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Ementário Forense

(Votos que, em matéria criminal, proferiu o Desembargador


Carlos Biasotti, do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo. Veja a íntegra dos votos no Portal do Tribunal de
Justiça: http://www.tj.sp.gov.br).

• Furto (1a. Parte)


(art. 155 do Cód. Penal)

Voto nº 10.797

Apelação Criminal nº 990.08.074315-5


Arts. 14, nº II, e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 386, nº III, e 580 do Cód. Proc. Penal;
art. 14 da Lei nº 10.826/03; arts. 5º e 144 da Const. Fed.

– Conforme a lição abalizada de E. Magalhães Noronha, “em nosso


Código, não são puníveis os atos preparatórios” (...). Para nossa lei, só
há tentativa quando há ato de execução” (Direito Penal, 2a. ed., vol. I,
p. 155).
– Incorre em crime e, pois, sujeita-se às penas da lei aquele que, sem
licença da autoridade, mantém sob guarda arma de fogo, nada
importando a inexistência de perigo concreto (art. 14 da Lei nº
10.826/03).
–“A ratio legis reside exatamente nisso: para proteger direitos funda-
mentais do homem, como a vida, o legislador antecipa a punição a
fatos que, de acordo com a experiência, conduzem à lesão de bem de
valor supremo” (Damásio E. de Jesus, Direito Penal do
Desarmamento, 5a. ed., p. 44).
Voto nº 10.963

Apelação Criminal nº 990.08.060733-2


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 180 do Cód. Penal;
arts. 77 e 78 do Cód. Penal; art. 89 da Lei nº 9.099/95

– Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu
confesso, foi detido na posse do produto do crime (art. 155, § 4º, ns. I e
IV, do Cód. Penal).
– É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem
justificativa satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
– Que melhor prova da culpabilidade do agente do que haver admitido,
sem rebuços, a autoria do fato criminoso?!
– Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a
confissão lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo
considerada como a prova por excelência” (Vicente de Azevedo,
Curso de Direito Judiciário Penal, 1958, vol. II, pp. 61-62).
– A pedra angular do benefício do art. 89 da Lei nº 9.099/95 é que “o
acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por
outro crime”.
– Após a Reforma Penal de 1984, o instituto do “sursis” converteu-se em
“medida penal de natureza restritiva da liberdade. Trata-se de forma de
execução da pena. Não é um benefício. Tem caráter sancionatório”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 276).

Voto nº 10.971

Apelação Criminal nº 990.08.066628-2


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 155, § 2º, do Cód. Penal; art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

– A apreensão da “res” em poder do imputado, que o não saiba justificar,


basta a firmar-lhe a responsabilidade criminal, pois de ordinário
pertencem as coisas para a esfera de seu dono, que não de estranhos.
– Nos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a
velha fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig.
4,1,4).
– Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância repre-
senta violação grave da lei, que manda punir o infrator; destarte, subtrair
a seu rigor o culpado, sem relevante razão de direito, fora escarnecer da
Justiça, que dispensa a cada um o que merece. Em verdade, conforme
aquilo de Alberto Oliva, “todo homem deve saber do fundo de seu
coração o que é certo e o que é errado” (apud Ricardo Dip e Volney
Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3; Millennium Editora).
– Suposto direito de todo o réu permanecer calado (art. 5º, nº LXIII, da
Const. Fed.), custa a crer assim proceda o inocente. É que a Natureza a
todos os homens ensinou repelir, ainda que pela força, injusta ofensa.
– De presente, predomina a teoria do domínio do fato no concurso de
pessoas: “responde pelo crime não só o executor físico, que produz o
resultado, mas também o partícipe, que acede sua conduta à ação
principal” (Damásio E. de Jesus, Teoria do Domínio do Fato no
Concurso de Pessoas, 1999, p. 13).
– É aplicável o privilégio do § 2º do art. 155 do Cód. Penal, se primário o
réu e de pequeno valor a coisa furtada (como tal considerado o que não
excede ao salário mínimo).
– Não é o privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal incompatível com o
furto qualificado; uma vez concorram os requisitos legais, pode o Juiz
deferi-lo ao réu cujos antecedentes e personalidade o tornem merecedor
do benefício. Esta é a lição de graves autores (v.g.: Damásio E. de Jesus
e Paulo José da Costa Jr.) e a jurisprudência dos Tribunais (STF, STJ,
TACRIM-SP, etc.).

Voto no 388

Apelação Criminal no 1.054.513/0


Arts. 155 e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal

– Ainda que feita na quadra do inquérito, é valiosa a confissão da autoria de


crime e, pois, apta a ensejar a decretação de veredicto condenatório, se em
harmonia e conformidade com as mais provas dos autos.
–“O furto não se pode dizer consumado senão quando a custódia ou
vigilância, direta ou indiretamente exercida pelo proprietário, tenha sido
totalmente iludida” (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal,
1980, vol. VII, p. 25).
– Não há que arguir contra o regime fechado estabelecido para indivíduo
cuja vida tem sofrido incessantes desmaios no plano ético e social e cuja
personalidade se inclinou irreversivelmente para os ilícitos patrimoniais.
Voto nº 682

Apelação Criminal nº 1.065.195/1


Art. 155,§ 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal

– Ainda que do fato criminoso praticado na calada da noite não haja outras
testemunhas mais que as estrelas do céu, incensurável é a sentença que,
baseada em confissões extrajudiciais harmônicas e verossímeis, condena
sujeitos acusados de abigeato, ou furto de gado.
–“A confissão atendível é raio de luz que ilumina de jato todos os escaninhos
dos crimes ocultos, dissipa as dúvidas, orienta as ulteriores investigações e
conforta de um só passo os escrúpulos do juiz e as preocupações de justiça
dos homens de bem” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol.
I, p. 382).

Voto nº 1241

Apelação Criminal nº 1.111.093/4


Art. 155 do Cód. Penal

– É doutrina comum que a legitimidade do Assistente do Ministério Público


tem caráter supletivo: somente se exercita no caso de omissão ou inércia do
Ministério Público; se este já apelou, deve-se dar de mão ao recurso do
Assistente, dele não conhecendo, quando interposto pelo mesmo
fundamento (cf. Julio Fabbrini Mirabete, Código de Processo Penal
Interpretado, 5a. ed., p. 765).
– A intenção de furtar (“animus furandi”) é imprescindível à caracterização
do tipo do art. 155 do Cód. Penal. Se eram coisas que supunha
abandonadas (“res derelictae”) aquelas de que o réu se apropriara, nenhum
ilícito praticou, visto obrara sob a falsa impressão da realidade.
– Na falta de prova cabal do elemento subjetivo do crime de furto (“animus
furandi”), deve a causa decidir-se pela craveira comum de interpretação da
dúvida: absolver o réu e mandá-lo em paz.
Voto nº 1307

Apelação Criminal nº 1.097.261/4


Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;
art. 383 do Cód. Proc. Penal

– Sem violar o princípio da congruência – “sententia debet esse conformis


libello” –, pode o Juiz, nos termos do art. 383 do Cód. Proc. Penal (que lhe
autoriza a “emendatio libelli”), reconhecer qualificadora não capitulada na
denúncia, desde que nela descrita, porque se defende o réu dos fatos, não de
sua qualificação legal.
– Comete furto mediante fraude (art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal) o
empregado que, iludindo a atenção da vítima, exagera o cálculo de seus
débitos com terceiros e, ao liquidá-los, retém para si a diferença.
–“Post confessionem rei, nihil amplius quaeritur” (Ulpiano). Em lingua-
gem: após a confissão do réu, tudo o mais é escusado.

Voto nº 1172

Apelação Criminal nº 1.100.977/9


Arts. 171 e 155 do Cód. Penal

– Comete estelionato (art. 171 do Cód. Penal) o sujeito que falsifica cheque
de terceiro e o dá em pagamento de mercadorias, pois sobre lesar o
beneficiário, obra com inescusável má fé.
– A necessidade não conhece leis (“necessitas non habet legem”); mas, para
que atue como descriminante legal, é mister se prove, cumpridamente, a
existência do perigo atual, involuntário e inevitável, além da inexigibilidade
de sacrifício do interesse ameaçado (cf. Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 1998, pp. 92-93).
– Em caso de pena de curta duração, não é defeso conceder ao condenado
reincidente o benefício do regime semiaberto (cf. art. 33, § 2º, letra c, do
Cód. Penal).
–“Não há furto sem efetivo desfalque do patrimônio alheio” (Nélson
Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 23).
–“De mininus non curat praetor”, reza a parêmia latina: o pretor não olha
para bagatelas. As conchas da balança de Têmis não se destinam a pesar
fumaça!
Voto nº 1185

Apelação Criminal nº 1.099.813/5


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– Isto de ser o furto qualificado não obsta ao reconhecimento do privilégio


(art. 155, § 2º, do Cód. Penal), desde que, além do pequeno valor da coisa
furtada, “o sujeito apresente antecedentes e personalidade capazes de lhe
permitirem o benefício” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
1998, p. 495).
– Do réu confesso é bem que se amerceie a Justiça, pois ainda nos lábios
daqueles que resvalaram pela trilha sinuosa da delinquência, dizer verdade
passa por ato sempre louvável.
– Na forma do art. 16 do Cód. Penal, a presteza na devolução do objeto
material do furto à vítima justifica a redução da pena do réu além do
mínimo legal (1/3).

Voto nº 1194

Apelação Criminal nº 1.098.841/5


Art. 155 do Cód. Penal

– Segundo a jurisprudência dos Tribunais, pratica furto aquele que, para


alimentar rede de distribuição interna de imóvel, desvia a passagem de
água, por tubulação clandestina, que lhe obsta o registro pelo hidrômetro e,
destarte, causa prejuízo à empresa concessionária.

Voto nº 244

Apelação Criminal nº 1.045.195/0


Arts. 155, § 4º, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Consoante doutrina altamente reputada, não se diz “consumado o furto


senão quando a custódia ou vigilância, direta ou indiretamente exercida
pelo proprietário, tenha sido totalmente iludida” (Nélson Hungria,
Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 25).
– Ainda quando, verificada a hipótese do art. 64 do Código Penal, a sentença
condenatória anterior não prevaleça para o fim de reincidência, contudo
“subsistirá para efeito de maus antecedentes, nos termos do art. 59, caput,
do Código Penal” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 1995, p.
180).

Voto nº 276

Apelação Criminal nº 1.046.693/9


Arts. 155, § 4º, e 345 do Cód. Penal

– Só porque o alvo da persecução criminal, não deve o réu ser havido “a


priori” por incapaz de falar verdade. A versão que der ao fato será a pedra
de toque por onde conhecê-lo: se inverossímil, por força que mentiu; caso
contrário, foi veraz.
– Não comete o crime de furto, mas o de exercício arbitrário das próprias
razões quem, reputando-se credor de verba salarial, apodera-se de bens ou
coisas do empregador, que se recusava a satisfazer suas dívidas (art. 345 do
Cód. Penal).
– Dúvida quanto à existência do elemento subjetivo do tipo resolve-se em
favor do acusado.

Voto nº 312

Apelação Criminal nº 1.051.769/8


Art. 155, § 4º, nº III, do Cód. Penal

– Basta à condenação por tentativa de furto qualificado a prova que indica por
seu autor indivíduo encontrado na posse de chave falsa, com a qual forçava
porta de carro estacionado na via pública.
– A prisão em flagrante passa pela “prova mais eloquente do crime e da
respectiva autoria” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 5a. ed., p.
49).
– O regime prisional fechado é o que se mostra adequado ao autor de furto,
sujeito de mau interior já estigmatizado pela reincidência criminosa.
Voto nº 348

Apelação Criminal nº 1.043.767/8


Art. 155 do Cód. Penal;
art. 155, § 2º, do Cód. Penal

– Não tem jus ao privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal o autor de furto
de coisa cujo valor, embora se não deva aferir por padrão rígido, excede ao
do “salário mínimo vigente ao tempo da prática do fato” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 5a. ed., p. 481).

Voto nº 343
Apelação Criminal nº 1.043.221/8
Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal

– Ainda que tardiamente realizada, a vistoria no local do furto é apta a ensejar


reconhecimento de qualificadora se os peritos lograram comprovar o
rompimento de obstáculo à subtração da coisa (art. 155, § 4º, nº I, do
Cód. Penal).
– Furto famélico é só aquele que o agente comete impelido pela inexorável
necessidade de ocorrer à fome, a mais aguda das espadas. Do que
facilmente se mostra que não pode invocar essa descriminante legal quem
furta bens inconsumíveis, “verbi gratia”: aparelhos eletrodomésticos.
Admiti-la, em casos que tais, fora supor alguém capaz de comê-los, absurdo
desmarcado a que não se arroja homem sensato.
– No geral consenso dos penalistas, diz-se famélico o “furto praticado por
quem, em estado de extrema penúria, é impelido pela fome (coactus fame),
pela inadiável necessidade (propter necessitatis vim) de se alimentar”
(Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 33).

Voto nº 456

Apelação Criminal nº 1.045.839/6


Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal
– A apreensão da “res” em poder de quem lhe não é o dono induz à autoria do
crime, se não apresentada prova cabal de sua posse legítima.
– É furto mediante fraude (art. 155, § 4º, nº II, 2a. fig., do Cód. Penal) o
praticado pelo agente que subtrai veículo, após iludir, por telefone, a
vigilância daquele que o tinha sob custódia.

Voto nº 508

Apelação Criminal nº 1.063.161/6


Arts. 155, § 4º, nº IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
Art. 155, § 2º, do Cód. Penal

– É o privilégio do § 2º do art. 155 do Cód. Penal compatível com o furto


qualificado. Presentes os requisitos legais, pode o Juiz deferi-lo ao réu
cujos antecedentes e personalidade o recomendem ao benefício. Doutrina é
esta que professam graves autores (v.g.: Damásio E. de Jesus e Paulo José
da Costa Jr.) e a jurisprudência dos Tribunais (STF, STJ, TACRIM-SP,
etc.).

Voto nº 649

Apelação Criminal nº 1.068.065/2


Arts. 155 e 14, nº II, do Cód. Penal

– Há tentativa de furto quando o larápio empreende fuga e, logo perseguido,


desfaz-se das coisas subtraídas à vítima, que as recupera.
– Não repugna à consciência jurídica deferir o Magistrado o benefício do
regime aberto ao reincidente que não revele acentuado grau de
periculosidade. É que a prisão, muita vez, atinge “inocentes, como são a
esposa e filhos do criminoso, privados, sem culpa, de subsistência e do
convívio do chefe de família” (apud José Luís Sales, Da Suspensão
Condicional da Pena, 1945, p. 13). Ainda: “Na aplicação da lei, o juiz
atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum” (art. 5º da Lei de Introdução ao Cód. Civil).
Voto nº 777

Apelação Criminal nº 1.071.017/6


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– Fato atípico, pela ausência da intenção de apoderar-se, de modo definitivo,


da coisa alheia móvel, o furto de uso não se caracteriza se o réu, livre e
espontaneamente, não na devolve a seu dono.
–“Se não houve restituição e tampouco foi o veículo subtraído reposto no
estado anterior, não há cogitar do furto de uso” (Rev. Forense, vol. 194, p.
341).

Voto nº 780

Apelação Criminal nº 1.070.901/1


Arts. 155, § 4º, nº IV, e 71 do Cód. Penal

– Diz-se consumado o furto se a vítima, ainda que por breve espaço de


tempo, perdeu o contacto com a coisa que lhe fora subtraída.
– Embora viciado em drogas, não tem jus o réu à redução de penas do
parág. único do art. 26 do Cód. Penal, se o laudo médico-legal o
considerou absolutamente imputável.

Voto nº 787

“Habeas Corpus” nº 316.200/0


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Medida de força, em sacrifício da liberdade natural do indivíduo ainda não


condenado, a prisão sem pena somente se justifica em casos de absoluta
necessidade.
– A liberdade do réu, antes de seu julgamento definitivo, é, no regime
processual em vigor, a regra geral (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal). Tal benefício, mais que uma faculdade do Juiz, é direito subjetivo
processual do acusado (cf. Rev. Trim. Jurisp., vol. 77, p. 145; rel. Min.
Xavier de Albuquerque).

Voto nº 815

Apelação Criminal nº 1.074.449/6


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 26, parág. único, e art. 98 do Cód. Penal

– A confissão do réu na Polícia, desde que mais verossímil e conforme aos


elementos do processo, prevalece contra as declarações que deu em Juízo, a
descoberto de toda a prova.
– É consumado o furto, não só tentado, se o agente, primeiro que a Polícia lhe
deitasse a mão, teve a posse tranquila e desvigiada da “res furtiva”.
– Não há que contrapor à sentença que, atendendo à recomendação da perícia
médica, substitui por medida de segurança (tratamento ambulatorial), pelo
prazo mínimo de 3 anos, a pena de reclusão imposta a autor de furto
considerado toxicômano. A própria lei o faculta (art. 98 do Cód. Penal),
consideradas as circunstâncias pessoais do réu (dependente químico).

Voto nº 817

Apelação Criminal nº 1.078.477/9


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 71 do Cód. Penal

– A apreensão da “res furtiva” em poder de réu confesso constitui prova


cabal e inequívoca de sua culpabilidade.
– A prática de furtos mediante rompimento de obstáculo interpreta-se como
ofensa grave ao direito patrimonial alheio, não somente como obra da
irresponsabilidade juvenil; daqui o ser necessário o exemplo da lei.

Voto nº 826

Apelação Criminal nº 1.080.671/4


Art. 155, § 4º, nº III, do Cód. Penal
– Que melhor prova da culpa “lato sensu” do réu, do que ter sido preso na
posse mesma da coisa furtada e haver encetado fuga à vista da Polícia?
– Isto de trazer alguém consigo coisas alheias e não saber explicar-lhes
satisfatoriamente a origem vale por declaração de autoria de furto.

Voto nº 851

Apelação Criminal nº 1.084.943/9


Art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal

– Não há prova maior do que a confissão de boca própria (“Nulla est


major probatio quam proprio ore confessio”).
– Isto de ter sido feita na fase extrajudicial, não invalida a confissão. É
doutrina que tem por fiador não menos que o Pretório Excelso: “A
confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força
de convencimento que nela se contém” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
– Comete furto qualificado pela fraude (art. 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal)
o empregado que, mediante ardil, frustra a vigilância dos sócios da
empresa-vítima e desta subtrai valores.

Voto nº 863

Apelação Criminal nº 1.085.011/9


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– A confissão do acusado reputavam-na os velhos praxistas pela rainha das


provas: “regina probationum”.
– Para o efeito de aplicação do privilégio (art. 155, § 2º, do Cód. Penal), a
noção de pequeno valor da coisa furtada sói aferir-se pela bitola do salário
mínimo vigente à época do crime.
Voto nº 948

Apelação Criminal nº 1.087.043/0


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– Isto de não ter a vítima, ainda que por circunstância alheia à vontade do
agente, recuperado a totalidade das coisas que lhe foram subtraídas constitui
óbice invencível ao reconhecimento da tentativa.

Voto nº 967

“Habeas Corpus” nº 324.016/2


Art. 155 do Cód. Penal; art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal

– Em caso de furto simples, imputado a réu primário e sem antecedentes


criminais, a manutenção da custódia cautelar configura constrangimento
ilegítimo à luz do art. 310, parágrafo único, do Cód. Proc. Penal.

Voto nº 1119

Apelação Criminal nº 1.097.199/3


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal

– A justificativa inverossímil apresentada pelo réu, em cujo poder foi


apreendida a “res furtiva”, e sua incriminação pelo comparsa bastam para
elidir-lhe os protestos de inocência e autorizar condenação.
–“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre conven-
cimento que o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José
Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol.
II, p. 378).
Voto nº 1446

Apelação Criminal nº 1.133.305/4


Art. 155 do Cód. Penal

– Consuma-se o furto quando o agente retira a coisa da esfera de vigilância e


disponibilidade da vítima e sobre ela exerce posse tranquila e desvigiada.
– A falta de recuperação das coisas furtadas à vítima impede o reconhe-
cimento da tentativa.

Voto nº 10.795

Apelação Criminal nº 990.08.044831-5


Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 155, § 2º, do Cód. Penal

– Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme


de eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha
das provas (“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e
tal apanágio ainda lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais; pelo
que, autoriza a edição de decreto condenatório.
–“É sumamente tranquilizador para a consciência do Juiz ouvir dos lábios
do réu uma narrativa convincente do fato criminoso com a declaração
de havê-lo praticado” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal,
1980, vol. I, p. 381).
–“Embora o Código Penal empregue a expressão pode, a aplicação do
privilégio, desde que presentes as suas circunstâncias, é obrigatória.
Não se trata de simples faculdade, no sentido, de poder o juiz reduzir
(ou substituir) ou não a pena. É um direito do réu” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 566).

Voto nº 11.037

Apelação Criminal nº 990.08.050493-2


Arts. 155 e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
– Aquele que, arguido acerca do fato criminoso, cerra os lábios e nada
responde, nisso mesmo dá a conhecer sua grande culpa, uma vez que
não é próprio do inocente suportar em silêncio injusta acusação,
podendo falar e defender-se. Afora os casos de exceção (que merecem
comprovados sempre), calado só permanece quem admite a veracidade
da imputação.
– É superior a toda a crítica a sentença que, amparada em prova oral
idônea, condena por tentativa de furto sujeito que, após entrar em
veículo de terceiro estacionado na via pública e pretender movimentá-lo,
recebe voz de prisão. O estado de flagrância impunha a solução
condenatória, ante a certeza da materialidade, autoria do crime e dolo do
agente (arts. 155 e 14, nº II, do Cód. Penal).

Voto nº 11.078

Apelação Criminal nº 990.08.106156-2


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal

– Está acima de crítica a decisão que condena por tentativa de furto o


sujeito que, réu confesso, é detido na posse do produto do crime (arts.
155, § 4º, ns. I e IV, e art. 14, nº II, do Cód. Penal).
– É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem
justificativa satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
– Que melhor prova da culpabilidade do agente do que haver admitido,
sem rebuços, a autoria do fato criminoso?!
– Se conforme com os mais elementos de convicção dos autos, pode a
confissão lastrear sentença condenatória, pois “continua sendo
considerada como a prova por excelência” (Vicente de Azevedo,
Curso de Direito Judiciário Penal, 1958, vol. II, pp. 61-62).

Voto nº 11.236

Apelação Criminal nº 990.08.046466-3

Arts. 155, “caput”, e 33, § 1º, alínea a, do Cód. Penal

– A palavra da vítima é ponto de alto relevo no campo da prova: se em


harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da
pretensão punitiva e a condenação do réu.
– O larápio contumaz e empedernido, que não emenda a mão e ainda
parece escarnecer da disciplina social, é razão expie seu castigo no
regime de maior rigor: o fechado (art. 33, § 1º, alínea a, do Cód.
Penal).

Voto nº 11.264

Apelação Criminal nº 990.08.095514-4

Arts. 155, § 4º, nº IV, e 43 do Cód. Penal

– Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito detido
na posse do produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
– A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique
pronta e satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime
se em harmonia com o conjunto probatório.
– Antes que reeducar o infrator, a prisão parece que o contamina e
perverte. Não poucos duvidam de sua eficácia como instrumento de
recuperação humana. Daqui por que, se primário o autor de furto, é
possível, atendendo-se às especiais circunstâncias do caso, aplicar
medida alternativa, sob o regime aberto. Demais, não é incompatível
a justiça com a indulgência, máxime se esta põe a mira na redenção do
homem, alma e escopo de toda a pena (art. 43 do Cód. Penal).

Voto nº 11.877

Apelação Criminal nº 993.05.015224-3


Arts. 155, § 4º, nº II, e 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal

– Doutrina perene de Nélson Hungria a respeito da tentativa de furto:


“O furto não se pode dizer consumado senão quando a custódia ou
vigilância, direta ou indiretamente exercida pelo proprietário, tenha
sido totalmente iludida. Se o ladrão é encalçado, ato seguido à
apprehensio da coisa, e vem a ser privado desta, pela força ou pela
desistência involuntária, não importa que isto ocorra quando já fora da
esfera de atividade patrimonial do proprietário: o furto deixou de se
consumar, não passando da fase de tentativa” (Comentários ao Código
Penal, 1980, vol. VII, p. 25).
– Na expressão clássica de Abel do Vale, o decurso do tempo apaga a
memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece (apud
Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
– A prescrição retroativa “atinge a pretensão punitiva, rescindindo a
sentença condenatória e seus efeitos principais e acessórios” (Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 361).

Voto nº 11.891

Apelação Criminal nº 993.07.111087-6


Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal; Súmula nº 231 do STJ;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, e 115 do Cód. Penal

– Sustenta-se em prova inabalável e, pois, está acima de crítica, a


sentença que condena por furto o agente que, ao receber voz de prisão,
ainda trazia à mão a “res furtiva” (art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal).
– “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução
da pena abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
– O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade
do exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código
Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto
de exame ou deliberação.

Voto nº 1195

Revisão Criminal nº 327.698/3


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal

– Constitui preceito normativo da propositura da ação revisional que


somente caberá nas hipóteses em que a sentença condenatória tiver
contravindo à evidência dos autos (art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).
Evidência, no rigor do termo, é a “noção clara e perfeita de uma
verdade incontestável” (Caldas Aulete, Dicionário, vol. I, 2a. ed.).
– Basta que a decisão impugnada se tenha baseado num só elemento capaz
de gerar convicção da existência do crime, de sua autoria e da
culpabilidade do agente, para que se guarde da increpação de haver
contrariado a prova dos autos.

Voto nº 455

Apelação Criminal nº 1.045.719/7


Art. 155, §§ 1º e 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art.78, § 2º, alíneas b e c, do Cód. Penal

– Não entram na avaliação dos antecedentes os processos em andamento, as


sentenças condenatórias recorríveis e, sobretudo, os inquéritos policiais;
inteligência diversa importaria ofensa grave ao princípio da presunção de
inocência do réu, que a Constituição da República solenemente consagra
(art. 5º, nº LVII).
– A majorante de pena do § 1º do art. 155 do Cód. Penal (repouso noturno)
não se aplica senão ao furto simples.

Voto nº 794

Apelação Criminal nº 1.086.369/2


Art. 155 do Cód. Penal

– A apreensão das “res furtivae” em poder do acusado, que o não justifica


razoavelmente, desterra eventual escrúpulo acerca de sua culpabilidade e
autoriza-lhe a condenação.
– Diz-se consumado o furto quando o réu teve a posse desvigiada e
tranquila das coisas subtraídas à vítima.
Voto nº 11.103

Apelação Criminal nº 993.08.040170-5


Arts. 155, § 4º, nº IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 2º, e 115 do Cód. Penal

– É argumento lógico irrefragável que a posse de coisa alheia sem


justificativa satisfatória induz à certeza de sua origem ilícita.
–“O Código Penal, descrevendo a qualificadora, fala em crime cometido
mediante duas ou mais pessoas (...). Não diz subtração cometida. Entre
nós, comete crime quem, de qualquer modo, concorre para a sua
realização (art. 29, caput). De maneira que o partícipe ou coautor
também comete crime” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 576).
– Acolhida preliminar de extinção de punibilidade do apelante pela
prescrição da pretensão punitiva estatal, todas as mais questões
perdem alcance e já não podem ser objeto de exame nem deliberação.

Voto nº 12.080

Apelação Criminal nº 990.08.154260-9


Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal

– Está acima de crítica a decisão que condena por abigeato o indivíduo


detido na posse de gado vacum, logo reconhecido pela vítima por sua
marca de domínio (art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal).
– A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique
pronta e satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime
se em harmonia com o conjunto probatório.
– “Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício
de sua culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p.
236).
– “A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua
acusação, firme e segura, em consonância com as demais provas,
autoriza a condenação” (Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).

(Em breve, novas ementas).

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