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RELATÓRIO TÉCNICO

PROJETO “ARAÇUAÍ: DE UTI EDUCACIONAL À CIDADE EDUCATIVA”


MAIO / JUNHO / JULHO

2005

1. INTRODUÇÃO

O Projeto Araçuaí:De UTI Educacional à Cidade Educativa, resultado da parceria entre o Centro
Popular de Cultura e Desenvolvimento, Prefeitura Municipal de Araçuaí, Conselho Municipal de
Araçuaí e Petrobrás Distribuídora S/A , iniciou suas atividades no mês de maio.

Esse ano, nosso foco não é apenas trabalhar com crianças em defasagem escolar, 1ª fase do Projeto,
mas também, investir na 2ª fase, que é a construção de uma Cidade Educativa.

Para atingir esse objetivo nossa estratégia é:


- Aproveitar a mobilização comunitária da fase UTI para propiciar novos conhecimentos,
habilidades e atitudes (CHAS) em prol da permanente busca de qualidade e a cidadania plena do
público alvo;
- Sistematizar boas práticas pedagógicas desenvolvidas na fase UTI, adequando-as à fase Cidade
Educativa;
- Construir redes de aprendizagem para propiciar oportunidade de aprendizagens fundamentais
para a construção de uma sociedade ética, solidária e justa para todas as crianças, jovens e
adultos.

“Nada é proibido dentro desse Projeto, desde que se atinjam os objetivos, preservando a vida e o
respeito à ética.”

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O conjunto de ações programáticas previstas para este ano, fruto da experiência acumulada pelo
CPCD em seus 20 anos de atuação sistemática nos campos da educação popular e do
desenvolvimento comunitário são:
- Formação de Educadores Sociais;
- Formação de Mães Cuidadoras;

- Formação de Agentes Comunitários de Educação;


- Disseminação do Bornal de Livros;
- Multiplicação de Algibeiras de Leitura;
- Ampliação do Empório Solidário;
- Consolidação e Ampliação da Biblioteca Pública Municipal;

- Construção de Infra-estrutura de Apoio às Atividades.

Essas ações foram desdobradas em muitas outras e transformadas de acordo com a realidade local e
as parcerias que tivemos nas comunidades. Estamos traçando novos caminhos e muitas
experimentações .

Esse é o primeiro relatório de atividades do ano de 2005, que apresentamos, com o objetivo de
informar, analisar, avaliar e planejar os próximos passos, já que temos bem definidas as ações a
serem desenvolvidas e que trarão melhor resultados aos participantes.

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

2.1. Tecnologias de Aprendizagem

Núcleo Gema

A comunidade da Escola “Irmã Maria Gema” é formada basicamente por mulheres, crianças e idosos,
nesta época do ano. Isso se dá pelo fato de a maioria dos homens, com idade acima de dezesseis
anos migrarem para São Paulo, para onde vão trabalhar no corte de cana .

Durante esse tempo, as mulheres sobrevivem da cultura de subsistência e outras atividades que lhes
possam trazer o mínimo de renda para a família, enquanto esperam pela volta dos maridos.

Apesar de em algumas comunidades haver poços artesianos ou cisternas, o clima da região é muito
seco e a água é escassa, dificultando ainda mais a vida dessas mulheres.

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Na comunidade de Cruzinha, onde a escola se situa, não existe sequer uma cisterna. Minadores
também são raridades na região e quando os mesmos existem são pequenos e a água é enferrujada,
imprópria para consumo humano.
Por falta de água, o saneamento básico praticamente não existe. A maioria das casas da comunidade
não têm banheiro, nem mesmo fossas secas.

A energia elétrica é outro problema. Várias casas ainda são iluminadas à base de lamparinas e
lampiões.

Algumas crianças têm que andar mais de uma hora até o ponto onde o ônibus passa para pegá-las e
levá-las à escola.

A maioria dessas crianças mora em locais onde carros não vão. Em muitas casas só é possível chegar
a pé, pois são morros muito íngremes.

Apesar de todas essas privações, as crianças freqüentam regularmente a escola, a comunidade


acredita na essência da família, é alegre, disponível e não exita em contribuir com o Projeto. São
pessoas solidárias e dispostas a ajudar umas às outras.

O primeiro contato com os alunos foi muito bom e deixou o grupo de Mães Cuidadoras e Agentes
Comunitários de Educação muito animados. As atividades desenvolvidas na escola têm sido um
facilitador de aprendizagem não só para as crianças, mas também para as mães que começaram a
estudar por causa do trabalho com o Projeto Cidade Educativa. Outras já estão lendo melhor e
atribuem esse fato ao trabalho com as crianças.

Atividades simples, como a contagem de mudas de café, foram feitas na comunidade de Varginha,
nas casas das crianças. As mudas de café foram contadas para se trabalhar adição e depois de
somadas foram divididas de acordo com a área do terreno. Anotavam-se as medidas, contas,
resultados e nomes de adubos que poderiam ser usados para melhorar a produção do café.

Alguns meninos ensinaram receitas que eram copiadas com o objetivo de se trabalhar escrita e leitura.
Uma delas, arapuca, em anexo, ensina como se pegar animais.

Sabemos que prender animais não é uma atitude ecologicamente correta, mas aproveitamos a
realidade local e discutimos sobre a importância de não se prender os animais e a diferença entre tirar

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a liberdade e matar a própria fome, que é na verdade o intuito de tal armadilha, como dizem as
próprias crianças:

“A gente pode pegar bicho na arapuca, mas só pode guardar os que dão para comer. Os outros
temos que soltar.”
Reuvaní Vieira de Oliveira - 13 anos - 5a série

As atividades têm ajudado a elevar a auto-estima dos moradores e mobiliza-os a buscar melhorias.No
ano anterior, a equipe elegeu a sombra de um pé de pequi para ser o local onde aconteceriam suas
atividades. Para facilitar o trabalho, o local foi limpo, sem danificar a vegetação e bancos de madeira
foram construídos, tornando o lugar bastante agradável e aprovado pelas crianças.

As ruas dos arredores da escola ficavam muito sujas, e o grupo sugeriu que todos varrêssemos,
espalhando lixeiras pela comunidade e depois conversássemos com os vendeiros para que não mais
deixassem o lixo espalhado e ajudassem seus fregueses a se conscientizarem da necessidade de uma
rua limpa. A conversa tem surtido efeito, pois diariamente as lixeiras estão cheias e os vendeiros agora
queimam o lixo.

Com a chegada das férias escolares, o grupo foi dividido para que trabalhar com as crianças em suas
casas não se interrompessem as atividades do Projeto. Algumas crianças, mesmo antes de o trabalho
começar nas comunidades, já estavam pedindo para participar.

Núcleo dos Bois

Na comunidade Água Branca, conhecida como Bois, está localizada a E. M.Nucleada Felícia Esteves
Borges, que atende alunos de várias comunidades, próximas e distantes: Água Branca de Cima, São
Joaquim, Córrego dos Bois, Córrego do Teste e Anta Podre. Atualmente, a escola atende 90 alunos em
dois turnos: primário, de manhã; e ginásio, à tarde. A comunidade tem, aproximadamente, 150
famílias, cuja principal atividade é a agricultura. Eles plantam feijão, milho, mandioca, arroz,
hortaliças e também criam gado e porcos. O clima é frio na maior parte do ano e a água utilizada
pelos moradores vem dê córregos e minadores.

A comunidade dos Bois fica muito distante do seu município Araçuaí, por isso as pessoas fazem sua
feira, tem assistência médica na cidade vizinha, Padre Paraíso. O que dificulta a locomoção das
pessoas são as estradas de difícil acesso. As pessoas daqui não têm muita oportunidade de emprego
ou outro tipo de renda a não ser a venda de algumas culturas. A única solução é sair de casa e tentar

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a vida lá fora. Com esperança de melhorar, trabalham como empregadas domésticas, no corte de
cana e na colheita de café.

O Projeto está contribuindo para que as pessoas valorizem o lugar onde moram, e lutem para que ele
se torne cada vez melhor.

A primeira atividade que fizemos na comunidade de Bois foi uma reunião com a comunidade, no dia
23 de abril, para discutir quais seriam primeiros passos antes de iniciarmos as atividades. Essa reunião
aconteceu na Igreja e contou com a participação de 23 pessoas. Combinamos nesse dia a data para a
formação das Mães e Agentes que estariam trabalhando. Marcamos o treinamento para a semana de
23 a 27 de maio.

No dia 23 de maio, iniciamos o treinamento com a participação de 19 pessoas. Conversamos um


pouco sobre o trabalho do ano anterior. Discutimos a formação de um grupo que a todo momento
planejasse e avaliasse suas atividade. Sobre a possibilidade da formação de um grupo de produção
na comunidade, as pessoas sugeriram atividades voltadas para medicina e alimentação alternativa,
produtos de higiene, etc.

No último dia, iniciamos a construção do Plano de Trabalho e Avaliação – PTA, colocando nele as
atividades que realizaremos durante o ano, priorizando a medicina alternativa.

Formamos na comunidade 19 educadores sociais, entre Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de


Educação, dos quais 09 foram selecionados para desenvolver as atividades. Todos estão muito
animados com o trabalho têm bastante idéias.

Antes de começar o trabalho na escola, fizemos uma reunião com os professores do primário para
conversar sobre as atividades. Como no ano passado, Projeto e Escola trabalharam de forma muito
harmoniosa, os professores citaram quais atividades achavam importante desenvolver dentro da
escola, entre tantas: a horta, os jogos, o bornal de livros , algibeiras de leitura e estórias. A partir
disso, combinamos desenvolver algumas dessas atividades com as crianças, duas vezes na semana,
planejando e avaliando, juntos. Na reunião, as professoras falaram muito bem sobre o Projeto e
pediram para que as atividades aconteçam junto com elas.

Vamos trabalhar com as turmas de 1ª a 4ª séries. As professoras ficaram de passar para nós o
diagnóstico das crianças.

Núcleo Malhada Preta

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Nessa comunidade, localiza-se a Escola Nucleada Municipal São Vicente, nucleada no ano de 2002,
com o objetivo de atender 190 alunos, de seis comunidades próximas: Comunidade da Barriguda,
Tesouras, Lapinha, Água Branca, Córrego do Tombo e Girau. Essas comunidades representam um
total de 150 famílias e os alunos formam 4 turmas de primário, pela manhã e 5 de ginásio, à tarde.

De todas as comunidades, a Malhada Preta é a menor, tem poucos habitantes, mas é o lugar por
onde passam várias pessoas. Fica à margem da estrada principal, que dá acesso às cidades e
comunidades vizinhas. As pessoas que residem no local contam que o nome Malhada Preta se deve ao
fato de antigamente existir no lugar uma vaca que se chamava Malhada Preta e era muito conhecida,
razão de colocarem esse nome na comunidade.

A principal atividade das pessoas dessas comunidades é a agricultura. Em alguns lugares se planta de
tudo um pouco: arroz, feijão, milho, abóbora, pequenas hortas, mandioca, além de pasto para o
gado, fumo etc. Das coisas que plantam, uma parte é vendida. Criam porcos, galinhas, vacas, abelhas
e cavalos para se locomoverem. Aqui circula pouco dinheiro. Algumas pessoas são aposentadas,
outras não têm salário, mas recebem do governo, bolsa escola ou bolsa família.

O clima nas comunidades é muito seco. No início do ano, tudo fica muito verde por causa das chuvas,
quando chega no meio do ano, o que nós vemos é uma paisagem marrom que nos enche os olhos de
tristeza. Aqui as pessoas têm que procurar uma forma para poder conseguir água, e ela vem de longe,
lá do pe da chapada. Eles fazem pequenas caixas ou cacimbas para poder levá-la até as casas. Essa
água é só para o consumo da casa.

Como a comunidade não oferece muita oportunidade para os jovens, eles acabam indo tentar a vida
em outro lugar. A maioria dos homens e jovens sai para o corte de cana, trabalham nas usinas de São
Paulo, deixando seus filhos, esposas e pais com esperança de voltar e contribuir para a melhoria de
suas vidas.

Apesar de toda dificuldade que têm, são pessoas muito alegres, religiosas, acolhedoras e amigas.
Fazem suas festas tradicionais durante o ano como quadrilhas, o aniversário das comunidades com
fogueiras, oportunidade de se reunirem para prosear e contar causos.

No dia 21 de abril, tivemos o nosso primeiro contato com a comunidade. Marcamos uma reunião na
comunidade da Lapinha e 25 pessoas compareceram. Conversamos sobre o Projeto, e qual seria a
nossa linha de atuação esse ano, com atividades diretamente ligadas à comunidade. Contamos,
nessa reunião, com a presença pessoas de várias comunidades distantes e próximas. As pessoas se

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inscreveram e marcamos o treinamento das Mães e Agentes para o período de 09 a 13 de maio
corrente.

Dessas comunidades, formamos 19 educadores sociais, entre Mães Cuidadoras e Agentes


Comunitários de Educação. Houve uma seleção e hoje temos 14 pessoas atuando na comunidade: 06
Mães Cuidadoras e 08 Agentes. Já iniciamos o trabalho na escola junto com os alunos.

Antes de começar as atividades com os alunos reunimo-nos com os professores para conversar sobre
as atividades que envolveriam a crianças. Combinamos trabalhar com os alunos do primário, primeira
e segunda séries, juntas, e terceira série, quatro dias na semana, duas horas por dia. Conversamos
sobre o diagnóstico que os professores passariam para nós. Ficou combinado que nos reuniremos
para avaliar o que está acontecendo. Após a reunião com os professores,iniciamos o trabalho na
escola com 28 crianças, de 1ª, 2ª e 3ª séries.

A relação com a escola tem sido de respeito e parceria. Os combinados nas reuniões e os diagnósticos
das crianças estão sendo cumpridos. Todas as questões são resolvidas sem enfrentamentos.

Núcleo José Gonçalves

Esse é o primeiro ano de nucleação da E. M. José Gonçalves, que atualmente atende cerca de quase
400 crianças e adolescentes do primário ao ginásio, de 7 comunidades: José Gonçalves, Fazenda
Velha, Barreiro, São Marcos, Igrejinha, Corguinho e Barra do Tombo.

Esse núcleo fica próximo à zona urbana, mas o estado de conservação das estradas é péssimo.

A comunidade é um pouco lenta, quase não existe espírito de trabalho coletivo e a primeira impressão
é que algumas pessoas já perderam seus sonhos e esperança em dias melhores.

Estar próxima à zona urbana e ainda ter um rio que corta a maioria dessas comunidades não é
suficiente para que as pessoas tenham uma vida melhor. A maioria delas sobrevive com benefícios do
Governo Federal. Não existe emprego para as pessoas, que tentam a sorte no garimpo ou vão para o
corte de cana, em São Paulo.

O que chama a atenção é que mesmo tendo água na comunidade, é raro ver uma horta ou outro tipo
de plantação. Os moradores dizem que os donos das terras (minoria, bem de vida) não os deixam
plantar no que é deles.

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Há muito interesse das pessoas em participarem do curso de Formação de Mães Cuidadoras e Agentes
Comunitários de Educação, pois vêem isso como única oportunidade de se sustentarem.

Temos nessa comunidade um grande desafio que é criar oportunidade para as pessoas aprenderem
algo em conjunto e sentirem que, quando as pessoas se unem e trabalham juntas, podem ter mais
resultados e melhoram suas vidas.

Com a proposta de realizar o trabalho comunitário, vamos iniciar e incentivar as pessoas a serem mais
participativas nas questões da comunidade, inclusive a equipe de Mães Cuidadoras e Agentes
Comunitários de Educação.
Já sabemos que nosso desafio é levantar a auto-estima das pessoas para que voltem a acreditar que
elas são responsáveis pela diferença que vier a acontecer em suas vidas.

Atualmente, contamos com 10 Mães Cuidadoras e 5 Agentes Comunitários de Educação. Iniciamos o


trabalho na escola há pouco tempo.Tivemos muita dificuldade em reunir com professores e diretor
para planejamento do trabalho. Só foi possível iniciar as atividades com as crianças do primário.

Essa comunidade tem o privilégio de ser banhada pelo Rio Piauí, onde sempre vamos fazer passeios
com as crianças e as Mães Cuidadoras contam histórias. Sempre fazemos colagens de letras e
palavras das histórias ouvidas, com areia e capim. Quando as crianças queriam colar uma letra que
não sabiam escrever, perguntavam como. Outras vezes, sugeríamos algumas letras que elas não
conheciam e escrevíamos juntos, para que assim pudessem fixar melhor.

No final, as palavras e as letras de todos eram lidas junto. A atividade no rio deixa as crianças muito
concentradas e tranqüilas. Podemos observar quem está tendo mais facilidade ou dificuldade, a quem
teremos de dar mais atenção, ou quem ainda não conseguiu avançar em nada, desde a primeira
atividade até agora.

Núcleo Olinto Ramalho

O núcleo Olinto Ramalho é dividido em oito comunidades. A maioria é bem distante uma da outra. Os
pais encaminham seus filhos para a Escola Municipal Olinto Ramalho.

18 pessoas, entre mulheres e adolescentes, foram selecionados para atuar dentro da escola e na
comunidade, como Agentes Comunitários de Educação e Mães Cuidadoras. A maioria dessas pessoas
já são líderes dentro de sua comunidade e se preocupam muito com o desenvolvimento financeiro e
educacional da comunidade.

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O Núcleo Olinto Ramalho é muito animado e suas comunidades festeiras. Quase todas as semanas
existe uma festa em uma das comunidades, geralmente festa religiosa, e possui grande valor cultural,
pois são festas tradicionais passadas de pais para filhos.

Nas festas, sempre há uma missa, seguida de terço. Depois, dividem-se os fiéis em duas equipes: uma
para acompanhar os dono da bandeira e outra para acompanhar o dono do arco, em procissão, até
a igreja, onde acontece o hasteamento da bandeira. Tudo é realmente muito colorido e bonito: as
ladainhas, a cantoria do povo, os tocadores, os instrumentos – sanfonas, triângulos, pandeiros e
tambores. A bandeira sempre é muito enfeitada, colorida e brilhante, assim como mastro.

O Festeiro sempre oferece algo à comunidade, como canjica, chá, farofa, e alguns chegam a matar
bois para a festa. Sempre há uma grande fogueira, e no final de tudo, garante-se a festa do ano
seguinte. Cada um que tem uma função na festa indica o seu sucessor. Essa é uma maneira de fazer
com que a festa nunca acabe.

Existe também um rio que corta muitas dessas comunidades, e todos os dias, alunos, Mães Cuidadoras
e Agentes Comunitários de Educação atravessam esse rio em um ponto mais raso para chegar mais
rápido à escola. O caminho se torna uma aventura para as comunidades que não têm transporte
escolar. Aquelas que não querem atravessar o rio, têm a opção de uma passarela, que é uma ponte
sustentada por madeira e fios de aço.

A estrutura da escola é boa. Possui uma quadra, fato raro na zona rural. A quadra parece ser o local
predileto dos alunos. Futebol é o esporte predileto dos meninos e meninas.

No período de 1º a 3 do mês de junho, os professores da Escola Olinto Ramalho fizeram um


treinamento em Araçuaí, ministrado pelo Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD – e
quem os substituíram nesse período foram as Mãe Cuidadoras e os Agentes Comunitários de
Educação.

Uma gincana do saber foi elaborada e trabalhamos muitas de nossas tecnologias como: Bornal de
Jogos, Bornal de Livros, Algibeiras de Leitura, Placas, Biscoitadas, etc.

Núcleo Córrego da Velha

A comunidade Córrego da Velha é composta de 5 comunidades diferentes. A comunidade vive


basicamente da suas próprias culturas, dentre elas a farinha de mandioca. Entre abril e dezembro, a

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comunidade fica nas mãos das mulheres, pois os homens, quando atingem 16 anos, vão para a usina
no corte de cana, em busca de trabalho para seu sustento. Enquanto estão fora, as mulheres fazem
todos os trabalhos masculinos, pois precisam sobreviver e não podem esperar por eles.

A comunidade não dispõe de água em grande quantidade. Há poços artesianos, mas a água é
salobra e, para beber, é preciso recolher água das chuvas e economizar o ano todo.

A comunidade é muito acolhedora. Em todas as atividades, podemos contar com a participação dos
moradores. Mesmo as crianças que encontram dificuldades para chegar até a escola, têm participação
efetiva nas atividades.

Na comunidade as atividades do Projeto desenvolvem-se melhor, pois, na escola, há pouco tempo


para se trabalhar com as crianças ou mesmo planejá-las com os professores.

Temos desenvolvido muitas atividades na Brinquedoteca e Centro Infantil, em parceria com a Associar,
o que torna nosso trabalho, mais eficaz.

No período de férias, podemos contar mais ainda com a participação das crianças, pois ficam mais
disponíveis e curiosas.

Neste núcleo, a Folia do Livro não é tão constante como a leitura nos botecos, mas mesmo assim
conseguimos reunir as crianças duas vezes, na casa de uma Mãe Cuidadora e uma ACE, para
trabalhar com os livros. É um momento de muita tranqüilidade e todos leram todos os livros que
quiseram.

Núcleo Araçuaí

Na zona urbana de Araçuaí, também temos um grupo de Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários
de Educação, que atendem às demandas de algumas escolas do Estado, que procuram a instituição
para fazer algum tipo de parceria. Iniciamos primeiro pela E. E. Isaltina Cajubi, situada no bairro
Corredor, que tem 200 alunos de 1ª à 4ª séries, vindos dos bairros Pedregulho, Piabanha, Nova
Esperança, Lazaredo e Arraial.

Primeiramente, reunimo-nos com a direção para combinar como seriam desenvolvidas as atividades e
como se estabeleceria a parceria. A escola está muito receptiva para desenvolver qualquer atividade
que venha contribuir com o aprendizado, desenvolver a socialização e a auto-estima das crianças.
Atendemos, diariamente, 40 crianças com defasagem na aprendizagem e envolvemos as outras com

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oficinas de brinquedos e teatros de fantoches, a partir dos livros dos Bornais e Algibeiras. A
comunidade, onde a escola está situada, envolve-se também com Cinema e Formação dos Grupos de
Produção/encontro com pais. Aqui também já fizemos apresentações do Cinema Itinerante, na escola
e no bairro Pedregulho.

Os jogos têm nos proporcionado momentos de descontração e aprendizagem. Com cada jogo que
experimentamos, as crianças vão descobrindo quanto é gostoso aprender. Confeccionamos vários
jogos com as crianças e esses foram divididos entre aqueles que moram mais próximo para jogarem
em casa. Na hora do recreio, o jogo também é atração, pois todos querem jogar e confeccionar o que
vai ser levado para casa.

O trabalho com a música também envolve bastante as crianças. Aproveitando a música, ABC do
Amor, de Rubinho do Vale, trabalhamos o alfabeto, pois temos crianças com muita dificuldade para
identificar as letras. Escreveram a música, corrigiram as palavras e ilustraram. A turma foi dividida por
séries, e as mães e Agentes se dividiram em pequenos grupos para discutir e formar outras palavras
com as letras do alfabeto. Com essa atividade, descobrimos também, que as crianças, além de não
reconhecerem as letras, não sabem colocá-las em seqüência e formar palavras.

Na primeira reunião com a comunidade, falamos sobre o Projeto e contamos com a participação da
diretora, que falou da importância do trabalho que o Projeto vem desenvolvendo na escola. Ela
ressaltou, também, a participação dos pais e da comunidade . Havia muitas pessoas na reunião, mas,
quando sugerimos que a comunidade se envolvesse nas atividades, alguns foram saindo. Parece que
na zona urbana, as pessoas têm mais dificuldade em se envolver em trabalhos sociais, são mais
individualistas . Mesmo assim, conseguimos formar um grupo de 10 pessoas que querem participar do
trabalho com a horta e 12 querem formar um grupo de produção. Algumas pessoas perguntaram
bastante sobre o Projeto e falaram de outras atividades que poderiam ser desenvolvidas na
comunidade, como formação de um grupo de jovens , para que pudéssemos discutir temas afins ou
mesmo desenvolver oficinas de reciclagem e outros.

Marcamos uma outra reunião com esses dois grupos formados, para organização dos dias e horário
das atividades, pois não é possível fazer isso no mesmo dia.

Nessa reunião, ficou combinado que, depois das férias, começaremos com a atividade da horta, para
que os alunos se envolvam. O grupo de produção vem se reunindo todas as quartas-feiras, às 16
horas, e a primeira oficina proposta pelo grupo foi de xarope, pois há muitas crianças gripadas no
bairro.

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2.2. Formação de Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação

No mês de maio, iniciamos as primeiras formações de Agentes e Mães Cuidadoras. Este ano, fizemos
uma por núcleo, reunindo Mães e Agentes, devido ao atraso para começar o Projeto . Nossa estratégia
foi encontrar e reunir com a comunidade para propor o recomeço das ações na própria comunidade,
independente de a Prefeitura querer ou não a parceria. Em todos os núcleos, a comunidade esteve
muito receptiva e já na primeira reunião marcamos as capacitações. As pessoas de nossa referência
para os primeiros contatos foram as mesmas que participaram no ano anterior. Elas agendaram,
marcaram a data e avisaram para a comunidade o dia do encontro.

Fizemos a reunião e iniciamos as capacitações com o objetivo de reciclar e aprofundar um pouco mais
sobre nossa metodologia com o grupo. Em alguns, entraram novas pessoas.

Infelizmente não retomamos os trabalhos com as mães das escolas menores, diante da
impossibilidade de acompanhá-las diariamente e algumas colocações negativas dos professores
destas escolas. As mães, sozinhas não têm argumentos para discutir uma proposta pedagógica com
uma professora. Acreditamos que os grupos precisam ter sempre um educador por perto, no dia-a-
dia, para discutirem as questões que forem surgindo na escola.

Fizemos sete capacitações, nos meses de maio e junho.

O treinamento no núcleo Malhada Preta foi feito debaixo de um pequizeiro, próximo à escola.
Participaram 19 pessoas. No treinamento, fizemos uso de dinâmicas, textos, Bornal de Livros,
Algibeiras, construção de jogos e brincadeiras. Trabalhamos a formação de equipes, discutimos sobre
o trabalho em grupo, vivemos situações que precisaram da união de todas as pessoas, para serem
resolvidas.

Montamos um Plano de Trabalho e Avaliação – PTA – no último dia de treinamento, em todos os


núcleos. Nele colocamos o objetivo de trabalho do grupo, nas comunidades e escolas, as
atividades,indicadores de qualidade e responsáveis. O PTA é um instrumento de avaliação e
acompanhamento. No final do curso, fizemos a seleção das pessoas que continuariam formando o
grupo para atender cada núcleo.

Esta formação acontece de forma mais sistemática no início das atividades, mas continua no decorrer
do ano, uma vez que não se forma um educador em quarenta horas. Toda semana um educador do

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CPCD se reúne com o grupo para discutir os assuntos necessários, planejar e estudar sobre o que está
acontecendo no dia-a-dia e que chamamos de ação x reflexão x ação.
2.3. Formação de Educadores Sociais

Uma das atividades propostas no Projeto é a promoção de cursos de atualização para os professores.
Durante três dias no mês junho, trabalhamos com os professores do ensino fundamental atividades
desenvolvidas basicamente a partir do Bornal de Jogos, Bornal de Livros e Algibeiras de Leitura. Essas
são atividades que os professores avaliam como significativas e que realmente despertam o interesse
dos alunos.

Os professores da Rede Municipal se envolveram muito com os jogos e atividades propostas. Esta
formação foi um momento onde pudemos conversar sobre as dúvidas em relação ao Projeto, o porquê
das atividades e o que fazer para melhorar a parceria este ano.

O Projeto não existe para ficar apontando falhas de ninguém ou ficar entrando em conflitos. É um
trabalho proposto para contribuir com a solução da defasagem de aprendizagem das crianças e
desenvolver outras ações que fortaleçam o conceito de Cidade Educativa. Outra questão muito
conversada foi que as pessoas não são obrigadas a ser parceiras, mas, se nos propusermos, é preciso
construir uma relação de respeito pelo trabalho e espaço do outro, deixando as diferenças pessoais de
lado, para abraçar a causa das crianças e adolescentes. 90 professores, aproximadamente,
participaram dessas formações.

A outra parte da formação será dada no segundo semestre.

2.4. Bornal de jogos

A primeira atividade das Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação, na Gema, foi a
confecção de jogos a serem utilizados pelas crianças. Esses jogos também foram utilizados pela
equipe, para verificar as possíveis dificuldades que teriam ao usá-los com as crianças. Isso foi
necessário porque muitas das Mães Cuidadoras não sabem ler nem escrever, ou têm muita dificuldade
para fazê-lo.

Durante o restante do trimestre, o grupo parou, algumas vezes, para confeccionar outros jogos, uma
vez que seu uso contínuo implica perda do interesse.

Mesmo não tendo feito reunião com a direção, na primeira semana, começamos a usar os jogos com
as crianças, durante o horário do recreio e depois da aula, enquanto esperavam o ônibus. Isso foi uma

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“exigência” das próprias crianças, que no horário do recreio iam para a igreja, onde as Mães
Cuidadoras estavam e pediam para usar os jogos que estavam sendo confeccionados. As Mães e
Agentes não perderam tempo e aproveitaram para colocar em prática um pouco do trabalho que
tanto ansiavam começar.

Quando o trabalho realmente começou na escola, o uso dos jogos foi a atividade mais atraente,
principalmente para os adolescentes do ginásio, a maioria, meninos.

Os jogos são o instrumento mais fácil de se usar nas comunidades, uma vez que muitos não precisam
nem mesmo de tabuleiros e podem ser riscados no chão. Além disso, chamam a atenção dos mais
novinhos aos adolescentes.

Por serem forma de diversão, os jogos são atividades perfeitas para as férias escolares.

No núcleo José Gonçalves, com os jogos Rapidinho, Velha Legal, Dando Nomes, Dominó de Letras e
a Amarelinha, estamos trabalhando e conhecendo mais de perto as dificuldades das
crianças.Dividimos as crianças em dois grupos: as que ainda não conhecem o alfabeto e aquelas que
tem dificuldade para formar palavras.

É muito comum ver que alguns apenas decoraram o alfabeto, mas não conhecem as letras, ou trocam
umas pelas outras.

Estamos procurando fazer associação de desenhos com as letras e, para matemática vamos buscar
pedrinhas para contarmos juntos e as crianças possam compreender as operações.

O jogo Corrida Numérica chamou muita a atenção das crianças, talvez pelo fato de ser animado e
exigir agilidade e esperteza. Além da dificuldade em realizar contas, o que já constava no diagnóstico,
constatamos também que muitas crianças tinham grande dificuldade para distinguir os sinais de somar
e diminuir, e que será necessário, no próximo planejamento, dar mais atenção a esse quadro.

Ao utilizar, novamente, o jogo “Velha Legal” foi possível notar avanços em algumas crianças, as quais
já conseguem conhecer algumas letras do alfabeto e em outras, que já estão juntando as sílabas.

Na fase I, há uma criança, Caio, que não tem coordenação motora, tem um comportamento muito
curioso, é muito atentado, mas nada sociável. Quando alguém que ele não conhece chega perto dele,
corre e não conversa.

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Essa semana, trabalhando com os jogos Abre a Carta e Dominó de Letras, tivemos uma grande
satisfação com ele: aprendeu a letra “O” e, também, contar até 3.
Com os jogos, os adolescentes tímidos, por não conseguirem ler ou por terem outras dificuldades, se
soltam e conseguem praticar e sanar suas dificuldades.

O grupo dos Bois também reproduziu alguns jogos para serem usados com os alunos: Descobre
Cobre, Corrida Numérica, Rapidinho, Saltitando no Brejo, e Passeio sem Acidentes.

2.5. Bornal de Livros e Algibeiras de Leitura

Os Bornais e Algibeiras têm sido muito cortejados pelas crianças e outras pessoas, pois são coloridos e
possuem diversos livros. As algibeiras são mais atraentes, pois os livros ficam expostos, facilitando o
acesso das crianças. Elas estão sendo colocadas também nos botecos das comunidades, já que muitos
deles ficam próximos às escolas ou são freqüentados por crianças e adolescentes.

As algibeiras fazem muito sucesso na comunidade Córrego da Velha. Este é um núcleo onde elas são
utilizadas de várias maneiras. Há algibeiras nos botecos, nas escolas de jovens e adultos, nas casas
das crianças, enfim em todos os lugares para que as crianças tenham acesso.

Vendo os livros nos botecos, as pessoas que freqüentam o ambiente podem contar com essa novidade,
inclusive o trocador de ônibus se interessou por um livro. Esta novidade tem despertado nas pessoas o
desejo de ler, mais pela curiosidade, pois querem saber o que está pregado no boteco e vão lá
conferir.

Fizemos um convite aos alunos para que levassem os livros para lerem em casa, aproveitando o
período de férias. No começo imaginávamos que não interessariam, mas assim que foi feito o convite
todos pegaram os livros. Gostaram tanto que alguns leram antes e voltaram para trocar.

Os passeios no Núcleo da Gema são um dos recursos para estimular o gosto pela leitura e acontecem
nas imediações da escola. As crianças participam da escolha do lugar e dos livros a serem
trabalhados.

Durante os passeios, a alegria é evidente, as crianças mostram-se muito à vontade, algumas até vão à
frente por já conhecerem bem o caminho.

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Para os passeios levamos convidados muito especiais, cheios de histórias e imaginação - o Bornal de
Livros, as Algibeiras e outros materiais concretos para se trabalhar matemática. No primeiro passeio
acontecido os alunos escolheram o livro “Alfredo ama Ophélia”.

Zilmar, uma Mãe Cuidadora apesar de não saber ler e escrever, é ótima para criar e contar histórias.
Os alunos prestaram bastante atenção e em determinadas partes ficaram muito empolgados com a
estória da Coca.

Em outros passeios, tivemos leitura de livros, contação de histórias, uso de jogos, contação de árvores
para cálculos, etc .

As crianças da comunidade Palmital adoram ouvir e contar histórias, que permitem trabalhar
produção e interpretação de texto, escrita, auto-estima e outras atividades sugeridas pelas crianças .

O Bornal de Livros continua sendo usado pela equipe no trabalho com as crianças na comunidade,
como é usado na escola.

Os livros exercem grande influência sobre as crianças e não é difícil envolvê-las quando eles fazem
parte do planejamento.Ler, escutar alguém lendo, interpretar, desenhar, tudo isso acontece
naturalmente como brincadeira para a maioria das crianças.

Os alunos gostam dos livros e algumas crianças que não sabem ler pedem que alguém leia para elas.
Esse interesse torna o trabalho mais produtivo e ficamos motivados para despertar nos alunos o gosto
pela leitura.

Contamos a estória “Assassapimenta” para 15 crianças da terceira série, na E. M. São Vicente e a


partir dela trabalhamos interpretação e escrita. Os alunos desenharam e escreveram os personagens.
O legal de contar estória é que eles ficam muito concentrados e depois saem contando para os
colegas. A maioria das crianças que está junto do grupo de Mães e Agentes é muito interessada.

A E. E. Isaltina, a partir do trabalho com os Bornais e Algibeiras, as mães, agentes e alunos criaram
um teatro com o livro Dom Gato e depois apresentaram para toda a escola.

O teatro vai também aos bairros, às nossas ruas de lazer, em frente ao Banco do Livro.

2.6. Oficinas Comunitárias

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Para ampliar as atividades nas comunidades, organizamos vários grupos que pudessem contribuir,
não apenas com a aprendizagem de leitura e escrita das crianças em defasagem, mas também com o
desenvolvimento e valorização dos saberes locais. Muitos desses conhecimentos perdem-se, pois os
jovens não gostam de aprender com a experiência de vida dos mais velhos. Em todos os núcleos, esses
grupos já existem. Quando nos reunimos para fazer as receitas, mexer com a horta, aproveitamos
para conversar sobre assuntos ligados diretamente à educação dos filhos, higiene, relacionamento,
solidariedade, cidadania ou qualquer outro que sugerido. Acreditamos ser este um dos trabalhos mais
significativos para a formação da Cidade Educativa.

Com estas oficinas, o grupo pode se reunir com outras pessoas da comunidade e trocar
conhecimentos, além de rever e intensificar valores como amizade, companheirismo e solidariedade.

A cada receita feita, as experiências aumentam e ingredientes importantes são acrescentados não só a
elas, mas também à vida de cada um dos envolvidos.

Os núcleos têm uma agenda diferenciada de encontros. No Núcleo José Gonçalves essas oficinas têm
a denominação de Grupo de Mulheres, reúnem-se em 4 comunidades diferentes-Igrejinha, Barreiro,
José Gonçalves e São Marcos. A primeira atividade feita pelos grupos foi o xarope contra gripe. Os
encontros foram muito bons e 45 pessoas estão participando. Além de aprender a fazer remédios, as
pessoas discutem sobre a importância da água potável, saúde e higiene.O grupo pretende fazer o que
as crianças e adolescentes estão precisando como remédio para piolho e doce contra verme. Aos
poucos estamos discutindo e ampliando para a fabricação de outros produtos como o sabão.Esses
encontros repercutiram bastante em todas as comunidades e há outras pessoas dispostas a participar e
ensinar algumas receitas.

A freqüência dos encontros varia muito de comunidade para comunidade. As pessoas moram mais
próximas encontram-se de 15 em 15 dias; outras, onde as pessoas moram muito distantes, como as
da comunidade São Marcos, se encontram uma vez por mês e fazem duas receitas por encontro. Na
Barreiro, fizemos doce contra verme; na José Gonçalves, xampu contra piolho; na Igrejinha, doce
contra verme e a pomada cicatrizante e na São Marcos, também o doce contra verme e o xampu
contra piolho.

Na Gema, o que mais estamos fazendo é xampu contra piolho, xarope de umbigo de banana e
pomadas para a pele e cicatrizantes.

Apesar de essa atividade ter sido combinada para agentes,mães e comunidade, a participação das
crianças é inevitável, pois elas chegam e, quando o grupo percebe, todas já estão participando da

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atividade. Esse é um bom sinal, pois evidencia a apropriação do Projeto pelas crianças e melhor
entrosamento equipe-crianças.

A receita original do xampu recebeu vários complementos para melhorar o cheiro e não danificar os
cabelos. Toda a produção é dividida no final da oficina.

Já temos encontros agendados com a comunidade dos Bois até o final de agosto, quando então
trabalharemos com receitas da medicina alternativa. Nessa comunidade esse conhecimento de
medicina popular é muito rico e forte. O Sr. João Vaqueiro, do grupo de Mães Cuidadoras, é um sábio
nesse assunto e é quem sempre nos auxilia na coordenação desses trabalhos.

No núcleo Olinto Ramalho, a comunidade se reuniu para fazer doce de mamão enroladinho,
ensinado por uma Mãe Cuidadora. As pessoas ajudaram, mostraram-se dispostas e interessadas para
essa atividade. Durante a produção do doce, fomos conversando sobre diversos assuntos, inclusive
sobre o Projeto UTI e da necessidade de novos encontros para produzirmos outros itens juntos. A
construção de uma horta comunitária,foi outro assunto e um dos participante ofereceu até o terreno e
a água. Uma Mãe Cuidadora também disponibilizou o seu terreno e uma bomba a óleo, diminuindo
nosso custo com energia elétrica.

Fizemos um tacho de doce que foi dividido entre os participantes. Foi uma tarde descontraída e
produtiva , encerrada com uma apresentação do Cinema Itinerante, no campo de futebol.

No Córrego da Velha, a ASSOCIAR - Associação Comunitária e Infantil de Araçuaí) tem sido nossa
parceira na comunidade, por isso o grupo de Mães Cuidadoras e Agentes, juntamente com as
educadoras da Brinquedoteca e Creche, decidiram unir suas forças em para o desenvolvimento das
crianças e comunidade.

Formaram um grupo de mães que se encontram duas vezes por mês, na brinquedoteca - prédio da
ASSOCIAR -. A cada encontro fazem uma atividade diferente:
- Tapete de retalhos:Os tapetes são uma criatividade das mães que aproveitam retalhos de malhas
para construírem algo de útil. Para que fiquem prontos, o grupo se divide e cada um tem sua
tarefa, cortar os retalhos, amarrar em sacos de aniagem, organizar o espaço. Há a participação
de todos;

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- Tapete de fuxico: Essa atividade exige muita paciência, pois cada pecinha de fuxico precisa ser
costurada à mão. É um momento de descontração. Enquanto estão fazendo o fuxico, conversam
sobre outros assuntos, contam histórias, etc;
- Oficina de ponto de cruz:Para as mães que não conhecem o ponto de cruz, ensinamos as técnicas
principais e cada uma iniciou da sua maneira.

No dia 07 de julho, aconteceu o primeiro encontro com a comunidade Barriguda, para fazermos doce
de abóbora. Convidamos toda a comunidade para participar. O encontro aconteceu no prédio da
associação, a partir das 13 horas. Nessa comunidade contamos com colaboração de duas Mães
Cuidadoras, que já moram lá.

2.7. Oficina Tinta de Terra

A partir da discussão com o grupo para aprender novas tecnologias e valorizar o que temos,
aproveitamos tudo que o nosso meio oferece.

Convidamos Heloísa, agente comunitária de educação da zona urbana e integrante do Fabriqueta,


para coordenar uma oficina com pintura de tinta de terra.

Além das Mães Cuidadoras e agentes, participaram também da oficina 10 alunos indicados pelos
professores da Escola José Gonçalves.

Como as pessoas já haviam trazido a terra, carvão e tabatinga, iniciamos o processo de socar a terra.
No momento do preparo da terra, percebia-se o interesse dos adolescentes, que mais pareciam “São
Tomé”: só vendo para crer que iria dar certo.

Algumas pessoas da comunidade e os motoristas dos escolares também ficaram curiosos.Infelizmente


foram realizadas apenas duas pinturas. Durante a oficina, as pessoas comentavam que iriam fazer
essas pinturas também em suas casas e sugeriam novas idéias de decoração para salas e quartos.
Embora tenhamos combinado essa atividade com a direção da escola, com antecedência, não foi
possível realizar outras pinturas e nem fazer a avaliação. Alguns professores não permitiram que os
alunos saíssem das salas no horário previsto e outros por que tinham de assistir a uma palestra do
chefe do transporte escolar.

Na zona urbana, não temos propriamente um grupo de produção. Reunimos as crianças da escola
onde estamos trabalhando e fomos para casa de uma Mãe Cuidadora, no bairro Nova Esperança,
para fazermos a receita do doce de mamão. Dona Balbina, servente da escola, é que foi passar a

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receita. Fizemos uma roda com os meninos antes de começarmos, com brincadeiras e cantigas,
enquanto outros iam fazendo a trempe, improvisada no quintal. Enquanto Dona Balbina passava a
receita, as crianças iam anotando e as Mães e agentes ajudavam a corrigir as palavras erradas. As
crianças que tinham dificuldade com algumas palavras ajuda também dos colegas que escreviam no
chão, mostrando as letras. Além de trabalharmos a escrita, também discutimos e fizemos algumas
operações de matemática, usando as quantidades da receita. No final, o doce foi dividido para todos
experimentarem.

2.8. Cinema Itinerante

O cinema itinerante tem o objetivo de levar mais informações para as comunidades rurais e também
estimular a leitura e escrita, já que os filmes são transformados em discussão e material escrito,
produzido pela meninada.

Na comunidade é mais difícil fazer essa discussão, pois normalmente assistem à noite e têm que ir
embora para suas casas, que nem sempre ficam perto.

Combinamos fazer duas apresentações por núcleo, uma na escola e outra na comunidade, a partir do
mês de junho. Essa agenda sempre é alterada, pois sempre que fazemos os contatos com a escola, ela
sugere as datas e também os filmes, mais de acordo com os alunos. A lista dos filmes foi entregue à
direção das escolas para que sejam escolhidos pela equipe da escola, atendendo assim às
necessidades de trabalho.

A programação para a escola Irmã Maria Gema previa a primeira apresentação no pátio da escola,
mas como o dia estava muito claro, foi necessário que fôssemos para a igreja. O grupo vedou a
claridade das janelas com papelão e a sessão aconteceu lá.O filme exibido foi “101 Dálmatas II”.

O grupo avaliou com as crianças as atividades efetuadas sobre o filme, as quais foram muito positivas.

Para a comunidade das Cruzinhas, o Cinema Itinerante foi exibido no dia 26/06/2005, com o filme
“Gladiador”. Os moradores da comunidade ficaram muito empolgados ao verem os cartazes feitos
pelo grupo do Projeto Cidade Educativa, espalhados pelas comunidades. Cerca de 90 pessoas
participaram da sessão. Muitas pessoas vieram agradecer no final do filme e perguntar quando seria a
próxima apresentação. Mesmo no dia seguinte, as pessoas vieram comentar sobre o filme e dizer que
acharam muito importante terem passado o filme para a comunidade.

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O cinema esteve na comunidade Malhada Preta no dia 29 de junho, domingo, uma sessão muito
especial, a primeira de muitas que acontecerão. O filme a que as pessoas assistiram foi “Deus é
Brasileiro”. Para muitos foi a primeira vez que viram um filme desse modo. Aproximadamente 90
pessoas, entre adultos e crianças, assistiram ao filme. A maioria das pessoas era da comunidade do
Girau, que fica mais próxima da Malhada Preta. Combinamos levar o Cinema Itinerante às
comunidades do núcleo, para que mais pessoas possam assistir a ele. A próxima sessão aconteceu nas
Tesouras, no dia 10 de julho.

Na E. M.São Vicente, os filmes apresentados foram“O rei Leão Dois”, para o primário e “A Sociedade
dos Poetas Mortos”, para o ginásio, escolhidos pelo diretor. Com o Rei Leão, o primário trabalhou
desenhos, escrita dos personagens e pequenos trechos da estória. O ginásio também discutiu sobre o
filme e fizeram produções de texto.

No filme apresentado para o ginásio da Escola Municipal Joaquim Viana, os alunos encontraram
dificuldades em ler, pois era legendado e não estão acostumados. O filme envolvia algumas cenas
românticas, e isso despertou o interesse de todos. Foi discutido em sala de aula e cada um fez sua
produção de texto em forma de avaliação, podendo falar sobre as cenas mais interessantes.

Para a comunidade do Córrego, o filme foi apresentado no prédio da ASSOCIAR(Centro Infantil).


Inicialmente, tivemos dificuldades, pois houve alguns problemas técnicos, atrasando a sessão. Mesmo
assim, o filme teve grande repercussão e toda a comunidade participou. Só não foi possível atingir um
maior número de pessoas das comunidades vizinhas, devido à distância. Todos ficaram encantados e
querendo saber quando será a próxima exibição. Não houve falta de interesse por parte de ninguém.

Foi uma experiência única e gratificante. Nunca haviam tido uma novidade parecida. Imaginávamos
que poucas pessoas iriam, por não se interessarem, ou considerarem inútil. Enganamos: foi uma tarde
de domingo diferente para todos. O espaço onde o filme foi exibido era grande, mas ficou pequeno e
apertado para tanta gente. Havia aproximadamente 150 pessoas de todas as idades, mesmo que
muitos não tenham esperado o início da sessão, devido ao atraso.

A primeira sessão do cinema na Escola Municipal José Gonçalves foi durante “A Semana na Escola”,
quando os professores estavam em Araçuaí fazendo o curso de Educador Social. Assistimos ao filme
“O Rei Leão” com as duas turmas (ginásio e o primário), cerca de 400 alunos. Depois voltamos para
as salas e trabalhamos com produções de textos, colagens e desenhos com os alunos.

Nesse primeiro momento, já pudemos constatar e identificar algumas dificuldades das crianças, como
erros ortográficos, alunos da 5ª série que não sabem ler e uma questão comum a todos e

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preocupante, principalmente no ginásio, é as crianças não conseguirem fazer uma produção de texto,
ou seja, relatar o que eles entenderam sobre o filme .

Outra sessão realizada na escola foi no dia 21/07 e cerca de 200 adolescentes assistiram ao filme
“Central do Brasil”. Nessa semana, o ginásio teve aulas o dia inteiro para cumprir o calendário. O
filme foi uma das atividades diversificadas e planejadas pelos professores para discutir o tema dentro
das salas.

O Cinema Itinerante também vai até as comunidades. No Barreiro, cerca de 70 pessoas tiveram a
oportunidade de assistir ao filme “O Gladiador”, reunidos na praça da igreja e nem mesmo o frio foi
capaz de desanimá-las e ali permaneceram até o final da sessão.

Na Igrejinha, houve uma grande mobilização por parte das Mães Cuidadoras e que deu certo, pois a
comunidade compareceu em massa, cerca de 150 pessoas para assistir ao filme “Central do Brasil”.
Todas ficaram encantadas com o cinema e querem que volte. Interessante foi quando perguntamos o
que acharam, não diziam apenas que foi bom ou divertido, mas que também se identificaram com as
histórias de vida dos personagens, comparando-as com a sua realidade, segundo eles bem parecida.
Também relataram sobre a lição de vida que tinham aprendido com o filme.
Outras apresentações:
- E. M.Olinto Ramalho - “Ser Minas tão Gerais”

- E. M.Felícia Esteves Borges - “O Extraterrestre”

- E. M.Felícia Esteves Borges - “Lisbela e o Prisioneiro”

- E. M.Joaquim Viana - “Ana e o Rei e 101 Dálmatas”

- E. M.José Gonçalves - “O Náufrago”

- Banco do Setúbal – “O Gladiador”

- Bois – “O Gladiador”

2.9. Semana na escola

Durante três dias no mês de junho, os professores dos núcleos foram para Araçuaí participar do
treinamento oferecido pelo CPCD. As Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação ficaram
responsáveis pelas escolas durante esse período. Tivemos também, nestes três dias a presença dos
diretores, secretárias e coordenação da escola.

Para nós, esta semana deveria ser a mais agradável possível e, pensando nisso resolvemos fazer uma
gincana em cada núcleo. Todas as atividades da gincana foram pensadas com o objetivo de

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trabalhar aspectos como trabalho cooperativo, solidariedade, respeito e também contribuir com a
melhora da leitura, escrita e as quatro operações.

As principais atividades desenvolvidas na gincana foram: Roda, Criação de nome e grito de guerra,
construção de canteiros, correio elegante, leitura de livros, criação de versos, contagem e plantio de
mudas, biscoitada, teatro, criação de personagens, contagem de esterco, terefas relâmpagos,resgate
de brincadeiras, discussão de filmes, campeonato de torre de hanoy, conhecimento gerais, contar
estória das comunidades, construção do crachá da equipe. Cada tarefa tinha uma pontuação.

Alguns dos jogos utilizados: Torre de Hanói, Velha Legal, Rapidinho, Corrida do saco com Perguntas,
Balões da sabedoria, Dando Nomes, Juntando Letras, Centopéia, Vira a Carta, Jogo da Memória,
Descobre Cobre, Rapidinho e Fecha a Carta.

As principais brincadeiras foram: Corrida do Saco, Corrida da cebola, Você Gosta de Mim, Coelhinho
Sai da Toca, Carneirinho e Rua e Avenida. Conversamos com os alunos sobre respeito, dar
oportunidade para os colegas e a importância de ser solidário.

O período que ficamos na escola foi muito bom. Os alunos, a princípio, estavam muito desanimados e
em alguns núcleos, agitados. Quando começaram a construir os crachás, ficaram mais animados,
fizeram o grito de guerra e foram se envolvendo, gradativamente.

O que valeu a pena foi a participação, o aprendizado de cada um e o trabalho em grupo. A maioria
sempre estava junta, poucos não participaram, mas estavam na equipe. Foi uma experiência que fez a
diferença na formação das Mães e Agentes Comunitários de Educação.

Tivemos que fazer muitas rodas para que houvesse organização, uma vez que muitos alunos nunca
tinham participado de uma gincana.

Estávamos muito preocupados com esse primeiro contato, como e qual atividade poderíamos propor
às crianças, sem fugir do nosso objetivo e, ao mesmo tempo, conquistá-las.Esses dias foram muito
proveitosos e agradáveis. Também, a forma como iniciamos nossa convivência com as crianças.

Algumas questões surgiram e aos poucos foram sendo discutidas, como por exemplo, a postura da
equipe dentro da escola e na comunidade, agora que fazem parte do Projeto Cidade Educativa.

No núcleo José Gonçalves, trabalhamos a música “ABC do Amor”, de Rubinho do Vale. Cantamos,
lemos e nos dividimos em grupos para trabalhar com o alfabeto e montar as palavras em destaque.

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Cada equipe recebeu um envelope que continha as letras recortadas para formar
palavras.Observamos que algumas crianças têm mais facilidade para formar palavras, quando
visualizam as letras. Com outras, nem chegamos a formar palavras. Centralizamos a atividade apenas
no alfabeto, utilizando as fichas e o cartaz com a letra da música.

Temos grande preocupação com algumas crianças, com as quais não conseguimos nenhum avanço.
Não temos clareza ainda se a criança é muito lenta, ou se apresentamos muitas falhas ao coordenar
as atividades. A preocupação do grupo é não conseguirmos atingir o objetivo com essas crianças, no
prazo que temos.

2.10. Biscoitada

Na Gema, a primeira biscoitada aconteceu na casa de Dona Vanda – Mãe Cuidadora – que tem
forno e mora perto da escola com a participação da turma da professora Eliana. Com essa atividade,
o grupo trabalhou português, matemática e cultura da região.

Para começar a atividade, Dé, Mãe Cuidadora, contou a história do biscoito e das duas comadres,
conto popular da região.

Depois da história, cada criança copiou a receita do “Biscoito de goma de sal” e foi auxiliada por uma
Mãe Cuidadora, na correção da receita. Enquanto o biscoito assava, cada criança fez uma redação a
respeito da atividade e muitas delas eram avaliações muito positivas.O biscoito foi servido com suco de
limão, preparado pelas mães.

No Núcleo José Gonçalves, fizemos a biscoitada na própria escola, com a turma da 1ª série, da
professora Ângela. Primeiro, cada criança copiou a receita. Nesse dia, dois jovens da comunidade São
Marcos estavam visitando a escola e, naturalmente, começaram a participar, ensinando alguns como
se escreviam as palavras.

Depois da massa ter chegado ao ponto, começamos a escrever as letras e os números junto com as
crianças.Foi muito proveitoso. Além da participação das crianças e constatar que elas começavam a
identificar melhor as letras, a professora levou a receita para ser trabalhada na sala de aula.Graça,
moradora da comunidade, nos cedeu o forno. Lá fizemos também o biscoito com a turma da 2ª série.
Foi o mesmo processo de escrever a receita junto com as crianças e depois fazer o biscoito no formato
das letras e números. Marluce, professora da comunidade São Marcos, também participou dessa

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atividade. As crianças, ficam sempre muito empolgadas com essa atividade. Querem ler, escrever e
principalmente comer.

Na José Gonçalves, o grupo fez o chá de erva-cidreira. Junto com as crianças, copiávamos a receita à
medida que colocávamos os ingredientes no fogo. Além de trabalharmos a escrita, corrigir os erros
ortográficos juntos, discutimos também questões de matemática, que envolviam medidas e
quantidades.

Na hora do recreio, o grupo ficou responsável por dividir o chá para todos os alunos da escola.Essa
atividade foi muito proveitosa, porém percebemos muita dificuldade das crianças em escrever. Mesmo
copiando, elas ainda escrevem errado.

2.11. Pedagogia das placas

O trabalho com as placas na comunidade vem acontecendo em poucas casas, pois as comunidades
são muito distantes.

As placas ajudam a melhorar a escrita e também possibilitam melhor entrosamento entre as famílias.
Temos oportunidade de explicar aos pais a importância desse trabalho para que possam acompanhar
seus filhos.

O acompanhamento dos pais se dá no momento em que ajudam e incentivam seus filhos a lerem as
placas com os nomes dos objetos pregados. São parceiros nesse desafio e ajudam na sua
concretização.

Colocamos placas no Centro Infantil e percebemos o interesse das crianças menores. Ficam curiosos e
ajudam a colocar as placas nos lugares certos.

Na comunidade da Lapinha e Barriguda, fizemos essa atividade com seis famílias, e atendemos 8
alunos em fase de UTI, nesses dois lugares. As pessoas nos receberam muito bem porque acreditam
na ajuda que o Projeto dá a seus filhos. Em todas as casas sugerimos aos pais estudar as palavras e
escrevê-las. Já fizemos aproximadamente 120 placas nas casas visitadas.

A atividade das placas também aconteceu na comunidade Taioba, mas dessa vez não foi em nenhuma
casa, e sim, em uma das cacimbas da comunidade, onde há uma horta. O portão da horta certas
plantas receberam placas, de identificação. Nem mesmo o cachorro “Estraguinho” foi poupado das
placas.

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No Palmital, a atividade das placas aconteceu na casa de Arlene, filha de Zilmar – Mãe Cuidadora –
uma vez que as Mães Cuidadoras e Agentes já haviam identificado as dificuldades dessa criança em
reconhecer até mesmo as vogais.

2.12. Banco do Livro

Começamos a organizar o Banco em ritmo de mutirão. O espaço estava muito tumultuado, com
prateleiras bagunçadas dado ao excesso de livros. Separamos os livros e tiramos os que excediam,
doando-os às escolas, Projetos e aos visitantes do Banco. Esse trabalho possibilitou um melhor
entrosamento com toda a equipe de Mães e ACE, que se empenhou bastante no trabalho.
Aproveitamos também para discutirmos algumas atividades que serão desenvolvidas no Banco do
Livro e uma delas é a gincana, que está sendo realizada nos Projetos Ser Criança, para arrecadação
livros de literatura.

Praça de Leitura - Para estimular a comunidade a freqüentar mais o Banco do Livro, todas as sextas -
feiras estão sendo promovidas manhãs e tardes educativas numa praça em frente ao Banco. Nesse
evento, desenvolvemos atividades com os Bornais e as Algibeiras de livros, brincadeiras, cantigas de
roda e teatro, chamando assim a atenção das pessoas. Já foram desenvolvidas três manhãs
educativas, tendo a primeira sido filmada pela TV Araçuaí, que documentou todo o trabalho do Banco
e seus objetivos.

Na última sexta-feira do mês de Julho, fizemos uma exposição das obras de um artísta daqui, Josino
Medina. Além de expor seus trabalhos, ele próprio fez uma caminhada pelas ruas de Araçuaí, tocando
viola e cantando. Junto com o Boi de Janeiro, outras pessoas foram se juntando e acompanhando-o. A
caminhada encerrou-se em frente ao Banco do Livro com apresentação de vídeo e outros trabalhos de
Josino.

2.13. Ruas de Lazer

Essa atividade, na zona urbana, tem sido muito interessante para as crianças e os moradores dos
bairros. Crianças do Projeto, moradores e outras crianças da escola aproveitam para estar juntos com
a gente nessa atividade. A primeira que aconteceu foi no campo de futebol do Bairro Nova Esperança.
Reuniram- se crianças da escola, do bairro e até alguns moradores que, por curiosidade, foram ver o

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que estava acontecendo. Como sempre começamos nossas atividades com a roda. Utilizamos o jogo
“Boca do Alfabeto”, que é uma adaptação da brincadeira antiga “Boca de Forno”. Dividimos o grupo
em duas equipes e uma criança de cada equipe retirava uma letra do saco do alfabeto e todos tinham
de buscar objetos ou qualquer coisa que começasse com aquela letra. Havia uma grande correria
pelas ruas e até as casas,em busca de algo. Houve uma cena engraçada, quando a letra G foi
retirada, pois uma das equipes chegou correndo com um gato na mão. Depois dos sacos cheios, os
objetos foram colocados no meio da roda e cada criança pegava aquele que começasse com a letra
proposta pela roda e escrevia a palavra no chão. Logo depois, o saco foi escondido com todos os
objetos para que pudesse ser encontrado.

Houve também oficinas de brinquedos com as crianças. Muitos levaram litros e os que não tinham,
foram buscar em casa, pois queriam fazer algum brinquedo.

Enquanto trabalhávamos com as crianças, discutíamos temas importantes para a melhoria da


qualidade de vida daquele lugar, como o reaproveitamento do lixo, assim cuidando mais do ambiente
onde moram. As crianças têm oportunidade de exercitar e aprender atividades como cooperação e
divisão de material, que possibilitam uma convivência melhor.

2.14. Oficinas de brinquedos e Passeios

Com os alunos da E.E. Isaltina Cajubi, as confecções de brinquedos foram muito produtivas. Com elas,
podemos trabalhar com as crianças não apenas reciclagem, mas também os aspectos mais
importantes para a formação do ser humano. A escola e o Projeto participarão da exposição “Amigos
da Escola”, que acontecerá dia 07, no Planalto, onde exporemos brinquedos e jogos produzidos junto
com as crianças.

As Mães Cuidadoras e Agentes se empolgaram bastante com a idéia e as oficinas foram desenvolvidas
durante duas semanas com as crianças do Projeto e com outras turmas. Confeccionamos carrinhos,
cavalos, bonecas, jogos e outros.

As crianças se empolgaram bastante, e as turmas, com as quais não fizemos a oficina ainda,
estaremos promovendo-a, na primeira semana de agosto.

Sair da sala de aula é uma grande alegria, para as crianças. Nós, não somente nos divertimos, como
também aprendemos com tudo que vemos ao nosso redor. Quando combinamos com as crianças que
iríamos fazer um passeio ao Banco do Livro, foi a maior folia. Todos queriam saber onde era e o que

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aconteceria lá. As crianças da escola participaram da manhã educativa, com teatro, jogos e livros.
Foram também conhecer o Banco e, ao mesmo tempo, participar do evento.

Enquanto caminhávamos contando casos, cantando e falando de tudo um pouco. Para a surpresa de
todos, a praça estava toda enfeitada, com Algibeiras de Livros, jogos, balões e uma barraca de
bonecos. As Mães Cuidadoras e ACE dividiram se em pequenos grupos, contando histórias, brincando
com os jogos e com roda de música.

A partir das atividades, fizemos um varal com os desenhos das crianças, onde elas retratavam tudo
que haviam aprendido. De volta à escola, as crianças criaram cartazes com desenhos e histórias.

2.15. Empório solidário

No mês de junho, iniciamos o levantamento das famílias realmente carentes, na zona rural.
Infelizmente esses números são alarmantes. Há famílias na zona rural que, além de não terem nada
para alimentação ainda moram em lugares de difícil acesso. Só se chega a suas casas, a pé,
gastando-se mais ou menos duas horas.

Como neste ano a maioria das atividades do Projeto estão concentradas na zona rural, assim também
será com o Empório, cujas famílias atendidas também são da zona rural.

A equipe do CPCD concentra-se mais na zona rural, facilitando e garantindo melhor funcionamento e
atendimento às pessoas, já que a Prefeitura ainda não se apropriou do Projeto.

Algumas famílias não dispõem de benefícios, ficando difícil manter seus gastos.

No mês de julho, fizemos os cadastros das famílias, que agora estão sendo analisados pela equipe
responsável pelo Empório. Através desse cadastro, descobrimos as condições precárias dessas pessoas,
que não se alimentam direito e, em conseqüência, as crianças são desnutridas.

Nossa meta é fazer a primeira distribuição em agosto.

2.16. Permacultura/Horta

O Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, em parceria com o IPEC e a Fundação AVINA,


realizou no mês de abril um curso de Permacultura para agricultores, educadores e diversas pessoas
da comunidade de Araçuaí. Este curso foi ministrado pelos instrutores do IPEC, que conseguiram deixar

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as pessoas incomodadas com a forma como o ser humano trabalha a terra e explora o meio ambiente
.

A permacultura trouxe para os participantes, uma visão ampla e respeitosa sobre os recursos naturais.
O homem não tem que ficar simplesmente garimpando, tirando o que a terra tem de melhor, sem
nada devolver a ela. É preciso haver uma relação de troca, cuidado e respeito.

Após o curso, os educadores do CPCD também iniciaram nos projetos e núcleos rurais algumas ações
na linha da permacultura, principalmente hortas com formatos de mandalas e espiral de ervas. Outros
participantes estão colocando em prática o que aprenderam no curso, nos seus próprios quintais.

No Ser Criança, toda a horta foi feita com canteiros de mandalas, evitando a monocultura. Nos
canteiros plantaram-se várias espécies de plantas, pois assim podemos evitar as pragas. O que antes
considerávamos mato está fazendo parte da horta. Antigamente tudo era arrancado, pois nos hortas
tradicionais isso era considerado sujeira, ou seja, era como se a horta não estivesse sendo bem
cuidada. O mato serve para alimento de animais e também protege o solo. As plantas repelentes,
também fazem parte da horta. Hoje sabemos que tudo tem que ser plantado. Conseqüentemente,
teremos ali vários insetos, pequenos animais, formando um ecossistema equilibrado: um serve de
comida para o outro, o que não come animais, se alimenta da planta; se temos várias plantas, não
teremos nossa horta prejudicada, nem ataque de pragas.

O biofertilizante foi feito durante o curso. Continuamos trabalhando com ele, pois garante uma horta
com alimentos saudáveis.

Nosso próximo passo é envolver mais as crianças nessa atividade. Todas elas e até mesmo os
educadores que ainda não conhecem o processo estão sendo atraídos pelo desenho da horta e sua
beleza. Mas, o mais importante é conseguirmos mudar a mentalidade das pessoas e das crianças.
Trabalhar com a terra é prazeroso. Nossas crianças e seus familiares ainda não estão conscientes de
que podem ter uma alimentação boa com produtos vindos do seu próprio quintal.

Na Escola Felícia Esteves, na comunidade Água Branca (Bois), o trabalho com permacultura envolveu
todos os alunos.

No dia 8 de junho, tivemos uma oficina de 1 hora com os alunos e falamos um pouco sobre o
conceito de permacultura e de algumas técnicas como o canteiro de mandala,o espiral de ervas,
canteiro buraco de fechadura e da compostagem. Logo em seguida, dividimos os alunos em três
equipes, ficando cada uma responsável por fazer duas partes da mandala.

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O envolvimento foi muito grande, todos ajudaram bastante. Não ficou um aluno sem participar.

Durante o trabalho, fomos discutindo sobre o respeito para com a natureza e a importância de
aproveitarmos tudo para o cultivo: restos de alimentos e o mato que arrancamos.

As embalagens plásticas dos lanches que os alunos compram na venda são jogados por toda parte,
quando poderiam ser aproveitados no herbário, para o cultivo de mudas e o resto de construção como
pedaços de tijolos e telhas, para fazer o contorno dos canteiros, etc.

Terminamos a mandala e ela ficou muito bonita. Aproveitamos para discutir com os alunos a questão
do trabalho em grupo e combinamos plantar somente o que gostamos de comer, de cheirar e ver.

Na escola José Gonçalves, foi realizada uma oficina de horta, ministrada por duas pessoas que
fizeram o curso de Ecovilas e Permacultura – Betinho e Maria Emília, que estão atuando como
multiplicadores. O grupo de Mães Cuidadoras, Agentes Comunitários de Educação e alguns alunos
do ginásio da escola participaram dessa oficina.

Para essa oficina apresentamos um slide, mostrando as atividades e algumas técnicas já colocadas em
prática pelos multiplicadores, os quais foram mostrando e falando um pouco sobre cada
técnica/atividade apresentada e que interessou muito todos os participantes, motivando-os a fazer
várias perguntas .

Depois das dúvidas esclarecidas, fomos para o espaço da horta observar o local e o que poderíamos
fazer a partir da permacultura. O grupo já havia iniciado algumas técnicas como a cobertura vegetal
para não deixar o solo e os canteiros expostos. O solo estava muito bem preparado e adubado
naturalmente.

Decidimos, junto com os participantes, fazer uma mandala para aproveitarmos o máximo o espaço
que temos e também os cacos de telhas que estavam deixando o local da escola feio.

Decidimos o formato da mandala e dividimos a equipe: uns foram buscar telha, outros foram
desenhar e fazer a mandala, depois colocamos os cacos de telha nas bordas.

Paramos para o almoço e à tarde sentamos para decidir como seria o trabalho. Como a mandala já
estava quase pronta, faltando somente colocar as bordas na parte interna e plantar, decidimos que o

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grupo terminaria nos dias seguintes para ganharmos tempo e partirmos para outra atividade: o espiral
de ervas.

Para o espiral de ervas, nós todos buscamos pedras e há muita na região. Enquanto uns ajudavam
montar, os outros buscavam terra e colocam no espiral. Todos participaram ativamente, mesmo com o
sol muito forte. Rapidamente o espiral estava pronto, faltando somente o plantio. Como não tínhamos
mudas de ervas e o sol, muito forte, deixamos para plantar no outro dia.
Quando sentamos para conversar e avaliar o trabalho, aproveitamos para mostrar as fotos das
atividades do dia aos participantes. Os grupos se empolgaram bastante e se sentiram valorizados.
Durante a apresentação das fotos, as pessoas falavam de como tudo ficou bonito e que iriam fazer em
suas casas também.

“A permacultura é muito interessante e envolvente. Eu mesma, quando comecei, não consegui mais
parar. Agora, quando vejo um terreno ou um espaço, já fico olhando o que posso aplicar de
permacultura ali, para aproveitá-los melhor.”
Maria Emilia Martins Santana
Dentista e permacultora

No grupo de Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação da Malhada, temos duas pessoas
que fizeram o curso. Elas estão passando para as outras um pouco do que aprenderam no curso.
Conversamos sobre o novo sistema de plantio onde conseguimos aproveitar pequenos espaços, dando
um novo formato para os canteiros e aumentando a valorização da terra. A horta da escola foi feita
pelo grupo com os princípios da permacultura.

Fizemos na horta canteiros mandala, cercados com pequenas pedras e dois canteiros buraco de
fechadura. Estes, fizemos com pequenos pedaços de pau. Todos ficaram muito bonitos. As pessoas
nunca tinham visto canteiro desse jeito. Para conseguir fazer os canteiros, levamos alguns dias até
conseguir juntar pedras e paus, que não eram fáceis de encontrar nas proximidades da escola.

A horta da escola é pequena e não podemos ampliá-la muito, porque toda a água vem da cidade em
caminhão pipa. Combinamos deixar, sempre, embaixo das torneiras, baldes para coletar toda a água
que os alunos usam para lavar as mãos e colocá-la dentro de uns tonéis, para ser usada mais tarde
nos canteiros. Além deste aproveitamento da água, colocamos capim nos caminhos para conservar a
umidade. Nos canteiros, colocamos folhas secas com a mesma finalidade. As pessoas aprendem e
usam todas essas alternativas em suas casas. Os caminhos que criamos entre a mandala e o canteiro
buraco de fechadura ficou melhor para as atividades com os alunos. Eles adoram caminhar por entre
eles. Os caminhos também facilitam o cuidado com os canteiros.

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Estamos aproveitando todas as cascas de verduras da escola para fazer o composto orgânico.
Separamos um espaço na horta para montá-lo e acrescentamos capim e esterco.

Para o plantio da horta na comunidade, um pai de aluno cedeu o lugar.Nosso objetivo é trabalhar
Permacultura com as crianças e com as pessoas da comunidade.

À medida que vamos trabalhando, as pessoas vão conhecendo outras formas de cuidar da terra e o
aproveitamento da matéria orgânica.

O núcleo da Gema tem uma permacultora nata, D. Vanda. Ela e Evangelista fazem parte do grupo de
Mães Cuidadoras e também fizeram o curso de Permacultura. Cada dia que passa, o grupo vem
plantando e procurando colocar, em prática, os saberes adquiridos no curso.

Esta região é muito seca. A escola é abastecida pelo caminhão pipa, que traz água da cidade, uma
vez por semana. A comunidade usa água de alguns minadores, sendo que a maioria deles tem água
com ferrugem. Nesta época do ano, compram a água para beber de um senhor que a busca em outra
comunidade, numa caminhonete. As pessoas buscam todas as formas de reaproveitamento da água.

O grupo tem feito algumas ações, como:

• Uso de folhas secas

As folhas secas são usadas para adubar a terra e segurar a água por mais tempo nos canteiros. É uma
forma que temos de economizar água tão escassa.
As folhas usadas pelo grupo são recolhidas nos matos próximos, assim como a terra, para preencher
o espiral e os canteiros.

• Uso de terra podre

O terreno da horta foi muito varrido e ficou a descoberto, causando erosão. Por isso, usa-se terra de
outro lugar, acrescentando-se as folhas secas e outros restos orgânicos para torná-lo cultivável
novamente.

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• Espiral de Ervas

O grupo construiu adobes para fazer um espiral de ervas na horta. Nosso objetivo é fazer uma
pesquisa com os alunos sobre plantas medicinais, remédios populares e plantá-los junto com os
alunos.

Quando o espiral ficou pronto, não pôde ser plantado imediatamente, pois o enchemos com folhas
para ficar melhor adubado. Só depois de duas semanas, molhando, dia sim, dia não, pudemos iniciar
o plantio.

• Reaproveitamento de água

Na escola, procuramos reaproveitar a água da lavagem de vasilhas nos pés das plantas.

Na comunidade, D. Vanda, mesmo antes do curso de Permacultura, já utilizava a água do banho e da


lavagem de vasilhas para molhar as plantas de sua casa.Depois do curso passou a colocar capim,
folhas secas e papéis nos pés das plantas para manter a umidade do solo. Na casa dela existem dois
tambores: um para guardar água de banho e um para guardar água da lavagem de vasilhas.

Com a água do banho só se pode molhar os pés das plantas e não se deve molhar chás e plantas
para consumo.

A água de lavagem de vasilhas é deixada em descanso de um dia para o outro. No dia seguinte,
quando a sujeira já baixou, pode ser usada para molhar os pés das plantas. Nenhuma dessas águas é
jogada nas folhas para não prejudicar a planta que pode ter seus poros obstruídos.

No Córrego, planejamos construir uma horta comunitária, por isso fizemos uma reunião com as
pessoas da comunidade para combinar e definir um plano. As pessoas gostaram da idéia e já
iniciamos cavando os canteiros e adubando-os.

A horta está sendo construída no Centro Infantil, pois as crianças que ali freqüentam poderão desfrutar
da mesma. Nosso objetivo é que as crianças e demais pessoas que estejam contribuindo com o plantio
e manutenção da horta, tenham uma alimentação adequada e fiquem estimunladas a plantar também
em suas casas.

Nosso próximo passo é trazer um permacultor de Araçuaí, para que oriente o grupo dentro dos
princípios da Permacultura.

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Não podemos garantir que será uma atividade realizada com sucesso; na comunidade, devido a falta
de água.

As pessoas se envolvem muito com esse tipo de trabalho, pois gostam da terra e vivem dela.
Principalmente as mais velhas já têm uma preocupação muito grande em aprender formas de
proteção das águas e do lugar onde moram. Em muitos lugares aqui, a água está tão rara que chega
a assustar. Pessoas como Maria Emília estão se dedicando voluntariamente a fazer hortas e jardins nas
comunidades, com o objetivo de multiplicar os conhecimentos que adquiriram. Passou a ser uma
opção de vida.
Infelizmente, a iniciativa só está ligada diretamente às pessoas da comunidade, ao CPCD e aos
participantes do curso. O poder público não se envolve nem se interessa pelo que está acontecendo.

Nas escolas, o que acontece é devido à influência dos grupos de Mães e Agentes , com raras exceções,
como no núcleo da Malhada, onde o diretor também está se envolvendo.

No mês de julho realizamos uma oficina de horta no núcleo José Gonçalves, coordenada por uma
voluntária Maria Emília-Permacultora um educador do CPCD. Envolvemos aproximadamente 50 Mães
Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação, nas atividades relacionadas com
horta/permacultura, nos núcleos da Gema, José Gonçalves, Bois e Malhada Preta;

Nossa maior dificuldade, na zona rural , onde o grupo está mais estimulado com os trabalhos, é a
pouca quantidade de água, inviabilizando a ampliação das hortas, inclusive nas casas das crianças.

Na maioria das comunidades rurais não existe preocupação com a preservação do meio ambiente.
Ainda existe a prática das queimadas e as pessoas, por não terem banheiros e sanitários, acabam
utilizando o mato para fazerem as suas necessidades;

A permacultura está ganhando espaço dentro das comunidades. As pessoas que participaram do
curso, motivadas, têm aplicado a técnica em seus quintais e a visão delas em relação ao respeito à
natureza tem mudado consideravelmente. Estão mais conscientes e procuram incentivar a
comunidade.

Nosso compromisso, de educadores, é fomentar a multiplicação dos conceitos da permacultura nas


escolas e na comunidade.
Helbert Silva Rodrigues - Educador

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Com essa nova forma de plantar, estamos conseguindo resultados que nunca tivemos. A produção
aumentou e as crianças parecem gostar mais, principalmente de fazer o composto orgânico.
Márcio - Horticultor

“Se depender do que a gente aprendeu nesse curso, a gente não perde nada, aproveita até carniça.”
Evangelista - Permacultor

“Eu quero um espiral desse lá em casa, mas não é na horta não, é na frente da casa para plantar
minhas plantinhas de jardim. Vai ficar lindo.”
Maria José - Mãe Cuidadora - Núcleo Gema
“Lá em casa não desperdiça água nenhuma. Agora que aprendi a colocar capim no pé das plantas
pra segurar a umidade, é que não desperdiça mesmo.”
Vanda Maria - Permacultora
Núcleo Gema

“Aqui não tem água. É por isso que a gente tem que aprender a economizar até a água que a gente
lava vasilha. Lá em casa eu deixo em um tambor e no outro dia a água está limpinha. É só molhar as
plantas com ela.”
Vanda Maria - Mãe Cuidadora
Núcleo Gema

“Lá no curso fiquei sabendo que a gente conhece o quintal de quem planta pela sujeira do quintal,
mas não é sujeira de lixo, não, é de folha e resto de planta. Aqui em casa, qualquer um pode ver, tá
cheio de folha nos pés das plantas. Eu gosto demais de plantar.”
Vanda Maria - Mãe Cuidadora
Núcleo - Gema

“Hoje em dia a gente não pode desperdiçar nada, nem bosta. Aprendi no curso que depois de 60 dias
elas viram um ótimo fertilizante e, o melhor de tudo é que não fica cheiro nenhum.”
Evangelista - Permacultor
Núcleo Gema

“A Permacultura é mais uma forma de aprendizagem para as crianças, até porque também estamos
aproveitando melhor a horta.”
Gleidiane - ACE
Núcleo Malhada Preta

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“O formato dos canteiros, o jeito de trabalhar é muito bom. O problema é que faltou água e assim
algumas sementes não nasceram. Muitas pessoas tiveram curiosidade e perguntaram o porquê da
horta ser deste jeito e para todos falei do quanto podemos aproveitar a terra para plantar. No ano que
vem, se conseguir mais água para minha casa, com certeza vou fazer uma horta com o sistema de
permacultura.”
Cleria - ACE
Núcleo Malhada Preta

“A nossa horta esta tão bonita! Tá mais parecendo um jardim, desse jeito que foi feita.”
Maria Gorete - Mãe Cuidadora
Núcleo Malhada Preta

3. GERENCIAMENTO DO PROJETO

O Projeto Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa, é uma parceria entre a Prefeitura
Municipal de Araçuaí, o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento, o Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente e a Petrobrás Distribuidora SA.

O Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento – CPCD-, é a instituição idealizadora do Projeto,


sendo sua responsabilidade planejar, coordenar e executar todas as ações.

4. DESEMPENHO DOS EDUCADORES

Esse Projeto tem sido uma experiência de vida ímpar para os educadores da instituição. Temos
vivenciado situações de muito aprendizado e troca de conhecimento entre as comunidades. Existem
ações, propostas por nós, que tomam uma dimensão inesperada, visto que a comunidade abraça a
causa, apropriando-se gradativamente. Viver na zona rural, morar com as famílias das crianças com
quem trabalhamos, aprender outras histórias e, em muitos casos, vivenciá-las, tem trazido um
amadurecimento imensurável para os educadores. Há uma sincronia muito grande entre equipe e
comunidade, um é realmente companheiro do outro e estão juntos em todos os desafios.

A equipe de Mães Cuidadoras e Agentes envolve-se muito com as ações, havendo diferenças no ritmo
de trabalhar. Em alguns núcleos, as mães têm muita dificuldade com atividades ligadas à escrita e
matemática e isso já angustiou nossa equipe.

Depois, descobrimos outras qualidades nessas pessoas e assim vamos tentando não excluir ninguém.

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Uma vez que o Projeto não se restringe apenas à alfabetização e matematização, a equipe,
inicialmente, encontrou dificuldade para desenvolver as outras atividades. No final dos meses de junho
e julho foi que as atividades do Projeto se desenvolveram, ganharam formato. Não tínhamos muita
clareza de como desenvolver as ações com a comunidade. Conversando com a comunidade, ela
própria ia sugerindo o que fazer, onde e como, ajudando a dar forma à proposta. Muitas, vezes,
perdemos tempo e energia com algumas escolas, tentando marcar reunião, sem respostas
significativas.

Os trabalhos com as comunidades têm sido ricos e animadores. As pessoas são receptivas com o
novo.

5. ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE

A comunidade da zona rural não somente apóia o trabalho, como também acredita nas ações
propostas e na sua importância para o desenvolvimento local e aprendizagem das crianças.

Nossa primeira ação para iniciar os trabalhos do Projeto, estava ligada diretamente às comunidades.
Procuramos as pessoas que formaram a equipe no ano anterior, para retomarmos as atividades do
Projeto. Elas mesmas marcavam as reuniões e prepararam o espaço para a realização das
capacitações.

Os pais podem não ter conhecimento acadêmico, mas têm sabedoria adquirida com a vida, e são
conscientes do nível de aprendizagem de seus filhos. Outra questão que chama atenção é o espírito de
solidariedade e cidadania de todos. Hoje, sabem que podem contribuir, pois têm um potencial muito
grande, que aflorou com as provocações feitas pelo Projeto.

Muitas vezes, até nos emocionamos com o envolvimento e disponibilidade de algumas pessoas, para
garantir que as coisas aconteçam.

No Córrego, o Projeto conta com a parceria da Associação Comunitária e Infantil de Araçuaí-


ASSOCIAR, que cede os espaços do Centro Infantil e da brinquedoteca para realizarmos atividades,
apoiadas pela coordenadora de cada lugar.

6. ENVOLVIMENTO DA PREFEITURA

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Na reunião realizada no dia 26 de abril, ficou acertado que todas as atividades teriam continuidade
como no ano anterior, inclusive as atividades dentro de escolas e as propostas para a Biblioteca
Pública. Infelizmente, não vem acontecendo assim.

Em relação a Biblioteca Pública, a prefeitura não aceitou que o CPCD fizesse a gestão, nem fez as
adequações, combinadas na reunião.
Em algumas escolas percebemos que há uma resistência silenciosa às ações propostas. Muitos
professores não fazem o que é combinado, como por exemplo, a entrega de diagnósticos, a liberação
dos alunos para as atividades e não participam das reuniões.

O CPCD se propôs fazer as atividades como combinamos na reunião com a Prefeitura, mas depois
que sentimos que a Secretaria de Educação somente estava sendo parceira por ter um convênio
assinado, não porque acreditava e não agia como uma parceira mesmo, passamos a investir na
comunidade, a só gastar energia com quem quer somar forças .

Não é objetivo nosso criar confrontos. Nossa meta é somar o que temos de melhor em Araçuaí e
articular várias ações para fazer desse município uma Cidade Educativa.

7. IMPACTOS

• Índices Qualitativos

Núcleo da Gema

- Professores e coordenação da escola cooperando e apoiando o trabalho;


- Crianças avaliando positivamente;
- Empolgação das Mães e Agentes Comunitários em relação ao trabalho;

- Participação da comunidade em atividades do Projeto Cidade Educativa;


- Elevação da auto-estima da comunidade;
- Avaliação positiva da comunidade a respeito do Cinema Itinerante;
- Crianças comparecendo no local de encontro além das vezes combinads, obrigando a equipe a se
desdobrar para atendê-las;
- Convite de mães para que o trabalho aconteça em suas casas;
- Demanda para mais oficinas de xaropes;
- Aumento do número de pessoas nas oficinas;

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- Comunidade contribuindo com mudas para a pracinha que está sendo construída.

Núcleo Bois

- A escola estar aberta para o Projeto;


- Meninos muito interessados nas atividades;
- Inicio dos encontros com a comunidade;
- Apoio da comunidade deixando fazer do espaço da igreja;
- As pessoas do grupo esta animada com o trabalho junto à comunidade;
- A horta está produzindo folhas;
- O grupo de Mães e Agentes já estão iniciando a construção do planejamento das atividades
sozinhos;
- Muita aceitação da comunidade pelos remédios caseiros, feitos pelos grupos de produção.
Núcleo Malhada Preta

- Boa abertura da escola para o Projeto;


- Planejamento junto com as professoras;
- Reunião de avaliação toda a semana junto com as professoras envolvidas;
- Participação das crianças nas atividades;
- Boa recepção das famílias nas casas;
- Maior envolvimento com a comunidade;

- Início da Folia do Livro na escola, para depois ir para a casa das crianças

Núcleo José Gonçalves

- Participação das cantineiras nas atividades;


- Mães e ACE focalizando mais a aprendizagem;
- Crianças envolvidas nas atividades;
- Crianças mais felizes.

Núcleo Olinto Ramalho

- Planejamento da Folia do Livro com cavalgada e asteamento da bandeira, e recepção da


cavagalda com teatro e biscoitada.
- Inicio do grupo de produção;

- Equipe preocupado com o bom resultado do trabalho;

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- Equipe criativa e disponível para o trabalho;
- Maiores oportunidades para a comunidade;
- Início do trabalho com as crianças nas comunidades;
- Peças teatrais criativas e, engraçadas e temáticas;
- Participação e apoio dos pais nas atividades do projeto.

Núcleo Córrego da Velha

- Maior interesse dos alunos na leitura através dos bornais e algibeiras;

- Grande interesse em ler os livros das algibeiras que estão nos botecos, pelos moradores da
comunidade;
- Pelo fato de o cinema ser algo novo e desconhecido para as pessoas da comunidade, houve
grande participação e divulgação por parte de todos;
- A repercussão dos livros é tão grande que proporcionou leitura a mães de alunos, cobrador de
ônibus, dono de boteco, clientes,etc.;
- Participação das crianças na Folia do Livros (aconteceu com a reunião de um grupo de crianças na
casa de mãe e ACE)

Núcleo Araçuaí

- Planejamento das atividades desenvolvidas nos bairros;


- Trabalho com a comunidade;
- Início do grupo de produção;
- Equipe preocupada com o bom resultado do trabalho;
- Equipe criativa e disponibilizada para o trabalho;
- Crianças mais participativas.

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• Índices Quantitativos

REUNIÕES COM A OFICINAS DE RUAS DE


NÚCLEO TEATRO MÚSICA PASSEIOS GINCANAS
COMUNIDADE BRINQUEDOS LAZER

GEMA 03 01 02

BOIS 01 05

MALHADA 01 05

JOSÉ
GONÇALVE 02 08 02 01 02
S
CÓRREGO
04 01 02
DA VELHA

OLINTO
03 04 05 01 08 1 mutirão do livro
RAMALHO

ARAÇUAÍ 02 02 01 03 02
JOGOS BORNAIS ALGIBEIRAS PROFESSORES
NÚCLEO ALUNOS ATENDIDOS FOLIAS FAMÍLIAS ENVOLVIDAS
CONFECCIONADOS UTILIZADOS UTILIZADAS ENVOLVIDOS
03 (nos botecos e
GEMA 207 20 07 01 05 -
vendas)

BOIS 90 07 06 03 03 03 30

26
MALHADA PRETA 190 06 03 01 02 31
04 (criados)

JOSÉ GONÇALVES 400 25 11 05 01 02 50

09
CÓRREGO DA VELHA 240 10 10 - 03 20
02 (nos botecos)
63
OLINTO RAMALHO 380 06 11 02 02 100
05 ( criados)

ARAÇUAÍ 400 40 22 14 - 10 50
ATIVIDADE NÚMERO/PARTICIPANTES ESCOLAS NÚCLEOS

Olinto Ramalho, Joaquim Viana, Irmã Maria


Formação de Educadores Sociais 87 professores Gema, São Vicente, Felícia Estees Borges, José
Gonçalves e escolas menores

ATIVIDADE CAPACITADOS ATUANTES


Formação de Mães Cuidadoras 70 62
Formação de Agentes Comunitários de Educação 67 49
ALUNOS EM FASE DE UTI NÚCLEOS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Malhada Preta, Bois, Córrego da Velha, Bornal de Livros, Algibeiras de Leitura,
NÚCLEO / COMUNIDADE Nº DE SEÇÕES NOME DOS FILMES Nº DE
Olinto Ramalho, Gema, José Gonçalves e Biscoitadas, FoliaPESSOAS
de Livro, Bornal de Jogos,
E.486
E. Isaltina Araçuaí01 Ser Minas Tão Gerais Teatros, Músicas, trabalhos
70 com placas,
Bairro Pedregulho 01 Ser Minas Tão Gerais 150
Contação de histórias, passeios, oficinas
São Roque 01 Sherk II e Lisbela e o Prisioneiro 40
E. M. Olinto Ramalho 06 Janela Indiscreta e Procurandocomunitárias,
Nemo visitas
360às famílias, etc.
Comunidade Setúbal e
03 Central do Brasil, Lisbela e o Prisioneiro 250
Olinto/Gravatá
E. M. Irmã Maria Gema 02 101 Dalmatas 200
Cruzinhas 01 O Gladiador 203
E. M . Joaquim Viana 02 Central do Brasil 60
E. M. Felícia Esteves Borges 02 E.T O Extraterrestre, Lisbela e o Prisioneiro 95
Bois 01 Gladiador 100
A Sociedade dos Poetas Mortos, Naufrago,
E. M. São Vicente 04 190
Procurando Nemo e O Rei Leão II
Malhada Preta 03 Deus é Brasileiro e Central do Brasil 90
Procurando Nemo, O Rei Leão II e Central
E. M. José Gonçalves 04 400
do Brasil
Comunidade Igrejinha 01 Central do Brasil 150
Comunidade Barreiro 01 O Gladiador 70
Cinema Itinerante

Banco do Livro

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Nº DE ATIVIDADES/LIVROS

Livros no acervo 12.675


Trocas Junho e Julho 236
Doações recebidas 32
Doações feitas para escolas e Projetos 3.899
Manhãs Educativas 03
Exposições 01
Gincanas 01

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Oficinas Comunitárias

LOCAL Nº DE
PARTICIPANTES PRODUTOS
COMUNIDADE ENCONTROS
Núcleo da Gema 72 06 Xampu contra piolho, xarope e pomada
Doce de mamão em anel 10 L de Xampu e 25
Comunidade Banco do Setúbal 50 02
xampu recipientes de doce
Bairro Pedregulho 17 01 Xarope
Bairro Nova Esperança 15 01 Doce
Xampu contra piolho, melado de barbatimão, pomada
Núcleo Bois 27 05 de saião, chá de chapéu de couro, doce de mamão,
xarope de umbigo de banana e doce de mamão.
Núcleo Malhada Preta. Doce de abóbora, doce de mamão, docinho contra
Barriguda/ Giral/ Lapinha/ 25 05 verminose, champool contra piolho, xarope de limão
Tesouras alho e mel.
Núcleo Córrego da Velha 04 15 Tapete de retalhos, fuxico e ponto de cruz.
Núcleo José Gonçalves 36 02 Oficina de Permacultura e Pintura com tinta de terra
Comunidade Barreiro 10 02 Docinho contra verme e Xarope
Comunidade da Igrejinha 10 01 Xarope com umbigo de banana
Comunidade José Gonçalves 10 01 Xarope com umbigo de banana
Comunidade São Marcos 22 01 Xarope com umbigo de banana
8. DIFICULDADES ENCONTRADAS

• Núcleo da Gema

Uma das dificuldades das primeiras semanas foi não conseguir agendar uma reunião com a
diretora da escola. Por essa razão o trabalho com as crianças só começou efetivamente por volta da
terceira semana que estávamos na comunidade.

Uma pessoa da comunidade – ex-mãe cuidadora e atual líder comunitária da igreja – encaminhou-
nos um bilhete no qual proibia-nos de usar a igreja para as exibições do cinema e outras atividades
ligadas ao Projeto. O problema foi exposto ao grupo e o mesmo resolveu que o assunto deveria ser
discutido pela Associação Comunitária e conversado com o padre que passaria pela comunidade
no mesmo dia. O combinado foi feito. Com o apoio da comunidade e da escola o problema foi
resolvido e o cinema com as crianças deverá continuar acontecendo na igreja.

• Núcleo Bois

- Reunir com os professores , devido aos desencontros de horários, mas há abertura para conversar;
- Distância das casas das crianças que estamos acompanhando;
- Pessoas da comunidade com muitas dificuldades como: transporte, alimentação, problemas de
saúde, etc..

• Núcleo Malhada Preta

- Trabalho com os alunos da 5ª série;


- Reunir com todas as pessoas da comunidade;
- Resistência de alguns professores.

• José Gonçalves

- Não conseguimos encontrar com os professores do ginásio para planejarmos o trabalho;


- Dificuldade de reunir, professores ,diretora e coordenação do Projeto para decidir o que será
feito na escola;
- O ritmo lento das Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação para assimilarem e
desenvolverem as atividades.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa” 48


• Núcleo Olinto Ramalho

- Fofocas surgidas na escola;

- Reuniões feitas com pais de alunos pela escola, depondo contra o Projeto;

- Distâncias entre as casas das crianças e de uma comunidade para outra.

• Núcleo Córrego da Velha

- A não aceitação de alguns pais da comunidade, por não se interarem dos acontecimentos da
comunidade;
- A não aceitação de alguns professores;
- Dificuldade que os alunos encontram para chegar até a escola ou ponto de encontro das
atividades, devido a distância;
- Pouca água disponível para construção da horta. Devido a água chegar até as casas através de
poços artesianos e ficarem muito distantes, não disponibilizamos de boa quantia de água. Além
disso é preciso economizar água das chuvas por não poder consumir a dos poços.

• Núcleo Araçuaí

- Crianças muito agressivas e agitadas;


- Envolver os professores com o Projeto;
- Envolver a comunidade com o trabalho, pois a participação ainda é pouca;
- A escola tem um espaço enorme para fazermos horta e querem que juntos com a comunidade
possamos fazer, mas os ladrões pulam o muro e roubam, ou ás vezes pisam nos canteiros.

9. REFLEXÃO

“A comunidade e a escola têm cooperado bastante com o Projeto. Apesar de algumas dificuldades
encontradas estamos caminhando a passos satisfatórios. O grupo é disposto e a todo tempo
procura novidades para enriquecer ainda mais o trabalho com as crianças e beneficiar a
comunidade em geral.

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa” 48


As professoras cooperam e algumas até sugerem atividades. Com Adriana, professora do pré,
nossa relação é muito estreita e têm dado bons frutos. O Trabalho dela se baseia na metodologia
do Sementinha o que nos deixa bastante a vontade.
As crianças se envolvem nos trabalhos da comunidade e isso é indicador de qualidade, dinamismo
e apropriação.”
Maria Dirce da Silva Rodrigues - Educadora

“Nos Bois, o trabalho agora é que vai começando de verdade, conseguimos já ,marcar os encontros
com a comunidade e iniciar o trabalho na escola. Tivemos o primeiro contato com os alunos usando
a Folia do Livro, senti que eles estão muito ansiosos para voltar a fazer atividades com as pessoas
da Cidade Educativa. A conversa com a escola está sendo boa.Temos abertura e podemos ficar
mais à vontade para realizar o trabalho. O grupo de Mães e Agentes está bem animado, mas ainda
tem algumas pessoas que precisa trabalhar com eles para que possam assumir os trabalhos. A
nossa contribuição na comunidade é muito grande, porque estamos pensando no melhor para
todos e estamos buscando o envolvimento das pessoas para que possamos crescer juntos.”
Jorge Luiz Pereira - Educador

“Começamos novamente as nossas atividades na escola e comunidade Malhada Preta. Temos uma
boa relação com a escola, isso facilita o nosso trabalho porque podemos conversar e planejar as
atividades juntos. As crianças, esse ano estão mais interessadas, por isso o trabalho rende mais. As
pessoas estão animadas principalmente com o trabalho acontecendo junto as famílias. Estamos
voltando a conquistar o espaço do Projeto na comunidade agora como Cidade Educativa, dando
mais oportunidade para as pessoas de se desenvolver e envolver em todas as atividades.”
Jorge Luiz Pereira - Educador

“Algo que estamos discutindo e lutando é fazer com que a Cidade Educativa cresça cada vez mais
através da comunidade, estamos buscando meios de envolver a comunidade em diversos trabalhos
como é o caso dos grupos de produção e permacultura que é agricultura permanente, e dentro dela

possui várias formas de estar melhorando a produção tanto em índices qualitativos quanto
quantitativos, fazendo com que essa comunidade passe a coordenar essas atividades garantindo
isso como mais uma ferramenta de desenvolvimento e Educação.”
Helbert Silva Rodrigues - Educador

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa” 48


“A cada dia que passa aprendo uma coisa diferente. Para trabalhar em grupo é preciso conviver
com as dificuldades dos outros e aceitar as diferenças.”
“Com base adquirida no ano anterior, espero que o trabalho possa prosseguir de maneira
qualitativa e com resultados gratificantes.“
Lucivânia Prates Jardim

Projeto “Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa” 48


1. RELATÓRIOS TÉCNICOS

1.1. FORMAÇÃO DE MÃES CUIDADORAS E

AGENTES COMUNITÁRIOS DE EDUCAÇÃO


NÚCLEO OLINTO RAMALHO

INTRODUÇÃO

A oficina aconteceu no período de 23/05/05 a 27/05/05 na comunidade na Banco de


Setúbal,município de Araçuaí com 40 horas semanais, oito horas diárias. Tivemos a participação de
26 pessoas, 23 mulheres e 3 homens, mais duas das participantes femininas desistiram devido à
distância e à insegurança de voltar para casa anoitecendo.

A comunidade Banco Setúbal, é uma das maiores comunidades do núcleo Olinto Ramalho e possui
grande quantidade de crianças, que durante a oficina apareceram com freqüência para observar o
que se passava ali durante esse 5 dias. Essa foi uma das comunidades onde o grupo de Mães
Cuidadoras e Agentes Comunitário de Educação desenvolveram as atividades do Projeto com os
alunos, durante o período de férias.

Existe um rio chamado rio Setúbal que percorre quase todas as comunidades e é desse rio que as
pessoas tiram toda água para a sobrevivência.

PERFIL DA EQUIPE

A equipe é super dinâmica e criativa. O grupo se mostrou muito disposto para todas as atividades
realizadas e se preocupava com o bom resultado das mesmas.

A responsabilidade é uma das qualidades desse grupo. Pelas conversas percebe-se como se
preocupou e empenhou para o bom resultado do Projeto, no ano anterior.

1
Outros questionamentos do grupo é como conquistar o professor e fazer com que se envolva com o
trabalho do Projeto. O maior desafio é buscar mais envolvimento da comunidade dentro do Projeto e
outras parcerias. O grupo aproveita ao máximo as oportunidades que surgem. A grande maioria da
equipe está sempre preocupada em rever e avaliar todas as atividades.

O fato de a Escola Olinto Ramalho ficar bem próxima da cidade, e ser de fácil acesso, fez com que as
pessoas se tornassem menos tímidas e mais desinibidas, dando ao trabalho um ritmo mais acelerado.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

• Crachá criativo

Para cada participante foi entregue um pedaço de papel em branco e a tarefa era criar um crachá no
formato e na cor que mais se encaixa-se ao perfil do seu criador. Cada um escreveu no crachá seu
nome e uma qualidade que iniciasse com a primeira letra do seu nome.

Saíram crachás de diversos tipos, cores e formatos . Em seguida, cada um apresentou seu crachá,
falando o porque de cada risco, cor, formato e o que tenha em comum com quem fez o crachá.

Com o crachá criativo deu para saber um pouquinho sobre cada pessoa. Interessante é que no crachá,
geralmente, as pessoas falam somente dos seus pontos luminosos e proporciona criar novas
qualidades além das que já possuem.

• Tarefas diárias

O grupo foi dividido em cinco cores, marrom, amarelo, laranjado , azul e vermelho. Para cada grupo
foi entregue uma tarefa para ser apresentada no final de cada dia: Curiosidade da região, avaliação,
organização e limpeza, jogo e brincadeira.

O seguinte quadro com as tarefas era exposto na parede para que todos vissem durante a
capacitação.

SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA


Curiosidades Organização e
AZUL Avaliação Jogo Brincadeira
da região limpeza
Organização e Curiosidade da
VERMELHO Avaliação Jogo Brincadeira
limpeza região
2
Organização e Curiosidade da
MARROM Jogo Brincadeira Avaliação
limpeza região
Curiosidade da Organização e
AMARELO Jogo Brincadeira Avaliação
região limpeza
Curiosidade da Organização e
VERDE Brincadeira Avaliação Jogo
região limpeza

Dessas atividades surgiram produções que, com certeza, servirão muito para o nosso trabalho nas
salas de aula, além das produções que serão anexadas no final desse relatório. Deu para conhecer um
pouco a cultura da região. Falamos um pouco da cultura que vinha se perdendo, como as cantigas de
roda, danças, festas tradicionais que estão sendo a cada ano esquecidas.

• Dinâmicas

Abusamos no uso das dinâmicas de grupo, e elas nos proporcionaram várias discussões sobre
solidariedade, companheirismo, aprendizagem, ritmo de cada membro do grupo, e até mesmo refletir,
avaliar e planejar nosso trabalho.

Usamos algumas dinâmicas que contribuíram para que o grupo discutisse muito mesmo. Uma delas
foi a dinâmica do boneco. Cada participante recebeu um papel e desenhou nele uma pessoa
“perfeita”. Em seguida, deu nome a essa pessoa. Cada um criou o seu personagem. A próxima parte
dessa atividade era dar “vida” a esse personagem. Cada um puxou uma seta do topo da cabeça desse
personagem e escreveu os ideais, da orelha direita, o que ele ouviu e gostou, da orelha esquerda, o
que ele ouviu e não gostou, da boca, o que ele falou e se arrependeu ou se arrependeu de não ter
falado; da mão direita, o que ele têm para dar; da esquerda receber, do coração três paixões, do pé
direito um sonho e do esquerda, o que ele tem que fazer para realizar esse sonho.

Todos apresentaram seu boneco e no final iam falando as semelhanças e diferenças entre o
personagem e ele. Grande maioria do grupo falou que o boneco era ele em pessoa.

“Sou eu. Quando comecei a escrever, fui falando sobre mim sem perceber, Quando você me
perguntou quais as diferenças e semelhança entre nós, percebi que tudo que tinha escrito era sobre
mim, meus sonhos, o que gosto e não gosto, das coisas erradas que fiz. Desabafei brincando.”
Marilha Alves S. Oliveira

Com o boneco deu para saber um pouco do perfil de muitos dos participantes, de forma lúdica e sem
causar constrangimento a ninguém.

3
Em seguida, foi pedido que criassem um boneco para o grupo. Dividimos a turma em cinco grupos,
cada grupo ficou com uma ou duas partes do boneco para criar e escrever na frente de cada parte,
utilizando os mesmos tópicos do boneco individual.

A idéia era que os grupos por si sós, percebessem que essa atividade seria impossível de fazer em
grupos separados, pois tinha grupo que estava com a perna direita e que pedia um sonho, e outro
com a perna esquerda que falava o que o grupo teria que fazer para realizar o sonho colocado na
perna direita, sem falar na harmonia do boneco, tamanho de cada parte confeccionada.

Um dos participantes de um dos grupos, levantou a discussão com os membros do seu grupo sobre
como fazer a perna sem saber o tamanho do corpo e das outras partes. Ele convenceu o pessoal do
seu grupo a passar nos grupos para convencê-los a se reunirem para fazer em conjunto e terem um
resultado melhor. Nenhum dos grupos prestou atenção no que falaram. Quando cada grupo concluiu
a atividade, voltamos para a roda grande e fomos montar o nosso boneco que, por sinal, não tinha
nenhuma harmonia, um braço masculino, outro feminino, uma perna grande e outra pequena, o
coração maior que o corpo, a boca quase do tamanho da cabeça. Então, começamos a discutir o
porque daquele boneco estar daquela forma. Uns diziam que o boneco nasceu deficiente, outros que
ele estava engraçado, e alguns disseram que foi falta de atenção e que poderiam ter feito um boneco
mais bonito, e que falasse algo que pudéssemos entender. Discutimos sobre a importância de
valorizarmos o que falamos para o outro, e que o que vem da terra tem que ser valorizado tanto como
valorizamos as de fora, ainda mais se tratando de pessoas, como companheiros de trabalho.

Discutimos sobre em que o grupo poderia melhorar a harmonia e o trabalho em equipe.

• Textos

O texto “Cavalinho” proporcionou uma discussão sobre motivação, e qual seria o cavalinho que íamos
utilizar com os alunos que necessitam do Projeto e não se interessam em aprender. O grupo foi
sugerindo várias coisas. Como levar os meninos aprenderem fazendo o que eles mais gostam.
Discutimos sobre o que os meninos mais gostam e chegamos ao um consenso que é brincar. O grupo
expôs a falar como tiveram resultados bons com o trabalho no ano anterior utilizando jogos e isso
pode ser um dos meios para motivar os alunos a aprenderem.

O texto “Brincando e que se aprende” veio confirmar tudo que já havíamos discutido em outras
atividades e com o texto Cavalinho, falamos das diversas formas de aprender brincando. Cada um foi
fazendo analogias do que brincavam quando eram crianças e como são hoje, e descobriram que
muitas coisas que fazem hoje aprenderam brincando.

4
• Bornal de livros e Algibeira

Para essa atividade, deixamos as algibeiras a mostra, abrimos os bornais e esparramamos livros a seu
redor. Dividimos a equipe em 5 grupos e cada grupo escolheu um livro, para ler no grupo depois
apresentar esse livro para o grupo. O resultado foi contações de histórias e teatros e uma discussão
sobre como contribuir para que os alunos se interessem mais por livros e passarem a utilizá-los mais.
Tivemos propostas de teatros, fazer os bornais e algibeiras circularem mais entre as comunidades..

• Construção do PTA (Plano de trabalho e Avaliação).

Criamos um PTA para servir nortear nosso trabalho, o construção Plano de Trabalho e Avaliação –
PTA. Retomamos algumas discussões que surgidas durante a semana. O PTA fez com que
discutíssemos sobre nosso objetivo em relação ao Projeto e o que utilizaríamos para alcançar esse
objetivo.

Cada membro do grupo dava sua opinião, que era discutida antes de colocarmos no papel.

DESEMPENHO DOS EDUCADORES

O grupo é bastante interessado, disposto e realmente acredita no Projeto.

O grupo foi assíduo, mesmo com as dificuldades de transportes e longas distâncias a serem
percorridas, andando. Todos se empenharam muito para que a oficina tivesse um bom andamento.
Cada participante, de seu jeito sempre preocupava em passar um pouco do que sabia para os demais.

AVANÇOS OBTIDOS

• Índices Quantitativos

- Essa capacitação durou 5 dias, com 8 horas diárias, no total de 40 horas;


- Tivemos a participação 26 pessoas, de 6 comunidades diferentes;
- Durante a oficina, tivemos 8 jogos, 3 poesias, uma paródia e 5 teatros.

5
• Índices Qualitativos

- Educadores conscientes do seu papel,


- Construção e criação de Jogos,
- Construção do PTA (Plano de trabalho e avaliação,
- Trabalho voltado para a comunidade,
- Troca de experiência,
- Socialização de conhecimento e idéias,
- Disposição do grupo para o trabalho.

DIFICULDADES ENCONTRADAS

- Grandes distâncias a serem percorridas a pé para que alguns participantes do grupo chegassem
ao local do treinamento;
- Seleção da equipe de trabalho.

REFLEXÃO

“Descobrir o verdadeiro significado da palavra Educação tem que ser o nosso principal objetivo.

O trabalho esse ano, tem tudo para correr melhor que no ano anterior, pois já temos certa experiência
acumulada e isso servirá para não comentemos os mesmo erros. O grupo está mais sábio,
empolgados, e se preocupa bastante com os resultado.

Começamos com muita disposição, profissionalismo e responsabilidade e disposto a usar tudo que
sabemos para alcançarmos os nossos objetivos ”.
Helbert Silva Rodrigues - Educador

ANEXOS

• Jogos Criados

Jogo Radulego

Objetivo

6
Trabalhar leitura, escrita e as quatro operações com agilidade.

Faixa etária

7 anos acima

Material: Fichas em forma de bichinhos, formas geométricas, ou no formato que for mais atrativo para
os jogadores. No verso dessas fichas deverá haver perguntas sobre matemática e português, exemplo:

3x3 Escreva a palavra


dado

Como se joga

Forma-se uma roda de pessoas em pé e de mãos dadas. Escolhem-se 2 pessoas: uma para ficar
dentro e outra fora da roda. A pessoas que ficar dentro deverá passar na roda pegando braço por
braço fazendo a seguinte pergunta: Que pau e esse? A pessoa devera responder dizendo o nome de
uma espécie de árvore.
Em seguida, a pessoa que está na roda grita “Radulego rabo duro”e a roda responde: “se pegar esta
seguro”. Novamente, a pessoa de dentro da roda grita: “Radulego rabo mole” A roda responde: “se
não pegar escapole”.
Na seqüência a pessoa que está dentro da roda tentará fazer a pessoa sair da roda para tentar pegar
a que está do lado de fora da roda. A roda pode ajudar o atrapalhar a captura da pessoa. Depende
de cada membro.
Assim que a pessoa for capturada, os dois deverão correr ao centro da roda e pegar um ficha, ler o
verso, correr até o quadro e responder a pergunta. Quem responder primeiro, ganha o ponto.

Criação

Edima Ramalho / Maria de Lourdes / Claudete Dourado Santos / Vanuzia Alves Souza

Jogo da memória

Objetivo

Trabalhar as quatro operações, leitura e escrita.

Faixa etária
7
7 anos acima

Material

Um tabuleiro no formato de uma algibeira contendo 25 bolsinhos, cartas com perguntas e tarefas
relacionadas ao objetivo do jogo.

Como se joga

Formam-se dois grupos e o número de participantes será decidido pelo coordenador, assim com a
forma e quem começará o jogo. A pessoa que iniciar o jogo, deverá escolher uma letra e um número
e logo em seguida ir até o tabuleiro pegar a pergunta ou uma tarefa dentro do bolsinho. A cada
pergunta respondida e tarefa executada, o equipe ganhará um ponto.

Quando terminarem as perguntas, somam-se os pontos e a equipe que estiver com maior numero de
partidas ganhas é a vencedora.

Criação

Ilda / Adriana / Eliane / Maria Júlia

Tabuleiro do jogo da memória.

A E I O U

8
1

• Adaptação de Ciranda Cirandinha

Ciranda Cirandinha Com essas atividades


Vamos todos cirandar Conseguimos conquistar
Vamos dar a meia volta As crianças no Projeto
Volta e meia vamos dar. Vamos todos trabalhar

9
Meus meninos venham cá Nós, mães cuidadoras
Agora vamos jogar Trabalhamos com prazer
Temos jogos divertidos Pois queremos que as crianças
Sei que todos vão gostar Aprendam a ler e escrever

Olhe aqui ó Sidnéia


O que é que você quer Criação
Quero história engraçada
Para nunca esquecer Edima Ramalho Pinheiro / Claudete Dourado
Santos / Maria de Lourdes Ramos dos Santos /
Com os jogos divertidos Patrícia Moreira Lopes / Vanúzia Alves Souza
João aprendeu multiplicar
Com histórias engraçadas
Maria aprendeu contar

As crianças da escola
É fácil de conquistar
Basta ter uma dinâmica
Para a turma animar

Com essas atividades


Conseguimos conquistar
As crianças no Projeto
Vamos todos trabalhar

Nós, mães cuidadoras


Trabalhamos com prazer
Pois queremos que as crianças
Aprendam a ler e escrever

1.2. FORMAÇÃO DE MÃES CUIDADORAS E

AGENTES COMUNITÁRIOS DE EDUCAÇÃO


10
NÚCLEO BOIS

INTRODUÇÃO

Começamos o treinamento na comunidade dos Bois no dia 23 de maio com a participação de 17


pessoas. No segundo dia, entraram mais duas pessoas . Os participantes do curso são de pequenas
comunidades: córrego do teste, Anta podre, Água Branca e São Joaquim. Fizemos o treinamento na
igreja ao lado da escola, onde, geralmente, as pessoas se encontram para as reuniões.

Os Bois têm hoje 150 famílias e uma população de aproximadamente, 400 pessoas. A principal
atividade é a agricultura de subsistência. As pessoas da comunidade plantam, arroz, feijão, cana,
pastagem, mandioca, milho, pomares, hortaliças entre outros. Ainda criam gado e pequenos animais.
O local fica numa região onde existe água e energia elétrica, que contribuem para uma pequena
melhora na qualidade de vida, mas não são todas as famílias que têm energia elétrica.

PERFIL DA EQUIPE

No grupo de Mães só há uma pessoa que não é alfabetizada. O restante estudou um pouco e
consegue escrever. Também há quem completou o segundo grau. Todos têm uma experiência grande
de vida, aprendemos no do dia-dia como o cultivo, as histórias, o sofrimento. Tudo contribuiu para a
formação dessa gente, que traz consigo uma carga de conhecimento e disposição.

O grupo de Agentes Comunitários de Educação já passaram pela escola, mas não deram
continuidade aos estudos por não terem condição. Algumas pessoas falam bastante, outras são mais
caladas. Algumas gostam muito de sorrir, mostram ser um grupo muito alegre.

Todas as pessoas participam, mas são um pouco tímidas e têm dificuldade para compreender algumas
coisas que são faladas. É um grupo que está aberto para aprender novas coisas.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Iniciamos o treinamento com os participantes presentando-se em seguida falamos um pouco do


projeto e dos que estão dentro da UTI Educacional. O grupo de Mães e Agentes que atuaram o ano
passado falaram um pouco do que foi trabalhado a ano passado. Foi um momento bom porque
participaram pessoas que não faziam parte do Projeto e teve oportunidade de ouvi diretamente da
boca das pessoas que estavam envolvidas nas atividades.

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• Grupo das cores

Dividimos o grupo em quatro cores. Cada grupo ficou encarregado de uma tarefa como: organização
e limpeza, memória do dia, brincadeira ou jogo e estórias ou curiosidade da região. Essas atividades
eram trocadas todos os dias. Foi o primeiro trabalho dado a eles, que para ser realizado todos tinham
de trabalhar juntos.

• Cosme e Damião

Dividimos o grupo em duplas para que pudessem conversar e conhecer um ao outro. Houve gente que
ficou muito acanhado em falar sobre sua vida com outra pessoa. Na apresentação, cada um tinha que
assumir a identidade do outro e falar um pouco do que conversou. Como foi o primeiro momento
para as pessoas se apresentarem, algumas ficaram um pouco acanhadas e nervosas. Nesta dinâmica,
as pessoas se conheceram.

• Crachá Criativo

Cada participante confeccionou um crachá, do formato que queria e colocou uma qualidade que
começasse com a primeira letra do nome. Depois de pronto, cada um apresentou o seu. Na
apresentação as pessoas falavam suas qualidades, como pensam que são. Conversamos sobre a
auto-estima, o é ter confiança em si mesmo; acreditar no seu potencial, não importando com o que as
pessoas vão falar. Sentir-se bem faz com que o trabalho aconteça melhor.

• Brincadeira você gosta de mim

Fizemos essa brincadeira para incentivar as pessoas que no inicio estavam muito quietas. No decorrer
da brincadeira elas se soltaram e participaram com muita alegria. Na final, voltamos e cada um na
roda foi falando, o que sentiu. Sairam algumas coisas que eles acham importante quando se esta
fazendo essa brincadeira como aprender a perder, convivência, agilidade e préconceito. O pré-
conceito foi muito conversado porque na escola algumas crianças sofrem este tipo de comportamento
por parte de alguns colegas, e a função nossa, educadores é estar atento a isso e discutir para que
não aconteça.

• Dinâmica Atravessando o espaço

O objetivo era que as pessoas atravessassem o espaço, e se o primeiro passasse de um jeito os outros
não poderiam fazer o mesmo. Logo que isso foi falado as pessoas foram tratando de passar bem
rápido, cada um passou de um jeito. Houve quem passou se arrastando no chão, dançando, cantando
etc. Elas passavam sozinhas, um não ajudava o outro, e outros que nem queriam saber de mais nada
12
porque já haviam passado. Na discussão, fomos falando do modo que cada um havia atravessado o
espaço, quais outras maneiras poderiam usar para atravessar? Diante de uma dificuldade como
trabalhar juntos para poder superá-la?

Falamos sobre a oportunidade que devemos dar as pessoas e como podemos enfrentar os obstáculos
surgidos no nosso trabalho e da necessidade de trabalharmos juntos, um ajudando o outro.

“Quando aparece oportunidade, temos que pegar, não podemos perder”


João Vaqueiro - Pai Cuidador

• Boneco Individual e Coletivo

Cada pessoa fez o seu boneco, deu um nome e colocou algumas coisas nele: paixões, sonhos, coisas
boas e ruins que gostam de ouvir, o que quer receber e tem para oferecer, as coisas que se
arrependeu de dizer e o que gostou de ouvir. Durante a confecção do boneco, as pessoas em alguns
momentos ajudaram umas as outras na construção do boneco. Para escrever no boneco elas tiveram
um pouco de dificuldade, mas fomos conversando e aos poucos entenderam.

Voltamos para a roda e cada um foi apresentando o seu boneco. Nas apresentações colocaram
algumas coisas: família, trabalho, estudos, solidariedade, paz, você é muito importante, gosto de você
etc. Todos os bonecos apresentados têm muito a ver com cada uma das pessoas. Tudo que elas
colocam era aquilo que achavam importante, que todo mundo tem que ter.

No segundo momento, o grupo foi divido em dois para fazer o boneco coletivo. Cada grupo ficou
responsável por desenhar a metade do boneco. Nos grupos, os componentes colocaram as coisas que
achavam importante e comum para todos: o respeito, trabalhar junto, família, carinho, solidariedade e
conseguir alcançar os objetivos do trabalho.

• Teia de Aranha

Com a teia de aranha as pessoas falaram um pouco sobre elas, colocaram no papel um animal,
instrumento musical e cômodo da casa que tivesse as características deles. À medida que iam falando,
um cordão era lançado para o colega, dando a ele a oportunidade de falar também.

O grupo falou alguns que pareciam com eles: preguiça, beija-flor, cachorro, maritaca, grilo,
papagaio, gata etc. Cômodo da casa; banheiro, sala, cozinha, quarto, dispensa etc. Instrumento
musical; bateria, cavaquinho, violão, piano, viola, sanfona, saquesanfone, teclado e rabeca.

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Todas essas coisas falaram um pouco do que eles são: amigos, solidários, nervoso, esperta, carinhoso,
agitada, dorminhoco, animada, ligeira, gosto de cantar, recebe as pessoas, gosto de coisas boas,
faladeiras.

Depois desse , fomos analisar o desenho que tinha se formado, sentados, em pé, por fim colocamos a
teia no chão para que cada um ocupasse o espaço que achava bom para ele. Ainda restou lugar
vazio. Então cada pessoa ocupou mais de um espaço e não sobrou um. Voltamos o cordão só que
agora falando um animal que se parece com quem havia jogado como as pessoas já conhecem umas
às outras, foi fácil falar as qualidades, o jeito de cada.

Na discussão, fomos falar do desenho que havia se formado, uma pessoa ligado à outra, cada um de
um córrego e por isso se parecia uma comunidade. Conversamos da adversidade do grupo, pessoas
totalmente diferentes. Cada uma com o seu modo de agir e de pensar.

Discutimos sobre o potencial que cada um tem e como usá-lo para melhor desenvolvimento da
comunidade. Falaram o que as pessoas produzem na comunidade: mandioca, laranja, cana, plantas
medicinais a horta o mel e outros. A partir daí, conversamos muito sobre como montar um grupo com
a comunidade para produzir algum produto. Falou-se de plantar cana para fazer rapadura e garapa,
trabalhar com plantas medicinais, bordados e crochê. Chegamos a pensar em montar uma associação
de produtores rurais na comunidade e envolver todas as pessoas que estivessem interessadas em
participar. As pessoas falaram em vender tudo que fosse produzido para as cidades vizinhas.

O bom de tudo isso é que as pessoas demonstraram-se interessadas e que querem fazer alguma
coisa. Pelo que conversamos, está mais fácil começar com a medicina alternativa porque eles têm
muito isso na comunidade e facilidade para manusear.

• Roda complicada

As pessoas já tinham feito essa dinâmica ano passado, só que não conseguiram realizá-la por
completo. A partir do momento que começou a dinâmica, as pessoas tinham um grande desafio, que
era conseguir retornar para o lugar de origem dela. No decorrer da dinâmica, as pessoas
conversaram muito para ter êxito. Cada um dava uma déia e as que melhor funcionavam foram sendo
feitas. Alguns passaram por cima do outro, tiveram que ficar abaixados. Na verdade, estava todo
mundo muito enrolado, por isso que tiveram que pensar tantas estratégias. Por fim, o grupo gastou 16
minutos para conseguir realizar a dinâmica. Vibraram muito quando todo mundo voltou para a
posição normal da roda.

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Na roda, falamos dos caminhos que tiveram que percorrer até chegar ao final. O que o outro tem
para falar, as idéias, as soluções, vêm do próprio grupo, e a intenção é que todos caminhem juntos
para conseguir superar os desafios do trabalho no dia-dia.

“Se o grupo não for unido, ninguém ia conseguir terminar o jogo.”


Dulcilene - Comunidade dos bois

• Texto - O Cavalinho

Formamos três grupos para poder trabalhar com o texto. Em grupos as pessoas leram o texto e
puderam discutir sobre o mesmo. É um texto muito simples e todos conversaram sobre a atitude do pai
ante os desejos da filha. Na roda grande, cada grupo colocou o que havia entendido do texto, e
fomos fazendo uma comparação entre a dificuldade do pai e as dificuldades existentes na comunidade
e como as pessoas conseguem superá-las. Iam falando algumas coisas e como fazem para conseguir
superar, por exemplo como a falta de água. Tem gente que busca água em determinada época do
ano em baldes, outras constroem pequenas hortas perto de pequenas cacimbas e para beber a
maioria das casas encana a água. As pessoas passam muita dificuldade, não tem transporte, há o
esquecimento das “autoridades”, mas nem por isso deixam de viver.

As formas que usam são muitas. Ninguém fica sem água, mesmo que pouco para o consumo. Isso foi
a grande discussão. Diante das dificuldades, que alternativas podemos usar para conseguir alcançar o
nosso objetivo? Só não podemos falar que não tem jeito. Não podemos ficar de braços cruzados. É
preciso buscar ânimo acreditando que ele consiste em desenvolver o que a comunidade tem de
melhor.

Neste momento, conversamos novamente sobre os grupo de produção e de envolver a comunidade


nisso. Todos sabem que se não partir delas a comunidade não vai conseguir se desenvolver. Temos
que agir aqui, sim, mas nosso pensamento tem que ser grande.
• Ataque nuclear

O grupo demorou um pouco a entender o que era para fazer. Era um ataque nuclear. Para sobreviver
tinha que entrar dentro de uma cápsula. Eram quatro cápsulas, cada uma de uma cor. Dividimos as
pessoas em grupo de cores diferentes e elas, sem falar, tinham que escapar para não morrer. Só que
se uma pessoa entrar na cápsula, erra; se ficar de fora, todo mundo morre.

As três primeiras vezes todo mundo morreu porque o grupo não entendeu, ou não tinha pensado uma
forma em que todos se livrassem, tiveram então um tempo para conversar. Pensaram algumas
estratégias por fim acabaram descobrindo a forma de se comunicar um com o outro. Foi muito

15
divertido porque tinha gente que ficava perdido, sem saber para onde ir, e o interessante era que as
outras pessoas vinham como anjos e as conduziam para o lugar onde poderiam se salvar.

Discutimos sobre trabalho em grupo, a parceria, o pensar no outro e as formas usadas para consegui
salvar todo mundo. Houve quem logo sacou o que era para se fazer, só que não falou para o grupo,
ia salvando quem via pela frente. Outros usaram da esperteza para descobrir a cor que estava na
testa, outro trapaceou no alvoroço do jogo tirarandom o papel da testa e dando uma olhadinha.

Ninguém é melhor do que o outro. Somos todos iguais, só que com ritmos e pensamentos diferentes.
No grupo não poder haver trapaça, temos que jogar limpo e nos sobrepor aos desafios. Não vou
conseguir me destacar passando por cima das pessoas ou das regras do jogo. O mundo não é dos
espertos e sim dos que trabalham juntos e que, com certeza, consegue sobressair melhor diante da
adversidade. Essa foi a nossa conversa, após a dinâmica.

• Texto - Brincando também se aprende

Fizemos sub-grupos para trabalhar o texto. Cada grupo leu e conversou sobre o texto. Nos grupos
pequenos a discussão é melhor. Voltamos para a roda grande e todos falavam o que haviam
entendido do texto. Falavam das coisas que inventamos, que são melhores que as que compramos,
por isso damos mais valor. Conversamos sobre os meios que usamos no projeto para conseguir fazer
com as crianças aprendam: os brinquedos, jogos, música, receitas, placa, entre outros que são formas
lúdicas e que tornam o aprendizado mais prazeroso. Não precisamos de ferramentas que dão certo
sempre; precisamos sim, de coisas que desafiam as pessoas, como diz o texto “vê se você pode
comigo”. Temos que ter novas idéias, ser criativos em todos os momentos e acreditar em nosso
potencial.

Após a discussão, fomos fazer uso de um jogo, Torre de hanoy. Esse jogo trabalha o raciocínio e é um
desafio para as pessoas. Com ele ficamos algum tempo até todo mundo jogar. O grupo já conhecia,
mesmo assim teve um pouco de dificuldade para conseguir vencer o jogo em menos tempo.
Depois disso cada grupo ficou com um tema para criar jogos. Dividimos os temas através de sorteio:
adição ou subtração, formação de palavras e tema livre. O grupo que saísse com ele, poderia escolher
jogo de adição ou subtração.

O grupo teve muita dificuldade para criar. Somente dois grupos conseguiram reproduzir o jogo dando
nomes e o jogo das sílabas. Um grupo conseguiu pensar o jogo que foi o “passa anel” que trabalha
antecessor e o sucessor.

16
Cada grupo apresentou o seu jogo.foi bom pois no grupo havia quem nunca havia jogado ou tentado
fazer algum jogo e pôde conhecer esses três. Ainda temos que trabalhar mais com eles para que
possam desenvolver sozinhos essa atividade.

• Bornal de livros

Antes de iniciar o trabalho com o Bornal de Livros, o grupo pôde saber qual é o objetivo do trabalho
com o livro. Deu para as Mães e Agentes que atuaram o ano passado falar um pouco da experiência
vivida, com o uso do Bornal.

Depois disso, dividimos os grupo para que pudessem ver os livros e apresentar alguma coisa na roda
grande. Os grupos tiveram um tempo para produzir. O grupo um contou duas estórias “O padre e a
coalhada” e “O pai e o filho”, o grupo dois construiu um teatro, a partir do livro “Fofinho” e o grupo
três contou a estória da “Lua cheia”, a partir dos desenhos do livro.

Todos os grupos trabalharam bem, mas com um pouco de dificuldade. Acho que o mais importante é
ter vontade e se sobressair.

Além do que foi apresentado, conversamos sobre outras formas de se usar o Bornal e de incentivar as
crianças e adolescentes a continuar lendo , estórias, oficinas de leitura, emprestando os livros,
desenhando e assim também envolvendo os pais nesses momentos.

O grupo sabe muitas estórias, mas estava muito tímido. Não sairam muitas delas. No decorrer do
trabalho, a medida que as pessoas se saltarem vamos aproveitá-las para trabalhar com as crianças.

• Placas

A pedagogia das placas foi feita na igreja. Colamos 24 placas e fomos fazendo da mesma forma que
é feito nas casas das crianças. Para quem não conhecia o Projeto, foi bom poder ver a forma usada
para trabalhar a aprendizagem do aluno na casa dele. Para quem já conhecia foi um momento de
falar um pouco do trabalho feito no ano passado, junto com as crianças e sua família em suas casas.
O objetivo das placas é fazer com que a criança aprenda a escrever todos os objetos que ele tem em
sua casa. Na verdade, ele sabe como se chama, mas não como se escreve.

Falaram da forma que faziam, da receptividade dos pais em suas casas. De modo geral, as famílias
recebem as pessoas bem, e isso é que dá animo para voltarmos às casas. Houve muitos avanços pois
as crianças aprenderam a ler as placas e escrever as palavras. É uma das atividades que eles falaram
que deu muito certo o ano passado e que pode também ser realizada este ano.

17
• Rua e avenida, Garrafão e Morto vivo.

Fizemos essas brincadeiras para descontrair o grupo e discutir a agilidade das pessoas e como
aprender a partir delas mesmas. O grupo sugeriu que se escrevesse como se brinca e também as
palavras que são ditas durante o desenvolvimento da brincadeira. Foi uma forma de descontrair o
grupo que na parte da tarde ficava muito sonolento.

• Minhas habilidades

Neste exercício as pessoas colocaram no papel, numerando de 1 a 10, as coisa que mais sabem fazer.
As coisas com que mais tem facilidades: animais, plantas, pessoas, corpo e com ferramentas. O
trabalho na horta foi um dos motivos de eles terem colocado o trabalho com ferramentas, porque
fazem muito bem. A partir daí, fomos vendo onde as pessoas podem ser encaixadas no trabalho. Eles
têm muito conhecimento de medicina alternativa. Há pessoas no grupo que conhecem bem esse
trabalho com as ervas medicinais.

Algumas pessoas tiveram dificuldade para dar nota para as coisas que mais sabiam fazer, por não ter
parado em nenhum momento para pensar o que sabiam fazer. Outras pessoas têm facilidade para
trabalhar com crianças, fazer biscoitos, cantar etc. Todas essas habilidades serão muito úteis no
decorrer do trabalho.

• Jogar a bola no balde

Com essa dinâmica começamos a construir o nosso Plano de Trabalho e Avaliação-PTA. Dividimos as
pessoas em três grupos e cada grupo teve que pensar de quantas maneiras inovadoras e criativas é
possível jogar uma bola dentro do balde. Cada grupo apresentou o que havia pensado. O grupo I
conseguiu onze formas, o grupo dois três e o grupo três cinco.

Juntando tudo deu um total de dezenove formas diferentes. Perguntei ao o grupo se tinham mais
alguma outra forma e eles iam falando outras que ninguém havia pensado. Comparamos isso com o
nosso trabalho, quantas formas teríamos para ensinar a ler, escrever, fazer contas e trabalhar com a
comunidade?

Voltamos para os grupo e as pessoas listaram todas as atividades que poderíamos fazer com crianças
e comunidade, durante o trabalho do Projeto UTI. Na roda grande, cada grupo foi falando o que
pensou e fomos montando o nosso PTA.

18
Nosso PTA foi sendo construído na roda grande, primeiro com as atividades e depois o objetivo, as
dimensões, as perguntas importantes, os indicadores e os responsáveis.

Da forma como foi construído deu para as pessoas entenderem como funciona esse instrumento de
trabalho. Ele ainda não ficou pronto. Estará durante o trabalho na escola e comunidade.

• Seleção das pessoas

Algumas pessoas que trabalharam o ano passado foram embora da comunidade, então, não
contamos com eles este ano. Neste ano o Projeto vai trabalhar com dez educadores entre Mães e
Agentes. Como o trabalho do ano passado deu muito certo, ficaram as sete pessoas do ano anterior,
selecionando-se mais três pessoas que se destacaram no grupo, pela participação e comportamento
durante todas as atividades.

O grupo tem dez pessoas: quatro Mães Cuidadoras, um Pai Cuidador e cinco Agentes Comunitário de
Educação.

AVANÇOS OBTIDOS

• Índices Quantitativos

- 19 0essoas participaram do curso;


- Formação de 14 Agentes Comunitários de Educação;
- Formação de 5Mães cuidadoras e um pai cuidador;
- Duas estórias contadas;
- Vinte e quatro placas construídas;
- Um jogo criado;
- Uso de dois bornais de livros;

• Índices Qualitativos

- Participação de outras pessoas da comunidade no treinamento;


- Freqüência positiva no final do curso;
- Boas idéias de trabalho surgiramcom a comunidade;
- Criação do teatro usando um livro;

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DIFICULDADES ENCONTRADAS

- Pouca participação nas discussões;


- As pessoas têm dificuldade para criar;
- Não envolvimento de alguns adolescentes no treinamento;
- As pessoas estavam um pouco tímidas;

REFLEXÃO

Quanto mais pessoas tivermos do nosso lado melhor. Conseguimos formar 19 pessoas na
comunidade que mesmo não fazendo parte do grupo creio que vão contribuir muito no local que eles
moram. O treinamento foi bom, conversamos muito sobre o trabalho em grupo, as pessoas puderam
pensar no desenvolvimento de sua própria comunidade, e saber que ele mais que ninguém é um
responsável pela sua melhoria, e que não estar sozinha nesta história, a semente foi lançada agora só
resta colher os frutos, isso só vai acontecer se as pessoas trabalhar juntas.

Jorge Luiz - Educador

1.3. FORMAÇÃO DE MÃES CUIDADORAS E

AGENTES COMUNITÁRIOS DE EDUCAÇÃO


20
NÚCLEO SÃO VICENTE

INTRODUÇÃO

Iniciamos o treinamento na comunidade Malhada Preta com a participação de 17 pessoas. Todos os


participantes são de comunidade vizinhas atendidas pela escola. As comunidades representadas são:
Giral, Tombo, Malhada Preta, Quatis, Tesouras de Cima e Água Branca. Nesse treinamento, contamos
com a participação de outras pessoas que não faziam parte da equipe de mães e agentes.

O treinamento aconteceu de em baixo de um pé de pequi. Foi muito bom porque contamos com a
natureza a nosso favor: o sol, os pássaros, o vento contribuindo para melhor conforto dos
participantes.

PERFIL DA EQUIPE

Como a maioria das pessoas já participou do trabalho o ano passado, não tivemos dificuldades para
conversar e discutir as dinâmicas. O grupo tem um bom espírito de equipe, mas precisa de ser
trabalhado. Sempre estávamos conversando sobre o trabalho e da importância de que tudo aconteça
com as pessoas juntas.

O grupo, as vezes, demora para entender e por a participação nas discussões é pouca. No grupo
pude observar o que as pessoas gostam de fazer e se sentem melhor fazendo. Há uma pessoa no
grupo que tem uma facilidade imensa para desenhar e foi muito aproveitada na confecção de jogos.
Outras falam mais. Há gente que é muito calada e outras muito divertidas, que não deixa ninguém
perder a alegria em momento algum.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Antes de iniciar, falamos sobre o Projeto, os objetivos, as atividades realizadas no ano passado. Neste
momento o grupo de Mães Cuidadoras e Agentes falaram do trabalho do ano passado, as
experiências, os avanços e as dificuldades. Deram exemplo de crianças que conseguiram aprender
com o trabalho do grupo na escola e na comunidade. Este momento foi muito importante para os
participantes ouvirem um pouco sobre as atividades desenvolvidas no ano de 2004.

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Nos dois primeiros dias, trabalhamos a formação da equipe. Conversamos sobre nosso objetivo que é
formar um time para trabalharem juntos um com o outro, sendo cúmplice do outro em todos os
momentos. Para isso fizemos o uso de algumas dinâmicas, brincadeiras e jogos.

• Grupo da cores

A primeira atividade que fizemos foi dividir as pessoas em três grupos por cores: verde, laranja e azul,
cada uma com uma função: organização e limpeza, curiosidade e memória, jogos ou brincadeiras.
Todo mundo passou por todas as atividades. Foi a primeira atividade, que os grupos fizeram, ficando
juntos até o final da semana. O mais importante disso é que todos se saíram bem e se organizaram
para conseguir desempenhar bem as atividades.

• Cosme e Damião

Usamos essa dinâmica para que as pessoas pudessem se conhecer melhor. Tiveram um tempo para
conversar em duplas para um saber um pouco do que o outro sabe. No momento da apresentação,
algumas pessoas ficaram acanhadas, mas, aos poucos perderam a timidez. Falavam uma da outra e,
no final conversamos sobre importância de se observar o outro, conhecer o que cada um gosta. Com
esse exercício, trabalhamos a relação do grupo. A discussão foi boa e fizemos uma das comparação
as crianças, e o educador tem que ficar de olho e conhecer cada criança.

• Construção do crachá

Cada pessoa do grupo fez um crachá para si, de várias formas. Com o crachá, as pessoas puderam
colocar seus sentimentos, tudo que gostam e seus sonhos. Para alguns é uma dificuldade porque não
conseguem colocar tudo que sentem para fora, por timidez. Um das discussões do grupo foi o porquê
as pessoas terem dificuldade para receber elogios e quanto é bom e importante todos nos ter’ a auto-
estima nos tornamos pessoas mais confiantes em tudo que vamos fazer.

Outro acontecimento importante foi o processo realizado para se fazer o crachá. Alguns participantes
do grupo tiveram dificuldade, e foram ajudados pelos outros.

“Cada um é diferente, ninguém e igual.”


Elia - Comunidade da Barriguda

• Roda complicada

Nesta dinâmica foi lançado um desafio para a equipe. Fizemos uma roda e todos tinha que gravar a
pessoa que estava a sua direita. Depois disso, todos foram misturados e alguns segundos depois
22
pararam e não se movimentaram mais. De onde estava, cada pessoa tinha que dar as mãos para a
pessoa que estava a sua direita. O grupo todo ficou muito embolado e o desafio estava lançado. Daí
para a frente, tiveram o tempo necessário para conseguir desembaraçar a roda.

O grupo se empenhou muito, passaram por cima por baixo, do jeito que eles achavam que ia dar
certo. Depois de 20 minutos o grupo conseguir desfazer o no. Depois fomos para a roda conversar,
todos falaram da dificuldade que foi fazer a roda voltar ao normal. Conversamos sobre o trabalho em
grupo e que sempre juntos conseguiremos alcançar o nosso objetivo um ajudando o outro.

• Boneco Individual e coletivo

Com o boneco, as pessoas colocaram seus sonhos, as paixões, o que gosta de ouvir e o que não
gosta, o que tem para oferecer e o que quer receber e seus idéias importantes que devem ter sempre
em mente.

Individualmente, as pessoas colocaram muitas coisas boas como, respeito, família, trabalho, a vida,
estudar, solidariedade, companheirismo etc. Um coisa que algumas pessoas colocaram em comum
que não gosta de ouvir é que não são capazes.

No boneco coletivo, as pessoas foram divididas em dois grupos para que cada uma desenhasse uma
metade do boneco. Nele colocaram todas as coisas que foram colocadas no boneco individual e
formou o boneco do grupo. Discutimos sobre tudo que eles colocaram, trabalhar junto, usar o que
cada um tem de melhor para trabalhar aprendizagem e que todos são capazes, respeitando o ritmo
de cada um.

• Ataque Nuclear

Antes de fazer essa dinâmica, as pessoas ficaram muito curiosas para saber o que ia acontecer no
final. Foi preciso explicar várias vezes até elas entenderem a regra desse jogo. Todos tinham que
sobreviver a esse ataque nuclear, só que para isso tinham que entrar em uma cápsula cada uma de
uma cor. Cada pessoa estava com um papel colado em sua testa para identificar qual era a sua
cápsula, mas a regra diz que as pessoas não podem falar e todos têm que se salvar. Na primeira,
segunda e terceira tentativas todos morreram, porque havia pessoas na cápsula errada. O grupo teve
um tempo para conversar e ver a melhor forma pra se salvarem. Depois de conversar alguns minutos
de conversar chegaram a solução que algumas pessoas já haviam feito individualmente que foi uma
ajudar a outra, indicando qual era a cápsula correta.

23
Com essa dinâmica deu para discutir, a fundo, sobre o trabalho em grupo e tudo que já havíamos
conversado anteriormente: trabalhar junto, olhar as necessidades das outras pessoas e ajudar para
melhor convivência e êxito no trabalho.

• Escravo de Jô

Os Escravos de Jó provocou muito o grupo. Ela foi feita no segundo dia. Cada pessoa fica com uma
caneta para que no decorrer da brincadeira fosse passando-a no ritmo da música e que pudesse
chegar ao final todos portando uma caneta. Da primeira vez que fizemos as pessoas não
conseguiram. Tentamos muitas vezes e não conseguimos.

Porque elas colocavam a culpa nas outras fomos discutindo o que pretendíamos formar, um time
entrosado ou um bando? Isso provocou que as pessoas tentassem realizar essa brincadeira até o final
do curso. Todos os dias eles treinavam para aprender esse jogo, que é muito simples, mas que exige
muita concentração, sincronia e trabalho em grupo. No último dia o grupo conseguiu realizar o jogo,
mas ainda com dificuldade.

Para chegar ao resultado final, cada um, com uma caneta, teve que experimentar algumas formas
como; trocar de lugar, ajudar quem estava mais próximo etc. O grupo tem que ser sempre solidário
com ele mesmo. É uma troca de favores, um ajudando o outro, buscando soluções criativas para
resolver os problemas.

• Piscada Fatal

O grupo se dividiu em duplas, uma pessoa ficava atrás da outra para não deixar fugir quem estava
protegendo, e uma outra pessoa ficava sozinha, piscando para quem estava sentado. Brincamos por
alguns minutos.

Nesta brincadeira, conversamos sobre as piscadelas que recebemos e muitas vezes não vemos ou
fingimos não ver.
A função do educador é estar sempre atento às piscadas, seja das pessoas do grupo que as vezes
piscam pra gente e não vimos, ou das crianças que o tempo todo estão nos mandando sinal, pedindo
ajuda.

• Teia de aranha

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Cada pessoa do grupo escreveu um animal, planta, cômodo da casa que se parece com ele. Em
seguida, cada um ia se apresentando e jogando o cordão para as outras pessoas. Dos itens pedidos
apareceram.

Animais: cachorro, águia, abelha, galinha, gato, papagaio ente outros.


Plantas: lustradeira, malicia, eucalipto, roseira, girassol, coração magoado, roseira, margarida, boldo,
comigo ninguém pode, girassol e etc.
Cômodo da casa: cozinha, quarto, sala, banheiro.
O que as pessoas falaram: alegre, linda, recebe bem as pessoas, disposta a conversar, muito alta,
carinhoso, gosto de beijar as pessoas, muito hospitaleira, recebe os amigos, me sinto feliz quando
chega alguém, saio à procura, sou protetora, sou muito forte, tem que me levar com paciência, dou
muito amor aos filhos, gosto com tranqüilidade, vivo lutando etc.

Depois de pronto, as pessoas falaram em que se parecia aquele desenho que havia se formado: ruas,
estradas, figuras geométricas, estrelas, mapa etc. Depois disso as pessoas ocuparam o espaço que
pensavam que iam cabê-las, umas ficaram com espaços grande, outras com uns bem pequenos, mas
ainda não conseguiram ocupar todos os espaços. Mas decidiram ocupar quantos fossem necessários
para não ficar nenhum espaço vago.

Depois deste momento ,o grupo foi voltou o cordão falando com que animal, planta ou cômodo da
casa parecia a pessoa que havia jogado o cordão.

Na discussão, fomos analisar o que parecia na verdade aquele desenho que tinha se formado. Pedi
para que as pessoas analisassem o que cada um falou e o que está representando.

Durante a conversa o grupo foi falando muita coisa até que chegaram em um ponto, que aquele
desenho parecia com a comunidade, onde elas vivem, cada pessoas com suas qualidades com os seu
saberes representava um lugar. Juntando todas essa coisas formamos uma comunidade com todo o
seu potencial.

• Texto: O Cavalinho

Dividimos as pessoas em subgrupos para ler e discutir. Voltamos para a roda e as pessoas ia falando
e fazendo uma comparação com o nosso trabalho. Discutimos sobre a situação do pai que tinha um
problema com a filha, e que de uma forma muito simples e rápida conseguiu resolver, usando uma
varinha que ajudou a filha a chegar em sua casa ainda antes dele.

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Algumas pessoas falaram das dificuldades que têm nas suas comunidades e os meios que usam para
superar a falta de água, com baldes, litros descartáveis, uso de animais para buscar água, ajuda das
outras pessoas, tem lugar que a água é dividida com varias famílias, ou seja, as pessoas tem muita
dificuldade e nem por isso deixam de viver.

Nas conversas surgiu a idéia de se fazer uma horta comunitária nas comunidades, mas, a principio,
seria iniciado na comunidade do girau.

No trabalho com as crianças vamos ter muitas dificuldades e como somos nós que temos que superá-
las vamos ter que pensar formas criativas para conseguir vencer os obstáculos.

• Construção de Jogos

Para que as pessoas pudessem ter uma noção do trabalho com os jogos, formamos 3 grupos para
usar alguns jogos: Descobre Cobre e Juntando Sílabas. Depois disso, os grupo produziu jogos de
português e matemática:
Girando o Alfabeto, caminho para o Sucesso, Você me Conhece e Adivinhação.

No final, todos os jogos foram testados pelo grupo, e houve pequenas mudanças na regra para
melhor entendimento. Conversamos sobre o jogo, que precisa ser divertido e bonito, para prender a
atenção da criança.

• Minhas Habilidades

No exercício “Minhas Habilidades”, as pessoas foram dando as maiores notas para o que tinham mais
facilidades. O grupo é bem diversificado. Tem gente que faz algumas coisas muito bem e outras não.
A partir daí, deu para ver o que realmente as pessoas sabem fazer.

No grupo, tem gente que sabe trabalhar com crianças e tem gente que trabalha melhor na horta,
gente que desenha, sabe envolver as pessoas, consegue organizar as coisas, mas um completa a
deficiência do outro. Por isso discutimos sobre a importância de se trabalhar em grupo.
• Bornal de Livros e Algibeira

Para começar o trabalho com o Bornal de Livros e Algibeira, apresentamos para as pessoas que não
conheciam e falamos qual era a sua função dentro do Projeto.

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Dividimos o grupo em três. Dois grupos, cada um, com um bornal e outro ficou com uma Algibeira.
Daí, os grupos tinham que produzir, a partir dos livros, alguma coisa para apresentar na roda grande.
No grupo pequeno as pessoas participaram e deram idéias. No o grupo pequeno, as pessoas falavam
mais, tinham maior participação.

Apresentou primeiro o grupo 3, que fez um teatro a partir do livro Boladas e Amigos. O grupo 2
apresentou uma música, a partir do livro Casamento da Leoa e criou uma história a partir do livro
Vermelho e Verde.

No final, as pessoas falavam como foi o trabalho com os livros, as formas usadas, as idéias que
usaram e não deram certo. Os grupos foram muito criativos. Criaram mascaras, buscaram motivos
para enfeitar o teatro. Conversamos sobre a importância da participação das pessoas nas atividades,
desenvolvendo a capacidade de inventar inventar novas formas para trabalhar, usando o material que
disponibilizamos e nunca esquecer do nosso objetivo que é a aprendizagem dos alunos.

• Placas

Experimentamos a pedagogia das placas. A maioria das pessoas já conhecia, não porque estava no
trabalho ano passado, mas sim pelo fato de ter recebido a visita de alguma pessoa do Projeto Cidade
Educativa em suas casas. Fomos para uma casa perto da escola, onde há dois alunos para fazer as
placas. Colocamos 27 placas na casa e lá mesmo as pessoas iam perguntando como era o processo.
Os meninos aprendem, os pais aceitam etc. Deu para todo mundo ver e aprender como que se faz
esse trabalho junto ao menino, na sua casa. Foi bom porque as pessoas deram depoimentos de
meninos que haviam aprendido com esse trabalho e falaram da recepção que tiveram na casa que foi
muito boa.

• Construção do PTA

Começamos o nosso fazendo a dinâmica do balde. Dividimo-nos em três grupos e cada grupo tinha
que arrumar formas diferentes para colocar a bola dentro do balde. Ao todo foram 23 formas
diferentes. Voltamos para a roda e discutimos que além das que os grupos fizeram, existem outras.
Conversamos sobre quanto as pessoas são criativas e às vezes não colocam em prática ou têm medo
de que as outras pessoas critiquem. O grupo teve que responder uma pergunta: de quantas maneiras
criativas e inovadores podemos ensinar um menino a ler, escrever e fazer continhas? Para responder
essa pergunta os grupos se formaram para listar todas as atividades possíveis de se trabalhar a
aprendizagem de crianças e adolescentes, de forma lúdica.

De volta a roda, escrevemos o objetivo, objeto, as dimensões e fizemos as perguntas importantes.


Essas perguntas são as nossas indagações em relação ao trabalho e também as nossas dúvidas. Daí
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em diante, as atividades iam respondendo a essas perguntas. Fechamos a principio o PTA (Plano de
Trabalho e Avaliação) com os indicadores, o tempo e responsáveis pela execução desse trabalho. Esse
PTA ainda não esta pronto. Mais coisas serão acrescentadas à medida que o trabalho for
acontecendo. O PTA se encontra em anexo.

AVANÇOS OBTIDOS

• Índices Quantitativos

- Quatro jogos criados;


- Fizemos 27 placas na casa que tomamos emprestada;
- Três estórias;
- Participaram do treinamento 17 pessoas;
- Formação de 17 Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação.

• Índices Qualitativos

- Participação de pessoas que não fazia parte do grupo de mães e Agentes;


- Boa contribuição da escola nos cedendo os bancos;
- Boa freqüência até o final do curso;
- As pessoas participaram e trabalharam juntas para realizar todas as etapas do curso;
- Nas discussões as pessoas davam exemplos de situações vividas o ano passado;
- Muita conversa sobre o trabalho em grupo.

DIFICULDADES ENCONTRADAS

- Dificuldade de algumas pessoas para entender as dinâmicas e brincadeiras;


- Pouca participação das pessoas que nunca haviam participado;
- Dificuldade para realizar a brincadeira Escravos de Jó.

REFLEXÃO

Conseguimos formar 17 pessoas neste treinamento. Formamos pessoas para atuarem em sua
comunidade como educadores. Todos participaram, conversaram realizaram todas as atividades e
ainda discutimos sobre o trabalho em grupo e a formação de um time. Acho que as pessoas ganham
muito e a comunidade também, porque as reflexões servem para a vida de cada um e para pensar o

28
que é melhor para o desenvolvimento das comunidades. Foi bom ter novas pessoas participando. Elas
puderam conhecer melhor o trabalho do Projeto e trocaram idéias umas com as outras. Agora vamos
colocar em prática todas as discussões e atividades listadas no Plano de Trabalho e Avaliação e
selecionar as pessoas que irão desenvolver as atividades.

Jorge Luiz - Educador

29
1.4. FORMAÇÃO DE MÃES CUIDADORAS E

AGENTES COMUNITÁRIOS DE EDUCAÇÃO


NÚCLEO GEMA

INTRODUÇÃO

Neste ano de 2005, o trabalho na comunidade da Escola Municipal Irmã Maria Gema começou com a
reciclagem e treinamento das Mães Cuidadoras e Agentes Comunitário de Educação, os quais
trabalharão com as crianças com defasagem escolar.

Na oficina, o grupo procura descobrir formas para beneficiar cada criança e adolescente que se
encontra em estado de carência de aprendizagem e alfabetização, através dos saberes da
comunidade.

PERFIL DA EQUIPE

A equipe conta com 25 pessoas sendo duas delas, homens. A empolgação e compromisso com o
trabalho são marcas dessa equipe. Todos muito alegres e dão muito valor à cultura local. Existe
respeito às diferenças e as mesmas só contribuem para o crescimento do grupo. Cada participante tem
o trabalho como seu e se responsabiliza pelo bom funcionamento dele. A solidariedade está sempre
presente e ajudar o outro é sempre prazeroso.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Foram desenvolvidas dinâmicas, textos, brincadeiras, construção do PTA e um quadro de atividades,


todas cumpridas pela equipe, ao final de cada dia.

Trabalhou-se o Bornal de Livros e Algibeiras a fim de experimentar formas de se trabalhar com as


crianças. Algumas histórias, teatros, poesias e adaptações foram criadas a partir dos livros usados

Houve um momento de contação de causos que resultou em um livro de histórias e lendas da região.

O grupo construiu um espiral de ervas ensinado por um dos participantes do curso de Permacultura.
Usou-se a casa de D. Vanda, participante do grupo.

30
O grupo inteiro se interessou e participou. À medida que o espiral ia sendo construído, o grupo falava
formas de usá-lo para o trabalho de UTI.
Exemplos:
- Trabalhar metragem, medindo a distância entre uma estaca e outra;
- Escrita, colocar placas com o nome das ervas lá plantadas;
- Números, ao contar as varas para o espiral;
- Ciências, etc.

• Textos Utilizados

É brincando que se aprende

Com esse texto o grupo discutiu sobre brincar para aprender e sobre a facilidade que os brinquedos
podem trazer para a aprendizagem. Houve exemplos de irmão, conhecidos e dos próprios
participantes que fazem hoje um trabalho que aprendido quando eram crianças . É o caso de alguns
pedreiros, costureiras, fazedores de farinha, rapadura, etc.

Discutiu-se sobre que possibilidades de aprender brincando cada um do grupo pode proporcionar às
crianças da comunidade. Vários brinquedos e brincadeiras que estimulam a criatividade foram
apresentados.

O cavalinho

Com esse texto, o grupo discutiu as dificuldades encontradas no cotidiano e o que cada um pode fazer
para vencê-las e sobre como cada participante do grupo pode se fazer “cavalinho” para as crianças
da UTI e para a comunidade. Em geral os grupos apresentaram teatros que retratavam a realidade
das crianças que andam muito para poder ir à escola e que de uma forma ou de outra encontram
estímulos para continuar. Um dos grupos criou uma poesia a partir do texto.

• Dinâmicas desenvolvidas

Cosme e Damião

A dinâmica “Cosme e Damião” foi executada com a finalidade de apresentar as pessoas da equipe.
Nessa dinâmica, as pessoas ficavam em duplas e conversavam sobre si. Após determinado tempo, o

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grupo voltava para a roda e, uma a uma, as pessoas se apresentavam como se fosse o companheiro
com quem havia conversado anteriormente. O grupo que já se conhecia, mostrou-se integrado e
confiante.

Construção do crachá criativo

O crachá foi construído por cada um com o nome e uma qualidade do participante que começasse
com a mesma letra de seu nome.

Com esse crachá o grupo conversou sobre as qualidades de cada um do grupo e das qualidades das
crianças da UTI, além de conversar sobre como aproveitá-las para conseguir o desenvolvimento da
aprendizagem de cada criança.

Grupo de atividades diárias

Para essa atividade, o grupo foi dividido em cinco subgrupos para cumprirem tarefas que aconteceram
durante a semana. Cada grupo ficou responsável por uma tarefa cada dia da semana.
As tarefas eram:
- Músicas ou histórias;
- Brincadeira antiga;
- Curiosidades da região;
- Organização e limpeza;
- Jogo ou brincadeira.

As tarefas foram bem cumpridas. Todos os grupos mostraram muito compromisso e


responsabilidade.Muitas brincadeiras, histórias e músicas de roda foram apresentadas, tudo em
sintonia com a cultura local. Apesar de haver dias separados para cada grupo não houve problemas
quando um grupo precisou da ajuda de outro. Tudo era conversado e todos ajudavam uns aos outros
sem precisar que o outro pedisse.

Roda complicada

A roda complicada é uma dinâmica que consiste em desembaraçar uma roda embaraçada de
propósito. Os participantes, primeiro, fazem uma roda e prestam atenção em quem está à sua direita
e à esquerda. Depois todos soltam as mãos e andam desordenadamente. A um sinal, todos param
onde estiverem e, sem sair do lugar, dão a mão direita para quem estava à direita e a mão esquerda

32
pra quem estava à esquerda. Dessa forma a roda fica embaraçada e o desafio para o grupo é
desembaraçá-la.

Com base nessa dinâmica, discutiram-se as dificuldades do dia-a-dia na UTI e de que modo o grupo
pode resolvê-las, usando os recursos humanos e materiais encontrados na própria comunidade.

“A gente passa por muitos obstáculos, mas, quando tem um grupo unido, é só dividir o problema que
tudo fica mais fácil.”
Nenas de Fátima - Mãe Cuidadora

Construção de boneco

Para essa dinâmica, cada participante cria um boneco ou boneca e dá vida a ele, isto é, cria para ele
idéias, paixões, sonhos, coisas que necessita receber, coisas que tem a oferecer, etc.

Essa dinâmica possibilitou ao grupo discutir sobre sonhos, objetivos e passos para alcançá-los.
Também foi discutido sobre a realidade da comunidade, o que cada um tem a oferecer e o que cada
criança precisa receber.

Quadro de habilidades

No quadro de habilidades, cada pessoa qualifica suas habilidades por ordem do que sabem e/ou
preferem. Uma média é tirada e o grupo cria atividades para as habilidades mais marcantes. Muitas
atividades foram propostas principalmente para a comunidade e estas farão parte do PTA.

De quantas maneiras diferentes pode-se colocar uma bola dentro de um balde?

A equipe foi dividida em três grupos e cada um deles tinha como objetivo encontrar o maior número
possível de formas para se colocar uma bolinha dentro de um balde.

O grupo inteiro conseguiu 19 formas de colocar a bola no balde.

A partir dessa dinâmica, as atividades para o PTA foram listadas por cada grupo.
Teia de aranha

Para a “Teia de Aranha” cada participante deverá se comparar a um animal e a uma planta, tentando
encontrar qualidades em comum entre eles. Cada pessoa que falava, segurava em uma parte do
cordão e, ao terminar, lançava-o a outro participante , formando assim uma espécie de teia.

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Discutiu-se sobre ocupação de espaços físicos, sociais e sobre a responsabilidade que cada um tem
para com esses espaços. O Projeto UTI-Cidade Educativa é um desses espaços e o grupo está se
apropriando dele. Discutiu-se também sobre os espaços ocupados por homens e mulheres na
sociedade, ontem e hoje, os quais eram definidos e hoje se misturam e convivem democraticamente.

• Brincadeiras desenvolvidas

“Maestro”

Para esta brincadeira, uma pessoa sai da roda e, na sua ausência o grupo escolhe alguém para fazer
gestos que o restante acompanhará prontamente. O participante volta à roda e, enquanto os outros
repetem os gestos que o maestro faz, tenta adivinhar quem é o maestro.
Essa brincadeira foi feita para descontração do grupo.

“Começou a chover”

A turma fica em duplas e deixa sobrar uma pessoa que começará contando uma história que ela
mesma criará. Quando aquele que estiver sem par falar “começou a chover”, todos deverão trocar de
par e a pessoa que estiver contando deverá pegar um par para si. Quem ficar sem par, continuará a
história do ponto onde foi interrompida.

Brincadeira apresentada por uma das equipes de atividades diárias para contar história.

“Você gosta de mim?”

Para essa brincadeira cada participante senta-se em uma cadeira na roda, exceto um que deverá
escolher alguém e perguntar-lhe:
_ Você gosta de mim?
O outro responde:
_Gosto.
Quem está em pé pergunta de novo:
_ Por que?
Então, o participante que recebeu a pergunta observa-o e responde que gosta por alguma coisa que o
participante em pé é ou tem, como por exemplo:
_Porque você está de calça.

Nesse instante todos os participantes que estiverem de calça deverão levantar-se e sentar em outro
lugar, inclusive o participante que começou a brincadeira. Quem sobrar em pé deverá continuar a
brincadeira.
34
Brincadeira feita para descontração.

“Costa com costa”

Um dos participantes fica no meio da roda enquanto o restante da equipe se separa em duplas. O
participante do meio da roda dá ordens, enquanto o restante do grupo vai obedecendo.
Ex.:
_Costa com costa.
Nesse momento, as duplas vão encostar costa com costa.O participante do meio dá outras ordens e a
equipe vai cumprindo. Quando achar necessário, o participante grita “TROCANDO” e, nessa hora, as
duplas trocam e o participante do meio pode procurar um par para si, deixando que outra pessoa dê
as ordens.

Discutiu-se com essa dinâmica sobre afetividade, dificuldade que as pessoas têm de se tocar, o fascínio
que o toque exerce sobre crianças e adultos e a facilidade que o toque proporciona na conquista das
pessoas dentro e fora do trabalho.

“Patos voam”

A brincadeira “Patos voam” começa quando um participante vai para o meio da roda e começa a
falar nomes de animais que voam. Ex.:
_Pardal voa?
Enquanto isso o participante faz movimentos com os braços como se estivesse voando.
Os demais participantes seguem o exemplo, fazendo o movimento e respondendo:
_Voa.

Quando o participante do meio falar o nome de um animal ou objeto que não voa e alguém da roda
fizer gesto ou gritar “voa”, essa pessoa tomará o lugar do participante do meio.

Essa brincadeira foi feita para descontração.


Piscada fatal

Formam-se duplas e uma pessoa fica só. Uma das pessoas da dupla senta-se e a outra fica em pé,
atrás dela. A pessoa sozinha deverá piscar para quem estiver sentado. Ao perceber a piscada, a
pessoa sentada deverá tentar ir ao encontro de quem piscou e sentar na cadeira à sua frente. Por sua
vez, o participante atrás de quem recebeu a piscada deverá tentar impedi-lo de ir ao encontro de
quem piscou. Caso não consiga segurar o companheiro, o participante que ficar só deverá continuar a
brincadeira, piscando.
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AVANÇOS OBTIDOS

• Índices Quantitativos

- Quarenta e quatro atividades criadas para o PTA do grupo, tanto na escola quanto na
comunidade;
- Três brincadeiras;
- Sete dinâmicas;
- Um livro com histórias da região;
- Uso, construção de regra e confecção de um jogo;
- Dois textos, utilizados para discussão;
- Uma carta escrita por uma aluna da escola a uma ACE, em agradecimento ao trabalho do ano
anterior.

• Índices Qualitativos

- O grupo participou ativamente de todas as atividades e discussões, mostrou-se responsável e


interessado em contribuir com as necessidades tanto do trabalho quanto pessoais;
- Mesmo as pessoas evangélicas ajudaram a limpar a igreja quando aconteceu missa na
comunidade;
- O desejo de ver as coisas dando certo é o combustível desse grupo. Empolgação e criatividade
proporcionam a todos prazer e influem diretamente na auto-estima do grupo.
Maria Dirce - Educadora

ANEXOS

Os Agentes Comunitários de Educação e as Mães Cuidadoras ainda não estão trabalhando na escola
esse ano, mas durante a reciclagem tiveram contato com as crianças da escola, devido ao fato de a
igreja, onde o treinamento aconteceu ser vizinha da escola. Por essa razão, no dia 13/5/2005, uma
ACE recebeu a seguinte carta.
Obs.: A carta a seguir foi transcrita tal qual foi recebida.

“Olha, Ilma eu gosto de você e tenho certeza que você também gosta de mim. Eu agradeço a você
porque você me ensinou muitas coisas boas no ano passado. Por isso eu te agradeço. Você nunca me
xingou, graças a Deus.

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Olha, Ilma você é muito boa para mim e foi você que me ensinou aí eu aprendi muitas coisas boas
para mim. Eu estou com muita saudade de vocês. E por hoje é só Ilma. Um abraço para você.”

Tchau

Assinado: Tatiele - 10 anos

• Depoimentos

“Minha qualidade é importante. Eu me sinto importante porque quando não estou todos perguntam e
sentem falta de mim.”
Ilma - ACE

“Sou generosa. Gosto de dividir o que tenho e o que sei com as pessoas.”
Girlane - Mãe Cuidadora

Quando vi o nó daquele tamanho fiquei indecisa, mas confiei no grupo e sabia que ia conseguir.
Maria José - Mãe Cuidadora

“Às vezes dá uma sensação de que a gente não vai conseguir, mas com cada um dando sua opinião
tudo se resolve”
Nenas de Fátima - Mãe Cuidadora.

“Dessa vez deu mais certo porque um seguiu o outro, o que o outro falava.”
Evangelista - Pai Cuidador.

“Cada vez que chega gente nova, nossa união aumenta e o trabalho melhora.”
Ilma - ACE

“A gente encontra muitos obstáculos, mas quando tem o grupo é só ir até lá e dividir o problema que
tudo fica mais fácil.”
Nenas de Fátima - Mãe Cuidadora
“Com esse Projeto, a gente aprende a desembaraçar até a família e os amigos. Quando cada um dá
sua opinião, tudo se resolve.”
Maria José - Mãe Cuidadora

“Eu era uma pessoa que não tinha decisão para nada. Agora, com esse trabalho, tomo minhas
próprias decisões”
Maria José - Mãe Cuidadora
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“Antes eu não sabia nem ler. Agora, depois que trabalhei com os meninos, pode-se dizer que leio 95%
melhor. Até texto aqui no curso eu li.”
Maria José - Mãe Cuidadora

“Quando a gente está trabalhando em grupo, é igual a uma mãe, se faltar um dos filhos, faz falta
demais.”
Maria José - Mãe cuidadora

“O melhor do dia foi nós termos virado escritores.”


Zilmar - Mãe cuidadora

“O que mais gostei hoje foi que nós escrevemos um livro. Isso é muito importante para a nossa
comunidade.”
Evangelista - Pai Cuidador

“Eu acho que criar história não é fácil, mas, quando tem idéia de cada um, fica mais fácil.”
Marluce - ACE

“Nós temos que mostrar a nossa força e fazer o que é possível para mostrar para a comunidade o que
pode ser feito.”
Maria José - Mãe Cuidadora

“Essa nossa escola tem muito menino com piolho. Acho que se as mães não acharem ruim a gente
podia cuidar.”
Maria José - Mãe Cuidadora

“Ontem levei o jogo que nós fizemos para minha casa e brinquei com meus meninos. Eles gostaram
tanto que nem queriam jantar,só pra ficar jogando.”
Maria José - Mãe Cuidadora

“Todo menino precisa de carinho e atenção, mas a gente tem que preocupar mais é com os mais
agressivos, porque desses ninguém gosta nem de chegar perto e são os que mais precisam.”
Nenas - Mãe Cuidadora

• Música

Lá na beira da lagoa

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Lá na beira da lagoa
Eu perdi meu canivete
Tenho o fumo e tenho a palha
Tenho a palha e tenho o fumo
Mas perdi meu canivete

Lá na beira da lagoa
Eu perdi minha dentadura
Tenho a pasta e tenho a escova
Tenho a escova e tenho a pasta
Mas perdi minha dentadura

Lá na beira da lagoa
Eu perdi o meu anzol
Tenho o peixe e tenho a isca
Tenho a isca e tem o peixe
Mas cadê o meu anzol.
Apresentação de um grupo responsável por música ou história.

Vi três amigas na chaminé


Tão pequeninas torrando café
É de chá chá chá
É de chá lá lá lá lá

Seu Valentim meu bem


Quem tiver inveja dança assim também

Dança, morena, dança


Dança rebolado
Eu serei madrinha do seu namorado
Apresentação de um grupo responsável por música ou história
• Criações

História de uma fada

Era uma vez uma fada muito gorda, mas que se achava muito bonita. Muitas pessoas a achavam feia;
outras, bonita. Ela se sentia muito bem com sua gordura.

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Uma vez colocou uma sandália de salto imenso para ficar mais bonita ainda, mas como era muito
gorda não agüentou. Mesmo assim insistiu porque queria chegar até a torre de uma igreja. Depois de
muito lutar, conseguiu mas encontrou o chibungo* e se assustou tanto que foi parar no Rio de Janeiro
pendurada no braço do Cristo Redentor que, com seu peso, se quebrou.

Texto criado a partir do livro Fada fofa em Paris

Criação: Marluce / Tereza / Ângela / Girlane / Alaíde / Gilberto / Zilmar

*figura do folclore da região que, segundo os moradores, tem os


pés virados para trás, um cocho nas costas e nunca se deita.

Na onda dos versos

No ¼ de lua crescente, eu pensei em ir te ver


No ¼ de lua cheia, eu queria ir ao teu encontro
No ¼ de lua minguante eu chorei por você.

Agora, no ¼ de lua crescente, estou em desespero


Te perdi por orgulho e por orgulho me isolei
Essa moça, que em dia de lua cheia encravaste teu coração
Com a espada da ilusão
Tomaste tu minha paixão.

Ó sol que a tantos km está


Peça para a lua, por favor
Que traga de volta meu amor
Aquela que nunca sofreu por amor.

Meu coração bate 1/3


E minha vida está presa a ¼
Nada me livrou desse mundo de ¼
Que roubou meu coração,
Minha razão
E meu amor.

Adaptação feita a partir do livro - Na onda dos versos

Criação: Adna / Ilma / Marinélia / Josiane / Judite / Nalva.


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O cachorro que fala

Era uma vez um homem que tinha um cachorro que falava. Até o chamava de papai. Certo dia o
homem foi à escola e disse aos professores que tinha um cachorro que falava. Eles duvidaram e
disseram:
_ Isso é mentira, nós nunca ouvimos dizer que fala, achamos que você é louco.
E o homem disse:
_ Eu não sou louco, vou trazer o meu cachorro para vocês verem.
O professor Raimundo que era quem mais duvidava disse para o homem trazer o cachorro e que até
pagava, se ele falasse mesmo. O homem perguntou:
_ Quanto dá? Eu trago mesmo porque tenho palavra de homem, ainda mais quando se fala em
dinheiro.
No dia seguinte, o homem levou o cachorro na escola e reuniu professores e alunos para verem o
cachorro falar. Mas todos tiveram uma surpresa, por mais que o homem mandasse, o cachorro não
falava. As pessoas mandaram o homem embora e, quando chegou em casa ele perguntou:
_ Por que você não falou?
O cachorro respondeu:
_ Fiquei com vergonha!

Criação a partir do livro “A galinha ovolina”

Criação:Evangelista / Maria José / Antônia / Vanda / Janinha / Senira.

Preguiça

Sai, preguiça não me pega


Não me pega
Não me risca
Não me persiga.

Preguiça não me pega


Não me pega sou um homem trabalhador
Não me pega
Não me pega sou um homem lutador.

Sai preguiça
Sou amigo
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Animado
Corajoso e encantado.

Criação: Marinélia / Judite / Antônia / Vanda / Girlane.

Criação a partir do texto “O cavalinho”.

Música quem entrar na roda

Quem entrar na roda, vai ter que dançar


Quem entrar na roda não pode ficar parado

Criação: Zilmar - Mãe Cuidadora (não sabe ler nem escrever)


Grupo que apresentou música ou história

Jogo nuvens de letras e palavras

Objetivo

Incentivar a criança a juntar sílabas para formar palavras.

Material
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- Um dado numerado;
- Marcador para cada participante;
- Tabuleiro com desenhos de nuvens, formando pista e letras dentro das mesmas.

Regra

- Podem jogar duas ou mais pessoas.


- Quem tirar o maior número no dado, terá o direito de começar.
- O primeiro jogador lançará o dado e andará o número indicado de casas.
- De acordo com as sílabas da casa onde parar, o jogador deverá formar uma ou mais palavras.
- O grupo será encarregado de observar se a palavra está correta ou não.
- Caso esteja, o jogador poderá permanecer na casa. Caso contrário, volta ao lugar onde estava.
- O jogo continua e o vencedor será quem primeiro chegar ao final da pista.

Criação

Mães Cuidadoras e ACE – Escola Municipal Nucleada “Irmã Maria Gema” no ano de 2004

43
Tabuleiro

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1.5. FORMAÇÃO DE MÃES CUIDADORAS E

AGENTES COMUNITÁRIOS DE EDUCAÇÃO


NÚCLEO JOSÉ GONÇALVES
23/05/05 À 30/05/05

INTRODUÇÃO

Este é o primeiro ano de nucleação da Escola Municipal José Gonçalves que está atendendo aprox.6
comunidades, com cerca de 400 crianças e adolescentes. Aos poucos, crianças e pais vão se
adaptando a nova realidade. Todos os alunos de 5ª a 8ª série dessa escola vinham no transporte
escolar para a zona urbana. Iniciamos nossas atividades com uma reunião com a comunidade para
falarmos sobre o Projeto e convidar as pessoas para participarem da formação de Mães e Agentes. A
própria comunidade se encarregou de convidar as pessoas. Algumas mães já participaram do Projeto
em 2004.

A pessoas vêem no projeto uma forma de adquirir renda, e isso é um dos motivos de demonstrarem
grande interesse pela oficina. As inscrições ultrapassaram o número de vagas.

Na comunidade onde se localiza a escola observamos o jeito de as pessoas conviverem. Muitas são as
dificuldades de relacionamento, conversas desagradáveis entre uma família e outra e desconfiança.

PERFIL DA EQUIPE

A turma é composta por 28 pessoas todas mulheres de várias idades. Estão acostumadas a assumir a
responsabilidade da casa e dos filhos. São pessoas muito alegres, que gostam de música, dançar e
jogar versos. Moravam em um lugar, de difícil acesso, não tiveram muitas oportunidades de
aprendizagem por isso têm muita dificuldade de raciocínio , são lentas ao realizar as atividades e

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demoram a entender o que se pede. Era comum explicar algo e elas entenderem outra coisa
completamente diferente.
Das 28, apenas 24 mulheres chegaram até o fim da oficina. Alguns contratempos como falecimento
na família, reuniões em Araçuaí e desinteresse mesmo, impediram de continuar.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Nossa primeira atividade para a apresentação foi a dinâmica de passar a bola na mão do grupo em
menos tempo. Poucas pessoas davam sugestões. Demorou muito para alguém tomar a iniciativa e
experimentar uma forma diferente para passar a bola na mão de todos.

Voltando para a roda discutimos sobre o comodismo, o porquê de sempre termos que esperar pelo
outro, união, respeito à opinião do outro. Refletimos sobre a regra da dinâmica o que dizia, etc.
Começamos a pensar no trabalho que durante a semana estaríamos discutindo: de quantas formas
podemos contribuir com a criança para que ela aprenda a ler, a escrever e a fazer as 04 operações?
Como podemos e quais atividades podem gerar desenvolvimento para a comunidade?

Na dinâmica da roda complicada, o grupo conseguiu dar um nó bem dado e demoramos muito para
desfazer.

Foram colocadas algumas situações em discussão, surgidas durante a dinâmica, como por exemplo no
momento em que as pessoas não estavam preocupadas um desfazer o nó e sim em sair dele e passá-
lo para frente. Algumas ficavam o tempo todo reclamando que estavam cansadas, outras dizendo que
não tinha jeito, que não iriam conseguir, etc.

Conversamos muito sobre o que é um trabalho em equipe,a importância da contribuição e do


envolvimento de cada um, sobre a responsabilidade, a consciência de fazer bem feito.

Aconteceu como na dinâmica anterior, as pessoas têm muita dificuldade em tomar iniciativa e em
trabalhar em grupo. Elas não conseguem conversar, entenderem-se.

Fizemos o boneco individual e discutimos sobre como demonstrarmos nossos sentimentos e


frustrações. Também conversamos sobre o cuidado consigo mesmo, o gostar de se. As mães
colocaram muito sobre a questão do casamento como elas vivem só para o outro, marido, filhos.

Com o boneco coletivo podemos, além de discutir visualizar o que não é um trabalho em equipe. O
boneco saiu todo deformado. Assim podemos conversar sobre a iniciativa, como pensar mais no

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coletivo,como fazer um boneco bonito, não no desenho, mas com atitudes para demonstrar como
seria o trabalho em grupo.

Pelo fato de ter sido uma atividade descontraída, as pessoas se sentiram mais à vontade para
expressar suas opiniões. Pudemos avaliar todas as atividades do início do dia até o momento e
chegamos à conclusão de que o grupo ainda tem muito para caminhar.

Era comum, nas falas das pessoas, durante o dia, falarem sobre a falta de união. Começamos então a
discutir sobre o que era união e ficou visível que todos estavam confundindo união com acomodação.
Elas pensavam que para ter união as pessoas não poderiam discordar da outra.

Nessa discussão pude observar como o grupo tem dificuldade também de focalizar a discussão.
Estamos conversando sobre um tema, as pessoas começam a conversar e saem completamente do
que estamos falando.

Como em todas as oficinas, dividimos a equipe para realizar o trabalho do grupo das cores. O grupo
da brincadeira apresentou no dia seguinte devido à falta de tempo.

Depois da explicação, que todos disseram ter entendido, iniciamos a brincadeira.

Conversamos também sobre as crianças inibidas . Uma Mãe Cuidadora contou uma experiência,
como ela conseguia as coisas com as crianças inibidas e rebeldes na escola. Vimos várias formas de
para se conversar com uma criança. É necessário adular as crianças, isso iria contribuir com ela. O
que é uma criança “comportada”, “educada”? O que é ser “atentado”? Que momentos ser carinhosos
com as crianças? Que momentos conversar mais firme? A criança necessita de limite? Como
conquistar o respeito das crianças? E o receio com os pais. Por quê? Essa foi a melhor e talvez a mais
proveitosa conversa tida até então. As pessoas ficaram à vontade, deram opiniões, contaram casos,
concordaram, discordaram e pudemos ter um pouco mais claro o nosso papel de educador social.

Realizamos a dinâmica dos perdidos no oceano. O grupo era composto de um cego, um mudo e um
surdo. Nossa proposta foi rediscutir o trabalho em grupo, a iniciativa e a comunicação, a importância
dela e as formas que temos para fazê-la. Com essa dinâmica discutimos também sobre as habilidades
e as dificuldades de cada um, como explorar, como contribuir para vencê-las, etc. Foi muito boa a
discussão. Houve uma melhor e maior participação das pessoas. Parecem que estão mais dispostas a
discutir e refletir sobre o proposto.

A dinâmica”Limite sem pés, me surpreendeu, no primeiro momento a maioria fez cara feia quando
expliquei, dizendo que era impossível. Durante as apresentações, os grupos demonstraram uma

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agilidade para iniciar. Ninguém ficava esperando um pelo outro, improvisaram estratégias e
realizaram a dinâmica em um tempo bem mais rápido do que as anteriores.

Na roda, pudemos comparar o trabalho do grupo com os outros anteriores , qual seria o diferencial.
As pessoas colocaram em discussão a iniciativa, o medo de tomar iniciativa, a criatividade, pois a
maioria teve que improvisar e o principal fator foi o diálogo e a participação nos grupos. Foi essencial
para as pessoas dar um salto e tanto nas discussões e nas atitudes.

Em dupla, as pessoas trabalharam com os cavalos e seus cavalheiros. Demorou um pouco, mas foram
descobrindo a montar o quebra-cabeça.

Tivemos a oportunidade então de conversar sobre visão de mundo, como enxergar nas coisas que
fazemos no nosso dia-a-dia a fórmula para incluir o português e a matemática. Conversamos também
em como ser persistente, a importância de acreditar no que estamos fazendo. O grupo adorou essa
atividade. Ficou bem marcado para as pessoas que nem tudo que parece é, que não devemos
enxergar as coisas sempre com os mesmos olhos. É necessário mudar o nosso olhar para mudar a
nossa comunidade e as nossas vidas.

Trabalhamos com o texto “É brincando que se aprende...”, Dividimos em grupos para ler e discutir.
Logo percebi a dificuldade que as pessoas encontravam para entender o texto e propus voltarmos para
a roda e lermos, juntos,parágrafo por parágrafo e discutirmos juntos. O grupo participou bem da
discussão, relembrando brinquedos e fases da infância de cada um. Acredito, porém, que em relação
ao texto não foi muito bom porque as pessoas não conseguiam entender o que estava escrito. Com a
conversa sobre os brinquedos e brincadeiras de antigamente, sugeriu-se na roda, que cada grupo
trouxesse uma brincadeira ou jogo adaptado para o português ou a matemática. Os grupos
apresentaram os jogos, mas pude notar uma imensa dificuldade para criar. Até os jogos prontos eles
encontravam muita dificuldade para entender a regra .

Visitamos a casa da Reni, umas das participantes do curso para realizarmos a pedagogia das placas.
À medida que os grupos iam colando as placas, o processo foi o mesmo de perguntar as palavras, o
número de letras, etc. O legal foi que elas fizeram isso com algumas mães que não sabem ler e nem
escrever.

Na roda, conversamos sobre os cuidados com a escrita, uma letra que a criança vai entender, os erros
de português, etc...

Outra experimentação foi com o uso da Algibeira e do Bornal de Livro. A maioria dos grupos
contaram as histórias e recortaram palavras para montar com mural, desenhos ou cartazes. Com essa

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atividade discutimos a importância das atividades que chamam a atenção das crianças, de se ter
material concreto para ela pegar, manusear, etc...

Nossa experimentação com a contação de história foi na beira do rio Piauí. Depois que o grupo das
cores contou uma bela e engraçada história propus que o grupo se dividisse em 03 subgrupos e cada
um teria que fazer uma colagem das palavras que acharam mais bonitas utilizando apenas uma folha,
cola e o que a natureza oferecesse.

Acredito que essa tenha sido a atividade com as pessoas que mais me surpreenderam. Elas estavam
empolgadas e os murais ficaram lindos. Utilizaram areia, flores, capim e desenhos diversos. Depois de
prontos, fizemos a leitura com as mães que não sabem ler e discutimos mais formas de utilizar aquela
atividade para contribuir com a leitura, escrita e as quatro operações.

Nesse dia passeamos, dançamos e cantamos muito. Fizemos várias cantigas de roda e jogamos vários
versos, houve até “repente”.

Como o pessoal era bom com os versos, fomos para o grupo criar versos a partir das histórias de vida
de cada um. Cada grupo achou uma forma e uma música diferente para apresentar como as músicas:
Gabiroba, Lira da Saudade e Sereia.

Infelizmente o tempo não foi suficiente para realizar tudo que havíamos planejado. Devido às chuvas,
tivemos que vir embora mais cedo, ficando o Plano de Trabalho e Avaliação-PTA, para ser feito com a
equipe selecionada.

DESEMPENHO DOS EDUCADORES

Esta equipe encontra muitas dificuldades, algumas já superadas. Tem muita dificuldade para entender
o que é conversado.

São pessoas que no início ficaram um pouco paradas, tiveram poucas ou nenhuma oportunidade de
desenvolver o potencial que guardam, mas são boas, responsáveis e podem vir a se tornar uma
excelente equipe depois do investimento necessário e merecido.

Avanços

- 2 jogos criados;
- A recepção da escola;
- O interesse da comunidade para com o trabalho;
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- Pessoas mais participativas;
- Pessoas mais criativas;
- Pessoas trabalhando em grupo;
- Pessoas com mais iniciativa;
- Pessoas desinibidas.

Dificuldades:

- 4 desistências da oficina;
- Dificuldade com o entendimento do que era proposto-comunicação;
- Dificuldade em focalizar a discussão;
- Falta transporte para as pessoas participarem da oficina.

Edilúcia Borges - Educadora

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1.6. FORMAÇÃO DE MÃES CUIDADORAS E

AGENTES COMUNITÁRIOS DE EDUCAÇÃO


NÚCLEO CÓRREGO DA VELHA

INTRODUÇÃO

A comunidade Córrego da Velha é uma das maiores comunidades do núcleo Córrego da Velha. Lá
existe um córrego com o mesmo nome; este percorre quase todas as comunidades, mas não fornece
água para abastecer as famílias.

A oficina aconteceu no período de 16/05 a 20/05 na comunidade de Córrego da Velha no município


de Araçuaí, com 8 horas diárias no total de 40 horas semanal. Tivemos a participação de 25 pessoas,
sendo 22 mulheres e 03 homens. Não houve desistência de nenhum participante, todos dobraram as
dificuldades e fortaleceram o grupo.

No período de capacitação foi possível notar a curiosidade das crianças que fazem parte do Centro
Infantil (prédio da ASSOCIAR). Observavam de longe o que se passava na oficina. Atividades como
apresentação de teatros e histórias contadas todos participavam.

PERFIL DA EQUIPE

O grupo é muito criativo e dinâmico, se mostrou bem disposta em realizar as atividades e com isso
preocupava bastante com o resultado adquirido.

Outros questionamentos, no início da capacitação é a dificuldade de entrosamento entre o grupo; mas


aos poucos essa situação vai mudando.

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Uma das grandes qualidades do grupo é a responsabilidade, estão sempre inovando o trabalho
montando teatro, contando histórias. Todos se incorporaram seu papel na hora de realizar as
atividades propostas.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

• Confecção do crachá

O objetivo principal do crachá e conhecimento e interação entre os participantes, mas além disso foi
possível perceber também a criatividade de cada um.

• Dinâmicas

As dinâmicas têm como objetivo acabar com a tenção que as pessoas ficam após qualquer atividade,
por isso desenvolvemos o maior número de dinâmicas possíveis. Um exemplo é: Ataque nuclear - Que
trabalha a cooperação e o poder de tomar iniciativas, mas não houve muitas discussões sobre a
dinâmica e sim falas bastante soltas. Acredito que o grupo ainda não estava bastante interado com o
assunto.

Após cada dinâmica sempre discutíamos sobre seu objetivo e na maioria das vezes as reflexões iam
além do que era proposto.

• Bornal de livros

Durante a capacitação foi apresentado para a equipe o bornal de livros. Através desses poderiam
imaginar atividades diferentes que possibilitem às crianças atividades divertidas como histórias e
teatros.

Todos perceberam a importância da leitura, que é preciso ajudar na alfabetização das mesmas. Os
livros favorecem na leitura diária e também na escrita; isso faz com que tenham mais interesse.

• Criação de histórias

A atividade aconteceu após dividir o grupo em pequenas equipes, cada uma deveria escolher figuras
de seu interesse e montarem sua história. Foram muitas histórias criativas que surgiram, cada grupo
usou de sua imaginação.

Foi possível descobrir o poder de criação de cada um. Discutimos sobre as possibilidades de mudança
no momento de utilizá-las com as crianças.

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• Pedagogia de placas

O grupo saiu para a comunidade com o objetivo de fazer placas nas casas. Foram escolhidas duas
casas, assim a equipe estaria se interando da atividade e encontrando maneiras diferentes de
trabalhar.

Através das placas é possível conhecer as famílias e coloca-las a par do assunto.

• Teatros

Através da leitura feita de livros do bornal, a equipe foi dividida para que pudessem criar uma peça
teatral. As peças foram surpreendentes, cada grupo se incorporou no seu papel, com roupas
adequadas e falas engraçadas.

Através dos teatros trabalhamos o poder de criatividade e deixar as pessoas mais desinibidas.

• Contação de histórias

Essa atividade não é habilidade de todos, mas há muitas pessoas capazes de contar histórias
interessantes que todos acreditem. É possível trabalhar a imaginação das crianças e fazer com que
elas mesmas criem sua história; isso foi o grupo mesmo que colocou na roda.

• Textos

Foram utilizados textos como “o cavalinho” e “para você me educar” para provocar discussões
objetivas no grupo. Discutimos sobre o que cada um pode fazer, motivação das pessoas no trabalho e
muito mais. Neles trabalhamos a união do grupo, participação, como cada um pode contribuir, saber
ouvir opinião do outro e se adaptar às suas deficiências.

Através do texto perdidos no oceano discutimos sobre as características e qualidades de cada um.
Diante das dificuldades de cada grupo procuraram uma maneira de resolver a questão; tiveram a
estratégia de escrever a sua opinião no papel, já que um não podia falar, outro não enxergava e outro
não tinha braço.

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DESEMPENHO DOS EDUCADORES

A equipe é muito interessada no trabalho, ambos procuram se empenharem o máximo na realização


das atividades. Isso faz com que o trabalho se desenvolva progressivamente.

Foi possível notar o avanço do grupo no final da capacitação, já conseguem ter uma discussão mais
formada e são capazes de compreender as necessidades para um bom trabalho em grupo.

Mesmo diante de algumas dificuldades, foi uma capacitação tranqüila, trouxe aprendizagem individual
e todos puderam crescer de algum modo.

AVANÇOS OBTIDOS

• Índices Quantitativos

- Capacitação com duração de 5 dias;


- Duração de 8 horas diárias no total de 40 horas semanal;
- 25 pessoas que participaram da capacitação de 5 comunidades vizinhas;
- 18 pessoas escolhidas entre as 25;
- Criação de 4 histórias;
- Apresentação de 4 teatros baseados em livros infantis;
- Criação de 1 poesia.

• Índices Qualitativos

- Agilidade no momento de executar as atividades;


- Facilidade em criar coisas diferentes;
- |Maior entrosamento entre as pessoas, pois mesmo morando próximas não tinham momentos
como estes;
- Troca de conhecimentos entre os membros do grupo.

DIFICULDADES ENCONTRADAS

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- Dificuldade para alguns participantes chegarem até o local de capacitação, pois moram distante;
- Fazer a seleção das pessoas que irão permanecer no trabalho, pois é muito constrangedor para a
gente.
REFLEXÃO

A cada dia que passa aprendo uma coisa diferente. Para trabalhar em grupo é preciso conviver com
as dificuldades dos outros e aceitar as diferenças.

Com base adquirida no ano anterior, espero que o trabalho possa prosseguir de maneira qualitativa e
com resultados gratificantes.

Lucivânia Prates Jardim - Educadora

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1.7. FORMAÇÃO DE MÃES CUIDADORAS E

AGENTES COMUNITÁRIOS DE EDUCAÇÃO


9 A 13 DE MAIO DE 2005
NÚCLEO ARAÇUAÍ

INTRODUÇÃO

O Projeto Cidade Educativa teve início no mês de abril. Realizamos várias reuniões com as
comunidades atendidas, com o objetivo de mobilização para o retorno ao trabalho.

Através dessas mobilizações, combinamos a data do treinamento para que as Mães Cuidadoras e
Agentes Comunitários de Educação pudessem participar da reciclagem, para retomada do trabalho e
planejamento.

Esses treinamentos aconteceram na zona urbana, comunidade da Gema e da Malhada Preta.

Na zona urbana, aconteceu no espaço do Ser Criança II, do Ciame. A novidade é que este ano não
está sendo separado: mães e jovens estão participando juntos. Outra novidade é a proposta de este
ano atendermos algumas escolas estaduais, o que vem sendo discutido e esquematizado junto com as
diretoras.

PERFIL DA EQUIPE

A turma foi composta por 29 pessoas, havendo 01 desistência por questões familiares. Havia apenas
um homem. O restante, a grande maioria, era de jovens, que às vezes se confundiam em qual grupo
encaixar, pois as mães eram muito jovens também.

O grupo a princípio era tímido, pouco participativo e nada questionador .


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Aos poucos, houve uma grande transformação, as pessoas participavam, opinavam, construíam,
criavam... O mais impressionante disso tudo foi a apropriação que o grupo teve pela roda, a
sinceridade chamou muita atenção. O que achavam errado, o que queriam contestar, o combinado
não cumprido, tudo o grupo colocava em discussão e assim criamos essa relação tão difícil de se ver
na prática quando estamos em um treinamento, a do diálogo e não da fofoca.

No final a roda era como se fosse uma criança travessa e inquieta que exigia jogo de cintura para que
assim todos tivessem a oportunidade em participar .

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

• 1ª Dia

Nossas atividades foram realizadas com o objetivo de provocar o entrosamento e desenvolvêssemos o


senso de equipe.

Como forma de apresentação, fizemos a dinâmica Cosme e Damião e construímos o crachá


individual. Nesse momento, falamos sobre nossas vidas, sonhos, expectativas para o curso e das
coisas que gostamos ou sabemos fazer.

Foi muito tímida a fala das pessoas, disseram apenas o essencial sem aprofundar ou participar muito.

Realizamos a dinâmica Ataque Nuclear onde aconteceram algumas curiosidades, mais tarde discutidas
pelo grupo, como o egoísmo de quem achou seu abrigo e não se importou com os outros, pessoas,
colegas de abrigo que não se ajudaram, pessoas em abrigo errado e o grupo não disse nada, etc.

Com essas situações, discutimos o desempenho do grupo que não conseguiu atingir o objetivo da
dinâmica. As pessoas colocaram que faltou união, iniciativa, entendimento da brincadeira e
cooperação. Começamos então a pensar o que é ser grupo, como realizar um trabalho em grupo e
qual a importância disso.

Houve uma participação razoável das pessoas nas discussões, mas dificilmente alguém assumia a
culpa de não atingir o objetivo. Sempre a transferiam para o “grupo”.

“Ser um grupo é ser um corpo só. Somos partes diferentes, mas estamos ligado uns aos outros com o
mesmo objetivo.”

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Selma Alves Miranda - Mãe Cuidadora

Com o boneco individual discutimos sobre o que gostamos, oferecemos nossos sonhos. Podemos
também ver o outro lado, como ser pessoas melhores, como buscar esses sonhos, como pedir ajuda
quando necessitamos, etc.

“Antes desse trabalho existia uma parede na minha vida, hoje não tem mais. Aprendi a sorrir, a
enxergar a vida diferente. E sou mais feliz com isso.”
Selma Alves Miranda - Mãe Cuidadora

Já com o boneco coletivo, como o desenho saiu todo deformado, conversamos sobre como fazer
trabalho em equipe, a importância da sintonia em um grupo, do diálogo, da união, etc.

Talvez pelo fato de que o boneco ficou engraçado, as pessoas ficaram um pouco mais relaxadas,
deram opinião e chegaram à conclusão de que tínhamos passado o dia todo só no discurso e nada na
prática, quando a questão era grupo.

“A vida pode ser torta como esse boneco... mas vale a pena continuar a correr atrás dos nossos
objetivos.”
Marilene Dias Santos - Agente Comunitário de Educação

• 2ª Dia

Nesse dia além de trabalharmos com o senso de equipe, era nosso objetivo também desenvolver a
mudança do foco, ampliar a visão de mundo e buscar possibilidade.

Nossa primeira atividade foi a dinâmica do Limite sem Pés. Dividimos em grupos por um determinado
tempo para combinarmos as formas de como atravessar o espaço. O legal foi as pessoas combinarem
juntas, as maneiras para que cada grupo tivesse a sua, sem um copiar a idéia do outro, tentando
assim um trabalho em conjunto.

Na travessia do primeiro grupo, uma pessoa ficou para trás e teve que se virar sozinha.Os outros
grupos foram mais solidários, atravessavam e vinham buscar, mas o último grupo se desesperou e um
outro participante teve de ajudar com suas idéias.

A intenção de combinar, juntos como cada grupo atravessaria demonstrou que as pessoas estavam
dispostas a começar a pensar coletivamente. Porém, algumas atitudes foram incoerentes a essa, como
por exemplo deixar alguém para trás. Começamos a discutir a importância de cada um no grupo,

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porque as pessoas se dispunham a carregar as outras, as estratégias dos grupos, se foram eficientes
ou não, e quantas formas temos para resolver um problema.
O grupo bem mais participativo deu várias opiniões, tentando responder o porquê do sucesso de
alguns e não de todos, já que todos tinham combinado juntos.

“Depois desse treinamento sinto que as minhas atitudes têm sido mais solidárias e compreensivas.”
Grazziela Souza Sá - Agente Comunitário de Educação

Com o quebra-cabeça para montar os dois cavalheiros nos cavalos, discutimos o nosso jeito de ver o
mundo.

Outro assunto levantado e discutido foi como valorizar a capacidade de cada um.

“Sempre achamos que estamos certos e com a razão. A dinâmica nos permitiu ver que temos de
enxergar as coisas diferentes, porque o outro também pode ter razão em suas opiniões.”
Consuele Coelho Machado - Mãe Cuidadora

“Na vida a gente enxerga as coisas só como a gente quer e do jeito que a gente quer. Assim não
temos oportunidade de crescermos.”
Lívia Aparecida da Silva - Agente Comunitário de Educação

Também na mesma linha de discussão, fizemos a dinâmica do Perdidos no Oceano em grupo, sendo
que um era cego, um mudo e o outro não tinha os braços.

Uma minoria dos grupos conseguiu realizar a tarefa da dinâmica que era listar os objetos que
colocariam no bote. A grande maioria não conseguiu chegar a um consenso e outros participantes
não opinaram.

Discutimos no grupo sobre quais as formas de comunicação que temos, a importância de nos
comunicar, do trabalho em grupo, quais as estratégias possíveis para que um cego se comunique com
um mudo. Conversamos também sobre nossas habilidades e nossas dificuldades em um grupo, como
lidar com isso, como contribuir com o outro para que ele possa vencer as suas dificuldades.

As pessoas já estavam bem mais falantes. Além das opiniões, colocavam, na roda casos que
ilustravam a conversa e que comprovavam a importância do tema discutido.

“Em um grupo não existe trabalho individual. É um complementando o saber do outro.”


Tatiane Hunas Silva - Mãe Cuidadora

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“Cada um tem sua dificuldade e sua habilidade. Por isso é necessário trabalhar em grupo, um
contribuir com o outro e assim atingir o objetivo.”
Grazziela Souza Sá - Agente Comunitário de Educação

Para despertar o sonho, entrosarmos e praticar toda a nossa conversa, dividimos em 02 grupos para
um jogo de queimada. Cada grupo teria que discutir o objetivo do jogo e qual a estratégia que usaria
para atingir o objetivo.

Depois dessa conversa e de jogar a queimada, voltamos para a roda para avaliarmos o jogo, o
objetivo e se as estratégias teriam sido eficientes.

Na roda houve muita confusão, todo mundo querendo falar ao mesmo tempo. As principais
reclamações eram que não foi todo mundo que pegou na bola e que algumas pessoas tinham violado
as regras do jogo.

Durante essa avaliação, descobrimos que um grupo não tinha discutido nem qual seria o objetivo e
nem as suas estratégias. Começamos a conversa sobre o porquê de realizar uma atividade sem
planejamento e sem objetivo, nessa conversa entrou também e importância do combinado na roda.
No final, ficou decidido que os grupos voltariam para uma roda para discutir sobre esse tema e fariam
uma produção para apresentar.

Os dois grupos apresentaram teatros, focalizando a importância de planejar e buscar novas formas
para atingir o que se quer.

• 3ª Dia

Experimentamos algumas tecnologias de aprendizagem, avaliando sua eficácia, e sugerindo ações que
nos permitisse atingir com mais agilidade o nosso objetivo.

Dividimos o grupo em 03 para realizarmos a Pedagogia das Placas. Pudemos contar com um grupo
de crianças do Projeto Ser Criança, esse grupo também foi dividido em 03.

Realizamos a atividade no Projeto, na comunidade na casa de Franciele e na casa de Tó


(Coordenadora do Fabriquetas).

Depois de ter feito as placas juntos com as crianças e de termos avaliado com elas, voltamos para a
roda.

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Na roda avaliamos a atividade, quais foram as dificuldades das crianças, qual letra usaríamos, qual a
melhor forma de escrever, o que melhorar... A discussão foi muito produtiva, as pessoas relataram as
suas experiências, deram opinião sobre a tecnologia e ficaram muito entusiasmadas ao encontrar
crianças que o ano passado não liam, estavam na UTI e agora já lêem sozinhas.

“Colocando as placas na casa da gente é bom porque a gente aprende rapidinho.”


Pablo - Projeto Ser Criança

“A gente sempre falava o nome escovódromo, mas eu nunca tinha visto esse nome escrito.”
Tauane - Projeto Ser Criança

Trabalhamos com o texto “É Brincando que se aprende”, através do qual discutimos sobre brincar,
como levar atividades que contribuem para as crianças desenvolverem suas habilidades, seu
raciocínio, sua força, como fazer com que a nossa atividade seja coberta com a fantasia, um desafio
para o menino, sem perder o nosso foco que é levá-lo a aprender ler, escrever e fazer conta.

Conversamos também sobre a importância de se planejar as atividades, de levar um jogo bonito,


colorido, grande para prender o interesse do menino.

Na apresentação dos grupos, houve um, que não tinha planejado direito e começou a brigar na meio
da roda, ninguém sabia explicar o jogo.

“Aprendi que sou capaz de criar e expor minhas idéias.”


Juliana Borges - Agente Comunitário de Educação

• 4ª e 5ª Dias

Outras experimentações, criações e construção do plano de ação

Para trabalharmos com o Bornal de Livro, dividimos a turma em grupos e combinamos que cada um
escolheria uma história e incluiria português ou matemática. A maioria foi apresentada em forma de
teatro. Em todas as avaliações as pessoas colocaram que as apresentações estavam muito sem graça.

Na roda, começamos a conversar sobre como seria trabalhar a aprendizagem com as crianças, se
através de um teatro ou de uma história. Essa discussão possibilitou enxergarmos a falha dos grupos
que se preocuparam em atuar e o trabalho da aprendizagem ficando em segundo plano, muito vazio
e teórico. Conversamos também sobre a importância do material concreto, de ter coisas para a
criança pegar, ver e fazer associações. Nesse dia, acho, o grupo não tinha entendido direito. Ficou
combinado de no dia seguinte faríamos a mesma atividade.

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Para iniciarmos a atividade no dia seguinte, fizemos a brincadeira de “Fui à feira”, que é um exercício
de memória: uma pessoa compra uma coisa e outra tem que repetir e acrescentar outra coisa e assim
sucessivamente.

O interessante dessa brincadeira foi que duas mães chegaram atrasadas e não conseguiam lembrar o
que as pessoas que elas não ouviram falar tinham comprado. Apenas conseguiam lembrar de quem
tinha participado da brincadeira. Assim começamos a discutir o que é uma brincadeira em que a
gente associa o produto à pessoa. Por isso conseguimos atingir o objetivo. A mesma coisa acontece
com a criança. Para aprender ela precisa primeiro associar alguma coisa, um número a uma
quantidade, um nome a um objeto, etc. Depois dessa discussão, os grupos apresentaram histórias
muito melhor do que haviam apresentado antes.

Construímos o plano de ação, com objetivo e atividades definidos e fizemos a avaliação final.

DESEMPENHO DOS EDUCADORES

A equipe conseguiu absorver uma parte muito boa do conteúdo proposto. Houve um grande
crescimento, desde querer fazer melhor, resolver as coisas com mais diálogo até buscar formas para
resolver os desafios.

As pessoas conseguiram superar a mesquinharia da fofoca, dos problemas em grupo, para se


tornarem mais participativas, reflexivas e criativas.

AVANÇOS

- Quatro histórias trabalhadas;


- Duas visitas à comunidade;
- Criação de três jogos e dois teatros;
- Pessoas mais participativas;
- Pessoas trabalhando em conjunto;
- Pessoas criativas;
- Pessoas que se apropriaram da roda;
- Dezenove pessoas selecionadas para o trabalho.

DIFICULDADES

- Espaço muito limitado.

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REFLEXÃO

Ter a oportunidade de estar perto de um grupo como esse que dá respostas positivas, que não se
importa em pegar e fazer de novo para fazer melhor, que acredita e pratica o que estamos falando,
com toda sinceridade e alegria, me fez e acreditar mais ainda na minha capacidade de aprender .

Edilúcia Borges - Educadora

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1.8. FORMAÇÃO DE EDUCADOR SOCIAL
NÚCLEOS: IRMÃ MARIA GEMA, OLINTO RAMALHO
E CÓRREGO DA VELHA
1º/06 A 03/06

INTRODUÇÃO

A Formação de Educadores Sociais é uma das atividades propostas no Projeto Araçuaí: De UTI
Educacional à Cidade Educativa. Nela, os educadores têm um espaço para discutir sobre educação,
trocarem suas experiências e também conhecer mais sobre o Projeto.

Durante o período da formação, os alunos não são dispensados, pois a equipe de Mães Cuidadoras e
Agentes Comunitários de Educação juntamente com um educador do CPCD e diretores das escolas
continuam desenvolvendo atividades educativas com as crianças e adolescentes. Desta forma, os
alunos não tem perda alguma nem os professores precisam repor esses dias. É uma experiência
inédita: os professores da escola passam a ser as pessoas da comunidade que discutem, planejam e
realizam ações educativas. Inicialmente, até mesmo a própria comunidade fica um pouco assustada,
mas aceita o desafio.

Nesta formação, nossa prioridade era trabalhar as tecnologias com os professores, as quais trouxeram
bons resultados de aprendizagem para os alunos como o Bornal de Jogos, Bornal de Livros e
Algibeiras de Leitura.

PERFIL DA EQUIPE

Essa foi a primeira turma de professores com quem trabalhamos este ano em Araçuaí. Era composta
por professores de três núcleos: Irmã Maria Gema, Olinto Ramalho e Córrego da Velha.

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Num primeiro momento o grupo se mostrou distante e muito calado. Pouco a pouco, foi se soltando e
colocando suas idéias durante os trabalhos. A maioria dos professores se envolve muito com essas
atividades, pois percebem que é de grande importância para seu trabalho.

A distância das escolas e as dificuldades de transporte os deixam-nos muito cansados e sem tempo
para pensar e planejar suas ações. Produzir material em casa é quase impossível.

A oficina foi um momento que tiveram para experimentar e produzir material a ser utilizados na sala
de aula com seus alunos.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades foram baseadas nas ações desenvolvidas durante o ano de 2004 ,pelas Mães
Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação, as quais contribuíram muito para a aprendizagem e
foram estímulo para as crianças na escola.

A apresentação das pessoas não somente falando seu nome, mas usando uma figura com a qual ela
se identificasse, fez com que as pessoas falassem um pouco mais de si. Assim, quebrou o gelo, o
grupo ficou mais íntimo.

Com a dinâmica “Perdidos no Oceano, brincadeiras e cantigas de roda trabalhamos a integração e


conhecimento do grupo.

Outro ponto importante da capacitação foi a oportunidade de conversar com os professores sobre o
Projeto: o que é, a quem se destina, como desenvolver as atividades, como podemos reforçar essa
parceria, se é interesse do grupo, quais são as atividades que podemos desenvolver. Em 2005 o foco
do projeto não é apenas o trabalho com as crianças em defasagem, mas também outras ações que
possam trazer oportunidades de desenvolvimento, aprendizagem, protagonismo, solidariedade,
trabalho coletivo como a formação de grupos de produção, cinema Itinerante, trabalhos com as
hortas, remédios caseiros, enfim, tudo que possa mudar a realidade e fazer de Araçuaí uma Cidade
Educativa.

A principal atividade da capacitação foi a utilização de jogos e produção dos mesmos e a utilização
dos livros dos Bornais e Algibeiras para contação de estórias e teatros.

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DESEMPENHO DOS EDUCADORES

Os professores participaram com muito entusiasmo da capacitação. O primeiro momento deu para
sentir que estavam muito receosos sem saber bem como seria. Por isso foi importante conversar com a
equipe primeiro e esclarecer as dúvidas que tinham em relação ao projeto. Muitos fizeram uma
avaliação de trabalho e colocaram sugestões como promover mais encontros, diminuir a distância que
existe entre o professor e a equipe do projeto, que as atividades a serem desenvolvidas com os alunos
poderiam ser mais discutidas com eles, etc.

Algumas pessoas tiveram que se ausentar da capacitação devido a problemas pessoais , pois a
maioria deles fica a semana inteira na zona rural, impossibilitados de resolver sua vida na cidade.

AVANÇOS OBTIDOS

• Índices Quantitativos

- Oficina realizada com a participação de 36 professores;


- Confecção de 120 jogos de aprendizagem;
- Criação de um jogo de Ciências (Jogo Periódico)

• Índices Qualitativos

- Participação e interesse dos professores pela oficina;


- Entrosamento da coordenação da oficina com os professores;
- Discussões sobre os trabalho a serem realizados;
- Compreensão do Projeto Araçuaí:De UTI Educacional à Cidade Educativa.

DIFICULDADES ENCONTRADAS

Conciliar a capacitação com o tempo que os professores tinham para resolver questões particulares e
de trabalho.

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REFLEXÃO

As equipes são diferentes - CPCD, professores, Mães Cuidadoras, Agentes Comunitários de Educação
mas estão juntas por uma causa, que é tirar as crianças da morte cidadã e promover várias
oportunidades de desenvolvimento e felicidade, a partir do que estes grupos têm de melhor.

Eliane Almeida Oliveira - Coordenadora

ANEXOS

• Jogo Periódico

Objetivo

Conhecer e aprender a utilizar a tabela periódica.

Material

- Cartas com perguntas;


- Tabela Periódica;
- Bola ou qualquer outro objeto que possa ser passado de mão em mão.

Regra

Pode ser jogado com toda a turma. O professor ligará o som e os alunos passarão a bola de um para
o outro, como se faz na brincadeira “bolinha que passa-passa”. Quando parar a música, quem ficar
com a bola pegará uma carta com pergunta e deverá respondê-la (pode utilizar a tabela Periódica
para consulta). Se responder errado, os colegas e o professor ajudarão a procurar a resposta correta.
Ganha quem responder corretamente mais perguntas.

Exemplo de perguntas:
- Qual é a fórmula da água?
- Qual é o número de prótons da prata?
- Qual é a massa atômica do hidrogênio?
- Quantas colunas há na tabela periódica?

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Criação

Suely Ferreira dos Santos - Professora de Ciências-


E. M. Irmã Maria Gema

• Reflexões a partir dos textos trabalhados:

Texto: É brincando que se aprende

a)O texto demonstra os sucessos encontrados quando realizamos nossas ações com força de vontade,
nos empenhando em tornar novo, diferente e interessante algo que nos parece comum.

Na sala de aula é preciso que o professor incorpore o contexto à situação e viaje com os alunos,
compartilhando os momentos. Agindo com entusiasmo, nossos objetivos são alcançados com sucesso.
Professoras:
Fabiana, Janete, Íris, Cínara e Ana

b)Concluímos que para o aluno ter um aprendizado prazeroso é preciso que ele construa seu próprio
conhecimento através de algo desafiador que o motive a vencer todos os obstáculos e chegar a um
objetivo.

É de fundamental importância para que este objetivo seja alcançado que o educador esteja totalmente
envolvido como mundo da criança.

Como exemplo: Jogos Criativos e desafiadores, brincadeiras, que estimulem no aluno novos desafios,
e assim concretizar seu aprendizado.
Professoras:
Regina, Andréia, Vera, Viviane e Vanuza

• Avaliações da Oficina

Sobre a oficina, avalie:

1)Conteúdo

“Os temas trabalhados foram satisfatórios e interdiciplinares.”


Cynara Soares - Professora

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“O conteúdo trabalhado contribuiu muito para minha vida profissional.”
Suely Ferreira - Professora
“Foi satisfatório, porém cabe adaptação, claro, de acordo com a realidade e necessidade do
educando.”
Zenória Luiz - Professor
“Os conteúdos foram agradáveis, deixando as pessoas satisfeitas com os objetivos alcançados,
podendo levar adiante esse trabalho, construindo fora da sala de aula um novo mundo, rico em
informações e conquistas.”
Viviane Almeida - Professor

“Ótimo! No encontro de capacitação aprendemos muito com as trocas de experiência, por meio de
intercâmbios com outros núcleos que auxiliam muito a gente nos trabalhos na sala de aula.”
Nilton Ribeiro - Professor

2)Metodologia

“A metodologia desenvolvida no decorrer da oficina foi interessante e significativa.”


Suely Ferreira - Professora

“Foi descontraída e sem formalidades e isso é muito bom. As conversas, na roda, ajudarão muito na
compreensão do grupo, por exemplo, a discussão sobre horário, atividades a serem desenvolvidas
com o Projeto,”
Adriene Gomes - Professor

“O trabalho foi conduzido de maneira clara, tranqüila e onde pudemos aprender e refletir sobre o
nosso trabalho.”
Adriana de Jesus - Professora

“Foi bastante criativo, de maneira que os grupos ficaram à vontade nas confecções dos jogos, nas
dinâmicas e nas apresentações dos trabalhos propostos.”
Elizete Dias - Professora

“A metodologia usada foi satisfatória, isto é, clara e objetiva. A confecção de jogos foi um trabalho
muito valioso, pois tivemos a oportunidade de participar do mesmo e também de levar outras fontes
de aprendizagem para os alunos.”
Ana Gonçalves - Professora

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3) Sua participação e a participação do grupo

“Considero a minha participação boa, pois gosto deste tipo de oficina. A participação do grupo,
apesar de alguns colegas terem saído da oficina mais cedo foi boa e houve melhor entrosamento nos
dois últimos dias.”
Antônio Leite - Professor
“A interação com o grupo foi boa, apesar de, às vezes, ficar dispersa, mas o grupo chamou a atenção
para trabalharmos.”
Andréa Roberta - Professora

“Minha participação dentro do grupo foi boa. Pude colaborar e discordar, discutir e aprender com
todos. A participação do grupo foi interativa e participativa. Todos participaram dando sugestões para
que pudéssemos levar algo que contribuía com as dificuldades dos alunos.”
Íris Barbosa - Professora

4) A coordenação da oficina

“O seu carisma fez com que todos participassem com mais ânimo.”
Joana Darc - Professora

“A coordenadora, por ser muito afetiva, passou para nós uma energia muito agradável. Isso fez com
que interessássemos mais e os trabalhos tivessem bastante rendimento.”
Rosane Ferreira - Professora

“Ficou à vontade com os núcleos, de maneira que pôde haver um entrosamento de ambas as partes.”
Nilton Ribeiro - Professor

Foi diferente, devido à maneira de tratar a todos, paciência e o carinho com todos, não havendo
nenhum tipo de constrangimento de ambas as partes.”
Aparecida Dias - Professora

“Coordenação boa, com práticas bem elaboradas e deixando a equipe livre para expor as suas idéias
e trabalhar também.”
Janete Santos - Professora

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5) Sugestões e Outros comentários (às instituições responsáveis pelo projeto)

“Que as outras oficinas sejam bem específicas como esta, atendendo realmente à necessidade
individual.”
Lucivânia Prates - Professora

“Que continue assim, trazendo novos saberes, aprendendo conosco também e analisando as
sugestões da cada um.”
Maria Marilda - Professora
Promover mais oficinas. Acredito na metodologia do Projeto e como professor quero receber a ajuda
do projeto e me coloco à disposição também para ajudar.”
Antônio Wilson - Professor

“É sempre bom estarmos reunidos novamente para discutirmos e associar as idéias que cada grupo
tem. Pena que muitos, por motivos que não sabemos, quase não participaram, mas uma grande parte
aproveitou o máximo. Para mim foi e será sempre proveitoso, pois a cada oficina descobrimos algo
melhor. Estamos prontos para começar o trabalho com muita boa vontade e diálogo.”
Vera Aparecida - Professora

“Que continue promovendo estas oficinas, pois estes cursos nos auxiliam a dar uma aula diferente.”
Andréia Roberta - Professora

“Dá próxima vez, trabalharmos com mais jogos que dêem suporte para professores de 5ª a 8ª série.”
Edna Costa - Professora

‘Trazer outros cursos como o da professora Verônica, que aconteceu em Curvelo.”


Rosângela de Fátima - Professora

“Que os outros dois dias para concluir a capacitação possam ser em outro ambiente, pois creio que o
ambiente influi muito na formação do grupo e participação.”
Nilton Ribeiro - Professor

“Que os demais encontros não sejam nos últimos dias úteis da semana, devido à faculdade que
muitos professores fazem.”
Zenória Luiz - Professora

“Realizar os encontros por bimestre, pois assim poderemos aprender e trocar mais experiências.”
Suely Ferreira - Professora
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“É muito bom parar um pouco para refletir e enriquecer o trabalho. Bom também é poder trabalhar
com textos e jogos.”

Vera Aparecida - Professora

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1.9. FORMAÇÃO DE EDUCADOR SOCIAL
NÚCLEOS: MALHADA PRETA, BOIS E JOSÉ GONÇALVES
PERÍODO: 8 À 10/06

INTRODUÇÃO

Iniciamos a segunda Formação de Educadores Sociais com a participação de professores dos Núcleos
Malhada Preta, Bois e José Gonçalves, tendo este último sido criado, em 2005.

Durante a formação, tivemos muitas oportunidades de discutir sobre a execução do Projeto e como
estabelecer melhor essa parceria com os professores.

Nesses núcleos os alunos também não foram dispensados, pois a equipe de Mães Cuidadoras e
Agentes Comunitários de Educação, juntamente com um educador do CPCD , coordenadores da
escola e diretores continuaram desenvolvendo atividades educativas com as crianças e adolescentes.
Dessa forma, os alunos não têm perda alguma e nem os professores precisam repor estes dias. É uma
experiência que tem dado certo : os professores da escola passam a ser as pessoas da comunidade,
que discutem, planejam e realizam ações educativas. Inicialmente ,até mesmo a própria comunidades
fica um pouco assustada, mas aceita o desafio.

Nessa formação, nossa prioridade era trabalhar com os professores, as tecnologias, as quais
trouxeram bons resultados de aprendizagem para os alunos ,como o Bornal de Jogos, Bornal de Livros
e Algibeiras de Leitura.

PERFIL DA EQUIPE

Percebemos que nos núcleos menores, as pessoas são mais centradas no trabalho coletivo ,conseguem
chegar às decisões com mais rapidez, talvez por serem em número menor.
O grupo do núcleo mais novo está construindo sua estória no núcleo, vencendo os desafios e
buscando soluções. Possuem muitos anseios e ainda estão em processo de adaptação. Não houve

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nenhuma separação entre os professores de primário e 5ª a 8ª série, embora o conteúdo estivesse
mais direcionado para quem trabalha com os alunos de 1ª a 4ª série. Todos os núcleos estiveram
juntos executando o trabalho de forma coletiva e harmônica.. Houve muito interesse nos jogos de
conhecimento gerais e raciocínio para serem utilizados também nas aulas de educação física. É uma
equipe muito sincera. Coloca o que pensa com tranqüilidade , segurança e de forma respeitosa . Suas
idéias estão sincronizadas e bem direcionadas para a aprendizagem das crianças e desenvolvimento
geral dos núcleos.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas tiveram como referência a capacitação da semana anterior e as ações que
foram desenvolvidas, durante o ano de 2004, pelas Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de
Educação. Trabalhamos com muitos jogos e dinâmica . Os jogos foram utilizados pelos professores e
produzidos para que pudessem ser utilizados na sala de aula. Os Bornais de Livros e Algibeiras de
Leitura também foram disponibilizados para os professores durante a capacitação, para que
conhecessem mais, escolhessem e trabalhassem , produzindo teatros e discussões, a partir dos livros.

Tivemos a oportunidade do conversar com o grupo sobre o Projeto: o que é, a quem se destina, como
desenvolver as atividades, como podemos reforçar essa parceria, se é interesse do grupo, quais são as
atividades que podemos desenvolver. Em 2005, o foco do Projeto não é apenas o trabalho com as
crianças em defasagem, mas também outras ações que possam trazer oportunidades de
desenvolvimento, aprendizagem, protagonismo, solidariedade, trabalho coletivo, como a formação de
grupos de produção, cinema Itinerante, trabalhos com as hortas, remédios caseiros, enfim, tudo que
possa mudar a realidade e fazer de Araçuaí uma Cidade Educativa.

Essas ações estão no planejamento dos professores. A maior dificuldades é sua execução, visto que o
professor já tem uma rotina constante dentro da sala de aula. A idéia foi desenvolvida e discutida
dentro da capacitação, pois são afins com as propostas para 2005 ,podendo contar com o grupo de
Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação.

Combinamos que cada núcleo fará seu planejamento com o educador do CPCD, no próprio núcleo.

DESEMPENHO DOS EDUCADORES

As equipes dos núcleos se envolveram totalmente com os trabalhos propostos. Estavam também
sempre provocando a coordenação da capacitação para trazer mais sugestões de jogos, outros cursos.

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O grupo de professores de 5ª a 8ª série pediram um curso do Bornal de Jogos especificamente para
trabalhar os conteúdos de 5ª a 8ª série.

AVANÇOS OBTIDOS

• Índices Quantitativos

- Participação de 30 professores ;
- Reprodução de 44 jogos do Bornal de Aprendizagem.

• Índices Qualitativos

- Demanda dos professores para novos cursos e encontros bimestrais;


- Bom entrosamento entre os professores dos núcleos ;
- Surgimento de propostas para realização de trabalhos interdisciplinares;
- Participação e interesse dos professores pela oficina;
- Entrosamento da coordenação da oficina com os professores;
- Discussões sobre os trabalho a serem realizados;
- Compreensão do Projeto Araçuaí: De UTI Educacional à Cidade Educativa.

DIFICULDADES ENCONTRADAS

- Conciliar a capacitação com a resolução de problemas particulares e curso de graduação dos


professores;
- Transporte para os professores dos Bois, pois tiveram que sair mais cedo da capacitação, devido
ao horário do transporte.

REFLEXÃO

Estamos aprendendo muito com este trabalho, buscando soluções alternativas e criativas para
trabalhar com os alunos e a comunidade. Pouco a pouco, o grupo do projeto com o grupo de
professores vão encontrando seus pontos de apoio e luz. Assim poderemos fazer de Araçuaí uma
Cidade Educativa.

Eliane Luiz de Almeida - Coordenadora

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2. SEMANA NA ESCOLA

• Núcleo Gema

De manhã a escola foi dividida em três equipes. À tarde, só houve duas equipes, uma vez que as
crianças do pré e primeira série não conseguiam acompanhar os outros. Por essa razão, fizeram as
atividades combinadas, fora da gincana. As atividades desenvolvidas na gincana foram:

Roda

A roda acontece em todos os projetos do CPCD e com a gincana do Projeto CIDADE EDUCATIVA não
podia ser diferente. Todos os dias nossa primeira atividade foi a roda. Lá conversávamos,
esclarecíamos as regras e dúvidas, combinávamos como seria o dia e resolvíamos os problemas.

Criação do nome e Grito de guerra

Apesar de terem contribuído com a leitura e escrita, os nomes e gritos de guerra não foram criativos e
saíram apenas parodias. Não foi o que esperávamos, mas deu margem para que conversássemos a
respeito. Uma das regras da gincana foi que todos da equipe deveriam ter o resultado das atividades
anotadas nos cadernos. Algumas pessoas das equipes não anotaram e por isso deixaram de ganhar
pontos. Esse fato possibilitou uma discussão sobre respeito e responsabilidade que facilitou o resto do
dia.

Construção de canteiro

Cada equipe teve como tarefa construir um canteiro que medisse três metros e meio de comprimento,
um e meio de largura e quinze centímetros de altura. Além disso, os canteiros deveriam ser
circundados por pedras. Todas as equipes construíram o seu canteiro, mediram e contaram as pedras.
Contava como ponto, anotações em todos os cadernos da equipe. Nas anotações deveriam contar as
medidas, o número total de pedras e quantas dúzias esse número representava.

Os alunos da tarde também construíram canteiros, mas por serem menores construíram canteiros de
jardim e anotaram o número de dezenas referente às pedras. Para a construção dos canteiros,
discutimos sobre a necessidade de um lugar belo para se viver.

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Correio elegante

Essa foi a atividade que mais agradou aos alunos. Apesar de não fazer parte das atividades da
gincana, o correio elegante teve ótima participação e até as cantineiras receberam bilhetes. Foi uma
oportunidade de incluir as cantineiras nas atividades.

Leitura de livros

A leitura do livro foi uma tarefa que proporcionou às equipes não só a leitura, mas também a
contação de causos e histórias tanto por parte das crianças quanto por parte das Mães e ACE’s.
Algumas histórias se transformaram em teatros. O momento de leitura transformou-se em momento
de contação de histórias. Foi muito empolgante e a maioria das crianças quiseram contar histórias,
prestando muita atenção quando os outros estavam contando.

Uma das equipes da tarde fez mais de um teatro com as histórias lidas e contadas e incluiu o restante
das pessoas da escola na apresentação.

Criação de versos

Os grupos criaram versos que foram jogados em uma roda com a música “sereia”. A intenção era
criar, mas alguns eram adaptadas.

Essa atividade não apresentou dificuldade, uma vez que criar e jogar versos faz parte da cultura da
comunidade. É comum, no dia-a-dia, quando surgem situações propicias, ouvir: “Por causa disso vou
jogar um verso para você.”.

Contagem e plantio de mudas

Na parte da tarde, outra tarefa era trazer e plantar mudas ornamentais nos canteiros construídos pelas
equipes.

Cada equipe além de contar as mudas também tinha que escrever os nomes das plantas e fazer a
conta de quantos pontos teriam já que cada muda valia cinco pontos. Essa atividade, assim como a
construção dos canteiros empolgou muito às crianças e foi muito divertida tanto para elas quanto para
MC’s e ACE’s.

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Biscoitada

A biscoitada aconteceu com todas as equipes ao mesmo tempo. Fez-se uma roda no pátio com todos
os participantes e D. Vanda foi ditando a receita enquanto as outras mães iam ajudando e corrigindo
o que as crianças escreviam. Depois que cada criança copiou a receita, todas foram ajudar na
produção do biscoito.

Com essa atividade, treinou-se a escrita, a leitura e um pouco de noções matemáticas enquanto
mediam-se os ingredientes.

Lanche

O lanche foi um problema, pelo fato de as crianças estarem acostumadas a fazer fila no dia-a-dia
escolar. Quando o sinal para o recreio tocou, as crianças saíram correndo, se acotovelando e
formaram fila; como se não bastasse começaram a se empurrar, gritar e passar à frente uns dos
outros. Nesse momento o grupo de ACE’s e MC’s voltou com os alunos para as salas, fez uma roda,
discutiu sobre respeito e conversou muito. Só depois, decidiu-se junto com as crianças por contar as
pessoas e duas pessoas iam buscar o lanche. Dessa forma foi melhor, todos avaliaram positivamente e
pediram para repetir no dia seguinte.

Teatros

A partir dos livros lidos e das histórias contadas, as equipes criaram suas próprias histórias e com elas
fizeram teatros que foram apresentados para a escola inteira. Todos os integrantes das equipes tinham
que ter as criações anotadas no caderno, estimulando a escrita.

A maioria das histórias tinha a ver com a região e provocou muitas risadas na hora das
apresentações.

Criação de personagens

Para essa tarefa, cada equipe teve que criar um personagem e dar um nome, criar uma família, um
endereço, enfim uma vida para o boneco.

Os personagens apresentados foram uma espécie de retrato social. Foram apresentados um homem e
duas mulheres. Uma das mulheres era rica e de São Paulo, outra muito pobre e da comunidade de
Cruzinha. Ambas eram jovens, mas iam casar-se. A pobre estudou pouco e encontrou um noivo que
prometeu tirar-lhe daquela vida, a outra, na história de sua vida nem fazia menção de estudos e
apesar de ter apenas quinze anos ia casar-se também.
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O personagem do rapaz também era pobre, estudava, mas não conseguia concentrar-se nas aulas
nem acompanhar o desenvolvimento pedagógico dos outros alunos, por isso foi “abandonado” pela
professora, mas tempos depois conseguiu tornar-se um médico famoso e reconhecido.

Contagem de esterco

Durante os três dias da gincana, as equipes da manhã tiveram como tarefa trazer esterco para a horta
da escola. Houve uma grande mobilização inclusive da comunidade para juntar esse esterco. Um dos
pais trouxe uma carroça de esterco, alguns alunos trouxeram carrinhos cheios, fora do horário escolar,
e outros foram em outras comunidades buscar em casas de parentes. Cada monte de esterco foi
contado por sua própria equipe e cada balde valeu 5 pontos.

Com essa atividade trabalhou-se contagem e operações, uma vez que cada equipe teve que fazer as
contas de quantos pontos teria a partir do número de baldes de esterco.

Tarefas-relâmpagos

Houve três tipos de tarefas-relâmpago: português, matemática e estimulação mental.

As tarefas de matemática e estimulação exigiram mais tempo para serem resolvidas, mas nenhuma
ficou sem resposta. O momento das tarefas relâmpago era um dos mais esperados do dia, fazendo
concorrência para o Correio Elegante.
Maria Dirce da Silva Rodrigues - Educadora

• Núcleo Olinto Ramalho

Bornal de Jogos

- Velha Legal
- Torre de Hanói
- Abre Cartas

Bornal de livros e Algibeiras

Espalhamos pelo chão da quadra um bornal e duas algibeiras e pedimos para cada equipe nomear
um membro para escolher um livro entre os 45 livros de literatura, logo em seguida cada equipe teve
que sair ler o livro e montar um peça de teatro usando esse livro como referência. Todas as equipes
cumpriram a tarefa e apresentaram suas peças, todas bem criativas e de acordo com o livro lido.
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Brincadeiras

Utilizamos a brincadeira do quebra-cabeça humano que consiste em fazer um retângulo dividido em


sete quadrados e seis desses quadrados ficam ocupados por três meninas de um lado e do outro três
meninos deixando o quadro do meio vazio. Os meninos e as meninas ficam de frente. O objetivo e
passar os meninos para o lugar das meninas e vice versa, podendo mover somente um pessoa por
vez, nunca duas pessoas podem utilizarem o mesmo quadrado, não é valido pular o quadrado vazio e
nem pular mais de um quadrado. Também não é válido voltar atrás e, se o jogo ficar sem saída, a
equipe terá que começar novamente.

Essa brincadeira foi um desafio para os meninos que parecem gostar muito e se esforçaram para
conseguir realizar o mais rápido possível . Mesmo a equipe que ficou por último, concluiu a prova.

Com essa brincadeira foi possível fazer com que os alunos e alunas exercitassem a mente e
elaborassem estratégias para solucionar o quebra cabeça.

Balões da Sabedoria

Cada equipe escolheu uma cor e cada cor continha 5 balões com 5 perguntas dentro envolvendo
questões de português e matemática. Em cada balão havia perguntas do mesmo nível, todos tinham
operações e atividades que envolviam escrita.

O objetivo era estourar o bolão soprando e em seguida responder a pergunta no quadro. Durante as
cinco rodadas a equipe que obtivesse maior números de vitórias ganhará a pontuação determinada,
para o primeiro lugar dessa atividade.

Os alunos se mostraram bem dispostos e dinâmicos, as torcidas vibraram o tempo todo e ao mesmo
tempo gritavam a resposta, e quando o participante não sabia, corria em direção a sua equipe para
procurar ajuda, que era permitido para a atividade.

Resgate cultura

Para a atividade de resgate cultural cada equipe escolheria algo do passado, que quase não se vê
hoje, para apresentar da forma que seus pais ou avos faziam no passado, tivemos várias
apresentações, como cantigas de roda, rodas de versos, quadrilha, dramatizações de casamento na
roça e sobre festas juninas.

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O alunos, as Mães Cuidadoras e Agentes Comunitários de Educação realmente usaram e abusaram
da criatividade e talento. As equipes valorizaram o trabalho, e pareceram se interessar muito pela
cultura que estava se perdendo com o passar dos anos.

Esporte

Tivemos também um campeonato de futebol e uma corrida. O futebol foi muito bem organizado.
Foram formados no total seis times: 6 para o ginásio e 6 para o primário, cada um dentro de seus
horários, sendo 3 masculinos e 3 femininos em cada horário como o primário . A media por time era
de 7 a dez anos, e como ginásio de 11 a 15, com pouquíssimas exceções. Durante os jogos, a equipes
que não estavam no campo ficaram o tempo todo torcendo, para o time que estava em campo.

Os grupos estavam todos agitados e torcendo o tempo todo. Foi realmente impressionante como tudo
se encaminhou, não houve briga entre as equipes, cada atividade as equipes iam conquistando seus
pontos e a equipe que estava atrás não se deixava desanimar com a quantidade inferior de pontos e
sempre adquira mais garra.

Para a corrida com o ginásio cada equipe mandou um representante masculino e um feminino; com o
primário cada equipe mandou um aluno da série pré-escolar à 4ª série.

Todos se mostraram muito interessados com as atividades e participaram e deram o máximo de si


para conseguir executar as tarefas.

Redação sobre meio ambiente e mutirão de limpeza

Foi pedido para cada equipe fazer uma redação sobre meio ambiente finalizando a gincana. Era uma
tarefa surpresa, pois só iríamos finalizar a gincana junto com os professores.

Dias depois e já na companhia do professorado, no turno do ginásio, reunimo-nos para terminarmos


a gincana. Cada equipe apresentou duas redações que foram corrigidas pelas professoras de
português e pontuadas por notas de 00 a 200 pontos. Todas a redações ficaram boas, e os alunos
demonstravam preocupação as questões ambientais. Após apresentação das redações, demos a nota
da equipe que se saiu melhor com as redações. Iniciamos uma grande conversa sobre o ambiente da
escola e tiramos um minuto para observá-lo, pois o espaço estava completamente sujo com plásticos,
papéis de balas, pedaços de papel espalhados,etc.

Discutimos sabre a importância de que essas orientações não podem ficar somente na teoria e que
temos que colocá-las em prática. Nossa última atividade seria um mutirão de limpeza e cada equipe

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teria um prazo de vinte minutos para recolher o máximo de lixo possível nos arredores da escola. A
equipe, que em vinte minutos recolhesse a maior quantidade de lixo, ganharia o maior pontuação.

Todos ficamos impressionados com a quantidade de lixo recolhida. Combinamos então colocar o lixo
no buraco e iríamos ver a melhor forma possível para consumir esse lixo, sem agredir o meio.

Usamos a contagem de pontos para trabalhar matemática.

Fizemos também uma apresentação do Cinema Itinerante no último dia para a comunidade. Tivemos
uma média de 110 pessoas de todas as partes, chegando a cavalo, de moto e a pé. De cada trilho, no
meio do mato, era possível ver uma luzinha: eram as pessoas chegando de diversas partes com suas
lanternas.

Todos viram o filme atentamente e assistiram tudo até o termino, mesmo com o frio intenso que ali
fazia.

Helbert Silva Rodrigues - Educador

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3. HISTÓRIA NÚCLEO JOSÉ GONÇALVES

• O Gato e o Cachorro

“Era uma vez um gato e um cachorro que não faziam nada. Eram muito preguiçosos. Ninguém os
queria por perto. Por isso resolveram ir embora e saíram pelo mundo. Andaram, andaram... até que
não se agüentaram mais de tanta fome.”

Andando, encontraram uma casinha e pediram comida, mas a dona era muito ruim e não quis dar.
Eles então resolveram esperar anoitecer.
Quando a noite chegou, procuraram um buraco e acharam um bem pequeno.
Então o gato passou pelo buraco e quando chegou a vez do cachorro, passou, mas muito apertado.
Deram na cozinha da velha dona e comeram muito, comeram, comeram... De vez em quando o gato
lembrava:
-O cachorro, olha o buraco!
E cachorro muito guloso respondia:
-Eu só estou lambendo.
Nesta que só estava lambendo, o cachorro comeu demais pois era muito guloso e a fome era muita.
Quando o dia estava quase chegando, eles se assustaram e resolveram sair correndo para ir embora.
O gato passou tranqüilo pelo pequeno buraco mas o cachorro com uma pança enorme ficou preso no
buraco.
E o gato preocupado disse:
-O cachorro e agora, o que vamos fazer?
-Olha, gato, vai embora e me espera lá na frente na estrada.
O gato obedeceu ao cachorro.
E o cachorro ficou preso .
Quando a dona da casa viu o estrago na sua cozinha, procurou, procurou até que encontrou o
cachorro preso no buraco.
E gritou:
-Agora achei o ladrão que assaltou a minha cozinha. Mas parece que está morto.
O cachorro ouvindo tudo , se faz mesmo de morto.
A dona e os netinhos pegaram o cachorro com cuidado e bem longe da sua casa, quase na estrada.
Quando ela se afastou um pouco, o cachorro levantou e saiu correndo.
Depois de ter corrido muito encontrou o seu amigo gato na estrada e foi embora.
Depois desse dia, o cachorro não quis comer nada mais escondido e nem ser guloso.
Eles resolveram procurar um emprego para não mais passar fome e não precisar passar por tudo
aquilo de novo”.
Maria Selma Batista dos Santos - Mãe Cuidadora - Núcleo José Gonçalves

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4. CONVERSA COM ADRIANA

Após a primeira reunião com as professoras da escola, continuei na sala conversando com a
professora Adriana. Na conversa ela me contou um pouco como era o trabalho do Projeto Cidade
Educativa na escola em que trabalhara no ano anterior.

Disse quanto o Projeto havia sido satisfatório para ela e seus alunos e quanto torceu para que voltasse
esse ano. Contou-me que havia trabalhado no Projeto Sementinha e que, por esse motivo, já conhecia
a metodologia do CPCD. Em suas salas de aula as crianças sentam-se em roda e são livres para expor
o seus saberes, dúvidas e opiniões.

Relatou, também, as técnicas de aprendizagem utilizadas por ela e quanto isso ajudou seus alunos da
terceira série. A empolgação com que me contava a respeito de tudo era contagiante. Descobri que
teria uma aliada dentro da escola para convencer as outras professoras.

Adriana contou-me que algumas professoras, equivocadas, vinham lhe dizer como viam o trabalho.
Achavam impossível que pessoas analfabetas ou semi-analfabetas pudessem ajudar alguém a
aprender a ler e que tudo não passava de perda de tempo.

Ela então explicava que as mães ensinariam o que sabiam e que cabia à professora elaborar um
plano de aulas que trabalhasse as dificuldades de cada aluno. Deu exemplo de como trabalhava com
as crianças na horta.

Lá escreviam o nome das verduras, as colhiam, faziam sucos, escreviam a receita, conversavam sobre
o bem que as verduras fazem, etc...

Essa conversa foi muito gratificante e elevou ainda mais meu entusiasmo com esse trabalho para o
qual sou novata.

Sei que sou educadora do CPCD, e que já ouvira falar tudo sobre o Projeto Cidade Educativa, mas
quando se encontra alguém tão empolgado com um trabalho onde se é nova, a coragem que se tem
redobra e os desafios, antes assustadores, tornam-se pequenos.

A professora que hoje trabalha com o pré-primário, afirma que no próximo ano escolherá uma turma
de crianças maiores para poder trabalhar com as técnicas de aprendizagem e ver, com uma turma
desta escola, os resultados vistos com a outra turma.

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"Gosto de trabalhar com as crianças menores, mas os grandes é que me oferecem o desafio de que
preciso."
Adriana - Professora

Maria Dirce Da Silva Rodrigues - Educadora

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5. BRINCADEIRAS

A brincadeira “Farinhada” aconteceu nas comunidades Córrego das Cinzas, Varginha e Pequi. As
Mães Cuidadoras responsáveis por esses locais, usaram sua criatividade para transformar em técnica
de aprendizagem essa brincadeira tão antiga. Para a brincadeira cada criança recebe uma espécie de
crachá onde estará escrito o nome de uma fruta, verdura, brinquedo ou outras coisas que o grupo
queira.

Em seguida a música, “Vou fazer uma farinhada” é cantada e, na parte da música que chama pelos
nomes das pessoas, os nomes escritos nos crachás são chamados.

É uma brincadeira de que as crianças gostam muito e participam com empolgação.

Com a bola, as crianças da Taioba fizeram a seguinte brincadeira:

- A turma inteira fez uma roda;


- Uma pessoa com a bola na mão falava uma operação e lançava a bola para um colega que por
sua vez tinha que responder corretamente. Caso acertasse, ia para o meio, continuar a
brincadeira. Se não, recebia ajuda dos olegas para contar nos dedos e permanecia em seu lugar.
Esse jogo, apesar de simples, despertou muita empolgação
- Uma das mais divertidas foi a brincadeira de balançar na corda. Com ela trabalhou-se a
matemática enquanto as crianças contavam quantas vezes cada um balançava;
Procurar bolinhas é mais uma divertida brincadeira feita nessas férias. Acontece da seguinte maneira:
- Divide-se a turma em dois grupos que deverão procurar bolinhas escondidas pela comunidade.
- O grupo que encontrar mais bolinhas e escrever as palavras nelas contidas ganha.

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6. RECEITAS DE MEDICINA COMPLEMENTAR/PREVENTIVA

• As Plantas

Colheita

a) Identificar bem a planta e conferir com outras pessoas;


b) Coletar raízes, folhas e flores saudáveis sem poeira;
c) Preferir folhas adultas e verdes, evitar folhas secas e brotos. Evitar também colher plantas na lua
nova;
d) Madeiras, raízes e cascas podem ser colhidas em qualquer época. Porém, evitar a lua nova e
preferir a lua minguante;
e) Não colher plantas quando estiverem em crescimento ou plantas estragadas e com manchas;
f) Colher as plantas sempre pela manhã, até às 10:00 horas, ou depois das 15:00 horas, sempre
em dia de sol. Não se colhem plantas em dia de chuva;
g) Colher folhas verdes, porém adultas para secagem;
h) Preferir cultivar e não comprar;
i) Esterco de curral é bom para cultivar as plantas, mas não muito;
j) A planta não precisa estar linda. Planta muito viçosa, menor ação.

Secagem

a) Secar sempre à sombra e em lugar arejado;


b) Evitar secar no forno
c) Ao lavar as plantas, escorrer bem a água. A planta que for lavada só poderá ficar guardada um
ano. Por isso é melhor colher as plantas, secá-las e lavar somente ao prepar o medicamento.

Conservação das plantas

a) Folhas secas em saco de papel ou caixas de papelão;


b) Escrever em um rótulo o nome do remédio e indicações;
c) Deixar em lugar seco e arejado. Calor, em excesso, tira a ação do remédio;
d) Quando transformadas em pó, guardar em vidros escuros.

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Uso Medicinal das plantas: (chás, cozimentos, infusão quente ou fria, tinturas, óleos, pomadas,
xaropes, etc.)

Como fazer chás:

Cozimentos perdem ou não a ação?

1- Só perde se for feito com panela destampada.


2- Não se deve usar panela de alumínio.
3- Usar sempre uma panela de ferro ou uma vasilha de vidro.
Infusão fria

Amassar algumas folhas com as mãos e colocá-las em água fria. Ex.: boldo, losna, carqueja, enfim as
plantas amargas. Não devemos passar de 03 copos por dia.

Infusão quente

Pode ser feita de qualquer folha que sirva para chá. Coloca-se a folha lavada em uma vasilha de
vidro, louça ou esmaltada e joga água fervendo por cima. Abafar mais ou menos de 15 a 30 minutos
e depois coar.

Atenção:

As seguintes folhas deverão ser usadas somente secas, pois usadas verdes podem prejudicar o
coração. São algumas exceções da natureza. São elas: folha de abacate, maracujá, chuchu,
bananeira, cana.
-Carqueja em excesso aumenta a diabete.
-O boldo em excesso provoca cálculo biliar.
-As plantas amargas deverão ser colhidas sempre em lua minguante, pois na lua nova tornam-se
tóxicas.

01) Docinhos para combater a verminose

 01 copo americano de folha de Santa Maria ou folha de pitanga


 01 copo americano de hortelã pimenta ou alfavaca
 01 copo americano de hortelã miúda ou folha de são Caetano
 01 colher de pó de casca de laranja
 01 colher de semente de abóbora ou semente de girassol

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Obs.: (As folhas poderão ser substituídas por outras que estão na relação de plantas para combater a
verminose)
01 rapadura raspada

Modo de preparar

 Bater no liquidificador com um pouquinho de água tirando assim o sumo;


 Depois, levar ao fogo, junto com a rapadura, e mexer até dar ponto de bala;
 Tirar do fogo e partir do tamanho de chicletes.

Modo de usar: cada pessoa deverá consumir 03 docinhos por dia durante 05 dias, sempre em lua
minguante e a cada 06 meses.

Plantas que combatem a verminose: Carqueja, romã, losna, Santa Maria, hortelã, casca de laranja,
são Caetano, alho, casca de amora, mastruz, alfavaca, arruda, folha de pitanga, boldo.

Sementes de abóbora (10 sementes por dia durante 05 dias, somente a castanha de dentro), semente
de girassol (15 sementes durante 05 dias).

Atenção: Melhor fazer o tratamento em lua minguante.

02) Chá para verminose

 Fórmula geral: 4 plantas para dois copos de água;


 Ferver 2 copos de água (copo americano);
 Escolher 4 dessas plantas mencionadas acima;
 colocar um pedacinho de cada uma, desligar a água;
 Abafar 30 minutos;
 Depois coar.

Tomar um copo do chá pela manhã e outro à noite. Além do chá, comer as sementes de abóbora.
Fazer este tratamento durante 05 dias seguidos a cada 06 meses.

Atenção: não se deve cozinhar as plantinhas. Somente abafar.

03) Pó de semente de abóbora

 Bater as sementes de abóbora no liquidificador e colocar na comida.


Importante: Mata verme e é bom para a memória.
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04) Pomadas (como prepará-las)

Esta pomada tem o nome de Pomada Vegetal, pois é feita de várias ervas. A pomada, para ficar boa,
tem que ser feita no mínimo com 05 ervas e no máximo com 30 ervas.

A pomada cura: queimaduras, coceiras, alergias, rachaduras, feridas, erisipelas, cortes, picadas de
insetos. Pode ser usada em fricções contra dores musculares, bursites e na coluna.

A pomada de calêndula ou cipó de São João (folha e flor) é ótima para curar alergias.

Atenção: Todas as plantas que são boas para fazer chás, podem ser usadas também para as
pomadas.

Plantas para fazer pomadas: Eucalipto, hortelã pimenta, insulina, transagem, folha de bananeira,
chapéu de couro, malva rosa, erva cidreira, alecrim, alfavaca, mastruz, carqueja, assa peixe, arnica,
picão, terramicina, cana de macaco, folha de algodão, folha de laranja, confrei. Se tiver, pode usar
também pata de vaca, bobina, capuchinha, coité, embaúba, sete sangria, etc.

Modo de fazer

Pegar um pouco de cada folha destas mencionadas acima, lavar bem e escorrer a água. Colocar tudo
para fritar em óleo de cozinha. Colocar óleo até cobrir.

Depois de fritar as folhas retirá-las e colocar vela ou parafina.


Obs.: pouca vela.

05) Xarope de alho

Este xarope é bom para controlar a pressão alta ou baixa, bronquite, gripe, intoxicação por excesso de
fumo ou álcool, anemia, cansaço.

Modo de fazer

 50 gramas de alho descascado,


 ½ copo de mel de abelha,
 ½ copo de caldo de limão.
Bater tudo no liquidificador, coar, colocar em vidro escuro e tomar 01 colher das de sopa de 08 em 08
horas.

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06) Xarope de umbigo de banana

Este xarope é excelente para as vias respiratórias, alergias, asma, bronquite, pneumonia, peito cheio e
para fortalecer o pulmão dos fumantes.

Modo de preparar

Um umbigo de banana, uma rapadura derretida ou bem raspada ou mel, 1 pacote de cravo e um de
canela. Lavar o umbigo de banana, picar igual repolho em um recipiente de plástico, de vidro ou de
barro, cobrir com mel ou a rapadura e acrescentar o cravo e a canela. Mexer tudo com uma colher de
pau e colocar para curtir durante 4 dias, mexendo todos os dias. Se o tempo estiver muito quente,
colocar para curtir dentro da geladeira. No quinto dia, coar e colocar em vidros, conservando na
geladeira. Em caso de urgência poderá levar tudo ao fogo por uns 15 minutos.

Modo de usar

Casos graves, tomar 05 colheres de sopa por dia, menos graves 03 colheres por dia. Criança até 4
anos usar a colher para sobremesa.

07) Xarope 07 ervas

Usar 2 plantas que são antibióticos e 5 para gripe ou pulmão.

Antibióticos: algodão, transagem, romã, terramicina, folha de manga, saião, folha de banana seca.

Gripe: cidreira, alfavaca, assa-peixe, vique, eucalipto, cravo, manjericão, poejo, elevante, gengibre,
guaco, alecrim, funcho.

Atenção: Caso não tenha rapadura, usar açúcar queimado.

08) Xarope de abacaxi

Bater no liquidificador 4 rodelas de abacaxi com 1 copo de mel.

Fonte: Aída (Pastoral da Criança-Paróquia Imaculada Conceição-Curvelo)

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09) Xampu para piolho

Ingredientes:

- Um sabão de coco;
- Um litro de água;
- Babosa a gosto;
- Ervas amargas.

Modo de fazer

Rale o sabão e coloque para ferver em um litro de água. Bata ou soque as ervas, retire o sumo e
acrescente ao sabão derretido. Espere esfriar e lave os cabelos normalmente ou abafe um pouco antes
de enxaguar se achar necessário.

A receita original pode receber vários complementos para ficar com cheiro melhor e não danificar os
cabelos. Muitas ervas que o grupo de Mães conhece e que fazem bem aos cabelos ou têm cheiro
agradável foram acrescentadas à receita.

Ervas que fazem bem para os cabelos

- Capim meloso é bom para hidratar os cabelos ressecados e dar brilho;


- Confrei os cabelos renderem;
- Erva cidreira dá brilho.

Ervas de cheiro

- Manjericão;
- Alfazema;
- Erva cidreira.

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7. PLANOS DE TRABALHO E AVALIAÇÃO - PTA

• 7.1. Núcleo Malhada Preta

OBJETIVO:Contribuir com a comunidade, para que ela se desenvolva, usando do conhecimento das pessoas e de todo o seu potencial, e também,
ajudar na aprendizagem de crianças e adolescentes ensinando a ler, escrever fazer contas de adição, subtração, multiplicação e divisão, de forma
lúdica e criativa usando de todos os recursos que a comunidade pode oferecer.
INDICADORES
OBJETO PERGUNTAS IMPORTANTES ATIVIDADES COMUNIDADE/CRIANÇAS E TEMPO E RESPONSÁVEL PÚBLICO ALVO
ADOLESCENTES

Aprendizagem - Como ajudar o - Rodas de - Maior aprendizado; - Mães Cuidadoras - Toda a


aluno a ocupar seu conversa; - Enriquecimento da e Agentes comunidade;
Dimensão: espaço? - Diagnostico dos merenda; Comunitários de - Alunos da escola
- Como ajudar as alunos; - Uso dos jogos; Educação; Nucleada São
- Alfabetização; crianças a conviver - Planejamento - Oportunidade; - Alunos; Vicente.
- Convivência; em grupo? coletivo; - Melhora no - Comunidade;
- Comunicação; - Como aprender - Rodas para comportamento; - Escola.
- Respeito mútuo; matemática na avaliação; - Organização;
- Desenvolvimento horta? - Visita a casa dos - Criticidade; -Maio a novembro de
Comunitário; - Como trabalhar a alunos; - Generosidade; 2005
- Criatividade; timidez das - Construção da - Educadas;
- Socialização crianças? horta; - Alegres;
- Como trabalhar o - Permacultura - Auto-estima elevada;
respeito? (Construção de - Valorização da
- Como despertar a pracinhas de comunidade e escola;
criatividade das super adobe na - Parcerias;
crianças? comunidade, - Troca de saberes e
- Como construir sanitário fazeres da
uma horta compostável, comunidade;
comunitária? canteiros buraco - Comunidade
- Como reunir com de fechadura e participativa;
a comunidade? mandala); - Grupos organizados;
- Como trabalhar os - Teatro; - Pessoas envolvidas

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preconceitos? - Contação de com o
- Como trabalhar a histórias; desenvolvimento da
higiene corporal? - Criação de comunidade;
- Como trabalhar a versos; - Valorização das
preservação do - Músicas, pessoas envolvidas.
meio ambiente? cantigas de
- Como despertar o roda;
interesse do aluno - Jogos,
pelas atividades? adivinhações;
- O que podemos - Trabalho em
fazer para grupo;
contribuir com o - Construção de
trabalho do estórias em
professor? quadrinho;
- Como conquistar a - Desenhos;
confiança do - Oficinas de
aluno? brinquedos,
- Como montar desenho;
pequenos grupos - Reuniões com a
de produção na comunidade;
comunidade? - Mutirão de
- Como avaliar o limpeza;
trabalho? - Construção de
- Como despertar o reservatórios de
prazer pela leitura água;
nas pessoas do - Uso do bornal
grupo? de livros e
- Como trabalhar a algibeira;
disciplina no - Apresentação
grupo? do cinema na
- Como organizar o comunidade e
nosso trabalho? na escola duas
- Como organizar o vezes ao mês;
nosso material? - Oficina de
- Como identificar beleza;
lideranças no - Reciclagem do

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grupo? lixo;
- Como trabalhar o - Reflorestamento
relacionamento do e plantio de
grupo? jardim;
- Gincanas;
- Grupos de
leitura;
- Biscoitada;
- Pedagogia das
placas;
- Construção da
loja de
cosméticos;
- Receitas
alternativas;
- Artesanato;
- Esportes, vôlei,
futebol,
queimada,
peteca etc;
- Passeios;
- Farinhada;
- Tinta de terra;
- Folia do livro
dentro da escola
e na
comunidade;
- Reunião com a
comunidade;
- Encontro com a
comunidade
para trabalhar,
medicina e
alimentação
alternativa.

95
• 7.2. Núcleo Olinto Ramalho

OBJETIVO:Criar alternativas que gerem aprendizado e desenvolvimento social

ATIVIDADES TÉCNICAS TEMPO E RESPONSÁVEL


OBJETO PERGUNTAS IMPORTANTES INDICADORES E EVIDÊNCIAS PÚBLICO ALVO
E INSTRUMENTOS

96
- -
Público Alvo:
Aprendizagem - Como conquistar - Contação de - Maior visão de mundo; - Mães Cuidadoras;
professores e histórias; - Pessoas criticas; - Agentes
- Desenvolvimento alunos? - Bornal de jogos; - Crianças fora da UTI; Comunitários de
- Alunos da Escola
social - Como lidar com - Brincadeiras; - Conhecimento Educação;
municipal olinto
alunos sensíveis e - Grupos de ampliado; - Coordenação
Ramalho;
- Dimensão: de difícil Produção; - Desenvolvimento CPCD
- Comunidade;
compreensão? - Cantigas de social;
- Leitura; - Como convencer roda; - Maior credibilidade do Tempo
- Escrita; diretora, pais e - Teatro Projeto dentro da
- As quatro professores da (fantoches, escola e da - Maio a novembro
operações; importância das sobras, comunidade;
- Aprendizagem; atividades do corporal...) - Agricultura
- Auto-estima; Projeto? - Placas; Permanente;
- Cidadania; - Como - Hortas; - Pessoas mais
- Respeito; proporcionar - Colagem; saudáveis;
- Solidariedade; opções aos alunos? - Futebol; - Protagonistas;
- Paciência; - Como envolver a - Passeios; - Cultura mais em
- Carinho; comunidade no - Material evidência;
- Responsabilidade; Projeto? concreto; - Mães Cuidadoras e
- Persistência; - Como o Projeto - Feiras Agentes Comunitários
- Compromisso; pode contribuir no Educattivas/ de Educação em
- Protagonista. desenvolvimento cultural; evidência;
social da - Grupo de - Cidadãos;
comunidade? sexualidade e - Responsáveis;
- Como afetividade; - Melhor aprendizado;
proporcionar um - Lateralidade; - Maior assimilação dos
ambiente de - Cozinha conteúdos escolares;
trabalho mais experimental - Pessoas mais
agradável? (biscoitada, dinâmicas.
- Como trabalhar doces, bolos,
auto-estima sem lombrigueiros...)
inibir as crianças? - Reciclagens;
- Como incluir - Bornal de livros;
permacultura no - Desenhos;
nosso trabalho? - Músicas;

97
- Como transformar - Histórias em
o nosso publico quadrinhos;
alvo em pessoas - Cores;
protagonistas? - Mural;
- Quais os - Adivinhações;
instrumentos - Gincanas;
usaremos para - Recortes
gerar ( revistas e
desenvolvimento jornais...)
social? - Algibeiras;
- Como gerar - Piqueniques;
aprendizado com - Esportes
felicidade? Educativos;
- Como usar o - Relógio/horas;
brinquedo como - Danças;
instrumento de - Oficinas de
aprendizado? brinquedos;
- Como criar um - Massa de
ambiente mais modelar;
adequado para o - Resgate cultural;
trabalho de - Artes em geral;
campo? - Plantio de ervas
- Como fazer um medicinais;
trabalho de - Farmácia
qualidade em Alternativa;
épocas chuvosas? - Capacitações p/
o ACE e MC.;
- Oficinas de
cuidado;
- Dinâmicas;
- Permacultura
(canteiro buraco
de fechadura,
espiral de ervas,
pracinha
utilizando o

98
superadobe,
banheiros e
sanitários de
compostagem,
minhocários,
mandalas);
- Intercâmbio;
- Fabriquetas;
- Agricultura
familiar horta
comunitária;
- Criações de
animais
( galinha,
porcos,
coelho...}
- Grupo de
idosos;
- Grupo de
mulheres;
- Parquinho;
- Pomar
comunitário.

99
• 7.3. Núcleo José Gonçalves

OBJETIVO: Possibilitar o aprendizado de todos os envolvidos de uma forma lúdica e inovadora, valorizando os saberes e fazeres da comunidade.
-Proporcionar atividades comunitárias que oportunizam o desenvolvimento social.
ATIVIDADES TÉCNICAS E INDICADORES E TEMPO E RESPONSÁVEL
OBJETO PERGUNTAS IMPORTANTES PÚBLICO ALVO
INSTRUMENTOS EVIDÊNCIAS

Aprendizagem - Como fazer a - Reuniões para - Maior - Mães Cuidadoras - Crianças e


ligação entre as planejamento e aprendizagem; - Agentes adolescentes da
- Desenvolvimento habilidades avaliações; - Pessoas mais Comunitários de Escola Municipal
Social individuais com os - Diagnóstico das críticas e Educação José Gonçalves
conteúdos de crianças; participativas; - CPCD (Centro
Dimensões: matemática e - Gincanas; - Enriquecimento da Popular de - Comunidade
português? - Bornal de Livro; merenda; Cultura e
- Alfabetização; - Como criar novas - Algibeiras; - Parceria; Desenvolvimento)
- Visão de mundo; tecnologias - Grupos de - Embelezamento da
- Protagonismo; eficientes para a Mulheres escola; Tempo:
- Comunicação; aprendizagem? (produção); - Crianças,
- Criatividade; - Como conquistar as - Cozinha adolescentes e - Junho à
- Socialização; crianças? experimental; comunidade com o Novembro de
- Cidadania; - Como estimular as - Farmácia hábito da leitura; 2005
- Coletividade; crianças para se comunitária; - Uso do Bornal de
- Responsabilidade; interessem pelas - Passeios; Jogos;
- Compromisso; atividades? - Música; - Valorização do que
- Mobilização; - Quais atividades - Cantigas de roda; se tem na
- Motivação vão desenvolver a - Recortes com comunidade;
(estimular); auto-estima nas revistas e jornais; - Trabalhos em
- Solidariedade; crianças? - Horta/Permacultura grupos;
- Compreensão; - Como envolver os ; - Pessoas mais
- Respeito; professores em - Oficina de Tinta de atuantes, solidárias
- Entendimento; nossas atividades? Terra; e com iniciativas;
- Auto-estima; - Como gerar - Pedagogia das - Maior visão de

100
- Iniciativa; aprendizado com Placas; mundo;
- Senso de equipe; atividades - Jardim; - Comunidade mais
- Cooperação. divertidas e - Reflorestamento; organizada;
interessantes, sem - Contação de - Reaproveitamento
perder o foco? História; de alimentos;
- Quantas - Folia do Livro; - Cooperação;
tecnologias de - Teatro; - Pessoas fazendo
aprendizagem - Colagem; em suas casas
poderemos criar? - Mural; tecnologias como a
- Como usufruir do - Adivinhações; tinta de terra e a
Bornal de Livro? - Versos; permacultura.
- Como não deixar - Cinema na escola;
que nossas - Cinema na
atividades se comunidade;
tornem repetitivas? - Oficina de
- Como as Mães brinquedo;
Cuidadoras e ACE - Trabalho com
´s podem argila;
desenvolver seu - Brincadeiras;
potencial criativo? - Medicina
- Como o “nosso alternativa.
grupo” romperá
com as dificuldades
individuais?
- O que fazer para
obter um grupo de
Mães ACE´s mais
ousados?
- Como as pessoas
apropriarão do
nosso objetivo?
- Como poderemos
quebrar “tabus”
dentro da
comunidade?
- Como proporcionar

101
a mudança de
visão de mundo da
comunidade?
- Qual a técnica para
mobilizar a
comunidade em
prol do trabalho?
- Como conquistar a
comunidade?
- Como envolver as
pessoas no
trabalho
comunitário?
- Como contribuir
para que a
comunidade saia
da postura de
receptor para ir a
busca de seus
próprios recursos
de melhorias?
- Como obter
desenvolvimento
social através dos
trabalhos
comunitários?

102
• 7.4. Núcleo Bois

OBJETIVO:Usar de todo o conhecimento da comunidade, para que ela passa se desenvolver valorizando toda a sua cultura, além de desenvolver a
leitura, escrita e as quatro operações fundamentais de crianças e adolescentes.

OBJETO PERGUNTAS IMPORTANTES ATIVIDADES INDICADORES TEMPO E RESPONSÁVEL


PÚBLICO ALVO

103
Desenvolver leitura, - Como envolver os - Diagnóstico; - Comunidade, - Mães Cuidadoras
escrita e as quatro pais no trabalho? - Contar e escrever crianças e e Agentes - Alunos da Escola
operações; - Como desenvolver todas as coisas adolescentes; Comunitários de Municipal
a aprendizagem que tem na - Desenvolvidos; Educação; Nucleada Felício
- Dimensão: dos alunos com comunidade; - Sabem ler escrever e - Alunos; Esteves
mais dificuldade? - Pedagogia das fazer contas; - Toda a - Comunidade Bois
- Convivência; - Como desenvolver placas; - Sociáveis; comunidade; Água Branca.
- Comunicação; a auto-estima? - Estórias em - Alfabetizadas; - Escola.
- Respeito; - Como trabalhar quadrinho; - Prazer pela leitura;
- Criatividade; com receitas - Esporte (vôlei, - Criativos; -Junho a novembro.
- Educação; alternativas? basquete, peteca, - Solidários;
- Comportamento; - Como trabalhar futebol, queimada - Melhor qualidade de
- Solidariedade; higiene as crianças etc); vida;
- Criatividade; e com as famílias? - Brincadeiras de - Melhor
- Auto-estima; - Como desenvolver roda, dinâmicas; comportamento;
- Socialização; a criatividade dos - Bornal de livros; - Melhora na
- Desenvolvimento alunos? - Algibeiras; convivência;
comunitário. - Como trabalhar - Produção de - Respeito mutuo;
com as histórias? textos, redação; - Alegres;
- Como trabalhar o - Contação de - Participativos;
comportamento? histórias; - Mais unidos;
- Como trabalhar a - Bornal de jogos; - Confiantes;
concentração do - Poemas, versos, - Criativos;
grupo? músicas; - Preservação do meio
- Como trabalhar os - Receitas ambiente;
preconceitos? alternativas; - Trabalho em grupo;
- Como sobre - Teatro; - Envolvimento das
higiene com as - Medicina famílias;
famílias? alternativa; - Auto-estima;
- Como fazer para - Horta; - Formação de
que as pessoas - Tinta de terra; parcerias;
leiam mais? - Passeios; - Valorização da
- Como discutir uma - Associação de cultura;
associação de produtores rurais; - Resgate dos saberes.
produtores? - Grupo de

104
- Como reunir a produção;
comunidade? - Avaliação e
- Como formar planejamento
grupos de coletivo;
produção? - Oficina de beleza;
- Como resgata os - Biscoitada;
saberes das - Educador do
pessoas? ônibus;
- Como inserir - Oficina de letras,
permacultura na leitura;
comunidade? - Oficina de
- Como construir a brinquedo;
horta em pouco - Oficina de crochê
tempo? e corte costura;
- Como envolver as - Oficina de
crianças nas cerâmica;
atividades? - Permacultura
- Como plantar o (Construção de
herbário? pracinhas de
- Como observar os super adobe nas
avanços das comunidades,
crianças? sanitário
- Como trabalhar compostável,
meio ambiente? canteiros buraco
- Como cuidar dos de fechadura e
livros? mandala);
- Culinária;
- Medicina
alternativa;
- Alimentação
alternativa;
- Pesquisa e
construção de um
catalogo de ervas
medicinais;
- Rodas de

105
conversar;
- Reunião com os
pais;
- Mutirão;
- Plantio de mudas;
- Construção de
regras;
- Apresentação do
cinema na
comunidade e
escola duas vezes
ao mês;
- Folia do livro na
comunidade e
comunidade.

• 7.5. Núcleo Córrego da Velha

106
OBJETIVO: Criar alternativas que gerem aprendizado e desenvolvimento social
PERGUNTAS ATIVIDADES TÉCNICAS E TEMPO E RESPONSÁVEL
OBJETO INDICADORES E EVIDÊNCIAS PÚBLICO ALVO
IMPORTANTES INSTRUMENTOS

- Contação de - Maior visão de


Aprendizagem - Quais são as - Mães Cuidadoras; - Alunos da Escola
histórias;. mundo;
atividades que - Agentes
- Bornal de jogos; - Pessoas criticas; Córrego da Velha;
mais contribuem Comunitários de
- Teatro; - Crianças fora da UTI;
- Desenvolvimento com a Educação; - Comunidade;
- Placas; - Conhecimento
social aprendizagem - Coordenação
- Hortas; ampliado;
das crianças CPCD
- Passeios; - Desenvolvimento
- Dimensão - Como
- Material concreto; social;
desenvolver a Tempo
- Cozinha - Maior credibilidade
- Leitura; aprendizagem - Maio a novembro
experimental do Projeto dentro da
- Escrita; dos alunos com
(biscoitada, doces, escola e da
- As quatro mais dificuldade?
bolos, ...) comunidade;
operações; - Como
- Reciclagens; - Agricultura
- Aprendizagem; desenvolver a
- Bornal de livros; Permanente;
- Auto-estima; auto-estima?
- Recortes ( revistas e - Pessoas mais
- Cidadania; - Como trabalhar
jornais...) saudáveis;
- Respeito; com receitas
- Algibeiras; - Protagonistas;
- Solidariedade; alternativas?
- Oficinas de - Cultura mais em
- Paciência; - Como
brinquedos; evidência;
- Carinho; desenvolver a
- Resgate cultural; - Mães Cuidadoras e
- Responsabilidade; criatividade dos
- Artes em geral; Agentes
- Persistência; alunos?
- Plantio de ervas Comunitários de
- Compromisso; - Como trabalhar
medicinais; Educação em
- Protagonista. com as histórias?
- Farmácia evidência;
- Como trabalhar a
Alternativa; - Cidadãos;
concentração do
- Permacultura; - Responsáveis;
grupo?
- Intercâmbio; - Melhor aprendizado;
- Como trabalhar
- Agricultura - Maior assimilação
os preconceitos?
familiar/horta dos conteúdos
- É importante

107
discutir sobre comunitária; escolares;
higiene com as - Grupo de mulheres. - Pessoas mais
famílias? dinâmicas.
- Como fazer para
que as pessoas
leiam mais?
- Quais as
melhores
estratégias de
mobilização da
comunidade?
- Como resgata os
saberes das
pessoas?
- Como transformar
os saberes
populares em
tecnologias de
aprendizagem?
- Como construir a
horta em pouco
tempo?
- Como envolver as
crianças nas
atividades?
- Como transformar
a atividade com a
horta em
instrumento
pedagógico?
- Como identificar e
medir os avanços
das crianças?
- Como trabalhar
meio ambiente?
- Como cuidar dos

108
livros?

• 7.6. Núcleo - Gema

OBJETIVO: Usar o carinho e o cuidado para desenvolver a leitura, escrita e as quatro operações, trabalhando o respeito, cidadania e auto-estima,
causando também o desenvolvimento social.
OBJETO E SUAS PERGUNTAS TEMPO E RESPONSÁVEL
ATIVIDADES INDICADORES E EVIDÊNCIAS PÚBLICO ALVO
DIMENSÕES IMPORTANTES

- Carinho; - Como dividir o - Oficina de cuidado; - Alunos satisfeitas; - Mães, pai - Escola Municipal
- Cuidado; tempo entre o - Músicas; - Alunos sabendo ler, Cuidadores e Nucleada Irmã
- Respeito; trabalho na - Brincadeiras; escrever e fazendo as Agentes Maria Gema.
- Cidadania; escola e o - Desenho; quatro operações; Comunitários de - Comunidade de
- Desenvolvimento; trabalho para o - Bornal de jogos; - Alunos felizes e Educação da Cruzinha e
- Leitura; desenvolvimento - Roda de conversas; alegres; região de Região.
- Escrita; social da - Receitas; - Integração escola e Cruzinha.

109
- As quatro comunidade? - Passeios ; comunidade;
operações; - Como conquistar - Gincanas; - Pessoas mais - Maio a novembro.
- Aprendizagem professores - Teatro; atenciosas
alunos e - Dança preocupadas com o
comunidade p/ - Contas; trabalho;
esse trabalho? - Horta; - Desenvolvimento
- Como falar de - Bornal de livros; social da
auto-estima sem - Algibeiras; comunidade;
ofender? - Material concreto; - Alunos e comunidade
- Como nos - Supermercado com auto-estima
aproximar de educativo; elevada;
crianças - Esportes; - Alunos que gostando
agressivas? - Placas; de ler;
- Como - Contação de - Comunidade
funcionaram os objetos; atuante;
mecanismos de - Trabalhar em cima - Maior captação de
desenvolvimento das estações do água;
social? ano; - Água permanente na
- Como trabalhar - Figuras geométrica; comunidade.
fora da sala de - Pontuação;
aula quando - Roça;
estiver chovendo? - Horas / relógio;
- Em que horário o - Jogar versos;
grupo da UTI vai - Oficina de carinho;
trabalhar com as - Descrever a
crianças? natureza;
- Como usar o - Criação de pomar
brinquedo para e horta
gerar comunitária;
aprendizado? - Criatório de
- Que instrumentos animais;
usar para - Grupo de
promover caminhada para
aprendizagem? idosos;
- Como incentivar o - Criação de grupo
gosto pela leitura? de dança;

110
- Como conseguir - Criar ambiente
material p/ o especial p/ executar
trabalho? mecanismo de
- Como ampliar a desenvolvimento;
visão de mundo - Educação física e
da comunidade? alongamento;
- Como conseguir - Farmácia
pessoas p/ Alternativa;
trabalhar com os - Permacultura;
mecanismo de - Busca de
desenvolvimento? parcerias.;
- Como conseguir - Criar esquema de
dinheiro p/ pagar trabalho;
trabalhadores - Captação de água;
para os - Mobilização e
mecanismo de revitalização do
desenvolvimento espaço físico;
social? - Cinema itinerante;
- Onde - Biblioteca
funcionaram os itinerante;
mecanismo de - Construções com
desenvolvimento superadobe;
social? - Empório solidário.
- Como conseguir
água
permanente?
- Como trabalhar
cidadania para
gerações de
desenvolvimento?
- Como criar uma
agricultura
permanente?
- Como aproveitar
a água utilizada
na escola?

111
- Como convencer
a escola a
reutilizar a água?

• 7.7. Núcleo Araçuaí

112
OBJETIVO: Promover atividades lúdicas e criativas que contribua com a aprendizagem, focalizando a leitura, escrita e as quatro operações.Integrar
comunidade, escola e projeto nas atividade que desenvolva o protagonismo e o espirito de cidadania, valorizando os saberes e fazeres de seu
povo.
PERGUNTAS IMPORTANTES ATIVIDADES TÉCNICAS E INDICADORES E TEMPO E RESPONSÁVEL
OBJETO PÚBLICO ALVO
INSTRUMENTOS EVIDÊNCIAS

- Aprendizagem; - Quais atividades - Contação de - Pessoas criticas; - Escola,


- Leitura; podemos fazer história; - Crianças fora da - Mães Cuidadoras Comunidade
- Escrita; para desenvolver - Cantigas de roda; UTI; - Agentes
- As quatro habilidades de - Brincadeiras e - Crianças mais Comunitários de
operações; escrita, leitura e as dinâmicas; felizes; Educação;
- Aprendizagem; quatro operações? - Pedagogia das - Escola, Projeto e - Coordenação
- Auto-estima; - Como envolver, placas; Comunidade CPCD
- Cidadania; professores, - Bornal de livros; mais envolvidos
- Respeito; alunos e - Algibeira; com o projeto; Tempo
- Solidariedade; comunidade no - Confecção de - Protagonistas;
- Cuidado; projeto? brinquedos;. - Mães Junho a novembro de
- Protagonismo; - Como - Cozinha Cuidadoras e 2005
- Valorização; proporcionar experimental; Agentes
novos - Desenhos; Comunitários de
conhecimentos a - Pinturas; Educação em
escola e - Confecção de jogos; evidência;
comunidade? - Teatro; - Desenvolviment
- Como utilizar as - Passeios; o comunitário;
habilidades - Colagem; - Melhor
encontradas na - Confecção do aprendizado;
comunidade para alfabeto; - Maior
desenvolvermos - Cinema; assimilação dos
aprendizagem e - Rua de lazer; conteúdos
conhecimentos? - Encontros escolares.
- Como promover comunitários;
cidadania? - Supermercado
- Como o Projeto educativo;
pode contribuir no - Feira.

113
desenvolvimento
social da
comunidade?
- Como desenvolver
o protagonismo
nas pessoas
envolvidas com o
projeto?

114
• 7.8. Banco do Livro

OBJETIVO: Disponibilização de livros que temos em casa ,mas que ficam encostados para benefício coletivo, podendo assim estimular a
comunidade o hábito da leitura.

OBJETO E SUAS INDICADOR DE


PERGUNTAS IMPORTANTES ATIVIDADES PÚBLICO ALVO TEMPO E RESPONSÁVEL
DIMENSÕES EVIDÊNCIAS

115
- Integração; - Como envolver a - Revitalização e - Espaço mais - Projetos / escolas - Mães/ACEs,
- Participação; comunidade com o Organização do organizado; e comunidade Coordenador,CPC
- Cidadania; Banco do Livro? espaço; - Diversidade de D
- Protagonismo; - Que atividades - Doação de livros livros literários;.
- Envolvimento. podemos em excesso; - Comunidade
desenvolver com o - Mini gincana para participativa;
Banco do Livro e arrecadação de - Leitores mais
Projeto Cidade livros de literatura; freqüentes;
Educativa? - Concurso de - Pessoas mais
- O que fazer para poesias; interessadas
estimular o hábito - Praça da leitura; pela leitura.
de leitura e - Varal de poesias,
possibilitar novos revistas e jornais;
conhecimentos á - Oficinas de leitura;
comunidade? - Fantoches;
- Como divulgar o - Cinema na praça;
trabalho do Banco - Rua de lazer;
do Livro? - Troca de jogos;
- Exposição de livros;
- Bornal de livros;
- Cantinho da leitura;
- Convite para as
escolas e
comunidade;
- Palestras
Educativas;
- Pedágio Educativo;
- Realização de
exposições.

116
8. DEPOIMENTOS

• 8.1. Núcleo Bois

“Aqui a gente ensina e aprende também.”


Gilda - Agente Comunitário de Educação

“Eu to gostando muito do projeto, espero que venha mais coisa boa para nós.”
Manuel - Morador

“Já tivemos muitos resultados, as crianças que estavam doentes melhoraram. O docinho para
combater verminose ajudou muito e as pessoas gostaram muito.”
João Vaqueiro - Pai Cuidador

“Na folia do livre as crianças estavam muito interessadas. Esse trabalho foi muito bom para elas.”
João Vaqueiro - Pai Cuidador

“Aqui a gente aprende coisas que não sabia, por exemplo, o doce contra verminose, se for pra mim
fazer acho que já sei, nos socamos algumas ervas então acho que eu consigo fazer.”
Maurizia Lopes da Silva - 16 anos

“Achei muito bom e importante, a primeira coisa os remédios que da pra gente uma ajuda muito
grande. Ta ótimo.”
Maria Alves de Jesus - 64 anos

“To muito feliz que a comunidade esta interessada em se desenvolver. Nós que estamos aqui
assumindo um compromisso precisamos preparar ainda mais.”
João Vaqueiro - Pai Cuidador
59 anos

“É a primeira vez que eu venho e ta muito bom, tomara que continua assim.”
Olinta Soares - 48 anos
Comunidade Água Branca

“Hoje foi a primeira vez que eu venho, gostei e vou vim sempre.”
Eini Gomes Soares

117
“Gostei muito dos remédios. Eu estou participando, quando não venho minha esposa vem no meu
lugar, assim não fica sem ninguém participar.”
Zeno Gomes Vieira - 35 anos

“Estou acompanhando o encontro desde o inicio, já levei algumas vezes os xaropes, pomadas para
minhas crianças e estar servindo muito para elas.”
Adematros Santos de Oliveira - 34 anos

“Sempre que precisar de algumas ervas pode correr até a minha casa para poder pegar, lá eu
tenho muitas plantas.”
Maria Gonçalves dos Santos - 44 anos

• 8.2. Núcleo São Vicente

“Eu não esperava que o curso fosse assim tão bom, espero que fique ainda melhor. Aqui nós vamos
aprender muito.”
Paloma

“Cada vez que fazemos o boneco ele fica diferente, só temos que melhorar para sair ainda melhor.
Estamos com mais experiência por ter feito parte do trabalho o ano passado.”
Gleidiane Oliveira Santos - Agente Comunitário de Educação

“No inicio eu estava com vergonha, agora estou mais envolvida, participo mais. Cada dia que
passa aprendo um pouco, garanto que vou sair daqui cheia de conhecimento.”
Flavia - Comunidade Malhada Preta

“A historia hoje foi muito boa, da onça do veado, os meninos gostaram demais, e vamos contar
outras para eles e pedir que eles contem pra gente também.”
Valdete Costa Vieira - Comunidade de Tesouras

“Com os livros podemos trabalhar vários dias com as crianças, contando as estórias, escrevendo,
desenhando e muito mais.”
Eliete Nascimento Silva - Agente Comunitário de Educação

“É bom a gente estar se encontrando para fazer as receitas, outras vezes que tiver vou estar aqui
para participar.”
Maria Íris Silva Reges

118
• 8.3. Núcleo Araçuaí

“Antes desse trabalho existia uma parede na minha vida, hoje não tem mais aprendi a sorrir, a
enxergar a vida diferente. E sou mais feliz com isso.”
Selma Alves Miranda - Mãe Cuidadora

“O mundo pode ser mudado só depende de nós. Vamos dar as mãos, colocá-las na massa e
vivermos em comunhão com todos.”
Tatiane Hunas Silva - Mãe Cuidadora

“A vida pode ser torta, certa igual esse boneco... mas vale a pena continuar a correr atrás dos
nossos objetivos.”
Marilene Dias Santos - Agente Comunitário de Educação

“A gente tem que cooperar com as pessoas,é um ajudando o outro que superamos as nossas
dificuldades.”
Adriana Teixeira Jardim - Agente Comunitário de Educação

“Em um grupo não existe trabalho individual, é um complementando o saber do outro.”


Tatiane Hunas Silva - Mãe Cuidadora

“Cada tem sua dificuldade e sua habilidade por isso é necessário trabalhar em grupo, um contribui
com o outro e assim atinge o objetivo.”
Grazziela Souza Sá - Agente Comunitário de Educação

“Nós não conseguimos montar os cavalheiros nos cavalos porque não buscamos maneiras
diferentes, sempre fazíamos da mesma forma. Temos que ser mais flexíveis.”
Lívia Aparecida da Silva - Agente Comunitário de Educação

“Ser um grupo é ser um corpo só, somos partes diferentes, mas estamos ligado um ao outro com o
mesmo objetivo em comum.”
Selma Alves Miranda - Mãe Cuidadora

119
“Sempre achamos que estamos certo, que somos o dono da razão. Com a dinâmica vimos que
temos que buscar enxergar as coisas diferentes, porque o outro também pode ter razão em suas
opiniões.”
Consuele Coelho Machado - Mãe Cuidadora

“Na vida a gente enxerga as coisas só o que a gente quer e do jeito que a gente quer. Assim não
temos oportunidade de crescermos.”
Lívia Aparecida da Silva - Agente Comunitário de Educação

“Eu gostei de participar com vocês fazendo as placas porque quando fomos colar a placa no
bebedouro, eu não sabia a primeira letra e agora aprendi.”
Diego - Projeto Ser Criança

“Colocando as placas na casa da gente é bom porque a gente aprendi rapidinho.”


Pablo - Projeto Ser Criança

“A gente sempre falava o nome escovódromo mas eu nunca tinha visto esse nome escrito.”
Tauane - Projeto Ser Criança

“O interessante da atividade é que para os meninos que já sabiam escrever e ler nós fizemos
algumas placas com a escrita errada, por exemplo, no lugar do C colocamos S ou escrevemos
palavras sem acento e os meninos perceberam e começaram a nos corrigir.”
Ana Cristina Souto Matos - Agente Comunitário de Educação

“Às vezes precisamos ser mais insistentes e valorizar mais não só o outro mas a nossa capacidade
de fazer e aprender.”
Maria José Viana - Mãe Cuidadora

“Quando a gente avalia uma atividade, tiramos nossas dúvidas e enxergamos o que é necessário
fazer para alcançarmos o objetivo.”
Selma Alves Miranda - Mãe Cuidadora

“Com essa atividade na comunidade e com as crianças, percebemos que muitas crianças que o ano
passado que estavam na U.T.I. agora já estão lendo todas as palavras. São os frutos do nosso
trabalho.”
Auto Dineide Chaves Silva - Mãe Cuidadora

120
“O brincar é algo que nos faz descobrir algo, ir além.”
Lívia Aparecida da Silva - Agente Comunitário de Educação

“Esses brinquedos de hoje não estimulam a criança a se desenvolver, não aprendem nada. Que
adulto estará se formando?”
Heloíza Luiz da Silva - Agente Comunitário de Educação

“Aprendi a ter mais ousadia, arriscar mais, sem deixar que a sombra do “não” oculte meus atos que
podem fazer a diferença.”
Mirlane Coelho dos Santos - Agente Comunitário de Educação

“Depois desse treinamento estou sentindo que as minhas atitudes estão sendo mais solidárias e
compreensivas.”
Grazziela Souza Sá - Agente Comunitário de Educação

“Eu aprendi que sempre há muitas coisas para a gente aprender.”


Cilene Soares dos Santos - Agente Comunitário de Educação

“Não sei como mas despertou um sentimento em mim que tudo é possível quando se deseja algo.”
Consuele Coelho Machado - Mãe Cuidadora

“Por maior que seja o obstáculo nunca devemos desistir.”


Helânia Gonçalves Santos - Agente Comunitário de Educação

“Aprendi novas fórmulas de um saber divertido. Acredito que os erros serviram de sustentação para
a perseverança em fazer melhor.”
Eliete Ap. Alves Rodrigues - Mãe Cuidadora

“Aprendi que sou capaz de criar e expor minhas idéias.”


Juliana Borges - Agente Comunitário de Educação

“O treinamento engrandeceu meus conhecimentos, aprendi a ser mais comunicativa e a colocar as


minhas idéias em prática.”
Rosânia Ap. Lopes dos Santos - Mãe Cuidadora

121
“Aprendi que devemos ter conhecimento, companheirismo, idéias, rapidez e competência.”
Grazziela Souza Sá - Agente Comunitário de Educação

• 8.4. Núcleo José Gonçalves

“Depois que as Mães Cuidadoras chegaram na escola, está mais animada teve até gincana com um
monte de brincadeiras boas.”
Orlando Marcos Gomes - 10 ano
4ª série

“Esses 02 dias foram os mais felizes da minha vida, foi a primeira vez que eu conheci uma
gincana.”
Maria Carolina Siqueira - 10 anos
4ª Série

“Nós tivemos 03 dias de diversão e ao mesmo tempo estudando, foi muito legal isso vai ficar
marcado na minha vida, eu nunca tinha ganhado o 1ª lugar em uma gincana.”
Priscila Alves Almeida - 10 anos
4ª série

“Eu gostei mais desses 03 três dias do que das aulas normais.”
José Adão - 12 anos
6ª série

“Com esse trabalho, estou aprendendo que é preciso insistir, persistir, mas nunca desistir de uma
coisa que você se sentir capaz de vencer.”
Lívia Oliviera Santos - Agente Comunitário de Educação
Núcleo José Gonçalves

“Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja
enfrentado.”
Lívia Oliviera Santos - Agente Comunitário de Educação
Núcleo José Gonçalves

“O jogo que mais gostei foi o Velha Legal, eu formava as palavras rapidinho e acabei conhecendo
novas palavras.”
Denise Ribeiro - 10 anos
4ª série

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“Eu nunca tinha brincado tanto de roda.”
Lidiane de Oliveira - 5 anos

“Eu gostei da semana na escola aprendi muita coisa boa. Minha equipe não ganhou a gincana,
mas aprendi que na vida temos que preparar para a derrota e para a vitória.”
Marcos Aurélio - 8 anos
2ªsérie

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9. JOGOS

• Boca do Alfabeto

Objetivo

Incentivar as crianças para que conheçam o alfabeto de uma forma divertida.

Material

- Cartas com a letras do alfabeto;


- Um saco plástico enfeitado.

Regras

- Dividir a turma em equipes;


- O coordenador começa com o ritual da brincadeira dizendo:
Boca de Forno.
Forno (Crianças)
Tudo que mandar fazer vocês fazem?
Sim (Crianças)
- O coordenador sorteia uma letra;
- As equipes terão que trazer um objeto que inicia com aquela letra;
- Começa tudo de novo;
- No final o coordenador esconderá o saco com os objetos;
- A equipe que encontrar primeiro vence o jogo.

Criação

Ana Cristina Souto Matos - ACE / Gerliane Dias de Souza - ACE / Consuele Coelho Machado - Mãe
Cuidadora / Maria dos Reis Pereira - Mãe Cuidadora / Selma Alves de Miranda - Mãe Cuidadora /
Helânia Gonçalves Santos - ACE / Heloíza Luiz Silva - ACE

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• Caça Letras

Objetivo

Criar oportunidade para que as crianças conheçam o alfabeto, objetos e frutas.

Material

Cartas com as letras do alfabeto;


Cartas com diferentes desenhos correspondentes às cartas.

Regra

- Pode jogar até 03 pessoas;


- As cartas estarão arrumadas sendo que as letras ficaram viradas para baixo e os desenhos a
mostra;
- Sorteia para ver quem inicia o jogo;
- O jogador deverá virá uma letra e procurar o desenho que inicia o nome com a mesma;
- Caso acerte ganha ponto;
- Se não acertar a letra volta para o mesmo lugar;
- No final quem tiver o maior número de pontos ganha o jogo.

Criação

Adriana Teixeira Jardim - ACE / Grazziela Souza Sá - ACE / Mirlane Coelho dos Santos - ACE / Auto
Dineide Chaves Silva - Mãe Cuidadora / Ronaldo Gomes dos Santos - ACE / Maria Aparecida
Oliveira - Mãe Cuidadora / Terezinha Alves - ACE

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• Velha Legal

Objetivo

Proporcionar as crianças o conhecimento de novas palavras, trabalhando também o raciocínio


lógico e a ortografia.

Material

02 envelopes contendo as letras do alfabeto ( sendo que para as vogais será necessário ter 04
cartas de cada);
02 Tabuleiros com uma tabela contendo 04 colunas e 06 linhas.

Regras

- Cada jogador recebe um envelope e um tabuleiro;


- Para iniciar os participantes fazem o “Jogo da Adedonha”;
- Na letra que cair, o participante deverá montar uma palavra de 04 letras no tabuleiro;
- Quem montar primeiro ganha o ponto;
- Ganha o jogo quem completar o tabuleiro primeiro.

Criação

Solange Gonçalves da Cruz - ACE / Rosânia Ap. Lopes - Mãe Cuidadora / Miriam de Oliveira
Rodrigues - Mãe Cuidadora / Lívia Ap, da Silva - ACE / Juliana Borges - ACE / Marilene Dias Santos
- ACE

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10. POESIAS

• Vida

A vida é um Dom
Que recebemos do criador
Nela existe momentos felizes
E momentos de dor.

Os nossos momentos felizes


Devemos compartilhar
Depois nas nossas tristezas
Virá alguém nos ajudar.

A vida é uma aventura


Cheia de surpresa
Se quiser descobrir
Você tem que ter certeza.

A vida é um mistério
Cheia de surpresas
Se quiser descobrir
Você tem que Ter certeza.

A vida é um mistério
As vezes é insegura
Embarque nessa onda
E viva essa aventura.

Criação

Miriam / Tatiane / Ana Maria / Mary / Rosânia / Cilene

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• Brincadeira

Nós queremos é brincar


Sonhar, amar e viver
Pois é pela brincadeira
Que podemos aprender.

É preciso acreditar
No futuro da criança
Persistir nos nossos sonhos
E Nunca perder a esperança.

É brincando que se aprende


A lição de cada dia
Vendo nos olhos da criança
A mais pura alegria.

O parquinho é divertido
Para haver descontração
Saber usar é preciso
Para a nossa proteção

Preservar a natureza
Para não deixa-la morta
Pois ela nos dar o sustento
Através da nossa horta.

Criação

Adriana / Heloiza / Liliane / Eliete / Ronaldo

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• Ser Amigo

É estar a todo momento ao seu lado;


É chorar quando for hora de chorar;
Sorrir quando for hora de sorrir
E acima de tudo compartilhar de tudo o
Que se passa em nossa vida.
Ser amiga...
Ser Criança quando é pra fazer alguém feliz;
Ser adulto quando precisa da um conselho;
Mas acima de tudo ser amigo é ser você!!!

Criação: Consuele / Gerliane / Ana Cristina / Helâine

• Rap

Plástico, latinha, vidro e papelão


Cada um tem sua cor
Verde é o latão.

Tudo que é reciclado


Não dá trabalho não.
Separe o seu lixo
Com dedicação.

Andando pela rua


Vamos encontrar,
Os latões coloridos
Para o lixo colocar.

Já fizemos a nossa parte


Cantando essa canção.
Agora faça a sua
Conservando a nação.

Criação: Juventude - 8ª e 6ª

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11. HISTÓRIA

“Era uma vez um rapaz muito tímido e além de tímido não conseguia raciocinar e entendia tudo ao
contrário”.
Por isto, estava focando velho sem conseguir arranjar uma namorada. Todo mundo o chamava de
“besta”.
Um dia ele resolveu chegar para o pai e falou:
-Pai, o que eu faço? Toda casa de uma moça bonita que eu vou, eles me xingam de besta..
-Filho, eu vou ensinar o que você tem que fazer. Você chega na casa de uma moça e cumprimenta
e entra, se eles puxarem a cadeira você senta.
Assim ele fez, chegou na casa e entrou. Mas como eles não puxaram a cadeira e só mandaram eles
se sentar, ele não sentou, ficou o tempo todo de pé.
Quando chegou uma certa hora a moça disse:
- Você é muito besta, pode ir embora.
Ele saiu e chegou em casa muito triste. E disse:
- Pai, não deu certo, eles não puxaram a cadeira, então eu não sentei e fiquei de pé. E a moça mim
xingou de besta.
O pai respondeu:
- Filho não é assim não, a gente chega puxa a cadeira e senta, conversa bastante, rir bastante, tem
que mostrar que é alegre. Então domingo você volta lá.
Quando foi no domingo seguinte levai ele de novo. Chegando lá, por coincidência a mãe da moça
tinha morrido, e o povo todo estava muito triste. Chorando muito no velório.
E ele chegou, puxou uma cadeira, sentou perto do corpo e começou a contar piadas e a rir,
enquanto todos choravam.
A moça irritou e xingou ele de idiota, besta, e mandou que ele fosse embora.
E ele saiu e chegou em casa e disse ao pai:
- Cheguei lá a mãe da moça tinha morrido e eu fiz o mesmo que o senhor tinha mandado, puxei a
cadeira e comecei a contar piadas e rir enquanto os outros choravam. A moça mim xingou tudo e
disse que eu era besta demais.
E o pai disse:
- Filho não é assim não,quando a coisa é de morte, a gente senta perto e mostra que está bastante
triste e chora bastante também.
E no domingo seguinte levai ele de novo.
Quando chegou lá, eles tinham castrado uma porca e a porca tinha morrido. Eles estavam
arrastando a porca para jogar dentro de um buraco, lá no mato para os urubus. E o rapaz
acompanhou e foi para o local e sentou perto da porca e chorou o dia todo.

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A moça esconjurou, creio em Deus pai. Esse rapaz é muito besta!
Ele saiu e chegou em casa:
- Pai não tem mais jeito. A moça tornou a mim xingar de besta.
E contou o caso que tinha acontecido. E o pai dele falou:
- Filho não é assim não. Quando é um acontecimento, que ele está sofrendo, um prejuízo, a gente
deseja e fala “ Deus que te dá mais 10 dessa”.
E no domingo seguinte levai ele de novo.
Quando chegou lá, gritou na porta, o pai da moça veio recebe-lo com o braço para o ar com uma
enorme nascida debaixo, gritando de dor. E o rapaz logo desejou:
- Deus que te dê o senhor mais 10 dessa.
E a família furiosa cada um pegou um cacete e correu atrás dele quase até a sua casa.
E ele quase morrendo de cansado chegou em casa desiludido e disse ao pai:
- Pai não tem jeito, o jeito que tem é eu morrer sem casar, pois desta vez eles quase me mataram.
E esse rapaz morreu de velhice sem casar”.

Criação

Maria Neuza Bento Santos - Mãe Cuidadora

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12. VERSOS CRIADOS À PARTIR DAS HISTÓRIAS DE VIDA

Eu nasci em uma serra


Num ranchinho a beira chão
Todo cheio de buraco
Onde a lua fez clarão

Quando eu era pequenina não sabia nem falar


Minha mãe me ensinou soletrar o B A BA
Foi por causa da minha mãe
Que aprendi a lutar
Na minha fase dos 11 anos
Comecei a namorar
Fui falar para o Joãozinho
Para do nosso filho cuidar.

Os pais de antigamente
Não pensava no estudo
Só pensava no trabalho
Para eles era tudo.

Criação

Lúcia / Romilda / Antônia / Maria Íris


Mães Cuidadoras - Núcleo José Gonçalves

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13. CANTIGAS DE RODAS

Dança da Machadinha
“Ai, ai (bis) minha machadinha
Temos coisas boas para seres minha (bis)
Uma é minha e outra é sua passa machadinha pelo meio da rua (bis)
Pelo meio da rua não posso ficar
Porque tem Maria para me acompanhar”.

Jardim das Flores


“Entrei no jardim de flores não sei qual escolhera,
escolhera a mais formosa com ela eu me casarei
esta daqui não me serve, está daqui pirou,
somente esta quem me agradou.
Do lê tim do lelê, do lê Tim do lalá
Toca viola pra nós dois dançar.

Eu vi a Elza na janela da escola


esperando as quatro horas para ver quem te namora...
Do lê Tim do lelê, do lê Tim do lalá
Toca viola pra nós dois dançar”.

Criação

Josefina Teixeira Dias / Romilda Teixeira Alves


Mães Cuidadoras - Núcleo José Gonçalves

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