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INTRODUÇÃO

A existência da água é essencial para a continuidade da vida em


todo o planeta, bem como para o desenvolvimento de grande parte
das atividades realizadas pelo homem, sejam elas urbanas, industriais
ou agropecuárias. A água é um dos principais componentes do
protoplasma ,sendo responsável pelo equilíbrio térmico da Terra. Com
efeito, em razão de uma série de propriedades físicas, químicas e
físico-químicas que lhe são peculiares, a água pode ser considerada o
bem mais caro e precioso oferecido pela natureza.

No entanto, apesar da sua importância, somente no século


passado é que foi atribuída maior atenção à proteção da qualidade da
água, desde a captação até sua entrega ao consumidor. Esta
preocupação derivou das descobertas científicas realizadas a partir de
então, que apontaram relações entre a água e a transmissão de várias
doenças causadas por agentes químicos e biológicos.

Em virtude de sua utilidade, a água é considerada um recurso


finito, escasso e dotado de valor econômico, sendo que por ser tão
importante, chega a definir o desenvolvimento que uma região, país ou
sociedade pode alcançar.
A quantidade de água doce líquida disponível em rios e lagos é ínfima
se comparada com a quantidade de água livre sobre a Terra. Porém,
mesmo com essa pequena quantidade, há uma série de problemas
ambientais ocasionados por atividades humanas, que acarretam em
desregulação dos ciclos sazonais dos rios.

CICLO HIDROLÓGICO
O ciclo hidrológico descreve a circulação da água na Terra e as
etapas deste processo são:

Chuva ou precipitação.
Escoamento superfi cial.
Infiltração.
Evapotranspiração.

Chuva ou precipitação
A precipitação compreende toda a água que cai da atmosfera na
superfície da Terra.

Escoamento superficial
O escoamento superficial é o deslocamento sobre o terreno, por ação
da gravidade, da água precipitada da atmosfera que não se infiltra no
solo ou não volta diretamente à atmosfera pela evapotranspiração.

Inifiltração
A infi ltração corresponde à água que atinge o subsolo os lençóis de
água subterrânia

Existem dois tipo de lençois de água:

Lençol freático: aquele em que a água se encontra livre, com sua


superfície sob a ação da pressão atmosférica.

Lençol subterrânio:aquele em que a água se encontra confinada por


camadas
impermeáveis do subsolo, sob ação de pressão superior à pressão
atmosférica.

Evapotranspiração
A transferência da água para a atmosfera se dá através de dois
mecanismos:

Evaporação: transferência da água superficial do estado líquido para o


gasoso.

Transpiração: processo onde as plantas retiram a água do solo pelas


raízes. A água é transferida para as folhas e então evapora.

Vimos que a água é um recurso natural necessário às diversas


atividades do homem. Desta forma, o suprimento de água, na
quantidade e na qualidade indicadas para os seus vários usos, deve
ser objeto dos programas de controle preventivo e corretivo da
poluição.

O ser humano deve ter em mente que, embora exista água em


abundância na Terra, a mesma é escassa em muitas áreas, devido à
sua má distribuição e às perdas, como também por causa da
degradação resultante das ações do homem.

O manejo do solo e dos recursos hídricos deve ser feito


considerando esses aspectos, de forma a sempre garantir a água na
qualidade e na quantidade necessárias aos seus múltiplos usos. Em
outras palavras, o manejo do solo e dos recursos hídricos deve seguir
o conceito de desenvolvimento sustentável.

Agora já sabemos a respeito das relações existentes entre a


qualidade da água e as ações do homem. Considerando que muitas
destas ações são indispensáveis para a nossa sobrevivência, como
reduzir ou mesmo eliminar os impactos negativos decorrentes das
nossas ações sobre a qualidade das águas?

Vimos que para o gerenciamento sustentável dos recursos


hídricos é necessário o controle da poluição das águas, no entanto,
para executar o mesmo é preciso entender um pouco mais sobre
poluição das águas, alvo de discussão do nosso próximo
conceito-chave.

Jogo das setas


ÁGUA: IMPUREZAS ENCONTRADAS, PARÂMETROS DE
QUALIDADE, E LEGISLAÇÃO

A quantidade de água livre sobre a Terra é de aproximadamente


1.370 milhões de Km , dos quais 0,6% é água doce líquida, o que
corresponde a 8,2 milhões de Km ; sendo que deste último valor
apenas 1,2% se apresenta sob a forma de rios e lagos, de modo que
os demais 98,8% são constituídos de água subterrânea, em que
apenas a metade é utilizável, já que a outra parte está situada abaixo
de uma profundidade de 800 metros, inviável para captação pelo
homem. Dessa forma, são aproveitáveis somente 98.400 Km de água
nos rios e lagos e 4.050.800 Km nos mananciais subterrâneos, o que
corresponde a cerca de 0,3% do total de água livre do Planeta (SETTI,
2001).

A qualidade da água é ainda uma problemática no mundo


moderno. De acordo com Braga et al (2002, p. 73):

Além dos problemas relacionados à quantidade de água


tais como escassez, estiagens e cheias, há também
aqueles relacionados à qualidade da água. A
contaminação de mananciais impede, por exemplo, seu
uso para bastecimento humano. A alteração da qualidade
da água agrava o problema da escassez desse recurso.
A Organização Mundial de saúde (OMS) estima que 25
milhões de pessoas no mundo morram por ano devido a
doenças transmitidas pela água, como cólera e diarréias.
A OMS indica que nos países em desenvolvimento 70 por
cento da população rural e 25 por cento da população
urbana não dispõem de Abastecimento adequado de água
potável.

À luz do século XXI a qualidade da água é ainda um grave


problema, inclusive em países emergentes (dentre os quais o Brasil
está inserido), em que cerca de um quarto da população urbana não
possui abastecimento de água potável.

Nas bacias hidrográficas, sobretudo as de abastecimento


público, é possível perceber inúmeros problemas ambientais como as
fontes de poluição difusas e pontuais, tais quais a pecuária e a
agricultura, que aliadas ao uso de agrotóxicos e à falta de conservação
dos solos são representativas e de mais difícil controle devido à grande
quantidade e à grandes extensões das áreas na maioria das bacias
hidrográficas desses mananciais. As indústrias, de modo geral são
outras fontes poluidoras como granjas, frigoríficos, matadouros,
curtumes e/ou qualquer atividade que gere resíduos que não tratam
seus efluentes, ou, que possuem sistemas de tratamento, mas
funcionam de forma ineficiente e inadequado. Além disso, as
atividades de mineração , pontos de banhistas e acondicionamento
inadequado de resíduos providos de atividades humanas (domésticas,
comercial, industrial e hospitalar) também são fontes de degradação
dos mananciais. (COSTA, 2002).

Segundo Viana (2002), toda água encontrada na natureza é


considerada como água bruta, sendo que esse termo significa apenas
que ela não foi trabalhada pelo homem, não denotando que ela não
sirva ao consumo humano.

Na maioria dos casos, a água bruta é considerada imprópria para


o consumo, por ter sido exposta aos elementos e, portanto à poluição
originária de atividades antrópicas como atividades agrícolas e
industriais e resíduos urbanos. No entanto, mananciais de água de
superfície que se mantenham convenientemente protegidos e, pois, a
salvo da poluição, podem conter águas adequadas ao consumo sem
tratamento prévio.
Dois fatores fundamentais contribuem para que a água de superfície
torne-se imprópria para o consumo:

• A água é denominada pela ciência de solvente universal. Isto


porque ela é capaz de dissolver praticamente tudo com o que
entre em contato, sejam sólidos (rochas, minerais, partículas
radioativas, etc), líquidos (biocidas, detergentes, etc) e gases
(emissões gasosas industriais, de veículos, etc).

• O fato da água encontrar-se-á superfície do solo e, portanto,


exposta a diversas fontes
poluidoras.

De acordo com Von Sperling (1996), o ser humano utiliza a água


para diversos fins como: abastecimento doméstico, abastecimento
industrial, irrigação, dessedentação de animais, aqüicultura,
preservação da fauna e da flora, recreação e lazer, harmonia
paisagística, geração de energia elétrica e diluição de despejos.
Destes usos, os quatros primeiros (abastecimento doméstico,
abastecimento industrial, irrigação e possivelmente dessedentação de
animais) provocam a retirada da água das coleções hídricas onde se
encontram; enquanto isso os demais usos são desempenhados na
própria coleção de água. Apenas os dois primeiros usos
(abastecimento doméstico e abastecimento industrial) estão
freqüentemente associados a um tratamento prévio da água, em razão
de seus requisitos de qualidade serem mais exigentes.

A inter-relação entre o uso da água e a qualidade requerida para


a mesma é direta. Dos usos citados acima, pode-se considerar que o
uso mais nobre seja o abastecimento de água doméstico, que requer a
satisfação de diversos critérios de qualidade; enquanto o uso menos
nobre é o da simples diluição de despejos, que não possui nenhum
quesito especial em termos de qualidade. No entanto, deve-se lembrar
que diversos corpos d’água têm usos múltiplos previstos para os
mesmos, decorrendo daí a necessidade da satisfação simultânea de
diversos critérios de qualidade.

Von Sperling (1996) assegura que a água bruta, presente nas


coleções de corpos d’água, possui componentes que alteram o seu
grau de pureza, que podem ser retratados, de uma maneira ampla e
simplificada, em termos das suas características físicas, químicas e
biológicas. Estas características podem ser manifestadas na forma de
parâmetros de qualidade da água. As principais características
da água podem ser expressas como:

• Características físicas: as impurezas enfocadas sob a


perspectiva física estão relacionadas, majoritariamente, aos
sólidos presentes na água, sendo que estes sólidos podem ser
em suspensão, coloidais ou dissolvidos, dependendo do
tamanho.

• Características químicas: as características químicas de uma


água podem ser explanadas por meio de uma das duas
classificações: matéria orgânica ou inorgânica.

• Características biológicas: os seres presentes na água


podem ser vivos ou mortos. Dentre os seres vivos, há os
pertencentes aos reinos animal e vegetal, além dos protistas.
Vale observar que na água pode haver a presença de sólidos e
organismos.
SÓLIDOS PRESENTES NA ÁGUA.

Todos os contaminantes da água, exceto os gases dissolvidos,


colaboram para a carga de sólidos; por isto, os sólidos são analisados
separadamente, antes de se apresentar os diversos parâmetros de
qualidade da água. Em suma, os sólidos podem ser classificados de
acordo com as suas características físicas (tamanho e estado) ou as
suas características químicas.
As características físicas podem ser classificadas como:

• Sólidos em suspensão;
• Sólidos coloidais;
• Sólidos dissolvidos.

A classificação por tamanho apresenta-se como uma divisão


prática. Convencionalmente, afirma-se que as partículas de menores
dimensões, capazes de passar por um papel de filtro de tamanho
especificado, referem-se aos sólidos dissolvidos (diâmetro inferior a
10-3 µm); já as de maiores dimensões, retidas pelo filtro são tidas
como sólidos em suspensão (diâmetro superior a 10° µm). Entretanto,
segundo Von Sperling (1996), os termos sólidos filtráveis e sólidos não
filtráveis são mais adequados. Numa faixa intermediária situam-se os
sólidos coloidais (diâmetro entre 10-3 e 100 µm) que são
importantes no tratamento da água, porém são de difíceis de serem
identificados pelos métodos simplificados de filtração em papel. Nos
resultados das análises de água, a maior parte dos sólidos coloidais
entra como sólidos dissolvidos e o restante como sólidos em
suspensão.

Já no que se refere à classificação pelas características


químicas, os sólidos presentes na água podem dividir-se em: sólidos
orgânicos e sólidos inorgânicos. Na classificação pelas características
químicas leva-se em conta que ao se submeter os sólidos a uma
temperatura elevada (550°C), a fração orgânica é volatilizada,
conservando depois da combustão somente a fração inorgânica;
sendo que os sólidos voláteis representam uma estimativa da matéria
orgânica nos sólidos, enquanto os sólidos não voláteis (fixos)
configuram-se como matéria inorgânica ou mineral (VON SPERLING,
1996).
PARÂMETROS DE QUALIDADE DA ÁGUA

De acordo com o supracitado Von Sperling (1996), a qualidade


da água pode ser expressa por meio de vários parâmetros, que
representam as suas principais características físicas, químicas e
biológicas. A descrição dos principais parâmetros é descrita a seguir;
valendo perceber que todos esses parâmetros são de determinação
rotineira em laboratório de análises de água.

1.3.1 Parâmetros físicos

Os parâmetros físicos podem ser classificados, segundo Mota (2003),


como:

• Cor: resulta da existência de substâncias em solução na água,


sendo responsável pela coloração desta.
• Turbidez: representa o grau de interferência com a passagem
da luz através da água, conferindo uma aparência turva à
mesma. É provocada principalmente por sólidos em suspensão.
• Sabor e odor: é a interação entre o gosto (salgado, doce,
azedo e amargo) e o odor (sensação olfativa). São provocados
pelos sólidos em suspensão, sólidos dissolvidos, gases
dissolvidos; então provêm de causas naturais (algas; vegetação
em decomposição; bactérias; fungos; compostos orgânicos) e
artificiais (esgotos domésticos e industriais).
• Temperatura: é a medição da intensidade de calor. É
provocada pela transferência de calor por radiação, condução e
convecção (atmosfera e solo), e também por águas de torres de
resfriamento ou aquecimento e despejos industriais. É um
parâmetro importante para o gerenciamento dos recursos
hídricos por influir em propriedades da água, tais como
densidade, viscosidade e oxigênio dissolvido.

Parâmetros químicos

Os parâmetros químicos podem ser classificados como: pH;


alcalinidade; acidez; dureza;
ferro e manganês; cloretos; nitrogênio; fósforo; oxigênio dissolvido;
matéria orgânica;
micropoluentes inorgânicos; e micropoluentes orgânicos.
pH
O pH é o potencial hidrogeniônico, sendo que representa a
concentração de íons +
hidrogênio H (em escala anti-logarítmica), indicando a condição de
acidez, neutralidade ou alcalinidade da água. A faixa de pH é de 0 a
14, de modo que ele é constituído, sobretudo, por sólidos e gases
dissolvidos (VON SPERLING, 1996).

Alcalinidade
A alcalinidade é a quantidade de íons na água que reagirão para
neutralizar os íons de hidrogênio; tratando de uma medição da
capacidade da água de neutralizar os ácidos, ou seja, a capacidade de
resistir às mudanças de pH, chamada de capacidade tampão. Os
principais constituintes da alcalinidade são os bicarbonatos (HCO-3 ),
carbonatos (CO3²- ) e os hidróxidos (OH); sendo ela provocada
mormente por sólidos dissolvidos na água (ibidem).

Acidez
A acidez trata da capacidade da água em resistir às mudanças
de pH causadas pelas bases; ocorrendo em razão, sobretudo, da
presença de gás carbônico livre (pH 4,5 e 8,2). É constituída
principalmente por sólidos dissolvidos e gases dissolvidos (CO2 e
H2S) na água (ibidem).

Dureza
Conforme Mota (2003), a dureza é resultante da presença,
principalmente, de sais
alcalinos terrrosos (cálcio e magnésio) e consiste na concentração de
cátions multimetálicos em solução, sendo que os cátions que mais
provocam a dureza são os cátions divalentes Ca²+ e Mg ²+. Em
condições de supersaturação, esses cátions reagem com ânions na
água, gerando precipitados. Dessa forma, a dureza pode ser
classificada como dureza carbonato e dureza não carbonato,
dependendo do ânion que ela se associa. A dureza correspondente à
alcalinidade é denominada de dureza carbonato, ao passo que as
outras formas são caracterizadas como dureza não carbonato; já a
dureza carbonato é sensível ao calor, precipitando-se em elevadas
temperaturas; sendo que a dureza é provocada principalmente por
sólidos dissolvidos. Mota (2003) classifica as águas em termos de
dureza (em CaCO3 ), da seguinte maneira:

< 50 mg/l CaCO3 – água mole

entre 50 e 150 mg/l CaCO3 – água com dureza moderada

entre 150 e 300 mg/l CaCO3 – água dura

> 300 mg/l CaCO3 – água muito dura

Ferro e manganês
Segundo, Mota (2003), o ferro e o manganês podem originar-se
da dissolução de
compostos do solo ou de despejos industriais. Von Sperling (1996)
complementa Mota (2003) quando afirma que o ferro e o manganês
estão presentes nas formas insolúveis (Fe3+ e Mn4+ ), numa grande
quantidade de tipos de solos. Na ausência de oxigênio dissolvido,
como, por exemplo, em águas subterrâneas ou fundos de lagos, ele se
apresenta na forma de solúvel Fe2+ e Mn2+ . Se a água, com as
formas reduzidas, for exposta ao ar atmosférico (Ex: na torneira do
consumidor), o ferro e o manganês voltam a se oxidar às suas formas
insolúveis, podendo acarretar em coloração da água, além de manchar
roupas durante a lavagem. São causados, mormente, pela dissolução
de compostos do solo.

Cloretos
As águas naturais, em maior ou menor escala, contêm íons
provenientes da dissolução de minerais, de forma que os cloretos (Cl-)
advêm da dissolução de sais que se tornaram sólidos dissolvidos ou
da intrusão de águas do mar, podendo advir ainda dos esgotos
domésticos ou industriais; em altas concentrações, resultam em sabor
salgado da água ou em propriedades laxativas (MOTA, 2003).

Nitrogênio
O nitrogênio pode apresentar-se em várias formas e estados de
oxidação; sendo que no meio aquático, ele pode ser encontrado como:
nitrogênio molecular (N2- ), escapando para atmosfera; nitrogênio
orgânico dissolvido e em suspensão; amônia (NH3-); nitrito (NO2-); e
nitrato (NO3-). É um elemento indispensável ao crescimento das algas,
mas em excesso pode provocar uma eutrofização (ibidem).

Fósforo
O fósforo na água existe, sobretudo, nas formas de ortofosfatos,
polifosfato e fósforo orgânico. Os ortofosfatos são diretamente
disponíveis para o metabolismo biológico sem necessidade de
conversões a formas mais simples, de maneira essas formas podem
ser PO4³- , HPO4³- , H2PO4- , H3PO4- . Já os ortofosfatos dependem
do pH; ao passo que os polifosfatos são moléculas mais complexas
com dois ou mais átomos de fósforo, de modo que o fósforo orgânico é
geralmente de menor importância. O fósforo é composto por sólidos
em suspensão e sólidos dissolvidos (VON SPERLING, 1996).

Oxigênio dissolvido
O oxigênio dissolvido (O.D.) é de fundamental importância para
os organismos aeróbios, sendo que durante a estabilização da matéria
orgânica, as bactérias usam o oxigênio nos seus processos
respiratórios, podendo acarretar em uma diminuição da sua
concentração no meio. Dependendo da magnitude deste fenômeno,
vários seres aquáticos podem morrer, como os peixes. Caso o
oxigênio seja totalmente consumido, têm-se as condições anaeróbias,
com geração de maus odores; de forma que vale perceber que o OD é
constituído por gás dissolvido (ibidem).

Matéria orgânica
Uma das principais causadoras da poluição das águas é a
matéria orgânica, em razão do consumo do oxigênio dissolvido pelos
microorganismos nos seus processos metabólicos de utilização e
estabilização da matéria orgânica. Os principais componentes
orgânicos são os compostos de proteína, os carboidratos, a gordura e
os óleos, além de outros em menor quantidade como uréia,
surfactantes, fenóis, pesticidas, ácidos solúveis. Em razão da grande
dificuldade na determinação laboratorial dos diversos componentes da
matéria orgânica, frente à grande variedade de formas e compostos
em que a mesma pode ser apresentada, utilizam-se geralmente
métodos indiretos para a quantificação da matéria orgânica, ou do seu
potencial poluidor. Assim, existem duas principais categorias: medição
do consumo de oxigênio, em que se destacam a Demanda Bioquímica
de Oxigênio (DBO) e a Demanda Química de Oxigênio (DQO); e a
medição do carbono orgânico, de onde se tem o índice de Carbono
Orgânico Total (COT). A DBO é o parâmetro tradicionalmente mais
utilizado e representa a quantidade de oxigênio que seria necessário
fornecer às bactérias aeróbias para consumirem a matéria orgânica
presente em um líquido; enquanto a DQO consiste na quantidade de
oxigênio necessária à
oxidação da matéria orgânica, através de um agente químico (MOTA,
2003).

Micropoluentes Inorgânicos
Alguns componentes inorgânicos da água, entre eles os metais
pesados, são tóxicos ao homem, como: arsênio, cádmio, cromo,
chumbo, mercúrio, prata, cobre e zinco; além dos metais, podendo
citar os cianetos que são incorporados à água através de despejos
industriais, atividades agrícolas, de mineração, etc. (MOTA, 2003).

Micropoluentes Orgânicos
Von Sperling (1996) afirma que alguns materiais orgânicos são
resistentes à degradação biológica, não integrando os ciclos
biogeoquímicos, de modo que se acumula em certo ponto do ciclo.
Enquanto isso, Braga (2002) acrescenta que alguns desses compostos
estão no meio aquático em concentrações que não são perigosas ou
tóxicas; porém, em razão do fenômeno da bioacumulação, sua
concentração no tecido dos organismos vivos pode ser relativamente
alta se não tiverem mecanismos metabólicos que eliminem estes
compostos após sua ingestão. Alguns exemplos de compostos dessa
natureza são: defensivos agrícolas, detergentes sintéticos e petróleo e
seus derivados.

Parâmetros biológicos
Braga (2002) traz que alguns organismos são indicadores da
qualidade biológica da água, sendo esta responsável pela transmissão
de um grande número de doenças, sobretudo nas áreas menos
desenvolvidas, onde o saneamento básico é precário ou inexistente.
Mota (2003) complementa que os coliformes são indicadores da
presença de microorganismos patogênicos na água, sendo
causadores de doenças.
No conceito-chave anterior você viu a importância do manejo
adequado do solo e dos recursos hídricos na preservação da qualidade
da água.

Contudo, para garantir os principais requisitos de qualidade da


água, em função dos seus usos previstos, é necessário conhecer as
principais fontes de poluição das águas, as suas conseqüências, bem
como as técnicas de controle da mesma.

Estes assuntos serão abordados neste conceito-chave com o


intuito de proporcionar a você e a seus colegas uma visão ampla e
crítica sobre os impactos da poluição das águas no meio ambiente, na
saúde e na qualidade de vida da população.

. car as fontes, as
Outro conceito de poluição das águas

Vamos comparar o conceito construído por você e seus colegas com o


conceito de poluição das águas apresentado a seguir.

águas.
Quais as semelhanças e as diferenças entre os dois conceitos?

Agora que já discutimos dois conceitos, vamos explorar as fontes, as


conseqüências e as técnicas de controle da poluição das águas.

Fontes poluidoras das águas

As fontes de poluição são várias, podendo ter origem natural ou serem


resultado das atividades humanas. As principais fontes de poluição
das águas são as seguintes:

Esgotos domésticos.
Esgotos industriais.
Resíduos sólidos.
Pesticidas, fertilizantes e detergentes.
Carreamento de solo.
Percolação do chorume dos depósitos de lixo.
Uma fonte poluidora pode atingir um curso d’água de duas formas:

Poluição pontual: os poluentes atingem o curso d’água de forma


concentrada (exemplo: tubulações de esgotos domésticos ou
industriais).

Poluição difusa: os poluentes entram no curso d’água em toda a


sua extensão (exemplo: agrotóxicos e fertilizantes utilizados em
culturas agrícolas).
A identificação da forma como uma fonte poluidora atinge um curso
d’água é importante na defi nição da melhor técnica de controle a ser
utilizada.

Conseqüências da poluição das águas

Vimos que a poluição das águas é originada de diferentes fontes, mas


é certo que todas trazem conseqüências negativas para o meio
ambiente e para a qualidade de vida das pessoas. As principais
conseqüências da poluição das águas são:

Impactos sobre a qualidade de vida da população.


Veiculação de doenças.
Prejuízos aos usos da água.
Agravamento dos problemas de escassez da água.
Elevação do custo do tratamento da água.
Desequilíbrios ecológicos.
Degradação da paisagem.

Técnicas de controle da poluição das águas

Para evitar as conseqüências da poluição das águas é necessário o


uso de medidas de controle, sendo as principais, apresentadas a
seguir:

Coleta e tratamento de esgotos domésticos e industriais.


Disposição adequado dos resíduos sólidos.
Aplicação controlada de fertilizantes e pesticidas.
Controle de focos de erosão.
Remoção de sedimentos e macrófi tas (lagos e represas).
Recuperação e revitalização de cursos d’água.
Controle da retirada de água dos cursos d’água.
Controle dos usos e ocupação do solo.

Vimos que dentre as fontes de poluição das águas, os esgotos


domésticos são os principais responsáveis pela degradação da
qualidade dos cursos d’água.

Um manancial contaminado pelo lançamento de esgotos pode


prejudicar os seus usos previstos e também transmitir doenças aos
homens. Para tentar minimizar ou até mesmo eliminar essas
conseqüências é necessário conhecermos um pouco mais sobre os
esgotos domésticos, assunto do nosso próximo conceito-chave.

Mas antes, vamos testar os conhecimentos adquiridos até este


ponto da ofi cina de capacitação, de forma descontraída, por meio da
dinâmica apresentada a seguir.
Uso industrial

As indústrias respondem por cerca de 22% do consumo total de


água, utilizando grandes quantidades de água limpa. O uso nos
processos industriais
vai desde a incorporação da água nos produtos até a lavagem de
materiais, equipamentos e instalações, a utilização em sistemas de
refrigeração e geração de vapor.

Dependendo do ramo industrial e da tecnologia adotada, a água


resultante dos processos industriais (efluentes industriais) pode
carregar resíduos tóxicos, como metais pesados e restos de materiais
em decomposição. Estima-se que a cada ano acumulem-se nas águas
de 300 mil a 500 mil toneladas de dejetos provenientes das indústrias.
Engana-se quem pensa que apenas as indústrias químicas são
grandes poluidoras.

Uma fábrica de salsichas, por exemplo, pode contaminar uma


área considerável, se não adotar um sistema para tratar a água usada
na lavagem dos resíduos de suínos.
Quando a água contaminada é lançada nos rios e no mar pode
provocar a morte dos peixes. Mesmo quando sobrevivem, podem
acumular em seu organismo substâncias tóxicas que causam doenças,
se forem ingeridos pelos seres humanos.

CICLO OPERACIONAL E.T.E ( ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE


ESGOTO)

O esgoto bruto chega à ETE e nesta fase é realizada um tratamento


preliminar, que consiste na remoção de materiais grosseiros (pedras,
gravetos, garrafas, plásticos, etc...) através de uma grade manual e, da
remoção de sólidos, tais como areia, com auxílio de um equipamento
mecanizado denominado Rotamat (ver figura 1). Estes materiais são
transferidos para um recipiente, que é enviado para um aterro
sanitário, e a parte líquida é bombeada para o tanque de
armazenamento e homogeneização (TAR - tanque de armazenamento
de resíduo), que se mantém sob constante agitação e aeração,
evitando o desprendimento de mau cheiro (ver figura 2).
Figura 1 – Equipamento Mecanizado, denomindado Rotamat,
destinado à remoção de sólidos, tais como areia.

Figura 2 - Tanque de armazenamento e homogeneização (TAR -


tanque de armazenamento de resíduo), mantido sob constante
agitação e aeração, evitando o desprendimento de mau cheiro.

Após retirada dos sólidos, o resíduo é recalcado para os reatores


aeróbios, chamados de SBR (sequência de reatores em batelada, ver
figura 3). Tem início o tratamento secundário, onde o resíduo entra em
contato com o lodo biológico composto principalmente por bactérias
heterotróficas, quimioautótrofas, protozoários e micrometazoários, que
serão responsáveis pelo tratamento. Estes microorganismos irão
degradar a maior parte da matéria orgânica contida no resíduo,
reduzindo consideravelmente sua carga orgânica inicial. Por se tratar
de material bacteriano, o seu crescimento é muito acentuado, devido a
alta taxa de reprodução das bactérias principalmente sob temperaturas
elevadas. O excesso de lodo formado no SBR descartado para um
tanque de estabilização e adensamento de lodo, que após conclusão
desta etapa é recalcado para os leitos de secagem, perdendo água por
infiltração e evaporação.

Figura 3 - Reatores aeróbios, denomindados (sequência de reatores


em batelada).

O tratamento secundário possui um ciclo de trabalho composto pelo


enchimento, aeração, sedimentação e descarte, definido pela
qualidade desejada para o efluente, vazão média da estação,
características físico-químicas do afluente, características biológicas do
lodo, dentre outras. No final deste ciclo, ou seja, após sedimentação, é
feito o descarte do sobrenadante, sendo recalcado até o filtro de areia
(ver figura 4) com granulometria adequada para retirada dos sólidos
que ainda persistam. Após a filtração, o efluente segue por gravidade
para a câmara de desinfecção (ver figura 5), onde recebe hipoclorito
de sódio assegurando a qualidade final do efluente que será lançado
no corpo receptor.
Figura 4 – Filtro de areia com granulometria adequada para retirada
de sólidos que persistam após sedimentação no SBR.

Figura 5 – Câmara de desinfecção onde é adicionado hipoclorito de


sódio assegurando a qualidade final do efluente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Resolução no 20,
de 18 de junho de 1986.
Decreto Estadual no 8.468, de 8 de setembro de 1976 – São Paulo.
Metcalf & Eddy (1977). Tratamiento y depuración de kas aguas
residualis, Madrid, Editorial labor, s.a.
Sperling M.V. (1997). Princípios do tratamento biológico de águas
residuárias. Belo Horizonte, Departamento de Engenharia Sanitária e
ambiental; Universidade Federal de Minas Gerais.

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