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Margarida Rebelo Pinto: "Tenho um macho alfa cá dentro"

Enrique Pinto-Coelho,

i,04 de Janeiro de 2010

http://www.ionline.pt/conteudo/40099-margarida-rebelo-pinto-tenho-um-macho-alfa-ca-dentro

A escritora não gosta de "mulheres passivas" e diz que os homens, afinal,


"não são maus por natureza"

Criticada por muitos, lida por muitos mais. A autora portuguesa viva (ou morta)
que mais livros vende encerra a década com oito romances, mais oito títulos
publicados - das crónicas à literatura para a infância, passando pela biografia de
Herman José - e dois argumentos para filmes, um saldo positivo ao alcance de
muito poucos.

No campeonato de Margarida Rebelo Pinto (MRP), os adversários são gigantes


como Dan Brown e José Rodrigues dos Santos, a estrela que mais brilha nos
rankings nacionais. Em Dezembro, os três monopolizaram os pódios das livrarias
mais importantes e deixaram para trás concorrentes do calibre de José Saramago,
Isabel Allende e Ricardo Araújo Pereira, outro fenómeno de vendas contemporâneo.

Neste Natal, os livros da ex-jornalista continuaram a vender-se como pãezinhos


quentes: o segundo romance, "Não Há Coincidências", lidera a lista com mais de 30
edições e 140 mil exemplares vendidos só em Portugal. Mas o êxito do primeiro,
"Sei Lá", nunca mais foi igualado: apareceu em 1999 e conseguiu permanecer mais
de doze meses no Olimpo da Fnac, o armazém francês que acabava de
desembarcar em Portugal e que lhe atribuiu o prémio literário nesse ano.

Como um primeiro amor que não se esquece - ou como os agarrados à heroína,


que nunca voltam a atingir o efeito da dose inicial -, MRP tenta desde então
recuperar o deslumbramento da opera prima, mas contenta-se com o que foi
alcançando. Também não conquistou - ou não conseguiu salvaguardar - o príncipe
encantado, o santo graal que procuram as protagonistas dos seus livros
autobiográficos.

Em compensação, conheceu a estabilidade, uma paz interior que substitui a


felicidade - como a metadona substitui a heroína - com assinaláveis efeitos
secundários: a casa dos sonhos na baixa de Paço de Arcos, perto do mar e perto da
cidade; o todo-o-terreno topo de gama; a liberdade para ir a Manhattan sempre
que quiser... Não é novo-riquismo, porque, como ela própria relembra, nasceu
"numa típica família católica da alta burguesia que vivia no Restelo e passava férias
em São Martinho do Porto".

No fundo, comporta-se como um homem. "Tenho um macho alfa cá dentro",


confessa nesta entrevista. "Não gosto de mulheres passivas", revela um pouco mais
adiante.

MRP é uma predadora que ainda não se cansou de seduzir e muito menos de
dominar o mercado literário escrevendo sobre os afectos. É assim que se sente em
casa, é este o seu "planeta" e não sente qualquer necessidade de mudar de registo.

Mudar para quê? A fórmula funciona e de que maneira. A prosa desta narradora é
uma combinação explosiva de feminismo e feminilidade que atrai legiões de leitoras
- e leitores, insiste ela. Não pensa, nem nunca pensou, que os homens são todos
estúpidos. E só aqueles que não a conhecem, "só aqueles que não me lêem" -
defende-se -, acreditam nisso.

Também é pouco conhecida a faceta solidária de MRP, embaixadora de causa


oncológicas e ambientais que favorece com o seu "toque de Midas", o lendário rei
grego que transformava em ouro tudo aquilo em que tocava.

Quase doze anos depois de abalar o mercado com o estrondoso sucesso de "Sei
Lá", ponta-de-lança da literatura pop ou light em Portugal, MRP volta a inundar as
montras e as estantes com "O Dia em que te Esqueci", sétima réplica daquele
primeiro tsunami editorial. Lançado em fins de Novembro e publicitado como "o
livro mais romântico do ano", o novo bestseller de Margarida Rebelo Pinto é a
sequela do "Diário da Tua Ausência", um romance de 2006 escrito como uma
"sentida carta de amor".

"Diário da Tua Ausência" fecha uma etapa e inaugura outra que, pelos vistos, não
será muito diferente.

Este novo ciclo que se abre inclui livros sem lacinhos na capa?
Sim, acho que sim (risos). Eu tinha mesmo de escrever "O Dia em que te Esqueci".
"Diário da Tua Ausência", a primeira parte deste livro, é uma obra romântica,
sonhadora. Acho que passei os últimos dez anos no mundo da lua. Vivia noutro
mundo, na estratosfera, e "Diário da Tua Ausência" é o contraponto dessa visão
idílica, sonhadora, platónica e sobretudo idealizada que eu tinha do amor. Consegui
descer à Terra e ver o amor de outra maneira.

"Finalmente cresci, amadureci." É uma frase sua, recente. É verdade?


Sim, tem a ver com essa descoberta. O amor é um esforço diário, dá muito
trabalho, requer uma grande vocação, é uma construção. E um exercício de
humildade e de negociação constante.

Também disse que 2008 foi um ano muito difícil para si. O ano que termina
agora foi melhor?
Foi muito bom. Costumo definir três objectivos, mas este ano fui mais modesta:
tinha dois e cumpri os dois. No âmbito pessoal faltava um quadro de estabilidade.
No profissional faltava um livro que mais uma vez chegasse a toda a gente e com o
qual as pessoas se identificassem. Vi-me indecisa entre dois manuscritos, o que
aliás é uma constante em mim desde 2006. "O Dia em que te Esqueci" é o fim de
um ciclo. Queria ver-me livre desta história, desta fase literária.

E agora está liberta para fazer o quê?


Agora ou pego nos três manuscritos que tenho lá em casa e continuo no registo do
realismo urbano - é assim que lhe chamam, algo entre a literatura pop e a nova
literatura urbana -, ou então parto para algo diferente. Ainda não decidi. Preciso de
relaxar, de hibernar durante 15 dias ou três semanas, em Portugal ou fora.

Só três semanas? Vendeu mais de um milhão de livros, o seu filho já tem


14 anos e é um óptimo estudante... porque não três meses, ou três anos?
Porque sou uma workaholic. Não sei estar sem escrever, sentir-me-ia
completamente perdida.

Mas a escrita, como qualquer trabalho, também dá cabo dos nervos...


Não, o que me dá cabo dos nervos é não conseguir escrever. Escrever e ler são
parte da minha vida. Dentro de casa, não vou de uma divisão para a outra sem um
livro, e quando estou a ler estou a trabalhar. Os escritores revêem-se uns nos
outros, não acredito que leiam inocentemente. Um escritor nunca desliga. Eu
desligo parcialmente, aos fins-de-semana e em férias, mas não me passa pela
cabeça sair sem o meu portátil ou sem caderninhos para anotar ideias.

O primeiro romance, "Sei Lá", esteve seis anos na gaveta antes de ver a
luz...
Ou cinco, já não sei... De início não acreditei nele e quando acreditei tinha uma
vida pessoal dificílima. Tinha um bebé de berço e trabalhava muito, era directora de
comunicação da Fnac, chegava a casa às oito da noite e não tinha tempo para
escrever.

A maior parte do público não conhece esse esforço, prevalece a imagem da


Margarida Rebelo Pinto superficial, beta, mimada...
Mea culpa, mea culpa. Eu também construí essa imagem. Se não fosse tão loira e
tão coquete, se não dissesse tantas coisas para irritar a esquerda e os intelectuais,
se calhar também não tinha essa imagem tão marcada. Primeiro, é difícil ser uma
loira com atitude neste país: ou tens atitude ou és loira. As pessoas não me
conheciam nessa altura e têm memória curta. Depois, quando me começaram a
reconhecer, tinha já uma imagem... sofisticada.

Talvez isso explique também a excitação que suscita a Joana Amaral Dias,
uma mulher bonita com uma carreira política bem-sucedida.
Exactamente. Quando a vejo, penso em mim: aí está outra loira com atitude.
Deveria haver mais! É de facto muito bonita e muito sexy, combina o que há de
mais importante com o que há de mais engraçado numa mulher. Hoje em dia, o
que é engraçado é que depois destes anos todos continuo a ter a mesma atitude:
olho para tudo o que tenho e tudo o que construí, sei que aquilo é fruto exclusivo
do meu trabalho e se não continuar a trabalhar desaparece. O melhor é baixar a
bola e estar sempre a trabalhar.

Confesso que fiz batota e não li nenhum livro completo, mas li o início de
"Sei Lá" e o final de "O Dia em que te Esqueci". Um fala de homens
"estúpidos" e vibradores, o outro fala de doença e morte.
Os registos são completamente diferentes. É um abismo para quem nunca leu os
meus livros, mas para os meus leitores fiéis é apenas natural porque foram
acompanhando a obra.

Fecha-se um círculo?
Não sei. Não gosto de ter uma visão definitiva das coisas. O que sei é que tinha de
fechar a história da mulher do "Diário da Tua Ausência", porque é uma mulher
apaixonada, abnegada e fica sentada, pregada na pedra do porto, como diz o Chico
Buarque. Não gosto de mulheres passivas e, portanto, ela tinha de fazer alguma
coisa à vida dela. Por outro lado, houve muitos leitores que me foram perguntando
ao longo destes anos o que tinha acontecido àquela personagem. O "Diário da Tua
Ausência" é um livro tão terno, tão emocional e tão sincero que desencadeou um
fenómeno de empatia e trouxe novos leitores, sobretudo homens. O que prova que
os portugueses podem ter educação, ser românticos... Os homens não são maus
por natureza, que era uma coisa que aparecia um pouco no "Sei Lá". Agora já não
aparece tanto.

Tenciona explorar novas histórias ou também novos registos?


Não consigo sair deste registo e não quero. Não sei se algum dia conseguirei
escrever um livro que não esteja na primeira pessoa. Gosto muito da primeira voz e
este é o meu material. É isto que me faz andar para a frente: as relações, os
amores, os desamores, as expectativas, os desentendimentos... tudo o que tem a
ver com o plano afectivo e familiar, que é onde me sinto bem. É o meu planeta.

Costuma dizer que entre os seus leitores há um sector gay. A lei do


casamento entre homossexuais que está a ser debatida no Parlamento
pode atenuar ou, pelo contrário, pode provocar um surto homofóbico?
Infelizmente pode criar uma reacção de maior homofobia que eu espero que seja
temporária. As pessoas têm a obrigação de educar as novas gerações para a
diferença. Mesmo quando não consigam aceitar isso, devem transmitir aos filhos
que uma pessoa não pode ser discriminada por razões sexuais.

Os portugueses são menos machistas e menos misóginos agora que há


uma década?
Não mudaram nada. Só mudaram as novas gerações.

A sua obra anda sempre à volta do universo feminino e já fez guiões para
cinema. Já pensou em colaborar com o Pedro Almodóvar?
Adoraria trabalhar com o Almodóvar, mas também com o Alejandro Amenábar, o
realizador de "Ágora". É um filme que aborda a misoginia e põe o dedo na ferida,
mas também fala da violência com que os cristãos impuseram a sua religião. Gosto
de cinema, mas em Portugal é muito complicado, porque não há indústria e toda a
gente acha que temos de trabalhar pro bono. Para projectos comerciais não
trabalho de borla. Não ofereço guiões a realizadores nem a produtores. E eles não
pagam porque sou cara, porque sou uma marca e represento bilheteira.

Essa marca atrai também muitos projectos solidários.


Se é para trabalhar pro bono prefiro recolher donativos para o Natal, ajudar a SOS
Animal, ou dar dinheiro para a Acreditar, que tem uma casa em Coimbra para que
os miúdos com cancro não tenham de vir de Coimbra para Lisboa. Percebi que
consigo ajudar, e isso é óptimo. Tenho o toque de Midas - não vou ter falsa
modéstia e dizer que não me mato por cada livro. Mato-me para que cada livro
venda, faço muita divulgação, dou muitas entrevistas. E de facto as pessoas
aderem extraordinariamente aos meus livros. Isso representa grandes vendas e
poder aplicar esse toque de Midas a outras pessoas é maravilhoso.

Também colaborou no projecto Casa Eficiente, uma causa ambientalista.


Sim, mas não lhe dou tanta atenção. A minha causa preferida é a Acreditar e
depois a campanha de prevenção do cancro da mama.

As duas têm a ver com o cancro. Porquê?


Não há historial de cancro na minha família. Tem mais a ver com as mulheres: no
interior, apesar de o rastreio ser gratuito, há maridos que não deixam as mulheres
ir ao médico para não serem apalpadas. O rastreio neste caso tem uma taxa de
sucesso de 98%. Noutros tipos de cancro é inferior a 10%, e portanto é uma
campanha em que vale mesmo a pena trabalhar.

Preocupa-a o fracasso na cimeira do clima em Copenhaga?


Houve um compromisso, mas fiquei bastante decepcionada. O Obama foi para lá
fingir que era bonzinho. Sei que é uma visão redutora mas o que se está a passar é
o resultado de as grandes potências terem negligenciado o problema do ambiente.
Fizeram como as avestruzes, que metem a cabeça na areia.
Barack Obama merece o Nobel da Paz?
Não, claro que não. Não se dão prémios a pessoas por terem um manual de
intenções, mas o Nobel é um prémio controverso. Em termos de literatura, por
exemplo, os autores que contam para mim são os que vencem o Booker e o
Pulitzer.

Continua fã do Haruki Murakami?


Sim, continuo in love com o Murakami... Não mudei muito, mas gosto cada vez
mais de livros epistolares. Estou sempre à procura de cartas, esses livros marcam-
me sempre. E também ando a ler história de Portugal, mais uma vez por causa das
mulheres. Fui convidada a fazer um texto para uma exposição cujo tema era
rainhas e amantes. Comecei a ler histórias sobre a Paula Teresa, amante de D.
João V; a Inês de Castro, que é uma história que me apaixona há muitos anos; a
Carlota Joaquina... há histórias muito interessantes. Ao contrário do que as pessoas
pensam, não tenho nada aquela visão maniqueísta das mulheres muito boazinhas e
dos homens com muito mau carácter.

Até porque, às vezes, pensa como um homem.


Sim, tenho um macho alfa cá dentro (risos)! Sou muito determinada e por vezes
um pouco mandona. Estou habituada a fazer as coisas sozinha e a organizar a
minha vida como quero. Estou separada há muitos anos. Isso não quer dizer que
não seja feita para a conjugalidade, mas sou muito senhora do meu nariz. Não sei
o que teria sido de mim se tivesse vivido na época da Inquisição, no Antigo Regime
ou na Dinastia Afonsina... provavelmente teria sido queimada como bruxa. Tive
sorte de nascer nesta época e, sem querer, transformei-me um pouco no bastião
das mulheres, uma espécie de Padeira de Aljubarrota dos afectos.

É filha de um biólogo e de uma psicóloga. Foi muito dissecada em criança?


Não. Treinaram o meu sentido da observação para dissecar o mundo à minha volta:
um com uma linha cognitiva e o outro com uma linha biológica. Os anos da
adolescência foram muito difíceis porque sou a ovelha negra da família. Sou a
terceira e os meus dois irmãos são muito bem-comportados, andaram os dois na
Católica, casaram os dois aos 23 anos, etc. Sou a nota dissonante de uma típica
família católica da alta burguesia que vivia no Restelo e passava férias em São
Martinho do Porto. Hoje em dia, a minha família percebe-me, aprendeu a aceitar-
me, mas houve alturas extremas, porque eu não queria casar nem passar a parir
aos 23 anos.

Por falar em períodos difíceis, a mudança de editora, da Difel para a Oficina


do Livro, ainda a perturba?
Não, o assunto está completamente resolvido. Os senhores da Difel não me
quiseram pagar, alegando... compensação. Foi provado em tribunal que não tinham
razão e pagaram-me tudo. Posteriormente deram-me uma acção de indemnização
por produtos restantes, na qual não ficou nada provado. Isso deu-me um espírito
de confiança na justiça portuguesa porque ganhei, porque tinha razão e a lei do
meu lado e eles perderam porque não tinham nem a razão nem a lei do lado deles.
Depois fui eu a tribunal por direitos de autor que não me tinham sido pagos e que
acabaram por pagar.

Em 2006 interpôs uma providência cautelar para impedir a venda de


"Couves & Alforrecas", um livro de João Pedro George que arrasa com a
sua obra.
Foi uma ideia profiláctica da Oficina do Livro e acho que resultou. Na altura foi uma
decisão muito controversa, houve pessoas que criticaram a editora por ter feito
isso... Para já, ninguém percebeu que não tinha sido eu, e depois esse senhor [João
Pedro George] nem sequer é formado em letras, é formado em sociologia. Arroga-
se a faculdade de ser crítico, como eu agora poderia dizer que sou crítica
gastronómica.

Ou tauromáquica...
Sim (risos)! Esse senhor pôs-me o rótulo extraordinário do "autoplágio". Mas fui a
todos os dicionários de literatura e não existe o "autoplágio". O [Jorge Luis] Borges
dizia que estamos sempre a escrever o mesmo livro e eu gosto da obra do Lobo
Antunes, que fala sempre das mesmas coisas... Não fiquei nada preocupada. O
próprio Murakami faz isso, não acho que seja um problema. O "autoplágio" não
existe. O que existia era muita dor de cotovelo na classe dita intelectual pelo facto
de eu ter abalado um sistema em que o escritor tinha de ser maldito,
incompreendido e não podia ganhar dinheiro. Foi um pretexto para os pseudo-
intelectuais e intelectuais se virarem contra mim, porque irritava muita gente.

E agora outro livro seu, o oitavo romance, está de novo no top.


Estou a bater-me com o Dan Brown e com o José Rodrigues dos Santos nas
principais redes livreiras. Quis lançar o livro nesta altura por causa disso. Não tenho
de ter medo do Dan Brown ou de quem quer que esteja no top.

O êxito vai continuar na próxima década?


Não sei se isso vai acontecer. O que posso dizer é que me vou concentrar para que
isso aconteça. Ter conseguido êxito durante dez anos é um bom sinal.

A paz e o equilíbrio que encontrou não podem pôr em risco uma inspiração
literária como a sua, tão dependente do desencontro amoroso?
Não, porque sou eternamente atormentada e paradoxal. Sou a pessoa mais
ambivalente que conheço, estou sempre a divagar e raramente tenho uma opinião
definitiva sobre o que quer que seja, nomeadamente sentimentos e relações. E vou
estar sempre em ebulição com estes temas.

Já li que viveu um grande amor, mas também que viveu dois. Acredita que
também isto poderá ser actualizado no futuro para três ou quatro grandes
amores?
Não, acho que não (risos). Foram mesmo duas vezes.

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