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InformANDES

SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - ANDES-SN


Informativo do
29º Congresso
do ANDES-SN
Número 5
Belém (PA) - 31/1/2010

ELEIÇÕES DO ANDES-SN

Duas chapas disputarão direção do ANDES-SN

CHAPA “ANDES AUTÔNOMA E DEMOCRÁTICA” CHAPA “ANDES PARA OS PROFESSORES”

PRESIDENTE: Marina Barbosa Pinto, ADUFF S.SIND. PRESIDENTE: Flávio Borges Botelho Filho, ADUNB S.SIND.
SECRETÁRIO-GERAL: Márcio Antônio de Oliveira, APES-JF S.SIND SECRETÁRIO-GERAL: José Audísio Costa, ADUFEPE S.SIND
1º TESOUREIRO: Hélvio Alexandre Mariano, ADUNICENTRO S.SIND 1º TESOUREIRO: Carlos Alberto Eilert, ADUFMAT S.SIND

Grupos mistos antecipam discussões au irão ao plenário


A interação entre os docentes durante os em que a categoria enfrenta uma disputa com momento propício para a melhor expressão
dias de atividades dos grupos mistos mostrou- forças contrárias, inclusive o recuo ideológico individual dos professores, mesmo diante de
se rica com a proposição de sugestões para o dos professores. uma pauta extensa e que exige tempo para
Plano de Lutas da categoria e o debate sobre Filiada à ADUFPR S.Sind., Eva Dalmolin, discuti-la. Quanto ao Plano de Lutas, uma
as Questões Organizativas e Financeiras do aponta a carreira docente como um dos pontos de suas preocupações é que seja possível
ANDES-SN. As discussões prosseguiram primordiais a serem lembrados no Plano dar continuidade ao que foi definido durante
nos pavilhões B, C e D do campus básico da de Lutas. Ela só lamentou não ter havido os debates sobre centralidade de luta.
Universidade Federal do Pará, com a análise tempo hábil para melhor debater a pauta de ”Houve uma discussão bastante estimulante
dos textos de resolução a serem submetidos discussões. Eva apoia a ideia de que o novo durante a primeira plenária, então, a minha
nas próximas plenárias. docente deve iniciar a sua carreira e somente preocupação é que de alguma maneira haja
Para o docente Luiz Cláudio Duarte, da alcançar o topo depois de ganhar experiência o desdobramento desse tema e não se perca
ADUFF S.Sind., uma das expectativas quanto com anos de exercício da profissão. essa conduta”, disse.
ao Plano de Lutas é que as novas diretrizes “Sou absolutamente contrária às alterações Confiante nos bons resultados dos
mantenham um sindicato híbrido, que todas que o governo federal quer fazer na carreira trabalhos está o professor Marcelo Bronosky,
as decisões tomadas durante o Congresso docente. É mais uma forma para nos do SINDUEPG-PR S.Sind. Ele participou da
cheguem até a base e assim norteiem as confundir. Afirma que não tem nenhum modelo reunião dos grupos mistos sobre o Plano
ações nas seções sindicais de forma mais de carreira proposta, mas o ANDES-SN está de Lutas – Setores no penúltimo dia do
concreta. trabalhando. Temos de ver a melhor forma de Congresso do ANDES-SN. “As discussões
“Que as bandeiras se transformem articulação”, aposta Dalmolin. têm avançado e qualificado os docentes, É
em ação”, é o que defendeu Luiz Cláudio, A discussão prévia entre os docentes é essa a avaliação que a gente faz do processo.
bastante entusiasmado com os trabalhos. fundamental para a realização de uma boa As últimas plenárias, quando discutiremos a
Para ele, é fundamental a maior aproximação plenária, na opinião do docente Luis Seixas, fusão da Conlutas e Intersindical, prometem.
das seções com as bases em um momento da ADUFOP S.Sind.. Ele acredita ser um Estamos na expectativa”, declarou Bronosky.

55o CONAD do ANDES-SN, em Fortaleza (CE), DE 24 A 27 de JUNHO


ERRAMOS: O próximo CONAD do ANDES-SN será realizado em JUNHO, e não em julho como
anunciado na edição de número 4 do InformAndes, de 30/1/2010.
2 InformANDES/2010

MEMÓRIA

Congressos ratificam luta pela democracia


O Congresso Nacional do ANDES-SN é o mais importante evento de mobilização da categoria., sendo a principal instância deliberativa
da entidade. Cumpre a função, de forma comparativa, das assembléias gerais das seções sindicais para oficialização de decisões políticas e
administrativas. A outra instância deliberativa do Sindicato Nacional é o CONAD (Conselho Administrativo),também realizado anualmente.
A história do ANDES-SN registra 29 congressos ordinários e três extraordinários. Pelos temas abordados, é possível aferir as preocupações
do sindicato com a conjuntura nacional, com o movimento docente, com a qualidade do ensino nas universidades públicas e com a defesa dos
trabalhadores brasileiros
1982 - O primeiro congresso foi em posteriormente. 2002 – Na sua 21ª realização, o Congresso
Florianópolis (SC), marcado pela do ANDES voltou aos pampas gaúchos,
aprovação do estatuto definitivo, em 1990 – A nona edição ocorreu em em Rio Grande (RS), debatendo o
vigor até hoje e com pouquíssimas Londrina (PR), abordando o novo “Projeto histórico e educação: a luta do
alterações. Houve oestabelecimento governo federal instalado e o regime sindicalismo classista.
formal do programa de lutas e a eleição jurídico único. Os temas voltaram a ser
da primeira diretoria, presidida pelo debatidos em Curitiba (PR), em 1991. 2003 - O 22º Congresso, em Teresina
professor Osvaldo de Oliveira Maciel. (PI), focalizou a “Transformação social
1992 - Cuiabá (MT) organizou o 10º e políticas de educação, ciência e
1983 – Realizado em Fortaleza (CE), o Congresso, com a primeira abordagem tecnologia”. Em 2004, em Salvador (BA),
congresso teve como temas centrais sobre a carreira docente, assunto as discussões foram em torno da reforma
a reestruturação da Universidade e recorrente nos planos de luta do da educação, privatização e arrocho
campanha de ensino público e gratuito. ANDES. salarial.

1984 – Em seu terceiro ano de realização, 1993 - “Preservar e ampliar as conquistas 2005 - O 24º Congresso, em Curitiba (PR),
em Piracicaba (SP), o ANDES abordou o sociais” foi o tema do 12º Congresso, em tratou da “Utilidade e independência
tema verbas e financiamento do ensino Manaus (AM). Em 1994, foi discutida a da classe trabalhadora; direitos sociais
superior. mesma temática em Viçosa (MG). e projetos de emancipação”. O ANDES
desfiliou-se da CUT, percebendo que
1985 – Vitória (ES) sediou a quarta edição 1995 - Brasília foi cenário do14º a central transformou-se em entidade
do congresso , debatendo as“Perspectivas ano do Congresso evidenciando a pelega e atrelada aos pressupostos
da Universidade Brasileira”. Em 1986, “Desprivatização do estado, educação e populistas e eleitoreiros do governo
Salvador (BA) recebeu o evento, sob o construção da cidadania”. Lula.
mesmo tema.
1996 – “Estão jogando o futuro no lixo: 2006 – Cuiabá (MT) sediou o 25º
1987 - No congresso em Goiânia (GO), educação, trabalho e cidadania” foi o Congresso, com o tema “Financiamento
foi discutido o “Financiamento da assunto em destaque no 15º Congresso, público: garantia de direitos sociais e de
Universidade Brasileira”. realizado em Santa Maria (RS). democracia”.

1988 - Juiz de Fora, em Minas Gerais, 1997 - Em João Pessoa (PB) transcorreu o 2007 – O 26º Congresso ocorreu
organizou o sétimo evento do ANDES, 16º Congresso - “Democracia, autonomia em Campina Grande (PB), com o
sobre Filiação a uma central sindical e defesa da universidade”. A abordagem tema “Reconstruindo a unidade dos
e Reestruturação da universidade. Na se repetiu no ano seguinte, durante no trabalhadores para enfrentar as velhas
ocasião, foi aprovado apenas o indicativo Congresso realizado em Porto Alegre reformas do novo governo”. O ANDES
de filiação do ANDES a uma central de (RS). filiou-se à Coordenação Nacional de
trabalhadores, que só tomaria corpo no Lutas - Conlutas.
ano seguinte. 1999 – Fortaleza sediou outra vez o
Congresso do ANDES, desta vez o 18º 2008 – Outra vez em Goiânia, o ANDES
1989 - No oitavo congresso, em São cujo tema foi “Educação, Ciência e debateu os “Avanços na luta em defesa
Paulo, o ANDES aprovou sua filiação à Humanidade”. da universidade pública e dos direitos
CUT, fazendo uma pequena mudança dos docentes”.
no seu estatuto. A Lei das Diretrizes 2000 - Juiz de Fora (MG) foi cenário do
e Bases e o sindicalismo nacional 19º Congresso que discutiu a “Autonomia 2009 - O 28º Congresso, reuniu
marcaram os debates. É fácil perceber para uma nova universidade”. No delegados, observadores e convidados
que a filiação foi uma decisão política do ano seguinte, “Movimentos sociais e em Pelotas (RS), sob o tema “Resistir
congresso que, na época, parecia ser a universidade: a mesma luta” marcou a e avançar na defesa do Andes, da
mais certa. Difícil seria prever a mudança nova edição do evento no Rio de Janeiro universidade pública e dos direitos dos
nos rumos da CUT, como se constatou (RJ). trabalhadores”.
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ALMA CABANA
LUÍS LOPES
Povo paraense honra a Por quem os
tradição de não fugir à luta sinos dobram
A moradia simples da população rural Espoliado em fazendas que reproduzem Em janeiro de 2008, duran-
deu origem ao nome de uma das principais condições de vida análogas à escravidão, te o 27º Congresso do AN-
revoluções do país, a Cabanagem (1835- assassinado quando luta pela terra ou por
DES-SN, realizado em Goiânia
1840), ocorrida no Pará, no Século XIX. Foi condiçòes de subsistência sustentável na
a primeira vez na história que o povo chegou flroesta, ou mesmo maltratado pelo calor na (GO), o coordenador da Liga
ao poder. labuta do dia-a-dia da metrópole, o paraense dos Camponeses Pobres
Negros, índios e mestiços se organizaram se mantém firme e forte nas suas lutas do Pará, Luís Lopes, tomou
contra o poder central, por mais participação diversas. o microfone para denun-
e a contra a miséria. ciar a política de repressão
Eduardo Angelim, os
irmãos Vinagre e Clemente aos movimentos sociais do
Malcher estão entre os Pará, levada a cabo pelos
dirigentes da insurreição. O latifundiários da região com
movimento foi brutalmente o respaldo do governo Ana
sufocado, onde cerca de 40% Júlia, que estava resultando
da população foi executada.
em ameaças e, pior, no assas-
Uma obra de Niemeyer na
entrada de Belém homenage- sinatos em massa de muitos
ia a revolução. Mas não é só trabalhadores sem-terra da
o monumento que revive o região, principalmente de
espírito cabano do paraensa, suas lideranças.
um povo com muita tradição No dia 15 junho de 2009,
de luta.
ele foi encontrado morto,
com dois tiros na cabeça, o
AGENDA DE LUTA que caracteriza um típico
crime de execução. Os indí-
Movimento Xingu Vivo faz vigília cios apontam que o assas-
sinato ocorreu nas proximi-
contra Usina de Belo Monte na quinta dades da Fazenda Batente,
numa região próxima ao
O Comitê Metropolitano Xingu Vivo retiradas de forma violenta de suas casas; município de Conceição do
Sempre promoverá, no dia 4 de fevereiro, 100 mil pessoas migrarão para a região em Araguaia, sul do Pará.
em Belém, uma vigília contra a licença busca do sonho do emprego que não será Em 2007, Luis Lopes foi um
prévia da construção da Usina Hidrelétrica gerado para todos. Quase 80% da energia
de Belo Monte. A manifestação reunirá
dos grandes mobilizadores
produzida pela nova UHE será destinada às
representantes de entidades contrárias ao regiões Sul e Sudeste e o restante servirá para a tomada da Fazenda
projeto, o qual terá fortes impactos sociais às para sustentar as máquinas de grandes Forkilha, um dos grandes
comunidades residentes na Região Xingu, empresas atreladas ao Capital Internacional: símbolos do latifúndio
localizada na área central do Estado do Pará. Vale do Rio Doce e Alcoa. naquela região. Na ocasião,
A concentração da vigília será às 18 horas, Estima-se que a nova usina causará o movimento foi duramente
na Praça Santuário de Nazaré, seguindo em impactos ambientais terríveis com a
caminhada até a sede do Ibama, no bairro de destruição da biodiversidade de pelo menos
reprimido pelo Governo Ana
Nazaré. 13 municípios paraenses que poderão Júlia Carepa durante a opera-
A manifestação é uma das respostas dada sumir do mapa. O Movimento Xingu Vivo é ção “Paz no Campo”. Além do
pelo Movimento Xingu Vivo à ameaça solidário também aos funcionários do IBAMA terror praticado pelos mili-
de publicação no dia 1º de fevereiro no que estão sofrendo pressões por parte tares, os camponeses foram
Diário Oficial da União da liberação das da alta cúpula do Governo Federal para
obras da UHE pelo Instituto Brasileiro do
alvos de ameaças e tentativas
aprovar o projeto de Belo Monte. Para mais
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais informações sobre o Movimento Xingu Vivo, de intimidação por parte dos
Renováveis (Ibama). Caso o projeto seja acesse o endereço latifundiários.
implementado, mais de 20 mil pessoas serão www.xingu-vivo.blogspot.com.
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MUNDO DAS ÁGUAS


Riqueza da Amazônia paraense acirra disputa
por diferentes modelos de desenvolvimento
O Brasil é o país que concentra a cenário de deslocamento da violência Eles podem ser encontrados em terra
maior parcela da principal floresta contra camponeses e seus pares, antes firme, várzea ou ilhas. A Amazônia é
tropical do mundo, a Amazônia. Bolívia, concentrada a sudeste do estado. uma aventura? Um tanto dessa gente
Colômbia, Equador, Guiana, Guiana  O rio inunda a vida dessas gentes de veio em busca de riqueza “mágica” nos
Francesa, Peru, Suriname e Venezuela são realidades ímpares. O rio as distancia e garimpos, outro tanto atraída pelo
os demais países onde incide a floresta. aproxima, alimenta e é espaço de lazer, sonho de emprego nos grandes projetos
Do território nacional cerca de 60% é contemplação poética e quintal de de mineração, ferrovia, siderurgia e
constituído pela Amazônia Legal (Acre, lendas: Iara, Boto, Boiúna e sabe-se lá barragens. Hoje engrossam a constelação
Amapá, Amazonas, oeste do Maranhão, quantas outras. O rio é a vida e às vezes das faces dessa terra.
Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima a morte dessa população. Numa parte  Quando se investiga a colonização
e Tocantins), com uma população do ano ele invade ruas, casas, roças e recente marcada pela implantação de
estimada em 20 milhões de pessoas. pastos, chegando, em algumas regiões, grandes projetos, o quadro social destoa
A floresta é um mundo de gente, a causar danos materiais. Noutra época da beleza do pôr do sol. Subempregados,
olhares, saberes, cores, cheiro e histórias. do ano recua e forma praias. Nas regiões alguns empregados em ocupações
A abundância de recursos florestais, marcadas pela realidade do estuário, secundárias, muitos escravizados
minerais e hídricos a torna alvo dos caso do Baixo Tocantins, a oscilação de em fazendas e carvoarias, ao lado da
mais diferentes interesses em variadas seis em seis horas dos rios condiciona a destruição da floresta, poluição dos
dimensões: econômicas, sociais, políticas vida da população. O pôr do sol é uma rios, redução do pescado constituem o
e ambientais. O direito à propriedade pintura. quadro da realidade social e ambiental.
privada sobre à terra tem se sobreposto à  No mundo de rios da Amazônia  Uma parte dessa gente da Amazônia
posse ancestral. do Brasil pretende-se erguer um outro do Pará encontrou um rumo na vida
As Amazônias do Brasil são várias. mundo, o do concreto, para geração de na agricultura familiar. Uma espécie
Nesse vasto mundo o Pará é o segundo energia. Os planos do Governo Federal de retorno às origens. Alguns estão
estado em extensão territorial. Há áreas já realizaram isso no caudaloso rio na direção das organizações de
de colonização mais recentes, como Tocantins, e continuam a fazer. Assim, representação camponesas e outra
o sudeste; e as de colonização mais também agendam o mesmo rumo para parcela sentou o passo em projetos de
antiga, tais como a Bragantina e o Baixo o rio Xingu, o rio Tapajós, o rio Araguaia assentamentos rurais ou ainda disputa
Tocantins, inseridas na mesorregião e o rio Madeira. Energia para quem? Eis a um pedaço de terra. Muitos (as) foram
Nordeste, além da fronteira em disputa, pergunta que se encontra no ar. mortos (as) na disputa pela terra. E existe
caso do sudoeste do estado. No sudeste  No caldeirão dos povos da Amazônia uma boa parcela no trecho (estrada)
do Pará a disputa pela terra ainda é há índios, negros e mestiços. Nativos com as borocas (mochilas) nas costas em
aguda. Já na Bragantina e no Baixo e os que para cá vieram em busca de busca de um canto para viver.
Tocantins o quadro é considerado dias melhores: migrantes internos, com A terra e os recursos nela existentes
bem definido. O contrário ocorre a ênfase nordestina e gente de terras mais na Amazônia animam um conjunto
sudoeste que tem se constituído em distantes, caso de europeus e asiáticos. de interesses e disputas de infinitas
redes econômicas, sociais e políticas,
em escalas regionais, nacionais e
internacionais que conectam a Região
Amazônica ao resto do planeta, o que
põe em cena a disputa pelo modelo de
desenvolvimento. Dias melhores virão?

O Informandes é uma publicação do ANDES-SN, distribuída para os participantes do 29º Congreso, em Belém (PA)
Site: www.andes.org.br e-mail: imprensa@andes.org.br /
Responsabilidade: Coletivo de Comunicação // Jornalista Responsável: Najla Passos
Redação: Joice Souza, Josiele Sousa, Najla Passos e Rogério Almeida

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