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“Title do orginal em ings ‘Metaisory: The Historia Inaglnation in Nintent- Century Exrope © 1973 the Joins opine Univerity Press ‘Sé61e pode esudar aul com que primero se sonhou BACHELARD A Pini do Fogo Parte IIt © REPUDIO DO “REALISMO” NA FILOSOFIA RIA DO FINAL DO SECULO XIX ©0 Renascimento da Filosofia da Hist6ria ica da Hist6ria no Modo Metonfmico Poética da Hist6ria no Modo Metaforico . . . 4. Croce: A Defesa Filosética da Hist6ria no Modo IrOnico . . Conelustio Bibliografia. - - Indice Remissivo . - . PREFAGIO ‘a € procedida ‘edemancira batho. Enquanto fem tempos passados. Além disso, digo eu, eles comportam um estrutural profundo que é em geral poético e, especificamente, lir ‘sua natureza, ¢ que faz as vezes do paradigmé {que deve ser uma explicagio ona como o elemento “met arquivo. ‘A terminologia que empreguei para caracterizar os di histérico es6 depois penctrar at6 o nivel mais profundo em que essas operagoes Rn mawen wre icas fundam suas sangoes pré-criticas implicitas. Ao contririo de outros listas da escritahist6rica, nfo suponho que a subestn do trabalho hist6rico consista nos conceit pelo historiador para dar a suas narra Acredito que tais conceitos compreendem o ni {que aparecem na “superficie” do texto e podem com relativa facilidade. Distingo, porém, trés tipos de estratégias que podem diferentes tipos de “impressio pode o historiador alcancar uma impressio 2.08 argumentos hé os modos do formismo, do Ranke, Tocque x, Nietzsche € C ‘A fim de correlacionar esses diferentes estos como elementos de uma \inica tradigio do pensamento hist6rico, fui forgado a postular um nivel 7 do de conscigncia no qual um pensador da histéria escolhe as e ato essencialmente podtico, em que prefigura 0 ‘como um dominio no qual € possivel teorias especificas que ulilizard para explicar “o que estava realmente aconte- cendo” nele. Esse ato de prefiguracio pode, por sua ver, assumir certo ntmero de formas cujos tipas so caracterizéveis pelos modos lingisticos em que estio vazados. Seguindo uma tradigio de interpretagio que remonta a Aristteles e que, 'ais recentemente, foi desenvolvido por Vico, pelos li MerAsTORA B Ieitores, explico na introdugio por que a empreguei c 0 que entendo por suas ceategorias.. Imente potticas presentes na que tenham sido € uma mescla de fas, conquanto recentes filésofos analiticos tenham conse~ 16 que ponto € posstvel considerar a hist6ria como uma Cada um desses modos de ‘abase para um protocolo lingifstico preciso com que prefigurar 0 campo gias especificas de interpretagao mestres reconhecides do pensamer ‘odor topolipicos qu thes inspira pin que © modo tropoligco dominante ¢ sev concomitante protocolo séoulo XIX (Hegel Mare gosno que asvezesse denomina’ Tocqueville e Burckhar. permancce implicito no: sistematicamente defendido nas obras dos grandes fi acidente o fato de que 0s principaisflésofos da hi “ haven worre trar: que, em qualquer campo de estudo ainda nio reduzido (ou clevado) a0 estatuto de verdadcira ciéncia, 0 pensamento permanece cativo do modo ico no qual procura apreender o contorno dos abjetos que povoam seu campo de percepeio. ‘As conclusdes gerais que extraio do meu estudo da cons citocentsta podem ser assim sumariadas 1) nfo pode haver* ulares usadas para dar aos relatos hist ‘io hé apodicticamente premissas se possa de forma legitima assentar uma just ‘modos € superior aos outros por ser mais: estamos irremediavelmente presos a uma escolha em geral; 6) para escolher uma perspec Ao apresentar magistrais do século XI pensamento deles repr 0 europeu na condigao lo XIX € que € as ver livada nos meios académicos. Isso, ercio cu, € o que ex lanto o torpor tebrico dos melhores representantes da moderna ica quanto as numerosas geral, que marcam a literatura Espera-se que o presente estudo el das rehelides por outro. de as razées desse torpor por um lado e Talvez nao passe despercebido que este mesmo livro esté varado num ‘ pessimismo de grande pa do pensar hist apenas uma dentre muitas posturas (rico, teré proporcionado alguns dos: mente desbravado o caminho ividade intelectual que € 20 ica, cientifica¢ filos6fica em suas preocupagdes ~ como foi durante a idade de ouro da hist6ria no século XIX. INTRODUGAO. APOETICA DA HISTORIA Este livro € uma hi XIX, mas também pretende contribu io 56 uma exposigao do desen- especifico de sua evolugao ‘modo de pensamento que durante todo o século XIX por historiadores, filésofos & t s mente dentro do contexto da suposigio de que era possivelIhes dar respostas inequivocas. ‘era considerada um modo especifico de existencia, a “con: ‘um modo preciso de pensa- ‘mento, ¢ 0 “conhecimento hist6rico” um domfnio auténomo no espectro das cigncias humanas e fisicas. dessas questies se = de Valéry & 1s ddvidas sobre o valor de uma jharam 0 caréter fieticio das dda hist6ria a um lugar wnericanos produviram 1 aren wane sobre a posigio epistemol Meu método 6, para diz META HISTORIA ‘numa s6 palavra, formal ‘mutuamente exclusivas, no s6 dos mesmos segmentos do processo histérico ‘mas também das tarefas da reflexdo historica. Consideradas purament outro lado, enquanto um hist de maneita lirica ou post META.msTORIA 2 A TEORIA DA OBRA HISTORICA ior arranjo dos eventos nos component ntecimento, que, segundo se pensa, josas sete anos depois”. Quando um dado conju digo de motives, o letor tem diante de si uma est insforma-se num processo diacrénico concluldo, a respeito vel entio fazer perguntas como se se estivesse lidando com uma ronica de relagies’. toemorspamncedaiagicare 2 avenue “As estrias historicas reconstituem as seqiiéncias de eventos que condu- zem dos inicios aos términos (provisérios) de processos sociais ¢ cultura, de tum modo que as erdnicas no so obrigadas a fazer. A rigor, as finais em aberto. Em principio nao tém inicios; smente “‘comegam” ‘quando 0 cronista passa a registrar os eventos, E no tém pontos culminantes rnem resolugdes; podem continuar indefinidamente. As est6rias, porém, tém tuma forma discernfvel (mesmo quando essa forma € a imagem de um estado de ‘e20s) que separa os eventos nelas contidos dos outros eventos que poderiam do “achado”, da centerradas nas erénicas; e que a diferenca entre ato de que 0 historiador “acha” suas est6rias, a0 passo que 0 ficcionista “nventa” as suas. Essa concepgdo da tarefa do historiador, porém, obscurece tence. A morte dorei pode ser um comeco, um final, ou simplesmente um evento -m trés estorias diferentes. Na crénica este evento esté simples- série; nio “funciona” como um elemen- 1s eventos da crdnica dentro de uma ir aos eventos fungdes diferentes como elementos da est6ria, de maneira a revelar a coeréncia formal de um conjunto ‘completo de eventos como tum processo compreensivel, com principio, meio e fim discerniveis. ‘O arranjo de eventos selecionados da crdnica no interior de uma est6ria ‘de questdes que 0 historiador deve prever e responder no curso trugdo de sua narrativa. As questOes sao desta ordem: “Que aconteceu depois?” “Como isso aconteceu?” “Por que as coisas aconteceram desse modo “Em que deu no final tudo isso?” Essas perguntas determinam iador empregar na construcéo de sua es entre dois eventos, que os 1,devem scr diferenciadas de perguntas de outro ” Essas perguntas| ficadas” ou “descober ‘maneiras, Chamo essas maneiras de explicago po ; ‘explicagao por argumentagio e explicagdo por implicagio ideol6gica. EXPLICACAO POR ELABORAGAO DE ENREDO » de uma estéria através da identificagao da modatidade deestbria que foi contada é0 qu‘ explicagio por elaboracio de enredo. ddeu a estrutura de enredo de uma 3 $e a estruturou como uma comédia, cle a “explicou” de outra mar laboragio de enredo € a via pela qual luma seqléncia de eventos modelados numa estéria gradativamente se revela est6ria de um tipo determinado. rego indicada por Northrop Frye em seu Anatomy of ‘pelo menos quatro modos de elaboragéo de enredo: a cst6ria romanesca, a tragédia, a comédia c a sétira. Pode haver outros, como 0 Epico, € € provavel que um determina vavadas num modo como aspectos ou fases do conjunto inte postas em enredo de outro modo. Mas um historiador qualquer 6 forgado a por {Em enredo todo o conjunto de est6rias que compoem sua narrativa,enredo que ‘assume uma forma de est6ria abrangente ou arquetipica. Por exemplo, Michelet ‘vazou todas as suas hist6rias no modo romanesco, Ranke vazou as suas no modo comico, Tocqueville utilizou o modo tragico ¢ Bi est jea de enredo parece ser a forma i importante € que toda hist de ser postaem enredo de: (0s prinefpios formais pelos quais: cde Burckhardt pode ser identificada como uma’ 6: Exou concen de que emprezarterminoog ¢a lsiiaao dee OF se opie orgs tae ecg x sre deo aera © fo Pano Poe Taber 0s » mawweN WHITE Acest6ria romanesca 6 fundamentalmente um drama de auto-identifica- scendéncia éltima do homem sobre 0 mundo em que foi aprisionado pela ‘oposto desse drama romanesco , drama dominado pelo temor de 1do, ¢ ndo seu senhor, ¢ pelo daredengio; ¢ gue o homem & reconhecimento de que, em lise, a consciéneia e a vontade humanas so sempre inadequadas je sobrepujar em definitive a forca obscura da morte, que 6 0 vel do homem. ‘menos parcial, da condigdo da Queda, ede alivio provi fem que os homens se acham neste mundo. Mas ‘concebidas dessemelhantemente nos arqu6tipos miticos de iveis do que aquele que incitou otrdgico agon ni Todavia, a queda do protagonista c 0 abalo do mundo que ele hak ‘no final da pega trdgica nio sio considerados ameagadores para aqucles que Sobrevivem & prova agénica, Para os espectadores da luta houve uma aquisigio cde conhecimento E pensa-se que essa aquisigao consiste na ¢ regedora da existéncia humana que a pugna vigorosa do protagonista co .gbes que acontecem no final da comédia ddos homens com os homens, dos homens com seu mundo ¢ sua socied: {ormss mis coneaconi como 0 conto de adatom 3 aol poli por va ad, ou como esa say 1951970 (New Haven Loney 1971) 9p. 244 % nawwen wane ‘quatro formas arquetipicas de estoria oferecem-nos um meio de ‘as diferentes modali ‘pode buscar no nivel da elaboragao do enredo narr ‘diacronicas, ou processionais Tocques ‘predominante como a principal senso de continuidade estrutt do processo hist6rico: ‘Atragédia © o interesse daqueles hi de eventos contidos ns anesca ¢ a comédia sublinham turas arquetipicas de enredo ‘cognitivas pelas quais o historiador ‘procura “explicar” o que estava {o qual ela proporciona uma imagem de sua verdadcira forma. conclusio na qual por necessidade logica. A mais famosa dessas chamada {cdo entre a Superestrutura e a Bi afirma que, sempre que houver qualqi a META.ISTORA ” generalizagies, aparecendo nur rigorosamente enunciada, poderiam se (© ponto importante € que, na explanagées pelas quais as configur texplicadas mais ou menos naforma de um argumento’ .gdes devem ser distinguidas da impressio ‘maneira como ele pos em enredo sntos enquanto elementos de uma matriz sas do ‘operacées investigativas do do outro, Admitimos que uma ‘que aconteceu como aconte verbal, na forma de uma nat vimento que condur de wma = HAYDEN WoT invocar para explicar uma dac Soman ov esp parecem avancar por forca dos acor mgads de temposem tempos los ‘membros das comunidades estabclecidas de cientistas, conta como problema ci jos como provas numa (8 historiadores no matureza protocientifica da empresa historiogréfica, mas ¢ importante ter em mente essa (ou fata de concordancia) congénita sobre 0 que importa como icagio especificame histéricos. Pois isso significa que as © basear-se em diferentes pressupostos m ‘campo hist6rico, pressupostos que gera cexplicagoes que podem ser usadas na an As disputas historiogrficas no nivel d disputas sobre a “verdadeira” naturcza da em permanece no estado de anarquia concep! as diversas epistemologias por elas gera- das. Assim, também as disputas sobre 0 que a “hist6ria” deve ser refletem de i das concepgdes daquilo em que deve consistir uma correta nas pginas dos resenhadores dos periddicos espe questionar a erudigio ou exatido de um determinado tipos de questées que afloram quando dois ou mais espe: ddamente igual rudigio e refinamento te6rico, chegam a interpretagoes alter- natvas, ainda que nao por forga mutuamente exclusiva, do mesmo conju i posta a perguntas como “Qual é a * O que se subentende aqui, em pelo diferentes concepgées da natureza da jaque um relat hist6rico,considerado ‘como argumentaga de Stephen C. Pepper em seu World Hypotheses, diferenciei quatro paradigmas da forma que se pode conceber que assuma uma oy argumento discursivo: formista organicsta, mecanicistae context ET MErAIsTORA » ‘A teoria formista da verdade tem em mira a id ticas impares dos abjetos que povoam o campo his wo das caracteris- ‘campo. Quando 0 historiador estabelece a do campo ou a variedade dos tipos de fendmenos que 0 campo manifesta, ornece uma explicagao formista do campo como tal. ‘modo formista de explicagio encontra-se em Herder, Carlyle, Michelet, nos historiadores romanescos ¢ nos grand ie semelhanga de Carlyle que a caracterizou como biografias”, Mas, nas concepgdes formistas da a unicidade dos diversos agentes, agéncias © atos que por explicar€ fundamental para as investigagbes, endo 40 naven wore Para sar ostermos de Pepper, 0 formismo é essenci estratégia explicativa formista tenda a ser ampla quanto ao “alcar nas espécies de particularidades que identifica como ocupantes do campo hist6rico -, suas generalizagies acerca dos processos discernidos no campo propendem a carecer de “preciso” conceptual. Os histori e, na verdade, os “historiadores narrativos” em geral, truir, em torno da totalidade do campo histérico rocessos, generalizagdes tdo extensas que tém pouquissimo sigGes que podem ser confirmadas ou desconfirmadas pelo emprego de dados cempiricos. Mas tais. ‘gencralizagies com 0 fulgor de suas reconstrugdes de determinados agentes, agéncias c atos representados em suas narratvas. tenderdaserregido pelodesejo d de processos que se agregam em ‘mente diferentes da soma de suas partes. Os hi dessa estratégia de e ““macionalistas” das dé ‘Treitschke, Stubbs, ‘maior do que a de qualquer das entidades no curso da narrativa, Osiidealistasem gral, es pensadores dialéticos como Hegel emespecial, representam esse modo de abordar © problema da explicagio dos processos discernidas no campo historico, Merausron a ‘Sem dévida, como observa Pepper, 0 historiadores que lidam com esse ‘modo estario mais interessados em caracterizar 0 processo integrativo do que ‘em descrever seus clement € 0 que dé aos argumentos vvazadas nesse modo seu cardt is modo tende a orientar-se para a determinagio d ‘se presume que propendem todos os processos encontrados no campo hist6rico, jor como Ranke, esté claro, resi inagio para especificar qual poderia ser 0 elos de se contentar co cestrutur que {fim iitimo de todo 0 processo hist6rico s6 Spae ser vislumbrada, sustenta Ranke, numa vi josa. E assim aobra de Ranke pode ser considerada um exemplo de um: afia composta num modo especificamente formista. Mas, ainda que Ranke prime pela descrigéo de eventos em sua particularidade, suas narrativas devem a estrutura © coeréncia formal como expl processos por ele descritos antes de tudo ao fato de recorrerem ido que deve ser uma adequada ex implantado na consciéncia do proprio Ranke como ps do que deve ser toda e qualquer explicagio valida de todo e qualquer processo presente no tGgias organicistas de © rico, quando o termo “leis 12 ou da biologia darwiniana. O organicista rincipios” ou das “idéias” que informam os processos individuais percebidos no campo e de todos os processos tomados globalmente. Esses prinefpios ou idéias so vistos como formadores de imagens ou prefigu- agentes ou agéncias causais, salvo em historiadores de {e-mistica ou teol6gica, caso em que so geralmente designios de Deus para Sua criagio. De fato, para 0 or rincipios cidéias funcionam nao como restrigdes a capacidade humana de ia, como éde supor que -canicistas, mas como 1 embora precise destacar 10 um todo para que possa apreender o sentido do processohist6rico, o organicista ndo extraiasvariedades de conclusées pessimistas que o mecanicista rigoroso tende a extrair de suas istéria funcionam no pensamento Fiadores de uma liberdade humana essencial. As objetivo, mas pre “agentes” que povoam 0 campo his cexira-historicas que tém suas origens na “cena” dentro da ‘al se deenola a 2 ‘maven wane “agdo” descrita na narrativa, A teoria mecanicista da explicagio apéia-se na ‘busca das leis causais que determinam 0s resultados de processos: nocampo hist6rico. O que se supe que habitam 0 campo hist6rico si0 ;pretados como existentes na modalidade de relagoes de parte com parte, ‘cujas configuragSes especificas so determinadas pelas leis que se presume ‘governarem suas interagies. Assim, um mecanicista como Buckle, Taine, Marx ‘ou, como indicarei, mesmo Tocqueville, estuda a historia a fim de predizer as leis que de fato governam suas operagies e escreve a historia a fim de expor ‘numa forma narrativa os efeitos dessas lcs. A compreensio das natureza especifica podem ser mais ou menos conspicuas na representagi ucestava acontecendo” no processo hist6rico num determinado ‘copatogar, nvestigagd realizam na busca de tais leis, seu relato é ameacado pela mesma tendéncia para a abstracdo que a do organicista, Ele considera as entidades individuais menos importantes como testemunho do que as classes de fendmenos a que se pode demonstrar que pertencem; mas essas classes, por sua vez, sio menos importantes para cle do ues que segundose presume, sas regularidades manifestam. Em altima icagio 56 ¢ considerada completa quando de presumir, governam la isica governam a natureza. Entao apli tornar suas configurages compreenstve historiador como Tocqu: , de um costume, de uma le, due regem a histria € a determinagio de sua certamente por Buckle, Marx e Taine ~ menos impo esstrutura social e © processo que regem 0 curso da his ‘operagdes eles atestam. Obviamente, se bem que sejam caracterizadas pela precisio conceptual, as concepeses mecani de falta de alcance congéneres organi De uma perspectiva formista, mecanicismo e organi- sdutivos” da variedade e do colorido das entidades dua presentes no campo historico. Mas, para restaurar a 0 buscar refigio numa concepgio tao “impres- da explicagio representa uma concepga significagio de eventos perecbidos no campo hi Appressuposigio informadora do ser explicados ao serem postos dentro ‘ocorreram como ocorreram hé de ser explicado pela revelagao das relagoes especificas que tém com outros eventos ocorrentes em seu espago hist6rico 19 6 que os eventos podem jesua ocorréncia, Por que METAMISTORU a circundante. Aqui, como no formismo, 0 campo hist6rico € apreendido como ‘um “espetdculo” ou uma tapecaria de rica textura que & primeira vista parece carecer de coerén quer estrutura fundamental discernivel. Mas, a0 formista, que tende simplesmente a considerar as entidades em laridade e unicidade - isto, sua similaridade com, e diferenca de, outras entidades no campo ~, 0 contextualist rno campo pode ser explicado pela especificagao das int cxistentes entre os agentes © agéncias que ocupavam 0 campo num dado momento. fo dessa inter-relagdo funcional é levada a cabo por uma suns filésofos modernos, como W. H. Walsh ¢ Isaiah Berlin, ivo da explicagao € identificar smo principio domins ‘sono século XIX na obra de Jacob Burckhardt. Comoest © contextualismo procura evitar tanto a tendénci formismo quanto as tendénci ‘he oxupam provincas interpretadas como equivalentes 3s leis universais de causa ¢ efeito postuladas, i ios teleolégicos gerais postulados pelo organi- pretadas como cxistido em tempos lugares especticos,cujascausas primeira, finale J nunca podem ser conhecidas. ‘contextualista avanca, di ‘quolquer) elemento do campo! tio amplo como “a Revolugao Fr ue vai ser explicado a di icados, estendidos para fora, ;cU 0 evento, ¢ estendidos para trés no tempo, para a frente no tempo, a fim de “impact © 0s eventos subseqientes. Essa ‘no ponto em que os “fios” ou desaparecem no “‘contexto” de “convergem” para provocar a ocorréncia de algum ” ‘HAYDEN WHITE processo, cortes feitos, para o modo estrutur hipétese contextualista do mundo. E se o historiador que ‘contextualismo agregar os fodos que estudou numa visio todo oprocesso hist6rico deve —rumo ou a uma redugio me ime regé-los ou a um: fpios” que se presume revelem o“elos para o qual tende todo pprocesso ao cabo de um longo percurso. ‘Certamente qualquer tum desses quatro modelos de explicago poderia istorica para oferecer alguma coisa que se parecesse eventos descrit ue aparecem tendén do oficio, como em Ranke € Tocque META.nIsTORIA as Esté claro que jd se disse que a historia s6 pode libertar-se do 5 da metafisica através da exclusio dos modos de explic cexporia a verdat supriria oconhecimento necessario para desalj 10. Ka R Popes, The over Hitec (Londres, 961 pp. 55 MEAMISTORA ” 6 aren wore de piilégio e poder. £ dointerese dos grupos dominantes, afrmam cultivar uma concepgio da hstria em que s6 0s eventos individuals s com se0s contextos das hip6teses, se pe porque tais concepgies da natureza respectivamente com as preconcepgies “individualistas” dos ppreconcepgSes “hierdrquicas” dos “conservadores” ias supramencionadas ndo slo. O apocalip- velagio divina, 0 dde um chefe carismético. E, embora se empenhem em polémi tantes de outras posigdes, 0s porta-vozes desses pontos de do mundo presente aquele mundo passado. mento predetermina os ber para mudar esse presente ov a vigente, EXPLICACAO POR IMPLICAGAO IDEOLOGICA Penamente inte eave nos Pe unin O qe singel oo romano és clement nvidia eng an dehlidade J un sara prea Et ee men ps Asdimensdesideol6gicas de um relato hist6rico refletem o clemento crn jor de uma postura pessoal cago compromete-as tacitamente ue invocam a mesma autoridade. 3rado proceso hist6rico ou domodo de exp! fado como uma fungio da ‘gbes ideolégicas especificamente ‘As quatro posigées ideol6gi damente caracterizadas nos segui ‘desconfiados de transformagées programstica do status quo socal, enquanto (06 liberais, radicais e anarquistas sio relativamente menos desconfiados de tmudanca em geral e, analogamente, sio menos ou mais otimistas acerca das perspectivas de transformagdesnipidas da ordem social. Como observa Man- ‘heim, os conservadores tendem a ver a mudanga social através da analogia das, ‘gradualizagies botdnicas, a0 passo que os liberais (pelo menos 0s liberais do século XIX) dispiem-se a vé-la através da analogia dos ajustes, ou “sintonias fundamental da sociedade € s6lida ¢ que alguma mudanga 6 inevitével, mas acre ‘que a prépria mudanca € mais eficaz quando se modificam deter- rinadas partes da totalidade, aoinvés dese alterarem asrelacdes extuturais. Os radicaise anarquistas, noentanto, acreditam na necessidade de transformagies locidade das mudancas imaginadas, os conservadores insis- natural”, enquanto os Uberais a (© que se poderia portanto mais preocupados com o provimento dos meios de dangas. Isso:nos conduza uma consideragio das diferentes orientagSestemporais das vias ideologias. De acordo com Mannheim, os conservadoresestdo pre- cia delas para a “congruéncia social” de um lado do outro. O conservantismo é o mais “socialmente. 06 em termos relativos. O anarquismo € o mais ‘em termos cognitivamente responsiveis, le da mudanga social desejévele os meios social exstente que explica suas intuigoes dos abjetos do campo histérico num amp! todo 0 processo, No meu modo de ver, ndo existem premissas extra-idcologicas que per- ‘mitam arbitrar entre as conflitantes concepgdes do processo histérico ¢ do ia. Pois, jf que sungio de uma ago cognitiva delas do que outra sem prejulgar 0 problema do que deve ser uma ‘camente histérica ou social. Certamente durante o século XIX a concepeao aclamada de cincia era representada pelo mecanicismo. Mas 0s tebricos sociais dferiam entre si A questao da legitimidade de uma cifncia mecanicista da sociedadeee dal contestualista de explicagio con longo do século XIX em virtude. squagio do mecanicismo como 1 preocupado, portanto, em cl produzidas pelo séeulo XIX em| 2s com uma ou outra das posigées ideolégicas ‘em que foram escritas. Penso que o momento ético de uma obra historica se reflete no modo de podem combinar-se para gam ser puramente descriti- ica da est6ria que pos em articulagdo do enredo. Em e ‘HAYDEN WHT so aquelas que concebo como caracteristicas da obra de um Spengler de um lado ¢ de um Marx do outro. O modo mecanicista de explicacio € usado por de argumento so que Ranke combinagao. Burckhardt cra um contextualista; dava a entender que 0s histo- MErA.nIsTORUA ° sentacéo impressionist. Sua Civilzagdo do Renascimento, por exemplo, & convencionalmente encarada como desprovida de “est6ria” ou de qualquer “inka narrativa”. Na verdade, o modo narrativo em que foi vazada 6 oda sitira, tipos de cocréncias formais da est6ria romanesca, da ra de qualquer esforgo por parte de seu pdblico de usar a hist6ria como meio de compreender 0 mundo atual em termos outros que nao 0s conservadores. O -de modes de elaboragio fas os diversos modos de ideol6gica no podem ser indiscriminadamente combinados numa determinada obra. Por exemplo, um “ aeoen ware cenredo cdmico néo é compattvel uma i radical néo € compal dizer, fs cletivas entre 08 alcangar umaimpressio exp afinidades eletivas baseiam-se nas homologiasestruturais que se podem di nir entre os possiveis modos de elaboragio de enredo, argumentagio © cago ideologica. As afinidades podem ser graficamente representadas assim: ‘Modo de Elaboracao ‘Modo de ‘Modo de Implicacio cde Enredo Argumentagdo Taeoldgica Romaneseo Formista ‘Anarguista “Trdgico Mecanicista Radical ‘Comico Organicita CConservador Satitico Contextualista Liberal CConvém ndo tomar essas afinidades como combinagées necessérias dos modos num determinado historiador. Pelo contrério, a tensio dialética que caracteriza a obra de todo historiador magistral geralmente surge de um afa de ‘liar um modo de elaboragio de enredo com um modo de argumentagéo ou de Jmplicagao ideolégica que € incompativel com cle. Por exemplo, como irci mostrar, Michelet tentou combitfar um enredo romanesco ¢ um argumento formista com: logia que 6 explicitamente liberal. Assim também Burck- hardt empregou um enredo satirico ¢ um argumento contextual ‘uma postura ideol6gica que ¢ explicitamente conservador jondria. Hegel elaborou seu enredo da historia rocésmico ¢ cBmico no macrocésmi ‘um modo de argumentacio que € orgar de inferir implicagées ideologicas radi sua obra. Mas, em todos os 380s, a tensio di contexto de uma visio coerente ou imagem ‘campo histérico. Isso confere & concepgao que o hi aspecto de uma totalidade coerente. E essa coeréncia ¢ cor seus atributos est os. O problema aqui reside em dete éncia, A meu ver, esses fundamentos sio is ou conservadoras de uma’ se desenvolve dentro do da forma da totalidade do ‘como objeto de percepeao mental. Esse Jem que o campo € preparado para METAHISTORIA 6 cespécies distintas de fendmenos. Além: ‘mantenham certos tipos de relagSes umas com as outras, cuj das nos niveis de enredo e argume Em outras palavras, 0 historiador defor it defrontaria uma nova lingua. io 0“problema” que seré resolvido pelas' o da na icos do campo. S6 enti significam determinadas configuragées de elementos ou transformagoes de suas, relagées. Em suma, o problema do historiador € construir um protocolo lingiis- tico, preenchido com as dimensées léxicas, gramaticais, sintticas por meio do qual iré caracterizar o campo, e os elementos nele contidos, seus prOprias termos (¢ néo nos termos em que vem rotulados nos documentos) assim preparé-los para a oferecerd deles em sua narrativa, Por sua vez, esse protoct ceptual seré- em virtude de sua natureza essencialmente pref torizavel em fungio do modo tropolégico dominante em que -rem modelos verbais, ou fcones, de segmentos 8 do processo historico, Mas tais modelos so necessdrios porque 0 regi .presenta uma imagem no equivoca da estrutura dos feventos nele atestados, A fim de imaginar “o que realmente aconteceu” 0 “que realmente aconteceu” no passado. Mas € consti pode tratar como possivel obj ‘0s objetos que povoam aq\ podem manter entre si. N o historiador cria seu objeto de andl avoen woe A TEORIA DOS TROPOS “ Haven wore prefigurativamente Nametéfora Por exemplo, a expressio adequacio da rosa como repre semelhanca entre dois objetos apesar de a expressio fosse entendida como ut toma como acgacio implica do que ¢exiciameste firm expressio metont- META HISTOR ° ccontrério, sugere-se que 0s “navios” so em certo sentido identificéveis com aquela parte deles mesmos sem 2 qual no podem operar. Nameton{mia 0s fendmenos soimplicitamente apreendidos como tendo relagdes entre si na modalidade dos relacionamentos de parte com parte, com ‘base na qual se pode efetuar uma reducdo de uma das partes & condigao de um aspecto ou fungao da outra. Apreender qualquer conjunto dado de fendmenos ‘como existente na modalidade de relagdes de parte com parte (ndo, como na metéfora, relagées objeto-objeto) ¢ impor a0 pensamento a tarefa de distinguir entre aquelas partes que sao representativas do todo e aquelas que slo simples- ‘mente aspectos dele. Assim, por exemplo, a expressio “o estrondo do trovlo” 4 metonimica. Nessa expressio todo o processo pe Pela metonimia, portanto, eres smulancamente istinguir entre dois fendmenos ¢ reduzir um & condi ‘como assinalaram Vico, Hegel ¢ Nietzsche, 0 mundo fenoménico porns ser povoado por uma profuséo de agentes ¢ agéncias que se presume Inds dele. Uma vez que 0 mundo dos fendmenos € separado em duas. ser (agentes ¢ causas de um lado, atos e efeitos do outro), aconsciéncia primitiva € presenteada, por meios puramente lingifsticos apenas, com as categorias cconceptuais (agentes, causas, cessencialmente extrinseca que se presume caracterizar as ‘duas ordens de fendmenos em todas as redugdes metonimicas pode, por sing doque, ser interpretada a a i maneira de uma integragdo dentro de um todo que te da soma das partes e do qual as partes so apenas simbolizada pel no se destina a tado como designando dental. O termo “cor 2 ‘HAYDEN WOT uma parte da anatomia cujafungdo pode serutilizada para caracteriz {do corpo todo, como em “cinglenta velas” para “cingiienta navios Contriro, deverd ser interpretado como simbolo de uma qualidade que € SSracteritica do individuo todo, considerado como uma combinacio de ele- i todos os quais partcipam dessa qualidade na tmodalidade de uma relagio microcésmico-macrocosmica. “Assim, na expressio “Ele € todo coragéo”, uma sinédoque se superpie a ‘uma metonfmnia. Se fosse tomada em sentido literal, a expresso seria absurda. Lida metonimicamente, seria redutiva, considerando que apenas implicaria © navios”, denome design > (generosidade, compaixao etc.) que enche ¢ co tidas as partes que a compGem. Como metonimia, sugere uma rlacéo entre as ‘arias partes do corpo que deve ser entendida no plano da fungéo central do ‘oragdo entre aquelas partes. Como sinédoque, porém, a expresso sugere uma {elagio entre as partes do individuo, considerado como uma combinacio de “Tribatosfsios e espirtuais, que 6 de natureza qualitativa¢ da qual todas 2s partes participam. Consideramos supridos pela prépriafinguagem, das operagSes pelasquais a coms prefigurer reas da experiéncia que sio cognitivamente problema Posteriormente submeté-las a andlise e explicagio. Isto é, no Fngistico, o pensamento se abastece de possves pa explicagéo. A metifora € representacional no sentido em que formismo, A metoaimia éredutiva amancit sta enquantoasinédoque C integrativa como 0 60 organicismo. A nciona a prefiguracio do {ropos até agora cxaminados como paradigmas, cia pode jvizantes” nas suas intengBes. 1ente a negaco do que no Pressupée que o leitor ou forma, Assim, a expressio proferida num certo tom de voz. ou num contexto em que a pessoa designada dbviamente ndo possui as qualidades que Ihe so atributdas pelo uso dessa figurada, A ironia pressupse da realidade, de onde se ndo figurada do mundo da experinca. cia em que se reconh ainda que néo tanto em sua apreenséo do processo do mundo como. ‘apreensao da capacidade da linguagem para obscurecer mais do que em qualquer ato de figuracao verbal. Otropo da modo de pensamento que é radicalm dada caracterizagio do mundo da experiénc de captar adequadamente a verdade das c: ico em que 0 ceticismo no pensamento € 0 adigma da significativo. 2 navoen ware natureza da realidade social através da ciéncia ou da arte. AS FASES DA CONSCIENCIA HISTORICA DO SECULO XIX A teoria dos tropos proporciona um meio de caracterizar os modos dominates da reflexio historica que tomou forma na Europa ‘como produto de um ciclo encerrado. Pois ca‘ como uma fase, ou momento, dentro de uma tradigéo de discurso que evolui histérico para uma apreet conhecimento. A primcra fase da consiecia Nini do sal XIX tomon forma concepsio da hist6ria no foram coerentemente elaborados nem rece ‘mas todos eles tia” enquanto método de investigacéo aqueles aspectos da historia e da hu: tro das preocupagées dos fo que deu a esse problema sua mais profun Hegel fo ofl io, Durante o peri METAISTORU 2 1 sua Filosofia da Histéria (1830-1831 causa do cisma: as irredutiveis ficou corretamente a principal historia, Hegel apresentou uma justficagdo racional para concebé- sinedéquico. submetido a revisio numa direcd obra de Auguste Comte, ¢1 parecer em 1830, as teorias mecanicistas de: nismo fundiram-se com uma concepcio o confronto com 0 “realismo” irdnico do Tluminismo, ‘uma porgio de Sreaiamos!concorelespojgéo cade gual de um condicéo iréaica da qual 0 pr6prio “realism” deveria libertar a conscigncia hist6rica da época. Acesfoliagdo desses varios modos de conceptualizacio hist6rica ndo s6 se {ez acompanhar mas emgrande medida provocou nova reflexao sobre afilosofia, ideoldgicas de todas as concepgies da hist6ria. E razées mais do que abundantes para o mergulho ‘aconsciéncia hstorica da tkima fase da refle crise do historicismo que se desenvolveu no Mas o pensamento historico nio precs {i sufciente para mergulhar que € o verdadero conteddo Burckhardt, que ¢ patentemente esteticista no cinicano tome pessimista em relagaoaqualqui a verdade “real” das coisas. META-HISTORLA ss considerados manifest superadoem parte de uma perspectiva Em suas primeiras obras filosoficas Nietzsche tomou como seu problema aconsciéncia irdnica de sua época e, como corolério disso, as formas especificas de conceptualizagao hist6rica que a sustentavam. E, como Hegel antes dele tar uma concepsio particularmente irdnica da. pr esforgos por assimilar 0 pensamento histrico arte apenas conseguiu por fim pr6pria historiografia Assim encarada, a evolugdo da filosofia da hist6ria— de Hegel, através de Mare Nietasche, aC do século XIX. irdnica diferia de sua contraparte do final do . waren Parte I 10 apenas no refinamento com que foi interpretada na filosofia da : ‘na amplitude da erudigio que presidiu a sua elaboragio na historio- ‘A TRADIGAO RECEBIDA srafia da época. ILUMINISMO E 0 PROBLEMA DA CONSCIENCIA HISTORICA

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