ANO V Nº 20

Junho 09
Foto extraída do livro Il Brasile gli Italiani Edições
fraqueza ou ao Fanfula Milão 1906
desânimo,
sempre unido a
Giuseppe do
qual foi mais
que irmão, foi
amigo e pai ao
Antes da obra, os homens. mesmo tempo.

A ntonio Jannuzzi nasceu em Fuscaldo, Calábria, em Vendo, porém a

18 de junho de 1855, filho de Fioravante Jannuzzi e inutilidade dos
de Luigia de Seta. Assim que concluiu os estudos seus esforços
elementares seguiu o ofício do pai hábil mestre da arte da sem resultados,
construção. Com grande inclinação artística e com sua perdendo a fé
capacidade, após poucas lições sobre arquitetura recebidas no país que
de Battista Santoro, com a idade de 14 anos já desenhava havia escolhido
muito bem e p a r a s u a
estava em r e s i d ê n c i a ,
condições de abandonou o
atender aos U r u g u a i e
p r o j e t o s e dirigiu-se ao
d i r i g i r a s Rio de Janeiro, Irmãos Jannuzzi: 1 Antonio 2 Giusepe 3 Francesco 4 Michelangelo
construções onde parecia-
que o pai lhe lhe devesse brilhar, finalmente a estrela da fortuna.
confiava. Contrariando os desejos da família que lhe escrevia
Aos quinze solicitando que voltasse ao modesto conforto da casa
anos já era paterna, respondia à mãe, em afetuosa carta, prometendo
Palacete do conde Modesto Leal 1895 foto extraída do u m b o m que só retornaria à pátria quando uma cruz de cavalheiro lhe
livro Il Brasile gli Italiani Edições Fanfula, Milão 1906 m e s t r e - d e - adornasse o peito.
obras, conquistando fama na pequena aldeia onde morava, No Rio de Janeiro, pouco a pouco, a fada do sucesso
e isto já preconizava o esplêndido futuro que lhe era sorri aos irmãos Jannuzzi. De mestre-de-obras, Antônio
reservado. logo se tranforma em empreiteiro, suas obras começam a
Atraído pelas ilusões e pelo fascínio que o impor-se pelo gosto de arte revelado na pureza e na leveza
desconhecido exercia sobre seu temperamento audaz e das linhas da arquitetura italiana em contraposição as
desejoso de trabalhar por conta própria, consciente de suas pesadas construções portuguesas em voga naquele tempo.
habilidades e potencialidades, com apenas dezessete anos, O Engenheiro Januário Cândido de Oliveira, junto
em 1872, acompanhado do irmão Giuseppe, mais novo que ao qual os dois jovens Jannuzzi estavam empreendendo as
ele dois anos, e dos tios Moinho Fluminense 1887 foto extraída do livro Il Brasile gli Italiani suas primeiras lutas na vida
Giuseppe e Ignázio de Seta, Edições Fanfula Milão 1906 no Rio de Janeiro, foi seu
saiu da Itália e atravessou o primeiro protetor, tendo eles
Atlântico em busca de uma conquistado sua simpatia
nova sorte no Uruguai. graças a perícia demonstrada
Desembarcou em por Antonio ao dirigir as
Montevidéu, a graciosa construções a ele confiada,
“Coquete do Prata”, local a que resultou nos certificados
que se voltavam, naquele honoríficos concedidos por
tempo, os desejos e Oliveira que Antonio
esperanças de imigrantes. conservou e exibia com
A fortuna não lhe orgulho aos seus íntimos, aos
sorriu na bela cidade de quais agradava contar,
Montevidéu. Ali lutou dois evocando os primeiros
exaustivos anos no mal inebriamentos do merecido
recompensado trabalho de sucesso. Encorajados por
desbastador e polidor de mármores, suportando uma suas primeiras provas, já providos de um discreto pecúlio
odisséia de amargas desilusões, enquanto alimentava devido a sua atividade, inteligência, coragem e incansável
esperanças de dias melhores que a fé em si lhe apontava, trabalho, no ano de 1875, os irmãos Jannuzzi constituiram a
não longe sobre os horizontes da vida, não cedendo à firma Antonio Jannuzzi, Fratello e Cia., para trabalhos de
construção de edifícios, relevos, medições de terrenos, etc.
O primeiro trabalho que os irmãos Jannuzzi tiveram na sua
carreira de empreiteiros foi o plano inclinado para a
Palácio Rio Negro Petrópolis início da década de 1890 foto extraída do livro
Il Brasile gli Italiani Edições Fanfula Milão 1906
Ferrovia Funicular de Santa Tereza, inaugurado em 13 de
março de 1877 que ligava o Largo dos Guimarães em Santa
Teresa a rua Matacavalos (Riachuelo), no centro do Rio de
Janeiro, pela colina que se tornou moradia da elite das
famílias fluminenses e das colônias estrangeiras. Esta obra
é de uma perfeição e solidez a toda prova como atestam os
anos de funcionamento de um contínuo tráfego, nunca
interrompido.(texto de 1906). L e n t a m e n t e , m a s e m
constante ascenção, progrediram e conquistaram simpatia,
trabalho, proteção, opulência. Construíram o Ascensor de
Paula Mattos e um número incontável de casas, pequenas
vilas, fábricas, igrejas, hospitais etc., que aumentaram sua
fama e prosperidade. Em breve transcurso de tempo a firma
tinha a seu serviço algumas centenas de operários, todos
italianos, já que os irmão Jannuzzi sempre preferiram os
trabalhadores italianos a outros.
Em 1881, a firma, forte e segura, agigantou-se,
entregou-se resolutamente às grandes empreitadas e às
grandes construções. Estabeleceu seu escritório técnico,
agregou um escritório especial de arquitetura e Jannuzzi
começou a ver coroada da palma do triunfo a sua obra de
vários anos de firme e profícua vontade. De 1881 a 1884,
aos dois irmãos Jannuzzi se uniram outros dois, Francesco e
Camillo, e sua prosperidade aumentou ainda mais.
Antônio, o chefe do clã, foi sempre tido pelos irmãos como
um pai e tal foi realmente para eles. Sob sua direção e
guiados pela sua sagacidade de homem de negócios,
conhecedor agora de todas as sutilezas do especulador, de
todas as garantias de um bom construtor, de todos os
requintes de um ótimo arquiteto, sempre seguindo o
caminho reto da mais escrupulosa e exemplar honestidade.
Os irmãos Jannuzzi, uníssonos no querer, no trabalhar, no
sentir, no realizar, alcançaram logo o alto cimo do qual
jamais mudaram sua posição no caminho do sucesso.
Dores de família os golpearam: a jovem
esposa de Francesco encontrou morte
prematura quando nascia seu filho, em
02 de maio de 1885, ainda neste
Casa do Barão do Rio
Negro foto extraída
do livro Il Brasile
gli Italiani
Edições
Fanfula
Milão 1906
Ano morre Residência dos Jannuzzi, Rua Monte
Alegre, Santa Teresa foto extraída
Camilo. Uma do livro Il Brasile gli Italiani
menina de Edições Fanfula Milão
1906
Antônio, muito
nova ainda,
perdeu um olho
por imprudência
de um rapaz que
Jannuzzi havia
recolhido em sua
casa. Porém,
ainda naquele
tempo, foi contemplado pela alegria. Em 11 de junho de
1886, o rei da Itália, em justo reconhecimento pelos
serviços prestados à pátria por Antonio Jannuzzi, com o
bom nome conquistado no exterior, conferiu-lhe,
expontaneamente, a condecoração de Cavalheiro da Ordem
Eqüestre da Coroa da Itália. Realizava-se assim, uma das
promessas feitas por Antônio a sua mãe.
Em 1889 por uma concessão dada pelo Governo
Imperial brasileiro a Américo de Castro, os irmãos Jannuzzi
organizaram os planos e os projetos de uma ou mais vilas
operárias, do que surgiu a Companhia Evoneas
Fluminenses,
sociedade
anônima para a
construção de
casas higiênicas
para operários
proletários. Esta
sociedade
adquiriu dos
irmão Jannuzzi a
Casa de Eduardo P. Guinle r. Paisandu foto extraída do
livro il Brasile gli Italiani Edições Fanfula Milão 1906 sua firma, ativos
e passivos, pela
considerável soma de dois milhões de Liras italianas,
nomeando ao mesmo tempo, diretor técnico o cavalheiro
Antonio Jannuzzi, gerente o seu irmão Giuseppe Jannuzzi e
diretor administrativo Francesco Jannuzzi. O relatório
demonstrativo apresentado à direção da Evoneas por
Antonio Jannuzzi, antes de dar início às obras, constituiu-se
em um esplêndido trabalho e mostrou com quanto amor seu
autor era dedicado ao estudo da higiene. Quanto à parte
administrativa e econômica da empresa o quadro que ele
submeteu ao severo exame dos diretores da Evoneas foi
claro e conciso e mostrou o resultado de um capital gerador
de lucro liquido de 14%. A Evoneas Fluminenses teria, por
dados seguros, os resultados esperados por Antonio, se
acontecimentos inesperados, gravíssimos, e que duraram
longo tempo,(encilhamento) não tivessem empurrado para
o precipício todas as sociedades organizadas naquela época.
Marcenaria da Antonio Jannuzzi & Fratelo nas oficinas do morro da Viúva, local
onde em 1922 seria inaugurado o Hotel 7 de Setembro, hoje restaurado pela
UFRJ - Foto extraída do livro Il Brasile gli Italiani Edições Fanfula Milão 1906
 logo depois para doze milhões de liras, violando, nos seus
direitos, a Antonio Jannuzzi. Ele se desligou da Companhia
Evoneas em 22 de julho de 1892, perdendo o depósito feito
e outras somas no montante de 600.000 liras italianas.
Depois do abalo que o privou, em poucos meses, de
boa parte de seus ganhos de muitos anos, qualquer pessoa
seria tomada pelo desânimo. Os tempos começavam
calamitosos. A nova república surpreendida subitamente
diante de vários conflitos, mil dificuldades, culpava o
sistema tributário, diminuia as despesas, administrava o
desequilíbrio evidente com meios mais convenientes,
sendo o primeiro, entre outros, a desvalorização do papel
Postal de 1913 da Av. Central, o prédio à direita na esquina da r. São Bento de
Eduardo P. Guinle projetado e construído pela Jannuzzi & Fratello. moeda reduzido a um valor quase irrisório. Antonio não
In vasques 2002 pág. 84, extraído de A Arquitetura Residencial de Antonio sentiu enfraquecer o ânimo forte, lutou, refez a vida, senão
Jannuzzi Idéias e Realizações Dissertação de Mestrado em Arquitetura de
Bettina Zellner Grieco UFRJ/FAU 2005 do princípio, ao menos quase do princípio. Era conhecido,
conferia alta estima a seu valor pessoal, combateu,
A Evoneas, como as outras, cai sob o peso da
combateu obstinadamente e venceu mais uma vez.
fatalidade. E se não naufragou por inteiro a fortuna dos
A eles se juntou o mais jovem dos irmãos,
Jannuzzi, não deixou de ficar, todavia, sensivelmente
Michelangelo, um outro valor, uma outra vontade, uma
abalada. Foi realmente uma estrela má aquela que impeliu
grande ajuda. Reconstituiu-
os irmão Jannuzzi a deixarem Hotel Palace, vendo-se ao fundo à direita a fachada do theatro Phenix se a firma Antônio Jannuzzi,
foto de Augusto Malta
sua firma para se envolverem extraida do site Irmãos e Cia, cresceram,
com a Evoneas. Descobriram rio.fot abriram por conta própria o
tarde o passo falso dado e, www.rio.fot.br túnel de granito do Morro da
quando a Evoneas, depois de Viúva, fundaram uma
haver repetidamente violado oficina e serraria mecânica
o contrato, pretende ir para madeira da qual foi
demasiadamente além, os gerente Michelangelo,
irmãos Jannuzzi decidem encontraram novo alento e
perder tudo e desligar-se, de novas esperanças floriram
uma vez por todas, de um pela operosidade dos
vínculo que fora sua ruína. irmãos. Em 1897, também
Eis em poucas Giuseppe foi condecorado
palavras, as cláusulas com a Cruz de Cavalheiro da
principais do contrato dos Coroa da Itália.
Jannuzzi com a Companhia As construções
Evoneas e os motivos executadas pelos irmãos
imperiosos que obrigaram os Jannuzzi atendiam a todas as
irmãos a desligarem-se da mesma: 1 Pela soma de cerca de regras exigidas pela solidez, a elegância das formas, a
o

dois milhões de liras italianas a firma Jannuzzi cederá à ousadia da concepção, a justa medida das proporções e a
Companhia Evoneas o ativo e o passivo, garantindo a firma beleza do conjunto, demonstrando o bom gosto e o
Jannuzzi à Companhia Evoneas a soma de setenta e quatro profundo conhecimento da arte arquitetônica. Não se
contos de réis (200 mil liras italianas) como lucro dos limitou ao Rio de Janeiro a obra dos irmãos Jannuzzi. No
trabalhos em curso por conta da firma. 2 Antônio Jannuzzi ano de 1899, foram encarregados pelo governo do Estado
o

Escritórios da Jannuzzi e Cia na Av. Central será obrigado a prestar à
Foto extraída do livro Il Brasile gli Italiani
Edições Fanfula Milão 1906
do Amazonas, da construção do Hospital da Santa Casa de
Companhia Evoneas os Misericórdia, projeto grandioso, adequado em tudo às
s e u s s e r v i ç o s n a exigências mais modernas e rigorosamente científicas, que
qualidade de diretor teve como dificuldade extra a total inexistência de granito
técnico, pelo espaço de para construção no Cine-Theatro Phenix Dramatica 1915 foto de autor
seis anos, devendo, em e s t a d o d o desconhecido - in História das Ruas do Rio de
Brasil Gerson
garantia desta cláusula, Amazonas, sendo
depositar a soma de t o d o e l e
302.500 liras italianas. 3 transportado do
o

A Companhia Evoneas Rio de Janeiro,

garantirá a Antonio numa viagem de
Jannuzzi o estipêndio vinte e oito dias.
anual de 40.000 liras Quando, houve em
italianas e 5,5% sobre os 1 9 0 3 , o
juros do capital social de alargamento das
5 0 . 0 0 0 . 0 0 0 l i r a s vias do Rio de
italianas. A Companhia J a n e i r o ,
depois de algum tempo principalmente a
reduziu o capital social a b e r t u r a d a
de cinquenta milhões Avenida Central,
para vinte milhões e, hoje Rio Branco, os
 Vila Conde Alto Mearim foto extraida Mausoléu da família Jannuzzi foto
do livro Il Brasile Gli Italiani Edições i r m ã o s deixar de ser registrado, extraida do livro Il Brasile gli
Fanfula Milão 1906 Jannuzzi porque serve para dar uma Iitaliani Edições Fanfula Milão
1906
estavam justa idéia da nobreza de seu
entre as caráter, aconteceu durante o
primeira período da revolta que
empresas a irrompeu no Rio de Janeiro,
concorrer às em 06 de setembro de 1893, e
grandes que perdurou por mais de um
obras. Na ano. (Revolta da Armada). A
e n t ã o necessidade imperiosa de
Av e n i d a defender a República
Central haviam várias de suas construções, como o palacete obrigava o governo a uma
do Sr. Eduardo P. Guinle, o primeiro inaugurado naquela enérgica ação contra aqueles
nova avenida, a casa Ferreira Serpa, a Companhia Docas de que de alguma forma
Santos, cujo projeto arquitetônico foi elaborado pelo participavam da revolta. O
grande arquiteto Ramos de Azevedo de São Paulo, o Dr. José Carlos Rodrigues,
Palacete da Sra. Simonard, o do Sr. José Paranaguá e o redator-chefe e proprietário
próprio prédio da firma Antônio Jannuzzi & Fratello. do Jornal do Commércio, um
Podemos citar fora da Igreja Anglicana dos mais importantes da
avenida, o Moinho Praça Ferreira
Viana - Reforma América Latina e um dos primeiros do mundo, era
Fluminense, o Palacete do Foto extraida do investigado porque se suspeitava de suas relações com os
Conde Modesto Leal, na Livro Il Brasile gli
revoltosos. Foi procurado insistentemente em vários locais
Italiani Edições
Rua das Laranjeiras, a Fanfula Milão e, se tivesse sido pego, o teriam fuzilado sem consideração.
Igreja dos Ingleses na rua 1906 Durante treze meses esteve refugiado na casa de Jannuzzi,
Evaristo da Veiga, o por longo tempo foi obstinada a caça dada ao Dr. Rodrigues
palacete do Barão do Rio e suspeitando que Antonio o tivesse sob proteção o levaram
Negro na Rua Senador detido, mas diante da firma atitude deste, que não cedeu às
Dantas, o Palácio Rio pressões, o libertaram 24 horas depois. Porém se
Negro, hoje residência de conseguissem descobrir o Dr. Rodrigues em sua casa quem
Verão da Presidência da poderia justifica-lo ou garantir a sua vida naquele momento
República em Petrópolis e em que vigorava o estado de sítio, que suprimia todas as
o Obelisco no final da hoje garantias constitucionais e legitimava qualquer atitude por
Avenida Rio Branco, que parte do governo? Quem pode, portanto, não reconhecer o
foi uma oferta dos Irmãos alto valor moral de tal ação.
Jannuzzi ao povo do Rio Antonio Jannuzzi foi Sócio Vitalício do Clube dos
de Janeiro, quando da Engenheiros, fundador do SINDUSCON, Sindicato da
inauguração da Avenida Central. Na realidade foram mais Indústria da Construção Civil do Estado do Rio de Janeiro
de duas mil e quinhentas obras espalhadas em vários locais, da qual foi seu primeiro presidente com mandato de 1919 a
mas infelizmente poucas ainda restam de pé, e algumas já 1928. Representou por muitos anos a Maçonaria Italiana
bastante descaracterizadas. junto ao Grande Oriente do Brasil.
Às qualidades técnicas e administrativas que lhe No seu íntimo Jannuzzi era orgulhoso de si mesmo
adornam o intelecto, se reunem, em Antonio Jannuzzi, aos e, enumerando os sofrimento que passara, os perigos
dotes de índole leal e grande coração. Jamais uma enfrentados, as dificuldades superadas e os títulos
desventura, uma necessidade de socorro o encontrou surdo honoríficos conquistados, deveria, também, estar
às súplicas e com a carteira fechada, falam por ele os vários extremamente satisfeito com as vitórias obtidas por sua
beneficiados, prova-o a lista de subscrições para entidades e energia pessoal, contra a qual barreiras de despedaçaram.
Igreja Metodista do Catete 1885, Pça José de pessoas desventuradas Tradução do italiano de Lucy Giesta
Alencar foto Luiz Francisco 2005 às quais ele sempre Revisão e montagem de texto Luiz Francisco
tributou somas Casas de vila na Av. Barão de Mesquita 1911 foto Bruno Grieco 2002 extraída
relevantes. A Sociedade de A Arquitetura Residencial de Antonio Jannuzzi Idéias e Realizações
Dissertação de Mestrado em Arquitetura de Bettina Zellner Grieco
de Benficência Italiana UFRJ/FAU 2005
o teve por muitos anos fotoshop luiz francisco
como presidente, não se
conhece ação
desinteressada que
durante vinte anos, o
Cavalheiro Antonio
Jannuzzi não tenha feito
pela colônia. Todas as
vezes que seus
c o n c i d a d ã o s
precisaram dele,
sempre o encontraram.
Um fato que não deve

Antonio Jannuzi em Valença
A primeira vez que Antonio esteve em Valença foi
no início de agosto de 1908, em visita à família de Nicolao
Pentagna, com quem mantinha relações de amizade no Rio
de Janeiro. Foi recebido na Sociedade Italiana de
Beneficência, onde,
Igreja Presbiteriana 1923
Foto Luiz Francisco 2008 demonstrando mais
uma vez sua
generosidade e seu
espírito solidário,
doou à Sociedade, à
Santa Casa e aos
pobres de Valença a
quantia de seiscentos
mil réis. Em sua
r e u n i ã o
extraordinária de 17
de agosto de 1908, a
mesa diretora da
Santa Casa de
Misericórdia,
tomando ciência do
donativo de Jannuzzi,
delibera conferir ao
mesmo o Diploma de Irmão. Ainda no mês de agosto
daquele ano, adquire o belo palacete que pertencera ao
Visconde do Rio Preto, hoje Colégio Teodorico Fonseca,
investindo vultosa quantia em sua reforma, mas
preservando sua fachada original. Alí passa a ser a sua Villa
Adélia.
Como Estação Ferroviária 1914 foto
extraída do livro Valença de
amigo do Ontem e de Hoje Leoni Iório
diretor da edição eletrônica
Estrada de
Ferro Central
do Brasil, Dr.
Paulo de
Frontin, que no
Rio de Janeiro
havia sido
Engenheiro-
chefe das obras
de abertura da
Av. Central, e de Francisco Sá, Jannuzzi teve, certamente,
participação na encampação da União Valenciana e da Rio
das Flores que passaram a fazer parte da Rede de Viação
Fluminense. Após a encampação das ferrovias, o governo
instalou em Valença uma estrutura de oficinas com
manutenção e fabricação de componentes ferroviários,
sendo que coube a empresa de Jannuzzi a construção de
12º Depósito da Central do Brasil 1914 Foto Luiz Francisco
t o d o o
complexo
de prédios
e galpões,
destinados
a esse fim,
além da
casa do
engenheiro
na esquina
das ruas dr.
Figueiredo
c o m
Benjamim
Guimarães. 14º GRD Oficinas da Central do Brasil
1914 Foto Luiz Francisco
Tal estrutura
representa,
hoje, o maior
conjunto
arquitetônico
de valor
histórico e
cultural da
cidade de
Va l e n ç a .
Ainda naquela área, em 1913, junto com o empresário
Henrique Leuthold, funda a Companhia de Rendas e Tiras
Bordadas Dr. Frontin que levou este nome em homenagem a
seu grande amigo Dr. Paulo de Frontin.
Provedor da Santa Casa de Misericórdia 1912/1918
Por essa época andava em crise a Santa Casa de
Misericórdia. Em janeiro de 1911, Teodorico da Fonseca
convoca uma assembléia extraordinária para tratar da
reforma do compromisso da instituição. Tal reforma tinha
como objetivo principal eleger o Comendador Antonio
Jannuzzi provedor da Santa Casa, pois como evangélico
este não poderia ocupar tal posto, já que isto era vedado a
quem não
professasse a
fé católica.
Em 18 de
julho de 1912
a e n t ã o
instituição
católica
transforma-se
na sociedade
civil Casa de
Caridade de
Santa Casa de Misericórdia 1857 foto luiz Francisco 2004
Va l e n ç a ,
Antônio Jannuzzi é eleito provedor para o biênio
1912/1914, tendo como secretário José de Siqueira Silva da
Fonseca, sendo empossado à 21 de agosto de 1912.
Durante sua gestão como provedor da Santa casa, em 1914,
foi criada a comissão para conseguir material de rouparia
para o hospital com a participação de sua esposa Sra. Anna
Jannuzzi. Durante a reunião de 20 de junho de 1914, o Sr.
Frederico Sotto Garcia de la Vega enaltece os serviços do
provedor e comunica que a empresa Antonio Jannuzzi e Cia,
cedeu a instituição a quantia de 31 Contos de Réis, valor de
todo material fornecido para as obras do hospital.
Hotel Valenciano 1919 foto extraída
do livro História de Valença 1803
1924 de Luiz Damasceno Ferreira
2ª edição 1978
Editora Valença S.A.
O Secretário Grupo Escolar Casemiro de Abreu 1921 Foto de 1922 de
Daniel Ribeiro Álbum do RJ, Centenário da Independência
S r . J o s é de Clodomiro Vasconcelos
Fonseca
noticia a
oferta de um
rico tinteiro
de bronze,
p e l o
p r o v e d o r.
Em 13 de
agosto de
1 9 1 4
Jannuzzi é eleito para seu segundo mandato como provedor
e anuncia que os recursos não seriam regateados a
instituição e que considera inadiável a conclusão da
maternidade, que já tinha conseguido da Jannuzzi e Cia., o
fornecimento gratuito de todo o material. Na reunião
seguinte a Sra. Anna Jannuzzi doa oito camas, nove mesas e
acessórios, um biombo, uma mesa cirúrgica e um
sortimento de roupas para récem-nascido. Nessa reunião o
Secretário e amigo, José Fonseca comunica seu
afastamento da diretoria por motivos particulares e o
provedor Antonio Jannuzzi pede a diretoria que lhe seja
outorgado o título de Grande Benemérito, pelos serviços
prestados. São realizadas as obras de reforma do prédio e
dependências, mais obras novas e urgentes do prédio de
isolamento dos tuberculosos, despesas realizadas pela
empresa de Jannuzzi no valor de 81 Contos de Réis. Em 25
de junho de 1916 é novamente eleito para um terceiro
mandato que expiraria em 1918.
Outras Realizações em Valença
Em abril de 1909 a Antonio Jannuzzi e Cia adquire o
antigo casarão que pertencera ao Visconde de Pimentel, ao
lado do hoje Banco do Brasil, transferindo-o a Sociedade
Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. O prédio que se
encontrava inacabado foi concluído e melhorado as
expensas de Jannuzzi. Em 03 de abril de 1910 é inaugurado
como Primeiro
Te m p l o d a
I g r e j a
Presbiteriana
em Valença, que
neste ano
completa 100
a n o s d e
atividades na
cidade. E m
Fábrica de Rendas e Tiras Bordadas Dr. Frontin 1913 1 9 1 2 é
Foto Luiz Francisco 2004
encarregado,
pela direção da Central do Brasil da construção da nova
Estação Ferroviária de Valença, um dos mais belos da bitola
estreita, bem como dos prédios do 10º depósito, das
oficinas, e da casa do engenheiro localizada na esquina das
ruas Dr. Figueiredo com Benjamim Guimarães. Ainda em
1912 Jannuzzi adquire o antigo solar do Dr. Souza Nunes e
o aumenta consideravelmente, doando-o em seguida a
Sociedade Igreja Presbiteriana de Valença, que alí instalou
o Colégio Atheneu Valenciano, que mais tarde, em 1918, foi
tranferido para o Palacete de Jannuzzi na Praça Visconde do
Rio Preto, atual Escola Estadual Theodorico da Fonseca.
Mais uma vez a família Jannuzzi cede um imóvel seu para
uso da comunidade presbiteriana. Em 1913 é inaugurada a
Praça Dr. Frontin, no local onde fica as oficinas e a nova
estação da cidade de Valença, e mais uma vez Antônio
Jannuzzi lá estava tomando a iniciativa de homenagear o
grande engenheiro Paulo de Frontin que tantos benefícios
trouxe a cidade. No ano seguinte era inaugurada, com a
presença do Presidente da República Marechal Hermes da
Fonseca, a nova estação e as demais dependências da
Central do Brasil em nossa cidade. Porém não ficaria
somente nestes empreendimentos o Comendador Jannuzzi.
Em 1917 inicia a construção do Hotel Valenciano,
considerado por muitos, como o mais belo prédio de
Valença. Em estilo normando com acabamentos em
Mármore de Carrara, belas escadarias em madeira e com
instalações luxuosas o hotel foi inaugurado em 1919, em
alto estilo, Casa do Engenheiro-chefe da Central do Brasil 1914
foto Luiz Francisco
c o m u m 2004
banquete
oferecido a
e n t ã o
sociedade
industrial de
Va l e n ç a .
Durante
muitos anos
o hotel foi
local de
encontro da
elite valenciana. Entre 1920 e 1921, trabalhou ativamente
junto com o Dr. Hypolito Filho, então presidente da Câmara
de nosso município, para convencer ao governo do estado
da necessidade de se rever os valores para a construção do
Grupo Escolar. Depois de aprovado o orçamento a Empresa
Jannuzzi & Cia projetou e construiu o prédio do então
Grupo Escolar Casemiro de Abreu, hoje Colégio Estadual
Benjamim Guimarães. Reformou e construiu o segundo
pavimento do antigo quartel, hoje cadeia pública. Tanto o
prédio do Grupo Escolar quanto o da cadeia pública foram
inaugurados a 23 de abril de 1921 pelo Presidente do Estado
do Rio de Janeiro Dr. Raul de Morais Veiga.
Em 18 de março de 1923 foi consagrado o belo
prédio da Igreja Presbiteriana de Valença, o segundo templo
daquela comunidade evangélica e em termos arquitetônicos
um dos mais belos da região. Em estilo gótico lombardo,
seu interior é decorado por pinturas florais baseada em uma
mistura de argila com urucum.
Em Valença foi sua última obra, verdadeiro fecho de
ouro.
Pesquisa e texto de Luiz Francisco Moniz Figueira, Pesquisador e Guia de
Turismo, criador do projeto “Conhecendo Valença à Pé” e do Tributo aos 150
Anos de Nascimento de Antonio Jannuzzi.
Prédio de Eduardo P. Guinle na Av. Central Foto extraída do livro Il Brasile Gli
Italiani Edições Fanfula Milão 1906
 Antonio Jannuzzi em Valença Mapa: Luiz Francisco

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Complexo Ferroviário 1912/14

R .D
01 Estação - 02 Oficinas - 05/06 Depósitos

03 - Hotel Valenciano 1917/19

04 - Busto de Paulo de Frontin 1914
07 - Fábrica de Rendas 1913
08 - Casa do Engenheiro da Central 1912/1914
09 - II Igreja Presbiteriana 1921/1923
10 - Palacete do Visconde do R. Preto 1908
(Escola Estadual Theodorico Fonseca)
11 - Construção do Passeio
do Jardim de Cima 1920
12 - Armazem Vila Leonor
13 - Grupo Escolar Casemiro de Abreu 1921
(Cólegio Estadual Benjamim Guimarães)
14 - Cadeia 1921
15 - Santa Casa de Misericórdia 1912/18
16 - I Igreja Presbiteriana 1910 (lojas CEM)
17 - Busto em Homenagem a
Jannuzzi 1914 (Jardim de Baixo)
18 - Chácara Leonor
(Esquadrão Tenente Amaro)
19 - Chácara do Dr. Souza Nunes
1912 (FAA)
20 - Acionista da Cia. Industrial
de Valença 1911