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FINANÇAS PÚBLICAS
AULA 1

Finanças Públicas em Concursos

As finanças públicas são um ramo do estudo econômico em que se situa o


governo, responsável pela aplicação de políticas que visem o contínuo aumento do
bem estar da população.
Para que o governo possa realizar políticas de alocação e de re-alocação de
recursos escassos, torna-se imprescindível a existência de fontes de arrecadação de
recursos, necessárias ao pagamento do que chamamos de estrutura pública,
responsável pelos estudos e aplicações de políticas econômicas objetivadas na
equidade e crescimento da renda.
Em concursos públicos, a matéria Finanças Públicas é a própria síntese das
atribuições do Estado no plano econômico, resultado da combinação das fontes de
arrecadação de recursos e dos conseqüentes usos, aplicados em despesas públicas.
Segue abaixo a caracterização teórica das Finanças Públicas e suas derivações
em nível econômico social.

Definição das Finanças Públicas, seus objetivos, metas e abrangências

Podemos nos valer das palavras de um dos mais importantes estudiosos das
finanças públicas para assim defini-la:
De acordo com Musgrave1, “Finanças Públicas é a terminologia que tem sido
tradicionalmente aplicada ao conjunto de problemas da política econômica que
envolvem o uso de medidas de tributação e de dispêndios públicos”.
Esta definição baseia-se no fato de que a necessidade de atuação econômica
do setor público prende-se na constatação de que a simples existência do sistema
de mercado não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas e funções que
visam o bem-estar da população.
A maneira pela qual o Estado intervém no processo econômico é dependente
da série de instrumentos pela qual este dispõe, de forma a financiar as suas
atividades.
Assim, poderíamos dizer que o estudo das Finanças Públicas abrange a
emissão de moeda e títulos públicos, a captação de recursos pelo Estado, sua

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MUSGRAVE, R. A. Teoria das Finanças Públicas. São Paul. Atlas, 1974

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gestão e seu gasto, para atender às necessidades da coletividade e do próprio


Estado.
Na captação dos recursos são estudadas as diversas formas de receitas,
obtidas em decorrência do patrimônio do Estado, do seu endividamento ou pôr força
do seu poder tributário. Uma vez captados os recursos, impõe-se a sua
administração até o efetivo dispêndio.
Na captação de recursos pelo Estado, assumem especial importância a
tributação e o endividamento público, inclusive emissão e resgate de títulos da
dívida pública, e concessão de garantias por entidades públicas.
A capacidade do Estado de tomar empréstimos está substancialmente
determinada pelo potencial de recursos compulsórios que, ano a ano, ele tem
condições de mobilizar da sociedade. Daí por que a tributação constitui um dos
principais elementos condicionantes do endividamento público.

Princípios Teóricos da Tributação

O Estado necessita financiar sua atividade intervencionista na sociedade. Os


recursos alocados nas chamadas funções do Estado, função alocativa, distributiva e
estabilizadora são obtidos através da tributação imposta à sociedade. A tributação
incide sobre a renda auferida pela sociedade o que, dessa forma, implica que a
intervenção estatal seja balizada no que chamamos de princípios teóricos da
tributação.
No entanto, antes de adentrarmos nesses princípios é importante termos em
mente que a tributação incidente sobre a renda adota determinados pressupostos,
em especial aquele que diz que a utilidade marginal da renda é decrescente. Esse
entendimento é o de que quanto maior a renda adicional recebida pelos
componentes da sociedade, menor é a utilidade que essa mesma renda possui.
Como os indivíduos de classes de renda mais altas já possuem, em tese, melhores
condições de vida, o ganho adicional de renda será utilizado na compra de bens e
serviços que são, não exaustivamente, supérfluos para uma qualidade de vida
digna.

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Princípio da Neutralidade

Os impactos gerados sobre os preços dos bens e serviços devem ser neutros,
ou seja, devem-se manter iguais os chamados preços relativos dos bens e serviços
(preço de um produto em relação aos outros). Vamos a um exemplo simples:
Antes de incidência da tributação o bem X custava R$ 10 e dos
demais bens Y, R$ 5.
Com isso o preço relativo do bem X em relação ao bem Y era igual a 2.

Preço X / Preço de Y

Para que seja mantida a neutralidade, a incidência da tributação sobre o bem


X deve ser igual os dos demais bens (Y).
Um aumento de 10% na tributação para todos os bens.
O preço do bem X passa a custar R$ 11 e o bem Y R$ 5,50.

Esse exemplo simples é a elucidação básica do que chamamos de


princípio da neutralidade. Na verdade, uma tributação neutra é aquela que
procurasse minimizar os impactos nas decisões econômicas dos agentes atuantes no
mercado.
Quando nos referimos à imposição de impostos sobre consumidores
de maneira neutra, estamos falando de impostos denominados “lump-sun tax”, ou
seja, impostos que recaiam de forma igual entre os agentes consumidores.
De forma diferente, a imposição pelo governo de imposto dito
seletivo, ou seja, que recaia sobre o bem X e não sobre o bem Y, tendem a impactar
nos preços relativos, deixando de ser neutro. Em função disso, a alocação de bens
deixa de ser eficiente, tornando possível a existência do que chamamos de peso
morto dos impostos.
O Sistema Tributário deve privilegiar a eficiência econômica, podendo
ser utilizado, inclusive, para corrigir distorções existentes no mercado. O princípio
da neutralidade está intimamente ligado ao conceito econômico chamado de Ótimo
de Pareto2, que seria a aplicação da tributação pelo governo da forma mais eficiente
possível.

2
Em sentido ao Ótimo de Pareto, a tributação incidente sobre os agentes econômicos não pode ser reorganizada para
aumentar o bem-estar de alguns indivíduos sem prejudicar o bem-estar dos demais indivíduos.

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Princípio da Equidade

O princípio da equidade é aquele seguido pelo Estado de forma a fazer


com que os impactos gerados pela tributação sejam equânimes, isto é, o ônus da
tributação deve ser distribuído de maneira justa entre os componentes da
sociedade.
A equidade é baseada em critérios a serem estabelecidos entre os indivíduos.
Estamos falando da chamada equidade horizontal, em que deve ser dispensando
tratamento igual entre indivíduos também iguais. De forma complementar temos a
chamada equidade vertical, em que os desiguais serão tratados de forma desigual.
A equidade pode ser avaliada sob outros dois princípios: princípio do benefício e
princípio da capacidade de pagamento.

Princípio do benefício

O princípio do benefício é aquele que diz que o consumidor deve pagar ao


governo, na forma de tributos, o equivalente ao total de benefícios que este recebe.
O problema encontrado para a correta aplicação do princípio do benefício é o
de como individualizar os serviços recebidos do governo, uma vez que estamos
falando de bens e serviços chamados públicos, em que o acesso a sociedade é
amplo e irrestrito.
Em termos econômicos, poderíamos ainda dizer que o princípio do benefício
garante que o preço do tributo deve ser igual ao chamado benefício marginal
adquirido com a cobrança tributária.

Princípio da capacidade de pagamento

A capacidade de pagamento esta diretamente relacionado à renda recebida


pelos agentes do mercado. Quanto maior a renda, maior é a capacidade de

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pagamento dos indivíduos. Um exemplo típico da aplicação do princípio da


capacidade de pagamento é o imposto de renda. Quanto maior a faixa salarial,
maior a alíquota incidente sobre a renda.
A capacidade de pagamento é mais fácil de ser medida do que o benefício
concedido pelo Estado, haja vista que a própria renda, o consumo e o patrimônio,
são os parâmetros utilizados pelo Estado para a imposição da sua atividade de
tributação.
Veremos adiante que o governo procura redistribuir a renda gerada na
economia, evitando o que nós chamamos de concentração de renda. A maneira pela
qual ele executa essa atividade é, por exemplo, a imposição dos chamados impostos
progressivos, de forma que, para níveis maiores de renda, consumo e patrimônio,
maior é a carga fiscal incidente. O objetivo é que, com essa maior arrecadação, o
governo possa executar os chamados programas de transferência de renda para a
população de menor poder aquisitivo.

Vamos a resolução de alguns exercícios para que possamos fixar esses


conceitos:

(AFRF/ESAF– 2000) A teoria econômica moderna estabelece critérios de imposição


de tributos. O critério que postula que a tributação não introduza distorções nos
mecanismos de funcionamento e alocação de recursos da economia de mercado é o
da

a) Universalidade
b) eqüidade
c) neutralidade
d) justiça social
e) adequação

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Resposta: A questão é direta ao afirmar que: O critério que postula que a tributação
não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos
da economia de mercado. Conforme verificamos, para que não haja distorções nos
mecanismos de mercado e na atual alocação de recursos é necessário que a
tributação realizada pelo Estado não altere os preços relativos dos produtos, ou
seja, que os preços de um produto em relação ao outro sejam mantidas constantes.
Essa definição refere-se ao princípio que conceituamos por neutralidade da
tributação. Essa mesma neutralidade está associada à idéia de eficiência do sistema
tributário.

(AFRF/ESAF-2002) Segundo o princípio da eqüidade, na teoria da tributação, dois


critérios são propostos: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais e
o estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. Indique quais são esses
critérios:

a) Neutralidade e eficiência
b) Benefício e capacidade de pagamento
c) Unidade e universalidade
d) Eficiência e justiça
e) Produtividade e eficiência.

Resposta: Perceba que a questão já fala do princípio da equidade, solicitando ao


concursando os critérios utilizados para a aplicação deste princípio. A única
estranheza, na forma de pegadinha, refere-se à conceituação do primeiro critério
utilizado: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais. Esse conceito
remete ao que definimos por equidade horizontal, em que é dispensa de tratamento
igual aos iguais.
Já o segundo critério vai direto ao ponto: estabelecimento de normas adequadas de
diferenciação. O estabelecimento de diferenciação, no que se refere à equidade,
está diretamente relacionado ao princípio da capacidade de pagamento.
Bem, por eliminação já poderíamos marcar a letra “b” que é o gabarito, mas é
importante considerarmos o seguinte: Conforme verificamos, de acordo com o
princípio do benefício, o consumidor deve pagar ao governo, na forma de tributos, o
equivalente ao total de benefícios que este recebe. Ou seja, todos aqueles que
recebem benefício na forma de bens públicos, iguais, devem pagar a mesma
tributação.

Gabarito: letra b

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(AFRF/ESAF-2002) A principal fonte de receita do setor público é a arrecadação


tributária. Com relação às características de um sistema tributário ideal, assinale a
opção falsa:

a) A distribuição do ônus tributário deve ser eqüitativa.


b) A cobrança dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais aquelas
pessoas com maior capacidade de pagamento.
c) O sistema tributário deve ser estruturado de forma a interferir o minimamente
possível na alocação de recursos da economia.
d) O sistema tributário deve ser eficiente e maximizar os custos de fiscalização da
arrecadação.
e) O sistema tributário deve ser de fácil compreensão para o contribuinte e de fácil
arrecadação para o governo.

Resposta: Essa questão é moleza. Entendo que mesmo não tendo estudado a
matéria, e estando atento na interpretação das alternativas, marcaríamos a letra
“d”. Não é razoável que os custos de fiscalização da arrecadação tributária seja
maximizada. Quando o sistema tributário é eficiente - parte correta da questão – o
custo para o controle da arrecadação já é minimizado. Não obstante, é importante
que o trabalho de fiscalização da arrecadação seja feito de forma mais eficiente
possível e menos custosa aos cofres públicos.
As demais alternativas tendem a maximizar o chamado “sistema tributário ideal”.

Exercícios:

1 - (AFRF/ESAF– 1998) Do ponto de vista das finanças públicas, diz-se, em relação


ao princípio do benefício, que

a) cada um deve pagar proporcionalmente às suas condições


b) este princípio é o mais adotado, sendo as despesas de consumo a variável que
melhor explica o benefício
c) a renda é uma medida para avaliar quantitativamente o benefício advindo dos
gastos públicos.
d) as pessoas devem ser tributadas de acordo com a vantagem que recebem das
despesas governamentais.

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e) este princípio é de fácil aplicação, não envolvendo questões subjetivas como o


conhecimento das curvas de preferência dos consumidores.

2 – (AFRF/ESAF– 1998) Afirma-se, na Teoria da Tributação, com relação ao princípio


de neutralidade, que

a) um tributo justo é aquele em que cada contribuinte paga ao Estado um montante


diretamente relacionado com os benefícios que dele recebe.
b) um imposto deve distribuir seu ônus de maneira justa entre os indivíduos.
c) os agentes deveriam contribuir com impostos de acordo com sua capacidade de
pagamento.
d) este princípio é seguido quando os tributos não alteram os preços relativos,
minimizando sua interferência nas decisões econômicas dos agentes de mercado.
e) um indivíduo paga o tributo de maneira a igualar o preço do serviço recebido ao
benefício marginal que ele aufere com sua utilização.

3 – (AFRF/ESAF– 1996) A teoria da tributação repousa em dois princípios


fundamentais. Aponte a opção que caracteriza estes princípios:

a) neutralidade e eficiência
b) justiça e eficiência
c) eficiência e eqüidade
d) eqüidade horizontal e eqüidade vertical
e) neutralidade e eqüidade

4 – (APO/MPOG/ESAF – 2001) As pessoas concordam que o sistema tributário deve


ser justo. No entanto, não existe acordo definitivo de como estabelecer esta quota.
Um dos enfoques adotados é o da capacidade de pagamento. Com relação a este
princípio, tem-se que:

a) cada contribuinte é tributado de acordo com sua demanda por serviços.

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b) o critério da capacidade de pagamento está relacionado à alocação dos benefícios


dos serviços públicos.
c) a aplicação de um tributo, de acordo com este princípio, é adotada em situações
em que os serviços públicos são fornecidos aos indivíduos, através de taxas,
contribuições de melhoria e pedágios.
d) um perfil de tributos diferenciados entre pessoas com renda ou bem-estar
desigual é referido como eqüidade horizontal.
e) a renda, consumo ou patrimônio são medidas para avaliar a capacidade de
pagamento.

5 – (ACE/TCU/ESAF – 2001) Com relação à tributação e à eqüidade, pode-se


afirmar que

a) a exclusão da tributação de rendimentos de determinadas pessoas fere o preceito


da eqüidade vertical.
b) a desconsideração das condições pessoais e familiares dos contribuintes fere o
preceito da eqüidade horizontal.
c) o consumo é o melhor indicador da capacidade de pagamento, pois, quanto maior
a renda dos indivíduos, maior é a proporção dos que gastam em consumo.
d) a principal vantagem da adoção do princípio do benefício, na tributação, é a sua
convergência com as políticas redistributivas.
e) a justificativa da progressividade na tributação se assenta na teoria de que a
utilidade marginal da renda, mesmo sendo sempre positiva, é decrescente.

6 – (ACE/TCU/ESAF – 2002) Com base na teoria da tributação, identifique a única


opção incorreta

a) A eficiência de um sistema tributário refere-se aos custos que impõe aos


contribuintes.
b) A eqüidade de um sistema tributário diz respeito à justiça na distribuição da
carga tributária entre a população.
c) Ao considerar alterações na legislação tributária, os formuladores de políticas
econômicas enfrentam um dilema entre eficiência e eqüidade.
d) Segundo o princípio do benefício, é justo que as pessoas paguem impostos de
acordo com o que recebem do governo.
e) A eqüidade vertical afirma que os contribuintes com capacidades de pagamento
similares devem pagar a mesma quantia.

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Gabarito:

1 d
2 d
3 c
4 e
5 e
6 e

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