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LUS CURSO AVANGADO DE PORTUGUES LINGUA ESTRANGEIRA POON eRe eG GaP Seay (oyster (On aR ORC CLL Sasa) BLOCO 1 Tema Textos Gram. Dial Conv. Ls, BLoco2 Tema Textos Gram, Dial Conv. Lus, BLocos Tema Textos Gram, Dial Conv. Ls, BLOcO4 Tema Textos Gram. Dial Conv. Lus. BLOcOs CONJUNTO A QUOTIDIANOS po Portugal e portugueses Passear em Portugal Portugueses: o que dizem os jomais? Exprimir 0 Tempo Presente. Quantiicar ‘Meter conversa» com alguém desconhecido Horatios de trabalho: em Portugal e néo s6, Lisboa p19 Antigamente era assim. Uma historia de amor e tradigdo Recordacdes de outro tempo Exprimir 0 Tempo Passado Verificar e confirmar a ateneao do interlocutor Historia de lugares — A Patriareal queimada Praia p.29 Ambientes e interiores © Coliseu recriado Ambientes de Lisboa Exprimir 0 Tempo Futuro, Evitar nomear o sujeito DemonstrarInteresse e desinteresse por um assunto Decoragao: A escolha da cor Bissau p39 Vidas e sucessos Vida de camionista; outras profiss6es Discurso directo e discurso incirecto Contracgao ecolocagao de formas pronominals Demonstrar surpresa e pedido de confirmagao Historias de amor: incompatibildades Cacheu PORTUGAL — CONTINENTE CONJUNTO B ‘TEMPO DE MUDANCA BLOCO6 Tema Modas Textos _Roupas de autor. Entre fatos e fatiotas Gram, Para néo ser especico. Exprimir Negagao Dial Esclarecer afirmagdes e atitudes Conv. Vestido para ganar Ls, S. Tomé BLOCO7 Tema Gastar e pagar Textos Os gastos de cada um Formas de pagar: cartdes ou cheques? Gram. Exprimir a Comparacao e a Condigo Dial Interromper alguém e tomar a palavra Conv. Deitamos fora 0 que nos faz falta Lus. Luanda BLOCO 8 Tema Delitos e detectives Textos _=Sherlocks» & portuguesa Dos tos de roubo Gram, Exprimir Hipotese, Condigao e Consequéncia Dial Colocar objecetes, lamentar-se © congratular-se Conv. “A ocasido faz 0 ladréo» Lus, Brasilia BLocos Tema Empregos precisam-se Textos —_Aprocura de um trabalho Regras para um bom CV Gram, Exprimir a Concessao e Restrigao Dial Dar continuidade a uma conversa Conv. ‘O joven quadro Lus. Rio de Janeiro BLOCO 10 REGIOES AUTONOMAS. p59 p.79 p89 p.99 BLoco 11 Tema Textos Gram Dial Conv. Lus. BLOCO 12 Tema Textos Gram. Dial Conv. Lus. BLOcO 13, Tema Toxtos Gram. Dial Conv. Las. BLOCO 14 Tema Textos Gram. Dial Conv. Lus, BLOCO 15 BRASIL, CONJUNTO C ANATUREZA DAS COISAS ‘Animals nossos amigos “Bobi rico Bobi pobre» Culdar de animais: uma profisséo Exprimir Finalidade e Consequéncia Convites formaistinformais e graus de recusa Barba e cabelo para cao Maputo p.119 Em busca da natureza quase perdida Norte paraiso ‘Sem a companhia dos lobos Exprimir a Causa Desmarcar um encontro ‘Touros de morte em Portugal: sim ou nao? Macau p. 129 Enganar, ludir e burlar Enganar o balao. lludir o espectador. Conto do vigario Valorizar Elementos do Enunciado.O Gertindio ‘Muar de assunto; retomar 0 assunto Oesquema Timor p.139 ‘Comunicagao (inter-) pessoal Em servigo e na rua Teletones: para que servem? Para Reformular Enunciados Evitar responder directamente — ser evasivo Um caso de atendimento publica Caboverduras BLOCO 16 Tema Textos Gram. Dial Conv. Lus. BLOCO 17 Tema Textos Gram Dial Conv. Lis, BLOCO 18 Tema Textos Gram. Contexto Conv. Lus. BLOCO 19, Tema Textos Gram. Contexto Conv. Lus. BLOCO 20 AFRICA GLOssARIO CONJUNTO D AO RITMO DOS TEMPOS p.159 Nem tudo 0 que luz... Lelbes ‘Quando 0 produto ndo é o que parece Exprimir Temporalidade CGomunicagao gestual Eles oferecem para nés comprarmos. ‘Cidade dos sentidos p.169 Publicidade Império da sedugao Inundagées © consumidores Valores Aspectuais Processes para sair da conversa Inundagao publictaria Entre falcbes © papagaios Exemplos de tradicao Uma casa portuguesa COthar 0 chao. Exprimir Modalidade (© valor da Pontuagao ‘As pedras do nosso chao Ribeira Grande — Cidade Velha p. 189 ‘Tempos do tempo thar a natureza e prever 0 tempo © Prego das horas certas Andlise Textual ‘Coasio Dentro do Texto (Nao) ocupar o tempo Um brasileiro na Africa p. 199 Pot nT Cure-se do excesso de stress e de trabalho. Este fim-de-semana, faga uma pausa na rotina e viaje em Portugal. Desligue-se do telefone Feche a mala de trabalho e abra a mala de viagem. Tire a gravata e vista uns calgbes. Fuja do engarrafamento e siga uma estrada rumo a um lugar qualquer. Viaje este fim-de-semana em Portugal. Num instante, 0 seu stress desce, o seu bom humor sobe, 0 seu cansago desapa- rece, Viajar em Portugal nao dé trabalho. elo contrario, 6 a melhor fuga ao seu tra- balho. \Vocé vaitransformaroseufim-de-semana na pausa que precisa para continuar a sen- tir-se vivo. E activo, Por isso, marque uma reuniéo consigo ‘mesmo num bonito local em Portugal. Nao falte, mas pode ir calmamente. Nesta reunidondo tem importéncia chegar um pouco atfasado. Veja algumas das coisas e lugares por- tugueses com que pode ocupar-se neste fim-de-semana. Fim-de-Semana em Baixa Trabalho, trabalho, trabalho. Seré que do existe mais nada no mundo além do trabalho? Por incrivel que parega, existe. E ja que costuma ficar arrasado depois de uma semana inteira dedicada ao vicio do workaholismo, aproveite o fim-de-semana para baixar a tensao e viajar em Portugal Va com calma, diminua 0 ritmo, fuja da cidade. (© que vocé precisa 6 de um pouco de paz ‘Um bom passeio, por exemplo, é conhe- cer 0 quase milenar Mosteiro de Santa Maria das Jinias em Pitdes, Tras-os-Montes. No centro de uma simpatica vila e rodeado de verde, visitar este mosteiro acaba por ser um programa ecolégico. Talvez ndo fosse ma ideia fugir de tudo e ir para uma ilha. Entéo lembre-se que Porto Santo esta bem pertinho. Fol lé que Cristévao Colombo parou para descansar do stress das suas viagens. Visite também sitios como Amares, a 15 Km de Braga. E ld que se encontra a Albufeira da Canigada, uma das mais belas paisagens do pais. Sente-se no relvado, e do faga nada, até ficar cansado ‘Seja para onde for, lembre-se: goze 0 prazer de viver um fim-de-semana a viajar por este pais. Antes que 0 seu coragao ndo ‘aguente mais 0 seu ritmo de vida. Fim-de-Semana em Alta Se vocé € daqueles que acham que dormir & perda de tempo e que nao fazer nada é, literalmente, coisa de quem nao tem que fazer, 0 seu caso de workaholismo & grave. Ora bem, nao perca as esperangas. Portugal é um pais cheio de locais onde pessoas como vocé podem viajar continuar a sentir 0 prazer de ser superactivo Se for até Lisboa nao deixe de conhecer ‘a noite do Bairro Alto ou da 24 de Julho. La ha sitios com musicas de todos os tipos e Para todos os gostos. Techno-house para dangar de copo na mao ou fado para ouvir com todo 0 respeito e atenco, Se viajar para 0 Porto, 0 cenério nao é muito diferente. «Boites» e discotecas onde no falta gente gira. Entre copos e corpos, dance até amanhecer e va ver 0 Sol nascer nna Ribeira, Mas a noite também 6 quente no Algar- ve, com a vantagem de que Id 0 dia ndo foi diferente. Provavelmente vai passaro diana praia e ficara chelo de energia para gastar os bares e nas discotecas E por falar em energia, aproveite, que a sua é muita, e gaste-a num fim-de-semanaa praticar desportos, Se quer subir na vida, faga parapente, «mountain bike» ou montanhismo em Bra- gana ‘Sendo dispensa uma «happy-hour» com um «on the rocks», v4 esquiar na Serra da Estrela. Se esté cansado dos tubardes do mundo dos negécios, va praticar pesca desportiva na ltha de Sao Miguel, nos Agores. Faga 0 que quiser, viaje para onde the convier. Sé no passe o fim-de-semana para- do, Afinal, voc ¢ do tipo que quanto mais calmo for o dia, mais tenso fica, Fortuna, Turismo onoorga giz COMO SOMOS? COMO VIVEMOS? UM GRAND E ESTUDO EUROPEU Portugueses viajam pouco, léem menos... mas «abusam» no perfume Gostamos que 0 mundo fale Os «nuestros hermanos» espa de n6s, porque sempre nos _nhois nada de sopas de pacote (36 36 ssio mais liberais—s6 37% as conseguem provar) e quanto cconheceu mal. $6 que o des- das donas-de-casa tém essa dor- a «pizzas» e outros alimentos conhecimento de Portugal, tam- -de-cabega! ‘bém € um autodesconhecimento, Definir Portugal sempre ocupou regis (© nosso imaginério comum. Se-_ povos congelados, estamos na cauda da Em termos de cultura geral, — Europa, Para a maioria, nem vé- fe-se que somos um dos las, ‘mais poliglotas da Europa. nosso «petisco» mais {amos pobres, ricos, pariotas, on Contradigdo saudavel. Falamos generalizado chama-se arroz, que ro. Sempre esperamos pela ver-_Iinguas dade dos factos. Ea verdade € esta: 38% dos faz-se Portugueses usam dculos; 2% so alemio, € que nos vemos aflitos: S estrangeiras com grande 91% diz comer regularmente. A facilidade. 30% fala francés e 25% par dos espanhéis ¢ italianos, entender em inglés. S6 no somos os chineses da Europe. Quanto a viagens a0 estran- vegetatianos; 24% fuma regular- em cada 100, s6 3 falam a lingua geiro, temos um recorde europe. ‘mente; 53% tém liv de cheques; de Goethe. ‘Somos latinos, até no est6- somos o povo que menos viaja 7% tém cartio de crédito/débi- 1; € 56 16% Iéem ou folheiam — mago. Descobrimos meio mundo, mas Ora vejamques662% bebe para fora das suas fronteiras eu- um jomal todos 0s dias —a per- chi‘e apenas 13% toma adogantes _ropeias. Apenas 10% o fazem. E centagem mais baixa da Europa, Este estudo, designado «Eu- rodata», por ter incluido os 12 palses da CEE e mais da EFTA, chega a interessantes conclusSes, que ajudam a definir 0 perfil mé- dio do cidado europeu e port gues dos anos 90. No inicio desta década, fies mos a saber que 66% dos. por- tugueses sio casados, e 36.3% | 11 vivem divorciados/separados. Por outro lado, 34% dos lares | gy come batts tas congas [io viaje avo Comm rope de pate spars de Boop 5 ‘Tem seguro de casrechsio 6 Tn TV acores o CConsomem gua mineral iriamente 8) O QUE FAZEMOS COM O DINHEIRO? Enoque diz respeitoahabitos ‘04 gostos, os portugueses tém umn comportamento muito préprio. ‘Quase metade (44.5%) possui um cartdo de débito, vulgarmente cconhecido por «cartdo Multiban- ‘com, mas apenas uns escassos 10% so detentores de um cartio de crédito, ou «Visa», como éco- mnhecido, Mas ndo se pense que esta discrepdncia se deve ao facto de 0s portugueses nio terem di nheiro. Aparentemente até tm, Jif que 77.3% dos cidadios pos- ‘uem uma conta bancésia. — Como gastam 0s portu- gueses 0 seu dinheiro? Aparentemente, de um modo ‘muito diverso, No em colégios Particulares, pois 96.9% dos es- Iudantes frequentam ensino iblico. Também nio é a fazer chamadas telefonicas para 0 e- trangeiro, é que apenas 18,1% das pessoas admite que as fz, nem na compra de motorizadas pois 56 12,4% possui este tipo de trans- ponte. Mas hi objectos sem os quais 4 maior parte dos portugueses no passa. E o caso do autom6vel (56.4%) ¢ do telefone, que 61,4% diz ter instalado em casa, Hiia ideia generalizada de que (s portugueses gostam de bebidas alcodlicas, Pelo menos os testes da Brigada de Trinsito parecem confirmar esta teoria. Mas 0s gos: tos so muito diversos e, apesar de tudo, as pessoas gostam mais de leite (48,2% dos portugueses bbebem-no) ou de cha (26,9%) do que de «whisky» (10,8%), de vinho do Porto (3,6%) ou de Vinho engarrafado (21,8%), Entre as bebidas aleosl 6 uma, a cerveja, consegue pas- sar 0 ché, ja que 29,4% dos por- tugueses afirma-se consumidor desta ebida Didrio de Noticias, 0-05.93 EXPRIMIR O TEMPO PRESENTE HABITOS V. PRES. Ex.: Os portugueses viajam pouco para fora da Europa Ex.: 66% dos portugueses sao casados e sé 3% vivem divorciados ‘Nao gostamosnadade sopasdepacote PRESENTE HISTORICO Ex.: Em 1969 20% tem carro e 66% acha que néo se deve fugir aos impostos 98% dos portugueses usam dculos PRESENTE NARRATIVO Ex.: Num instante o seu stress desce, 0 seu bom humor sobe, 0 seu cansaco desa- parece INCERTEZA \V. FUT. DO PRESENTE Ex.: Muitos ficam em casa nas férias mas nao sei se ficarao... Néo sei se seré verdade que os portu- gueses bebem muito cha. INTENGAO NAO REALIZAVEL V.IMP. CONS. Ex.: Eu podia fumar se tivesse um cigarro ‘mas nf tenho um cigar PASSADO QUE CHEGA AO PRESENTE TER PRES. + V, PART. PASS. Ex.: Desde 1969 até hoje temos assistido a.uma evolugao ALGUNS ADVERBIOS E LOCUCOES ADVERBIAIS DE TEMPO PRESENTE Agora ‘Agora mesmo Neste momento Neste instante ry Hoje Utimamente estes utimos tempos Oe ate Desde. ‘Actualmente Hoje em dia Habitualmente Vulgarmente Imediatamente agora hoje | este momento a x Ps o ro Se z 14 EXPRIMIR QUANTIDADES E FREQUENCIAS Para nomes contaveis Para nomes massivos (nd contaveis) —quantos?- = que quantidade? — frequéncia todos mais todo | sempre / quase sempre m mi vitos \ / ito | muitas vezes imensos \, | imeneo frequontemente bastantes \ menos / bastante | regularmente \ / varios \ varias vezes \ | / atu | asvezes alguns \ | / um bocado de | uma vez por outra |/ pouco raramente poucos \// um pouco de | quase nunca escassos | nunca ‘nenhum Graus hierdrquicos de quantidade podem ser formados por: | ‘adjectives (com e sem grau) + nomes (+ prep. «de») grande parte (de) maior percentagem (de) | pequeno metade (de) l menor numero (de) Muitos Portugueses.. x.: A maior parte dos Portugueses faz. ‘A maioria dos Portugueses €. (Uma) Grande parte tom. Mais de metade gosta. Imensos Portugueses ‘Montes de pessoas tém. Bastantes Portugueses Uma boa parte das pessoas bebe. Uma parte significativa dos. Metade dos Portugueses trabalha. /érios Portugueses. Menos de metade dos. Alguns Portugueses. (Uma) Parte dos. Poucos Portugueses. Uma pequena parte dos Uns quantos Portugueses Um pequenissimo niimero de. ‘Muito poucos: Escassos, NOTA Pessoas — assoca-se a todas as palavas ¢ expresses de quaiticacto. Gente. assoce-se apenas aos quaniicadores;toda(+a}; mula; mersa; bastante; pouca Minoria — €usade apenas para se refer pessoas. ‘Sempre — pode mpsear uma mudanga de sentido consoante a sua localizagao na tase ‘Ex_ Sls.come sempre arr = come habivalmente ‘sempre come anor = no queria comer mas agora quer, pareciando querer mas atnal aver so, extn Utena a tomes comonte ne Postgués do Basi com o sentido de «come habtuaimente. @ _sSINICIAR UMA CONVERSA ABORDAR UM DESCONHECIDO Expresséo coloqulal: «Mater conversa» ‘Afra de bord lguém depende ossencialmente das elagSesenroas pessoas. Ndohi frases fois». Noontato, Incturemos aqu algun autiaree lecals que poder facitar uma abordagom a slguém que se desconhece edostinadas {en um prmeito momento a chamar a atone: [Descupe,.;Poracato,..; Sabe-e dizer £.,; Sabe-nos informa se. Importava-se de. Sard que. ooorw ‘Amato don codigos de boa educa soinemactnaiplo que atuses a eva fazom pat do dominio cou, No eran, ‘import tomar serge a0 vo das formas de Watamerto em porugubs de odo aevtar mal entndios 1 "TU ussdo expt eou mpeamerta 6 excluvo do tatimerio faire eve amigos delonga dl. \VOGE ~ sede expcament, est creunsert a reaconamertoniomal eve solegas de profess ‘No restarts casos ende ea utzra 3 pessoa da oma verbal em proname exploto ou atecaddo de -0 senor ode ‘aeannora be. & = Pode dzst-me a horas, por favor? =o sanhor ‘Com valor de vocatwo nto tom ago e pressupdeoconhecimanto do neroevto. = gaa See eeeera ra Seen eamcne etree eerercne! Limpewonete. | 5 pte OE accuser undp rua Si Wanoee To renunaaaes coon eta een H—aotarde? Nao possive. Tema coneza que 0 seu rg ext core? O tompo passa to depressa, no acha? 'M—_Asvere, aver as agora no R— Eu tandem moro aqu pero, © pom i, vernosququssetodesosdas Naoreasto 18 ae {Toots cron conver antes depart gap Santor oneceme de lou exon ee eaten toad ee epieaseeeetwes = ts omnes H--E verdad. Guardowe eth ‘assim, 42,6.que toma? Sec |— Mas nés jd nos encontramos. _sem nada para tazer, otempoparece que ‘nie aason oie ‘ented — Nilo, no creio. Deve estar enge- eee ae nai nee bow Sommerer “Fon reaocinie macs por dia. Apanho sempre © 24. A senhora, eee ben es ae ceo ‘com ot a attrac Sta ene es a eee oc ee —— ‘gio. O sr. Campos sabe, jd vive aqui hi — Entiio j nos encontramos na Bi- res een ore a tec ae ere a i Ro orst etwas neneot crv ems cue ee pl ret her erp ape a oma tesp = eee ee eee a een eaeeee bee per. ag re eee a ee eer SS een ee ee ee ae —saeeeel SS SS Sa a —— ae —— 16 5 Portugueses trabalham muito m relat6rio divulgado em | Londres pelo IP Group revela que os portugueses so quem mais trabalha em toda a Europa, Dedicam, em média, oito horas e vinte minutos por dia a actividades laborais, seguindo-se os da Europa do Leste, os italianos e os irlandeses. O estudo demonstra ainda que sio os britanicos quem menos labuta — trabalham apenas seis horas quinze minutos por dia, Sao também os stibditos de ‘Sua Majestade a obter outro primeiro lugar nesta tabela: entre 10 quem mais todos os europeus, tempo passa frente & televisdo (quatro horas € quinze minutos). No capitulo do sono, o primeiro lugar vai para 6s belgas. Séo os mais dorminhocos, com oito horas e meia de sono por noite. Logo a seguir aparecem, mais uma vez, os britdnicos, que, em média, dormem oito horas e dez minutos, Foca, n 9, 2009.92 HORARIOS MEDIOS POR PAISES | OH% MM @ Acordae Ino atmogo Jantar Detar Almogo do tab. Alemanta 645 | 743 [$00 | 1230] as | D.0 faae 615 | 700 | 730 | 1230 | 1830 | 22.50 Bagica 11s | 730 | 830 | 1230 isis | 2300 Dinamarca | 645 | 730 | 815 | 1200 | 1800 | 2335 | espants so | 830 | 900 | 1330 2130 | o1s Fnlindin 630 | 730 | 8.00 | 1200 | 1800 | 2315 = 700 | 730 | 830 | 1230 | 2000 | 2330 Gasca x0 | 745 | 800 | 1330 | 2100 | oao Holanda x00 | 745 | ss | 1230) 1845 | oo as sas | 700 | 715 | 1230 | 1900 | 2305 Itanda 800 | 830 | 9.00 | 1330 | 1830 | 2345 iia 200 | 745 | ss | 1320/2000 | 25.20 Lremburgo | 7.00 | 730 | 00 | 1230 | iss | 2320 Noruega 7.00 | 7.30 | 8.00 | 11.30 | 16.30 | 23.30 | Portugal 2.00 | 800 | 8.30 | 1300 | 2000 | 23.30 RemotUnido | 700 | 8.15 | 9.00 | 1300 1800 | 2330 | seca sis | 730 | 00 | 1200 | 1700 | 2315 | seiga 645 | 745 | 8.00 2.30 | 18.45 | 23, 12.30 | 1845 | 2315 | ooora Lisboa 6 cidade e capita Cidade plena de vida ¢ movi mento, capital portuguesa & utrora capital de um império ‘composto por muitos reinos. (Os navegadores portugue- ‘ses passaram 0 Bojador, che- garam a Africa, exploraram a Costa do Marfim, venceram 0 Cabo das Tormentas e chega- ram a india No século XVI, acidental ou propositadamente, Alvares Ca: bral chegou a terras de Vera Cruz, abrindo portas & criagéo de uma grande colénia, o Brasil Enquanto cidade, Lisboa encerra em si uma espécie de mistea ‘Stuade na margem cireta 0 Rio Teo, estende-sesoiongo do estuario em terreno aciden- tado de colinas Conhecida como a cidade das sete colinas — 8. Vicente, . André, Castelo, Santa Ana, S. Roque, Chagas @ Santa Gata: rina — Lisboa orguiha-se das neblinas matinais edo cima tem- Perado e ameno que sefaz sentir ‘20 longo das quatro estagées. Em termos empresariais, ‘congregano seuseioa sede das ‘maiores empresas portuguesas © das muttinacionais instaladas ro Pais. Turisticamente, Lisboa de- sempenha também um papel Oferece também 0 Sol e as praias, a alegria © 0 colorido roprios do Verdo. Também néo faltam os jar dins © parques piiblcos ou a Feira Popular, monumentos para visitar, linhas arquite nicas para decitrar, miradouros para descobrire contrastes para ccontemplar. ‘A dois passos tem a Capa: tica, a Arrdbida com a serra e 0 mar em harmonia perteita, 0 Estoril e Cascais, Sintra ea be- lezado Castelo embrenhado na serra verdejante, Mafra © 0 Convento. Longe de se ficar por aqui Lisboa 6 um mundo a descobri Uma menina © moga espera que Ihe fagam a corte, uma varinareguilaeenérgica sempre cheia de projectos, idelas © Perspectivas futuras | LOJA DAS MEIAS, 1930. A lojae as montras de antigamente.Afachada de Raul Lino que as novas sgeragdes desconhecem. UMA HISTORIA DE AMOR E TRADICGAO A LOJA DAS MEIAS UM «EX-LIBRIS» DA CIDADE DE LISBOA. POR ELA PASSARAM GERACOES E MODAS. TES- TEMUNHO DE ACONTECIMENTOS POLITICOS E SOCIAIS DE MUDANCA. UM CASO RARO NUM PAIS ONDE POUCAS: EMPRESAS CONSEGUEM SER CENTENARIAS. Por Pilar Diogo e Maria do Céu Avelar Pp ‘volta de 1883 chegou a Lisboa, vindo de ‘Alhos Vedros, um jovem de nome Pedro Rodrigues Costa. Tinha s6 treze anos ¢ a familia mandava-o para a capital a0 cuidado de um padrinho que, fazendo honra ao juramento de baptismo, se comprometia em ajudé-lo no que pudesse. E prontamente arranja-Ihe um lugar de paquete na loja de uns amigos. Exactamente fa Loja das Meias j4, nessa altura, uma das me- Thores da cidade, ma esquina da Rua A Em 1902, tomna-se 0 nico propriesiio dx baja. [Desde esta data que a lojase manteve seer ob orientagio da mesma familia ERA UMA VEZ UMA CASA Em 1915, Pedro Costa fazas primeiras gran- des obras. Ocupou o primeiro andar da oj, rasgou as montras, mudou paingis, em suma modernizou-a. Mas foi em 1930, j com 0 seu filho Pedro CostaJinior na administrago, que se deu inicio anova remodelacio, sob orientagio do sitecto Rail Lino e com a colaboracdo dos ‘tas plésticos mais famosos da altura Fred Kradolfer, Tomés de Mello ¢ outros. Hoje a fachada jé no existe. Restam as fotografias da Epoca. Um adeslize» que Pedro Anténio Costa, | | neto do fundador e filho de Pe dro Costa Jinior, admite ter cometido. «Arrependo-medeter modificado a fachada de Rail Lino. Era um simbolo da época, m pessoas de fora para a nessa época a esquina da a um ponto de tertilia dos intelectuais e dos artistas.» As seccdes foram evo- Tuindo ¢ a loja passou a ter acessérios, chapéus © depois, ‘mais tarde, tecidos a metro. E 1936, jd tinha secedio de per- fumaria Estivamos em vésperas de uma guerraeaLisboachegavam refugiados de partida para os Estados Unidos, «Chegimos a ter aqui a trabalhar muitos refu giados, artistas ¢ até aristocra tas», recorda Pedro Ant6nio, «Huns anos, passou por aqui uma senhora, hoje uma figura dedestaque dabancaamericana, que, emocionada, agradecia a0 meu pai o facto de ele a ter acolhido, de the ter dado em Prego naqueles anos diffceis recordava os bons momentos (que aqui havia vivido.» A PRIMEIRA A. IMPORTAR GANGAS Pedro Anténio orgulha-se da sua loja ter sido sempre pioneira. Conta, a titulo de ‘exemplo, oepisédiodas gangas: « Texto: Nano Femi Fotos: Paulo Magurico Piblico, 10/193 r VESTIDA PARA MANDAR NAO SE LIMITA A SER MAIS UMA SILHUETA FEMININA NO MUNDO DOS NEGOCIOS, 0 SEU SENTIDO DE JUSTIGA E A SUA POSTURA DE TRANSPARENCIA DISTINGUEM-NA COMO GESTORA SEM FACHADA. VENCEDORA, ENTRE OUTROS GALARDOES, DO PREMIO MAXIMA MULHER DE NEGOCIOS 92, ESTA ECONOMISTA NASCIDA EM AFRICA £ UMA MULHER FELIZ, APRECIADORA DE MODA, CASADA E MAE DE DOIS FILHOS, EIS 0 RETRATO ESCRITO DE UMA GESTORA NA SUA FACETA DE MULHER, 4o foi facil. Mas Maria Candida Morais, con- seguiu por mérito proprio rojectar © seu nome num universo tradicionalmente dominado peloshomens. Efe- -lo com dignidade. Determinada no comando dos negécios, tem visto a sua carreira abrilhantada por vi- rios prémios, o mais recente dos quais foi-Iheatribuido pela Méximaqueadistinguiucomo aMulherdeNegéciosde 1992, ‘numa decisio que mereceu a unanimidade do jt Reside na cidade do Porto, num andar muito amplo, re- pleto de luz ¢ de pinturas. Aprecia sem subterfiigios 0 mundo da moda — parti- Ihando também a gestio de uma firma nesse sector indus- trial —o que significa, fatal- mente, gostar dese vestirbem, criando um estilo muito Proprio, comprovando que, afinal, 0 gosto pela arte do efémero ndo € incompativel comumacarreira érduaecom ‘© quotidiano profissional mu- Por Teresa Salgado ‘ma grande unidade fabril da industria vidreira ‘A vida, que nao viveu em vio, torou-Ihe © olhar in- cisivo e a expressio firme. Abrir as portas de casa a uum jomalista 6 um gesto ex- traordinério, mas fé-lo com uma atitude cordial, algo perscrutadora, Elege um sol frente a lareira apagada. E as- sim, confortavelmente senta- da, que inicia a conversa. « do dé para ter fado vadio todos dias da semana, em Lisboa (Gindsio Clube de Alfama e Calgada de Santana, além dos reteridos abaixo) e fora de Portas (Loures, Vialonga), mas o forte 6 a0 fim-de-semana, ‘A juventude que se reune frente ao restaurante «Tasca do Careca», junto ao Liceu ‘Camées, previne os passan- tes: «Hoje ha fado»; mas ndo entra, porque «6 para velhos», dizem. Se entrassem, viam que nem s6. Joaquim Silva, 0 dono da casa, esforca-se por atrair diferentes clientelas, que (s tempos vao maus. A espla- nada e a cave, para osjovens. Assala principal, aos sabados @ noite, para o fado, que Ihe ficou no coraeao apés anos de trabalho na Madragoa: «ndo 6 uma questo de negécio», garante a0 «T&Q», ‘Apesar da decoracao mo- derma, o ambiente 6 de fado. Os sinais de luzes sao sufi- cientes para que se faga siléncio. Se alguém chega en- quanto se canta fica respeito- samente a porta, esperando 0 intervalo seguinte. «O publico tem a virtude de ouvir 0 fado calado», diz a letra de um de- les. Mas premeia com excla- mages de «Lindo!» um «pia- niinho» bem gemido e de «Fa- distal» uma nota sentida. Sebastido de Jesus, 0 ge- rente artistico, 6, nas suas roprias palavras, «um velho facista», com 45 anos de pro- fissao. E também um cava- theiro do fado, com técnica e diogao. Porsinal, casado com mais antiga cantadeira em ‘actividade no Pais: Judite Pin- to — 71 anos de vida protis- sional, enérgicos de 82 anos de idade — que canta com garra admirével 0 belo fado picado. “Amibos so a favor do fado or gosto contra as casas tipi as, onde o fadista é desgas- tado ¢ actua sobretudo para estrangeiros de atengao dis- traida. A carreira 6 encurtada pelo tabaco, 0 loool e o ritmo do «fado comercial, todas as ‘oites, obrigatdrio «para jus- tifiear 0s pregos, exorbitantes ara a bolsa dos portugue- ses» Sebastio de Jesus queixa- -se também dos guitaristas: «Alguns nao t8m 0 minimo de respeito pela rapaziada ama- dora». Impacientam-se coma falta de técnica e ma dicgao, que arrastam a nota de um «amor para um «amore» e se perdem em «pinsamentos» e «sintimentos». «Nao acari- nham 0 amador e nao disfar- gam», expdem-the os fracos, ridicularizam-no. E se os fa- distas participam em espec- téculos de caridade, conten- tando-se com um copo de vinho e um pastel de bacalhau, «j4 08 guitarstas nao abdicam do cachet», censura, Nessa mesma noite havia «uma verbena de beneficéncia, 0 Alto de S, Jodo», mais uma capelinha para os cantadores e cantadeiras cirandarem «em sacerdécio». Falava-se dela também na «Guitarra da Bi- ca», onde 0 fado vadio as sextas e sabados tem 11 anos de tradigéo. Por ali passam «fadistas conhecidos, gente do teatro, jomalistas, musics do S. Carlos» e estrangeiros que fotogratam e filmam, levando cantadeira do Pais, canta com garra fadinho picado Judite Pinto, a mais antiga ‘imagem ¢ a voz de Mili Fer- reira, @ gerente artistica, aos quatro cantos do mundo — conta a propria, com orguiho. Trata-se de uma casa de asto, pequena, antiga e cas- tiga, apinhada até a porta fora dela. Pelas escadas da Calgada da Bica Grande en- ccostam-se ouvintes gozando 0 fresco. As vizinhas da frente Oem-se a janela, de almofada no parapeito. Bebe-se cerveja, sangria e bagago. Comem-se ccaractis. O publico (que é aqui ligeiramente mais turbolento e menos respeitoso) faz coro nos fados humoristicos, fre- quentes. Milu, «apresentada como «voz reguila», entra a matar na divertida desgarrada «Eu, ela e a lambreta. Puxa ‘& Herminia Silva, provocando ‘com apartes publica e colegas, A noite vai alta. E nem o fado esmorece, nem os lis- boetas andam tao divorciados dele como se diz, Tal & Qual, 23 de Iho 93 a ] [ee L ° lc oO i | i i | | N. E. «Sagres» na rota das nossas memoéorias orientais Dentro de alguns dias, 0 N. E.* «Sagres» vai iniciar mais uma das suas grandes viagens, a propésito da comemoragao dos 450 anos da chegada dos Portugueses ao Japao, durante a qual navegaré por rotas, escalaré portos e visitard locais, que esto presentes nas mais fascinantes paginas da nossa histéria maritima. ‘Com quase 30,000 mihas de cextenséo, oque representa quase ‘uma volta e meia a Terra, oitine ratio do N. E. "Sagres" constituira uma das suas mais longas via~ gens, que s6 encontra paralelo nas suas circum-navegagdes de 1978/79 e de 1989/84. No entanto,trata-se de uma Viagem que, em certa medida, reproduz pela primeira vez as viagens-padrtio do periodo éureo {das grandes navegacdes portu- ‘quesas, com escalas nos mais simbdlicos portos que visitaram nos séculos XV e XVI, antes de {quaisquer outros navegadores ‘europeus, 0 que toma, segura- ‘mente, numa viagem-meméria ‘como nenhuma outra que o navio alguma vez realizou. ‘De facto, para além da visita ‘Las Palmas ¢ aS. Vicente de ‘Cabo Verde, provavelmente o porto que depois de Lisboa 0 rravio melhor conhece, oN. E. “Sagres" atravessaré o Allntico « visitard 0 porto brasileiro de S. Salvador da Bahia, de homens ‘mui bem dispostos ¢ mulheres “NE. =Navio Escola ‘mul fermosas, que nom ham rnenhua enveja as da Rua Nova de Lisboa (Dir da Navegagdo de Péro Lopes de Sousa 1531), navegard na costa brasicira © escalaré 0 Rio de Janeiro, que he hua das mais seguras @ melhores barras que nd nestas partes, pela qual podem quaes- {quar naos entrar e saira todo 0 tempo sem temor de nenhum pperigo (Histéria da Provincia de Santa Cruz @ que vulgarmente chamamos Brasil (Péro de Ma- ‘gales de Géndavo, 1576). Dopois o navi fard pela pri meiravezatravessiado Anco Su,doFioaoCabo, contomando ‘0 cabo da Boa Esperanca e bem ‘avisadoestard ocapitéo seseguir © Livro de Marinhara de André Pires, de 1520: geralmente vos @- res logo na volta de lés-suesto @ 0 sueste, porque geralmente tandesos ventosao ule aosudo- este, edareisresquardo as has de Tastéo da Cunha, que estéo fem 34 graus @ 1/2 da banda do sul Escalara Capetown 0, pola primeira vez, também, onavio vi Sitaré porto de Maputo, situado na bala om que o navegador An- tonio do Campo, capita de uma das naus da fota do Vasco da Gama, procurouabrigo em 1502, tomando-seo primer europeua Vistar aquole focal, que apart de 1546 fol explorado pelo navega- dor Lourengo Marques, que rele instalou uma pequena colénia do mmercadores portuguese. Navegaré a longo da costa de Mogambique, por onde nau fragaremtantasnausnas vagens de retorno, o escalar a tha do Mogambique,vstada por Vasco da Gama om Margo de 1948 © conde Ele! Nosso Senhor tem uma fortaleza, com que esto 08 ‘itos Mouros debaixo do seu mandato e governanga (Livro do OrientadeDuarta Barbosa, 1516) ‘a qual se referu Camoes: Esta ‘apequena que habitamos/E em toda esta tora cera escala/ De todos 0s que as ondas nave- ‘gamos/ De Qurloa, de Mombaa de Sofala (Os Lusiadas, Cart Est. 54) : ‘Atravessard 0 oceano Indico com escala no porto de Mahé, nas thas Seychees e, pela se- ‘nda vez no su historia, onavio Visitara a nobre iha também de Taprobana e a cidade de Colombo, capital do Sri Lanka, ‘onde Lopo Soares de Albergaria, 3 governador da india, construiu Uma fortaleza om 1518, Navegaré depois na bala de Bengala, ao largo dos reinos de SSiéo e de Pegu, com rumo a Sin- apura, a qual povoagao foy ‘estruida por nos outras (Lio de ‘Marinharia de Jodo Lisboa, 1525) ‘ entrard pelo estreito de Malaca, ‘mas com precaugSo, porque pi- Toto que nao tenha ido a Malaca, ‘sou de parecer que néo naveque de noite, e querendo-o fazer seja ‘sempre com oprumona mo com ‘ito resguardo. E por todo este caminho se levaréo sempre as ancoras talingadas e prestes, a0 ‘p6 do mastro (Roteiro da Nave- \gagio e Crreira da india, Gaspar Ferreira Reiméo, 1612) Depois de Singapura, onavio entraré no mar da China, seguird para Macau e para alguns portos \do.Japio, ondenasce apratafina/ Que iiustrada sera como a lei divina (Os Lusiadas, Canto X, Est. 131), por forma a estar em Tane- ‘gashim a no cia 23 de Setembro de 1993. Nesse dia, segunda a gene- ralidade das fontes documentais PPortuguesas ejaponesas, passam ‘exactamente 450 anos sobre a data em que os primeiros por- tugueses desembarcaram na Praia de Nishimura Ko-ura, stuada na iha de Tanegashima. Foi 0 rimeiro encontro entre europeus japoneses e decorreu de forma ‘amistosa, provocando mutuas e ‘epetidas referéncias elogiosas: “ua gente que até agora temos conversado, 6amelhor que até agora estd descoberta @ no '9e achard outra que ganhe aos Japées" autor portugues, 1549). *.. e/ustamente por as Portu- gueses serem bons homens, {folgamos muito que eles venham 4s nossas terras, porque depois {que 0 mundo é mundo, néo vimos fal gente como sao os Portu- ueses” (autorjaponés, 1562). "Sagres" vsitard, ainda, To quio, Tokushima, Osaka, Sa- kai, Oita e Nagasaki, numa su- ‘gestiva peregrinagdo pelos por- {os da nau de prata e, apés mais do.um mésdepresenca emterras, ‘eaiquasjaponesas, drum adeus aMacau, Regressaré a0 ocean Indico © a0 estreito de Malaca, para vi- sitar a opulenta Malaca, que ilustrissimo Albuquerque con- Quistou em 1511, porque este ‘mundo de ca é mais rico, mais estimado que 0 mundo das Indias, porque a menor merca- doria de cd 6 oro, que menos se estima @ em Malaca tém por ‘mercadoria, e dai que quem for ‘Senhor de Malaca tem a mao na ‘garganta a Veneza (Suma Orien- {al de Tomé Pires, 1515). ‘Onavio navegara depois para Cochim, onde esta uma fortaleza ‘muito formosa, de redor da qual std uma grande povoagae de ortugueses e de cristdos na- turais da terra (Livro do Oriente de Duarte Barbosa, 1516) ‘Cochim um marco na his- teria da presenga portuguesa no Oriente tera a visita da “Sagres” passados 492 anos sobre a data ‘om que Pedro Alvares Cabral e Duarte Pacheco Pereira a chegaram pela primeira vez. \Vasco da Gama estabeleceu uma feitoria na cidade em 1502 @, no ‘ano seguinte, foi construida a fortaleza de Dom Manuel, a pri- meira fortaleza portuguesa no Oriente, que teve Duarte Pacheco Pereira como seu primeiro capi- tao-mor. Em 1605, Cochim tor- nou-se a sede do govemo por- tugués da India, nela se ins- talando D. Francisco de Almeida, © seu 1° vice-Rei. Em 1524 nela ‘morreu, e fol sepultado, Vasco da Gama, 0 forte Capitdéo/ Que a tamanhas empresas se oferece/ De soberbo ¢ altivo coragéo (Os Lusiadas, Canto|, Est 44), entéo exercendo os cargos de 6° (governador © 2° vice-Rel da inca, ‘A "Sagres" visitara também ‘Bombaim e depois Mormugao, 0 orto da foz do rio Zuarl, nas roximidades da ha iustrissima de Goa, que foi conquistada por ‘Afonso de Albuquerque em 25 de Novembro de 1510, @ qual vird depois a ser senhora/ De todo 0 Oriente, © sublimada/ com os triunfos de gente vencadora (Os Lusfadas, Canto Il, Est 51) Da fabuiosa india, “Sagres” avegaré para oeste, no caminho do Estreito, até ao mar Vermelho, ‘escalando 0 porto de Suez, que D. Joto de Castro descrevera a Partir dos elementos recolhidos ‘9m 27 de Abril de 1541, quando © seu navio esteve fundeado em fundo de areia mole e midi, de ‘muito boa tenga para navios (Roteiro do Mar Roxo, 1543), Depois atravessard o canal de ‘Suez, visitard Port Said e Tunis, © entrara no Tejo nos primeitos dias de Fevereiro de 1994, Longe vo 0s tempos em que ‘se sabia mais em um dia pelos Portugueses, de que se sabia em 100 anos pelos Romanos, © em que agora triunfam os Portugueses de todas aquelas partes, como absolutes senho- 188 de todo aquele mar e costas (Coléquies dos Simples ¢ Drogas, Garcia de Orta, 1563). Serao aproximadamente 9 meses e meio de viagem, com 200 dias de mar, em que o navio Visitara 25 portos de 14 paises. Em 11 desses paises néo deixard {de ser recordado que foram os ‘navios e marinheiros portugueses ue, nos séculos XV e XVI, antes de quaisquer outros, Ines levaram © conhecimento da Europa, ¢ doles trouxeram, para a Europa, Verdadeira noticia das suas ter- ras, gentes, culturas e saberes. {Que a viagem tenha bom exito! Costa ovis da Armada, AbnV93 - oo00orn a 56 | GASTRONOMIA ETRADICAO Com as descobertas dos séculos XV @ XVI, 0 Portugueses introduzem na Europa uma série {de géneros alimenticios. 'No grupo dos mais procurados e apreciados encontram-se as especiarias (coentro, pimenta, gengiore, agatréo e pimenta de Espanha), 0 cha, ‘.arroz @o anands, todos eles considerados entao ‘como sendo exdticos. Todos estes produtos vindos do Oriente no tiveram grande influéncia na gastronomia Portuguesa, mais naturalmente virada para 0 Atlantic. ‘A pesca, exercida ao longo da costa, fomece uma alimentagao variada: marisco, linguado, salmonete, carapau, peixe-espada e, sobretudo, «4 popularissima sardinha, assada e coberta de sl A caldeirada @ portuguesa resulta da escotha ¢ ‘preparacao dos mais saborosos peixes. ‘Obacalhau, outrora acessivel a qualquer um, ‘enobreceu-se; actuaimente, serve-se até nos ‘melhores restaurantes, AA gastronomia portuguesa caracteriza-se também, peta mistura de diversos tipes de cames ou entéo de cares ¢ ameijoas. ‘As cames de borrego, de cabrito e de leitéo ‘sdo bastante apreciadas. Nas sobremesas, so de assinalar as de origem conventual. Tém nomes sugestivos, evocadores da vida mondstica dos séculos XVII & XVIII: bariga-de-‘rera, toucinho do céu. No Algarve, a dogaria & base de ovos, _améndoas e figos 6 apreciadissima, ‘A carta de vinhos portugueses é notoriamente ‘regional: vinhos do Norte (vinho verde e vinhos do Dura): vinhos do Déo (Viseu); vinhos da Bairrada: vinhos do Alentejo (Planicies) uma vasta escolha ‘om redor de Lisboa (Colares, Setubal, Bucolas) "Na maior parte dos restaurantes, espaihados polo pals, o vstante poderd apreciar todos estes vinhos ‘com as especialidades gastronémicas. Terminamos este inventério com uma nota de ‘rescura: 0 borbulhante vinho verde é também um »roduto estrtamente regional (Costa Verde) ‘Dos apertvas destacamos © oslebre vinho do Porto — tito ou branco— especiaiidade de Vila ‘Nova de Gaia; 0 vinho da Madeira e 0 moscatel de Setibal e de Carcavelos. os vinhos do Porto @ da Madeira sao também utitzades na culinaria. ICEP — Direogo e InformagSo Terssica VINHOS PORTUGUESES DE QUALIDADE Classificacso de Cotheltas ‘Ans_Déo_arrada Colres Douro clas Alena REGIOES VITIVINICOLAS PORTUGUESAS ALGUNS CONSELHOS Garrateira — O acondicionamento do vinho deverd ser feito em local fresco € arejado, sem luz e longe de trepida- (Ses, com humidade relativa de cerca de 70%. A temperatura deveré rondar 08 10° C no caso dos brancos e vinhos verdes, e 08 16° C no caso dos tintos, devendo as garrafas dos vinhos de mesa estar deitadas © as dos vinhos gene- rosos em pé. ‘Acessérios e Técnicas — Ha varios ‘acessérios que poderdo ser utlizados na preparagao dos vinhos, sendo os mais ‘comuns a garrafa para escantar, 0 copo de prova, otermémetro eo indispensével saca-rolhas, que deverd ser escolhido de forma a nao deteriorar muito a rolha ‘quando da abertura. Removida a cé- Psula de estanho e limpo 0 gargalo, deve-se tirara rolha suavemente e sem agitar a garrafa, provando sempre o vinho antes de servi-io. Os tintos devem sser abertos cerca de duas horas antes de serem bebidos de forma a libertar os aromas “guardados em cativeiro” e servidos a temperatura de 14 a 18°C. Os brancos devem ser refrescados no Proprio dia de consumo e servidos de 8 ‘a 10°C. Ha copos especificas para cada tipo de vinho e sempre que o servir segure a garrafa pela base. ‘Acompanhar com 0 qué—Embora ‘nao haja regras rigidas, dependendo um Pouco dos gostos de cada um, os peixes mariscos sao normalmente acompa- nhados de vinho branco, maduro e ver- de, enquanto que a came acompa- ‘nhada por tinto, que também 6 um épti- mo acompanhante para o queijo. Os vinhos generosos so aconselhados no acompanhamento da docaria regional, desde os Moscatéis passando pelo Madeira até ao Porto, que também po- deré acompanhar um bom queljo. Es- colha os vinhos da sua preferéncia e aprecie-os bebendo com moderagao! oo00orga a OUTONO EM FARO Desde que, em 1596, foi atacada pelo conde Essex, muito Ihe aconteceu até se tornar capital do. Algarve. Esse passado deixou marcas nas velhas ruelas, nos monumentos, nas. igrejas Paulo Leote e Brito ALDEIA de pescadores drabes, original- ‘mente, foi longo 0 seu trajecto até se tornar Capital do Algarve. Ossénoba, Santa Maria de Garbe foram nomes que teve, antes do actual Hoje 6 0 facto de ser a capital do Algarve que realga a sua importancia, mas também temos que referir que Faro, pelo seu interesse histérico e cultural, tem tudo aquilo que pode interessar a um turista:a vila antiga recheada de monumentos, as ruas comerciais e a sua tranquilidade, ainda tazem o fascinio dos muitos que se deslocam & capital algarvia que, semelhanga da Fénix, renasceu das cinzas. No longinquo ano de 1596, Faro é atacada @ saqueada pelo conde Essex, que ateia um inc8ndio na retirada, devastando por com: Pleto, a entéo Ossénoba, Erecuperada, volta serimportante eres- peitada, até que oterramoto de 1755 .adestréi de novo mas, no ano seguinte, em jeito de ‘compensago foi escolhida para capital do Algarve. Em 1808 Junot ocupou a cidade. Anos mais tarde, esta foi palco de lutas entre mi- ‘uelistas e liberals, até que a paz eo sossego a tomaram uma das cidades mais tranquilas da regido algarvia, Historicamente, Faro é uma manta de re- talhos. Os vestigios de épocas remotas sao to variados quanto os povos que a habitaram 120 longo dos tempos. A parte historica da cidade esta escondida Perto da doca de recreio e, porisso, raramente ‘se ld vai por acaso. Sé mesmo aqueles que Procuram desvendar os seus mistérios deambulam por aquele antiquissimo piso de Pedra. As casas da area historica esto con- Servadas. Naquelas ruas estreitas, as janelas apresentam-se enfeitadas. A Grea comercial (setecentista) tem 0 seu onto maximo na rua de Santo Anténio. Faro 6 uma cidade bem apetrechada para as Compras que o visitante deseje fazer. Na liha de Faro, a cerca de seis quiléme- tros, encontra um extenso areal, o desejado ‘ocean e tamibém o remodemizado aeroporto, estrategicamente colocado fora da cidade. ‘Quando o Inverno se aproxima, sabe bem visitar Faro. Os contrastes ganham maior expresso e a tranqullidade convida ao descanso. poca, 16 Our. 1992 CONJUNTO B __ Tempo de Mudanga BLOCO6 aa Lele TEXTOS oem eee GRAMATICA eT ona DIALOGOS LUSOFONIA Ped TILISMC ROUPAS DE AUTOR Cléudia Lobo A, et Portuguesa sempre sofreu do estigma de ser s6 para alguns. AS lojas dos estilistas lisboetas ficam quase todas no Bairro Alto, a roupa & cara e parece pouco prética, Porém, esta ideia feita nunca abalou o sonho partilhado por muitos jovens: serem “designers” de moda. «Uma familia que nio tem um rocker e um estlista, nlo é familia portuguesa que se preze>, dizia Rui Reininho ‘nos anos 80. Hoje, a moda feita em Portugal deixou de ser exclusivo dos grupos de vanguarda. Feitas as contas, hd no pafs mais de 50 boutiques que vendem pecas com assinatura nacional — «, responde Manuel Alves, 39 anos, acusagao de praticarem pre- 0s elevados. Para as suas duas lojas, ambas no Bairro Alto, trabalham cinco ateliers de costura, uma modelista, uma cortadora e uma Ana Salazar — Invern 93 Foto: Antéio Moutiaho assistente, «A investigagdo a informagio necessérias para se poder fazer um trabalho de criagdo com consisténcia exige um investi- mento que de outra forma nao seria compor- Lével>, justfica José Ant6nio Tenente, 26 anos, investiu cerca de 20 mil contos para abrir, hi ts anos, 4 sua loja, na Travessa do Carmo, em Lisboa, no contando com o dinheiro que gastou na roupa. Péde fazé-lo porque os pais oajudaram. «O balango € bom: as vendas dupli firma, Gragas a um acordo com a fibrica Pinto 4e Oliveira, comercalizou uma linha de sapatos com o seu nome, dispontvel em virias lojas. Quanto & roupa, a sua meta é conseguir mais Pontos de venda, para além dos cinco que jé tem. Os primeiros estilistas portugueses apa- receram a meio da década de 80, na mesma altura em que surgiu uma nova geracdo de pintores. Ambos os grupos vinham de Belas- ‘Artes e cruzavam-se nas noites do Bairro Alto, na altura ainda reservado aos vanguardistas. No meio dessa agitacdo cultural, surgiram projectos ti irreverentes quanto disparatados, ‘deias to imaginativas quanto inconsequentes. Hoje, toda essa loucura passou—e poucos so aqueles que se tornaram realmente cria- dores de moda. Na transicdo dos anos 80 para os 90, es- gotou-se a imaginagao, a anarquia, a loucura Até as ireverentes Manobras de Maio, que se realizaram entre 1986 e 1988, e eram abertas toda a gente, foram substituidas pela profis- sional e restrita Moda Lisboa. UMCASO. ‘Ana Salazar, atingiu o topo da montanha, Uma loja em Paris, duas em Lisboa, mais 30 pontos de venda em Portugal ¢ outros tantos no estrangeito — de Téquio a Nova Torque. Foi a tinica criadora portuguesa que, a0 usar 0 nome no trabalho que faz, conseguiu trans- formé-lo numa verdadeira griffe. E também numa linha em série: além da roupa. Ana Salazar é também marca de dculos, atoalhados ¢ leng6is, perfumes e, inclusive, azulejos para avimentos e revestimentos. Para o ano, pensa Jangar uma linha de pronto-a-vestir com pregos mais acess(veis. De pioneira da moda em Portugal, Ana Salazar tomou-se numa espécie de Herman José do estilismo: faz de tudo, no tem problema em associar 0 seu nome a outro tipo de criagGes, nio tem bragos a medi para tanto trabalho e,financeiramente,a vida parece correr-Ihe bem. Mas sobre sentir-se recom pensada pelo seu trabalho em termos monet rios, esta mulher de 51 anos, que vive num Juxuoso apartamento nas Tomes das Amoreiras responde laconicamente «Fago 0 que gosto. E ainda bem que ha varias pessoas que também gostam.» * Com Ana Almeida, Ana Pereira daSilva e Paula Caren Visdo,t de Abi de 1993 61 ENTRE FATOS E FATIOTAS uuando nos perguntam qual a moda que 6 preferimos teremos alguma dificuldade em responder. Diremos provavelmente: —De- pende dos momentos. Umas vezes precisa- ‘mos de um fato, outras vezes de um vestido, outras ainda de umas caleas, de uma gabardi- ne, etc Mas a verdade & que qualquer que seja a ‘ocasido temos mesmo que vestir alguma coisa... Néo importa que tipo de fato: Pode serum fato de treino, um fato macaco, um fato de banho ou um cléssico fato de saia (ou calga) Contaram-me hé dias que, para uma festa de distribuigdo de prémios a profissionais de uma empresa, alguém comprou um vestido de 260 contos, espantosamente bonito, feito em seda nao sei muito bem de qué e assinado por um qualquer costureiro famoso. ‘Quando todos os premiados se encontraram para se dirigirem ao local marcado para a ceriménia viram surgir aquele vestido,¢ dentro dele alguém muito elegante que mal se con- seguia mexer.... Dificilmente reconheceram ‘que se tratava daquela colega com quem todos 6s dias costumavam conversar. Fez-se um siléncio ineémodo e, como tal, ninguém pare cia conseguir encontrar as palavras certas Allis, 0 mesmo parecia ter acontecido a0 «

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