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SANTA MARIA
2008
JANAÍNA OLDANI CASANOVA
SANTA MARIA
2008
JANAÍNA OLDANI CASANOVA
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________
Luciana Pellin Mielniczuk, Profª. Drª. (UFSM)
(Presidente/Orientadora)
________________________________________________________
Luciano Miranda, Prof. Dr. (UFSM / CESNORS)
________________________________________________________
Vivian Belochio, Profª. (UFSM)
AGRADECIMENTOS
Agradeço por todas as coisas boas que aconteceram nesses quatro anos e que fizeram com que
eu chegasse até aqui, sem pensar em desistir. Agradeço pelas coisas não tão boas, mas que
foram necessárias para o crescimento e aprendizado.
Agradeço por fazer parte da melhor turma, que não atendeu às previsões e seguiu unida até o
8º semestre. Por todas as alegrias partilhadas, por todas as piadas, fotos, praias (e muito,
muito mais). Alegrias que serão guardadas para sempre e foram fundamentais em todos os
momentos.
Agradeço por todos os estilos de música que me acompanharam nesses meses de leituras, de
impaciência com o computador problemático e na casa nova sem internet.
À minha família (pai, mãe, irmão, avôs, avós, tias, tios, primos, primas) que sempre me
incentivaram, acreditaram, confortaram e viveram junto comigo, sem deixar faltar o apoio e
carinho de todas as formas.
Agradeço à minha orientadora Luti, que me ‘orientou’ desde o 1º semestre, quando entrei
‘perdida’ no JORDI- o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Digital. Desde então, contei sempre
com o apoio e incentivo, desde as primeiras leituras em espanhol (época em que eu não tinha
nem e-mail) até à monitoria e agora à monografia.
Agradeço por todos os amigos que ajudaram, de alguma forma, neste trabalho.
Agradeço por confiar em Deus, que mostra o melhor caminho a seguir e nos dá força,
coragem e fé para continuarmos nossa caminhada a caminho do bem e de uma vida melhor.
RESUMO
O trabalho estuda o uso da imagem no jornalismo na web, partindo das mudanças ocorridas
com o processo da convergência jornalística. Leva-se em conta as relações entre as quatro
dimensões da convergência: tecnológica, profissional, empresarial e comunicativa. Detendo-
se na dimensão comunicativa ou de conteúdo, busca-se organizar os produtos multimídia e
audiovisuais, sistematizando esses dois conceitos e propondo um quadro sistemático de
audiovisual e multimídia. São abordados termos como webjornalismo audiovisual,
telejornalismo online, multimídia por justaposição e multimídia por integração, que são
explicados e exemplificados. A integração das mídias encontra soluções em produtos e
recursos de sites e portais. Infográficos, slideshows, hipervídeos e mashups são alguns
exemplos de como está acontecendo o uso da imagem na dimensão dos conteúdos
jornalísticos da web. Além disso, nota-se que características como a hipertextualidade e a
interatividade contribuem para novas possibilidades de tratamento dos recursos multimídia e
audiovisuais, provocando rupturas significativas no formato dos conteúdos, criando novas
funções e inserindo o leitor na narrativa.
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................9
2 A CONVERGÊNCIA.................................................................................................10
2.1 A RELAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES DIMENSÕES DA
CONVERGÊNCIA.......................................................................................................13
2.1.1 A dimensão comunicativa e a dimensão tecnológica...............................................15
2.1.2 A dimensão comunicativa e a dimensão profissional..............................................19
2.1.3 A dimensão comunicativa e dimensão empresarial ................................................20
2.2 CONVERGÊNCIA 3.0.................................................................................................22
3 CONTINUIDADES E RUPTURAS..........................................................................25
3.1 O INFOGRÁFICO COMO CONTINUIDADE...........................................................25
3.2 O INFOGRÁFICO COMO RUPTURA.......................................................................31
5 CONCLUSÃO......................................................................................................................56
REFERÊNCIAS......................................................................................................................59
5 CONCLUSÃO......................................................................................................................57
REFERÊNCIAS......................................................................................................................58
1 INTRODUÇÃO
“A convergência multimídia não deve ser entendida somente como uma gestão otimizada dos
recursos, mas também como a busca de produtos informativos qualitativamente melhores
através da cooperação entre os meios. Este é talvez o grande desafio.”
Ramón Salaverría
1
un proceso multidimensional que, facilitado por la implantación generalizada de las tecnologías digitales de
telecomunicación, afecta al ámbito tecnológico, empresarial, profesional y editorial de los medios de comunicación,
propiciando una integración de herramientas, espacios, métodos de trabajo y lenguajes anteriormente disgregados, de forma
que los periodistas elaboran contenidos que se distribuyen a través de múltiples plataformas, mediante los lenguajes propios
de cada una.
imprensa. A tecnologia digital trouxe uma reconfiguração profunda e abriu novos horizontes
ao trabalho jornalístico.
No começo dos anos 1990, as redações eram cadeias lineares de produção com um
objetivo único: publicar um jornal impresso todos os dias. Sem dúvida, a aparição
dos diários eletrônicos provocou mudanças rápidas nesse modelo. Até metade dessa
época, os diários começaram a oferecer um segundo jornal através da Internet, que
reproduzia mais ou menos literalmente os conteúdos do jornal impresso. Apenas
dois anos mais tarde, em 1997, os jornais viram a necessidade de criar redações
autônomas que elaboraram conteúdos específicos para a versão digital. Este
processo causou um progressivo distanciamento e ‘descoordenação’ entre as
redações que, desde dois ou três anos, está se tentando superar através da
implantação dos sistemas de gestão integrada dos conteúdos. (SALAVERRÍA,
2003, p. 2, tradução nossa).2
2
A comienzos de los años 1990, las redacciones de los periódicos eran cadenas lineales de producción con un objetivo único:
publicar un diario impreso todos los días. Sin embargo, la aparición de los diarios electrónicos provocó cambios rápidos en
ese modelo. Hacia mediados de la década, los diarios comenzaron a ofrecer un segundo periódico a través de Internet, que
reproducía más o menos literalmente los contenidos del periódico impreso. Apenas un par de años más tarde, hacia 1997, los
periódicos vieron la necesidad de crear redacciones autónomas que elaboraran contenidos específicos para la versión digital.
Este proceso causó un progresivo distanciamiento y descoordinación entre las redacciones que, desde hace dos o tres años, se
está intentando superar a través de la implantación de los sistemas de gestión integrada de los contenidos (Content
Management Systems).
3
Salaverría denomina, em 2007, a Dimensão Comunicativa também como dimensão de conteúdo.
1. capacidade para o trabalho em equipe (o jornalismo multimídia exige enormes
doses de comunicação interna),
2. familiaridade com as novas tecnologias,
3. agilidade para enfrentar a informação de última hora (muitas vezes os jornalistas
'do papel' carecem dos reflexos informativos que possuem, por exemplo, os
jornalistas de rádio ou de agência, e esses reflexos são vitais na rede), e
4. notáveis destrezas comunicativas, tanto textuais como audiovisuais.
(SALAVERRÍA, 2003, p. 10, tradução nossa). 4
4
1. capacidad para el trabajo en equipo (el periodismo multimedia exige enormes dosis de comunicación interna),
2. familiaridad con las nuevas tecnologías,
3. agilidad para enfrentarse a la información de última hora (a menudo los periodistas 'del papel' carecen de los reflejos
informativos que sí poseen por ejemplo los periodistas de radio o de agencia, y esos reflejos son vitales en la Red), y
4. notables destrezas comunicativas tanto textuales como audiovisuales.
5 O autor utiliza nessa citação o termo online, porém, utilizaremos o termo “webjornalismo”, pois é a palavra que melhor se
adequa ao jornalismo feito na e para a Internet, mais especificamente, na World Wide Web. Portanto, webjornalismo é o
jornalismo que utiliza as ferramentas da Internet para investigar e produzir conteúdos jornalísticos difundidos pela Web, e
que tem uma linguagem própria, composta por textos, sons, imagens e animações, conectados entre si através de links.
(CANAVILHAS, 2007). É importante explicar o porquê da utilização do “Webjornalismo” no trabalho, pois o próprio termo
já nos traz idéias das características e especificidades que serão abordadas. Continuando, vemos que Webjornalismo se
encaixa melhor do que Jornalismo online, que também é muito utilizado, pois “o termo ‘online’ conduz à idéia de conexão
em tempo real, ou seja, fluxo contínuo de informação e quase instantâneo. As possibilidades de acesso e transferência de
dados online utilizam-se, na maioria dos casos, de tecnologia digital. Porém, nem tudo o que é digital, é online. O
webjornalismo, por sua vez, refere-se a uma parte específica da internet, que disponibiliza interfaces gráficas de uma forma
bastante amigável. (Mielniczuk, 2003, p. 26).
2.1 A RELAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES DIMENSÕES DA CONVERGÊNCIA
Edo (2002) aponta que, a partir da década de 1990, o jornalismo digital oferece uma
mensagem unificada mediante uma linguagem própria, denominada de linguagem múltipla:
A nova linguagem, que ainda não está definida nem consolidada, é um dos grandes
desafios do jornalismo do século XXI. Deve incluir texto, áudio e vídeo, contar com
as possibilidades interativas da Internet e facilitar a atualização constante das
notícias de uma maneira atrativa para o público. Mas o certo é que ainda não existe
como tal, e que se darão muitos passos medianos antes que cheguemos a vê-lo feito
realidade. (Edo, 2002, p.8, tradução nossa).7
6
lenguajes periodísticos que anteriormente formaban parte de medios independientes (el lenguaje del periodismo escrito y el
lenguaje del periodismo televisivo) empiezan a hibridarse en un lenguaje periodístico multimedia que enriquecido, además,
por la hipertextualidad está desarrollando una nueva forma de expresión periodística a través de la Red. [Entrevista,
disponível na Internet]
7
El nuevo lenguaje, que todavía no está definido ni consolidado, es uno de los grandes retos del periodismo del siglo XXI.
Debe incluir texto, audio y vídeo, contar con las posibilidades interactivas de Internet y facilitar la actualización constante de
las noticias de una manera atractiva para el público. Pero lo cierto es que todavía no existe como tal, y que se darán muchos
pasos intermedios antes de que lleguemos a verlo hecho realidad.
uma mescla das linguagens exploradas durante o século XX pelos meios impressos e
audiovisuais” (SALAVERRÍA, 2008, p. 32, tradução nossa).8
Para melhor entendimento de como ocorre essa integração e o que está envolvido no
processo de convergência, vê-se como a dimensão comunicativa se relaciona com cada uma
das outras três: a tecnológica, a profissional e a empresarial.
considerou que o efeito de um novo meio é sempre a soma dos efeitos dos meios
antecedentes. Na Web, esse efeito somatório é reforçado pela sua multimidialidade,
a possibilidade de integrar diferentes tipos de conteúdos – vídeo, som, fotos, etc. –
em um só documento. Se pode dizer, sem medo de exagerar, que a Web é o meio
dos meios, por incorporar as características de todos os meios antecedentes,
somando-lhes além disso características únicas resultantes de sua natureza, como a
hipertextualidade e a interatividade, que permitem à recepção uma não-linearidade
na leitura dos conteúdos e um maior domínio sobre produto midiático. (McLuhan,
1968 apud CANAVILHAS, 2007, p. 97, tradução nossa).10
8 Los propios lenguajes periodísticos son ejemplo de convergencia: los contenidos multimedia que hoy caracterizan a las
formas más vanguardistas del periodismo son, en el fondo, una amalgama de los lenguajes explorados durante el siglo XX
por los medios impresos y audiovisuales
9
Las tecnologias digitales han multiplicado los soportes de consumo em manos del público, gracias a los ordenadores,
agendas electrónicas, teléfonos móviles y diversos dispositivos domóticos.
10
consideró que el efecto de un nuevo medio es siempre la suma de los efectos de los medios antecedentes. Em la Web, este
efecto sumatorio es reforzado por su multimedialidad, la posibilidad de integrar diferentes tipos de contenidos -vídeo, sonido,
fotos, etc.- en un sólo documento. Se puede decir, sin temor a exagerar, que la Web es el medio de los medios, por incorporar
las características de todos los medios antecedentes, sumándole además características únicas resultantes de su naturaleza,
como la hipertextualidad y la interactividad que permiten a la recepción una no linealidad en la lectura de los contenidos y un
mayor dominio sobre el producto mediático.
construir o pensamento e expressá-lo socialmente através de um conjunto integrado de meios,
através de um discurso áudio-tátil-verbo-moto-visual, sem hierarquias e sem a hegemonia de
um código sobre os demais. (RIBAS. 2004, p. 5).
Cabrera González (2000) denomina essa fase como “modelo multimídia”. Nela, as
publicações utilizam o máximo das características do meio, principalmente a interatividade,
os sons, imagens em movimento (vídeo), imagens estáticas (fotografias) e gráficos. Nesse
modelo, nota-se uma nova linguagem, pela integração de diferentes elementos multimídia no
texto.
Essas possibilidades são construídas a partir da convergência tecnológica, que
possibilita a integração dos meios em um único suporte, estabelecendo, assim, uma relação
direta da convergência comunicativa com a convergência tecnológica. 11 Além disso, “os
objetos digitais podem replicar-se sem maiores custos, têm a capacidade de se integrar com
certa facilidade em mais de um suporte e podem expandir-se com muita flexibilidade”.
(IGARZA, 2008, P. 40, tradução nossa).12
Tratando a respeito da relação entre a internet e os meios tradicionais, um fator que
aquela possui é o de possibilitar o uso de uma tecnologia comum, independentemente das
tecnologias utilizadas anteriormente fora dos meios virtuais. Todo o conteúdo da internet está
em formato digital.
11 Sabemos da existência de outro termo que se refere ao assunto: o crossmedia. Porém, não o utilizaremos no trabalho por
se tratar de um ângulo diferente do assunto em questão. Mas vale deixa a explicação. A idéia de crossmedia se aproxima do
conceito de convergência. A palavra crossmedia, em sua composição, remete a alguns significados, como cruzamento de
mídias, interseção ou mídias cruzadas. Apesar de não possuir uma definição formada, o conceito remete à ao uso de múltiplos
meios de comunicação para tornar o conteúdo mais acessível. (PATO, 2008). Célia Quico considera que crossmedia se define
como: “um produto e/ou serviço interactivo que envolve mais do que um médium, nomeadamente, televisão, telemóveis e
computadores pessoais.” (QUICO, 2003, p. 2) “Historicamente, o termo Crossmedia existe desde que as editoras
conseguiram publicar obras, que antes apenas existiam em formato de papel, em formato electrónico – veja-se por exemplo, o
caso das enciclopédias que incluíam formato digital em CD Rom. Hoje, com a crescente digitalização, é já dado como
adquirido, pelo o público, a existência de um formato na Internet da maior parte dos conteúdos que existem em papel.”
(PATO, 2008, p.4)
12
Los objetos digitales pueden replicarse sin mayores costos, tienen la capacidad de integrarse con cierta facilidad en más de
un contenedor y pueden expandirse con mucha flexibilidad.
13
Las viejas distinciones entre la tecnología necessaria para crear los contenidos y la que se usaba para llevarlos a su
destinatário – que constituían limitaciones cruciales para los patrones de consumo y la lógica empresarial de los diferentes
médios – se han visto sustituidas por un solo tipo de contenido: la información digitalizada, transmitida y recebida mediante
canales y tecnologias comunes.
Os conteúdos audiovisuais são um exemplo de como os avanços tecnológicos
contribuem para os produtos multimídia, pois antes eles eram vinculados especialmente à
televisão. Agora, têm tomado conta do computador, cuja tela está se convertendo no meio de
visualização predominante desses conteúdos. Igarza explica os motivos dessa mudança:
14
Durante mucho tiempo, los contenidos interactivos, multimedia y audiovisuales solo podían difundirse en la red a bajas
velocidades y con una calidad lejana a la calidad televisiva a la que el usuario medio estaba acostumbrado. Tres factores
modifican esta situación: la optimización de las tecnologias de procesamiento de la información y reproducción capacidad
de visualización de los contenidos), la extensión y optimización de las tecnologías de redes de alta velocidad (las conexiones
a Internet de mejor calidad se incrementan vertiginosamente), el costo de los factores tecnológicos se mantiene constante a
pesar de las mejoras.
15
El hecho de que puedan conectarse a la red con altas velocidades mediante tecnología de banda ancha les há facilitado la
tarea de recibir en línea contenidos audiovisuales que antes solo podían distribuirse por videocable.
Figura 1- Tela inicial Globo News.
16
Segundo Salaverría, “parece claro que estas nuevas dinámicas de convergencia están haciendo que el trabajo del periodista
sea cada vez más vertical o, lo que es lo mismo, que asuma mayor responsabilidad y protagonismo en el proceso de
producción informativa. Y ya sea por el camino de la multitarea o de la multiplataforma, es evidente que en el terreno
profesional encontramos una tercera dimensión de la convergencia multimedia”. (SALAVERRÍA, 2003).
atualizações, e contar as coisas com os meios audiovisuais, compartilhando toda a
informação”. (EDO, 2002, p. 110). 17
Além disso, no que se refere ao trabalho dos jornalistas na produção das notícias no
cenário convergente, afirma-se o seguinte:
A tecnologia digital favorece a integração de funções que antes estavam separadas no processo de produção
de informativos, pelo que os jornalistas assumem as tarefas de gravação e edição (até faz alguns anos
cada vez mais reduzidos, de maneira que alguns profissionais chegam a questionar-se sobre a própria função
menos redatores que buscam e geram notícias, e cada vez são mais os que se dedicam a elaborar o que se
17
“Es el periodismo multimedia, que exige escribir la noticia para la Red, com las correspondientes atualizaciones, y contar
las cosas com los médios audiovisuales, compartiendo toda la información...”.
18
La tecnología digital favorece la integración de funciones que antes estaban separadas en el proceso de producción de
informativos, por lo que los periodistas asumen las tareas de grabación y edición (hasta hace unos años separadas), y se
incrementa la automatización de tareas y servicios. El trabajo se divide en compartimentos cada vez más reducidos, de
manera que algunos profesionales llegan a cuestionarse su propia función de reporteros, porque se han convertido en
“empaquetadores de contenidos”, como señalábamos antes. Hay menos redactores que buscan y generan noticias, y cada vez
son más quienes se dedican a elaborar lo que se recibe de agencia o a través de otras fuentes.
O que ocorreu com as empresas informativas entre o início da década de 1990 e a
virada do milênio foi uma incessante busca por modelos estratégicos que alterassem
minimamente a estrutura da empresa, seus produtos e o seu processo operacional,
mas que, ao mesmo tempo, explorassem ao máximo as vantagens que a revolução
digital apresentava. (SAAD, 2003, p. 92).
Uma das idéias que surgiram e ainda estão sendo estudadas e implantadas é a do
multimedia desk, ou “redação única”, modelo estratégico utilizado pelas empresas. As
redações integradas estão, aos poucos, tomando espaço e geram mudanças no processo de
produção da informação. É um caminho proposto para a integração das mídias, pois “exige
uma nova postura em relação à construção de conteúdos, e a proposição de narrativas que,
conforme o tema e o suporte, explorem o melhor do texto, do som e da imagem, associados à
interatividade”. (Saad, 2003)
Salaverría, ao falar dos desafios da dimensão empresarial, conclui:
O principal desafio pendente é passar da simples integração gerencial das companhias de comunicação a uma
integração editorial dos diversos meios que compõem essas companhias. Não se trata de que os meios que se
ajustam ao grupo percam sua identidade e independência em respeito aos demais, mas que articulem canais
de comunicação interna adequados para potencializar no conjunto certas estratégias informativas e, deste
modo, para facilitar que cada meio se concentre naquilo em que está realmente especializado.
Com isso, vê-se que a dimensão empresarial, assim como as outras, influi diretamente
na dimensão comunicativa da convergência, como indica a seguinte afirmação:
19
El principal reto pendiente es pasar de la simple integración gerencial de las compañías de comunicación a una integración
editorial de los diversos medios que componen esas compañías. No se trata de que los medios que conforman el grupo
pierdan su identidad e independencia respecto de los demás, sino que articulen canales de comunicación interna adecuados
para potenciar en conjunto ciertas estrategias informativas y, asimismo, para facilitar que cada medio se concentre en aquello
Portanto, quanto mais profunda e clara a compreensão que a empresa tem do papel da
internet, mais será necessário explorar os recursos que a sua tecnologia oferece. E cada vez
mais a empresa deverá conhecer o ambiente tecnológico e estar atenta ao desenvolvimento ou
absorção de novas tecnologias que venham a ser úteis nas suas estratégias de comunicação.
Tem-se clara a idéia de pensar a convergência como um processo, algo que sempre
está se relacionando, em contínuo andamento. Até o momento, viu-se o fenômeno da
convergência em suas quatro dimensões: empresarial, tecnológica, profissional e
comunicativa. Agora, será abordada a evolução da convergência desde o seu início na
Internet. Igarza (2008) analisa esse processo e o distingue em três etapas, chegando ao
conceito da convergência 3.0. A figura a seguir, retirada do livro “Nuevos medios:
Estrategias de convergencia”, mostra a divisão em três fases: a Convergência 1.0, relacionada
diretamente à internet; a Convergência 2.0, com a internet como um metameio; e, finalmente,
a Convergência 3.0, que se refere ao momento atual, quando as potencialidades do meio são
exploradas de maneira eficaz, criando um conteúdo multimídia integrado.
20
La progresiva transformación de la web en un entorno audiovisual, con suficiente capacidad para que los usuarios accedan
a contenidos multimedia, plantea una serie de decisiones estratégicas para las empresas de comunicación. Los cibermedios
están reaccionando ante esta demanda y las producciones multimedia crecen en cantidad y calidad, por lo que es probable que
la división estricta entre texto, audio y vídeo tienda a desaparecer conforme la web aumente su enorme potencial multimedia.
Convergência 1.0 A convergência é a Internet
Vê-se, com a evolução da convergência, que a Internet tem tido um efeito nivelador
entre os meios. Uma das principais características da última etapa é o fato de as versões online
dos meios impressos incorporarem vídeos e áudios. Igarza completa: “os novos meios puros
(aqueles que têm surgido graças à Internet e que não têm uma representação off line) usam
iguais estratégias combinatórias. Todos são mais ou menos multimídias”. (IGARZA, 2008, p.
160). Na Internet, a combinação de conteúdos de natureza diferente (textos, imagens fixas ou
animadas, desenhos e gráficos, sons, vídeo) é utilizada por todos, em um formato digital
comum e de maneira simultânea.
No capítulo inicial, viu-se o conceito de convergência e delimitaram-se suas quatro
dimensões: empresarial, tecnológica, profissional e comunicativa. Deu-se atenção à dimensão
comunicativa, relacionando-a com as outras três. Concluiu-se a partir das idéias de Salaverría,
que a convergência é um processo em que todas as dimensões se relacionam entre si.
Partindo dos conceitos de convergência, em especial da dimensão comunicativa, no
próximo capítulo, será destacado o estudo das continuidades e rupturas que acontecem com o
uso dos recursos multimídia no jornalismo na web.
3 CONTINUIDADES E RUPTURAS
“E talvez a característica mais importante da multimídia seja que ela capta em seu domínio a
maioria das expressões culturais em toda a sua diversidade. Seu advento e equivalente ao fim
da separação e até da distinção entre mídia audiovisual e mídia impressa, cultura popular e
cultura erudita, entretenimento e informação, educação e persuasão”.
Manuel Castells.
A infografia traz a possibilidade de interagir com uma informação gráfica, que pode
combinar o movimento, o som, a fotografia, o vídeo e o texto, criando, assim, uma nova
forma de narrar o fato. É uma criação visual feita sob medida para um determinado conteúdo.
Essas características a afirmam como um novo gênero do jornalismo:
21
El área donde se detecta con más claridad esa evolución es, probablemente, la infografía. En apenas cinco años, desde 1998
hasta la actualidad, la infografía digital ha explorado formas periodísticas revolucionarias, que aprovechan cada vez más las
potencialidades del soporte digital. Las infografías de los medios digitales que hace tan sólo cinco años no eran más que
reproducciones estáticas de las que se elaboraban para el soporte impreso, hoy día se han convertido en depuradas piezas
periodísticas que integran textos, imágenes estáticas y dinámicas, 3D, sonidos y cada vez mayores dosis de interactividad. No
en vano las más recientes producciones de este tipo se han dado en llamar 'periodismo inmersivo', ya que no se limitan a
contar o a mostrar la información, sino que invitan al usuario a que experimente por sí mismo lo que se le desea transmitir.
22
En los medios tradicionales, la infografía se presenta como un complemento al texto, tanto em la prensa como en la
televisión. En la Web, la infografía puede funcionar como un complemento -cuando se abre desde un enlace en el texto, pero
puede funcionar también como una unidad informativa autónoma, compuesta por fotografías, vídeo, sonido y texto. Es esta
autonomia que la transforma en un nuevo gênero.
1) Integração: a tecnologia se combina com formas criativas para gerar novas
formas híbridas de expressão;
2) Interatividade: o usuário manipula e influencia diretamente em sua experiência
com os meios de comunicação, e através deles estabelece comunicação com os
demais.
3) Hipermidialiadade: a criação de um traçado próprio de interconexões entre os
componentes segundo a vontade do usuário.
4) Imersão: o usuário navega imerso entre formas e apresentações não lineares,
resultantes das estratégias estéticas e formais derivadas dos processos anteriores.
(IGARZA, 2008, p. 36, tradução nossa).23
Além disso, a chegada da Infografia nos cibermeios aconteceu por dois caminhos:
através do modelo mais antigo, desenvolvido pela imprensa escrita, e do mais recente e
dinâmico, criado pela televisão. A partir dessas duas fontes, a infografia adquiriu
características próprias na internet . Assim, já há um consenso em afirmar que a infografia
interativa - ou “infografia digital”, “infografia multimídia” ou “infografia online”
(SALAVERÍA, 2005) é um gênero específico e consolidado.
Ela é o gênero da vanguarda no uso da hipertextualidade, da multimidialidade e cada
vez mais da interatividade. O hipertexto é um elemento importante quando se fala dos
conteúdos multimídia, pois ele liga os diferentes conteúdos: imagens, sons, vídeos, desenhos.
E Salaverría explica: “Os infográficos interativos são altamente hipertextuais já que, de início,
se apresentam como hipertextos independentes com um alto nível de autonomia em respeito
ao cibermeio que os hospeda”. (SALAVERÍA, 2005, p. 167, tradução nossa).24
Quanto à multimidialidade e à interatividade,
23
1)Integración: la tecnologia se combina con formas creativas para generar nuevas formas híbridas de expresión;
2)Interactividad: el usuário manipula e influye directamente en su experiencia con los medios de comunicación, y a través de
3)Hipermedialidad: la creación de un traza propia de interconexiones entre los componentes según la voluntad del usuário;
4)Imnmersión: el usuário navega inmerso entre formas y presentaciones no lineales resultantes de las estrategias estéticas y
formales derivadas de los procesos anteriores.
24
Los infográficos interativos son altamente hipertextuales ya que, de entrada, se presentan como hipertextos independientes,
côn un alto nível de autonomía con respecto al cibermedio que los alberga. (...) los infográficos interactivos son hipertextos
en si mismos.
25
Los infográficos interativos también encabezan los avances del lenguaje ciberperiodístico en el ámbito de la
multimedialidad. Gracias a diversas aplicaciones informáticas, hoy día no solo es posible imprimir movimiento a los gráficos
y textos, sino tanbién combinarlos con sonidos. (...) La interactividad tanbién tiene reflejo en los inforgráficos, pero quizá no
Apesar de a interatividade no infográfico ainda estar em um nível inicial, sabe-se que a
possibilidade de mesclar essas três características: a hipertextualidade, a multimidialidade e a
interatividade, traz um diferencial, pois assim se permite unir diferentes meios, seja em
células independentes26, caracterizando uma continuidade, ou em células híbridas, como
rupturas.
Na figura a seguir, tem-se a idéia de “células informativas independentes”, que
aparecem no modelo de notícia hipertextual proposto por Mielniczuk (2003).
Cada quadrado representa uma célula informativa que pode se constituir em texto
escrito (triângulos cor de laranja), sons (círculos verdes) ou imagens (quadrado amarelo).
No exemplo a seguir, de uma infografia27 do site zerohora.com (www.zerohora.com),
do portal clicRBS pode-se ver um caso em que ocorre a continuidade, pois ela conjuga
elementos midiáticos já utilizados por outras mídias, mas em “células informativas
independentes”, como foi visto no modelo de notícia hipertextual.
Escolheu-se esse infográfico por ilustrar o modelo de notícia hipertextual e por trazer
diferentes aspectos da crise, sendo cada um deles explicado de uma maneira diferente, ora
utilizando gráficos, ora texto ou vídeo; e por estar relacionado às notícias que falam sobre o
assunto, seja na página principal do portal clicRBS ou do site zerohora.com.
Na imagem, pode-se ver seis diferentes “caminhos” para seguir no infográfico. Em
cada seção do menu, há textos e gráficos explicando cada uma delas – “História da crise”;
“Entenda a crise”; “Dicas para se orientar”; “Glossário da crise” e “Quantos castelos já
caíram”. Na seção “Entenda a crise”, a crise é explicada através de um gráfico em forma de
história em quadrinhos interativa.
Figura 6- Infográfico sobre a crise financeira – seção “Entenda a crise”.
A seção “Análise da crise” traz um vídeo e outros links que remetem a conteúdos do
próprio site, como notícias e colunas de opinião.
Figura 7- Infográfico sobre a crise financeira - Seção “Ánalise da crise” - opção “Vídeo”
28
A partir de este planteamiento, la integración de cada hipermedia en el modelo construido para esta investigación se hizo
de acuerdo con uma regla básica: el vídeo, sonido o infografía serían elementos internos de la noticia y no un simple
apéndice. Esta es, quizás, la innovación más importante en el modelo propuesto para la Web. En actualidad, muchas
publicaciones on line ofrecen vídeo y audio, pero siempre desintegrado del texto. En general, en paralelo con el texto existen
enlaces a vídeos o sonidos, pero se trata de noticias de televisión o de radio que simplemente se han convertido a un formato
digital, sin que su lenguaje haya sido adaptado al medio. En estos casos hablamos de una complementariedad de contenidos y
no de una integración, la condición necesaria para que se pueda hablar de un nuevo lenguaje. En esta investigación los
elementos hipermedia fueron preparados de tal forma que su integración en la noticia no resultara absolutamente esencial
para la comprensión de la noticia. El objetivo es que funcionen como um valor añadido, un elemento informativo que pueda
mejorar la percepción de comprensión y la satisfacción con la lectura, o sea, que permita al usuario percibir una gratificación
como resultado de su interactividad con el contenido.
Figura 8 – Célula informativa híbrida.
Na próxima parte, ainda se terá um texto inserido junto com o vídeo, para acrescentar
mais informações sobre o conteúdo do infográfico, que são as mudanças no gol do Inter. O
texto traz informações sobre o novo goleiro, e o vídeo mostra o seu trabalho em outros clubes.
O leitor tem a escolha de ler o texto, pausando o vídeo, ou somente assistir ao que está sendo
reproduzido, já que o vídeo começa quando a página em questão é acessada.
Os vídeos, por começarem automaticamente, são inseridos como o conteúdo principal
do infográfico, trazendo as informações e fatos que os leitores procuram ao acessá-lo.
“Já não restam imagens simples. [...] O mundo inteiro é demasiado para uma imagem.
Necessitamos várias delas, uma cadeia de imagens. [...]”
Godar
4.1 AUDIOVISUAL
Por outro lado, o fato de que no webjornalismo o vídeo se apresenta em uma janela
de pequenas dimensões, faz com que os subcódigos do jornalismo televisivo
percam, também importância ao ser menos visíveis e, conseqüentemente, menos
reconhecidos, ainda que integrados em contextos lingüísticos. A imagem em
movimento se apresenta nesse caso como um valor agregado à notícia e não como
um elemento autônomo. (CANAVILHAS, 2003, p. 57, tradução nossa).30
29
La espectacularidad característica de la televisión se pierde como resultado de que el vídeo tiene, tal como ocurre con el
audio, más bien un papel de interpretante del texto.
30
Por otra parte, el hecho de que en el webperiodismo el vídeo se presente en una ventana de pequeñas dimensiones, hace
que los subcódigos del periodismo televisivo pierdan también importancia al ser menos visibles y, consecuentemente, menos
O jornalismo audiovisual está tomando novas características na web, explorando os
recursos disponíveis e buscando novas maneiras de utilizar a imagem em movimento nos
conteúdos noticiosos. Em vários níveis, sabe-se que “junto à infografia e à fotografia, cada
vez mais presentes configurando galerias, os vídeos adquirem mais relevância nos
cibermeios”. (MASIP e MICÓ, 2008, p. 94, tradução nossa).31
Cabe lembrar que um clip de vídeo para uma informação que tenha como elemento
principal o texto não é o mesmo que uma notícia televisiva. A tendência natural na
internet consiste em incluir vídeos para legitimar o que diz o texto escrito, para
contextualizar os acontecimentos que se referem na notícia ou para mostrar um fato
difícil de descrever. (MASIP e MICÓ, 2008, p. 92, tradução nossa).32
Um exemplo do avanço do uso da imagem pode ser visto no site do El País. O jornal
digital lançou um formato inovador, criando uma seção de vídeos em alta definição “i-HD”. A
novidade não está no nível da informação, mas é um avanço na qualidade dos conteúdos
audiovisuais.
Inicialmente, o ELPAÍS.com disponibiliza uma galeria de vídeos com as estréias do
cinema e também uma reportagem que traz basicamente só imagem e música, mas com uma
qualidade de imagem nunca vista em um webjornal. Pode-se dizer que é um passo no
desenvolvimento dos conteúdos multimídia para a web. Veja na figura a seguir, na tela à
esquerda, onde é apresentada a primeira reportagem com imagem captada em alta definição:
reconocidos, aunque integrados en contextos lingüísticos. La imagen en movimiento se presenta en este caso como un valor
añadido a la noticia y no como un elemento autônomo.
31 Junto a la infografía y la fotografía, cada vez más presente configurando galerías, los vídeos adquieren más relevancia en
los cibermedios.
32 Cabe recordar que un clip de vídeo para una información que tenga como elemento principal el texto no es lo mismo que
una noticia televisiva. La tendencia actual en internet consiste en incluir vídeos para legitimar lo que dice el texto escrito,
para contextualizar los acontecimientos que se refiere en la noticia o para mostrar un hecho difícil de describir.
Figura 12- Reportagem de ELPAÍS.com, de 28/10/2008.
33
Todos los medios digitales (textos, imágenes fijas, la información del tiempo em vídeo o audio, las formas y los espacios
tridimensionales) comparten el mismo código digital, lo cual permite que tipos diferentes de médios se presentem por médio
de una sola máquina, el ordenador, que actúa como um dispositivo de presentación multimedia.
A diferença na atualidade é que as normas que terão que se desenvolver com as
novas redes digitais já não afetam somente a dois códigos, como ocorria com o
binômio de “texto-imagem” na imprensa e com o de “imagem-som” na televisão. A
tecnologia digital tem posto sobre a mesa o desafio de desenvolver novas
linguagens informativas que permitam integrar adequadamente três códigos - texto,
imagem e som ( e talvez mais no futuro, como já se tem dito) – que até agora, por
limitações tecnológicas, não havia sido possível coordenar adequadamente em um
34
produto informativo único. (SALAVERRÍA, 2001, p. 5, tradução nossa).
34
La diferencia en la actualidad es que las pautas que se han de desarrollar con las nuevas redes digitales ya no afectan sólo a
dos códigos, como ocurría con el binomio de "texto-imagen" en la prensa y con el de "imagen-sonido" en la televisión. La
tecnología digital ha puesto sobre la mesa el reto de desarrollar nuevos lenguajes informativos que permitan integrar
adecuadamente tres códigos texto, imagen y sonido (y quizá más en el futuro, como ya se ha dicho) , que hasta ahora,
por limitaciones tecnológicas, no había sido posible coordinar adecuadamente en un producto informativo único.
A autora ainda explica que, embora isso já pudesse ser encontrado na TV, a web tende
a potencializar as características da multimidialidade e da interação. Mas alerta: “Entretanto,
os elementos audiovisuais e a interação na produção dos conteúdos se apresentam apenas
enquanto potencialidades até a terceira fase do jornalismo na web”. (NOGUEIRA, 2005, P.
13).35 Após essa fase, já se pode pensar na idéia de rupturas, na qual falou-se anteriormente,
pois os conteúdos vão além do que já era produzido na TV, criando novas formas de explorar
as características.
A partir de estudos na web, a autora classificou o webjornalismo audiovisual em três
fases. A primeira fase, definida como contemplativa, abrange os produtos que somente
transferem o mesmo conteúdo audiovisual exibido em rede aberta de televisão para bancos de
dados da internet. Não há produção de material exclusivo para a internet, e a maior parte dos
textos destina-se a promover a programação televisiva.
Na segunda etapa, a participativa, estariam as emissoras que já produzem um conteúdo
exclusivo para a web, mas usam a internet apenas como um suporte para a transmissão – ao
vivo ou não – dos programas, que são produzidos ainda de acordo com a lógica da TV
convencional. Não são exploradas as “potencialidades oferecidas pela Internet ao jornalismo
desenvolvido para a web”. (PALACIOS, 2002).
Na terceira fase, as emissoras, além de produzirem conteúdos exclusivos para a
internet e de procurarem explorar os recursos de convergência, interatividade,
hipertextualidade e memória também oferecem a opção de personalização no que se refere à
ordem de exibição dos conteúdos. É chamada de fase laborativa, pois é o usuário que vai
precisar tomar as decisões e é dele que vai depender a montagem e veiculação da seqüência
de notícias.
Com base nestas observações, podemos dizer que quando o jornalismo audiovisual
35
A terceira fase do jornalismo na web é o estágio em que acontece o “surgimento de iniciativas tanto empresariais quanto
editoriais destinadas exclusivamente à internet” (PALACIOS, 2002, p.3). Mielniczuk (2003) fala que nessa fase os produtos
jornalísticos apresentam, entre outras coisas, recursos em multimídia, como sons e animações, que enriquecem a narrativa
jornalística.
A autora completa: “as notícias audiovisuais na web, portanto, trazem o diferencial da
convergência para fazer frente à popularidade alcançada pelo jornalismo televisivo”.
(NOGUEIRA, 2004, p. 8). E, completando a idéia, pode-se dizer que o jornalismo audiovisual
ganha aspectos positivos com as vantagens que a web proporciona:
apesar de ser mais indicado disponibilizar na rede matérias curtas – com duração
média de dois minutos para que o arquivo não fique muito pesado -, o limite de
espaço não existe. Os assuntos podem ser desdobrados em vários formatos que,
fato. Na televisão, a notícia tem que ser dada em segundos. Os telejornais têm um
outra dimensão e pode ser disponibilizada assim que o processo de edição for
4.1.3 O Hipervídeo
O hipervídeo vem sendo experimentado na web, ainda que seu nome não seja muito
usual. Esse produto é um exemplo da convergência entre TV e internet, pois explora códigos
audiovisuais advindos da televisão, que se juntam com elementos da web, como o hipertexto e
a interatividade.
O termo multimídia vem sendo usado desde antes do webjornalismo, pois ele não se
refere somente ao suporte digital. A própria origem da palavra remete a um significado
amplo: multimídia vem de “multi” – ‘numeroso’ e “media”, plural de meio - ‘meios’. Assim,
o significado de multimídia fica claro: é aquilo que se expressa, transmite ou percebe através
de vários meios.
A multimídia pode se referir à combinação de meios que acontece, independentemente
do computador, com outros suportes. Mas também tem referência à integração dos meios
digitais, que se definiu a partir do código digital e das possibilidades surgidas com o
webjornalismo.
Concordando com essa idéia, tem-se o estudo de Mark Deuze (2004), que faz uma
diferenciação e define a multimídia no jornalismo de dois modos: como o uso de
diferentes códigos na apresentação de uma mesma notícia e como o uso de diferentes meios
de comunicação. No primeiro modo, a apresentação das notícias num site é feita com o uso
de dois ou mais códigos, por exemplo, a palavra escrita, música, imagens paradas e em
movimento, animações gráficas, incluindo elementos hipertextuais e interativos.
No segundo modo, relativo ao uso de diferentes meios, o significado de multimídia se
refere à apresentação integrada, mas não necessariamente simultânea, das notícias através de
diferentes meios, como site, e-mail, SMS, rádio, televisão, revistas e jornais impressos.
Então, tem-se a diferenciação por ‘códigos’ e por ‘meios’, deixando mais claro o que
significa a multimídia em cada um dos casos. Mas é importante notar que Deuze, quando fala
de código, refere-se aos diferentes códigos dentro do suporte digital, ou seja, o código escrito,
o sonoro, o imagético.
E quanto ao código, há também a definição de Salaverría, que apresenta a
multimidialidade como a “capacidade, outorgada pelo suporte digital, de combinar em uma só
mensagem ao menos dois dos três seguintes elementos: texto, imagem e som”. (2005, p. 32).36
Para explicar melhor as diferenças da multimídia no âmbito da comunicação, há a
citação de Salaverría. O autor divide a multimídia em dois planos: plano comunicativo e plano
35
“Capacidad, otorgada por el soporte digital, de combinar en un sólo mensaje al menos dos de los tres siguientes elementos:
texto, imagen y sonido” (tradução nossa).
instrumental. O plano comunicativo se refere às linguagens; e o plano instrumental, aos
meios:
E para alcançar essa harmonização, os estudos apontam que é preciso observar certas
qualidades como a não-redundância excessiva entre as mensagens expressas através de cada
código. Na utilização dos produtos multimídia, a definição do formato mais adequado a
cada conteúdo evita as narrações duplicadas, que ocorrem quando o texto e a imagem, ou o
texto e o vídeo, ou o infográfico, repetem os mesmos conteúdos, e assim, não acrescentam
informações, deixando o conteúdo repetitivo.
Foram vistas, então, duas definições para a multimídia. No decorrer do estudo, o
significado que será utilizado é o da multimídia relacionada ao código, citada por Deuze e
Salaverría.
36
Así pues, cuando se habla de multimedia en el ámbito de la comunicación se alude a dos realidades: por un lado, a los
lenguajes, y por otro, a los medios. En el plano de los lenguajes o plano comunicativo, el adjetivo multimedia identifica a
aquellos mensajes informativos transmitidos, presentados o percibidos unitariamente a través de múltiples medios. En el
plano de los medios, que por concretar, denominaremos plano instrumental, multimedia equivale a los "múltiples
intermediarios" que pueden participar en la transmisión de un producto informativo (Xie, 2001), tanto si éste producto es
multimedia en el sentido comunicativo como si no lo es.
38
El mensaje multimedia, ya lo hemos dicho, debe ser un producto polifónico en el que se conjuguen contenidos expresados
en diversos códigos. Pero, además, debe ser unitario. El mensaje multimedia no se alcanza mediante la mera yuxtaposición de
códigos textuales y audiovisuales, sino a través de una integración armónica de esos códigos en un mensaje unitario. Un
producto informativo que sólo permita acceder a un texto, a un vídeo y a una grabación de sonido por separado no se puede
considerar propiamente como un mensaje multimedia; se trata simplemente de un conglomerado desintegrado de mensajes
informativos independientes.
Como um exemplo da multimídia que usa diferentes códigos, tem-se o modelo das
páginas iniciais de sites e portais, que já trazem conteúdos com diferentes códigos: fotos,
vídeos e texto. Veja na figura:
A página inicial dispõe textos em links para as notícias, e junto ao texto insere
fotografias e imagens para ilustrar as principais notícias da página inicial. O padrão do portal
clicRBS são duas fotos nas notícias gerais (seta 1), duas na editoria de esportes (seta 2), à
direita da tela; e uma no espaço da zerohora.com. (seta 3) As imagens não servem como
links, são usadas apenas como ilustração na página inicial.
Mais abaixo, há a seção de vídeos (seta 4). São seis vídeos, das principais notícias, que
aparecem na seção. Na página inicial, aparece a imagem em miniatura do vídeo que,
juntamente com o título da notícia, forma um link que remete ao vídeo, abrindo-o em uma
nova janela.
Esses são exemplos de como os vários códigos são dispostos e utilizados no site.
Nesse caso, eles são apresentados separadamente, em mensagens diferentes. Cada código
(fotografia, vídeo) é utilizado para ilustrar as manchetes da página inicial ou servir como link
para outro conteúdo multimídia.
39
Los enlaces a esos elementos pueden aparecer reunidos en una misma página Web, pero el consumo de cada uno de ellos –
es decir, su lectura, visionado o audición – sólo se puede realizar de manera independiente y, si acaso, consecutiva.
Já a multimidialidade por integração é descrita por Salaverría como aquela que, além
de reunir conteúdos em dois ou mais suportes, possui unidade comunicativa. “Quer dizer,
trata-se daquela multimidialidade que não se limita a justapor conteúdos textuais, icônicos
e/ou sonoros, mas que os articula em um discurso único e coerente”. (SALAVERRÍA, 2005,
p. 59, tradução nossa).40
A unidade comunicativa pode ser entendida como uma forma de “simbiose
lingüística”, descrita por Salaverría como, quando dois meios, por exemplo, a imagem e o
som, formam uma simbiose perfeita, sendo totalmente compreensível para quem recebe a
mensagem.
4.2.1.1 Infográfico
40 Es decir, se trata de aquella multimedialidad que no se limita a yuxtaponer contenidos textuales, icônicos y/o sonoros, sino
que los articula en un discurso único y coherente.
41
Como ya hemos explicado, una de las peculiaridades del lenguage ciberperiodístico es la capacidad de articular textos,
imágenes y sonidos en un único mensaje. Uno de los mayores retos lingüísticos del ciberperiodismo consiste, por tanto, en
alcanzar la unidad comunicativa en mensajes que contengan todos esos ingredientes lingüísticos; o sea, en realizar contenidos
multimedia integrados.
disso, a infografia multimídia pode utilizar convergência, interatividade, hipertextualidade e
memória.
4.2.1.2 Slideshow
O slideshow é comumente utilizado nos sites para apresentar uma seqüência de imagens ou
para narrar uma seqüência de fatos. As fotos são dispostas de diversas maneiras,
dependendo do site. Também há a possibilidade de conciliar imagens e sons. Nesse caso,
as imagens vão sendo passadas enquanto também transcorre o áudio, automaticamente,
caracterizando o slideshow narrado (MIELNICZUK, 2003).
No portal clicRBS e no site zerohora.com, pertencente ao portal, o slideshow é
utilizado como galeria para as fotos das principais notícias do site. No exemplo a seguir, tem-
se um slideshow com fotos enviadas pelos leitores da tragédia provocada pela chuva em Santa
Catarina, no mês de novembro. Há duas possibilidades de visualização das fotos: ou com o
slideshow em andamento (para isso é preciso acionar o comando para iniciar) ou com ele
pausado. Neste exemplo, o slideshow está em andamento, e aparece só a foto na tela.
4.2.1.3 Mashup
O termo mashup é utilizado para denominar um síte ou aplicação da Web que utiliza
conteúdo de mais de uma fonte de informação para criar um novo serviço em um único local.
Os mashups mais comuns envolvem mapas, mas há também mashups de vídeo, de fotos e de
pesquisa. Eles são considerados agregadores de conteúdos e podem utilizar banco de dados de
sites conhecidos, como o Google e Yahoo!.
Mashup é um termo que se popularizou para descrever sites que combinam
características e funções de um website com outro. O Our Signal é um mashup que junta
postagens do Digg, Reddit, Delicious e HackerNews, criando um agregador de notícias
filtradas pela Web 2.0. Veja o mashup na imagem a seguir:
Figura 21 - Our Signal (http://oursignal.com).
As notícias são todas expostas na tela, por ordem de importância. As mais lidas são
colocadas em letras maiores, e à esquerda da tela, e assim por diante. A notícia do canto
esquerdo, intitulada: “Bush grants pardons to 14” (indicada pela seta), é uma das mais lidas, e
está em destaque. Ao clicar nela, remete-se ao site de onde provém a notícia. No caso, o site é
o Yahoo! News, do portal Yahoo! dos Estados Unidos, já que o Our Signal é um mashup
americano.
Figura 22- Site do Yahoo!, que estava inserido como fonte no mashup.
A partir do que foi lido, sistematizado e organizado, nota-se que a discussão sobre
utilização de imagens no jornalismo na web é bastante complexa, por isso tentamos
organizar algumas categorias, que apresentamos no quadro a seguir:
- Cinema
- TV
à Telejornalismo online
à Hipervídeo
à Slide show
à Infográficos
ALMEIDA, Robson; Márdero Arellano, Miguel Angel. Impacto da tecnologia RSS nos
serviços de disseminação de informação. Disponível em: <http://eprints.rclis.org/13944/>.
Acesso em: 22. nov. 2008.
DEUZE, Mark. What is multimedia journalism? Published in: Journalism Studies, Volume
5, Issue 2, 2004, p. 139 – 152. Disponível em:
http://www.informaworld.com/index/YYAX9U6JH2HU1GXK.pdf. Acesso em: 28 jul. 2008.
DIZARD, Wilson Jr. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. 2. ed.
rev. e atualizada. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000.
MASIP, Pere e MICÓ, Josep Lluís. Recursos multimedia en los cibermedios españoles.
Análisis del uso del vídeo en El País.com, ElMundo.es, La Vanguardia.es y Libertad
Digital. In: Trípodos, número 23, Barcelona, 2008, p. 89-105.
SAAD, Beth. Estratégias para a mídia digital: Internet, informação e comunicação. São
Paulo: Editora Senac São Paulo, 2003.
SALAVERRÍA, Ramón. Los diarios frente al reto digital. Chasqui, 2007. Disponível em:
<http://chasqui.comunica.org/content/view/526/1/>. Acesso em: 22. nov. 2008