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De fora
Ilustrações: Suma3
para
dentro Em entrevista exclusiva, organizada
em tópicos, Larry Huston, ex-líder de
inovação da Procter & Gamble, conta
como essa e outras empresas trocaram
o “know-how” pelo “know-who” para
adotar a inovação aberta e afirma:
“conectar e desenvolver” será o novo
paradigma dessa área
Se
a inovação aberta fosse um crime, se- mais tarde, todas as empresas terão de incorporar. É a pas-
ria o crime perfeito. Não por não dei- sagem da velha P&D, sigla de pesquisa e desenvolvimento,
xar pistas, mas por ter tantos motivos para o C&D, de conectar e desenvolver”.
para justificá-la que qualquer juiz ou
júri compreenderia o réu e o recompensaria com a liber- O (velho) modelo de invenção
dade. Veja os principais: “A maioria das empresas ainda está amarrada ao que chamo
de ‘modelo de invenção’ ou ‘modelo do tudo inventado aqui’,
• Urgência das empresas de inovar para compensar a apoiado numa infraestrutura de tijolo e cimento e na ideia
consequente redução nas vendas que vem dos consu- de que a inovação reside dentro dessas quatro paredes.
midores cada vez mais insatisfeitos e da concorrência As empresas até tentam turbinar seus departamentos de
crescentemente feroz –e também de eventuais recessões P&D com aquisições, alianças e terceirização seletiva em
macroeconômicas. alguns casos, mas todas essas são mudanças incrementais,
• Pressão sobre os orçamentos para inovar de maneira curativos band-aid numa ferida mais profunda.”
mais barata.
• Necessidade de escapar das elevadas taxas de insu- caso P&G
cesso das inovações, como a verificada entre os produ- “Quando a Procter & Gamble era uma empresa que faturava
tos de consumo –apenas 18% dos novos produtos sobre- US$ 25 bilhões por ano, ela conseguia se apoiar no modelo de
vivem em três anos e a maioria não vende muito bem invenção. Mas, no patamar dos US$ 52 bilhões anuais [2001]
mesmo assim. e num mundo muito diferente, isso deixou de ser viável. Em
• Possibilidade de aproveitamento da capacidade inte- 2000, ficou claro para nós que esse modelo não era capaz de
lectual existente fora das próprias fronteiras. sustentar níveis elevados de crescimento de primeira linha,
• Total coerência com a era das redes sociais e da web 2.0. mesmo incrementado –usávamos o conceito transnacional
• O fato de que ser produzida por profissionais de qual- de inovações através das fronteiras, com uma rede formada
quer lugar de fora da organização em qualquer parte do por funcionários de todas as partes do mundo, como prega-
mundo torna a inovação aberta potencialmente mais po- vam Sumantra Ghoshal e Christopher Bartlett.
derosa, porque é mais surpreendente e menos imitável. A explosão de novas tecnologias aumentava a pressão
sobre nossos orçamentos. Nossa produtividade de inova-
Não faz muito tempo que a inovação aberta se estabe- ção, medida em vendas por pessoa de P&D, caía muito e
leceu como processo possível no mundo dos negócios: a porcentagem de novos produtos que atingia suas metas
cinco anos, no máximo. E não são muitas as organizações financeiras estancou em 35%. Nossa ação chegou a cair de
que já a abraçaram: entre as de primeira linha, umas 150 US$ 118 para US$ 52 e perdemos metade de nosso valor
apenas. A pioneira foi a Procter & Gamble, que a iniciou de mercado. Foi quando nos impusemos o desafio de gerar
em 2002, mas Johnson & Johnson, General Mills, Bill and US$ 5 bilhões por ano em novas linhas de produtos.
Melinda Gates Foundation também estão nesse seleto Aí fomos lançar a Pringles Prints, nova linha de crisps com
grupo. Todas adotam o programa –e o conceito– “conec- figuras e palavras divertidas. E conseguimos fazer isso em
tar e desenvolver” (connect and develop, originalmente) tempo recorde e por uma fração do custo usual. Descobrimos
ou C&D, que foi encabeçado por Larry Huston, ex-vice- uma pequena panificadora em Bolonha, na Itália, herdada e
presidente de inovação da P&G e e atualmente consultor comandada por um professor universitário de engenharia
nessa área em sua empresa, a 4Inno, além de professor da elétrica, que desenhou o próprio forno de assar e inventou
Wharton School. um método com jato de tinta para imprimir imagens comes-
Como diz Huston a seguir, em entrevista concedida com tíveis em bolos e biscoitos. Selamos uma parceria com ele e
exclusividade à Adriana Salles Gomes: “Estamos falando adaptamos sua inovação rapidamente a nossas batatinhas.
de algo maior que um modelo de negócio; estamos falan- Conectamos e desenvolvemos. Isso fez a North America
do de um novo paradigma de inovação, que, mais cedo ou Pringles ter crescimento de dois dígitos. Sabe como encon-
tramos esse professor em Bolonha? Fizemos um briefing do
desafio e o enviamos para 9 mil pessoas de fora da Procter &
A entrevista é de Adriana Salles Gomes, editora-executiva Gamble. A proposta acabou chegando ao e-mail dele.
de HSM Management. Metade das inovações lançadas pela Procter & Gamble
Treinamento
PARA INNOVAR HAY QUE REUNIR
Rede Discovery Polo da Europa
em parcerias InnoCentive
e alianças de LO QUE ES NECESARIO Polo dos Estados
inovação Catálogo Unidos, China,
EurekaPARA EL CONSUMIDOR América Latina
YourEncore
CON LO QUE ES POSIBLE
Universidade Empresário tecnológico
ConnectEN
+ TÉRMINOS DE TECNOLOGÍA.
Novo empreendimento da unidade de negócios
Develop Fonte: 4Inno.
vação, que, mais cedo ou mais tarde, todas as empresas terão Aquisições X crescimento orgânico
de incorporar. É a passagem da velha P&D, sigla de pesquisa “A maioria das empresas maduras precisa ter um cresci-
TEMOS
e desenvolvimento, para o C&D, de conectar PROVAS ” SUFICIENTES
e desenvolver. mento orgânico DEde 4% a 5% por ano no mínimo, além de
eventuais aquisições, que respondem por 2% a 3%, somando
Inovadores: das páginas amarelas QUE O APOIO
à gestão A ESSE
6%NOVO
a 8%. O problema é que as aquisições, embora devam
“Uma das tarefas que minha firma de consultoria executa é crescer nesta crise, são arriscadas e caras, por isso é interes-
MODELO DE NEGÓCIO PRECISA
a elaboração de um tipo de ‘páginas amarelas’ de parceiros sante garantir o crescimento orgânico.”
VIR DEseus
potenciais. Depois as empresas estabelecem CIMA, SENÃO NÃO FUNCIONA.
acordos
com eles. Esses acordos seguem uma espécie de Lei de Moo- Apoio da alta cúpula
re. O primeiro leva 12 meses para ser concluído, o segundo 6 “Temos provas suficientes de que o apoio a esse novo mode-
meses, o terceiro 3 meses e, ao longo de um período de cinco lo de negócio precisa vir de cima, senão não funciona. Como
anos, constrói-se uma relação bem engrenada.” cria valor para o acionista, esse apoio se justifica totalmente.
O apoio do CEO da Procter &
Abertura e crise Gamble [Alan G. Lafley] ao pro-
“Esse modelo de inovação aber- A INOVAÇÃO ABERTA MUDOU ATÉ A jeto foi crucial para seu êxito.”
ta nasceu como resposta a uma
VOCAÇÃO DA PROCTER & GAMBLE.
crise –no caso, a crise que a Mudança cultural
Procter & Gamble estava atra- AGORA ELA É UMA EMPRESA “Sem uma mudança de cultura
vessando desde 2000, com a saí- que consiga combinar ativos
da de seu CEO, com a demanda DE CIÊNCIA E NÃO DE MARKETING intelectuais internos e externos
por novos produtos para casa, em condições equitativas e seja
com a influência da biotecnolo- capaz de substituir a mentalida-
gia e da genômica em seu mercado etc. Então, ele é muito de ‘não foi inventado aqui’ por ‘orgulhosamente encontrado
adequado à crise financeira que observamos atualmente. fora daqui’, a inovação aberta não se estabelece. Isso passa
Hoje já temos entre nossos clientes uma montadora automo- tanto por adaptar os sistemas de remuneração de acordo
bilística europeia especializada em carros de luxo, porque a com esses objetivos como por ações de comunicação inten-
ALI VA DESTA4
crise atual atingiu em cheio especialmente essa indústria. sivas e comportamentos exemplares da alta cúpula. A cultu-
Ela tem uma infraestrutura gigantesca de inovação interna e ra começa a ter motivação pela busca de soluções fora dos
resolveu recorrer a esse modelo para mudar as coisas.” limites corporativos –partindo do princípio de que estas já
princípios do
design das redes
de inovação
de inovação seguem
Segundo Larry Huston, as redes
alguns princípios muito claros:
o
1. São uma estrutura de irradiação, ou seja, com
resa principal) e os raios.
centro (a emp