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http://aeiou.expresso.pt/henrique-monteiro=s23489
Você é casado com um homem ou com uma mulher? Os meus pais chamam-se os
dois Manuel. Sou viúva da Ermelinda. Os homossexuais passivos são as maiores
vítimas da violência doméstica. Grupos pró-poligamia e poliandria exigem direitos
iguais aos dos gays.
Frases assim vão ser naturais a breve prazo? Não creio. As sociedades não mudam
ao ritmo das leis e eu sustento que há construções sociais naturais (como o
casamento entendido como entre pessoas de sexo diferente) que sobrevivem a
toda a engenharia social.
Há precisamente dez anos saudei uma decisão do Tribunal Europeu que dava razão
a um cidadão a quem a nossa Justiça retirara o filho pelo facto de ser homossexual.
No mesmo texto, criticava uma proposta, então de Os Verdes e do BE, que previa o
casamento de homossexuais e a possibilidade destes casais adoptarem filhos.
Porque o primeiro caso se fundava num direito natural e o segundo na engenharia
social.
Sou, sobretudo, favorável a que duas pessoas que desejem ter uma vida e uma
economia comuns, com os mesmos direitos e deveres que decorrem do casamento,
o possam fazer desde que registem essa união. Ao contrário, sempre fui contra as
uniões de facto não registadas por serem uma intromissão abusiva na esfera
privada de cada um.
O recente afã legislativo sobre a família, que varre a Europa, acaba por ser mau
para heterossexuais e homossexuais. A família é uma estrutura complexa, escusa o
Estado de complicá-la ainda mais.
Mas quer-se tratar por igual o que não é igual. E uma sociedade indiscriminada é
esquizofrénica.
Se eu me quiser casar com um homem, com três mulheres ou com todos ao
mesmo tempo, que me vai agora dizer o Estado? Que sou bígamo, por ser já
casado com uma mulher? Mas assim não estou eu a ser discriminado?
Henrique Monteiro