ou abrandados em razão de sua
situação jurídica. O preso mantém o direito à divergência,
à discordância, ao não acatamento de ordem que afete
seus direitos individuais não atingidos pela sentença,
mantém, enfim, sua cidadania.

A administração penitenciária tem o dever de respeitar os


direitos fundamentais dos reclusos de forma a assegurar o
exercício de todos os direitos não atingidos pela sentença
ou pela lei e a esse dever corresponde a obrigação do
preso de respeitar as normas do regimento interno
reguladoras da vida do estabelecimento. No entanto,
anote-se, intolerável é qualquer forma de arbitrariedade
por parte da autoridade administrativa e as finalidades de
não-dessocialização e de harmônica integração social do
preso, devem guiar as medidas que se adotem durante o
cumprimento da pena.
Por fim e em última instância à autoridade judicial cabe
garantir os direitos dos presos e faze-los cumprir pelo
sistema penal e penitenciário Ao poder judiciário cabe
fazer o controle externo dos atos da administração, faz
parte de seu dever de zelar pelos direitos individuais do
preso e pelo correto cumprimento da pena.

Cumpre ao direito penal controlar a violência do poder,


sua intolerância, irracionalidade e autoritarismo. No
Estado democrático de direito, o direito penal não convive
com respostas igualmente violentas, pois, como já
referido, o que o legitima é a vinculação ao estrito respeito
aos princípios consagrados formalmente na Constituição.

Ao preso são assegurados todos os direitos não afetados


pela sentença penal condenatória e seus direitos só
podem ser limitados excepcionalmente nos casos
expressamente previstos em lei. E a lei de execução penal
prevê expressamente as ocasiões em que os direitos
podem sofrer limitação dentro do presídio

Os presos têm, portanto, assegurado tanto pela


Constituição Federal, quanto pela Lei de Execução Penal
seu direito de à vida, à dignidade, à liberdade, à
privacidade etc.

O princípio da dignidade da pessoa humana assegura e


determina os contornos de todos os demais direitos
fundamentais. Quer significar que a dignidade deve ser
preservada e permanecer inalterada em qualquer situação
em que a pessoa se encontre. A prisão deve dar-se em
condições que assegurem o respeito à dignidade.

No que tange aos princípios e garantias constitucionais


podemos dizer que o princípio da legalidade assegura que
os presos só podem ter restrições de direitos quando
previamente previsto em lei. Os condenados mantém os
direitos não atingidos pela sentença penal condenatória. A
legalidade assegura ao sentenciado a liberdade – no
âmbito da existência e não atingida pela sentença – de
pensamento, união familiar, privacidade etc.

O princípio da igualdade garante igualdade aos presos no


que diz respeito aos direitos fundamentais. Garante
respeito às diferenças e determina que todos devem ser
feitos tão iguais quanto possível quando a desigualdade
implicar em prejuízo de alguns. A igualdade também
assegura o direito de ser diferente, de não se submeter a
tratamento de modificação de personalidade e proíbe
discriminação de tratamento, dentro ou fora do presídio,
em razão de especial condição seja de ordem social,
religiosa, racial, político-ideológica

O princípio da individualização da pena assegura que a


pena seja aplicada àquela pessoa individualmente
considerada, de forma a possibilitar o livre
desenvolvimento da sua personalidade individual e que
deve haver proporção entre ação e reação, entre
gravidade do crime e gravidade da pena e que a pena
deve ser cumprida dentro do marco constitucional de
respeito à dignidade do sentenciado e não em função dos
anseios sociais de punição.

Para os presos o princípio do devido processo legal


garante que durante o cumprimento da pena seus pedidos
sejam apreciados e julgados por juiz natural e imparcial,
que seja garantido o contraditório com produção de
provas, a ampla defesa com assistência técnica
indispensável, que as decisões sejam fundamentadas para
proporcionar análise por outras instâncias, o direito a um
processo sem dilações indevidas, eqüitativo, com
igualdade de tratamento e de armas.

A humanidade da pena determina que o homem não pode


ser tratado como meio mas como fim, como pessoa, o que
impõe limitação a quantidade e à qualidade da pena e,
consequentemente, o respeito à vida e a proibição de
penas cruéis ou degradantes, incluído o rigor
desnecessário e as privações indevidas impostas aos
condenados. Aos condenados à pena privativa de
liberdade deverão ser propiciadas as condições para uma
existência digna, velando-se por sua vida, saúde e
integridade física e moral.

A humanidade da pena assegura ainda o direito de


cumprir pena perto dos familiares, à intimidade, à
privacidade, à liberdade de expressão e ao sigilo da
correspondência.

Na Lei de Execução Penal (LEP) são, principalmente, os


artigos 41, 42 e 43 que descrevem, obviamente sem
pretensões esgotar o assunto, direitos dos presos.

Inicia-se com a garantia de respeito devido por todas as


autoridades à integridade física dos condenados e presos
provisórios (art. 40 da LEP).

Segue o art. 41 da LEP estabelecendo desde direitos


elementares que devem ser assegurados aos que estão
sob a responsabilidade do Estado, como direito à
alimentação, vestuário, educação, instalações higiênicas,
assistência médica, farmacêutica e odontológica; como
direitos que tem por finalidade tornar a vida no cárcere
tão igual quanto possível à vida em liberdade. Entre estes
direitos estão a continuidade do exercício das atividades
profissionais, artísticas e desportivas anteriores à prisão,
desde que compatível; assistência social e religiosa;
trabalho remunerado e previdência social,
proporcionalidade entre o tempo de trabalho, de descanso
e de recreação; visita do cônjuge, da companheira, de
parentes e amigos em dias determinados, contato com o
mundo exterior por meio de correspondência escrita, da
leitura, e de outros meios de informação.

Ainda, no mesmo artigo estão descritos direitos que visam


assegurar a defesa dos interesses do preso em razão da
prisão. Entre eles podemos citar a proteção contra
qualquer forma de sensacionalismo; assistência jurídica;
entrevista pessoal e reservada com o advogado;
chamamento nominal; igualdade de tratamento; audiência
especial com o diretor do estabelecimento; representação
e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito.

Devem ainda ser destacados o direito do maior de


sessenta anos e da mulher de ficarem em prisões
adequadas a sua condição pessoal; das mulheres de
ficarem presas em estabelecimentos que contem com
berçário para que possam amamentar seus filhos; de
todos os condenados de cumprirem pena em cela
individual, com área mínima de seis metros quadrados e
que contenha dormitório, aparelho sanitário e lavatório,
com condições de salubridade adequadas á existência
humana.

Importante ressaltar, mais uma vez, com o art. 3º da LEP,


que ao condenado estão assegurados todos os direitos não
atingidos pela sentença ou pela lei.

BIBLIOGRAFIA
BARROS, Carmen Silvia de Moraes. A Individualização da
pena na execução penal
São Paulo, Editora Revista do Tribunais, 2001.

FERRAJOLI, Luigi. Derecho y razón: teoría del garantismo


penal. 3. ed. Trad. Perfecto Andrés Ibañés, Alfonso Ruiz
Miguel, Juan Carlos Bayón Mohino, Juan Terradilhas
Basoco, Rocío Cantarero Bandrés. Madrid: Trotta, 1998.

SILVA SÁNCHEZ, Jesús-María?. Aproximación al derecho


penal contemporáneo. Barcelona: Bosch, 1992.

ZAFFARONI, Eugenio Raúl. En busca de las penas


perdidas: deslegitimación y dogmática jurídico-penal. 2.
ed. Santa Fe de Bogotá: Temis, 1993.
. La culpabilidad en el siglo XXI. Revista Debate Penal,
Buenos Aires: Editorial San Marcos, v. 4-6, n. 10-12, p.
25-45, 1993.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl, PIERANGELI, José Henrique.
Manual de direito penal brasileiro: parte geral. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1997.

Carmen Silvia de Moraes Barros


Defensora Pública do Estado de São Paulo
Especialista em direito do estado e mestre em direito
penal pela faculdade de direito da universidade de São
Paulo

Criada por: admin última modificação em: Segunda-feira 10 of Julho, 2006


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