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SILVICULTURA
Capítulos Páginas
IV - Implantação florestal 42
V - Manejo florestal 55
VI - Colheita florestal 79
VII - Regeneração ou reforma florestal 96
VIII - Noções de dendrometria e inventário florestal 101
Apêndices 169
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
TERMINOLOGIA E OBJETIVOS DA IMPLANTAÇÃO DE MACIÇOS
FLORESTAIS
1. Terminologia
a) Silvicultura - é a ciência que trata do cultivo de árvores, referindo-se às
práticas relativas à produção de mudas, plantio, manejo, exploração e
regeneração dos povoamentos.
b) Floresta - é uma associação predominante de árvores, acrescida de
sub-bosque, ocupando considerável extensão de terra, capaz de
desenvolver um clima local próprio.
c) Sub-bosque - vegetação arbustiva, sub-arbustiva, herbácea e arvoretas
encontradas sob o maciço florestal (regeneração natural).
d) Mata - é uma floresta de pequena extensão. Diferencia-se do conceito
de floresta apenas pela extensão de terra.
e) Floresta pura - quando a frequência de uma espécie é de mais de 90%.
f) Floresta mista - quando a floresta é formada por mais de uma espécie.
g) Floresta nativa (natural) - quando formada sem a intervenção do
homem.
h) Floresta plantada (artificial) - quando plantada pelo homem.
i) Floresta de alto fuste - sua origem e regeneração se fazem por
semeadura.
j) Floresta de talhadia - a regeneração se faz pela brotação da touça.
k) Floresta primária - floresta que se formou ao longo dos estágios
sucessionais, sem interrupção.
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l) Floresta secundária - formada naturalmente após a destruição da
floresta primária (capoeira).
m) Fuste - é a parte da árvore que vai do colo às primeiras ramificações da
copa (tronco).
n) Campo - formação vegetal com apenas um estrato de cobertura,
constituída principalmente de gramíneas, ciperáceas e leguminosas.
o) Campo sujo o campo cerrado - campo entremeado de arbustos e raras
formas arbóreas, com predominância de vegetação rasteira.
p) Cerrado - formação vegetal constituída de dois estratos, um de
vegetação rasteira e outro com formas arbóreas que raramente
ultrapassam 6 metros de altura, apresentando caules tortuosos, com
espêssas cascas, folhas coriáceas e aparência xeromórfica.
q) Cerradão - formação constituída de três estratos, sendo os dois
primeiros semelhante ao cerrado, e o terceiro é formado por árvores de
6 até 20 metros de altura, com melhor forma, possível de se encontrar
madeira dura.
r) DAP - significa "diâmetro à altura do peito", e é o diâmetro da árvore
medido a l,30 m do solo.
1. Sementes
Nº Sementes Umi
Pureza Germinação Viáveis kg-1 dade
Espécie (%) (%) Toler. 10% (%)
Pinus caribaea var. hondurensis 95 70 máx. 12
Pinus caribaea var. caribaea 90 70 máx. 12
Pinus caribaea var. 95 70 máx. 12
Pinus elliottii var. elliottii 95 70 máx. 12
Pinus elliottii var. densa 95 70 máx. 12
Pinus taeda 95 70 máx. 12
Pinus oocarpa 95 70 máx. 12
Pinus kesya 95 70 máx. 12
Eucalyptus maculata 70.000 máx. 12
Eucalyptus citriodora 70.000 máx. 12
Eucalyptus grandis 600.000 máx. 12
Eucalyptus saligna 350.000 máx. 12
Eucalyptus urophylla 350.000 máx. 12
Eucalyptus viminalis 200.000 máx. 12
Eucalyptus paniculata 250.000 máx. 12
Eucalyptus microcorys 200.000 máx. 12
Eucalyptus cloeziana 100.000 máx. 12
Eucalyptus robusta 250.000 máx. 12
Eucalyptus tereticornis 200.000 máx. 12
Acacia mearnssi 95 70 máx. 12
Acacia decurrens 95 70 máx. 12
Mimosa scabrella 95 70 máx. 12
Araucaria angustifolia 95 60 mín. 40
2.1. Substrato
Esse sistema só deve ser utilizado para espécies que suportem bem o trauma
radicular. Assim, já se sabe que não pode ser aplicado para Araucaria angustifolia e
Eucalyptus citriodora, embora na primeira espécie seja possível realizar a repicagem se
for feita quando a radícula tiver sido recém emitida.
Consiste na semeadura em canteiros com posterior repicagem para embalagens
individuais.
Para os pinheiros tropicais, a repicagem só é recomendada para lotes de
sementes com germinação inferior a 75%.
O substrato dos canteiros de semeadura podem ser resultado de mistura de terra
com areia e argila para permitir boa drenagem e arejamento, sendo conveniente passar a
terra em peneira com malha de no máximo 2 mm de diâmetro, e fazer controle de ervas
daninhas, nematóides e insetos.
Estando o substrato nivelado e úmido procede-se a semeadura, que pode ser em
sulcos ou por distribuição uniforme, sendo esta última a mais aplicada, por aproveitar
melhor o espaço e fechar rapidamente o canteiro.
Para eucalipto, em geral 30 a 40 g de sementes.m-2 é o ideal.
Após a semeadura aplica-se fina camada de terra peneirada, podendo-se ainda
fazer uma cobertura morta para manter a umidade e evitar alta temperatura. Pode-se usar
casca de arroz em camada de 0,5 cm, que se possível deve ser desinfestada.
As regas são feitas em geral duas vezes ao dia, ou de acordo com a necessidade.
É recomendável que se faça pulverização com fungicidas para evitar
principalmente tombamento.
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Para os eucaliptos, a repicagem é feita quando as mudas atingem 3 a 5 cm de
altura ou 2 pares de folhas, cerca de 10 a 15 dias após a germinação, ou dois pares de
folhas. O canteiro deve ser molhado duas horas antes, e no ato do arrancamento faz-se a
seleção e a poda de raízes. As mudas são estocadas em recipientes com água, deixados
à sombra até a transferência para as embalagens.
Ao colocar a muda na embalagem deve-se ter a precaução de não deixar a raiz
dobrada, eliminar o ar, e não cobrir o colo. Em seguida vai-se molhando o canteiro e
recobrindo.
A irrigação deve suprir as necessidades, e gradativamente os canteiros devem
ser descobertos para rustificação e aclimatação, além da redução dos níveis de irrigação,
que são os procedimentos menos onerosos e mais práticos. Entretanto, outras atitudes
podem ser tomadas, como: a aplicação de NaCl em água de irrigação, na dosagem de 1
mg planta.dia-1, no intuito de gerar nas mudas um potencial hídrico muito baixo,
favorecendo maior força de absorção a nível radicular; a poda da parte aérea com
redução de 1/3 da porção superior, redução das folhas dos 2/3 inferiores das mudas
(nestes dois últimos, o objetivo é a redução da área transpirável); aplicação de
antitranspirante a partir de 20 dias antes do plantio na proporção de 1:7 (GOMES, et al.,
1996).
Este método vem sendo bastante utilizado, sendo viável para muitas espécies,
como o pinus, eucalipto, araucária, bracatinga, pau-de-balsa e guapuruvú, devendo ser
utilizado para as espécies que não toleram trauma no sistema radicular.
Prepara-se os canteiros com as embalagens, que podem ser enchidas com terra
de sub-solo, de modo a se evitar a incidência de fungos patogênicos e de sementes de
plantas invasoras, com o acréscimo necessário de adubo para contrabalançar a baixa
fertilidade natural deste substrato.
Para a semeadura rega-se o canteiro previamente, distribuindo-se as sementes
de eucalipto em número de 3 a 6 unidades por embalagem. De preferência fazer a
separação por tamanho. Para pinus, semeia-se 1 a 2 sementes por recipiente. Após esta
operação, aplica-se fina camada de terra e cobertura morta.
A irrigação é feita sempre que necessário, com ou sem aplicação de defensivos e
adubos.
Pulverizações periódicas para controle de fungos patogênicos devem ser feitas.
De um modo geral para as espécies florestais, quando as mudas tiverem dois
pares de folhas procede-se o raleamento, mantendo-se a muda mais vigorosa. No caso
de haver mais de uma muda nessas condições, pode-se fazer a sua repicagem para
embalagem. O raleamento deve ser feito com o canteiro úmido.
Quando as mudas apresentarem 25 cm de altura estarão prontas para serem
levadas ao campo. Promove-se então a classificação por classes de altura. Para aquelas
produzidas em embalagens, faz-se o corte do fundo dos saquinhos, eliminando-se assim
a parte enovelada das raízes.
Se as mudas foram muito movimentadas, ou sofreram estresse, devem se
recuperar por 4 a 5 dias antes de serem remetidas ao campo.
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2.4. Sistema por propagação vegetativa
a. Estaquia
Elaboração de estacas
Corte da Árvore Elimina-se partes tenras e Tratamento fúngico
Com 1,5 a 2 anos Coleta de brotos Benlate, solução
Aos 2 meses lignificadas; comprimento
de idade, a 15 cm de 12 a 14 cm com 1 a 2 de 200 ppm na base
de altura, em bisel após o corte das estacas
pares de folhas cortadas
pela metade
Recipientes Plantio
Sacos com subsolo, mais Tratar a base das estacas Enraizamento
camada de 2 cm de areia, com AIB (7500 a 8000 ppm) Ocorre de
orifício de 4 cm em talco ou solução de 10 a 15 dias
(ou tubetes) água e alcool 50% e plantar
Seleção
Adubação 35 a 40 dias pós-plantio,
Feita 25 dias após o plantio, Campo
transferir para área Depois de 70 a 80
em geral com 3 kg de 5-17-3 descoberta, desbrotar,
por 100 l de água, suficiente dias pós-plantio
fazer adubação
para 10000 embalagens semelhante
Para prevenir a infestação de fungos, as estacas têm sua base mergulhada numa
solução de Benlate (200 ppm ou 0,2%), logo após terem sido preparadas. No momento da
aplicação do hormônio para indução do enraizamento as estacas podem novamente ser
tratadas com Captan a 2%.
Os recipientes normalmente utilizados são sacos plásticos enchidos com terra de
subsolo, completados (2 a 3 cm) com areia para melhorar o arejamento da base da
estaca. Esses recipientes são então colocados no local sombreado, irrigados até a
capacidade de campo, e o plantio é feito em orifícios de 4 cm de profundidade.
Antes do plantio as estacas são tratadas com ácido indolbutírico (AIB) que tem
sido o mais eficiente para estimular o enraizamento, diluído em talco, na proporção de
10
1.000 a 8.000 ppm. Outros hormônios podem ser utilizados, isoladamente ou em mistura,
tais como o ácido indolacético (AIA), o ácido naftalenoacético (ANA) e o 2-4-
diclorofenoxiacético (2-4-D).
Nas condições citadas, as estacas apresentam enraizamento entre 10 a 15 dias.
Vinte e cinco dias após o plantio é feita uma adubação à base de 3 kg de NPK (5:17:3)
diluídos em 100 l de água para 10.000 recipientes. Durante todo o período de
enraizamento, na casa de vegetação, são necessárias aplicações preventivas semanais
de fungicidas, alternando entre produtos sistêmicos e não-sistêmicos.
Com a idade de 35 a 40 dias é feita a seleção, e as mudas são transferidas para a
área descoberta, onde é feita uma adubação semelhante à anterior, fazendo-se
simultaneamente o desbrotamento. Alí as estacas permanecem por mais 35 a 40 dias,
quando então podem ir para o campo.
Modelo 2: semelhante ao Modelo 1, diferenciando-se apenas em algumas fases
conforme pode ser observado na Figuras II-3
Elaboração de estacas
Recipientes
6 a 8 cm de comprimento;
Corte da Árvore Tubetes, com substrado
um par de folhas; nova
Diâmetro de 5 cm, de 50% de palha de arroz
coleta a cada 60 dias;
altura de 60 cm carbonizada, 30% de
substituição da cepa fraca
em bisel vermiculita e 20%
ou morta; produz 120
de solo
estacas por cepa por coleta
Espécie Resultado
Eucalyptus acmenioides +
Eucalyptus alba +
Eucalyptus brassiana +
Eucalyptus citriodora -
Eucalyptus cloeziana -
Eucalyptus deglupta +
Eucalyptus grandis +
Eucalyptus grandis x E. urophylla +
Eucalyptus maculata -
Eucalyptus microcorys +
Eucalyptus pellita +
Eucalyptus pilularis +
Eucalyptus propinqua -
Eucalyptus resinifera +
Eucalyptus robusta +
Eucalyptus saligna +
Eucalyptus tereticornis +
Eucalyptus torelliana +
Eucalyptus torelliana x E. citriodora +
Eucalyptus urophylla +
+ positivo; - negativo
b. Enxertia
Técnica que utiliza alta tecnologia, consiste em se produzir brotos e raízes por
meio de células retiradas de órgãos de plantas, e tratadas em ambiente asséptico
contendo meio com substâncias estimulantes (Figura II-4).
(a)
(b)
Figura II-4 - (a) Micropropagação para rejuvenescimento (ASSIS, 1996a); (b) explante de
pinus em tubo de ensaio.
A taxa de multiplicação deste método é mais elevada do que nos outros sistemas
de multiplicação. É uma técnica que oferece excelentes possibilidades para a propagação
comercial de plantas, como também, pode auxiliar em programas de melhoramento,
possibilitando, neste último caso, grande economia, além da antecipação em décadas,
dos resultados finais. Como técnica de clonagem comercial, possibilita a obtenção de
grande número de plantas a partir de poucas matrizes, em curto espaço de tempo e em
reduzida área de laboratório (PAIVA e GOMES, 1995)
No tubo de ensaio (Figura II-4), o substrato é formado por macro e micro
nutrientes, fitohormônios, aminoácidos, sacarose, agar. Estes produtos são uma das
limitações do método, por serem dispendiosos. Além disso os custos iniciais para
treinamento e dos equipamentos de laboratório e importação de certos produtos, podem
interferir negativamente na produção de mudas em larga escala.
Outra dificuldade que se tem encontrado, é a rustificação das mudas.
Após o desenvolvimento inicial do material vegetativo, as mudas são levadas para
casa de vegetação, e os tratos são os mesmos do que para os outros métodos.
d. Microestaquia
e. Miniestaquia
(b)
(a)
(c)
Figura II-5 - (a) Muda de estaca enraizada, antes (esquerda) e após (direita) a poda do
ápice; (b) coleta de miniestacas em minicepa; (c) miniestaca pronta para a cada se
vegetação (XAVIER e WENDLING, 1998).
2.5. Recipientes
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Sendo que o tipo de recipiente influi diretamente na formação do sistema radicular
da muda e nas respostas à luminosidade, é de fundamental importância a escolha da
embalagem.
Algumas características do recipiente devem ser observadas na sua escolha:
a) resistência ao período de encanteiramento;
b) facilidade do preenchimento com substrato;
c) facilidade de manuseio;
d) facilidade de acondicionamento para transporte;
e) permeabilidade às raízes;
f) boa capacidade de retenção de umidade;
g) facilidade de decomposição no solo;
h) permitir o plantio mecanizável;
i) ter custo acessível.
Inúmeros são os tipos de recipientes encontrados no mercado, dentre eles:,
paper-pot (Figura II-6a), blocos ou bandejas de polietileno (Figura II-6b), de isopor, (Figura
II-6c), tubos de polietileno (Figura II-6d), sacos de polietileno (Figura II-6e), fértil-pot
(Figura II-6f), togaflora e laminados (Figura II-6g), jacás, latas, vasos de barro.
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(b)
(a)
(c) (d)
(f)
(e)
(g)
Figura II-6 - Tipos de recipientes para produção de mudas: paper-pot (a), blocos ou
bandejas de polietileno (b), win-strip (c-esquerda), bandejas de isopor (c, direita), tubos de
polietileno (d), sacos de polietileno (e), fértil-pot (f), togaflora (g, esquerda) e laminados (g,
direita).
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As embalagens mais utilizadas na silvicultura brasileira são:
a. Saco plástico
b. Tubos de polietileno
Este tipo de embalagem foi inicialmente utilizado pela Aracruz Florestal no Espirito
Santo, e foi difundido com rapidez no Brasil para produzir mudas de eucalipto. Hoje é
utilizado para outras espécies.
Consiste em um tubete individual, que tem como suporte bandejas de isopor, de
metal ou mesmo de polietileno. Para eucalipto, cada tubete tem em geral 127 mm de
comprimento por 28 mm de diâmetro na parte superior e se afunila no sentido da parte
inferior (56 cc). Estas medidas variam segundo os objetivos da produção das mudas.
Apresenta arestas internas que evitam enovelamento, e na ponta é perfurado para que as
raízes não cresçam demais.
Esta embalagem apresenta as seguintes vantagens:
a) possibilidade de mecanização da semeadura (Figura II-7);
b) menores problemas com o enovelamento das raízes;
c) possibilidade de mecanização no plantio;
d) maior quantidade de mudas transportadas do viveiro para o campo por viagem;
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Um dos substratos mais comuns nas misturas para tubetes é a vermiculita, que é
estéril, o que resulta na necessidade de maior número de adubações.
Este método é aplicado somente a espécies mais rústicas, como o pinus e alguns
eucaliptos, ou que mesmo não o sendo, suportam os traumas radiculares. As mudas
devem ser plantadas sob condições especiais de clima, com boa distribuição de chuvas e
baixa temperatura.
Em viveiro, a semeadura é feita no seu próprio solo, onde as mudas crescem até
a hora do plantio.
A área do viveiro é em geral maior, pois enquanto uma parte está sendo utilizada
para produção das mudas, a outra pode estar sendo melhorada com adubação verde.
Antes da formação dos canteiros, deve-se fazer a incorporação de adubo
químico, corretivo, herbicidas e desinfestante no solo.
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A semeadura pode ser feita a lanço ou em sulcos, em época que permita que o
plantio seja no período chuvoso. Deve-se fazer uma cobertura morta para aumentar a
germinação.
Quando as mudas estão com 20 cm de altura faz-se uma poda mecanizada de
raízes, com uma lâmina passando de 12 a 15 cm de profundidade, visando a rustificação.
Outra poda deve ser feita quando as mudas atingirem 28 a 30 cm de altura. Se
necessário, uma última poda deve ser feita antes do plantio para facilitar o arranquio, que
deve ser manual, selecionando-se as mudas por classe de altura. Estas são colocadas
em caixas de 2 x 3 m, com capacidade para 3 a 6 mil mudas, e mantidas úmidas até
serem levadas ao campo o mais rapidamente possível.
Em outros países, as mudas são embaladas em sacos plásticos ou de papel após
o arrancamento, para serem levadas para o campo com mais comodidade e com menor
perda de vitalidade.
Tratamentos fungicidas são feitos preventivamente contra o tombamento. Pode-
se utilizar a fertirrigação para acelerar o crescimento e aumentar o vigor das mudas.
O plantio pode ser mecanizado, obtendo-se quase 100% de sobrevivência.
4. Ferlilização
Para Acacia mangium, DIAS et al. (1991) determinaram que a dose de N para
solo de baixa fertilidade (LVa) e sem a inoculação de bactérias fixadoras deve ser de 100
g.m-3, com uma concentração crítica foliar de 1,52%. Concluíram também que as plantas
responderam negativamente à adição de K no solo.
No Quadro II-4 resume-se os efeitos de alguns nutrientes sobre o substrato e as
plantas e no Quadro II-5 as características de fertilidade para mudas de coníferas e
folhosas.
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Quadro II-4 - Efeitos da aplicação de alguns nutrientes sobre as plantas e o substrato
A faixa ideal de pH para o substrato está entre 5,5 e 6,5, onde há maior
disponibilidade de nutrientes e não há efeitos tóxicos causados pelo excesso de alumínio
e manganês.
5.2. Artificial
6. Poda
É uma técnica de manejo das mudas, que visa melhorar a relação parte
aérea/sistema radicular, proporcionando melhor aproveitamento de água e nutrientes, ou
favorecendo a sobrevivência das mudas no campo.
A poda pode ser:
7.1. "Damping-off"
É a mais importante das três, e pode ser causada por uma série de fungos
presentes nas sementes ou no solo, entre eles: Cercospora, Pestalozzia, Fusarium,
Phytophora, Botrytis, Diplodia, Cylindrocladium, Pythium e Rhisoctonia. Os três últimos
são os mais comuns nos nossos viveiros.
7.4. Controle
a. Controle preventivo
b. Controle curativo
10. Localização
10.2. Solo
O solo deve ter boas propriedades físicas e profundidade suficiente para permitir
a drenagem adequada.
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Aqueles solos chamados "pesados" (argilosos) devem ser evitados devido à
dificuldade de cultivo e limpeza, alem de ficarem pegajosos quando molhados e duros
quando secos.
Observar este fator é relevante quando se utiliza o próprio solo do viveiro para
preparação de mudas de raízes nuas.
Para mudas embaladas, o transtorno focaliza-se apenas nos problemas com
drenagem do excesso de água de irrigação no fundo dos canteiros e nas áreas de
trânsito. Neste caso, as dificuldades podem ser superadas forrando-se o fundo dos
canteiros e carreadores com materiais permeáveis como brita ou cascalho.
No hemisfério sul deve ser evitada a face sul, por ser menos iluminada e mais
sujeita aos ventos frios.
As mudas são susceptíveis a danos físicos provocados por ventos frios, que
podem provocar queimaduras em plântulas muito novas.
10.5. Declividade
10.6. Área
10.9. Irrigação
10.10. Drenagem
10.11. Quebra-ventos
Os quebra-ventos são importantes para conter os ventos fortes e/ou frios que
sejam capazes de provocar aumento da evapotranspiração e de danificar folhas e até
mesmo plantas inteiras.
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11. Dimensionamento
Para este sistema não existem fórmulas especiais. Os cálculos devem ser
adaptados ao tamanho das embalagens utilizadas, e outros parâmetros que serão
exemplificados a seguir.
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11.2. Exemplos de dimensionamento
Problema:
- 1000 ha de reflorestamento
- espaçamento → 3,0 m x 1,5 m
- espécies/área de plantio: - Pinus elliottii (800 ha)
- Pinus taeda (200 ha)
- dimensões dos canteiros - 1,1 m x 50 m (55 m2)
- características tecnológicas das sementes:
Espécie Germinação (%) Pureza (%) No sementes por kg
P. elliottii 80 97 31.500
P. taeda 70 95 36.000
Solução
1º - Número de mudas por ha
2
10000 m → área de 1 ha
2
4,5 m → área ocupada por uma árvore no campo
= 2222 mudas por ha
4º - Áreas do viveiro
2 2
área útil → 112 canteiros x 55 m por canteiro = 6.160 m
2
área não útil → (em geral, o mesmo da área útil) = 6.160 m
2
área total → 12.320 m
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5º - Quantidade de sementes por espécie
P. elliottii P. taeda
400 × 55 400 × 55
K = K =
0,8 × 31 . 500 × 0,97 × (1 − 0,1) 0,7 × 36 . 000 × 0,95 × (1 − 0,1)
K = 1 kg de sementes por canteiro K = 1,021 kg de sementes por canteiro
1 kg x 88,88* canteiros = 88,88 kg de 1,021 kg x 22,22 canteiros = 22,69 kg de
sementes sementes
* usar o valor real, não aproximado, para não ocorrer excesso de sementes.
7º Tabela resumo
Discriminação P. elliottii P. taeda Total
Nº de mudas por ha 2.222 2.222 2.222
Nº de mudas necessárias 1.955.360 488.840 2.444.200
Quantidade de canteiros por espécie 89 23 112
Área útil (m2) -- -- 6.160
Área não útil (m2) -- -- 6.160
Área total (m2) -- -- 12.320
Quant. de sementes por canteiro (kg) 1 1,021 --
Quant. total de sementes (kg) 88,88 22,69 --
Quant. de sementes por fileira 1.432 1.671 --
Quant. de sementes por m linear 30 35 --
⎛ 11,5 × 2
2
⎞
⎜ 100 ⎟
área ocupada por embalagem = ⎜ ⎟ = 0,00536 m2
⎜ π ⎟
⎝ ⎠
P. elliottii P. taeda
1.955.360 ÷ 10.261 ≅ 191 canteiros 488.840 ÷ 10.261 ≅ 48 canteiros
Total ≅ 239 canteiros
3º - Áreas do viveiro
área útil → 239 canteiros x 55 m2 por canteiro = 13.145 m2
área não útil → (em geral, o mesmo da área útil) = 13.145 m2
área total → = 26.290 m2
5º Tabela resumo
Discriminação P. elliottii P. taeda Total
Nº de mudas por ha 2.222 2.222 2.222
Nº de mudas necessárias 1.955.360 488.840 2.444.200
Quantidade de canteiros por espécie 191 48 238
Área útil (m2) -- -- 13.145
Área não útil (m2) -- -- 13.145
Área total (m2) -- -- 26.290
Quantidade de mudas por canteiro 10.261 10.261 --
Quantidade total de sementes (kg) 266,644 68,064 --
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12. Referências Bibliográficas
1. Introdução
Vários parâmetros são utilizados para avaliar a qualidade das mudas de espécies
florestais e, dentre eles, destacam-se: altura da parte aérea, sistema radicular, diâmetro
do coleto, proporção entre as partes aérea e radicular, proporção entre o diâmetro do
coleto e a altura da parte aérea, pesos de matéria seca e verde das partes aérea e
radicular, rigidez da parte aérea, aspectos nutricionais, etc.
Muitos desses parâmetros têm sido testados por meio da avaliação da
sobrevivência e do crescimento da muda no campo, e os resultados têm sido muito
variáveis, mesmo com mudas consideradas de alto padrão de qualidade morfológica e
plantadas em sítios favoráveis. Nenhum parâmetro deve ser usado como critério único
para classificação de mudas. Na realidade, há dependência entre os parâmetros
mencionados. Esses parâmetros sofrem acentuada influência das técnicas de produção
de mudas empregadas no viveiro, principalmente nos aspectos densidade, poda de
raízes, fertilidade do solo e disponibilidade hídrica nos tecidos das mudas (Carneiro, 1976,
citado por Fonseca, 1988). A deficiência hídrica do solo afeta mais o crescimento em
diâmetro que o crescimento em altura. Isso porque o diâmetro parece ser mais
dependente da fotossíntese que o crescimento em altura (Carneiro, 1976, citado em
FONSECA, 1988).
As raízes desenvolvem-se melhor em solos mais férteis; entretanto, nesses solos
o crescimento da parte aérea é ainda mais estimulado, resultando numa razão raiz/ parte
aérea menor que a encontrada em solos mais pobres (Sturion, 1981).
As características nas quais as empresas florestais se fundamentam, para
classificação da qualidade das mudas de eucaliptos, são baseadas na avaliação das
plantas pertencentes à unidade amostral, na qual são considerados os parâmetros: altura
média (entre 15 e 30cm), diâmetro do coleto (2 mm), sistema radicular (desenvolvimento,
formação e agregação), rigidez da haste (amadurecimento das plantas), número de pares
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de folhas (mínimo de três), aspecto nutricional (sintomas de deficiência) e resistência a
pragas e doenças (sanidade) (GOMES et al., 1996).
2. Parâmetros de verificação
É um indicador que sozinho não tem muita importância, pois através de uma
adubação nitrogenada excessiva, pode ocorrer maior crescimento em altura, e como
conseqüência um enfraquecimento geral aumentando a mortalidade no plantio.
Na prática, verifica-se a ocorrência de menor mortalidade entre mudas de menor
altura do que nas mais altas.
Quanto ao desenvolvimento no campo, existe muita controvérsia quanto à relação
altura no viveiro/sobrevivência no campo.
b. Diâmetro do coleto
Vários trabalhos indicam que mudas com maior diâmetro de coleto apresentam
maior sobrevivência no campo.
Se for necessário utilizar mudas com maior altura do que o normal, como por
exemplo num plantio em área com grande concorrência com outro tipo de vegetação, é
recomendável que estas tenham grandes dimensões de diâmetro de coleto.
a. Influência do sítio
Sempre que se arranca uma muda, esta sofre traumatismo nas raízes, levando a
brotações.
Na repicagem, deve-se observar que é fácil produzir deformações nas raízes, o
que leva a um menor desenvolvimento do sistema radicular. Essas deformações podem
ser evitadas ou diminuídas com um sulco ou furo de profundidade suficiente, posição
correta da muda em relação ao sulco ou furo e poda de raiz antes da repicagem.
b.4. Embalagem
b.5. Adubação