Você está na página 1de 511

Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do

Rio de Janeiro e de seu Entorno

Encadeamento da Cadeia do Aço Inox no Rio de Janeiro:


Perspectivas e Possibilidades da Zona Oeste

(Versão Final)

Projeto FAPERJ no E-26/110.644/2007

Eduardo Henrique da Cunha (Consultor)

Junho/2009
2

ÍNDICE

1. Introdução............................................................................................................................. 7
1.1. Um Comparativo de Crescimento entre as Diversas Matérias Primas ............................ 7
1.2. A Definição de Aço Inox ................................................................................................. 8
1.3. Formas do Aço Inox......................................................................................................... 8
1.4. Tipos de Aço Inox.......................................................................................................... 10
1.5. Aplicações do Aço Inox................................................................................................. 14
1.6. Tecnologias de Materiais ............................................................................................... 16
2. O Aço Inox no Mundo........................................................................................................ 17
2.1. A Evolução na Produção Mundial ................................................................................. 17
2.2. Os Principais Produtores Mundiais................................................................................ 18
2.3. O Mercado Mundial por País/Continente ...................................................................... 20
2.4. O Mercado Mundial por Tipo ........................................................................................ 20
2.5. A Previsão Futura do Mercado Mundial por País/Continente ....................................... 21
2.6. A Previsão Futura do Mercado Mundial por Tipo......................................................... 22
3. O Aço Inox no Brasil.......................................................................................................... 23
3.1. A Evolução da Produção Brasileira ............................................................................... 23
3.2. Os Produtores Brasileiros .............................................................................................. 24
3.3. A Cadeia Produtiva Brasileira ....................................................................................... 25
3.4. A Evolução do Consumo Aparente Brasileiro............................................................... 26
3.5. A Evolução do Consumo Aparente Brasileiro Per Capita ............................................. 27
3.6. Um Comparativo do Consumo Brasileiro Per Capita com Outros Países ..................... 28
3.7. O Mercado Brasileiro de Aço Inox por Aplicação ........................................................ 29
4. O Aço Inox no Estado do Rio de Janeiro ......................................................................... 30
4.1. Unidades Industriais no Estado do Rio de Janeiro......................................................... 31
4.3. O Mercado Aparente de Aço Inox no Estado do Rio de Janeiro ................................... 32
5.1. Necessidades do Pólo..................................................................................................... 34
5.2. A Mão de Obra na ZO MRJ........................................................................................... 35
5.3. Análise Geral ................................................................................................................. 36
5.3.1. Crescimento da Matéria Prima ................................................................................ 36
5.3.2 Crescimento do Mercado.......................................................................................... 36
5.3.3. Segmentos de Mercado............................................................................................ 36
5.3.4. Infra Estrutura Real em Relação à Ideal.................................................................. 36
5.3.5. Possibilidades de Organização do Pólo ................................................................... 37
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 38
3

ANEXO 1: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS


.................................................................................................................................................. 40
ANEXO 2: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTICOS ... 43
ANEXO 3: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS
MARTENSÍTICOS................................................................................................................ 44
ANEXO 4: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS DUPLEX............ 45
ANEXO 5:COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS ENDURECÍVEIS
POR PRECIPITAÇÃO.......................................................................................................... 45
ANEXO6: PIB POR ESTADO EM 2.006 ............................................................................ 46
ANEXO7: PIB INDUSTRIAL POR ESTADO EM 2.006 .................................................. 47
ANEXO 8: DESCRIÇÃO DETALHADA DE SEGMENTOS CONSUMIDORES ........ 48
ANEXO 9: TEC DE 20/12/2.008 DOS PRODUTOS DE AÇO INOX............................... 49
ANEXO 10: CORRELAÇÃO DAS NORMAS DE INOX ................................................. 51
ANEXO 11: COMPARATIVO DO NÚMERO DE UNIDADES INDUSTRIAIS BRASIL
x RIO DE JANEIRO EM 2.005 ............................................................................................ 55

ÍNDICE DE FIGURAS, FOTOGRAFIAS, GRÁFICOS E TABELAS

Fluxograma 1: Cadeia Produtiva Brasileira do Aço Inox ........................................................ 26


Fluxograma 2: Configuração de um Pólo ................................................................................ 35
Fotografia 1: Fotos de Planos e Longos ..................................................................................... 9
Fotografia 2: Estrutura Típica Austenítica ............................................................................... 12
Fotografia 3: Estrutura Típica Ferrítica.................................................................................... 12
Fotografia 4: Estrutura Típica Martensítica ............................................................................. 13
Fotografia 5: Estrutura Típica Duplex ..................................................................................... 13
Gráfico 1 - Terminologia dos Produtos Siderúrgicos................................................................. 9
Gráfico 2 - Visualização dos Tipos de Aço Inox considerando o percentual de Cr e Ni......... 11
Gráfico 3 - Evolução da Produção Mundial de Aço Inox em Milhões de t ............................. 18
Gráfico 4 - O Mercado Mundial de Aço Inoxidável por Tipo ................................................. 21
Gráfico 5 - A Evolução da Produção Brasileira....................................................................... 24
Gráfico 6 - A Evolução do Consumo Aparente Brasileiro....................................................... 27
Gráfico 7 - A Evolução do Consumo Aparente Per Capita...................................................... 27
Gráfico 8 - Comparativo de Consumo Per Capita por País........................................................ 1
Gráfico 9 - Mercado Brasileiro por Segmento – 2.008 (Estimativa) ....................................... 29
Mapa 1 - Localização das Usinas Siderúrgicas Brasileiras...................................................... 25
Mapa 2 - Corrosão Atmosférica Brasileira .............................................................................. 31
4

Quadro 1 - Taxa Média de Crescimento do Consumo Mundial dos Materiais Metálicos ......... 7
Quadro 2 - Principais Elementos de Liga e Impurezas dos Aços ............................................ 10
Quadro 3 - Nível de Desenvolvimento Científico dos Materiais ............................................. 17
Quadro 4 - Principais Produtores Mundiais de Aço Inoxidável Plano .................................... 18
Quadro 5 - Principais Produtores Mundiais de Aço Inoxidável Longo ................................... 19
Quadro 6 - O Mercado Mundial por País/Continente em Milhões de t ................................... 20
Quadro 7 - A Previsão Futura do Mercado Mundial por País/Continente em Milhões de t .... 22
Quadro 8 - A Previsão Futura do Mercado Mundial por Tipo................................................. 23
Quadro 8 - Consumo Aparente Brasileiro por Estado em 2.007.............................................. 33
Tabela 1: Tolerância de Corte dos Respectivos Equipamentos de Corte................................. 37
5

ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO 4

1.1 UMA COMPARAÇÃO DO CRESCIMENTO ENTRE AS DIVERSAS 4


MATÉRIAS PRIMAS

1.2 A DEFINIÇÃO DE AÇO INOX 5

1.3 AS FORMAS DO AÇO INOX 5

1.4 OS TIPOS DE AÇO INOX 7

1.5 AS APLICAÇÕES DO AÇO INOX 14

1.6 AS TECNOLOGIAS DE MATERIAIS 19

2 O AÇO INOX NO MUNDO 21

2.1 A EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO MUNDIAL 21

2.2 OS PRINCIPAIS PRODUTORES MUNDIAIS 22

2.3 O MERCADO MUNDIAL POR CONTINENTE/PAÍS 24

2.4 O MERCADO MUNDIAL POR TIPO 25

2.5 A PREVISÃO FUTURA DO MERCADO MUNDIAL POR 26


CONTINENTE/PAÍS

2.6 A PREVISÃO FUTURA DO MERCADO MUNDIAL POR TIPO 27

3 O AÇO INOX NO BRASIL 29

3.1 A EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO BRASILEIRA 29

3.2 OS PRODUTORES BRASILEIROS 31

3.3 A CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA 31

3.4 A EVOLUÇÃO DO CONSUMO APARENTE BRASILEIRO 33

3.5 A EVOLUÇÃO DO CONSUMO APARENTE BRASILEIRO PER 34


CAPITA

3.6 UM COMPARATIVO DO CONSUMO PER CAPITA BRASILEIRO 34


6

3.7 O MERCADO BRASILEIRO DE AÇO INOX POR APLICAÇÃÕ 36

4 O AÇO INOX NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 39

4.1 AS UNIDADES INDUSTRIAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 40

4.2 UM COMPARATIVO ENTRE O PIB CARIOCA E O PIB NACIONAL 41

4.3 O MERCADO APARENTE DE AÇO INOX NO ESTADO DO RIO DE 41


JANEIRO

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

5.1 AS NECESSIDADES DO PÓLO 44

5.2 A MÃO DE OBRA NA ZO MRJ 46

5.3 ANÁLISE GERAL 46

5.3.1 O Crescimento da Matéria Prima 46

5.3.2 O Crescimento do Mercado 46

5.3.3 Os Segmentos de Mercado 47

5.3.4 Infra Estrutura Real em Relação à Ideal 47

5.3.5 Possibilidades de Organização do Pòlo 48

REFERÊNCIAS 50

ANEXOS 52
7

1. Introdução

Este trabalho é fruto da experiência vivida no setor siderúrgico conjugado com a vontade de
contribuir para estudos de desenvolvimento e implantação de pólos de aço inox em cidades
com vocação no Brasil, bem como ajudar no aprofundamento da pesquisa desenvolvida no
Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenada
pela Profa Dra. Renata Lèbre La Rovere.

Um agradecimento especial à importante contribuição do Mário Cordeiro de Carvalho Júnior


à este trabalho. Este trabalho tem por objetivo principal analisar as potencialidades do Estado
do Rio de Janeiro no que se refere às condições mercadológicas em relação ao aço inox e a
possibilidade de instalação de um pólo de empresas que trabalhem com aço inox na Zona
Oeste do Município do Rio de Janeiro.

1.1. Um Comparativo de Crescimento entre as Diversas Matérias Primas

Entre as diversas matérias primas metálicas utilizadas pela indústria mundial destacam-se:
Aço Carbono, Alumínio, Cobre, Zinco, Aço Inoxidável e Chumbo.

O Quadro 1 apresenta a evolução de consumo dos principais materiais metálicos utilizados


pela indústria no mundo.

Quadro 1: Taxa Média de Crescimento do Consumo Mundial dos Materiais Metálicos

Taxa Média de Crescimento do Consumo Mundial dos


Materiais entre 1990 e 2005

Chumbo
Zinco

Cobre
Aço Carbono
Alumínio

Aço Inoxidável

0 1 2 3 4 5 6 7
%

Fonte: ThyssenKrupp Nirosta

Embora não esteja indicado no Quadro 1 a taxa média de crescimento dos plásticos, segundo
a Associação de Produtores Plastics Europe, no período de 1950-2005 é de 9,9%. Algumas
características dos plásticos são interessantes: baixa densidade com capacidade de assumir
formas diversas e resistência a corrosão. Por outro lado, possui baixa resistência mecânica em
geral, baixa rugosidade, e sua matéria prima atualmente advém do petróleo – com reservas
finitas. Porém, já pode ser fabricado através do álcool.

Conforme se pode observar no quadro acima e levando-se em consideração os dados relativos


aos plásticos - a matéria prima da indústria mundial com maior possibilidade de alcançar as
maiores taxas de crescimento futuro é o aço inox (de 1.950 até aqui esteve em 2º lugar), ou
8

seja, é o material que vem apresentando ótima relação custo benefício aliado a versatilidade
para uso nas mais diversas aplicações.

1.2. A Definição de Aço Inox

Segundo a TEC – Tarifa Externa Comum o aço inoxidável é definido como as ligas de aço 1
contendo, em peso, 1,2% ou menos de carbono e 10,5% ou mais de cromo, com ou sem
outros elementos.

1.3. Formas do Aço Inox

A siderurgia fornece materiais classificados como Planos e Longos

Segundo a classificação estabelecida por Araújo os aços longos são caracterizados por terem
largura inferior a 300 mm. Portanto, as chapas são materiais planos e as barras e fio máquina
são materiais longos. Nos materiais Longos – a forma que predomina é o comprimento, ou
seja, comprimento é extremamente superior a maior dimensão da seção. Elas podem ser
redondas, quadradas, retangulares, sextavadas e cantoneiras.

Nos materiais Planos – a forma que predomina é a largura, ou seja, largura é extremamente
superior a espessura. Elas podem ser chapas e tiras.

As folhas são materiais planos com espessura menor que 0,3 mm.

As tiras possuem espessura entre 0,3 e 6,0 mm, porém, largura inferior ou igual a 500 mm.

As chapas finas possuem espessura entre 0,3 e 6,0 mm com largura superior a 500 mm.

O Gráfico 1 fornece a diferença entre planos e longos.

1
Segundo Chiaverini (1996), aço é uma liga ferro-carbono contendo geralmente 0,0008% até aproximadamente
2,11% de carbono, além de certos elementos residuais, resultantes dos processos de fabricação.
9

Gráfico1: Terminologia dos Produtos Siderúrgicos

Barra chata Chapa Grossa

E 6,0
S
P
E
S
S
U
R
A
(mm)
Tira Chapa Fina

0,3
Folha
0 0,1 0,3 0,5 0,7
LARGURA (mm)
Fonte: Araujo, L. A. Manual de Siderurgia vol. 2

A Fotografia 1 mostra a forma de aços planos e longos.

Fotografia 1: Fotos de Planos e Longos

Planos Longos
10

1.4. Tipos de Aço Inox

O nome dos tipos de aço inox deriva do nome da estrutura interna do material. Cada estrutura
interna determina propriedades específicas. A formação da estrutura interna do material é
influenciada pelos elementos químicos que compõem o material. No caso do aço inoxidável,
o Quadro 2 apresenta a atuação dos elementos químicos.

Quadro 2 - Principais Elementos de Liga e Impurezas dos Aços

ELEMENTO DESCRIÇÃO
QUÍMICO
Alumínio Al . Forte formador de ferrita. Pode ser usado em aços inoxidáveis
ferríticos para estabilizar a ferrita;
. Aumenta a resistência à formação de carepa a alta temperatura;
. Usado em conjunto com o Ti pode causar endurecimento por
precipitação;
. Forte formador de nitreto.
Carbono C . Forte formador de austenita;
. Aumenta fortemente a resistência mecânica e dureza, particularmente
nos aços martensíticos;
. Afeta negativamente a resistência à corrosão e tenacidade a baixa
temperatura.
Cobalto Co . Aumenta a resistência mecânica e à fluência a temperatura elevada.
Cobre Cu . Aumenta a resistência à corrosão em meios líquidos redutores.
Manganês Mn . Formador de austenita;
. Aumenta a resistência à fissuração da solda com estrutura
completamente austenítica.
Molibdênio Mo . Formador de ferrita e de carboneto;
. Aumenta a resistência mecânica e à fluência em temperatura elevada;
. Melhora a resistência à corrosão geral em meios não oxidantes e a
resistência à corrosão puntiforme
Níquel Ni . Formador de austenita;
. Aumenta a resistência a corrosão geral em meios não oxidantes;
. Em pequenas quantidades, melhora a tenacidade e a soldabilidade de
ligas ferríticas e martensíticas.
Nitrogênio N . Forte formador de austenita;
. Aumenta a resistência mecânica;
. Degrada fortemente a soldabilidade de ligas ferríticas.
Silício Si . Formador de ferrita;
. Melhora a resistência à formação de carepa e à carburização a alta
temperatura.
Titânio Ti . Forte formador de carboneto e nitreto;
11

. Forte formador de ferrita;


. Melhora a resistência mecânica à alta temperatura.
Tungstênio W . Aumenta a resistência e à fluência a temperatura elevada;
. Forte formador de ferrita.
Enxofre, Fósforo S . Aumenta a sensibilidade à fissuração;
e Selênio
P . Melhora a usinabilidade. Geralmente usados em conjunto com Mo ou
Zr
Se
Fonte: Modenesi, P. J. (2001) p. 13

Estas propriedades específicas vão indicar a melhor aplicação para cada tipo de aço inox. Por
isso, conhecer a estrutura interna do material determina seu tipo e suas propriedades.

Os aços inoxidáveis possuem cinco tipos básicos:

• Austeníticos;
• Ferríticos;
• Martensíticos;
• Austeno-ferríticos (duplex);
• Endurecíveis por Precipitação.

Os nomes dos três primeiros tipos é uma homenagem aos descobridores das estruturas
internas. Portanto, o Sr. Austen, o Sr. Ferri e o Sr. Marten emprestaram seus nomes para
definir os tipos de aços inox.

Por meio do Gráfico2 é possível visualizar os tipos de aço inox levando-se em consideração o
percentual de Cromo (abscissa) e o percentual de Níquel (ordenada).

Gráfico 2: Visualização dos Tipos de Aço Inox considerando o percentual de Cr e Ni

I Austenítico

Q Duplex
U End Precip

E
Martensítico
L Ferrítico

CROMO

Fonte: Núcleo Inox


12

Segundo Modenesi (2001), o aço inoxidável austenítico inclui, principalmente, ligas Fe-Ni-
Cr, embora existam ligas em que parte ou todo o níquel foi substituído por manganês e
nitrogênio. Apresentam estrutura predominantemente austenítica, não sendo endurecíveis por
tratamento térmico. Estes aços formam o grupo mais numeroso e utilizado dos aços
inoxidáveis no mundo. Contém entre cerca de 6 e 26% de níquel, 16 e 30% de cromo e menos
de 0,30% de carbono, com um teor total de elementos de liga de, pelo menos, 26%.
Apresentam, à temperatura ambiente, um baixo limite de escoamento, limite de resistência
alto e uma elevada dutilidade. São, entre os aços inoxidáveis, os materiais de melhor
soldabilidade e resistência geral à corrosão. Várias normas identificam os aços inoxidáveis.
As principais são a AISI, ABNT e DIN. A Fotografia2 é a imagem de uma estrutura típica
austenítica.

Fotografia2: Estrutura Típica Austenítica

Fonte: Núcleo Inox

No anexo 1, os aço inoxidáveis austeníticos segundo a ABNT.

Segundo Modenesi (2001), os aços inoxidáveis ferríticos são ligas Fe-Cr predominantemente
ferríticas em qualquer temperatura até a sua fusão. Tem entre 12 e 30% de cromo e um baixo
teor de carbono, em geral, bem inferior a 0,1%. Como não podem ser completamente
austenitizados, estes aços não são endurecíveis por têmpera e sua granulação só pode ser
refinada por uma combinação adequada de trabalho mecânico e recozimento de
recristalização. Apresenta um baixo coeficiente de expansão térmica e uma boa resistência à
corrosão e à oxidação, inclusive a alta temperatura. No estado recozido, com uma granulação
fina, sua dutilidade e tenacidade à temperatura ambiente podem ser consideradas satisfatórias.
A Fotografia3 mostra a imagem de uma estrutura típica ferrítica.

Fotografia 3: Estrutura Típica Ferrítica

Fonte: Núcleo Inox


13

No anexo 2, os aço inoxidáveis ferríticos segundo a ABNT.

Segundo Modenesi (2001), os aços inoxidáveis martensíticos são essencialmente ligas Fe-Cr-
C que contêm entre 12 e 18% de cromo e entre 0,1 e 0,5% de carbono (embora em alguns
casos, pode-se chegar até 1%C) e que podem ser austenitizadas se forem aquecidas a uma
temperatura adequada. Devido ao seu elevado teor de liga, estes aços apresentam uma elevada
temperabilidade e podem apresentar uma estrutura completamente martensítica em peças de
grande espessura mesmo após um resfriamento ao ar calmo. São, desta forma, ligas
facilmente endurecíveis por tratamento térmico, sendo usadas, em geral, no estado temperado
e revenido. Sua resistência à corrosão tende a ser inferior a dos outros tipos, sendo, contudo,
satisfatória para meios mais fracamente corrosivos. A Fotografia4 apresenta a imagem de uma
estrutura típica martensítica.

Fotografia 4: Estrutura Típica Martensítica

Fonte: Núcleo Inox

No anexo 3 está descrito os aço inoxidáveis martensíticos segundo a ABNT.


Segundo Modenesi (2001), os aços inoxidáveis duplex contêm 18 a 30% de Cr, 1,5 a 4,5% de
Mo e adições de elementos formadores e estabilizantes da austenita, principalmente o níquel
(3,5 a 8%) e o nitrogênio (0 a 0,35%), de forma a ter uma microestrutura, à temperatura
ambiente, formada de partes aproximadamente iguais de ferrita e austenita. Estes aços são
caracterizados por uma elevada resistência à corrosão, inclusive em ambientes nos quais os
aços inoxidáveis austeníticos são deficientes, elevada resistência mecânica e boa
soldabilidade.
A Fotografia 5 mostra a imagem de uma estrutura típica duplex.

Fotografia5: Estrutura Típica Duplex

Fonte: Núcleo Inox


14

No anexo 4 está descrito os aço inoxidáveis duplex segundo a ABNT

Segundo Modenesi (2001), os aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação são capazes de
desenvolver elevados níveis de resistência mecânica pela formação de finos precipitados, em
alguns casos, junto com uma microestrutura martensítica, com ductilidade e tenacidade
superiores a outros aços de resistência similar em conjunção com boa resistência à corrosão e
oxidação. O endurecimento por precipitação é conseguido através da adição de elementos de
liga como cobre, titânio, nióbio e alumínio. De acordo com a estrutura do aço antes do
tratamento de precipitação, estes podem ser divididos em martensíticos, semi-austeníticos e
austeníticos.

1.5. Aplicações do Aço Inox

Segundo Mansur Neto (2000) e Tebecherani, C.T. P., as aplicações mais comuns dos aços
inoxidáveis considerando as várias ligas são:

• AISI 405: tubos irradiadores, caldeiras, recipientes para indústria petrolífera, etc;
• AISI 406: resistências elétricas;
• AISI 409: escapamentos de automóveis;
• AISI 430: calhas, máquinas de lavar roupa, coifas, revestimento de câmara de
combustão de motor diesel, equipamentos para fabricação de ácido nítrico, fixadores,
aquecedores, portas para cofres, moedas, pias, cubas, baixelas, utensílios domésticos,
equipamento para indústria química, equipamento de restaurantes, cozinhas, adornos
de automóveis, decorações arquitetônicas interiores, peças para fornos, revestimento
de elevadores, etc;
• AISI 430F: fabricação de parafusos, porcas, ferramentas;
• AISI 442: partes de fornos;
• AISI 443: equipamento químico, partes de fornos;
• AISI 444: caixas d água, tanques
• AISI 446: peças de fornos, queimadores, radiadores.
• AISI 301: fins estruturais, correias transportadoras, utensílios domésticos, ferragens,
diafragmas, adornos de automóveis, equipamentos para transporte, aeronaves,
ferragens para postes, fixadores (grampos, fechos, estojos), carros ferroviários.
• AISI 302: gaiolas de animais, garrafas térmicas e esterilizadores, equipamentos
domésticos, tanques de gasolina, equipamentos para fabricação de sorvetes,
dobradiças, equipamentos para laticínios, maquinaria para engarrafamento, tanques de
fermentação,fins estruturais, equipamento para indústria química;
• AISI 302B: elementos de aquecimento de tubos radiantes, partes de fornos, seções de
queimadores, abafadores de cozimento;
• AISI 303: eixos, parafusos, porcas, pregos, eixos, cabos, fechaduras, componentes de
aeronaves, buchas, peças de carburador;
• AISI 304: portões, portas, grades, utensílios domésticos, fins estruturais, equipamentos
para indústria química, naval, farmacêutica, têxtil, papel e celulose, refinaria de
15

petróleo, permutadores, de calor, válvulas e peças de tubulações, indústria frigorífica,


instalações criogênicas, depósitos de cerveja, tanques de fermentação de cerveja,
equipamentos para refino de produtos de milho, equipamentos para leiteria, cúpula
para casa de reator de usina atômica, tubos de vapor, peças para depósito de algumas
bebidas carbonatadas, condutores descendentes de águas pluviais, carros ferroviários,
calhas, revestimentos de prédios, tanques para indústria alimentícia,
• AISI 304L: revestimento para trajas de carvão, tanque de pulverização de fertilizantes
líquidos, tanque para estoque de massa de tomate, carros ferroviários;
• AISI 305: peças fabricadas por meio de severas deformações a frio;
• AISI 308: fornos industriais, válvulas, soluções de sulfeto à alta temperatura, eletrodos
de solda;
• AISI 309: suportes de tubos, abafadores, caixas de fermentação, depósito de bebidas,
partes de queimadores a óleo, refinarias, equipamentos para fábrica de produtos
químicos, partes de bombas, revestimentos de fornos, componentes de caldeiras,
componentes para fornalhas de máquinas a vapor, aquecedores, trocadores de calor,
peças para motores a jato, estufas;
• AISI 310: aquecedores de ar, caixas de recozimento, estufa de secagem, anteparos de
caldeira a vapor, caixa de decantação, equipamentos para fábrica de tinta, suportes
para abóbada de forno, fornos de fundição, transportadores e suportes de fornos,
revestimento de fornos, componentes de turbinas a gás, trocadores de calor,
incineradores, componentes de queimadores a óleo, equipamentos de refinaria de
petróleo, recuperadores, cilindros para fornos de rolos transportadores, tubulação de
soprador de fuligem, chapas para fornalha, chaminés e comportas de chaminés de
fornos, conjuntos de diafragmas dos bocais para motores turbo-jatos, panelas de
cristalização de nitratos, equipamentos para indústria de papel, química e estufas;
• AISI 316: portões, portas e grades de ambientes marinhos, equipamentos de indústrias
químicas, farmacêutica, têxtil, petróleo, papel, celulose, borracha, nylon e tintas, peças
e componentes diversos da construção naval, equipamentos criogênicos, equipamentos
para processamento de filme fotográfico, cubas de fermentação, instrumentos
cirúrgicos;
• AISI 316L: peças de válvulas, bombas, tanques, evaporadores e agitadores,
equipamentos têxteis, condensadores, peças expostas a atmosfera marinha, adornos,
tanques soldados para estocagem de produtos químicos e orgânicos, bandejas,
revestimentos para fornos de calcinação
• AISI 317: equipamentos de secagem, equipamentos para fábrica de tintas;
• AISI 321: anéis coletores de aeronaves, revestimentos de caldeiras, aquecedores de
cabines, parede corta fogo, vasos pressurizados, sistema de exaustão de óleo sob alta
pressão, revestimento de chaminés, componentes de aeronaves, super aquecedor
radiante, foles, equipamentos de refinaria de petróleo, aplicações decorativas;
• AISI 347: tubos para super aquecedores radiantes, tubo de exaustão de motor de
combustão interna, tubulação de vapor a alta pressão, tubos de caldeiras, tubos de
destilação de refinaria de petróleo, ventilador, revestimento de chaminé, tanques
soldados para revestimento de produtos químicos, anéis coletores, juntas de expansão,
resistores térmicos;
16

• AISI 403: anéis de jatos, seções altamente tensionadas em turbinas a gás, lâminas
forjadas ou usinadas de turbina e compressor;
• AISI 405: caixas de recozimento;
• AISI 409: sistema de exaustão de veículos automotores, tanques de combustível,
• AISI 410: válvulas, bombas, parafusos, fechaduras, tubos de controle de aquecimento,
chapas para molas, cutelaria (facas, canivetes) mesa de prancha, instrumentos de
medida, peneiras, eixos, acionadores, maquinaria de mineração, ferramentas manuais,
chaves, partes de fornos, queimadores, equipamentos rodoviários, sedes de válvulas de
segurança de locomotivas, plaquetas tipográficas, apetrechos de pesca, peças de
calibradores, fixadores;
• AISI 414: molas, lâminas de faca;
• AISI 416: parafusos usinados, porcas, engrenagens, tubos, eixos, fechaduras, hastes de
válvulas;
• AISI 420: cutelaria, instrumentos hospitalares, cirúrgicos e dentários, réguas,
medidores, engrenagens, eixos, pinos, bolas de milho, discos de freio, mancal de
esfera, assentos de válvulas;
• AISI 420F: eixos, porcas e parafusos;
• AISI 431: peças de bombas, esteiras transportadoras, eixos de hélice marítima, peças
de maquinário da indústria de laticínios.
• AISI 440A/440B/440C: eixos, pinos, instrumentos cirúrgicos e dentários, cutelaria,
anéis, válvulas, mancais anti-fricção;
• AISI 442: componentes de fornos, câmara de combustão;
• AISI 446: caixas de recozimento, chapas grossas para abafadores, queimadores,
aquecedores, tubos para pirômetros, recuperadores, válvulas e conexões.

1.6. Tecnologias de Materiais

Conforme Padilha (1994), o cientista de materiais Erhard Hornbogen classifica os materiais


em quatro níveis, conforme o grau de conhecimento científico utilizado no seu
desenvolvimento:
1. Materiais naturais;
2. Materiais desenvolvidos por meio de sistemática experimentação empírica;
3. Materiais desenvolvidos com auxílio de conhecimentos científicos, isto é, considerações
científicas orientaram seus descobrimentos e suas propriedades foram qualitativamente
interpretadas; e
4. Materiais projetados (novos ou aperfeiçoados) quase que exclusivamente a partir de
conhecimentos científicos e suas propriedades podem ser quantitativamente previstas.

Segundo Padilha (1994), o descobrimento dos aços inoxidáveis é enquadrado no nível 3, o


que de certa forma oferece a possibilidade de modificações e projeto de novas ligas, baseados
em conhecimentos científicos e exigências atuais.

O Quadro 3 apresenta o nível de desenvolvimento científico dos materiais.


17

Quadro 3 - Nível de Desenvolvimento Científico dos Materiais

Nivel de
Desenvolvimento
Científico Caracterização Exemplos
Pedra, cobre, meteorito
madeira, couro, borracha,
1 Materiais naturais diamante
Materiais desenvolvidos empiricamente, bronze, aço, latão,
praticamente sem conhecimento
científico ferro fundido, vidro,
2 prévio concreto
Materiais desenvolvidos com auxílio de Al e ligas, Ti e ligas,
conhecimentos científicos Mg e ligas, metal duro,
aços inoxidáveis, durômetros,
termoplásticos, elatômeros,
3 cerâmicas vítreas, ferrite
Materiais projetados, desenvolvidos
quase Superligas, ligas de efeito
que exclusivamente a partir de memória, aços de alta resistência,
vidros metálicos, cerâmicas do
fundamentos científicos tipo
SiAlON, cerâmicas de corte
Al2O3 e
ZrO2, semicondutores, alguns
materiais para reatores nucleares
(UO2, ligas de urânio, ligas de
4 Ag-Cd-In, ligas de zircônio)
Fonte: Padilha (1994)

2. O Aço Inox no Mundo

2.1. A Evolução na Produção Mundial

A primeira corrida de aço inox em escala industrial foi feita na Alemanha pela Krupp em
1.917 para atender a indústria química.

À partir de 1.950 a produção mundial é medida e é de 500 mil t neste ano.

Pode ser destacada no Gráfico 3:


18

Gráfico 3: Evolução da Produção Mundial de Aço Inox em Milhões de t

Fonte: ISSF

Desde o início da produção de aço inox em escala industrial a produção mundial cresceu em
torno de 5,7% a.a. de 1.950 à 2.008.

A produção mundial de aço inox em 2.007 atingiu 27.850 mil t de lingotes equivalentes.
Considerando o rendimento médio de 87% para transformar lingotes em produtos (longos e
planos), temos, um total mundial de 24.300 mil t no valor aproximado de US$ 130 bilhões.

Os produtos planos representam 78%, ou seja, 19.050 mil t.

Portanto, os produtos longos representam 22% do total mundial, isto é, 5.250 mil t.

2.2. Os Principais Produtores Mundiais

Os 15 principais produtores mundiais de aço inoxidável plano em 2.007 estão apresentados no


Quadro 4:

Quadro 4: Principais Produtores Mundiais de Aço Inoxidável Plano

EMPRESA PAÍS CAP. PRODUÇÃO


TK STAINLESS GROUP Alemanha 3,30
ACERINOX GROUP Espanha 2,70
SHANXI TAIGANG China 2,60
POSCO GROUP Coréia do Sul 2,30
YUSCO GROUP Taiwan 2,20
ARCELORMITTAL STAINLESS GROUP Índia 1,90
OUTOKUMPU STAINLESS GROUP Finlândia 1,60
BAOSTEEL STAINLESS STEEL BRANCH/ NBSS China 1,60
JINDAL STAINLESS Índia 1,40
NSSC (NIPPON STEEL) Japão 0,90
NISSHIN STEEL Japão 0,70
AK STEEL EUA 0,65
JFE Japão 0,50
NIPPON METAL (NIKKINKO) Japão 0,40
ALLEGHENY LUDLUM (ATI) EUA 0,35
Fonte: Steel & Metals Market Research - SMR
19

A capacidade dos 15 produtores citados no Quadro3 é de 23,10 milhões de toneladas e


representa 85% da capacidade mundial de produção de aço inoxidável plano.

A ARCELORMITTAL INOX BRASIL (Ex-ACESITA) pertence ao grupo


ARCELORMITTAL STAINLESS GROUP e é a única produtora de aço inoxidável plano no
Brasil. A antiga ACESITA era monopolista e concentrou-se em produzir aços inoxidáveis das
famílias austeníticos, ferríticos e martensíticos. Após a privatização a linha de produtos não se
alterou e continuam a produzir as famílias acima.

Os 15 principais produtores mundiais de aço inoxidável longo em 2.007 estão apresentados no


Quadro 5:

Quadro 5: Principais Produtores Mundiais de Aço Inoxidável Longo

CAP.
EMPRESA PAÍS PRODUÇÃO
WALSIN LIHWA Taiwan 0,43
TSINGSHAN China 0,42
SCHMOLZ + BICKENBACH Alemanha 0,35
DONGBEI SPECIAL STEEL China 0,33
VIRAJ India 0,31
ROLDAN + NAS Itália 0,25
COGNE Itália 0,22
PSS China 0,20
OUTOKUMPU Finlândia 0,19
SANDVIK Suécia 0,18
DAIDO STEEL Japão 0,17
SMI (SUMITOMO METALS) Japão 0,17
VALBRUNA GROUP Itália 0,17
NSSC (NIPPON STEEL) Japão 0,15
BAOSTEEL SPECIAL STEEL
BRANCH China 0,14
Fonte: SMR

A capacidade dos 15 produtores citados no Quadro 5 é de 5,24 milhões de toneladas e


representa apenas 58% da capacidade mundial de produção de aço inoxidável longo.

Os dois produtores com fábricas no Brasil VILLARES METALS – que pertence ao grupo
VOEST ALPINE da Aústria e a PIRATINI que pertence ao grupo nacional GERDAU
possuem capacidade de produção pequena quando comparado aos maiores produtores
mundiais.

Em relação à linha de produtos a VILLARES METALS produz todos os tipos existentes:


austeníticos, ferríticos, martensíticos, duplex e endurecíveis por precipitação.

A GERDAU só produz a linha comercial, ou seja, linha austenítica, ferrítica e martensítica.


20

2.3. O Mercado Mundial por País/Continente

O Quadro 6 mostra os 10 principais mercados mundiais em 2.007. A União Européia2 é a


única exceção, não é um país, e, sim um continente.

Quadro 6: O Mercado Mundial por País/Continente em Milhões de t

PLANOS LONGOS TOTAL


CHINA 5,30 1,50 6,80
UNIÃO
EUROPÉIA 4,00 1,20 5,20
JAPÃO 1,70 0,70 2,40
EUA 1,70 0,30 2,00
ÍNDIA 1,20 0,20 1,40
CORÉIA DO
SUL 1,00 0,20 1,20
TAIWAN 0,70 0,20 0,90
TAILÂNDIA 0,25 0,10 0,35
BRASIL 0,27 0,03 0,30
CANADÁ 0,15 0,05 0,20
Fonte: SMR

2.4. O Mercado Mundial por Tipo

Considerando os tipos: austeníticos, ferríticos, martensíticos, duplex e endurecíveis por


precipitação expostos anteriormente, a classificação disponível no mercado é um pouco
diferente baseado nas normas AISI 300, 200, 400 e duplex. A correspondência entre os tipos e
as normas é a seguinte:

• Austeníticos: linha 300 e 200;


• Ferríticos: linha 400;
• Martensíticos: linha 400;
• Duplex: duplex;
• Endurecíveis por Precipitação: linha 600.

Fazendo uma correspondência com os tipos definidos pela literatura, temos:

• Os austeníticos representam 72% do mercado mundial;


• Os ferríticos representam 20%;
• Os martensíticos representam 7%;
• Os duplex representam 1%;
• Os endurecíveis por precipitação são desprezíveis

2
A União Européia é composta por 27 países: Alemanha, Aústria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca,
Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia,
Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia.
21

O Gráfico 43 mostra o mercado mundial por tipo de aço inoxidável em 2.007:

Gráfico 4: O Mercado Mundial de Aço Inoxidável por Tipo

Fonte: SMR

Pode-se notar a grande predominância de utilização de aços inoxidáveis austeníticos sobre os


demais.

2.5. A Previsão Futura do Mercado Mundial por País/Continente

Levando-se em consideração taxas médias de crescimento por país para os próximos 6 anos
baseado em estimativas de órgãos econômicos mundiais e sua larga experiência a Steel &
Metals Market Research - SMR fez a seguinte previsão para o mercado mundial por
país/continente em 2.014. O Quadro 7 apresenta esta previsão.
22

Quadro 7: A Previsão Futura do Mercado Mundial por País/Continente em Milhões de t

PLANOS LONGOS TOTAL


CHINA 8,50 2,10 10,60
UNIÃO
EUROPÉIA 5,20 1,60 6,80
ÍNDIA 2,50 0,50 3,00
EUA 2,30 0,40 2,70
JAPÃO 1,70 0,60 2,30
CORÉIA DO
SUL 1,30 0,20 1,50
TAIWAN 0,90 0,30 1,20
TAILÂNDIA 0,40 0,10 0,50
TURQUIA 0,35 0,05 0,40
BRASIL 0,35 0,05 0,40
Fonte: SMR

Podemos notar algumas mudanças em relação a 2.007.

A Ìndia terá um bom crescimento e ultrapassará os EUA e o Japão.

Os EUA ultrapassarão o Japão.

A Turquia ultrapassará o Brasil e o Canadá. A Turquia não aparecia entre os 10 maiores em


2.007.

2.6. A Previsão Futura do Mercado Mundial por Tipo

A SMR fez uma previsão de como deve ser o mercado mundial por tipo em 2.014. As
variáveis que implicam nas mudanças de tipo de aço inoxidável são: o preço do níquel (que é
utilizado nos tipos austeníticos e duplex) e as exigências da aplicação.

Para esta previsão, a SMR estabeleceu o preço médio da tonelada do níquel em US$ 17.500/t.
O níquel possui cotação na LME e é muito volátil.

O Quadro 8 apresenta a previsão futura do Mercado Mundial por tipo.


23

Quadro 8 - A Previsão Futura do Mercado Mundial por Tipo

Fonte: SMR

As taxas de crescimento dos tipos considerados foram:


• Linha 300 = 3,7% a.a.
• Linha 200 = 0,7% a.a.
• Linha 400 = 6,1% a.a.
• Linha Duplex = 9,5% a.a.

3. O Aço Inox no Brasil

3.1. A Evolução da Produção Brasileira

A evolução da produção brasileira também apresenta um sólido crescimento, porém, o


volume não é significativo quando comparado com a produção mundial. O Gráfico 5
apresenta a evolução da produção brasileira mostrando a participação dos planos e longos.
24

Gráfico 5: A Evolução da Produção Brasileira

Fonte: Núcleo Inox

O volume produzido no Brasil em 2.007 representa 1,9% da produção de produtos acabados


de planos e longos.

Outra diferença em relação ao mercado mundial é que a produção de longos no Brasil


representa 9% do total. Enquanto que no mundo, a produção de longos representa 22% do
total.

3.2. Os Produtores Brasileiros

Três siderúrgicas no Brasil produzem aço inox: ArcelorMittal Inox Brasil, Gerdau e Villares
Metals.

A ArcelorMittal Inox Brasil produz aço inoxidável plano.A Villares Metals e a Gerdau
produzem somente aço inoxidável longo.

O Mapa1 apresenta a localização das usinas siderúrgicas brasileiras que produzem aço inox.
25

Mapa 1 - Localização das Usinas Siderúrgicas Brasileiras

Fonte: Núcleo Inox

A capacidade de produção de aço inox plano da ArcelorMittal Inox Brasil situada em


Timóteo-M.G.para três turnos é de 600 mil t/ano.A capacidade de produção de aço inox longo
da Villares Metals situada em Sumaré- S.P. para três turnos é de 30 mil t/ano.

A capacidade de produção de aço inox longo da Gerdau situada em Charqueadas- R.S. para
três turnos é de 50 mil t/ano.

3.3. A Cadeia Produtiva Brasileira

A produção de aço inox inicia-se na extração das matérias-primas principais: minério de ferro,
cromo e níquel.

A partir daí, é processado os aços inoxidáveis planos com a matéria primas citadas acima ou
utilizando-se sucata no lugar do minério de ferro, no caso, dos aços inoxidáveis longos.

A distribuição dos aços inoxidáveis é feita via venda direta de usina para o fabricante de
máquinas, equipamentos e produtos finais ou via distribuição para atendimento das pequenas
indústrias fabricantes.
26

O Fluxograma1 apresenta a cadeia produtiva brasileira do aço inox.

Fluxograma1: Cadeia Produtiva Brasileira do Aço Inox

F
P M Ind. Alimentícia
A
R Á Ind. Bebidas
B Ind. Papel
O P D Q Celulose
R R Ind.
D A I U Farmacêutica
O I
U Ç S I Ind. Cosmética
D C Ind. Sucro
T Fe O T R N Alcooleira
A
O U R E A Ind. Petróleo
T N
R Cr I I V S Ind. Química
O Ind.
E N B T Petroquímica
R E
S Ni O E Ind. Transportes
E S Ind. Construção
X Q Civil
P
D S U Ind. Mecânica F
D R Mobiliário
E I Ind. Metalúrgica I Urbano
E O
P N Baixelas/Cutelaria
D
M A Cubas/Pias

P L Linha Branca

3.4. A Evolução do Consumo Aparente Brasileiro

O Gráfico 6 apresenta a consistente evolução do consumo aparente brasileiro nos últimos 12


anos.
27

Gráfico 6 - A Evolução do Consumo Aparente Brasileiro

Fonte: Núcleo Inox

O consumo do mercado brasileiro evoluiu de 145.000 t/ano em 1.996 para 369.130 t/ano em
2.008. Neste período (1.996-2.008) a taxa de crescimento do mercado brasileiro foi de 8,1%.

O mercado brasileiro cresce a uma taxa acima da média mundial.

A participação por tipo no mercado brasileiro é diferente do mercado mundial. No Brasil, a


linha 400 representa 50% do consumo nacional. Comparando-se com o mercado mundial
(linha 400 = 20%) a diferença é muito expressiva. Isto se deve ao fato da escolha dos
produtores em oferecer uma matéria-prima com preço mais competitivo devido o mercado
brasileiro ser altamente comprador de “preço baixo”.

3.5. A Evolução do Consumo Aparente Brasileiro Per Capita

O Gráfico 7 mostra a evolução do consumo aparente per capita de aço inox no Brasil nos
últimos 12 anos.

Gráfico 7 - A Evolução do Consumo Aparente Per Capita

Fonte: Núcleo Inox


28

Nota-se uma evolução constante no consumo per capita. Em 1.980 eram 0,87 kg/hab/ano e em
2.008 foram 1,95 kg/hab/ano.

3.6. Um Comparativo do Consumo Brasileiro Per Capita com Outros Países

Através da comparação do consumo per capita podemos estimar o potencial de crescimento


dos diversos mercados.

Os dez maiores PIB mundiais em 2.006 foram: EUA, Japão, Alemanha, China, Reino Unido,
França, Itália, Canadá, Espanha e Brasil.

Os dez maiores PIB per capita mundiais em 2.006 foram: Taiwan, Itália, Coréia do Sul,
Alemanha, Japão, Espanha, França, Canadá, EUA, China.

Portanto, somente Taiwan e Coréia do Sul estão entre os maiores PIB per capita e não estão
entre os dez maiores PIB mundiais.

Somente o Brasil e o Reino Unido estavam entre os dez maiores PIB mundiais e não estavam
entre os dez maiores PIB per capita mundiais. Mas, o Reino Unido era o 11º. Taiwan possuía
em 2.006 o maior consumo per capita mundial de 44,9 kg/hab/ano.

Os países mais desenvolvidos economicamente e industrialmente também possuem o maior


consumo per capita. O Gráfico 8 apresenta o comparativo de consumo per capita entre os
principais países mundiais.

Gráfico 8: Comparativo de Consumo Per Capita por País

Fonte: ValeInco
29

Concluindo, no caso do Brasil, pode-se notar que o potencial é enorme já que o consumo per
capita ainda é muito baixo e o PIB é enorme.

3.7. O Mercado Brasileiro de Aço Inox por Aplicação

A análise dividiu-se em aço inox plano e longo. Dentro dos aços inoxidáveis planos - uma
parte vai para tubos, distribuidores e reprocessadores. Estes três segmentos foram estudados
para chegarmos ao demandante final do aço.

No caso do aço inox longo, existe uma primeira divisão barras e fio máquina. Dentro de
barras, a maioria vai para os distribuidores. Para chegarmos ao demandante final tivemos que
pesquisar com os distribuidores. No caso do fio máquina, a maior parte do consumo destina-
se aos trefiladores - que transformam a bitola de 5,5 mm em bitolas menores para as mais
diversas aplicações. Também foi necessário pesquisar com os trefiladores o destino final do
material.

O Gráfico 9 apresenta o mercado brasileiro por segmento em 2.008:

Gráfico 9 - Mercado Brasileiro por Segmento – 2.008 (Estimativa)

A idéia da divisão do segmento consumidor nos remete ao fato de que necessitamos prever
movimentos futuros, e estes segmentos possuem acompanhamentos detalhados feito pelo
IBGE.
30

O segmento transportes refere-se a partes e peças para indústria automobilística, indústria


ferroviária e indústria aeronáutica. Além disso, o segmento de autopeças está incluso.

O segmento de saúde engloba os equipamentos médicos, dentários e hospitalares.

A indústria de alimentos é extensa e compõe-se de: equipamentos para a indústria de


laticínios, carne, alimentos em geral.

A indústria de bebidas engloba a fabricação de equipamentos para produzir vinho, cachaça,


água mineral, sucos, refrigerantes e cerveja.

O segmento baixelas/cutelaria inclui facas, canivetes e utilidades domésticas, dentre elas


baixelas.

O segmento de papel e celulose possui máquinas e equipamentos utilizados para


processamento de papel e celulose.

O segmento construção civil engloba revestimento de elevadores, revestimento de colunas,


escadas rolantes, corrimãos, pias, cubas, válvulas, etc.

O segmento da indústria química possui máquinas e equipamentos utilizados no


processamento e condução de produtos químicos e petroquímicos.

O segmento da linha branca é composto de geladeira, freezer, fogão, máquina de lavar roupas,
máquina de lavar louças, coifas, microondas, etc.

O segmento do açúcar e álcool engloba os equipamentos utilizados para processamento e


condução do açúcar e álcool.

O segmento petróleo compõe-se de peças e equipamentos utilizados no processamento e


refino do petróleo.

O mobiliário urbano é composto de produtos utilizados nas cidades, tais como: ponto de
ônibus, bancos, lixeiras, caixas de correio, protetores de jardim e brinquedos de praças.

4. O Aço Inox no Estado do Rio de Janeiro

O estado do Rio de Janeiro é litorâneo e possui um grau de corrosão extremamente severo


conforme podemos ver no mapa abaixo:
31

Mapa 2 - Corrosão Atmosférica Brasileira

Fonte: Núcleo Inox

O custo benefício do aço inox é mais favorável em aplicações onde o grau de corrosão é mais
severo. Isto se deve ao fato de que a corrosão severa reduz de forma drástica o ciclo de vida
de produtos feitos com material menos nobres.

Em um dos segmentos consumidores – mobiliário urbano – a utilização de aço inox deveria


ser mais intensa. O consumo nos segmentos restantes depende do tipo da indústria instalada
em cada local, e não do grau de corrosão do ar atmosférico.

4.1. Unidades Industriais no Estado do Rio de Janeiro

Utilizando com base os números do IBGE referente às unidades industriais instaladas no


estado do Rio de Janeiro podemos salientar que todos os segmentos importantes
consumidores de aço inox estão presentes conforme listagem a seguir:

• Extração de Petróleo
32

• Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas


• Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de papel;
• Fabricação de Produtos Derivados do Petróleo;
• Elaboração de Combustíveis Nucleares;
• Produção de Álcool;
• Fabricação de Produtos Químicos;
• Fabricação de Tanques, Caldeiras e Reservatórios Metálicos;
• Fabricação de Artigos de Cutelaria, de Serralheria e Ferramentas Manuais;
• Fabricação de Máquinas e Equipamentos
• Fabricação de Equipamentos e Instrumentação Médico-Hospitalares;
• Fabricação e Montagem de Veículos Automotores;
• Fabricação de Outros Equipamentos de Transporte;
• Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas;

4.2. Um Comparativo entre o PIB Carioca e o PIB Nacional

Utilizando análise de regressão linear o IBS realizou vários estudos relacionando o


comportamento do PIB, bem como do Produto Industrial (PI) com o desempenho do mercado
do aço, inclusive do aço inox. Para o IBS, os resultados das análises de regressão permitem
concluir que existe uma fortíssima correlação entre a variável dependente (consumo de aço) e
as variáveis explicativas (PIB e PI). Permitem também concluir que a correlação com o
Produto Industrial é ligeiramente mais forte que com o PIB.

Em 2.006 o PIB carioca representou 11,4 % do PIB nacional.

O PIB industrial carioca representou 7,7% do PIB nacional.

4.3. O Mercado Aparente de Aço Inox no Estado do Rio de Janeiro

Analisar os dados disponíveis e comparar com os outros estados levando-se em consideração


vários indicadores constitui o início de uma avaliação profunda sobre as potencialidades do
estado.

O Quadro 9 apresenta o consumo aparente brasileiro por Estado em 2.007:


33

Quadro 9 - Consumo Aparente Brasileiro por Estado em 2.007

FIO
BARRAS MÁQUINA LONGOS CHAPAS TOTAL
ESTADOS t % t % t % t % t %
NORTE (
AM/PA/RO/AP/RR/AC/TO) 0,0 0,0 0 0,0 3.315 1,1 3.315 1,0

NORDESTE 0 0,0 0 0,0 0 0,0 7.340 2,5 7.340 2,2


BA 0,0 0,0 0 0,0 675 0,2 675 0,2
CE 0,0 0,0 0 0,0 4.124 1,4 4.124 1,3
PE 0,0 0,0 0 0,0 2.203 0,8 2.203 0,7
MA/PI/RN/PB/AL/SE 0,0 0,0 0 0,0 338 0,1 338 0,1

CENTRO OESTE 0 0,0 0 0,0 0 0,0 794 0,3 794 0,2


MT/MS 0,0 0,0 0 0,0 436 0,2 436 0,1
GO/DF 0,0 0,0 0 0,0 358 0,1 358 0,1

SUDESTE 25.123 89,9 10.550 99,5 35.673 92,6 225.067 78,0 260.740 79,7
MG 2.801 10,0 0,0 2.801 7,3 9.515 3,3 12.316 3,8
ES 1 0,0 0,0 1 0,0 11.460 4,0 11.461 3,5
RJ 241 0,9 0,0 241 0,6 3.321 1,2 3.562 1,1
SP 22.080 79,0 10.550 99,5 32.630 84,7 200.771 69,6 233.401 71,4

SUL 2.816 10,1 54 0,5 2.870 7,4 51.944 18,0 54.814 16,8
PR 119 0,4 0,0 119 0,3 8.364 2,9 8.483 2,6
SC 246 0,9 0,0 246 0,6 7.046 2,4 7.292 2,2
RS 2.451 8,8 54 0,5 2.505 6,5 36.534 12,7 39.039 11,9

TOTAL 27.939 100,0 10.604 100,0 38.543 100,0 288.460 100,0 327.003 100,0
Fonte: IBS – Instituto Brasileiro de Siderurgia

O quadro anterior é uma informação referente à venda das usinas aos distribuidores. Porém,
todos os grandes distribuidores estão em São Paulo e possuem filiais em outros estados.
Assim, compram em São Paulo e reenviam o material para o estado onde estão as filiais.
Portanto, existe distorção na informação acima.

Exemplificando:

- Inoxtech: filiais no Rio de Janeiro –R.J.


Belo Horizonte – M.G.
Porto Alegre – R.S.
Salvador – BA
Recife – PE
- Acesita Serviços: filiais em Campinas – S.P.
Caxias do Sul – R.S.
- Aços Artex: filial no Rio de Janeiro – R.J.
34

- Jati: filial em Curitiba – PR


- Elinox: filial em São Paulo – S.P.

Quatro distribuidores de aço inoxidável atuam fortemente no Estado do R.J.: Elinox, Artex,
Inoxtech e Cavallo Aços.

Através de consulta aos distribuidores (informação verbal) que trabalham no Estado do R.J
calculamos em torno de 5.000 t de aço inoxidável em estoque e um mercado total de 4.000
t/ano.

5. Considerações Finais

5.1. Necessidades do Pólo

Um pólo metalúrgico possui as seguintes necessidades:

• disponibilidade de matéria-prima com qualidade, preço competitivo e prazo de


entrega;
• escola que forme profissional em design;
• escolas que formem técnicos nas áreas de corte/dobra/conformação/
soldagem/usinagem;
• empresas que fabriquem produtos finais para atendimento do mercado local e que se
capacitem para exportação.

O valor do impacto da matéria prima no custo do produto final pode variar entre 40% e 70%
dependendo da capacidade de compra da empresa e do mercado em que atua. A
disponibilidade da matéria prima na forma, qualidade e preço necessário para dar
competitividade ao produto final fabricado é o primeiro passo para o sucesso do pólo.

Equipamentos de alta tecnologia na área de corte/dobra/conformação conseguem fornecer


produtos com alta velocidade de processamento, boa qualidade, pequena tolerância e preço
competitivo.

O Fluxograma 2 apresenta um esboço da configuração de um pólo


35

Fluxograma 2: Configuração de um Pólo

Escolas
Design

Indústrias dos
segmentos:

Prestador Empresas - Petróleo e Gás

de que - Naval
Distribuidor
Serviço processam
- Mobiliário Urbano
de Corte produtos
- Linha Branca

- Serralheria

- Insturmentos
Cirurgicos

Escolas
|Técnicas

5.2. A Mão de Obra na ZO MRJ

A mão de obra carioca necessitará de um centro tecnológico que possa formar adequadamente
a mão de obra abundante nesta área nas funções e segmentos que o pólo irá demandar.
36

5.3. Análise Geral

5.3.1. Crescimento da Matéria Prima

O aço inox possui uma estimativa de crescimento no mercado mundial de 5,7% a.a. e no
mercado brasileiro é de 6% a.a. nos próximos 6 anos. Estes números são altamente
promissores.

5.3.2 Crescimento do Mercado

O mercado brasileiro possui um consumo per capita muito baixo (ao redor de 1,95 kg/hab/ano
em 2.008). O índice de distribuição de renda vem melhorando no Brasil- o que deve
contribuir para melhorar o consumo per capita de forma mais efetiva do que o aumento da
renda. Além disso, mercados similares ao do Brasil – caso da África do Sul - já possuem
consumo per capita em torno de 3 kg/hab/ano.

Analisando os dados do mercado brasileiro e carioca podemos concluir que:

• o consumo de aço inox pela indústria instalada no Rio de Janeiro (1,1% do mercado) é
muito inferior ao consumo de produtos de aço inox pela população (o Rio de Janeiro
corresponde em torno de 11,4% do PIB brasileiro e 7,4% do PI brasileiro), ou seja,
grande parte dos produtos em aço inox consumidos no estado do Rio de Janeiro é
proveniente de outro estado ou país.

Portanto, mercado consumidor no estado existe, mas, é suprido por outros estados.

O material aço inox é mais competitivo (em relação à preço) em locais onde o ambiente seja
mais corrosivo, caso, de locais litorâneos ou com alta concentração de indústrias poluidoras.

5.3.3. Segmentos de Mercado

O segmento de mercado mais promissor para o aumento de consumo em larga escala é o de


PETRÓLEO e GÁS. Segmento este, muito importante para a economia carioca.

5.3.4. Infra Estrutura Real em Relação à Ideal

Distribuição: o interessante seria ter uma filial dos produtores com preço competitivo.
Contudo, o município do RJ já possui um distribuidor independente com estoque suficiente
para atender inicialmente o pólo, porém o importante é a negociação de preços.

Prestador de Serviço de Corte e Conformação:

Dependendo do tipo de produto a ser produzido pelas empresas processadoras haverá


necessidade de precisão da máquina de corte conforme Tabela 1. Na região, existe uma
empresa que pode fazer o serviço de corte/dobra com precisão. Para uma situação de início de
pólo, uma empresa é suficiente.
37

Tabela 1: Tolerância de Corte dos Respectivos Equipamentos de Corte


Tolerância
Equipamento de Corte (mm)
Máquina a Laser 0,01 a 0,2
Corte a Plasma de alta definição 0,2 a 0,5
Guilhotina CNC 0,5 a 1,0
Guilhotina
Hidráulica/Pneumática 0,5 a 1,0
Guilhotina manual 0,5 a 1,0
Corte a Plasma convencional 1,0 a 3,0

Escolas de Design: para alcançar mercados de alto valor agregado é necessário conhecimento
nesta área.

Escolas Técnicas Profissionalizantes: a formação da mão de obra em metalurgia no que se


refere à corte/conformação/soldagem/caldeiraria é fundamental para abastecer o pólo com
mão de obra adequada.

Portanto, embora alguns pontos do pólo devam ser aperfeiçoados, as condições básicas para o
início do projeto estão presentes.

5.3.5. Possibilidades de Organização do Pólo

O foco principal é o segmento de Petróleo e Gás.

Duas configurações são possíveis:

• A configuração radial prevê uma grande empresa com competência técnica para
receber a demanda do cliente e transformá-lo num projeto viável técnica e
economicamente.

• A configuração linear prevê pequenas empresas encadeadas cada uma fazendo uma
função específica. Pode ser desenvolvido via incubadora.

Para um aprofundamento neste tema, ou seja, qual a melhor configuração para o pólo em
estudo é necessário fazer vários levantamentos que não são o foco deste trabalho.
38

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, L. A (1997) Manual de Siderurgia, volume 2, Ed. Arte & Ciência, São Paulo,
1997.
CHIAVERINI, V. (1996) Aços e Ferros Fundidos, Ed. ABM, São Paulo, 1996.
IBGE. Produto Interno Bruto. WWW.ibge.gov.br acessado em 12/11/2008.
IBS (2008) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2008) Mercado Brasileiro de Aço – Análise Setorial e Regional, Rio de Janeiro.
IBS (2008) A Siderurgia em Números, Rio de Janeiro.
IBS (2007) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2007) Mercado Brasileiro de Aço – Análise Setorial e Regional, Rio de Janeiro.
IBS (2006) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2006) Investimentos e Capacidade Instalada, Rio de Janeiro.
IBS (2005) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2004) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2003) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2002) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2001) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2001) Mercado Brasileiro de Aço – Análise Setorial e Regional, Rio de Janeiro.
IBS (2000) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (1998) Mercado Brasileiro de Aço – Análise Setorial e Regional, Rio de Janeiro.
IBS (1991) Empresas Siderúrgicas do Brasil, Rio de Janeiro.
MANSUR NETO, E. (2000) O Que é Aço Inoxidável, Belo Horizonte, 2000.
MODENESI (2001)
PADILHA, A. F. & GUEDES, L. C. (1994) Aços Inoxidáveis Austeníticos, Hemus Editora,
São Paulo, 1994.
TEBECHERANI, C. T. P. Artigo: Aço Inoxidável.
TEC (2008) Tarifa Externa Comum, Ed. Aduaneiras, 2008.
WORLD STAINLESS STEEL STATISTICS (2007), Ed. Inco, Canadá, 2007.
39

ANEXOS
40

ANEXO 1: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS AUSTENÍTICOS


Tipo de aço ABNT C Mn Si P S Cr Ni Outros

201 0,15 5,50 1,00 0,060 0,030 16,00 3,50 N


7,50 18,00 5,50 0,25
202 0,15 7,50 1,00 0,060 0,030 17,00 4,00 N
10,00 19,00 6,00 0,25
205 0,12 14,00 1,00 0,060 0,030 16,50 1,00 N
0,25 15,50 18,00 1,75 0,32/0,40
301 0,15 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 6,00
18,00 8,00
302 0,15 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 .8,00
19,00 10,00
302B 0,15 2,00 2,00 0,045 0,030 17,00 8,00
3,00 19,00 10,00
303 0,15 2,00 1,00 0,20 0,15 17,00 5,00 M0 (A)
mín. 19,00 10,00 0,60
303 Se 0,15 2,00 1,00 0,20 0,060 17,00 8,00 Se
19,00 10,00 0,15 mín.
304 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 8,00
20,00 10,50
304 L 0,030 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 8,00
20,00 12,00
304 N 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 8,00 N
20,00 10,50 0,10/0,16
305 0,12 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 10,50
41

19,00 13,00
308 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 19,00 10,00
21,00 12,00
309 0,20 2,00 1,00 0,045 0,030 22,00 12,00
24,00 15,00
3095 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 22,00 12,00
24,00 15,00
310 0,25 2,00 1,50 0,045 0,030 24,00 19,00
26,00 22,00
3105 0,08 2,00 1,50 0,045 0,030 24,00 19,00
26,00 22,00
314 0,25 2,00 1,50 0,045 0,030 23,00 19,00
3,00 26,00 22,00
316 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00 M0
18,00 14,00 2,00/3,00
316 L 0,030 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00 M0
18,00 14,00 2,00/3,00
316 F 0,08 2,00 1,00 0,20 0,10 16,00 10,00 M0
mín, 18,00 14,00 1,75/2,50
316 N 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00 M0 2,00/3,00
18,00 14,00 N 0,10/0,16
317 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 11,00 M0
20,00 15,00 3,00/4,00
317 L 0,030 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 11,00 M0
20,00 15,00 3,00/4,00
321 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 9,00 Ti >=
19,00 12,00 5xC
42

329 0,10 2,00 1,00 0,040 0,030 25,00 3,00 M0


30,00 6,00 1,00/2,00
330 0,08 2,00 0,75 0,040 0,030 17,00 34,00
1,50 20,00 37,00
347 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 9,00 Nb + Ta >=
19,00 13,00 10 x C
348 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 9,00 Nb + Ta>= 10 x C
19,00 13,00 Ta 0,10 máx.
I C0 0,20 máx.
384 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 15,00 17,00
17,00 19,00
Fonte: Tebecherani, C.T.P. artigo Aço Inoxidável
43

ANEXO 2: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTICOS

Tipo de aço ABNT C Mn Si P S Cr Ni Outros


409 0.08 1.00 1.00 0.045 0.045 10.50 Ti>=6xC
11.75 Ti 0.75 máx
429 0.12 1.00 1.00 0.040 0.030 14.00
16.00
430 0.12 1.00 1.00 0.040 0.030 16.00
18.00
430F 0.12 1.25 1.00 0.060 0.15 16.00 0.60 (A)
min 18.00
430FSe 0.12 1.25 1.00 0.060 0.060 16.00 Se 0.15 min
18.00
434 0.12 1.00 1.00 0.040 0.030 16.00
18.00
436 0.12 1.00 1.00 0.040 0.030 16.00 0.75 Nb+Ta>=5xC
18.00 1.25 0.70 máx
442 0.20 1.00 1.00 0.040 0.030 13.00 0.75
23.00 1.25
446 0.20 1.50 1.00 0.040 0.030 23.00 N
27.00 0.25
(A)Opcional
Fonte: Tebecherani, C.T.P. artigo Aço Inoxidável
44

ANEXO 3: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS MARTENSÍTICOS

TTipo de aço ABNT C Mn Si P S Cr Ni Outros


403 0,15 1,00 0,50 0,040 0,030 11,50
13,00
405 0,08 1,00 1,00 0,040 0,030 11,50 Al
14,50 0,10/0,30
410 0,15 1,00 1,00 0,040 0,030 11,50
13,50
414 0,15 1,00 1,00 0,040 0,030 11,50 Ni
13,50 1,25/2,50
416 0,15 1,25 1,00 0,060 0,15 12,00 0,60
min. 14,00 (A)
416Se 0,15 1,25 1,00 0,060 0,060 12,00 Se
14,00 0,15 min.
420(B) 0,15 1,00 1,00 0,040 0,030 12,00
min 14,00
420F 0,15 1,25 1,00 0,060 0,15 12,00 0,60
min min. 14,00 (A)
422 0,20 1,00 0,75 0,025 0,025 11,00 0,75 Ni 0,50/1,00
0,25 13,00 1,25 V 0,15/0,30
W 0,75/1,25
431 0,20 1,00 1,00 0,040 0,030 15,00 Ni 1,25/2,50
17,00
440 A 0,60 1,00 1,00 0,040 0,030 16,00 0,75
0,75 18,00
440 B 0,75 1,00 1,00 0,040 0,030 16,00 0,75
0,95 18,00
440 C 0,95 1,00 1,00 0,040 0,030 16,00 0,75
45

1,20 18,00
501 0,10 1,00 1,00 0,040 0,030 4,00 0,40
min 6,00 0,65
502 0,10 1,00 1,00 0,040 0,030 4,00 0,40
6,00 0,65
(A)Opcional
(B) O aço tipo ABNT 420 pode ser solicitado objetivando carbono nas faixas O,15/0,35 e O,35/0,45 caso se destine a uso geral ou aplicação em cutelaria
respectivamente,http://www.pipesystem.com.br/Artigos_Tecnicos/Aco_Inox/ - TOP
Fonte: Tebecherani, C.T.P. artigo Aço Inoxidável

ANEXO 4: COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS DUPLEX


Três aços são mais conhecidos neste tipo: 2205, 1.4462 e 1.4501, porém, não estão detalhados nas normas brasileiras. Somente na ASTM ou DIN.

ANEXO 5:COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS AÇOS INOXIDÁVEIS ENDURECÍVEIS POR PRECIPITAÇÃO


AABNT C Mn Si P S Cr Ni Outros Ni Outros

6630 <= 0,07 <= 0,70 <= 1,50 <= 0,040 <= 0,015 15,0 a 17,0 <= 0,60 3,0 a 5,0 Cu 3,0 a 5,0

Nb 5xC ate 0,45

6631 <= 0,09 <= 0,70 <= 1,00 <= 0,040 <= 0,015 16,0 a 18,0 6,5 a 7,8 Al 0,7 a 1,5
46

ANEXO6: PIB POR ESTADO EM 2.006


PIB POR ESTADO - 2.006
ESTADOS Valor R$ 1.000,00 %
ACRE 4.835.747 0,20
ALAGOAS 15.763.636 0,65
AMAPÁ 5.260.535 0,22
AMAZONAS 39.766.086 1,65
BAHIA 136.681.933 5,67
CEARÁ 46.310.492 1,92
DISTRITO FEDERAL 89.630.682 3,72
ESPÍRITO SANTO 52.782.914 2,19
GOIÁS 57.091.081 2,37
MARANHÃO 28.621.860 1,19
MATO GROSSO 35.284.137 1,46
MATO GROSSO DO SUL 24.355.772 1,01
MINAS GERAIS 214.814.905 8,91
PARÁ 44.376.461 1,84
PARAÍBA 19.953.193 0,83
PARANÁ 136.681.993 5,67
PERNAMBUCO 55.505.760 2,30
PIAUÍ 12.790.892 0,53
RIO DE JANEIRO 275.363.060 11,42
RIO GRANDE DO NORTE 20.557.263 0,85
RIO GRANDE DO SUL 156.883.171 6,51
RONDÔNIA 13.110.169 0,54
RORAIMA 3.660.611 0,15
SANTA CATARINA 93.193.324 3,87
SÃO PAULO 802.552.824 33,29
SERGIPE 15.126.169 0,63
TOCANTINS 9.607.624 0,40
TOTAL 2.410.562.294 100,00
Fonte: IBGE

www.igbe.gov.br
47

ANEXO7: PIB INDUSTRIAL POR ESTADO EM 2.006


PIB INDUSTRIAL POR ESTADO - 2.006
ESTADOS Valor R$ 1.000,00 %
ACRE 195.908 0,02
ALAGOAS 4.698.419 0,37
AMAPÁ 309.819 0,02
AMAZONAS 50.067.715 3,94
BAHIA 64.436.446 5,08
CEARÁ 12.809.289 1,01
DISTRITO FEDERAL 2.640.638 0,21
ESPÍRITO SANTO 26.391.643 2,08
GOIÁS 25.947.041 2,04
MARANHÃO 6.378.916 0,50
MATO GROSSO 14.236.838 1,12
MATO GROSSO DO SUL 9.362.024 0,74
MINAS GERAIS 132.055.547 10,40
PARÁ 19.721.862 1,55
PARAÍBA 4.570.594 0,36
PARANÁ 89.295.343 7,04
PERNAMBUCO 16.314.246 1,29
PIAUÍ 1.894.536 0,15
RIO DE JANEIRO 98.297.323 7,74
RIO GRANDE DO NORTE 5.327.170 0,42
RIO GRANDE DO SUL 104.513.505 8,23
RONDÔNIA 2.165.844 0,17
RORAIMA 75.835 0,01
SANTA CATARINA 58.184.157 4,58
SÃO PAULO 513.503.823 40,46
SERGIPE 4.588.040 0,36
TOCANTINS 1.269.346 0,10
TOTAL 1.269.251.867 100,00
48

ANEXO 8: DESCRIÇÃO DETALHADA DE SEGMENTOS CONSUMIDORES


O segmento transporte:
1. Automotivo (Setores 1,2,5 e 19)
Setor 1: Automobilístico:
- ônibus e caminhões;
- veículos comerciais leves;
- automóveis de passeio.
Setor 2: Autopeças e Acessórios:
- autopeças mecânicas;
- silenciosos e escapamentos;
- filtros para óleo e ar;
- outras peças ou partes estampadas;
- carrocerias para ônibus, caminhões, basculantes e frigoríficos;
- containers;
- rolamentos;
- molas;
- freios;
- parafusos e porcas.
Setor 5: Bicicletas e Motocicletas
Setor 19: Forjaria de Matriz Fechada
2. Ferroviário:
Setor 3: Ferroviário
- material rodante, locomotivas
- rodas ferroviárias
3. Naval
Setor 4: Naval:
- plataformas marítimas móveis
4. Agrícola/Rodoviário
Setor 6: Agrícola/Rodoviário:
- tratores;
- máquinas e implementos rodoviários;
- máquinas e implementos agrícolas;
- utensílios para pecuária e avicultura
5. Eletro-Eletrônico
6. Mecânico
Setor 8:
49

ANEXO 9: TEC DE 20/12/2.008 DOS PRODUTOS DE AÇO INOX

III.- AÇO INOXIDÁVEL

TEC DESCRIÇÃO II
72.18 Aço inoxidável em lingotes ou outras formas primárias;
produtos semimanufaturados de aço inoxidável.
7218.10.00 -Lingotes e outras formas primárias 8
7218.9 -Outros:
7218.91.00 --De seção transversal retangular 8
7218.99.00 --Outros 8

72.19 Produtos laminados planos de aço inoxidável, de largura


igual ou superior a 600mm.
7219.1 -Simplesmente laminados a quente, em rolos:
7219.11.00 --De espessura superior a 10mm 14
7219.12.00 --De espessura igual ou superior a 4,75mm mas não superior 14
a 10mm
7219.13.00 --De espessura igual ou superior a 3mm mas inferior a 14
4,75mm
7219.14.00 --De espessura inferior a 3mm 14
7219.2 -Simplesmente laminados a quente, não enrolados:
7219.21.00 --De espessura superior a 10mm 14
7219.22.00 --De espessura igual ou superior a 4,75mm mas não superior 14
a 10mm
7219.23.00 --De espessura igual ou superior a 3mm mas inferior a 14
4,75mm
7219.24.00 --De espessura inferior a 3mm 14
7219.3 -Simplesmente laminados a frio:
7219.31.00 --De espessura igual ou superior a 4,75mm 14
7219.32.00 --De espessura igual ou superior a 3mm mas inferior a 14
4,75mm
7219.33.00 --De espessura superior a 1mm mas inferior a 3mm 14
7219.34.00 --De espessura igual ou superior a 0,5mm mas não superior 14
a 1mm
7219.35.00 --De espessura inferior a 0,5mm 14
7219.90 -Outros
7219.90.10 De espessura inferior a 4,75mm e dureza superior ou igual a 2
42 HRC
50

7219.90.90 Outros 14

72.20 Produtos laminados planos de aço inoxidável, de largura


inferior a 600mm.
7220.1 -Simplesmente laminados a quente:
7220.11.00 --De espessura igual ou superior a 4,75mm 14
7220.12 --De espessura inferior a 4,75mm
7220.12.10 De espessura inferior ou igual a 1,5mm 14
7220.12.20 De espessura superior a 1,5mm, mas inferior ou igual a 14
3mm
7220.12.90 Outros 14
7220.20 -Simplesmente laminados a frio
7220.20.10 De largura inferior ou igual a 23mm e espessura inferior ou 2
igual a 0,1mm
7220.20.90 Outros 14
7220.90.00 -Outros 14

7221.00.00 Fio-máquina de aço inoxidável. 14

72.22 Barras e perfis, de aço inoxidável.


7222.1 -Barras simplesmente laminadas, estiradas ou extrudadas, a
quente:
7222.11.00 --De seção circular 14
7222.19 --Outras
7222.19.10 De seção transversal retangular 14
7222.19.90 Outras 14
7222.20.00 -Barras simplesmente obtidas ou acabadas a frio 14
7222.30.00 -Outras barras 14
7222.40 -Perfis
7222.40.10 De altura superior ou igual a 80mm 2
7222.40.90 Outros 14

7223.00.00 Fios de aço inoxidável. 14


51

ANEXO 10: CORRELAÇÃO DAS NORMAS DE INOX

Nome EM No EN AISI/ASTM ABNT


X12CrMnNiN17-7-5 1.4372 201 201
X12CrMnNiN 18-9-5 1.4373 202 202
205
X10CrNiN18-8 1.4310 301 301
301L
X12CrNiN18-7 1.4318 301LN (301L)
302 302
302B
X8CrNiS18-9 1.4305 303 303
303Se
X5CrNi18-10 1.4301 304 304
X2CrNiN18-10 1.4311 304LN
X6CrNi18-10 1.4948 304H
X2CrNi18-9 1.4307 304L 304L
X2CrNi19-11 1.4306 304L
304N 304N
X4CrNi18-12 1.4303 305 305
308
X15CrNiSi20-12 1.4828
X12CrNi23-13 1.4833 309 309
309S
310
X8CrNi25-21 1.4845 310S 310S
X15CrNiSi25-21 1.4841 314 314
X5CrNiMo17-12-2 1.4401 316 316
X3CrNiMo17-13-3 1.4436 316
316F
316N 316N
316H
X2CrNiMo17-12-2 1.4404 316L 316L
X2CrNiMo18-14-3 1.4435 316L
X2CrNiMo17-12-3 1.4432 316L
52

X2CrNiMo17-11-2 1.4406 316LN


X2CrNiMoN17-13-3 1.4429 316LN
X6CrNiMoTi17-12-2 1.4571 316Ti
X6CrNiMoNb17-12-2 1.4580 316Cb
317 317
X2CrNiMo18-15-4 1.4438 317L 317L
X2CrNiMoN18-12-4 1.4434 317LN
X2CrNiMoN17-13-5 1.4439 317LMN
X6CrNiTi18-10 1.4541 321 321
X8CrNiTi18-10 1.4878 321H
329
X6CrNiNb18-10 1.4550 347 347
347H
348
384
X1CrNi25-21 1.4335
X1CrNiMoN25-22-2 1.4466 310MoLN
Nome EN Número EN AISI/ASTM ABNT
X1CrNiSi18-15-4 1.4361
X1NiCrMoCu31-27-4 1.4563
X1NiCrMoCu25-20-5 1.4539 904L
X1CrNiMoCuN20-18-7 1.4547
X1NiCrMoCuN25-20-7 1.4529
X12NiCrSi35-16 1.4864 330 330
X9CrNiSiNCe21-11-2 1.4835
X10NiCrAlTi32-21 1.4876
X6NiCrNbCe32-27 1.4877
X6CrNiSiNCe19-10 1.4818
X6NiCrSiNCe35-25 1.4854
X2CrNiMoCuN22-5-3 1.4462
X2CrNiN23-4 1.4362
X2CrNiMoN25-7-4 1.4410
X2CrNiMoCuN25-6-3 1.4507
X2CrNiMoCuWN25-7-4 1.4501
X6CrAl13 1.4002 405
X2CrNi12 1.4003
53

X2CrTi12 1.4512 409 409


X6Cr13 1.4000 410S
429 429
X6Cr17 1.4016 430 430
430F
430FSe
X2CrTi17 1.4520
X3CrNb17 1.4511
X6CrNi17-1 1.4017
X6CrMo17-1 1.4113 434 434
X3CrTi17 1.4510 439
X6CrNiTi12 1.4516
X2CrMoTi17-1 1.4513
X2CrMoTi18-2 1.4521 444
X6CrMoNb17-1 1.4526 436 436
X2CrTiNb18 1.4509
X18CrN28 1.4749 446 446
X10CrAlSi7 1.4713
X10CrAlSi13 1.4724
X10CrAlSi25 1.4762
442
403
405
X12Cr13 1.4006 410 410
414
416
416Se
X20Cr13 1.4021 420 420
X30Cr13 1.4028 420
X39Cr13 1.4031 420
Nome EN Número EN AISI/ASTM ABNT
420F
422
431
440A
440B
54

440C
X50CrMov15 1.4116
X39CrMo17-1 1.4122
X3CrNiMo13-4 1.4313
X4CrNiMo16-5-1 1.4418
501
502
X5CrNiCuNb16-4 1.4542 630
X7CrNiAl17-7 1.4568 631
Fonte: Euronorm
55

ANEXO 11: COMPARATIVO DO NÚMERO DE UNIDADES INDUSTRIAIS BRASIL x RIO DE JANEIRO EM 2.005
NÚMERO DE UNIDADES INDUSTRIAIS LOCAIS - 2.005
Códigos Número
da Classe de atividades de
CNAE unidades
1.0 locais
BRASIL RJ %
Total................................................................................................. 53 265 9 530 18

C Indústrias Extrativas............................................................... 1 637 274


10 Extração de carvão mineral............................................................................ 34 2
10.0 Extração de carvão mineral........................................................................ 34 2
10.00 Extração de carvão mineral................................................................. 34
11 Extração de petróleo e serviços relacionados................................................ 121 57 47
11.1 Extração de petróleo e gás natural.......................................................... 17 2
11.10 Extração de petróleo e gás natural.......................................................... 17
11.2 Atividades de serviços relacionados com extra-
ção de petróleo e gás - exceto a prospecção
realizada por terceiros................................................................................. 104 55 53
11.20 Atividades de serviços relacionados com extra-
ção de petróleo e gás - exceto a prospecção
realizada por terceiros ....................................................... 104
13 Extração de minerais metálicos ............................................................. 273 9
56

13.1 Extração de minério de ferro......................................................................... 142 7


13.10 Extração de minério de ferro.................................................................... 142
13.2 Extração de minerais metálicos não-ferrosos ........................................... 131 2
13.21 Extração de minério de alumínio................................................................ 84
13.22 Extração de minério de estanho.............................................................. 1
13.23 Extração de minério de manganês........................................................ 12
13.24 Extração de minério de metais preciosos................................................. 16
13.25 Extração de minerais radioativos............................................................ 2
13.29 Extração de outros minerais metálicos não-
ferrosos................................................................................. 16
14 Extração de minerais não-metalicos ..................................................... 1 209 206
14.1 Extração de pedra, areia e argila ....................................................... 922 185
14.10 Extração de pedra, areia e argila...................................................... 922
14.2 Extração de outros minerais não-metalicos .............................................. 287 21
14.21 Extração de minerais para fabricação de
adubos, fertilizantes e produtos
químicos................................................................................. 31
14.22 Extração e refino de sal marinho e sal-gema.......................................... 67
14.29 Extração de outros minerais não-metálicos............................................ 189
D Indústrias de transformação ............................................. 51 628 9 256 18
15 Fabricação de produtos alimentícios e bebidas ........................................... 9 138 1 348 15
15.1 Abate e preparação de produtos de carne e
de pescado.............................................................................. 1 459 87 6
15.11 Abate de reses, preparação de produtos de
57

carne................................................................................. 691
15.12 Abate de aves e outros pequenos animais
e preparação de produtos de carne............................................................................. 445
15.13 Preparação de carne, banha e produtos de
salsicharia não associadas ao abate
.............................................................................. 169
15.14 Preparação e preservação do pescado e
fabricação de conservas de peixes, crustá-
ceos e moluscos............................................................ 155
15.2 Processamento, preservação e produção de
conservas de frutas, legumes e outros
vegetais............................................................................ 496 40 8
15.21 Processamento, preservação e produção de
conservas de frutas...................................................... 203
15.22 Processamento, preservação e produção de
conservas de legumes e outros vegetais................................................................... 68
15.23 Produção de sucos de frutas e de legumes............................................. 225
15.3 Produção de óleos e gorduras vegetais e
animais ................................................................................... 782 7 1
15.31 Produção de óleos vegetais em bruto................................................... 710
15.32 Refino de óleos vegetais......................................................................... 40
15.33 Preparação de margarina e outras gorduras
vegetais e de óleos de origem animal não
comestíveis............................................................. 32
58

15.4 Laticínios ................................................................................. 1 535 144 9


15.41 Preparação do leite......................................................................... 516
15.42 Fabricação de produtos do laticínio................................................... 903
15.43 Fabricação de sorvetes..................................................................... 116
15.5 Moagem, fabricação de produtos amiláceos e
de rações balanceadas para animais...................................................................... 1 186 45 4
15.51 Beneficiamento de arroz e fabricação de
produtos do arroz.......................................................................... 259
15.52 Moagem de trigo e fabricação de derivados............................................ 181
15.53 Fabricação de farinha de mandioca e
derivados.......................................................................... 21
15.54 Fabricação de farinha de milho e derivados.................................................... 170
15.55 Fabricação de amidos e féculas de vegetais
e fabricação de óleos de milho...................................... 75
15.56 Fabricação de rações balanceadas para
animais.............................................................................. 391
15.59 Beneficiamento, moagem e preparação de
outros produtos de origem
vegetal.................................................................................... 88
15.6 Fabricação e refino de açúcar ......................................................... 418 17 4
15.61 Usinas de açúcar.................................................................................. 328
15.62 Refino e moagem de açúcar................................................................ 90
15.7 Torrefação e moagem de café .......................................................... 240 47 20
15.71 Torrefação e moagem de café.............................................................. 217
59

15.72 Fabricação de café solúvel.................................................................. 23


15.8 Fabricação de outros produtos alimentícios .......................................... 2 257 847 38
15.81 Fabricação de produtos de padaria,
confeitaria e pastelaria....................................................................... 662
15.82 Fabricação de biscoitos e bolachas..................................................... 216
15.83 Produção de derivados do cacau e elabora-
ção de chocolates, balas, gomas de mascar........................... 313
15.84 Fabricação de massas alimentícias......................................................... 312
15.85 Preparação de especiarias, molhos, tempe-
ros e condimentos................................................................. 104
15.86 Preparação de produtos dietéticos, alimen-
tos para crianças e outros alimentos
conservados..................................................................... 10
15.89 Fabricação de outros produtos alimentícios.............................................. 640
15.9 Fabricação de bebidas ..................................................... 764 115 15
15.91 Fabricação, retificação, homogeneização e
mistura de aguardentes e outras bebidas
destiladas........................................................................ 119
15.92 Fabricação de vinho..................................................................... 60
15.93 Fabricação de malte, cervejas e chopes.............................................. 117
15.94 Engarrafamento e gaseificação de águas
minerais............................................................................ 178
15.95 Fabricação de refrigerantes e refrescos................................................... 289
60

16 Fabricação de produtos do fumo ........................................................... 178 10 6


16.0 Fabricação de produtos do fumo......................................................... 178 10 6
16.00 Fabricação de produtos do fumo........................................................ 178
17 Fabricação de produtos têxteis ............................................................ 2 138 216
17.1 Beneficiamento de fibras têxteis naturais ............................................... 71 4
17.11 Beneficiamento de algodão............................................................. 40
17.19 Beneficiamento de outras fibras têxteis
naturais........................................................................... 30
17.2 Fiação ..................................................................................... 272 12
17.21 Fiação de algodão.......................................................................... 129
17.22 Fiação de outras fibras têxteis naturais - ex-
ceto algodão....................................................................... 45
17.23 Fiação de fibras artificiais ou sintéticas............................................... 62
17.24 Fabricação de linhas e fios para costurar e
bordar............................................................................ 36
17.3 Tecelagem - inclusive fiação e tecelagem ............................................ 343 27
17.31 Tecelagem de algodão...................................................................... 184
17.32 Tecelagem de fios de fibras têxteis naturais -
- exceto algodão.......................................................................... 25
17.33 Tecelagem de fios e filamentos contínuos
artificiais ou sintéticos................................................................... 135
17.4 Fabricação de artefatos têxteis, incluindo
tecelagem............................................................................ 152 10
61

17.41 Fabricação de artigos de tecido de uso


doméstico, incluindo tecelagem....................................................... 60
17.49 Fabricação de outros artefatos têxteis,
incluindo tecelagem......................................................................... 92
17.5 Acabamentos em fios, tecidos e artigos têx-
teis, para terceiros................................................................................ 505 31
17.50 Acabamentos em fios, tecidos e artigos
têxteis, para terceiros.......................................................................... 505
17.6 Fabricação de artefatos têxteis a partir de
tecidos - exceto vestuário e de outros
artigos têxteis ................................................................. 576 109
17.61 Fabricação de artefatos têxteis a partir
de tecidos - exceto vestuário......................................................................... 221
17.62 Fabricação de artefatos de tapeçaria.................................................. 45
17.63 Fabricação de artefatos de cordoaria.................................................. 52
17.64 Fabricação de tecidos especiais - inclusive
artefatos............................................................................ 120
17.69 Fabricação de outros artigos têxteis -
- exceto vestuário......................................................................... 138
17.7 Fabricação de tecidos e artigos de malha ............................................ 219 23
17.71 Fabricação de tecidos de malha........................................................ 146
17.72 Fabricação de meias............................................................................... 39
17.79 Fabricação de outros artigos do vestuário
62

produzidos em malharias (tricotagens)........................................................... 34


18 Confecção de artigos do vestuário e acessórios............................................ 4 807 1 793
18.1 Confecção de artigos do vestuário ......................................................... 4 577 1 742
18.11 Confecção de roupas íntimas, blusas, cami-
sas e semelhantes.................................................................... 1 072
18.12 Confecção de peças do vestuário - exceto rou-
pas íntimas, blusas, camisas e
semelhantes.................................................................... 3 318
18.13 Confecção de roupas profissionais...................................................... 188
18.2 Fabricação de acessórios do vestuário e de
segurança profissional - exceto calçados...................................................................... 229 51
18.21 Fabricação de acessórios do vestuário................................................ 138
18.22 Fabricação de acessórios para segurança
industrial e pessoal......................................................................... 91
19 Preparação de couros e fabricação de artefatos
de couro, artigos de viagem e calçados ..................................................................... 3 319 131
19.1 Curtimento e outras preparações de couro .............................................. 290 5
19.10 Curtimento e outras preparações de couro.......................................... 290
19.2 Fabricação de artigos para viagem e de
artefatos diversos de couro............................................................. 283 87
19.21 Fabricação de malas, bolsas, valises e ou-
tros artefatos para viagem, de qualquer
material......................................................................... 152
19.29 Fabricação de outros artefatos de couro................................................ 130
63

19.3 Fabricação de calçados .................................................................. 2 746 39


19.31 Fabricação de calçados de couro.......................................................... 2 136
19.32 Fabricação de tênis de qualquer material............................................... 149
19.33 Fabricação de calçados de plástico..................................................... 242
19.39 Fabricação de calçados de outros materiais.......................................... 219
20 Fabricação de produtos de madeira ........................................................ 2 394 159
20.1 Desdobramento de madeira .............................................................. 1 210 21
20.10 Desdobramento de madeira............................................................. 1 210
20.2 Fabricação de produtos de madeira, cortiça
e material trançado - exceto móveis
.................................................................................. 1 184 137
20.21 Fabricação de madeira laminada e de
chapas de madeira compensada,
prensada ou aglomerada.................................................... 551
20.22 Fabricação de esquadrias de madeira, de
casas de madeira pré-fabricadas, de estru-
turas de madeira e artigos de carpintaria.................................................. 238
20.23 Fabricação de artefatos de tanoaria e
embalagens de madeira........................................................................ 199
20.29 Fabricação de artefatos diversos de
madeira, palha, cortiça e material
trançado - exceto móveis................................................................................. 196
21 Fabricação de celulose, papel e produtos de
papel........................................................................................ . 1 481 151 10
64

21.1 Fabricação de celulose e outras pastas para


a fabricação de papel........................................................... 63 -
21.10 Fabricação de celulose e outras pastas
para a fabricação de papel........................................................ 63
21.2 Fabricação de papel, papelão liso, cartolina
e cartão ................................................................................. 514 11 2
21.21 Fabricação de papel................................................................................. 466
21.22 Fabricação de papelão liso, cartolina e
cartão................................................................................. 48
21.3 Fabricação de embalagens de papel ou
papelão .............................................................................. 499 84
21.31 Fabricação de embalagens de papel........................................................ 141
21.32 Fabricação de embalagens de papelão -
inclusive a fabricação de papelão
corrugado............................................................................... 358
21.4 Fabricação de artefatos diversos de papel,
papelão, cartolina e cartão................................................................ 405 57
21.41 Fabricação de artefatos de papel, papelão,
cartolina e cartão para escritório................................................. 114
21.42 Fabricação de fitas e formulários contínuos -
- impressos ou não...................................................................... 75
21.49 Fabricação de outros artefatos de pastas,
papel, papelão, cartolina e cartão........................................... 216
65

22 Edição, impressão e reprodução de gravações ............................................ 1 800 895


22.1 Edição; edição e impressão ................................................................... 1 098 502
22.14 Edição de discos, fitas e outros materiais
gravados......................................................................... 14
22.15 Edição de livros, revistas e jornais................................................... 131
22.16 Edição e impressão de livros....................................................... 249
22.17 Edição e impressão de jornais............................................................................. 352
22.18 Edição e impressão de revistas............................................................................. 68
22.19 Edição; edição e impressão de outros
produtos gráficos............................................................................ 284
22.2 Impressão e serviços conexos para terceiros ......................................... 668 369
22.21 Impressão de jornais, revistas e livros..................................................... 97
22.22 Serviço de impressão de material escolar e
de material para usos industrial e
comercial......................................................................... 407
22.29 Execução de outros serviços gráficos................................................... 165
22.3 Reprodução de materiais gravados ....................................................... 33 23
22.31 Reprodução de discos e fitas........................................................... 30
22.32 Reprodução de fitas de vídeos....................................................... 2
22.34 Reprodução de software em discos e fitas.................... 1
23 Fabricação de coque, refino de petróleo, elabora-
ção de combustíveis nucleares e produção de
álcool ....................................................................................... 318 28 9
23.1 Coquerias .................................................................................... 4 -
66

23.10 Coquerias................................................................................. 4
23.2 Fabricação de produtos derivados do petróleo................................................................. 111 23 21
23.21 Refino de petróleo........................................................................ 28
23.29 Outras formas de produção de derivados do
petróleo....................................................... 83
23.3 Elaboração de combustíveis nucleares.............................................. 6 2 33
23.30 Elaboração de combustíveis nucleares...................................... 6
23.4 Produção de álcool ...................................................................... 196 3 2
23.40 Produção de álcool....................................................................... 196
24 Fabricação de produtos químicos ....................................................... 3 582 569 16
24.1 Fabricação de produtos químicos inorgânicos ............................... 783 57 7
24.11 Fabricação de cloro e álcalis....................................................... 12
24.12 Fabricação de intermediários para
fertilizantes......................................................................... 24
24.13 Fabricação de fertilizantes fosfatados,
nitrogenados e potássicos............................................................ 404
24.14 Fabricação de gases industriais............................................................... 177
24.19 Fabricação de outros produtos inorgânicos.......................................... 166
24.2 Fabricação de produtos químicos orgânicos ............................................ 458 26 6
24.21 Fabricação de produtos petroquímicos
básicos............................................................................. 28
24.22 Fabricação de intermediários para resinas
e fibras............................................................................... 44
67

24.29 Fabricação de outros produtos químicos


orgânicos.......................................................................... 386
24.3 Fabricação de resinas e elastômeros ..................................................... 161 9 6
24.31 Fabricação de resinas termoplásticas................................................ 103
24.32 Fabricação de resinas termofixas...................................................... 41
24.33 Fabricação de elastômeros............................................................... 17
24.4 Fabricação de fibras, fios, cabos e filamentos
contínuos artificiais e sintéticos ............................................................................. 27 1
24.41 Fabricação de fibras, fios, cabos e filamentos
contínuos artificiais......................................................... -
24.42 Fabricação de fibras, fios, cabos e filamentos
contínuos sintéticos......................................................... 27
24.5 Fabricação de produtos farmacêuticos .................................................. 671 147 22
24.51 Fabricação de produtos farmoquímicos.............................................. 24
24.52 Fabricação de medicamentos para uso
humano.............................................................................. 483
24.53 Fabricação de medicamentos para uso
veterinário...................................................................... 70
24.54 Fabricação de materiais para usos médicos,
hospitalares e odontológicos....................................... 93
24.6 Fabricação de defensivos agrícolas ...................................................... 128 9 7
24.61 Fabricação de inseticidas.................................................................... 44
24.62 Fabricação de fungicidas.................................................................... 15
68

24.63 Fabricação de herbicidas.................................................................... 25


24.69 Fabricação de outros defensivos agrícolas........................................... 44
24.7 Fabricação de sabões, detergentes, produtos
de limpeza e artigos de perfumaria ................................................................................ 535 179 33
24.71 Fabricação de sabões, sabonetes e
detergentes sintéticos........................................................................... 224
24.72 Fabricação de produtos de limpeza e
polimento.................................................................... 89
24.73 Fabricação de artigos de perfumaria e
cosméticos..................................................................... 222
24.8 Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes,
lacas e produtos afins..................................................................... 359 64 18
24.81 Fabricação de tintas, vernizes, esmaltes
e lacas................................................................................ 284
24.82 Fabricação de tintas de impressão............................................................ 30
24.83 Fabricação de impermeabilizantes, solven-
tes e produtos afins................................................................. 45
24.9 Fabricação de produtos e preparados
químicos diversos................................................................................. 460 76 17
24.91 Fabricação de adesivos e selantes......................................................... 48
24.92 Fabricação de explosivos..................................................................... 70
24.93 Fabricação de catalisadores.................................................................. 12
24.94 Fabricação de aditivos de uso industrial.................................................. 101
69

24.95 Fabricação de chapas, filmes, papéis e


outros materiais e produtos químicos
para fotografia.......................................................... 29
24.96 Fabricação de discos e fitas virgens........................................................ 1
24.99 Fabricação de outros produtos químicos
não especificados anteriormente.................................................................................. 198
25 Fabricação de artigos de borracha e material
plástico ...................................................................... 2 862 467
25.1 Fabricação de artigos de borracha ........................................................ 703 76
25.11 Fabricação de pneumáticos e de câmaras-
-de-ar.................................................................................. 83
25.12 Recondicionamento de pneumáticos.................................................. 225
25.19 Fabricação de artefatos diversos de
borracha......................................................................... 395
25.2 Fabricação de produtos de material plástico ........................................................ 2 160 391
25.21 Fabricação de laminados planos e tubulares
de material plástico.............................................................................. 173
25.22 Fabricação de embalagem de material plás-
tico...................................................................................... 835
25.29 Fabricação de artefatos diversos de mate-
rial plástico....................................... 1 152
26 Fabricação de produtos de minerais não- 794
-metálicos ................................................................................. 3 939
70

26.1 Fabricação de vidro e de produtos do vidro ............................................ 201 20


26.11 Fabricação de vidro plano e de segurança.......................................... 71
26.12 Fabricação de embalagens de vidro...................................................... 26
26.19 Fabricação de artigos de vidro........................................................... 104
26.2 Fabricação de cimento .................................................................... 412 25
26.20 Fabricação de cimento....................................................................... 412
26.3 Fabricação de artefatos de concreto, cimento,
fibrocimento, gesso e estuque .................................................................................. 1 434 293
26.30 Fabricação de artefatos de concreto, cimen-
to, fibrocimento, gesso e estuque.................................... 1 434
26.4 Fabricação de produtos cerâmicos ........................................................ 1 308 206
26.41 Fabricação de produtos cerâmicos não-
-refratários para uso estrutural na
construção civil.................................................................. 1 088
26.42 Fabricação de produtos cerâmicos refratários......................................... 98
26.49 Fabricação de produtos cerâmicos não-
-refratários para usos diversos......................................................... 122
26.9 Aparelhamento de pedras e fabricação de cal e
de outros produtos de minerais não-
metalicos....................................................................... 584 251
26.91 Britamento, aparelhamento e outros traba-
lhos em pedras (não associados à extração).......................................................... 275
26.92 Fabricação de cal virgem, cal hidratada e
gesso............................................................................... 90
71

26.99 Fabricação de outros produtos de minerais


não-metálicos.......................................................................... 219
27 Metalurgia básica ................................................................................ 1 424 121
27.1 Produção de ferro-gusa e de ferroligas.................................................................. 153 -
27.13 Produção de ferro-gusa........................................................ 106
27.14 Produção de ferroligas............................................................... 47

27.2 Siderurgia..................................................................................................................................... 478 28


Produção de semi-acabados de
27.23 aço................................................................................... 125
27.24 Produção de laminados planos de aço................................... 52
27.25 Produção de laminados longos de aço................................................................... 134
27.26 Produção de relaminados, trefilados e per-
filados de aço................................................................ 167
27.3 Fabricação de tubos - exceto em siderúrgicas.......................... 124 9
27.31 Fabricação de tubos de aço com costura................................................. 94
27.39 Fabricação de outros tubos de ferro e aço................................................ 30
27.4 Metalurgia de metais não-ferrosos ......................................................... 386 40
27.41 Metalurgia do alumínio e suas ligas.......................................................... 256
27.42 Metalurgia dos metais preciosos............................................................... 18
27.49 Metalurgia de outros metais não-ferrosos e
suas ligas................................................................................... 112
27.5 Fundição ......................................................................................... 283 44
27.51 Fabricação de peças fundidas de ferro
72

e aço................................................................................... 220
27.52 Fabricação de peças fundidas de metais
não-ferrosos e suas ligas............................................................... 63
28 Fabricação de produtos de metal - exceto máqui-
nas e equipamentos........................................................................... 3 882 896 23
28.1 Fabricação de estruturas metálicas e obras
de caldeiraria pesada............................................................... 552 302 55
28.11 Fabricação de estruturas metálicas para
edifícios, pontes, torres de transmissão,
andaimes e outros fins..................................................................................... 305
28.12 Fabricação de esquadrias de metal........................................................... 184 0
28.13 Fabricação de obras de caldeiraria pesada.............................................. 63
28.2 Fabricação de tanques, caldeiras e
reservatórios metálicos............................................................................. 120 35 29
28.21 Fabricação de tanques, reservatórios metá-
licos e caldeiras para aquecimento
central........................................................................ 94
28.22 Fabricação de caldeiras geradoras de vapor -
exceto para aquecimento central e para
veículos....................................................... 26
28.3 Forjaria, estamparia, metalurgia do pó e
serviços de tratamento de metais ....................................................... 1 570 188
28.31 Produção de forjados de aço................................................................. 34
28.32 Produção de forjados de metais não-
73

-ferrosos e suas ligas................................................................................... 20


28.33 Fabricação de artefatos estampados de
metal.................................................................................. 213
28.34 Metalurgia do pó.................................................................................. 16
28.39 Têmpera, cementação e tratamento térmico
do aço, serviços de usinagem, galvano-
técnica e solda................................................................. 1 286
28.4 Fabricação de artigos de cutelaria, de
serralheria e ferramentas manuais ........................................................... 371 121 33
28.41 Fabricação de artigos de cutelaria........................................................... 43
28.42 Fabricação de artigos de serralheria -
- exceto esquadrias............................................................................ 175
28.43 Fabricação de ferramentas manuais...................................................... 153
28.8 Manutenção e reparação de tanques, caldeiras e
reservatórios metálicos................................................................. 26 4 15
28.81 Manutenção e reparação de tanques, reserva-
tórios metálicos e caldeiras para aquecimen-
to central.............................................................................. 19
28.82 Manutenção e reparação de caldeiras gerado-
ras de vapor - exceto para aquecimento cen-
tral e para veículos.............................................................................. 6
28.9 Fabricação de produtos diversos de metal ............................................... 1 244 245 20
28.91 Fabricação de embalagens metálicas..................................................... 129
74

28.92 Fabricação de artefatos de trefilados................................................... 366


28.93 Fabricação de artigos de funilaria e de
artigos de metal para usos doméstico
e pessoal....................................................................... 180
28.99 Fabricação de outros produtos elaborados
de metal.................................................................................. 568
29 Fabricação de máquinas e equipamentos ................................................... 3 369 389 12
29.1 Fabricação de motores, bombas, compres-
sores e equipamentos de transmissão ................................................................... 527 62 12
29.11 Fabricação de motores estacionários de
combustão interna, turbinas e outras
máquinas motrizes não-elétricas - exce-
to para aviões e veículos rodoviários...................................................................... 44
29.12 Fabricação de bombas e carneiros
hidráulicos..................................................................... 139
29.13 Fabricação de válvulas, torneiras e registros............................................ 205
29.14 Fabricação de compressores.................................................................. 36
29.15 Fabricação de equipamentos de transmissão
para fins industriais - inclusive
rolamentos.......................................................................... 103
29.2 Fabricação de máquinas e equipamentos de
uso geral................................................................................. 976 124 13
29.21 Fabricação de fornos industriais, aparelhos
e equipamentos não-elétricos para
75

instalações térmicas................................................... 50
29.22 Fabricação de estufas e fornos elétricos
para fins industriais........................................................................... 15
29.23 Fabricação de máquinas, equipamentos e
aparelhos para transporte e elevação de
cargas e pessoas................................................................. 150
29.24 Fabricação de máquinas e aparelhos de
refrigeração e ventilação de usos indus-
trial e comercial.................................................................................................. 252
29.25 Fabricação de aparelhos de ar-
-condicionado.................................................................. 31
29.29 Fabricação de outras máquinas e
equipamentos de uso geral............................................................................ 478
29.3 Fabricação de tratores e de máquinas e
equipamentos para a agricultura, avicultura
e obtenção de produtos animais.................................................................................. 314 15 5
29.31 Fabricação de máquinas e equipamentos
para agricultura, avicultura e obtenção
de produtos animais......................................................... 292
29.32 Fabricação de tratores agrícolas............................................................. 22
29.4 Fabricação de máquinas-ferramenta ..................................................... 173 16 9
29.40 Fabricação de máquinas-ferramenta...................................................... 173
29.5 Fabricação de máquinas e equipamentos de
76

usos na extração mineral e construção........................................... 149 27 18


29.51 Fabricação de máquinas e equipamentos para
a prospecção e extração de petróleo................................ 32
29.52 Fabricação de outras máquinas e equipamen-
tos de uso na extração mineral e construção............................. 69
29.53 Fabricação de tratores de esteira e tratores
de uso na extração mineral e
construção.................................................................................... 17
29.54 Fabricação de máquinas e equipamentos
de terraplanagem e pavimentação........................................ 32
29.6 Fabricação de outras máquinas e equipa-
mentos de uso específico ....................................................................... 569 56 10
29.61 Fabricação de máquinas para a indústria
metalúrgica - exceto máquinas-ferramenta................................... 44
29.62 Fabricação de máquinas e equipamentos
para as indústrias alimentar, de bebida
e fumo.................................................................... 103
29.63 Fabricação de máquinas e equipamentos
para a indústria têxtil................................................................... 34
29.64 Fabricação de máquinas e equipamentos
para as indústrias do vestuário e de couro
e calçados.............................................................. 42
29.65 Fabricação de máquinas e equipamentos
para as indústrias de celulose, papel e
77

papelão e artefatos............................................................. 30
29.69 Fabricação de outras máquinas e equipa-
mentos de uso específico.................................................................. 316
29.7 Fabricação de armas, munições e
equipamentos militares................................................................................ 15 -
29.71 Fabricação de armas de fogo e munições................................................ 9
29.72 Fabricação de equipamento bélico pesado............................................ 6
29.8 Fabricação de eletrodomésticos ............................................................. 190 15 8
29.81 Fabricação de fogões, refrigeradores e má-
quinas de lavar e secar para uso
doméstico...................................................................... 77
29.89 Fabricação de outros aparelhos
eletrodomésticos............................................................. 113
29.9 Manutenção e reparação de máquinas e equi-
pamentos........................................................................................................ 455 74 16
29.91 Manutenção e reparação de motores, bom-
bas, compressores e equipamentos de trans-
missão............................................................................. 24
29.92 Manutenção e reparação de máquinas e
equipamentos de uso geral................................................... 221
29.93 Manutenção e reparação de tratores e de
máquinas e equipamentos para agricultura,
avicultura e obtenção de produtos
animais........................................................................... 9
78

29.94 Manutenção e reparação de máquinas-fer-


ramenta................................................................................ 2
29.95 Manutenção e reparação de máquinas e
equipamentos de uso na extração mine-
ral e construção.......................................................................... 12
29.96 Manutenção e reparação de máquinas e
equipamentos de uso específico................................................... 188
30 Fabricação de máquinas para escritório e
equipamentos de informática........................................................................... 258 18
30.1 Fabricação de máquinas para escritório ................................................... 14 6
30.11 Fabricação de máquinas de escrever e
calcular, copiadoras e outros equipa-
mentos não-eletrônicos para escritório................................................................ 6
30.12 Fabricação de máquinas de escrever e
calcular, copiadoras e outros equipa-
mentos eletrônicos destinados à
automação gerencial e comercial.................................... 8
30.2 Fabricação de máquinas e equipamentos de
sistemas eletrônicos para processamento 12
de dados .......................................................................... 244
30.21 Fabricação de computadores................................................................. 79
30.22 Fabricação de equipamentos periféricos
para máquinas eletrônicas para trata-
79

mento de informações..................................................... 166


31 Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais
elétricos................................................................................. 1 193 148
31.1 Fabricação de geradores, transformadores
e motores elétricos................................................................................. 225 15
31.11 Fabricação de geradores de corrente
contínua ou alternada........................................................................... 43
31.12 Fabricação de transformadores, indutores,
conversores, sincronizadores e
semelhantes.................................................................. 117
31.13 Fabricação de motores elétricos............................................................... 64
31.2 Fabricação de equipamentos para distribuição
e controle de energia elétrica ..................................................................... 266 42
31.21 Fabricação de subestações, quadros de
comando, reguladores de voltagem e
outros aparelhos e equipamentos para
distribuição e controle de energia .............................................................................. 150
31.22 Fabricação de material elétrico para
instalações em circuito de consumo...................................................... 117
31.3 Fabricação de fios, cabos e condutores
elétricos isolados.............................................................................. 161 12
31.30 Fabricação de fios, cabos e condutores
elétricos isolados.......................................................................... 161
80

31.4 Fabricação de pilhas, baterias e acumuladores


elétricos....................................................................................... 53 -
31.41 Fabricação de pilhas, baterias e acumula-
dores elétricos - exceto para veículos........................................................................ 15
31.42 Fabricação de baterias e acumuladores
para veículos............................................................................. 38
31.5 Fabricação de lâmpadas e equipamentos
de iluminação.................................................................... 153 26
31.51 Fabricação de lâmpadas........................................................................ 56
31.52 Fabricação de luminárias e equipamentos
de iluminação - exceto para veículos.......................................................................... 97
31.6 Fabricação de material elétrico para veículos -
- exceto baterias........................................................................ 146 8
31.60 Fabricação de material elétrico para
veículos - exceto baterias .................................................................... 146
31.8 Manutenção e reparação de máquinas, apare-
lhos e materiais elétricos................................................................................................ 62 15
31.81 Manutenção e reparação de geradores,
transformadores e motores elétricos.......................................... 31
31.82 Manutenção e reparação de baterias e
acumuladores elétricos - exceto para
veículos..................................................................... -
31.89 Manutenção e reparação de máquinas,
81

aparelhos e materias elétricos não es-


pecificados anteriormente................................................................................... 31
31.9 Fabricação de outros equipamentos e
aparelhos elétricos................................................................................ 126 30
31.91 Fabricação de eletrodos, contatos e outros
artigos de carvão e grafita para uso elétrico,
eletroimãs e isoladores.......................................................................... 17
31.92 Fabricação de aparelhos e utensílios para
sinalização e alarme......................................................... 38
31.99 Fabricação de outros aparelhos ou
equipamentos elétricos.............................................................................. 71
32 Fabricação de material eletrônico e de aparelhos
e equipamentos de comunicações ............................................................... 464 60
32.1 Fabricação de material eletrônico básico ................................................... 168 18
32.10 Fabricação de material eletrônico básico.................................................. 168
32.2 Fabricação de aparelhos e equipamentos
de telefonia e radiotelefonia e de transmis-
sores de televisão e rádio................................................................................... 155 29
32.21 Fabricação de equipamentos transmissores
de rádio e televisão e de equipamentos
para estações telefônicas, para radio-
telefonia e radiotelegrafia - inclusive de
microondas e repetidoras.............................................. 78
82

32.22 Fabricação de aparelhos telefônicos,


sistemas de intercomunicação e
semelhantes..................................................................................... 76
32.3 Fabricação de aparelhos receptores de rádio
e televisão e de reprodução, gravação ou
amplificação de som e vídeo....................................................................... 117 8
32.30 Fabricação de aparelhos receptores de
rádio e televisão e de reprodução, grava-
ção ou amplificação de som e vídeo............................... 117
32.9 Manutenção e reparação de aparelhos e equi-
pamentos de telefonia e radiotelefonia e de
transmissores de televisão e rádio - exceto
telefones................................................................................ 23 4
32.90 Manutenção e reparação de aparelhos e
equipamentos de telefonia e radiotelefo-
nia e de transmissores de televisão e rá-
dio - exceto telefones................................................................ 23
33 Fabricação de equipamentos de instrumentação
médico-hospitalares, instrumentos de precisão
e ópticos, equipamentos para automação
industrial, cronômetros e relógios .................................................................................. 570 126 22
33.1 Fabricação de aparelhos e instrumentos para
usos médico-hospitalares, odontológicos e
83

de laboratórios e aparelhos ortopédicos............................................. 202 63 31


33.10 Fabricação de aparelhos e instrumentos
para usos médico-hospitalares, odonto-
lógicos e de laboratórios e aparelhos
ortopédicos................................................................... 202
33.2 Fabricação de aparelhos e instrumentos de
medida teste e controle - exceto equipa-
mentos para controle de processos
industriais.......................................................................... 111 15
33.20 Fabricação de aparelhos e instrumentos
de medida, teste e controle - exceto
equipamentos para controle de
processos industriais.................................................... 111
33.3 Fabricação de máquinas, aparelhos e
equipamentos de sistemas eletrônicos
dedicados à automação industrial e
controle do processo produtivo
................................................................................................. 88 11
33.30 Fabricação de máquinas, aparelhos e
equipamentos de sistemas eletrônicos
dedicados à automação industrial e
controle do processo produtivo........................................................................ 88
33.4 Fabricação de aparelhos, instrumentos e
materiais ópticos, fotográficos e
84

cinematográficos ................................................................ 84 24
33.40 Fabricação de aparelhos, instrumentos e
materiais ópticos, fotográficos e
cinematográficos............................................................................ 84
33.5 Fabricação de cronômetros e relógios ..................................................... 48 6
33.50 Fabricação de cronômetros e relógios..................................................... 48
33.9 Manutenção e reparação de equipamentos
médico-hospitalares, instrumentos de
precisão e ópticos e equipamentos
para automação industrial.............................................................................. 37 6 16
33.91 Manutenção e reparação de equipamentos
médico-hospitalares, odontológicos e
de laboratório............................................................... 10
33.92 Manutenção e reparação de aparelhos e
instrumentos de medida, teste e contro-
le - exceto equipamentos de controle
de processos industriais...................................................... 9
33.93 Manutenção e reparação de máquinas, apa-
relhos e equipamentos de sistemas eletrô-
nicos dedicados à automação industrial e
controle do processo produtivo........................................... 18
33.94 Manutenção e reparação de instrumentos
ópticos e cinematográficos........................................................................ -
85

34 Fabricação e montagem de veículos auto-


motores, reboques e carrocerias ............................................................ 1 375 164 12
34.1 Fabricação de automóveis, camionetas e
utilitários............................................................................. 120 9 8
34.10 Fabricação de automóveis, camionetas e
utilitários............................................................................. 120
34.2 Fabricação de caminhões e ônibus ..................................................... 26 6 23
34.20 Fabricação de caminhões e ônibus ..................................................... 26
34.3 Fabricação de cabines, carrocerias e
reboques ......................................................................... 220 31 14
34.31 Fabricação de cabines, carrocerias e
reboques para caminhão.......................................................................... 149
34.32 Fabricação de carrocerias para ônibus..................................................... 22
34.39 Fabricação de cabines, carrocerias e
reboques para outros veículos................................................................. 49
34.4 Fabricação de peças e acessórios para
veículos automotores ......................................................................... 901 47 5
34.41 Fabricação de peças e acessórios para
o sistema motor................................................................................. 164
34.42 Fabricação de peças e acessórios para
os sistemas de marcha e transmissão............................................... 73
34.43 Fabricação de peças e acessórios para
o sistema de freios.............................................................................. 78
86

34.44 Fabricação de peças e acessórios para


o sistema de direção e suspensão................................................. 118
34.49 Fabricação de outras peças e acessórios
para veículos automotores não especifi-
cadas anteriormente................................................................................. 468
34.5 Recondicionamento ou recuperação de
motores para veículos automotores...................................................... 108 71 66
34.50 Recondicionamento ou recuperação de
motores para veículos automotores........................................ 108
35 Fabricação de outros equipamentos de
transporte.............................................................................. 391 164 42
35.1 Construção e reparação de embarcações ................................................... 105 105 100
35.11 Construção e reparação de embarcações
e estruturas flutuantes........................................................ 82
35.12 Construção e reparação de embarcações
para esporte e lazer................................................................. 23
35.2 Construção, montagem e reparação de
veículos ferroviários .......................................................................... 60 15 25
35.21 Construção e montagem de locomotivas,
vagões e outros materiais rodantes.............................. 11
35.22 Fabricação de peças e acessórios para
veículos ferroviários.............................................................................. 22
35.23 Reparação de veículos ferroviários......................................................... 27
87

35.3 Construção, montagem e reparação de


aeronaves................................................................................
.......................................... 89 18 20
35.31 Construção e montagem de aeronaves................................................... 25
35.32 Reparação de aeronaves........................................................................... 64
35.9 Fabricação de outros equipamentos de
transporte................................................................................................................. 137 8 6
35.91 Fabricação de motocicletas.................................................................... 55
35.92 Fabricação de bicicletas e triciclos não-
-motorizados...................................................................... 59
35.99 Fabricação de outros equipamentos de
transporte....................................................................... 23
36 Fabricação de móveis e indústrias diversas .................................................. 2 585 566 22
36.1 Fabricação de artigos do mobiliário .......................................................... 1 857 342 18
36.11 Fabricação de móveis com predominância
de madeira..................................................................................... 1 341
36.12 Fabricação de móveis com predominância
de metal............................................................................. 244
36.13 Fabricação de móveis de outros materiais.................................................. 109
36.14 Fabricação de colchões............................................................................ 164
36.9 Fabricação de produtos diversos .............................................................. 728 224
36.91 Lapidação de pedras preciosas e
semipreciosas, fabricação de
artefatos de ourivesaria e joalheria............................................................. 156
88

36.92 Fabricação de instrumentos musicais.......................................................... 21


36.93 Fabricação de artefatos para caça, pesca
e esporte....................................................................... 43
36.94 Fabricação de brinquedos e de jogos
recreativos..................................................................... 103
36.95 Fabricação de canetas, lápis, fitas
impressoras para máquinas e outros
artigos para escritório ................................................................... 29
36.96 Fabricação de aviamentos para costura................................................... 47
36.97 Fabricação de escovas, pincéis e vassouras............................................... 48
36.99 Fabricação de produtos diversos.............................................................. 280
37 Reciclagem ............................................................................................. 161 44
37.1 Reciclagem de sucatas metálicas ............................................................ 62 19
37.10 Reciclagem de sucatas metálicas............................................................ 62
37.2 Reciclagem de sucatas não-metalicas ..................................................... 99 25
37.20 Reciclagem de sucatas não-metálicas.................................................... 99
Fonte: IBGE
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno
Zona Oeste 1 : Proposta de Agenda para Desenvolvimento
(Versão Final)

Projeto FAPERJ n. E-26/110.644/2007

Mauro Osório da Silva (professor, FND/UFRJ)


Renata Lèbre La Rovere (coordenadora do projeto e professora, IE/UFRJ

1
Neste trabalho considera-se como Zona Oeste apenas a área das regiões administrativas de Realengo, Bangu,
Campo Grande e Santa Cruz. Para diferenciá-la do traçado oficial da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que inclui
também as regiões de Guaratiba, Jacarepaguá e Barra da Tijuca, seu nome, doravante, será sempre grafado em
itálico.
2

ÍNDICE
1. Apresentação do Estudo ...................................................................................................... 4
2. Contextualização do Problema de Pesquisa....................................................................... 4
3. Justificativa ........................................................................................................................... 5
4. Metodologia........................................................................................................................... 6
5. Quadro geral......................................................................................................................... 7
6. Diagnóstico da Região.......................................................................................................... 8
7. Desafios ao Crescimento Econômico da Região .............................................................. 10
8. Estudos Qualitativos sobre a Região ................................................................................ 11
8.1. Potencialidades da região para um pólo metal-mecânico ............................................. 11
8.2. Comércio Exterior ......................................................................................................... 13
8.3. Logística e desenvolvimento econômico ...................................................................... 14
8.4. Uso e ocupação do solo................................................................................................. 16
8.5. Segurança Pública ......................................................................................................... 18
8.6. Educação ....................................................................................................................... 20
8.7. Governança da Zona Oeste ........................................................................................... 22
9. Pontos discutidos no Workshop ........................................................................................ 25
9.1 Desenvolvimento Econômico, Pólo Metal-Mecânico e Comércio Exterior .................. 25
9.2. Logística e Desenvolvimento ........................................................................................ 28
9.3. Segurança Pública e Uso do Solo.................................................................................. 29
9.4. Educação ....................................................................................................................... 30
9.5. Governança.................................................................................................................... 31
10. Agenda de ações................................................................................................................ 33
10.1. Desenvolvimento Econômico, Pólo Metal-Mecânico e Comércio Exterior ............... 33
10.2. Logística e Desenvolvimento ...................................................................................... 34
10.3. Segurança Pública, Ocupação e Uso do Solo.............................................................. 34
10.4. Educação ..................................................................................................................... 35
10.5. Governança.................................................................................................................. 36
Referências bibliográficas...................................................................................................... 38
ANEXO I - LISTA DE CONVIDADOS DO WORKSHOP DO DIA 15 DE MAIO DE
2009.......................................................................................................................................... 51
ANEXO II - APLICAÇÕES DO AÇO INOX ..................................................................... 53
3

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1 - Participação das Capitais Unidades Federativas no Produto Interno Bruto


Nacional a Custo de Fatores e Variação Percentual da participação entre 1970 e 2006.......... 40

TABELA 2 - Participação das Unidades Federativas no Produto Interno Bruto Nacional a


Custo de Fatores e Variação Percentual da participação entre 1970 e 2006............................ 41

TABELA 3 - Variação porcentual do total de empregos formais segundo Setores do IBGE


por Grandes Regiões e Unidades Federativas entre 1985 e 2007 ............................................ 42

TABELA 4 - Variação porcentual do total de empregos formais segundo Setores do IBGE


por Capitais das Unidades Federativas entre 1985 e 2007....................................................... 43

TABELA 5 - Total e variação do número de empregos segundo setores na Zona Oeste e no


município do Rio de Janeiro entre 1998 e 2006....................................................................... 44

TABELA 6 - Total e variação do número de empregos segundo setores em São Paulo e Belo
Horizonte entre 1998 e 2006 .................................................................................................... 46

TABELA 7 - População e variação percentual entre 1991, 2000 e 2008 no Brasil, municípios
de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro e nas áreas de planejamento e bairros da AP5
.................................................................................................................................................. 47

TABELA 8 - Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia nos


bairros selecionados, 2006 ....................................................................................................... 48

TABELA 9 - Número de empregos e participação relativa por setor da economia nos bairros
selecionados, 2006 ................................................................................................................... 49

TABELA 10 - Total de empregados, população estimada e razão percentual entre empregados


e população nas Regiões Administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz e
no município do Rio de Janeiro em 2006................................................................................. 50
4

1. Apresentação do Estudo

Visando ampliar as reflexões e conhecimentos sobre a cidade do Rio de Janeiro e,


particularmente, as Regiões Administrativas de Campo Grande, Bangu, Santa Cruz e
Realengo, o Grupo de Economia da Inovação do Instituto de Economia, sob demanda de
forças empresariais locais, apresentou uma proposta de pesquisa à FAPERJ dentro do
programa Pensa Rio, tendo a mesma sido aprovada e os trabalhos iniciados em novembro de
2007. A pesquisa envolveu uma equipe multidisciplinar da UFRJ, composta de professores do
Instituto de Economia, da Faculdade Nacional de Direito e da Escola de Serviço Social. Além
desta equipe, técnicas da FAETEC e um consultor em aço inox do Núcleo Inox, colaboraram
na reflexão através do desenvolvimento de estudos em suas respectivas áreas de
competência 2 .

O esforço de pesquisa coordenado pelo IE/UFRJ tem por objetivo contribuir para a
possibilidade de inversão da tendência de crise ocorrida na cidade nas últimas décadas e
sugerir uma agenda que permita a geração de desenvolvimento sustentável na Zona Oeste
com base não apenas nos macroinvestimentos e na expansão imobiliária e populacional que
ocorrem na região, mas com a proposição de ações que incorporem as demandas locais.

2. Contextualização do Problema de Pesquisa

O processo de desenvolvimento no Brasil nas últimas duas décadas do século XX foi marcado
pela opção de abandonar um modelo de desenvolvimento coordenado em prol do
fortalecimento das forças de mercado, vistas à época como suficientemente dinâmicas para
liderar e impulsionar este processo. Por conta desta opção, o investimento público em infra-
estrutura foi praticamente paralisado, restando aos estados e às municipalidades atuar como
agentes autônomos na tentativa de usar as isenções do imposto sobre circulação de
mercadorias - ICMS como base de suas políticas para atração dos poucos investimentos
privados em curso, levando a uma verdadeira guerra fiscal.

No caso do Rio de Janeiro, tanto o estado quanto a cidade apresentaram neste período uma
trajetória bastante abaixo da média nacional. Entre 1970 e 2006, de acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, a cidade e o estado apresentaram uma
perda de participação no PIB nacional de respectivamente 62,5% e 31,1% (tabelas 1 e 2
anexas).

Na mesma direção, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS,
quando se analisa a série mais longa disponível com a mesma metodologia, verifica-se que
entre 1985 e 2007 o estado do Rio de Janeiro é a unidade da federação onde o emprego formal
menos cresce. Nesse período ocorre um crescimento no estado do Rio de Janeiro de 37,1%,
contra um crescimento no estado de São Paulo de 64,0%, em Minas Gerais de 119,8% e no
país de 83,5% (tabela 3 anexa).

Da mesma forma, a cidade do Rio de Janeiro apresenta uma evolução do emprego formal
entre 1985 e 2007 de apenas 11,4%, contra um crescimento na cidade de São Paulo de 31,7%,
na cidade de Belo Horizonte de 68,9%, e que é o menor entre todas as capitais brasileiras
2
A lista completa da equipe, incluindo temas de pesquisa de cada professor e nomes dos assistentes de pesquisa,
encontra-se no final deste documento.
5

(tabela 4 anexa).

Nesse cenário de escassez e de ausência de coordenação, como repensar um projeto nacional


que inclua os desafios das cidades e das regiões, como é o caso da cidade do Rio de Janeiro e
em particular da Zona Oeste? Algumas reflexões mais gerais são fundamentais. Primeiro se
coloca a questão da sustentabilidade desse desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável
passa pela definição de um horizonte de planejamento de longo prazo que inclui não apenas o
fomento ao crescimento econômico como também a definição de políticas sociais que
garantam o bem-estar das gerações futuras.

Para alcançar este desenvolvimento há que se recuperar a capacidade de investimento público


em infra-estrutura e recriar mecanismos mínimos de regulação e governança capazes de
induzir os investimentos privados. Além disso, é necessário desvendar que conjunto de
setores exerce dominância e quais os outros que lhe são subordinados. Nesse caso, pensar esse
conjunto de setores para as áreas metropolitanas é mais complexo porque envolve uma
mistura de atividades industriais e de serviços que dificulta a idéia de polarização do
desenvolvimento nessas áreas, como é o caso da Zona Oeste. Nesta região, o tipo de atividade
na área de serviços predominantes são os serviços de baixa qualidade e com poucos efeitos de
encadeamento industrial e efeitos polarizadores do desenvolvimento local.

Cabe também analisar se a região está em uma trajetória de crescimento ou de estagnação e


compreender as causas desse processo. Observa-se que a Zona Oeste constitui-se hoje em
uma área de expansão, devido a uma série de fatores. O fato da região ter se apresentado nas
últimas eleições como uma força política capaz de definir o novo prefeito da cidade, os
grandes investimentos industriais que aí têm se localizado, a atração de investimentos
imobiliários e sua localização estratégica para os fluxos de carga logística a colocam em
destaque.

É importante deixar claro que a expansão da Zona Oeste não é independente da substância do
conjunto de atividades e da dinâmica da população locais, ambas se retroalimentando pela
dinâmica econômica, ainda que os investimentos industriais e em logística sejam, por sua
natureza, de iniciativa federal e estadual. A definição de uma agenda de desenvolvimento
passa assim pela proposição de políticas de identificação dos setores motrizes da dinâmica
econômica local e das possibilidades de complementaridade entre empresas locais e empresas
de fora da região. Devem também ser pensadas ações de modernização das funções
econômicas da coordenação local dos investimentos públicos (prefeitura e sub-prefeitura), e
de concatenação dos investimentos de infra-estrutura e logística a nível federal com os
interesses locais.

3. Justificativa

A importância da definição de uma agenda para essa região da cidade se reveste de


importância quando verifica-se que ao lado da possibilidade de dinamização econômica
existem importantes problemas do ponto de vista da infra-estrutura urbana e da situação
social.

A necessidade de realizar pesquisas e propor estratégias para a cidade e para suas regiões
destaca-se também quando observa-se que no Rio, por sua história de centro nacional e capital
6

do país até 1960 3 , ocorre uma forte predominância em suas universidades e centros de
pesquisa da temática nacional e internacional vis a vis a reflexão local.

Na década de 1950 e início dos anos 1960 ocorre o auge da segunda revolução industrial, com
a ampliação do porte das empresas nas metrópoles dos países que se industrializam,
ocorrendo um “derramamento” da instalação de indústrias do núcleo central das metrópoles
para regiões periféricas. No Brasil, por exemplo, ocorre o surgimento do chamado ABC
paulista na região que compreende os municípios de Santo André, São Bernardo e São
Caetano.

Com base nesse argumento - e no fato de que enquanto nos anos 50 a indústria no antigo
estado do Rio crescia acima da média brasileira, a indústria na cidade do Rio de Janeiro
crescia abaixo da média do país - definiu-se uma política econômica centrada em distritos
industriais, visando ofertar terrenos baratos com infra-estrutura e reter o parque industrial na
Guanabara 4 . . Para tanto, foram canalizados recursos e foi criada uma instituição denominada
Companhia Industrial da Guanabara (COPEG) 5 .

Essa política criada no primeiro governo da Guanabara e mantida nos dois seguintes 6 não
levou em consideração, pela carência de reflexões, que o crescimento industrial na periferia
da metrópole do Rio e na Velha Província, ao contrário de em outras regiões, não ocorria pelo
efeito derramamento, mas sim por investimentos estatais no antigo Estado do Rio como os
relacionados à CSN, REDUC, Álcalis e FNM.

Como não havia significativamente indústrias querendo migrar da cidade do Rio de Janeiro, a
política de distritos industriais nos anos 70 não cumpriu seus objetivos, sendo que em 1973
em todo o bairro de Santa Cruz – onde foi criado o maior distrito industrial da Guanabara –
existiam apenas quinze indústrias, o que representa apenas 0,6% do total de estabelecimentos
existentes na cidade 7 .

Ou seja, fomentar o desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro e de suas regiões, no caso


particular a Zona Oeste, passa pela ampliação das reflexões e pesquisas sobre a realidade local
e pela criação de fóruns, como o que está sendo constituído pela integração deste grupo de
pesquisa com entidades empresariais e atores locais existentes na Zona Oeste.

4. Metodologia

O trabalho se desdobrou em várias etapas. Inicialmente, foi feito um diagnóstico da região


com base em diversas estatísticas e informações de fontes secundárias 8 . A partir deste

3
Sobre o assunto ver Lessa (2001) e Osório (2005).
4
Até 1960 existiam no atual território do estado do Rio de Janeiro o Distrito Federal e o antigo estado do Rio de
Janeiro e entre 1960 e 1974 passam a existir duas unidades federativas, o que se modifica a partir de 1974 com a
fusão entre a Guanabara e a chamada Velha Província.
5
Sobre o assunto ver Osório (2005) e Perez (2007).
6
Nos quatorze anos de existência da Guanabara os governadores foram Carlos Lacerda, Negrão de Lima e
Chagas Freitas.
7
Sobre o assunto ver Osório (2005) e Barros (1975).
8
As fontes utilizadas foram estatísticas e informações das seguintes instituições: Associação das Empresas do
Distrito Industrial de Santa Cruz (AEDIN); Companhia de Desenvolvimento Industrial (CODIN); Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);Instituto
Fecomércio; Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP);Instituto Pereira
7

diagnóstico, foi definido um questionário que foi distribuído a 262 empresas da região. Em
seguida, foram realizados diversos estudos qualitativos sobre temas pertinentes ao
desenvolvimento da região. O diagnóstico, os resultados dos questionários e os estudos
qualitativos geraram um texto de agenda de governança e desenvolvimento e uma lista de
ações de fomento ao desenvolvimento que foram discutidos por todas as partes interessadas
(lideranças locais, representantes de instituições públicas e privadas) num workshop no dia 15
de maio do corrente. A lista de presentes ao workshop encontra-se em anexo. Após esta
reunião, os resultados foram consolidados e divulgados ao público em geral. Espera-se que
este trabalho contribua para mobilizar as lideranças locais em torno de ações que promovam o
desenvolvimento econômico sustentável da região e de seu entorno.

5. Quadro geral

Entre 1998 e 2006, a cidade do Rio de Janeiro manteve um crescimento pífio. Do ponto de
vista do emprego formal, por exemplo, ocorre um crescimento para o total de todos os setores
de atividade econômica de apenas 11,6%, contra um crescimento na cidade de São Paulo de
23,7% e em Belo Horizonte de 17,1%. Na mesma direção, para o total da indústria extrativa
de transformação, a evolução do emprego na cidade do Rio foi negativa em 1,5%, contra um
crescimento na cidade de São Paulo de 7,4% e na cidade de Belo Horizonte de 20,1%.
(tabelas 5 e 6 anexas).

Entre 1998 e 2006 a Zona Oeste – devido ao crescimento populacional bastante superior ao
ocorrido na cidade do Rio de Janeiro (tabela 7 anexa) e da ampliação dos investimentos
ocorridos na região - apresenta um crescimento para o total das atividades econômicas e para
a indústria extrativa e de transformação bem mais consistente que o da cidade do Rio de
Janeiro, de respectivamente 29,5% e 12,0% (tabela 5 anexa).

Em período mais recente, a cidade e o estado do Rio de Janeiro vêm apresentando sinais de
incremento do dinamismo econômico, fruto da ampliação de investimentos privados no
estado e de investimentos públicos, como aqueles vinculados aos gastos para o Panamericano
realizado em 2007 e os mais recentes vinculados ao Programa de Aceleração do Crescimento
do Governo Federal (PAC).

No ano de 2008, por exemplo, o estado do Rio de Janeiro e sua capital apresentaram um
crescimento do emprego formal de respectivamente 5,48% e 5,28%, contra um crescimento
para o total do país de 5,01%. Na Zona Oeste, da mesma forma, ocorre uma significativa
dinamização tendo em vista os investimentos imobiliários ocorridos e investimentos privados,
como a obra da Thyssen-Krupp- Companhia Siderúrgica do Atlântico (TK-CSA), as
ampliações da Gerdau e da Michelin e a chegada de novos empreendimentos nos distritos e
zonas industriais de Campo Grande e Palmares 9 .

Passos (IPP); Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (InvesteRio); Associação de Empresas
Fabricantes de Aço Inox (Nucleoinox); Ministério do Trabalho e Emprego (MTE0- Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS) ; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) -.Relação Nacional
de Investimentos (RENAI)
9
Sobre o assunto ver documento do Instituto Pereira Passos Área de Planejamento 5: caracterização da região,
diretrizes, propostas e projetos.
8

6. Diagnóstico da Região

No diagnóstico realizado fica claro que a Zona Oeste vem apresentando um significativo
crescimento econômico e populacional e que é a região da cidade com maior densidade
industrial, possuindo forte potencial para o desenvolvimento industrial e tecnológico, ainda
que as atividades comerciais sejam bastante relevantes pela ótica do número de
estabelecimentos e empregos locais, conforme podemos verificar através das tabelas 8 e 9
anexas.

As quatro regiões administrativas (RAs) têm origens e vocações econômicas bastante


variadas. A mais antiga delas é Santa Cruz, fundada a partir da sesmaria criada em 1567.
Bangu e Campo Grande foram fundados em 1673 e Realengo em 1814. As atividades
industriais em todas as RAs iniciaram-se somente no final do século XIX: Bangu em
atividades têxteis, Campo Grande em atividades ferroviárias e de bondes, Santa Cruz como
um importante centro de frigoríficos para abate de bois e Realengo com fábrica de cartuchos.

Uma fotografia da região entre 1998 e 2006 mostra um quadro completamente distinto em
relação às suas vocações econômicas e históricas. Em termos de número de estabelecimentos
e empregos, a Zona Oeste mostra uma predominância das atividades comerciais e de serviços,
indicando que a dinâmica populacional de taxas de crescimento bastante mais elevada do que
as do MRJ acabaram desenvolvendo o comércio local e os serviços voltados para a população
em detrimento das atividades industriais locais que se reduziram.

Em síntese, os principais dados econômicos da Zona Oeste revelam o seguinte cenário:

(i) em termos de número de estabelecimentos os principais setores de atividade são:


comércio (49%); serviços (40%) e indústria extrativa e de transformação (7,5%),
construção civil (2,4%); agricultura (0,4%) e serviços industriais de utilidade
pública (0,2%);
(ii) em termos de empregos os principais setores são: serviços (48%); comércio
(32%); industria extrativa e de transformação (17,5%); construção civil (2,1%);
serviços industriais de utilidade pública (0,3%); agricultura (0,1%) ;
(iii) as principais vocações industriais da Zona Oeste e suas potencialidades em relação
ao município do Rio de Janeiro (MRJ), em termos de Valor Adicionado Fiscal,
são: indústria metalúrgica (89%); produtos alimentícios e bebidas (51%); têxtil e
vestuário (27%); mecânica (25%). Em termos de emprego: metalúrgica (27,5%);
minerais não metálicos (19%); produtos alimentícios e bebidas (15%); borracha e
outros (13%). Em termos de estabelecimentos: minerais não metálicos (19%);
alimentos e bebidas (15%); indústria metalúrgica (13%); química e farmacêutica
(8%).

Entretanto, quando se compara a importância da Zona Oeste em relação ao MRJ, em termos


de estabelecimentos e empregos, observa-se que a Zona Oeste é mais especializada em
atividades industriais do que em atividades comerciais e de serviços, tendo aumentado esta
especialização relativa entre 1998 e 2006. Essa especialização mostra também que a Zona
Oeste tem sido uma região com uma expansão industrial superior ao do MRJ. Em outras
palavras, sua vantagem relativa em relação ao MRJ é industrial e não nas atividades voltadas
ao setor terciário.
9

Em 2006, há uma maior relevância dos micro, pequenos e médios estabelecimentos (96%) no
tecido empresarial da Zona Oeste, perfil semelhante ao observado para o MRJ. Em 1998, os
micro e pequenos estabelecimentos eram mais representativos. De uma forma geral as
atividades econômicas localizadas na Zona Oeste são menos intensivas em emprego do que as
atividades do MRJ, refletindo características de maior intensidade de capital das atividades
executadas na Zona Oeste. Os estabelecimentos de médio e grande porte são os principais
geradores de emprego da região, tendo reduzido ligeiramente sua importância entre 1998 e
2006 (de 58,3% para 55,4%).

A faixa etária dos empregados formais da Zona Oeste é inferior ao do MRJ. Mas os
empregados, ainda que tenham melhorado no período entre 1998 e 2006, apresentam um grau
de qualificação e faixas de remuneração inferiores aos do MRJ.

As informações levantadas apontam para a predominância da atividade industrial na Zona


Oeste, ainda que essa especialização não se reflita em trabalhadores mais qualificados,
especializados e bem remunerados, como é típico em regiões industriais.

Entre as atividades industriais mais relevantes destacam-se em termos de Valor Adicionado


Fiscal (VAF) absoluto: produtos alimentícios e bebidas (Campo Grande), a metalúrgica
(Santa Cruz), química e farmacêutica (Santa Cruz), papel e gráfica (Santa Cruz), mecânica
(Santa Cruz), borracha e outros (Santa Cruz).

Os principais setores industriais da Zona Oeste são responsáveis por 23,3% do VAF gerado
no MRJ. Em termos de VAF relativo, as principais especialidades da região quando
comparadas com o MRJ são couro peles e assemelhados, metalúrgica, bebidas, velas, sabões e
produtos para limpeza, têxtil, mecânica, editorial e gráfica.

Se for levada em conta uma visão de cadeias produtivas (conjunto de setores relacionados por
relações de compra e venda) e não de setores, percebe-se que a Zona Oeste tem forte
representação na cadeia produtiva metal-mecânica, que abrange a produção de matéria prima
(minério de ferro, cromo e níquel), o processamento de semi-acabados, laminados planos e
longos, relaminados, trefilados e perfilados, a fabricação de máquinas e equipamentos e a
produção de artigos de metal para uso doméstico. Pode-se dizer que essa cadeia produtiva,
além de estar bem representada do ponto de vista produtivo com as indústrias metalúrgicas e
mecânicas na Zona Oeste, tem entre as demais indústrias locais importantes setores industriais
demandantes do aço inox, tais como os setores de alimentos e bebidas, químico e
farmacêutico, editorial e gráfica. Além disso, as exportações locais são realizadas
principalmente pelas grandes empresas e pelo setor de metalurgia. As exportações são
facilitadas pela proximidade de localização dessas empresas com os portos de Itaguaí e do Rio
de Janeiro. A região dispõe assim de atributos interessantes para a instalação de um pólo
metal-mecânico.

Ao lado desse potencial econômico, existem sérios problemas do ponto de vista da


qualificação da mão de obra empregada na Zona Oeste, dos indicadores sociais, da infra-
estrutura urbana da ocupação e uso do solo e da segurança pública.

Um outro dado também fundamental é que aonde existem hegemonicamente as maiores


empresas industriais é exatamente onde ocorrem os piores indicadores sociais e de renda. Isso
reforça a necessidade de ampliação da articulação na região entre as grandes empresas e os
demais setores da sociedade civil da Zona Oeste visando gerar encadeamentos empresariais,
10

novos empregos e um desenvolvimento sustentável.

A política de geração de encadeamentos e de atração de novas empresas com base nos


macroinvestimentos reforça-se também em importância quando se verifica no diagnóstico que
os grandes estabelecimentos da Zona Oeste geram, em média, menos empregos que os
grandes estabelecimentos do município.

Além disso, ao realizarmos uma comparação entre o número de habitantes e de empregos na


Zona Oeste e na cidade do Rio de Janeiro, verificamos que enquanto na cidade do Rio de
Janeiro 33,2% da população encontram-se trabalhando em empregos formais, na Zona Oeste
esse número é de apenas 7,3% (tabela 10 anexa). Ou seja, a Zona Oeste vem por um lado
apresentando crescimento populacional, mas por outro gera poucos empregos locais, o que
decorre dos investimentos intensivos em capital 10 .

Um último aspecto relevante revelado pelo diagnóstico é que ao lado do crescimento


populacional na Zona Oeste em período recente, ocorre entre 1998 e 2006 uma queda do
número de servidores públicos existentes na região, de 6.489 para 2.426.

Ainda que estes dados possam indicar uma subnotificação de servidores públicos, de toda
forma, é um dado importante não só pelo crescimento populacional que tem ocorrido e pelas
carências de infraestrutura pública existentes, mas também por sabermos que na região existe
uma forte área militar que está em processo de desmobilização. Na RA de Realengo, onde há
a maior densidade militar, ocorreu entre 1998 e 2006 uma queda do número de servidores
públicos de 73,0%.

7. Desafios ao Crescimento Econômico da Região

As informações coletadas pelo diagnóstico e pelos questionários permitem identificar uma


série de desafios ao crescimento econômico da região. Um dos principais desafios é o próprio
tamanho das empresas que as impede de especializarem-se e adotarem padrões de gestão mais
modernos. Da mesma forma a atividade exportadora torna-se um desafio maior para as
pequenas e médias empresas do que para as grandes, devido aos altos custos fixos envolvidos
nesta atividade. A maior parte das micro e pequenas empresas concorre por custo, o que
coloca limites à sua capacidade de qualificação e de crescimento. Este limite é reforçado pelo
baixo acesso ao financiamento do capital de giro ou do investimento no caso das micro e
pequenas empresas.

Além disso, são escassos os canais de intermediação de vendas internas e externas disponíveis
para as empresas locais. As condições deterioradas da malha rodoviária, a escassez da oferta
de transporte ferroviário, a precariedade da infra-estrutura portuária e os entraves burocráticos
locais e direcionados para a exportação são outros desafios importantes a serem superados.

A Zona Oeste não é o principal ambiente econômico das empresas, pois os seus principais
concorrentes localizam-se fora do local e até mesmo do estado do Rio de Janeiro. O MRJ,
entretanto, é um entorno importante para as micro e pequenas empresas, seja no fornecimento
de máquinas e equipamentos seja no fornecimento de outros insumos. O MRJ também se

10
Nesse tipo de análise usa-se normalmente a relação entre a População em Idade Ativa e o número de empregos
existentes. No entanto, esse dado só existe com base nos censos. O último censo disponível é o de 2000 e na
Zona Oeste na atual década ocorre um forte crescimento populacional.
11

revela o principal local das vendas das micro e pequenas empresas da Zona Oeste.

As principais relações entre as empresas são estabelecidas entre as empresas fornecedoras e os


clientes por motivos comerciais. Outros tipos de relação ou cooperação, como a parceria com
órgãos técnicos ou universidades, não são muito comuns ou até mesmo inexistentes.
Constatou-se também que a capacitação técnica da mão-de-obra empregada é inadequada e
que há um baixo comprometimento das empresas com inovação.

A inserção local das empresas entrevistadas é muito pequena e os entrevistados avaliaram


como a principal vantagem de estar localizado na Zona Oeste a infra-estrutura física
disponível, representada pelo baixo valor dos terrenos e pela grande disponibilidade de
galpões, e como principal desvantagem a questão da segurança.

8. Estudos Qualitativos sobre a Região

O conteúdo dos estudos qualitativos foi definido em duas etapas. Na elaboração do projeto, os
estudos foram definidos a partir da percepção que a equipe do IE/UFRJ tinha a respeito das
principais questões envolvendo a região. Nesta etapa, foi identificada a necessidade de
realizar estudos sobre comércio exterior; logística e infra-estrutura; ocupação e uso do solo; e
governança.

Após o diagnóstico, foi constatada a necessidade de realizar mais três estudos qualitativos: um
sobre aço inox, tendo em vista o potencial de encadeamento desta cadeia; um sobre educação,
tendo em vista os desafios relativos à qualificação; e um estudo sobre a questão da segurança,
que afeta a atratividade da região.

Os temas dos estudos qualitativos evidentemente se entrelaçam, sendo a seqüência de


apresentação deles neste documento arbitrária; em linhas gerais, os temas podem ser
agrupados em aspectos econômicos e aspectos sociais do desenvolvimento. No que se refere
aos aspectos econômicos serão apresentados, inicialmente, os resultados do estudo sobre o
aço inox, dado o potencial desta cadeia produtiva constatado pelo diagnóstico. Em seguida,
serão apresentados os resultados do estudo sobre o comércio exterior, que poderá se tornar
uma atividade importante no futuro caso seja levada adiante a proposta de implantação de um
pólo metal-mecânico na região. O pleno aproveitamento da atividade de comércio exterior
depende porém de uma melhoria nas condições de logística. Finalmente, o estudo do uso do
solo é fundamental para identificar possíveis áreas de expansão das atividades produtivas na
região. No que se refere aos aspectos sociais, a apresentação dos resultados começa com a
questão da segurança pública que, além de afetar a atratividade da região e a sustentabilidade
de seu desenvolvimento, tem interfaces importantes com a questão do uso do solo, como será
visto neste documento. Em seguida, serão apresentadas questões relativas à educação, que
afeta a geração de emprego e de renda na região. Finalmente, todas as ações propostas por
estes estudos só podem se viabilizar se forem acordadas e dialogadas com as lideranças locais,
daí a necessidade da identificação das condições de governança local.

8.1. Potencialidades da região para um pólo metal-mecânico

O diagnóstico realizado apontou uma significativa presença do setor metal-mecânico na Zona


Oeste. Tendo em vista gerar encadeamentos com base nessa presença e analisar a
possibilidade de diversificação das relações da região com o mundo exterior, seja do ponto de
12

vista territorial na Zona Oeste – hoje muito concentrada em Santa Cruz –, seja do ponto de
vista da diversificação dos setores industriais, realizou-se um estudo mais aprofundado sobre
a cadeia produtiva metal-mecânica tendo, como produto unificador entre os dois setores, o aço
inox.

O estudo sobre aço inoxidável tem como objetivo avaliar e sugerir uma agenda para a criação
de um pólo metal-mecânico com ênfase na produção deste metal na Zona Oeste do município
do Rio de Janeiro. De acordo com a descrição do produto apresentada na Tarifa Externa
Comum (TEC), o aço inoxidável é definido com a liga de aço contendo, em peso, 1,2% ou
menos de carbono e 10,5% ou mais de cromo, com ou sem mais elementos.

Existem diversas aplicações em termos de geração de produtos com base nos aços
inoxidáveis, apresentadas no Anexo II. A utilização em escala industrial do aço inox passou a
ocorrer no início do século XX para atender à indústria química, tendo como a principal base
a Alemanha e a empresa Krupp. No período entre 1950 e 2008 a produção mundial de aço
inox cresceu em torno de 5,7% ao ano.

O volume de aço inox produzido no Brasil representa em torno de 2% da produção mundial.


Três siderúrgicas no Brasil produzem aço inox: ArcelorMittal Inox Brasil, Gerdau e Villares
Metals. A primeira localizada em Minas Gerais, a segunda no Rio Grande do Sul e a terceira
em São Paulo.

Do ponto de vista do consumo, a taxa de crescimento no Brasil entre 1996 e 2008 foi de 8,1%
ao ano. Os principais mercados para o aço inox são transportes, construção civil, linha branca,
metal-mecânica, baixelas e cutelaria, açúcar e álcool, papel e celulose, saúde e alimentação,
química, petróleo e mobiliário urbano. Essa lista engloba setores que já apresentam
proeminência na região como a indústria de alimentos e bebidas, que utiliza equipamentos
fabricados com base no aço inox.

Um ponto que confere vantagem comparativa ao consumo de aço inox no estado do Rio de
Janeiro é que o custo-benefício do aço inox é mais favorável em aplicações onde o grau de
corrosão é mais severo.

No estado do Rio de Janeiro já existem quatro distribuidores de aço inox, que atuam
fortemente: Elinox, Artex, Inoxtech e Cavallo Aços. Um ponto interessante é verificar onde
estão instalados e se seria possível atraí-los para a Zona Oeste.

Entre as considerações finais para a construção de um pólo metal-mecânico, coloca-se para


discussão as seguintes necessidades:

• disponibilidade de matéria prima com qualidade, preço competitivo e prazo de


entrega;
• escola que forme profissional em design;
• escolas que formem técnicos na área de corte/dobra/conformação/soldagem/usinagem;
• empresas que fabriquem produtos finais para atendimento do mercado local e que se
capacitem para a exportação.

Aponta ainda que o segmento de mercado mais promissor para o aumento de consumo em
13

larga escala é o de petróleo e gás. Isso traz a necessidade de realizar, como desdobramento
deste trabalho, uma pesquisa junto à Petrobras sobre uma estratégia visando atingir esse
mercado.

8.2. Comércio Exterior

O estudo sobre comércio exterior adotou uma dupla abordagem. Em primeiro lugar foi
realizado um diagnóstico quantitativo da inserção internacional da região com base em
informações sobre o universo empresarial exportador e importador, identificado a partir dos
dados primários da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. Em segundo lugar, foi entrevistada uma amostra das empresas
representativas do conjunto dos estabelecimentos exportadores da Zona Oeste.

Uma primeira constatação é que ocorreu na Zona Oeste um aumento significativo das
exportações, sendo que entre 2005 e 2007 houve um crescimento trienal de 196%. Um
segundo ponto é que a Zona Oeste é exportadora líquida de bens. Um terceiro ponto é que a
expansão das vendas externas e das importações revela uma tendência de aumento da
integração comercial da Zona Oeste com o resto do mundo. Um quarto ponto é que ocorre
uma predominância da RA de Santa Cruz como pólo dinâmico do comércio exterior da Zona
Oeste. Um quinto ponto é a inexistência de vínculos comerciais significativos da RA de
Bangu e, portanto, das empresas ali estabelecidas com o resto do mundo. Esse aspecto pode
sofrer modificações pela ampliação de exportações que estão ocorrendo em empresas como a
FALMEC e também pela possibilidade de implantação de um pólo de metal-mecânica na
região, que pode vir a ser implementado na RA de Bangu.

Um sexto ponto do trabalho aponta que as grandes empresas são as principais protagonistas
do comércio exterior da Zona Oeste; elas foram responsáveis, na média do triênio 2005-2007,
por 83% das exportações e metade das importações. Um sétimo ponto que acreditamos caber
destacar é que no triênio 2005-2006-2007 o setor de metalurgia básica respondeu por 81% das
vendas externas da Zona Oeste. Esses números podem cair pela queda do preço desse setor no
mercado internacional, ao menos no curto prazo, tendo em vista a crise comercial. No entanto,
por outro lado serão incrementados pelo início de operação ao final deste ano da empresa
Thyssen Krupp.

São apontados também gargalos e potencialidades como propostas de discussão para a


agenda. Uma primeira questão é a vantagem de localização apontada pelas empresas da
região, pela proximidade da Zona Oeste dos portos de Itaguaí e do Rio de Janeiro.

Por outro lado, as empresas apontam que essa vantagem de localização fica prejudicada pelas
condições precárias da malha rodoviária, combinada com a escassez da oferta de transporte
ferroviário.

A precariedade da infra-estrutura portuária, notadamente no porto do Rio, e os entraves


burocráticos gerados pelos procedimentos da Receita Federal deve ser um ponto de pauta,
visando buscar soluções. Esse ponto para a agenda também é mencionado no estudo sobre
logística, como será visto a seguir. Isso traz a necessidade de se pensar uma estratégia
integrada para os dois portos localizados na região do MRJ e a logística de acesso a ambos.

Um outro ponto no que se refere à política de emprego, as empresas por um lado preferem
utilizar mão de obra local, mas por outro encontram dificuldades pela falta de qualificação no
14

nível exigido. Deve-se ressaltar, no entanto, que nas entrevistas feitas por membros da equipe,
empresas de grande porte da região afirmam utilizar hegemonicamente mão de obra residente
na própria Zona Oeste.

Destaca-se também um grave problema no que diz respeito ao transporte coletivo para a
classe trabalhadora. Grandes empresas na região via de regra – principalmente as localizadas
nos distritos industriais – oferecem integralmente transporte aos seus empregados. Esse ponto
é fundamental para a agenda de desenvolvimento, como será visto nas seções relativas à
governança e segurança pública, pois a ausência de uma correta política de transportes é o que
gera o crescimento das vans de forma caótica, possibilitando também a geração de renda para
manutenção das milícias.

A proximidade do Aeroporto Internacional do Galeão constitui de fato uma vantagem


locacional e que o resultado das entrevistas com as empresas sugere que não há obstáculos
burocráticos relevantes.

Por último observa-se que há uma pequena participação das pequenas e médias empresas na
atividade exportadora, o que a literatura mostra que não é um problema exclusivo da Zona
Oeste. Sugere-se para a agenda de desenvolvimento a possibilidade de articulação de um
programa e uma governança organizada pelas associações empresariais e pelo SEBRAE,
visando mobilizar as empresas para as atividades exportadoras e a execução de programas de
capacitação, considerando-se inclusive as especificidades e carências das empresas locais.

Propõe-se que na agenda, visando estimular a ampliação da participação das pequenas e


médias empresas da Zona Oeste no comércio exterior, estejam contidas as seguintes questões:
(i) a eliminação das restrições de natureza quantitativa e qualitativa à oferta exportável; (ii) o
controle dos fatores internos à empresa, que tornam a operação de exportação mais custosa e
menos rentável do que as vendas no mercado doméstico; (iii) a identificação de oportunidades
de negócios no mercado internacional; (iv) a projeção internacional de uma imagem de
qualidade da empresa e de seus produtos.

8.3. Logística e desenvolvimento econômico

O estudo que articula logística com políticas industriais e infra-estrutura para a Zona Oeste
mostra que a infra-estrutura tem se tornado uma variável decisiva nas modernas abordagens
de desenvolvimento local e regional. A maior velocidade e capacidade dos computadores em
processar a informação e a sua integração com a rede de telecomunicações reduziram bastante
os custos de transação.

Ainda de acordo com ele, a conectividade das redes de processamento da informação também
atua sob as redes clássicas de logística, como os modais de transporte (rodoviário, ferroviário,
portuário e aeroviário) e devem ser construídas integradas a um plano urbanístico capaz de
induzir a ocupação do solo, visando atender a critérios de política pública.

Assim, o desempenho empresarial depende e é o resultado de fatores situados fora do âmbito


das empresas e da estrutura industrial da qual fazem parte, como a ordenação
macroeconômica, as infra-estruturas, o sistema político e institucional, e as características
sócio-econômicas dos mercados nacionais. Todos esses fatores são específicos a cada
contexto nacional e regional. Eles devem ser explicitamente considerados nas ações, públicas
ou privadas, de indução de competitividade.
15

Do ponto de vista de uma agenda para políticas de apoio direcionadas para a Zona Oeste, deve
ser discutido e aprofundado em uma segunda etapa da pesquisa o exame das atuais políticas
desenvolvidas por instituições, como a CODIN, Investe Rio, BNDES e SEBRAE, e as que
podem vir a ser articuladas dentro de uma política de aprofundamento dos estudos e da
criação de uma governança para a região, conforme proposto pelo trabalho que veremos a
seguir.

Aponta-se ainda uma proposta de se realizar uma articulação entre um programa para o
desenvolvimento econômico na Zona Oeste com as possibilidades existentes na Avenida
Brasil, com base nos espaços urbanos abandonados. Dessa forma, dever-se-ia avaliar formas
de utilização dos vários galpões industriais existentes e que poderiam abrigar atividades de
design, informática, software, artesanato, metalurgia, mecânica e outras. Esses galpões
poderiam ser os locais para a aglomeração de micro e pequenas empresas e projetos de
empreendedorismo. As políticas para apoio a essas aglomerações industriais, serviços,
arranjos ou sistemas locais de produção, teriam que ser articuladas pelas associações
empresariais locais em parceria com a prefeitura e o governo do estado.

Essas aglomerações de pequenos empreendimentos seriam um importante fator para um


aproveitamento da mão de obra da Zona Oeste, bem como para a sua fixação local. Um
esquema de incentivos fiscais poderia ser elaborado para atração desses investimentos.

Com relação à questão portuária, é de fundamental importância trazer para a pauta a questão
do porto de Itaguaí como hubport brasileiro e latino-americano. Isto está em consonância com
o proposto por Carlos Lessa em Rio de Todos os Brasis, onde afirma que o passado do Rio
seria o porto do Rio e que o futuro seria Itaguaí (antigo porto de Sepetiba).

Além disso, a agenda de desenvolvimento deve incluir a constituição de uma política


integrada entre os dois grandes portos existentes na RMRJ: porto do Rio e Itaguaí. O primeiro
deveria ser dedicado a produtos de menor volume e maior volume agregado e para o turismo.
Não deveria ser um porto concentrador e distribuidor de cargas, dado o impacto dessas
atividades na infra-estrutura urbana, de transportes e o meio-ambiente. O segundo deveria ser
dedicado para produtos como minério, grãos e outras commodities, ou seja, maior volume e
carga geral (contêineres). Funcionar como centro concentrador e distribuidor de cargas. Um
hub-port.

Observa-se ainda a pouca racionalidade de atividades econômicas localizadas na Zona Oeste


utilizarem predominantemente o porto do Rio e não Itaguaí. A distância, por exemplo, do
porto do Rio a Santa Cruz é cerca de 3,2 vezes maior do que a distância de Santa Cruz ao
porto de Itaguaí. Deve-se levar em consideração, inclusive, que empresas como a Gerdau
atualmente exportam sua produção de commodities pelo porto do Rio e não por Itaguaí.

Dessa forma, propõe-se como agenda de discussão junto ao setor privado e ao governo
estadual e federal a análise da possibilidade de uso de Itaguaí como hubport, mesmo com
todas as utilizações que hoje lá já são efetuadas, tendo em vista a área ainda disponível, como
também o detalhamento e a implantação de uma política de acesso ao porto de Itaguaí.

Há também necessidade de implementação de uma política com a prefeitura e a CET-Rio que


procure separar a logística de transportes internos a cada RA e à Zona Oeste da logística de
transporte de passagem pela região.
16

A proposta é que se defenda junto à prefeitura o desenho e a implantação de uma estratégia de


transportes para cada RA conforme a já desenhada pela Associação Comercial e Industrial de
Campo Grande em parceria com a CET-Rio.

8.4. Uso e ocupação do solo

O estudo sobre uso e ocupação do solo teve por preocupação central apresentar os principais
aspectos de caráter normativo e de oferta potencial de espaços capazes de influir no
desenvolvimento das atividades de interesse do projeto.

Como visto nas seções anteriores, é necessário para uma política integrada de
desenvolvimento econômico-social, pensar as questões de forma sistêmica e em como
integrar políticas de mobilidade social com políticas de uso e ocupação do solo.

Para a análise da situação da ocupação e uso do solo foram usadas as tipologias residencial,
não-residencial e territorial do mercado imobiliário formal. A Zona Oeste é caracterizada pela
existência de extensas áreas onde predominam assentamentos que podem ser classificados de
várias maneiras – irregulares, clandestinos, ilegais, precários ou inapropriados. As profundas
alterações na dinâmica econômica da cidade, com a transferência para a Zona Oeste de
atividades de comércio e serviços não foram acompanhadas na velocidade e na qualidade de
mudanças necessárias na legislação de uso e ocupação do solo, especialmente no que diz
respeito à competição com os usos residencial e industrial. Ou seja, trazer para a pauta a
questão do planejamento e ordenamento urbano na região é de fundamental importância.

No que diz respeito ao serviço de transporte coletivo, a Zona Oeste caracteriza-se pela falta de
integração e complementaridade entre os modos atualmente existentes com forte participação
do chamado transporte alternativo (parte dele regulamentado e parte não regulamentado).
Quanto à rede viária, sua hierarquia não é preservada e o tráfego de carga e de passageiros de
passagem se mistura ao tipicamente local, provocando congestionamentos, desestruturando e
despersonificando ruas e bairros, conforme já apontado em outros textos da equipe.

Observa-se como desafio para a agenda de desenvolvimento o estabelecimento de uma


governança local capaz de transformar o destino da Zona Oeste, fazendo com que ela se
liberte de um processo de crescimento subsidiário e caótico e passe a contribuir para o
desenvolvimento sustentável do município e do estado do Rio de Janeiro de forma mais
autônoma e regular.

Com relação à atividade econômica, os dados levantados no cadastro do IPTU indicam oferta
abundante de terrenos na Zona Oeste. A instalação de 800 novas empresas geraria 5 mil novos
empregos e demandaria 800 mil metros quadrados, equivalente a 5% da área dos terrenos da
região. Porém, para atrair empresas para a região, os seguintes atributos da malha urbana são
necessários:

• possibilidade de acesso rápido, fácil e conveniente para transporte de carga, incluindo


ferrovias, rodovias, portos e aeroportos;
• suprimento adequado de mão de obra, fontes de matérias primas e mercados;
• quantidade adequada de terra apropriada, livre de problema de fundações, drenagem e
outros riscos, que aumentem o custo da construção, com reserva suficiente para
17

crescimento futuro;
• suprimento adequado e confiável de utilidades: água, energia, combustíveis,
disposição de resíduos sólidos e líquidos, telecomunicações;
• facilidades tecnicamente compatíveis às demandadas pela atividade industrial, como
sistema viário apropriado, estacionamento, pátio de carga e descarga, serviços
comerciais, sociais e jurídicos para empresas;
• regularização fundiária, definição clara e adequada quanto ao uso dos terrenos, ao
tamanho dos lotes, às limitações de emissão de ruído, fumaça, odores, luz, vibrações,
calor e outros impactos indicados na regulamentação;
• gerenciamento integrado da área de localização das firmas, possibilitando a criação de
sinergias, com redução do custo das matérias primas e componentes e utilização da
escala do volume de carga movimentada;
• incentivos para a atração, implantação, desenvolvimento e expansão das atividades
industriais, na forma de redução de impostos, de oferta de tecnologia, de capital e de
infra-estrutura;
• custos adequados para a terra e competitivos para as tarifas por serviços prestados;
• proteção contra o desrespeito às regras estabelecidas, tais como interferências de
residências e outros usos do solo não compatíveis;
• localização de maneira a minimizar efeitos externos indesejáveis nas vizinhanças não-
industriais e reduzir o risco de acidentes.

Propõe-se ainda que seja atualizada e simplificada a legislação urbanística vigente para a área,
visando permitir o desenho de um claro planejamento e estratégia. Com base nisso, detalha
propostas que foram discutidas no seminário do dia 15 de maio, conforme apresentamos
abaixo:

Mudança da legislação

Mudança da legislação, pelo menos nas áreas que continuam regidas pelo Decreto 322/76,
quanto à flexibilização do uso e ocupação com a criação de áreas classificadas como ZR,
passando a permitir algumas atividades próprias de Zonas de Uso Misto e Zonas Comerciais e
de Serviços e Pequenas Indústrias.

Abertura de Logradouros

A abertura de logradouros em terrenos de grandes dimensões a fim de modernizar a malha


viária local e também facilitar seu aproveitamento, com a criação de novos acessos.

Criação de Aglomerações de Pequenas Indústrias

Telheiros, Galpões e Terrenos abandonados ou subutilizados podem hospedar firmas de micro


e pequeno porte, voltadas para as atividades de indústria e comércio de produtos de acordo
com a legislação a ser aprovada. A circulação de pessoas nos galpões, e de pessoas e veículos
no entorno, amplia a oferta de trabalho regular e melhora a ambiência, conferindo maior
visibilidade às grandes vias, como a Avenida Brasil. Tal iniciativa permitirá a ocupação de
espaços com área em torno de mil metros quadrados.
18

Revisão de Parâmetros de Uso e Ocupação do Solo

Quanto aos parâmetros de uso e ocupação do solo a serem adotados, sugere-se a localização
de indústrias de micro e pequeno porte, com adensamento limitado pelas restrições associadas
à fragilidade do meio ambiente mas que, por outro lado, não ignore o processo desordenado
de adensamento em andamento.

Parcelamento

Sugere-se, ainda, o parcelamento de grandes terrenos ociosos que reduza o tamanho dos lotes
em algumas áreas, assim evitando a ocupação irregular, pois seu uso passa a ser produtivo,
além do efeito decorrente do aumento do emprego da população local.

Criação de Faixas Intermediárias de Uso

A diversidade de usos deve ser facilitada. A flexibilização dos parâmetros, propondo um


parcelamento em lotes menores do que permitido no local e a admissão de outros usos além
do comercial e do residencial ampliam as condições de preservar a área, ao invés de degradá-
la.

Utilização dos Instrumentos Previstos no Estatuto da Cidade para a Obtenção de


Recursos de Financiamento da Infra-Estrutura Local

8.5. Segurança Pública

A Zona Oeste é uma das áreas do município com maior incidência de crimes contra a vida e
mostram um acentuado crescimento dos crimes contra o patrimônio nos últimos anos. A forte
presença de milícias, a ausência de policiamento e o ambiente de proliferação de ilegalidades
geram na população moradora e no empresariado local o temor de prejuízo às suas atividades
devido à insegurança da região.

A análise quantitativa com base nas estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP)
mostra que a Zona Oeste teve uma taxa de homicídios superior à média do município em 28%
em 2008. Quando se considera a RA de Santa Cruz esta diferença sobe para 79%. Oito dos 17
bairros da Zona Oeste concentraram 85% dos homicídios dolosos da região registrados de
janeiro de 2004 a julho de 2008 (este é o período coberto pelos microdados do ISP. Nesse
período, registraram-se homicídios dolosos em 902 diferentes ruas ou logradouros da Zona
Oeste. As maiores frequências foram na Avenida Brasil e na Avenida Cesário de Melo. A
Zona Oeste registra uma relação de 50 civis mortos para cada policial morto em serviço, o
dobro da verificada no conjunto do município e 63% a mais que no estado como um todo
durante o mesmo período. O total de roubos (assaltos) registrados aumentou entre 2000 e
2008 na região, acompanhando o crescimento havido no município e no estado como um
todo. Na RA de Bangu, porém, o aumento dos assaltos foi bem superior à média. As
modalidades mais numerosas na Zona Oeste foram roubo de veículos e roubo a transeunte.

A CPI da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro que investigou a ação das
milícias, concluída em novembro de 2008, identificou no Município do Rio de Janeiro 128
áreas dominadas por esses grupos criminosos armados, em 48 bairros. De acordo com a CPI,
os bairros da cidade com maiores números de locais nessa condição ficam na Zona Oeste:
19

Campo Grande (16 áreas), Santa Cruz (15) e Realengo (10). Embora com quantidades
menores, três outros bairros da região também figuram na lista: Bangu (3 áreas dominadas),
Inhoaíba (2) e Sepetiba (1) 11 .

Nas entrevistas qualitativas feitas na Zona Oeste, a falta de segurança aparece como um dos
principais problemas da região, junto ou logo atrás de logística, transporte público e
educação/capacitação.

As lideranças ouvidas nas quatro RAs enfatizaram quase sempre os assassinatos e os assaltos
a pedestres e a motoristas como indicadores mais evidentes da insegurança na área, o que é
confirmado pelas estatísticas do ISP. Nas entrevistas, ficou claro que, embora as milícias
possam ter sido de início percebidas como fator positivo para a segurança, ou como “mal
menor”, face à ausência do poder público nas áreas carentes, hoje prevalece o entendimento
de que se trata de grupos criminosos, cujo principal objetivo não é a “autodefesa
comunitária”, mas o lucro, por meio da exploração ilegal do comércio e dos serviços
destinados às camadas populares. Também há a percepção de que tais grupos possuem projeto
político, empenhando-se na criação e manutenção de “currais” eleitorais, e na eleição de
chefes ou aliados para cargos legislativos do estado e do município. Em suma, tudo indica que
as milícias não são mais pensadas como possível solução, mas sim como obstáculo – e dos
mais sérios – para a melhoria da segurança pública e para o desenvolvimento sócio-
econômico da Zona Oeste.

Forte presença de milícias, interferindo na atividade econômica; ausência de policiamento


ostensivo; corrupção policial; falta de regulação pública do uso do solo e das atividades de
comércio e serviços; informalidade generalizada; proliferação de favelas e carência de
serviços urbanos como pavimentação das ruas e iluminação pública foram os elementos mais
enfatizados nas entrevistas para definir o ambiente favorecedor da violência na região. De
forma mais detalhada, apontaram-se como causas ou elementos que contribuem para a
situação de insegurança:

• multiplicação de favelas, sem infraestrutura, sem presença do poder público, que se


tornam presas fáceis de grupos criminosos armados;
• o próprio crescimento econômico da região, que atrai muitas pessoas sem recursos e
com baixa qualificação, não absorvidas pelo mercado de trabalho local;
• falta absoluta de policiamento ostensivo, por grave insuficiência de efetivo nos
batalhões da PM da região (foi lembrado que o de Campo Grande também presta
serviços de policiamento montado a outras partes da cidade);
• altos níveis de corrupção policial; promiscuidade entre polícia e milícias, entre polícia
e crime;
• carência aguda de transporte coletivo público, abrindo espaço para a proliferação do
alternativo (ônibus piratas, kombis, vans, mototaxis), inicialmente como atividade
informal, hoje como principal fonte de lucro de grupos criminosos armados;

11
Fonte: Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Relatório final da Comissão Parlamentar de
Inquérito destinada a investigar a ação de milícias no estado do Rio de Janeiro. (Resolução nº 433/2008). Rio de
Janeiro, 2008.
20

• ampla informalidade no setor de pequenas e microempresas de comércio e serviços,


favorecendo a captura de várias atividades por traficantes e milicianos, como no caso
da venda de botijões de gás e da segurança privada;
• conivência social com a ilegalidade e a informalidade, manifesta, por exemplo, no uso
de “gatonet” pela classe média, que poderia pagar o serviço legalizado, e no amplo
emprego de vigilantes privados informais por condomínios e estabelecimentos
comerciais;
• degradação das instituições locais pela generalização da informalidade e das
ilegalidades;
• falta de regulação da ocupação e do uso do solo, possibilitando não só a multiplicação
de comunidades residenciais irregulares, desassistidas, exploradas por grupos
criminosos, como o surgimento de inúmeras fontes de conflitos oriundas, por
exemplo, da presença de oficinas mecânicas em áreas de moradia ou de grandes casas
de show nos centros comerciais;
• atuação de políticos no incentivo às invasões e grilagens, com o propósito de criar
currais eleitorais;
• graves deficiências de iluminação pública e calçamento/asfaltamento das ruas, que
facilitam a prática de assaltos;
• prisão dos bicheiros no início dos anos 1990, abrindo espaço para a ascensão dos
traficantes de drogas e das milícias na região;
• acirramento dos conflitos entre milícias após a prisão de importantes chefes de uma
das facções, em meados de 2008;
• impossibilidade de combate às milícias com os policiais que trabalham na Zona Oeste,
na maioria moradores da região;
• política de confronto e de projetos pontuais de policiamento comunitário do atual
governo, que estaria gerando “vazamento” de bandidos para outras áreas e
deslocamento das atividades criminosas do tráfico de drogas para os assaltos.

8.6. Educação

O diagnóstico e as propostas na área de educação revelam a ausência de uma maior correlação


entre as necessidades e potencialidades da região e os cursos técnicos e profissionalizantes de
nível médio e superiores existentes. Na verdade os cursos em funcionamento visam muito
mais a atender a demanda existente na cidade do Rio de Janeiro do que a local, ou ainda
foram implantados levando-se em consideração também o custo de cada curso vis a vis a
capacidade de pagamento dos alunos no que tange à participação do setor privado.

Uma análise puramente técnica dos cursos oferecidos sugere que não houve uma preocupação
com o atendimento às demandas econômicas locais, e nem uma relação mais direta com o
parque industrial já instalado. No entanto, essas conclusões devem ser sustentadas por um
trabalho de pesquisa mais profundo, com a preocupação de investigar o processo de criação
dos cursos e os fatores que nortearam suas escolhas.

Os cursos existentes não contemplam todas as áreas industriais, principalmente a indústria de


transformação. Deveriam ser criados na região novos cursos como os de técnico em química,
21

técnico em plásticos, técnico em mecânica, técnico em metalurgia e técnico em siderurgia, de


modo a atender a demanda do setor industrial. Entre os cursos oferecidos verifica-se uma
predominância de cursos de saúde. Isto, no entanto, não traz para a região uma oferta de
serviços de saúde adequada. Dessa forma, cabe refletir como os profissionais que se formam
na área de saúde na região podem ser inseridos num processo de desenvolvimento sustentável.

Um outro ponto destacado é a carência de cursos técnicos de nível médio em área de forte
importância econômica na região, como comércio varejista, administração de imóveis e
serviços de alojamento, pois há pouca ou nenhuma oferta de cursos técnicos vinculados a
essas atividades tais como: técnico em comércio, técnico em vendas, técnico em logística e
técnico em hospedagem.

No que diz respeito aos cursos superiores existentes, um primeiro aspecto que salta aos olhos
é a carência de cursos de bacharelado em engenharia na Zona Oeste. O documento do grupo
da educação destaca também a predominância da área de saúde na oferta de cursos de nível
superior. Uma outra área de concentração é a área ligada às carreiras do magistério.

Na área de cursos superiores é importante avaliar a necessidade de gerar a formação na região


de graduados em áreas como logística, finanças, comércio exterior e vendas, dentre outros,
para atender ao setor de serviços. Frisa ainda a inexistência de cursos superiores na área de
transportes.

Na área industrial verifica-se que a oferta de cursos superiores na Zona Oeste é reduzida e
pouco variada, não atendendo às demandas, principalmente no que tange à indústria de
transformação. Recentemente, numa ação importante para a região, o governo do estado do
Rio de Janeiro criou o Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO), que já oferta
desde 2005 12 graduação tecnológica em Produção em Siderurgia, Polímeros, Gestão da
Construção Naval e Offshore, Produção de Fármacos, Biotecnologia e Sistemas de
Informação. Para contribuir com a expansão do parque industrial da Zona Oeste é
fundamental que as instituições de ensino repensem seus cursos e contemplem as áreas de
plásticos, siderurgia, metalurgia, automação e instrumentação.

A seção relativa às condições de governança da Zona Oeste menciona a existência do


Conselho das Instituições de Ensino Superior da Zona Oeste – CIEZO. Este conselho é uma
sociedade civil sem fins econômicos que se propõe a atuar no terceiro setor, buscando
continuamente a melhoria das condições de vida no exercício pleno de cidadania. Formado
pela união das sete instituições de Ensino Superior originárias da Zona Oeste do Município do
Rio de Janeiro, a saber, Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos, Faculdade Bezerra de
Araújo, Faculdade Machado de Assis, Faculdades São José, Faculdades Integradas Simonsen
e Universidade Castelo Branco, tem como missão atuar em todo território nacional com foco
na Zona Oeste do Rio de Janeiro, disponibilizando, sob a forma de projetos em parceria, todo
o conhecimento técnico-científico e cultural e a força de trabalho acumulada nas sete
Instituições de ensino que o compõem.

Acredita-se que um ponto importante para uma agenda de desenvolvimento da Zona Oeste é a
criação de um fórum na área educacional pela UEZO, CIEZO e demais instituições de ensino
instaladas na região, com participação das entidades empresariais e de representantes das
escolas técnicas, tanto públicas quanto privadas. Isso permitirá detalhar uma agenda que dê
12
Sob o assunto ver o relatório de pesquisa Questões de Governança: Alternativas para Criar uma Câmara de
Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
22

suporte a uma política de desenvolvimento sustentado para a Zona Oeste.

O diagnóstico realizado sobre a Zona Oeste, apontou com clareza a existência de baixa
qualificação da mão de obra, de baixos salários e menor faixa etária no total de trabalhadores,
vis-à-vis o quadro existente na cidade do Rio. No entanto, entende-se que essas características
devem-se não só às carências, mas também às características exigidas nas atividades
hegemônicas na região em exame.

Atividades como as vinculadas ao comércio varejista, que permitem via de regra a utilização
de profissionais com menor qualificação, menor faixa salarial e menor faixa etária, empregam
na Zona Oeste 32,1% dos trabalhadores, contra um percentual de empregados nessa atividade
relativamente ao total de trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro de 16,6% (tabela 8 anexa).

Além disso, os dados da RAIS não mostram o nível educacional das pessoas em idade ativa
que residam na Zona Oeste, mas sim das que lá trabalham. Como existe uma importante
parcela de moradores da Zona Oeste que trabalham em outras regiões da cidade do Rio de
Janeiro, é importante verificar nos desdobramentos da pesquisa a qualificação dos que lá
moram e que poderão vir a ser aproveitados na própria região, na medida em que as atividades
econômicas dentro da política proposta venham a ser amplificadas.

Ou seja, a definição de uma agenda educacional para a Zona Oeste deve levar em
consideração as atividades já existentes; as que podem vir a ser atraídas para a região dentro
da estratégia definida; as ofertas na área educacional existentes; e a qualificação disponível na
região, seja com relação aos que lá já trabalham, seja com relação aos que atualmente apenas
residem na região.

8.7. Governança da Zona Oeste

Os estudos citados anteriormente tornam claro que a alavancagem das ações propostas só será
vitoriosa com forte protagonismo e articulação das lideranças locais, construindo uma
governança para a região em exame.

Se a Zona Oeste por um lado possui forte densidade populacional e força eleitoral, por outro
lado, conforme apontado no diagnóstico geral do trabalho, possui precários indicadores de
desenvolvimento e qualidade de vida 13 .

É extremamente importante encontrar alguma forma de organização institucional local que


possa ajudar a reverter esse quadro. Do ponto de vista populacional e territorial, a maior
densidade populacional encontra-se nas RAs de Bangu e Realengo e as menores em Campo
Grande e Santa Cruz. Dessa forma, ainda existiria uma importante reserva de terras em
Campo Grande e Santa Cruz, sendo a Zona Oeste considerada a principal fronteira de
expansão da cidade do Rio de Janeiro.

Visando gerar um processo de desenvolvimento econômico com melhoria dos indicadores


sociais e ampliação da cidadania, é necessário desenharem-se mecanismos de governança

13
A Revista da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, chamada “Suce$$o Comercial &
Empresarial”, no número de setembro e outubro de 2008 aponta, também, a importância da Área de
Planejamento 5 no total de ICMS arrecadado na cidade do Rio. De acordo com os dados existentes na revista,,
no primeiro semestre de 2008 a região foi responsável por 22,1% do total de ICMS arrecadado pelo governo do
estado com base no valor adicionado na cidade do Rio.
23

para a região.

O caso de Santa Cruz atualmente é, no mínimo, bastante paradoxal. Por um lado concentra
um conjunto de médias e grandes empresas de alta produtividade e geração de riqueza, e por
outro um dos piores IDHs entre todas as Regiões Administrativas da cidade do Rio de
Janeiroe o pior entre as quatro RAs da Zona Oeste. Isso reforça também a necessidade de
serem pensadas, do ponto de vista econômico, políticas de encadeamento econômico e
geração de emprego a partir das grandes e médias empresas ali instaladas. Esse ponto é
também reforçado pelo fato de que, conforme apontado no diagnóstico, as grandes empresas
da Zona Oeste geram menos empregos relativamente ao que ocorre nas grandes empresas da
cidade do Rio de Janeiro. Ou seja, são mais intensivas em capital.

Com relação ao assunto vale lembrar que a TK-CSA, que está em término de construção e
preparação do início da operação, hoje possui em torno de 25 mil pessoas trabalhando
cotidianamente em seu território sob as mais diversas modalidades e que partir do final deste
ano passará a gerar apenas em torno de 3,5 mil empregos diretos.

Dessa forma, na medida em que seja organizada uma governança, é de fundamental


importância ampliar a participação das grandes empresas instaladas na Zona Oeste no
cotidiano da população residente, gerando formas de atuação em diversas modalidades que
permitam propiciar de fato uma melhoria da qualidade de vida e do emprego na região.

Os macroinvestimentos privados e projetos, como o do Arco Metropolitano, trarão


importantes modificações para a Zona Oeste. Nesse cenário, a Zona Oeste é um dos territórios
que deverá se posicionar. Nesse sentido, a Secretaria Municipal de Urbanismo da prefeitura
do Rio de Janeiro – SMU/RJ foi encarregada de elaborar uma proposta tendo como premissa:
a) os investimentos públicos e privados previstos para a região; b) a provável realização das
Olimpíadas de 2016.

Em termos institucionais, um dos elementos extremamente positivos da proposta da SMU/RJ


é o fato dela ter sido elaborada por um grupo de trabalho ad-hoc, com participação não apenas
das diferentes secretarias da prefeitura, como também do governo do estado, um tipo de
colaboração pouco freqüente entre diferentes departamentos e órgãos do governo.

Contudo, as limitações do estudo da SMU/RJ relativos ao posicionamento da Zona Oeste são


evidentes. Trata-se, em primeiro lugar, de uma proposta de ordenamento urbano funcional e
preventivo alinhada [principalmente] com as possíveis demandas dos empreendimentos
industriais associados ao Arco Metropolitano vinculadas à RA de Santa Cruz. Falta,
sobretudo, uma visão de conjunto mais abrangente, que poderia ter sido feita, por exemplo,
através de um amplo debate sobre os destinos da Avenida Brasil, principal eixo articulador da
Zona Oeste a ser afetada pela construção do Arco Metropolitano. Em segundo lugar, a
perspectiva parece corresponder melhor a de um território que deve ser posicionado, do que a
de um território que deve posicionar-se. Não se depreende das conclusões do relatório a
necessidade de ampliar o debate com os atores locais (com exceção das grandes empresas
sediadas nos distritos industriais). Dessa maneira, mantém-se o círculo vicioso de grandes
investimentos que geram escasso desenvolvimento local.

Os pontos elencados parágrafo anterior já haviam sido apontados na seção sobre logística, no
que diz respeito a uma estratégia para a Avenida Brasil, e na seção de ocupação e uso do solo,
sobre o protagonismo e capacidade de iniciativa que a Zona Oeste deve buscar.
24

A SMU/RJ faz propostas também para Realengo, tendo em vista as Olimpíadas militares de
2011, já confirmadas, e a possível realização das Olimpíadas de 2016 na cidade do Rio de
Janeiro.

É importante trazer o caso de Realengo para a agenda, pois a estratégia atual das Forças
Armadas é de diminuir a presença militar na região e na cidade do Rio de Janeiro. Quando os
dados de Realengo são analisados tomando-se como base as estatísticas da RAIS, verifica-se
uma significativa redução do número de funcionários públicos nessa RA.

Por outro lado, por conta dos Jogos Pan-Americanos de 2007 já foram realizados diversos
investimentos, construindo instalações permanentes relativas à prática de hipismo, tiro
esportivo, tiro com arco e prática de hóquei sobre grama. Além disso, no curto prazo essas
instalações serão aproveitadas para a realização das Olimpíadas Militares de 2011, já
confirmadas. Essas Olimpíadas mobilizaram no último evento em torno de 6 mil atletas de 87
países.

O investimento estimado para o evento no Rio de Janeiro é de R$ 1,27 bilhões, a serem


distribuídos na adequação das infra-estruturas e dos equipamentos esportivos, na construção
de uma (nova) vila olímpica, e no desenvolvimento de software de comando e interligação de
sistema esportivos, de arbitragem, mídia, divulgação e homologação dos resultados. Esses
investimentos poderão ainda ser utilizados caso a cidade do Rio de Janeiro venha a ser
vitoriosa na conquista da sede das Olimpíadas de 2016.

Com relação a esse ponto, o desafio é engendrar negociações com o governo federal, estadual
e municipal de forma a estabelecer uma estratégia que permita que a região venha a se
beneficiar dos investimentos realizados, minorando os efeitos da desmobilização militar.

Com relação à agenda de desenvolvimento para a Zona Oeste, o estudo sobre governança
destaca iniciativas já existente vinculadas a instituições como SEBRAE, Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de Janeiro,
Caixa Econômica Federal, NUCLEP, FIRJAN, FECOMÉRCIO-RJ, PETROBRAS,
ELETRONUCLEAR, MICHELIN, LIGHT e TK-CSA. Aponta, no entanto, que é necessário
sistematizar uma política que integre a vida das grandes empresas ao cotidiano da Zona Oeste,
conforme já apontado, visando gerar encadeamentos, empregos e maior dinamismo
econômico endógeno na região.

Destaca ainda que a política não pode se limitar ao aspecto econômico stricto sensu. É preciso
lembrar que hoje a Zona Oeste é não apenas a principal fronteira de expansão das atividades
industriais na cidade do Rio de Janeiro, como também é a principal fronteira de expansão das
favelas. De acordo com dados obtidos em exposição de Sergio Besserman Viana, os dez
bairros com maior crescimento absoluto em área de favela entre 1999 e 2004 são, pela ordem,
Guaratiba (com uma ampliação de 0,3 km2, o que corresponde a 22,7% da sua área de favela
em 1991), Senador Camará, Santa Cruz, Acari, Jacarepaguá, Paciência, Campo Grande,
Recreio dos Bandeirantes, Pavuna e Bangu. Além disso, os investimentos que atualmente
ocorrem provavelmente reforçarão essa tendência.

A Zona Oeste, do ponto de vista institucional apresenta importantes problemas, como o


crescimento das milícias na região, já mostrado na seção sobre segurança pública, e uma
lógica política marcadamente clientelista.
25

Como ponto positivo, cabe observar que engana-se quem acredita que a Zona Oeste seja uma
região sem história, sem identidade e sem laços sociais fortes por parte das suas comunidades.
Finalmente, tendo em vista os elementos supra mencionados, cabe indagar “Por que não
considerar a alternativa de constituir uma Câmara de Desenvolvimento da Zona Oeste
do Rio de Janeiro?”.

9. Pontos discutidos no Workshop

Os resultados do diagnóstico e dos estudos qualitativos mostram a complexidade da


montagem de uma agenda de desenvolvimento, portanto os convidados da reunião do dia 15
de maio do corrente foram divididos em grupos para discutir a proposição de ações nos
seguintes temas: Desenvolvimento Econômico, Pólo Metal-Mecânico e Comércio Exterior;
Logística e Desenvolvimento; Segurança, uso e ocupação do solo; Educação; e Governança.
Os grupos receberam uma síntese dos resultados dos estudos referentes aos temas e uma lista
preliminar de ações que foram complementadas e debatidas na reunião.

9.1. Desenvolvimento Econômico, Pólo Metal-Mecânico e Comércio Exterior

1. Entre os participantes ficou claro que levando em conta uma visão de cadeias produtivas
(conjunto de setores relacionados por relações de compra e venda) e não de setores, percebe-
se que a Zona Oeste tem forte representação na cadeia produtiva de metal-mecânica:
compreende da produção de matéria prima (minério de ferro, cromo e níquel), processamento
de semi-acabados, laminados planos e longos, relaminados, trefilados e perfilados, até
fabricação de máquinas e equipamentos e artigos de metal para uso doméstico. Pode-se dizer
que essa cadeia produtiva, além de estar bem representada do ponto de vista produtivo com as
indústrias metalúrgicas e mecânicas na Zona Oeste, tem entre as demais indústrias locais
importantes setores industriais demandantes do aço inox, tais como os setores de alimentos e
bebidas, químico e farmacêutico, editorial e gráfica. Dessa forma pode-se identificar a cadeia
produtiva de metal mecânica é capaz de provocar efeitos de encadeamentos fortes nas demais
indústrias locais ou como fornecedora de equipamentos que precisem de proteção contra a
corrosão ou como fornecedora de insumos. Na discussão ficou claro entre os participantes que
a consideração da abrangência da cadeia produtiva (considerar o foco metal mecânica e não o
aço inox) é básica para o sucesso do projeto. Para corroborar a relevância desse ponto foi
relatado, pelo representante do governo estadual, o insucesso da implantação do pólo de
alumínio capitaneado pela Vale Sul e hoje totalmente desativado.

Outras indústrias que poderiam ter forte encadeamento na cadeia produtiva de metal-
mecânica, mas que hoje ainda são incipientes na Zona Oeste, seriam a indústria de construção
civil (infra-estrutura urbana e uso em imóveis residenciais) e a indústria do petróleo
(principalmente através da indústria naval), ambas tem um potencial futuro de expansão que
eventualmente mereceriam ser estudados. Em relação à indústria de construção civil, devido a
ausência de representantes da mesma, não foi apresentada nenhuma proposta. Contatos
realizados durante o evento confirmam a importância de detalhamento de alguma ação
voltada para a indústria de construção civil, que ainda que não esteja localizada na Zona
Oeste, pois essa vem fazendo vários lançamentos nessa região.

Em relação ao detalhamento das ações para a indústria do petróleo, principalmente através da


indústria naval, que é forte no estado do Rio de Janeiro, chamou-se atenção para o amplo
26

leque de requerimentos feitos pela Petrobrás, principal demandante da indústria do petróleo, e


da indústria naval por ser fornecedora global, para qualificar as empresas como suas
fornecedoras. Desta forma o nível de qualificação técnica e empresarial das empresas locais
que se candidatarem para serem fornecedoras terá que atingir esses requerimentos. Foi
sugerido que o Prominp – Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás,
programa do governo federal, coordenado pelo Ministério das Minas e Energia, e do qual
participam as associações empresariais ABINEE, ABIMAQ, ABDIB, ABITAM, fosse
contatado. Em especial, o estreitamento da relação com a ABIMAQ para a cadeia produtiva
de metal-mecânica seria desejável. Uma outra sugestão na direção de atingir os requerimentos
desejados foi estabelecer contato com a Rede de Tecnologia que congrega várias instituições
relacionadas com normatização e padrões exigidos em cada indústria, inclusive o Inmetro. A
Firjan e o Sebrae realizaram um estudo sobre os fornecedores da cadeia siderúrgica onde os
principais problemas apontados convergem para a necessidade de capacitação empresarial das
micro e pequenas empresas nas áreas de organização interna, gestão de conhecimento de
contratos, qualidade e conformidade dos produtos e serviços.

Foi também apresentada a idéia de procurar um maior estreitamento das relações com o
Centro Tecnológico do Exército, instalado na região. Eles são também importantes
demandantes de aço inox como insumo industrial.

Propostas: Para todos os setores demandantes da cadeia produtiva de metal mecânica,


composta pelas grandes empresas, seria interessante ter-se uma idéia mais aprofundada das
demandas específicas das indústrias localizadas na região ou com forte potencial de exercer
uma pressão de demanda sobre a cadeia de metal mecânica. O estudo já realizado pelo
IE/UFRJ detalha a lista de produtos e seus potenciais usos. O desafio agora seria fazer um
estudo de demanda de cada produto por empresas da região. Seria também interessante
especular-se sobre outros produtos novos ainda não listados pelo estudo. Do lado dos
fornecedores (oferta de bens e serviços) seria interessante um mapeamento das competências
ou da ausência de competências para se desenhar um programa de capacitação empresarial
local envolvendo aspectos técnicos e gerenciais. Como o universo de fornecedores da cadeia
produtiva de metal-mecânica é muito grande (90% composto de micro e pequenas empresas)
e o universo de demandantes bem menor, seria mais interessante começar pelo estudo de
demandas por indústrias.

2. O próximo ponto discutido foi como aproximar as micro, pequenas e médias empresas das
grandes de forma que estas empresas possam ser fornecedoras das grandes empresas da cadeia
de metal-mecânica da região. Existe, segundo os participantes, um problema importante de
visibilidade dessas empresas por parte do comprador. O pequeno empresário não consegue se
fazer visível também porque não tem acesso aos fornecedores. A maior parte dos
fornecedores e dos departamentos de compra das grandes empresas localiza-se fora da região
de estudo. Já existe um estudo feito pelo grupo do Plano Estratégico, que está disponível para
atualização, sobre a disponibilidade de oferta de produtos e serviços. O principal centro
fornecedor é São Paulo.

Neste sentido foram identificados dois níveis de problemas: um primeiro nível que diz
respeito à formalização e legalização fiscal das empresas que as impede de se candidatar aos
programas de capacitação e financiamento. É importante ressaltar que sem este trabalho o
oferecimento de programas de capacitação e financiamento para essas empresas serão
inacessíveis, pois elas não apresentam os requisitos mínimos exigidos: estar legalizada e estar
com as obrigações fiscais em dia.
27

Proposta: criar um centro de serviços capaz de esclarecer as empresas em como atingir esses
objetivos (legalização jurídica e fiscal) nos moldes do que está sendo feito no “poupa tempo”,
programa apoiado pelo Sebrae e pelo governo de estado, focado no cidadão. Esse centro
poderia ser abrigado pelas associações comerciais/industriais da região. A vantagem seria
permitir ao empresário dispor de todas as informações reunidas em um só local através do uso
de tecnologia de informação. Poderiam também ser planejados por esses centros várias
semanas legais, onde os Bancos presentes na reunião (Banco do Brasil e Caixa Econômica)
poderiam prestar assistência aos interessados sobre, por exemplo, os aspectos fiscais
necessários para a legalização das empresas. O Sebrae poderia contribuir com a s informações
necessárias para a formalização jurídica das micro e pequenas empresas.

O segundo nível de problemas diz respeito à capacitação empresarial das micro, pequenas e
médias empresas. Todas as empresas que querem ser fornecedoras de grandes empresas, ou
fornecedoras de empresas que exportam, ou exportadoras precisam estar produzindo de
acordo com as exigências de uma empresa de classe mundial. Essas exigências envolvem
instrumentos de gestão (qualidade e iso’s) e instrumentos técnicos (metrologia e tecnologia).

Proposta: criação de um centro de inovação empresarial de metal-mecânica na região. O


papel desse centro seria mapear os cursos de capacitação já disponíveis nas instituições, tais
como Senai, Inmetro, Rede de Tecnologia, Sebraetec, Escolas Técnicas e outras instituições
que interessam à capacitação das empresas locais, baseado nos diagnósticos propostos no
primeiro ponto. Mapeadas essas competências organizar cursos para serem oferecidos na
região. As experiências anteriores indicam que muitas vezes os cursos existentes não atendem
as demandas locais. A vantagem do centro seria poder indicar quais são as demandas reais da
região baseado em evidência empírica clara de quais são as competências ausentes nos
potenciais fornecedores de bens e serviços locais.

3. O terceiro ponto discutido refere-se às políticas e incentivos necessários para atrair boas
empresas para a região, inclusive os fornecedores. Entre os pontos mais importantes
destacados foi a importância da criação de áreas industriais específicas para a instalação de
empresas e a mudança que isso acarretaria no código de urbanismo das regiões
administrativas envolvidas. Em relação aos incentivos fiscais foi constatado que existem
incentivos fiscais específicos para a cadeia produtiva de metal-mecânica que poderiam ser
buscados pelas empresas locais. Um outro ponto importante seria o apoio governamental na
criação de infra-estruturas, como os centros acima propostos. O uso de incentivos fiscais para
atração de empresas, na visão de alguns participantes, é menos importante do que o
desempenho econômico de uma região. A pujança econômica de uma região é um forte
atrativo para outras empresas. É importante ressaltar que essa não é uma visão liberal de
aversão à participação do estado, mas a crença de que políticas voltadas para a consolidação e
modernização das empresas são mais eficazes do que a concessão de incentivos fiscais, ainda
que a isonomia tributária precise ser assegurada. Um outro ponto importante foi o aumento da
oferta de crédito local. Os bancos presentes podem desenhar, quando solicitados, uma política
específica para o financiamento das empresas atuais e das potenciais investidoras.

4. Aspectos propostos, mas não discutidos: o perfil das empresas industriais e de serviços
industriais a serem criadas e as qualificações necessárias para ampliar o número de empresas
exportadoras e das regiões administrativas que exportam. Acredita-se que o primeiro ponto
seja dependente do mapeamento das atuais empresas industriais e de serviços e de suas
competências atuais. A demanda das empresas para a contratação de fornecedores tanto atual
28

como futura, estudo ainda a ser realizado, também auxiliará na construção desse perfil de
micro e pequenas empresas desejadas.
Em relação a ampliação das exportações além das necessidades acima apontadas que poderão
ser preenchidas com as propostas apresentadas de legalização e capacitação, seria necessário
se discutir um serviço de inteligência competitiva de visibilidade do mercado externo.
Contatos com a Apex são muito importantes.

9.2. Logística e Desenvolvimento

As ações discutidas pelo grupo de logística e desenvolvimento envolveram vários aspectos.

1. Em primeiro lugar, foi considerado o aspecto da infra-estrutura de transportes. Houve


consenso entre os participantes do grupo que o transporte ferroviário, tanto de massa quanto
de carga, deve ser priorizado na região, pois o escoamento pela Av. Brasil é ineficiente e traz
danos à população e às empresas.

Proposta: Modernizar e recuperar a malha ferroviária

2. Foi discutida também a necessidade de integração dos modais de transporte (ferroviário,


rodoviário, hidroviário e aeroviário). A disponibilidade de terrenos na região facilita a
estratégia de construção de plataformas logísticas que permitiriam maior eficiência no
transporte e na distribuição de mercadorias.

Proposta: Elaboração de um plano de logística de cargas com plataformas de distribuição


intermodais, prevendo incentivos fiscais municipais e estaduais (ISS, ICMS, IPTU, ITBI,IPI).

3. O grupo também considerou importante discutir os benefícios que o porto de Itaguaí


poderia trazer à região; a proximidade da Zona Oeste com este porto constitui uma vantagem
cuja materialização depende da melhoria da acessibilidade do porto.

Proposta: Melhorar o acesso ao porto de Itaguaí desenvolvendo um plano integrado de


logística que o conecte ao arco metropolitano.

4. Ainda sobre portos, considerou-se relevante definir ações visando à integração dos portos
do estado do Rio de Janeiro – Itaguaí, centro do Rio e Açu – de forma a propiciar ganhos de
eficiência no transporte e distribuição de mercadorias.

Proposta: Desenvolver uma política integrada dos portos do Rio de Janeiro.

5. O grupo também discutiu intervenções na malha viária dos bairros, como por exemplo o
plano que a CET-Rio fez para Campo Grande. Estas intevenções devem considerar a melhoria
da circulação dentro dos bairros e o aumento de eixos norte-sul.

Proposta: articular planos de transporte viário do município e do estado.

6. Finalmente, foram discutidas as condições da Av. Brasil e suas possibilidades de melhorias.


O grupo entende que a instalação de galpões para arranjos produtivos locais e centrais
logísticas consorciadas seria importante para a revitalização da Av. Brasil.
29

Proposta: Instalação de galpões para abrigar arranjos produtivos locais, prevendo incentivos
fiscais municipais e estaduais (ISS, ICMS, IPTU, ITBI, IPI).

9.3. Segurança Pública e Uso do Solo

1. O primeiro ponto discutido pelo grupo foi o da questão ambiental em relação à ocupação e
uso do solo. Em primeiro lugar, foi mencionada a pressão urbana exercida principalmente
sobre as unidades de conservação dos Maciços da Pedra Branca e do Mendanha e sobre os
mangues de Guaratiba. Em segundo lugar foi levantada a questão dos passivos ambientais; e
da falta de uma política de ocupação industrial que evite os prejuízos sobre a saúde da
população. Foi citado como exemplo o caso da determinação governamental de promover a
destinação dos resíduos nos bairros de Paciência e Bangu. Tal decisão reflete o fato de a
regulamentação do uso do solo se dar sem que seja do conhecimento e da participação das
comunidades, pois os EIA e RIMA não chegam à população. Foi relatado também que
ocorreu no dia primeiro de maio um protesto contra a fábrica da Thyssen, em razão da
ausência de um plano de controle ambiental. Foram ainda mencionados estudos que
comprovam a migração da ilha de calor de Bangu para Campo Grande. Na discussão destes
aspectos pelos componentes do grupo, foi informado que o estado do Rio de Janeiro possui
um diagnóstico específico sobre os resíduos industriais.

Propostas: Criação de Grupo Executivo de análise do licenciamento de projetos de natureza


residencial, comercial e industrial na Zona Oeste e revisão de parâmetros de uso e
ocupação do solo. Sugere-se a localização de indústrias de micro e pequeno porte, com
adensamento limitado pelas restrições associadas à fragilidade do meio ambiente, mas que,
por outro lado, não ignore o processo desordenado de adensamento em andamento.

2. O segundo ponto discutido pelo grupo foi a necessidade de soluções de caráter sistêmico
para a região. O grupo concorda que há abundância de espaços disponíveis, faltando a
articulação entre os espaços, sendo necessários a criação e expansão de logradouros e
investimentos em infra-estrutura viária para permitir a reversão do processo de transporte de
baixa qualificação. Foi observado que, nos planos de estruturação urbana da região (Bangu e
Campo Grande), a preocupação da Secretaria de Urbanismo é a de permitir a mistura de usos,
com predomínio da ocupação residencial e menor índice de uso para comércio e serviços. Não
houve até o momento uma política de desenvolvimento econômico e de transporte específica
para a região, o que empurrou as empresas na direção do cinturão agrícola, onde havia
terrenos de baixo custo. Não houve uma política de oferta de empregos, nem a identidade da
população com o ambiente, nem um elo cultural. Um dos exemplos desse choque foi a
expulsão das colônias de agricultores japoneses, decorrente da mudança veloz e sem critério
do padrão de ocupação agrícola para o industrial. Todo esse processo gerou uma cultura de
ocupação irregular, de expulsão com decréscimo da qualidade de vida. O Conjunto Nova
Sepetiba é um exemplo desse tipo de processo danoso, no qual a integração com as demais
áreas é feita de maneira desarticulada. Todos esses aspectos contribuem para a expansão da
violência. Programas federais como o Minha Casa Minha Vida podem contribuir de maneira
negativa para a região, pois replica o mesmo padrão do Nova Sepetiba.

Foi apontada também a necessidade da revisão da legislação. O grupo considera importante a


participação da população nos instrumentos de planejamento, tais como o PPA e o Orçamento
Participativo.

Propostas: Revisão do Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro, com utilização dos
30

Instrumentos Previstos no Estatuto da Cidade para a Obtenção de Recursos de Financiamento


da Infra-Estrutura Local; Estabelecimento efetivo de uma política habitacional para os
segmentos de baixa renda e regularização dos espaços e construções já habitados em
comunidades populares da região, reduzindo a ampla margem de ilegalidade que favorece o
controle territorial armado dessas áreas, seja pelo tráfico seja pelas milícias.

3. A discussão dos problemas de segurança gerados pela ocupação irregular mostra que o
binômio desenvolvimento econômico e segurança pública deve ser estudado de maneira mais
aprofundada. Quando não há desenvolvimento as necessidades de segurança pública
aumentam. È gerado então, um círculo vicioso, no qual as atividades que podem contribuir
para a redução do problema da violência não são atraídas para o local. O planejamento da
ocupação e o uso do solo se reveste de importância fundamental, a fim de que o
desenvolvimento econômico não faça aumentar a criminalidade. Além disso, é necessário
definir ações que antevejam o problema da segurança. Foi observado que existe um
preconceito contra os residentes da Zona Oeste que prejudica a oferta de emprego e força os
residentes a percorrerem grandes distâncias até o local de trabalho. Dessa forma, o transporte
passa a ser moeda de negociação originando conflitos entre as milícias, assim como a
distribuição de gás e o chamado “gatonet”. Sobre a questão específica do transporte, foi
observada a necessidade de se avaliar o impacto do Arco Metropolitano na região, uma vez
que a AP 5 está incluída como cabeceira oeste do arco. assim como o COMPERJ é a
cabeceira leste. Os EIA e RIMAS desta área foram estudados de forma parcial, cabendo
avançar nos pontos que os dois estudos se integram.

Propostas: Definição de uma política de transporte integrada que leve em consideração as


necessidades de cargas e de passageiros, as necessidades internas a cada bairro e RA e as
necessidades de integração da Zona Oeste com a cidade, a estrutura portuária e aeroviária e as
formas de acesso ao Rio. Nesta política se inclui a fiscalização rigorosa do transporte dito
“alternativo” usualmente explorado por grupos criminosos, seja de forma direta ou mediante
extorsão; Criação de um Forum Permanente de Segurança Pública para a Zona Oeste;
Ampliação dos efetivos das Polícias Militar e Civil e da Guarda Municipal nas unidades da
Zona Oeste; Gestões junto à ANP e ao Sindigás, ao Detro e às operadoras de TV por
assinatura para coibirem a exploração ilegal, respectivamente, da distribuição de botijões de
gás, do transporte alternativo e do chamado “gatonet”.

9.4. Educação

1. As discussões em torno das propostas de educação tiveram início com a constatação de que
havia a necessidade de recolher informações e definir ações visando ao planejamento de
médio e de longo prazos.

Propostas: Levantamento de terrenos disponíveis para a construção de escolas; definição de


indicadores de capacitação e aplicação destes indicadores aos dados disponíveis; mapeamento
das cadeias produtivas existentes na região visando à proposição de novos cursos de
capacitação técnica e profissionalizante; avaliação da ampliação da oferta de cursos em
capacitações com expressiva demanda de empresas (como, por exemplo, segurança do
trabalho).

2. Além disso, foi mencionado que as ações de capacitação necessitavam contemplar todos os
níveis de educação, uma vez que a má qualidade da educação básica tinha implicações
danosas ao desempenho da mão de obra. Foram mencionadas ações da TK-CSA em parceria
31

com o SENAI (projetos Transformar e Articular) que incluíam, além da capacitação técnica e
profissional, o reforço da escolaridade dos participantes.

Proposta: Identificar ações integradas de fomento à qualidade da educação que possam ser
desenvolvidas na região.

3. Foi também observado que as ações de capacitação deveriam se dirigir não apenas aos
trabalhadores como também aos empresários, visto que a maior parte dos micro e pequenos
empresários têm baixa escolaridade e consequentemente problemas de gestão.

Proposta: Política de certificação de saberes industriais e de treinamento e capacitação dos


micro e pequenos empresários.

4. O fomento ao empreendedorismo também se coloca como ação importante na medida em


que permite desenvolver novas empresas na região. A UEZO tem um projeto de criação de
incubadora que pode ser um passo importante nesta direção. Outra questão colocada pelo
grupo foi a necessidade de incentivo aos cursos de pós-graduação na região, em particular
aqueles que gerem conhecimento que possa ser aproveitado pelas empresas.

Proposta: Definir ações de criação de novas empresas que integrem o conhecimento gerado
nas instituições de ensino superior às necessidades locais.

5. Foi consenso entre os participantes do grupo que o processo de capacitação exige uma
articulação entre instituições e empresas. Além disso, há que se conciliar a oferta de cursos de
ensino médio com a demanda. Uma dificuldade apontada é que há uma demanda reprimida
por ensino médio diurno, mas a maioria das novas vagas que vem sendo ofertada pelo
governo do Estado é de cursos noturnos.

Propostas: Implementação de um programa de estágios nas empresas da região; constituição


de um fórum de educação envolvendo representantes das instituições de ensino técnico,
profissional e superior, das empresas e do poder público.

Finalmente, a duplicidade de ações deve ser evitada; portanto, o grupo chegou à conclusão
que o primeiro passo mais importante para começar a desenvolver as ações seria a
constituição de um fórum de educação, ligado ao conselho de desenvolvimento da região,
que envolvesse todas as partes interessadas no assunto. O diálogo deste fórum com regiões do
entorno que dispõem de iniciativas de capacitação de mão de obra, como por exemplo Itaguaí,
é fundamental.

9.5. Governança

Nos depoimentos dos participantes do grupo “Governança”, com relação à pauta elaborada
pela coordenação, foram levantadas as seguintes questões:

1. Há consenso de que a importância econômica, social e política da Zona Oeste do Rio de


Janeiro não coincide com sua capacidade de mobilização. Predominam ainda na região
práticas fisiologistas (e clientelistas) que neutralizam as iniciativas de organização das forças
locais. Por outro lado, apesar de ter em conta as oportunidades abertas pela histórica
circunstância do alinhamento político entre a nova gestão municipal e o governo do Estado,
32

há a percepção de que muito pouco pode ser esperado das instituições publicas – como, aliás,
tem sido a tradição.

2. Contudo, há também o reconhecimento de que, pela natureza e envergadura dos


investimentos que estão sendo realizados, bem como pelos desafios colocados à região em
termos de logística, inovação, qualificação de mão-de-obra e emprego, entre outros, a
participação do Estado – e das instituições públicas de um modo geral – resulta indispensável.
O problema que se coloca, portanto, é o de saber como se canaliza essa participação, e em
quais termos.

3. Nesse sentido, pondera-se que a elaboração de uma agenda de problemas regionais é um


elemento estratégico. A questão seria como elaborar essa agenda para que atenda
efetivamente às demandas locais.

4. A constituição de alguma forma de representação empresarial local (Conselho, Câmara de


Desenvolvimento, Agencia de Desenvolvimento) é considerada necessária. Dessa maneira, o
diálogo sobre o desenvolvimento local poderia se tornar mais produtivo, desde que mais
próximo do conjunto dos problemas locais (principalmente sociais, ambientais e de
segurança).

5. Com relação às grandes empresas da região, principalmente a CSA, em processo de


implantação, constata-se que a Zona Oeste não está preparada para receber esse tipo de
empreendimento, sobretudo no que diz respeito à qualificação da mão-de-obra. Porém, a
preocupação diz respeito também aos problemas sociais das “comunidades do entorno”.

6. A velocidade com que os investimentos estão acontecendo é um fator que torna ainda mais
premente a necessidade de se organizar para atender os problemas regionais. Estima-se que
logo outras empresas de grande porte venham se instalar na Zona Oeste.

7. Para as grandes empresas, uma “aliança” empresarial regional reforçaria a capacidade de


ação dos atores locais frente ao Estado, além de facilitar o desenvolvimento de projetos
sociais de forma coordenada.

8. Deveria ser também considerada a possibilidade de que as grandes empresas invistam


diretamente na rede privada de ensino da região, no caso dos cursos de qualificação, e de que
seja desenvolvida uma ampla rede de fornecedores. Nesse sentido, um conhecimento mais
aprofundado das cadeias produtivas dos grandes empreendimentos torna-se imprescindível.

9. O diagnóstico realizado pelo Instituto de Economia da UFRJ, representa, na visão dos


participantes do grupo, um significativo aporte ao processo de articulação e mobilização das
lideranças locais da Zona Oeste. Espera-se, entretanto, que ele possa ter desdobramentos e
continuidade. Esse último aspecto, em particular, é enxergado como um dos mais críticos,
tendo em conta o histórico de iniciativas de mobilização que não conseguiram ganhar fôlego –
em parte explicado pela excessiva dependência (dessas iniciativas) dos governos de turno.

10. Como suporte para a definição de uma agenda e o desenho de estratégias, é necessário
gerar massa crítica na região. Nesse sentido, acreditamos ser importante uma articulação da
governança com a Faperj, a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia e universidades e
centros de pesquisa.
33

11. Houve também o reconhecimento de elementos culturais a serem mobilizados em prol do


desenvolvimento regional, tais como a tradição industrial de Bangu e sua disseminação
posterior através da construção da Avenida Brasil.

12. Por outro lado, os PEUs foram assinalados como iniciativas públicas que mereceriam ser
recuperadas. No caso de Bangu e Campo Grande, eles já existem, mas nas outras áreas ainda
deveriam ser desenvolvidos.

13. Por último, foi levantada a questão do Uso do Solo, que resta ainda como um elemento
bastante crítico para a instalação de grandes empreendimentos na Zona Oeste.

Proposta: Constituição de um grupo de trabalho composto principalmente por lideranças


locais (empresariais) que teria como tarefa o desenho de uma estratégia de mobilização
através da criação de um Conselho de Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

10. Agenda de ações

10.1. Desenvolvimento Econômico, Pólo Metal-Mecânico e Comércio Exterior

Foco principal: Adensar a cadeia produtiva de metal mecânica

Ações Prioritárias:
• Facilitar a formalização e legalização da micro-empresa através da criação de
centros de serviços que envolvam informações sobre: legalização de empresas
(semana legal); informação sobre financiamentos; informações sobre serviços
prestados por outras instituições (capacitação empresarial);
• Atualizar e simplificar o Código de Zoneamento da Zona Oeste com possível
criação de áreas especiais para abrigar novas empresas (distrito industrial de
Bangu);
• Avaliação de políticas (Incentivos Fiscais, Fomento, Instrumentos de Indução do
Desenvolvimento) para o desenvolvimento local que possam ser implementadas na
região;
• Discutir como integrar o Centro Tecnológico do Exército ao Pólo Metal Mecânico;
• Avaliar as condições requeridas pelas grandes empresas para que as empresas da
região se tornem fornecedoras;
• Criar um Centro de Inovação Empresarial de Metal Mecânica na Zona Oeste
• Dar visibilidade à oferta (bens e serviços) das pequenas e médias empresas
estabelecidas na região;
• Integrar-se ao portal de fornecedores da indústria de petróleo e gás
(Promimp/Abimaq/MME);
• Criar programas de capacitação na área de Qualidade/Conformidade/Prazo de
entrega, muitas vezes mais importante que preço.

SÍNTESE: Estratégia clara de desenvolvimento de capacitação empresarial e inteligência


estratégica para a realização de negócios
34

10.2. Logística e Desenvolvimento

Foco principal: Propor uma política integrada de intervenções de logística na região

Ações Prioritárias:

• Transporte ferroviário (de massas e cargas) deve ser considerado prioritário


• Necessidade de modernizar e recuperar a malha ferroviária.
• Necessidade de integração dos modais de transporte (ferroviário; rodoviário;
hidroviário e aeroviário).
• Deve ser realizado um plano de logística de cargas – plataformas de distribuição
intermodais
• Integração do porto de Itaguaí por plano logístico à região
• Integração do arco metropolitano à região
• Necessidade de desenvolvimento de uma política de integração dos portos do Rio de
Janeiro
• Necessidade de intervenções na malha viária dos bairros a exemplo do plano para
Campo Grande desenvolvido em conjunto por ACIG e CET-Rio
• Pensar a Av. Brasil como local de centrais logística consorciadas
• Utilizar galpões vazios na região para instalação de micro e pequenas empresas
• Articular planos com município e ERJ a exemplo da P3 (incentivos fiscais)

SÍNTESE: Desenvolvimento de ações na área de logística passa por ações integradas de


utilização da infra-estrutura e de melhoria das condições de acesso à região

10.3. Segurança Pública, Ocupação e Uso do Solo

Foco principal: propor ações de melhoria das condições de segurança e de uso do solo.

Ações Prioritárias:

• Criação de Grupo Executivo de análise do licenciamento de projetos de natureza


residencial, comercial e industrial na Zona Oeste.

• Revisão do Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro e Utilização dos


Instrumentos Previstos no Estatuto da Cidade para a Obtenção de Recursos de
Financiamento da Infra-Estrutura Local

• Definição de uma política de transporte integrada que leve em consideração as


necessidades de cargas e de passageiros, as necessidades internas a cada bairro e RA e
as necessidades de integração da Zona Oeste com a cidade, a estrutura portuária e
aeroviária e as formas de acesso ao Rio. Nesta política se inclui a fiscalização rigorosa
do transporte dito “alternativo” usualmente explorado por grupos criminosos, seja de
35

forma direta ou mediante extorsão.

• Revisão de parâmetros de uso e ocupação do solo. Sugere-se a localização de


indústrias de micro e pequeno porte, com adensamento limitado pelas restrições
associadas à fragilidade do meio ambiente, mas que, por outro lado, não ignore o
processo desordenado de adensamento em andamento.

• Estabelecimento efetivo de uma política habitacional para os segmentos de baixa


renda e regularização dos espaços e construções já habitados em comunidades
populares da região, reduzindo a ampla margem de ilegalidade que favorece o controle
territorial armado dessas áreas, seja pelo tráfico seja pelas milícias.

• Criação de um Forum Permanente de Segurança Pública para a Zona Oeste.

• Ampliação dos efetivos das Polícias Militar e Civil e da Guarda Municipal nas
unidades da Zona Oeste.

• Gestões junto à ANP e ao Sindigás, ao Detro e às operadoras de TV por assinatura


para coibirem a exploração ilegal, respectivamente, da distribuição de botijões de
gás, do transporte alternativo e do chamado “gatonet”.

SÍNTESE: Estratégia integrada de habitação, transportes e segurança é fundamental para a


promoção do desenvolvimento.

10.4. Educação

Foco principal: propor uma estratégia de educação integrada visando ao desenvolvimento da


região.

Ações Prioritárias:
• Realizar um mapeamento das cadeias produtivas da região (incluindo cadeias de
fornecedores) e das competências necessárias para o trabalho nestas cadeias
• Desenvolver um planejamento estratégico na área de educação, que contemple todos
os níveis de educação (básico, médio, técnico, superior) e integrado com demais áreas
do projeto (desenvolvimento econômico, acessibilidade/logística, segurança, uso do
solo, governança)
• Promover o aumento da escolaridade
• Fomento às atividades culturais
• Fomento ao empreendedorismo
• Promover iniciativas educacionais visando conscientização da cidadania e da
responsabilidade social e ambiental
• Organizar um Fórum Regional de Educação ligado a Conselho de Desenvolvimento
SÍNTESE: O desenvolvimento dos indivíduos da região em todos os aspectos deve ser
promovido através de um diálogo permanente entre instituições de ensino, empresas,
instituições de governo e sociedade civil.
36

10.5. Governança

Foco principal: promover ações visando à articulação da governança da região

Ações Prioritárias
• Criação de um Conselho de Desenvolvimento com comitê organizador composto por:
ACERB (Associação Comercial e Empresarial da Região de Bangu), ACICG
(Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), ACIRA (Associação
Comercial e Industrial de Realengo e Adjacências), AEDIN (Associação das Empresas
do Distrito Industrial de Santa Cruz), ADEDI (Associação das Empresas do Distrito
Industrial de Campo Grande), Peri Cozer, Moacyr Bastos

• O Conselho tem como tarefas principais:

9 Contribuir na discussão do Plano Diretor e do Plano de Estruturação Urbana e


estratégia de ocupação da região
9 Promover a cultura e a auto-estima
9 Promover ações de integração entre economia, desenvolvimento de infra-estrutura
e políticas sociais
9 Fomentar a integração entre grandes empresas, MPEs e sociedade civil
SÍNTESE: As empresas necessitam se envolver na promoção de ações visando ao
desenvolvimento da região, mantendo um diálogo constante com o setor público e a sociedade
civil
37

Equipe de Pesquisa

Coordenação

Renata Lèbre La Rovere (professora, IE/UFRJ e pesquisadora do INCT Políticas Públicas, Estratégias
e Desenvolvimento do CNPq)

Diagnóstico da Região

Lia Hasenclever (professora, IE/UFRJ)

Rodrigo Lopes (assistente de pesquisa, IE/UFRJ)

Vitor Pimentel e Luiza Lins (bolsistas, IE/UFRJ)

Questionários

Thiago Rodrigues Cabral, Aline Godoy e Raphael Rolim - Ayra Consultoria (Empresa Junior da
UFRJ)

Estudos Qualitativos

Educação

Márcia Pimentel, Márcia Farinazo e Risomar Guedes (FAETEC)

Pólo metal-mecânico

Eduardo Cunha (Núcleo Inox) com a colaboração de Mario Cordeiro (FALMEC)

Comércio Exterior:

João Bosco Machado (professor, IE/UFRJ)

Camila Monteiro (estagiária, IE/UFRJ)

Logística e Infra-Estrutura

Luiz Martins de Melo (professor, IE/UFRJ)

Vinicius Dominato (estagiário, IE/UFRJ)

Ocupação e Uso do Solo

Nelson Chalfun (professor, IE/UFRJ)

Governança

Giuseppe Cocco (professor, ESS/UFRJ)

Gerardo Silva (pesquisador, LABTEC/UFRJ)

Segurança Pública

Leonarda Musumeci (professora, IE/UFRJ)

Agenda de Desenvolvimento

Mauro Osório da Silva (professor, FND/UFRJ)

Fernando Scofano (estagiário, IE/UFRJ)


38

Referências bibliográficas

BARROS, F. R. Economia Industrial do Novo Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro:


APEC; IDEG, 1975.

CHALFUN, N. Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu


Entorno: diagnóstico sobre o uso e a ocupação do solo. Rio de Janeiro: IE/UFRJ, 2009
(Relatório de Pesquisa).

CHALFUN, N. “Tipologia de Distritos Industriais. O Caso da Cidade Industrial de


Curitiba”. Archétypon. Ano 6, nº 18. pp. 89-94. set-dez (1998).

COCCO, G. Trabalho e Cidadania. Produção e direitos na era da globalização. São Paulo:


Cortez, 2000.

CUNHA, E. H. Encadeamento da cadeia do aço inox no Rio de Janeiro: perspectivas e


possibilidades da Zona Oeste. São Paulo: IE/UFRJ, 2009 (Relatório de Pesquisa).

FAURÉ Y.-A. HASENCLEVER L. (org.), O Desenvolvimento Local no Estado do Rio de


Janeiro. Estudos Avançados nas Realidades Municipais, Rio de Janeiro, Editora E-Papers,
2005.

HASENCLEVER, L.; LOPES, R. Análise dos dados da PIM-PF, 1996-2008. O município do


Rio de Janeiro ainda mergulhado em resultados medíocres. Relatório de Pesquisa. Rio de
Janeiro: IE/UFRJ e IUPERJ, 2009.

HASENCLEVER, L. et. al. Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de


Janeiro e de seu Entorno: diagnóstico sócio-econômico do local. Rio de Janeiro: IE/UFRJ,
2009 (Relatório de Pesquisa).

LESSA, C. O Rio de todos os Brasis. [Uma reflexão em busca de auto-estima]. Rio de


Janeiro: Record, 2001.

MACHADO, J. B. M. A Zona Oeste e o Comércio Internacional. Relatório para o Projeto


Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno. Rio de
Janeiro: IE/UFRJ, 2009 (Relatório de Pesquisa).

MACHADO, M. P. et. al. Contribuições da Educação Profissional para o Desenvolvimento


da Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro: subsídios para fundamentar novas propostas
em consonância com o contexto econômico da região. Rio de Janeiro: IE/UFRJ, 2009
(Relatório de Pesquisa).

MELO, L. M. Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu


Entorno: trabalho sobre logística, políticas industriais e de apoio. Rio de Janeiro: IE/UFRJ,
2009 (Relatório de Pesquisa).

MOTTA VEIGA, P.; MACHADO, J.B.; CARVALHO, M. Estudo do Universo Exportador


Brasileiro. Brasília: MICT, 1998.
39

OSORIO, M. Rio Nacional, Rio Local: mitos e visões da crise carioca e fluminense. Rio de
Janeiro: Ed. Senac Rio, 2005.

PEREZ, M. D. Lacerda na Guanabara: a reconstrução do Rio de Janeiro nos anos 60. Rio de
Janeiro: Odisséia Editorial, 2007.

SILVA, G.; COCCO, G.; Questões de Governança: Alternativas para Criar uma Câmara de
Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IE/UFRJ, 2009 (Relatório
de Pesquisa).

ZONA Oeste: contrastes e desafios. Suce$$o Comercial & Empresarial, Rio de Janeiro, ano
2, n. 11, p. 18-20, set./out. 2008.
40

TABELA 1
Participação das Capitais Unidades Federativas no Produto Interno Bruto Nacional a Custo de
Fatores e Variação Percentual da participação entre 1970 e 2006

Part.% Part.% Var.%


Capitais
1970 2006 70-06
Aracaju 0,22 0,21 -3,5
Belém 0,67 0,51 -23,2
Belo Horizonte 2,09 1,34 -36,2
Boa Vista 0,03 0,12 260,1
Brasília 1,26 3,94 211,2
Campo Grande 0,19 0,31 63,6
Cuiabá 0,10 0,29 200,1
Curitiba 1,36 1,29 -4,7
Florianópolis 0,21 0,27 29,1
Fortaleza 0,83 0,93 11,8
Goiânia 0,44 0,65 47,0
João Pessoa 0,19 0,25 30,3
Macapá 0,11 0,15 40,1
Maceió 0,29 0,29 3,0
Manaus 0,50 1,28 155,0
Natal 0,24 0,31 27,2
Palmas - 0,08 -
Porto Alegre 2,46 1,20 -51,4
Porto Velho 0,09 0,15 59,7
Recife 1,50 0,73 -51,4
Rio Branco 0,07 0,11 56,7
Rio de Janeiro 12,84 4,82 -62,5
Salvador 1,45 0,96 -33,9
São Luís 0,24 0,46 86,8
São Paulo 21,23 11,58 -45,4
Teresina 0,13 0,25 91,9
Vitória 0,44 0,53 19,8
Brasil 100,00 100,00 -

Fonte: IBGE, Produto Interno Bruto dos Municípios 2003-2006 e IPEAData (acesso em 7 de janeiro
de 2008).

Observação: para o ano de 2006, somatório dos Valores Adicionados dos setores agropecuário,
industrial e de serviços.
41

TABELA 2
Participação das Unidades Federativas no Produto Interno Bruto Nacional a Custo de Fatores e
Variação Percentual da participação entre 1970 e 2006

Part.% Part.% Var.%


Unidades
Federativas 1970 2006 70-06

Acre 0,13 0,22 65,9


Alagoas 0,68 0,69 2,0
Amapá 0,11 0,24 118,8
Amazonas 0,69 1,62 134,9
Bahia 3,80 4,06 6,8
Ceará 1,44 2,00 38,6
Distrito Federal 1,26 3,94 212,3
Espírito Santo 1,18 2,10 77,6
Goiás 1,52 2,47 62,8
Maranhão 0,82 1,26 54,1
Mato Grosso 1,09 1,52 39,7
Mato Grosso do Sul - 1,02 -
Minas Gerais 8,28 9,22 11,4
Pará 1,10 1,96 78,0
Paraíba 0,71 0,88 23,7
Paraná 5,43 5,88 8,2
Pernambuco 2,91 2,34 -19,5
Piauí 0,37 0,56 51,3
Rio de Janeiro 16,67 11,49 -31,1
Rio Grande do Norte 0,54 0,89 64,2
Rio Grande do Sul 8,60 6,67 -22,5
Rondônia 0,10 0,57 467,6
Roraima 0,03 0,17 454,0
Santa Catarina 2,68 4,01 49,6
São Paulo 39,43 33,15 -15,9
Sergipe 0,43 0,66 54,2
Tocantins - 0,43 -

Brasil 100,00 100,00 -

Fonte: IBGE, Contas Regionais do Brasil, e IPEAData.

Observação: para o ano de 2006, somatório dos Valores Adicionados Brutos dos setores
agropecuário, industrial e de serviços.
42

TABELA 3
Variação porcentual do total de empregos formais segundo Setores do IBGE
por Grandes Regiões e Unidades Federativas entre 1985 e 2007

Agropecu- Ind. Ext. Ind. de Serv. Ind. Constru- Admin.


Unidade Territorial Comércio Serviços Total
ária Mineral Transf. Util. Púb. ção Civil Pública

Região Norte 787,1 -14,8 126,7 59,9 131,0 331,1 153,9 202,8 184,4

Rondonia 3.161,2 -80,1 436,0 25,3 25,7 478,7 197,0 141,0 200,3

Acre 1.829,4 1.833,3 221,5 9,0 305,4 534,3 162,3 108,3 166,3

Amazonas 199,9 -60,3 91,5 30,5 152,1 200,4 174,8 175,6 143,0

Roraima 1.860,0 - 474,8 146,1 1.481,1 475,1 281,8 89,8 210,5

Para 518,5 33,7 103,7 36,8 68,6 250,7 86,9 166,0 137,3

Amapa 9.533,3 -10,2 32,6 80,6 264,0 759,7 624,5 260,4 302,5

Tocantins - - - - - - - - -

Região Nordeste 342,0 69,7 72,2 10,6 67,2 188,5 114,4 102,3 109,5

Maranhao 723,2 -53,7 104,4 32,3 21,7 317,8 140,1 150,7 147,5

Piaui 511,3 73,3 139,0 -5,2 27,6 254,1 141,9 110,4 128,3

Ceara 186,7 83,9 142,0 -4,1 113,1 164,0 147,2 84,6 120,7

Rio Grande do Norte 495,0 164,9 96,9 60,6 188,7 344,2 181,7 108,7 149,6

Paraiba 941,9 107,4 107,1 70,1 63,9 234,8 112,6 77,8 104,1

Pernambuco 209,0 61,7 6,0 1,9 42,6 151,7 92,5 87,8 74,2

Alagoas 72,6 96,4 121,6 47,3 42,4 183,1 41,2 104,1 92,5

Sergipe 551,2 984,6 52,4 38,3 89,7 182,9 209,6 90,3 128,8

Bahia 572,1 27,6 79,9 -14,2 76,8 165,0 101,6 120,5 114,5

Região Sudeste 248,5 26,2 8,3 28,0 83,3 144,2 86,5 74,5 68,6

Minas Gerais 403,7 11,3 84,5 36,7 95,5 202,8 95,5 140,1 119,8

Espirito Santo 506,2 -2,4 84,0 73,8 167,4 264,2 147,9 96,6 137,3

Rio de Janeiro 161,6 101,6 -27,5 -1,1 50,4 81,7 52,3 40,1 37,1

Sao Paulo 186,5 5,5 2,1 43,5 85,7 149,4 98,0 68,2 64,0

Região Sul 248,2 -34,0 76,7 29,7 108,3 137,5 101,9 42,1 88,2

Parana 250,5 -0,8 148,7 46,8 25,6 162,5 100,9 85,8 116,1

Santa Catarina 233,0 -54,7 98,9 35,5 398,5 248,1 153,5 73,0 128,4

Rio Grande do Sul 254,7 -13,4 30,3 13,0 151,5 79,5 82,1 0,6 50,6

Região Centro-Oeste 849,3 46,9 309,3 7,0 127,2 252,2 132,4 101,0 157,1

Mato Grosso do Sul 804,3 90,1 277,7 -10,9 150,6 193,0 120,9 120,1 169,9

Mato Grosso 900,3 30,6 494,3 7,0 193,7 440,6 165,1 289,2 303,7

Goias 1.051,6 39,8 313,3 10,7 59,1 227,3 143,5 111,5 166,4

Distrito Federal 202,1 179,4 129,4 10,9 221,0 227,4 118,9 61,4 100,5

BRASIL 314,4 18,6 35,8 24,5 88,4 160,8 97,3 86,4 83,5

Fonte: RAIS/MTE.
43

TABELA 4
Variação porcentual do total de empregos formais segundo Setores do IBGE
por Capitais das Unidades Federativas entre 1985 e 2007

Agropecu- Ind. Ext. Ind. de Serv. Ind. Constru- Admin.


Unidade Territorial Comércio Serviços Total
ária Mineral Transf. Util. Púb. ção Civil Pública

Região Norte 193,7 -94,6 63,8 36,3 101,5 206,9 144,7 108,4 113,4

Porto Velho 1.579,3 -98,1 220,2 7,2 -27,7 303,0 208,7 62,7 89,0

Rio Branco 1.373,5 1.277,8 182,7 47,4 258,0 451,9 154,2 79,9 133,9

Manaus 61,7 -98,2 93,1 14,7 143,5 190,9 177,1 120,8 125,5

Boa Vista 1.150,9 - 403,8 146,1 1.448,6 452,9 287,4 56,0 183,1

Belém 65,4 -92,4 -26,8 -10,5 25,2 109,1 69,0 47,7 48,8

Macapá 2.580,0 -98,0 -17,1 70,3 142,2 645,8 526,6 193,3 223,8

Palmas - - - - - - - - -

Região Nordeste 9,0 156,8 26,5 -6,4 37,9 128,5 87,4 22,1 54,0

São Luis -48,8 -3,7 55,2 -14,7 34,3 232,6 126,2 28,7 68,9

Teresina 275,4 -75,8 127,9 -12,1 13,5 215,1 163,9 42,1 88,1

Fortaleza -43,9 -42,1 25,0 -29,5 71,7 118,6 124,3 10,4 58,4

Natal 259,6 3.306,5 77,3 25,2 133,6 268,3 180,5 38,4 97,1

João Pessoa 220,7 -79,7 79,9 153,4 73,2 243,3 145,8 29,9 71,6

Recife 73,0 762,2 -7,6 -7,1 21,1 76,7 39,0 19,5 30,9

Maceió 26,3 -34,1 66,4 38,0 18,1 172,3 36,2 39,1 50,6

Aracaju 64,7 1.383,6 -15,6 17,6 52,2 153,1 234,6 4,2 81,6

Salvador -17,1 296,0 6,8 -35,0 18,7 86,0 59,9 14,5 37,7

Região Sudeste 35,5 -31,9 -39,4 -8,4 19,6 77,0 60,6 34,2 30,1

Belo Horizonte 148,0 -43,0 21,5 28,8 22,4 105,0 85,9 73,7 68,9

Vitória 157,6 -71,7 63,3 55,8 43,3 89,4 89,0 42,4 55,0

Rio de Janeiro -45,9 49,0 -48,5 -22,4 2,8 42,8 28,2 13,4 11,4

São Paulo 26,7 -44,4 -41,0 -15,1 25,6 92,7 77,8 35,7 31,7

Região Sul -32,2 -35,6 12,0 17,2 14,2 81,0 88,1 -5,0 41,5

Curitiba 54,3 2,0 34,3 35,9 -8,9 137,0 98,0 53,7 72,1

Florianópolis -84,8 -40,7 145,3 -15,4 95,9 217,8 108,4 10,9 52,8

Porto Alegre -18,7 -48,3 -18,8 9,8 42,4 24,3 76,9 -47,6 15,3

Região Centro-Oeste 198,5 -6,3 156,4 -12,9 100,8 201,6 116,5 66,7 100,2

Campo Grande 583,3 -50,9 208,1 -33,5 138,7 183,0 152,2 68,0 116,7

Cuiabá 97,3 -12,1 312,1 -32,8 92,2 234,6 124,7 173,2 146,5

Goiânia 83,6 -55,0 139,2 -17,0 17,8 166,2 94,7 45,9 78,0

Brasília 202,1 179,4 129,4 10,9 221,0 227,4 118,9 61,4 100,5

Total das capitais 53,1 -34,3 -19,3 -2,7 33,4 102,4 75,7 35,4 40,1

BRASIL 314,4 18,6 35,8 24,5 88,4 160,8 97,3 86,4 83,5

Fonte: RAIS/MTE (1985 e 2007).


44

TABELA 5
Total e variação do número de empregos segundo setores na Zona Oeste e no município do Rio de Janeiro entre 1998 e 2006

Setor Zona Oeste Município do Rio de Janeiro

1998 2006 Var. % 1998 2006 Var. %

Indústria extrativa e de transformação 17.708 19.838 12,0 169.096 166.616 -1,5

Extrativa mineral 213 88 -58,7 2.058 13.318 547,1

Ind. Da borracha, fumo, couro, peles, similares, ind. Diversas 3.706 1.462 -60,6 13.429 11.346 -15,5

Ind. Química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria… 2.368 2.829 19,5 32.374 24.444 -24,5

Ind. Da madeira e do mobiliário 423 512 21,0 4.214 2.742 -34,9

Ind. De calçados 33 1 -97,0 410 571 39,3

Ind. De produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 4.308 5.334 23,8 29.226 34.796 19,1

Ind. De produtos minerais não metálicos 767 910 18,6 5.697 4.744 -16,7

Ind. Do material de transporte 284 566 99,3 3.323 6.719 102,2

Ind. Do material elétrico e de comunicações 236 54 -77,1 8.142 4.338 -46,7

Ind. Do papel, papelão, editorial e gráfica 2.362 2.518 6,6 24.944 20.121 -19,3

Ind. Mecânica 751 995 32,5 8.794 10.694 21,6

Ind. Metalúrgica 1.476 3.452 133,9 14.308 12.530 -12,4

Ind. Têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 781 1.117 43,0 22.177 20.253 -8,7

Serviços Industriais de Utilidade Pública 1.139 314 -72,4 35.250 31.425 -10,9

Construção Civil 3.759 2.391 -36,4 70.325 72.978 3,8

Comércio 24.676 36.507 47,9 258.295 326.497 26,4


45

Comércio atacadista 1.770 3.710 109,6 45.167 58.103 28,6

Comércio varejista 22.906 32.797 43,2 213.128 268.394 25,9

Serviços 40.251 54.404 35,2 1.222.204 1.362.737 11,5

Administração pública direta e autárquica 6.489 2.426 -62,6 405.904 420.553 3,6

Com. E administração de imóveis, valores mobiliários, serv. Técnico… 4.311 6.848 58,8 232.165 316.120 36,2

Ensino 7.101 11.520 62,2 79.315 97.165 22,5

Instituições de crédito, seguros e capitalização 1.214 1.573 29,6 65.391 58.652 -10,3

Serv. De alojamento, alimentação, reparação, manutenção, redação… 7.885 13.303 68,7 217.556 254.129 16,8

Serviços médicos, odontológicos e veterinários 4.914 6.119 24,5 80.192 80.573 0,5

Transportes e comunicações 8.337 12.615 51,3 141.681 135.545 -4,3

Agricultura, silvicultura, criação de animais, extrat. Vegetal… 152 107 -29,6 1.768 1.761 -0,4

Total 87.685 113.561 29,5 1.757.366 1.962.014 11,6

Fonte: RAIS/MTE.
46

TABELA 6
Total e variação do número de empregos segundo setores em São Paulo e Belo Horizonte entre 1998 e 2006

Setor São Paulo Belo Horizonte

1998 2006 Var. % 1998 2006 Var. %

Indústria extrativa e de transformação 492.331 528.559 7,4 58.850 70.663 20,1

Serviços Industriais de Utilidade Pública 40.516 29.437 -27,3 17.814 24.652 38,4

Construção Civil 159.734 161.315 1,0 72.773 97.705 34,3

Comércio 463.966 676.352 45,8 101.906 151.030 48,2

Serviços e Administração Pública 1.997.080 2.505.804 25,5 666.493 727.552 9,2

Agricultura, silvicultura, criação de animais, extrat. Vegetal… 2.862 3.634 27,0 3.553 7.642 115,1

Ignorado 242 0 -100,0 130 0 -100,0

Total 3.156.731 3.905.101 23,7 921.519 1.079.244 17,1

Fonte: RAIS/MTE.
47

TABELA 7
População e variação percentual entre 1991, 2000 e 2008 no Brasil, municípios de Belo
Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro e nas áreas de planejamento e bairros da AP5

Unidade População Variação %

Territorial 1991 2000 2008 91-00 00-08 91-08

Brasil 146.825.475 169.799.170 191.869.683 15,6 13,0 30,7

Belo Horizonte 2.020.161 2.238.526 2.434.642 10,8 8,8 20,5

São Paulo 9.646.185 10.434.252 10.990.249 8,2 5,3 13,9

Rio de Janeiro 5.480.768 5.857.904 5.943.087 6,9 1,5 8,4

AP1 306.867 268.280 217.711 -12,6 -18,8 -29,1

AP2 1.033.595 997.478 896.904 -3,5 -10,1 -13,2

AP3 2.321.828 2.353.590 2.221.658 1,4 -5,6 -4,3

AP4 526.302 682.051 846.949 29,6 24,2 60,9

AP5 1.292.176 1.556.505 1.759.864 20,5 13,1 36,2

XVll RA Bangu 371.172 420.503 442.145 13,3 5,1 19,1

XVlll RA Campo Grande 380.942 484.362 571.075 27,1 17,9 49,9

XlX RA Santa Cruz 254.500 311.289 353.465 22,3 13,5 38,9

XXVl RA Guaratiba 60.774 101.205 157.145 66,5 55,3 158,6

XXXlll RA Realengo 224.788 239.146 236.033 6,4 -1,3 5,0

AP5 exclusive Guaratiba 1.231.402 1.455.300 1.602.719 18,2 10,1 30,2

Fonte: IBGE e IPP.


Observação: as estimativas de 2008 para a cidade do Rio de Janeiro e suas áreas de
planejamento e bairros foram obtidas no IPP através da planilha Tabela 697 - Projeção da
população, segundo as Regiões Administrativas - Hipótese 2 - 2001-2020.
48

TABELA 8
Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia nos bairros
selecionados, 2006

Campo Santa Total MRJ Participação


Bangu Grande Realengo Cruz Total (1) (2) % (1) / (2)
Indústria Extrativa e de Transformação 164 230 121 112 627 6.744 9,3
Indústria de produtos minerais nao metálicos 10 22 1 11 44 236 18,6
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 42 56 30 35 163 1.097 14,9
Indústria da madeira e do mobiliário 8 14 5 7 34 254 13,4
Indústria metalúrgica 26 30 23 10 89 708 12,6
Indústria de calçados 1 2 0 0 3 33 9,1
Extrativa mineral 3 5 0 1 9 106 8,5
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 16 22 8 17 63 754 8,4
Indústria do material de transporte 0 3 4 4 11 133 8,3
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 17 37 22 8 84 1.110 7,6
Indústria mecânica 8 10 7 5 30 409 7,3
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 11 7 10 5 33 599 5,5
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 3 3 3 0 9 176 5,1
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 19 19 8 9 55 1.129 4,9
Serviços industriais de utilidade pública 3 6 1 5 15 168 8,9
Construçao civil 50 82 19 50 201 2.745 7,3
Comércio 1.056 1.857 572 617 4.102 37.173 11,0
Comércio varejista 954 1.726 514 598 3.792 32.267 11,8
Comércio atacadista 102 131 58 19 310 4.906 6,3
Serviços 1.022 1.419 465 464 3.370 68.567 4,9
Ensino 133 193 80 98 504 3.110 16,2
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 184 294 46 80 604 8.675 7,0
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 357 479 202 149 1.187 17.556 6,8
Transportes e comunicaçoes 78 82 18 43 221 4.088 5,4
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 26 52 18 15 111 2.605 4,3
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 244 318 99 78 739 32.230 2,3
Administraçao pública direta e autárquica 0 1 2 1 4 303 1,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 3 18 1 15 37 333 11,1
Total 2.298 3.612 1.179 1.263 8.352 115.730 7,2
%
Campo Santa Total MRJ
Bangu Grande Realengo Cruz Total (%) (%)
Indústria Extrativa e de Transformação 7,1 6,4 10,3 8,9 7,5 5,8
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 1,8 1,6 2,5 2,8 2,0 0,9
Indústria metalúrgica 1,1 0,8 2,0 0,8 1,1 0,6
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,7 1,0 1,9 0,6 1,0 1,0
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 0,7 0,6 0,7 1,3 0,8 0,7
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 0,8 0,5 0,7 0,7 0,7 1,0
Indústria de produtos minerais nao metálicos 0,4 0,6 0,1 0,9 0,5 0,2
Indústria da madeira e do mobiliário 0,3 0,4 0,4 0,6 0,4 0,2
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,5 0,2 0,8 0,4 0,4 0,5
Indústria mecânica 0,3 0,3 0,6 0,4 0,4 0,4
Indústria do material de transporte 0,0 0,1 0,3 0,3 0,1 0,1
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0,1 0,1 0,3 0,0 0,1 0,2
Extrativa mineral 0,1 0,1 0,0 0,1 0,1 0,1
Indústria de calçados 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 0,1 0,2 0,1 0,4 0,2 0,1
Construçao civil 2,2 2,3 1,6 4,0 2,4 2,4
Comércio 46,0 51,4 48,5 48,9 49,1 32,1
Comércio varejista 41,5 47,8 43,6 47,3 45,4 27,9
Comércio atacadista 4,4 3,6 4,9 1,5 3,7 4,2
Serviços 44,5 39,3 39,4 36,7 40,3 59,2
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 15,5 13,3 17,1 11,8 14,2 15,2
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 10,6 8,8 8,4 6,2 8,8 27,8
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 8,0 8,1 3,9 6,3 7,2 7,5
Ensino 5,8 5,3 6,8 7,8 6,0 2,7
Transportes e comunicaçoes 3,4 2,3 1,5 3,4 2,6 3,5
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 1,1 1,4 1,5 1,2 1,3 2,3
Administraçao pública direta e autárquica 0,0 0,0 0,2 0,1 0,0 0,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 0,1 0,5 0,1 1,2 0,4 0,3
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006.


49

TABELA 9
Número de empregos e participação relativa por setor da economia nos bairros
selecionados, 2006

Campo Santa Total MRJ Participação


Bangu Grande Realengo Cruz Total (1) (2) % (1) / (2)
Indústria Extrativa e de Transformação 4.904 5.174 2.399 7.361 19.838 166.616 11,9
Indústria metalúrgica 139 433 169 2.711 3.452 12.530 27,5
Indústria de produtos minerais nao metálicos 157 505 25 223 910 4.744 19,2
Indústria da madeira e do mobiliário 64 152 143 153 512 2.742 18,7
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 3.023 1.531 211 569 5.334 34.796 15,3
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 40 367 1.001 54 1.462 11.346 12,9
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 344 143 55 1.976 2.518 20.121 12,5
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 623 1.159 303 744 2.829 24.444 11,6
Indústria mecânica 269 242 53 431 995 10.694 9,3
Indústria do material de transporte 0 136 112 318 566 6.719 8,4
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 179 450 308 180 1.117 20.253 5,5
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 5 30 19 0 54 4.338 1,2
Extrativa mineral 61 25 0 2 88 13.318 0,7
Indústria de calçados 0 1 0 0 1 571 0,2
Serviços industriais de utilidade pública 6 131 6 171 314 31.425 1,0
Construçao civil 423 1.244 282 442 2.391 72.978 3,3
Comércio 8.942 17.514 5.491 4.560 36.507 326.497 11,2
Comércio varejista 8.106 15.174 5.097 4.420 32.797 268.394 12,2
Comércio atacadista 836 2.340 394 140 3.710 58.103 6,4
Serviços 14.355 21.516 9.276 9.257 54.404 1.362.737 4,0
Ensino 2.208 5.799 1.919 1.594 11.520 97.165 11,9
Transportes e comunicaçoes 4.426 4.171 888 3.130 12.615 135.545 9,3
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 1.598 2.499 932 1.090 6.119 80.573 7,6
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r. 4.087 5.585 2.303 1.328 13.303 254.129 5,2
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 351 685 255 282 1.573 58.652 2,7
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 1.685 2.475 2.091 597 6.848 316.120 2,2
Administraçao pública direta e autárquica 0 302 888 1.236 2.426 420.553 0,6
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 3 51 1 52 107 1.761 6,1
Total 28.633 45.630 17.455 21.843 113.561 1.962.014 5,8
%
Campo Santa Total MRJ
Bangu Grande Realengo Cruz Total (%) (%)
Indústria Extrativa e de Transformação 17,1 11,3 13,7 33,7 17,5 8,5
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 10,6 3,4 1,2 2,6 4,7 1,8
Indústria metalúrgica 0,5 0,9 1,0 12,4 3,0 0,6
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 2,2 2,5 1,7 3,4 2,5 1,2
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 1,2 0,3 0,3 9,0 2,2 1,0
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,1 0,8 5,7 0,2 1,3 0,6
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,6 1,0 1,8 0,8 1,0 1,0
Indústria mecânica 0,9 0,5 0,3 2,0 0,9 0,5
Indústria de produtos minerais nao metálicos 0,5 1,1 0,1 1,0 0,8 0,2
Indústria do material de transporte 0,0 0,3 0,6 1,5 0,5 0,3
Indústria da madeira e do mobiliário 0,2 0,3 0,8 0,7 0,5 0,1
Extrativa mineral 0,2 0,1 0,0 0,0 0,1 0,7
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0,0 0,1 0,1 0,0 0,0 0,2
Indústria de calçados 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 0,0 0,3 0,0 0,8 0,3 1,6
Construçao civil 1,5 2,7 1,6 2,0 2,1 3,7
Comércio 31,2 38,4 31,5 20,9 32,1 16,6
Comércio varejista 28,3 33,3 29,2 20,2 28,9 13,7
Comércio atacadista 2,9 5,1 2,3 0,6 3,3 3,0
Serviços 50,1 47,2 53,1 42,4 47,9 69,5
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r. 14,3 12,2 13,2 6,1 11,7 13,0
Transportes e comunicaçoes 15,5 9,1 5,1 14,3 11,1 6,9
Ensino 7,7 12,7 11,0 7,3 10,1 5,0
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 5,9 5,4 12,0 2,7 6,0 16,1
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 5,6 5,5 5,3 5,0 5,4 4,1
Administraçao pública direta e autárquica 0,0 0,7 5,1 5,7 2,1 21,4
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 1,2 1,5 1,5 1,3 1,4 3,0
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 0,0 0,1 0,0 0,2 0,1 0,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006


50

TABELA 10
Total de empregados, população estimada e razão percentual entre empregados e
população nas Regiões Administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa
Cruz e no município do Rio de Janeiro em 2006

Empregados
Unidade Territorial Empregados População /População

Cidade do Rio de Janeiro 1.962.014 5.906.533 33,2

RAs Bangu, Campo Grande, Realengo e


Santa Cruz 113.561 1.553.468 7,3

RA XVII - Bangu 28.633 435.341 6,6

RA XVIII - Campo Grande 45.630 541.494 8,4

RA XIX - Santa Cruz 21.843 339.290 6,4

RA XXXIII - Realengo 17.455 237.343 7,4

Fonte: RAIS/MTE e IPP.


51

ANEXO I: LISTA DE CONVIDADOS DO WORKSHOP


DO DIA 15 DE MAIO DE 2009

1. Adenil Moreira da Costa – Ex-Subprefeito


2. Alberto Balão – Assessor Adenil Costa
3. Ana Claudia C – Assessora Jurídica da Câmara dos Vereadores
4. Ana Marçal – Secretaria Estadual de Educação
5. Andréa Costa – Assessora Regional ABINEE RJ/ES
6. Antonio Batista R. Neto - Gerente de Des. Ter. do SEBRAE-RJ –
7. Antônio José Miranda - Coordenador da CET-Rio 5.2 em Campo Grande
8. Antonio Zaib - Faculdade São José
9. Arturo Chao Maceiras – Núcleo Inox (SP)
10. Cassiana Maria Arruda Ferreira – Pedagoga do Senai/Paciência
11. Cecilia Castro
12. Célio Murilo - Simonsen
13. Celso Antonio Barbosa – Gerente de Pesquisa Villar Metals
14. Danilo Monjardim Annechini - Analista de Negócios da ArcelorMittal Inox
15. Durval Neves – CIEZO
16. Edimar Teixeira – Subprefeito da Zona Oeste
17. Eduardo Cunha – Consultor do Núcleo Inox
18. Eduardo Duprat – Superint. Logística de Cargas – Sec.Estadual Transp.
19. Eduardo Marques –Coord. de Treinamento e Des. da TKCSA.
20. Fabiana Duarte Mendes – Analista da área de desenvolvimento territorial do
SEBRAE
21. Fabiano Carvalho – HM3 - Diretor da ACICG
22. Fernando de Castro da Costa Barros (Codin)
23. Fernando Queiroga - Gerente de Suprimentos da TKCSA
24. Flávia Costa Barros – Espec. em Infra e Inv. e Ass. do F. Metal-Mecânico da
Firjan
25. Geraldo Gomes Marques – Gerente regional da Caixa
26. Gonçalo Ferreira - Colégio Ferreira Alves
27. Guilherme Eisenlohr - Presidente da ACICG
28. Hélcio de Medeiros Júnior – Gerente de Economia do IPP
29. Inácio Limeira – Ass. Das empresas do Dist. Indust. de Campo Grande
30. Iza de Bragança - Diretora Pedagógica da ETERJ
31. Jacob Gribbler Neto – superintendente CIEZO
32. Jair Cordeiro Neto – (Prof.) - Faculdade Bezerra de Araújo FABA
33. Jesse Cardoso - ACIRA
34. Jéssica Oliveira (Delegada) – Subs. de Ensino e Prevenção da Sec. Seg.
Pública
35. João Carlos Renault – Gerente da Michelin
36. Jorge Fernandes da Cunha Filho (Sec. de Des. Econômico)
37. Jorge José Ferreira da Rocha - Diretor ACERB
38. Jorge Ricardo Menezes – Supervisor do E. Médio e Área Técnica da ETERJ
39. José Augusto Costa e Silva – Ind. Peri
40. José Jacques – presidente da AEDIN – Diretor Gerdau
41. José Luiz Dutra - Diretor da ACICG
42. José Zaib – diretor da FAMA – Machado de Assis
43. Josilda R.S. Moura (Prof. UFRJ)
44. Leonardo Paris – Estatístico - (equipe Leonarda)
45. Lúcia Helena Domingos – Gerente de Rel. Governamentais da TKCSA
46. Luiz Carlos Santos – representando o superintendente do Banco do Brasil
47. Marcelo Araújo - Diretor da ACICG
48. Marcelo Henrique da Costa – Secretário Munic. de Des. Econômico Solidário
49. Márcia Pimentel – Coordenadora Técnica da FAETEC.
50. Maria Alice Martins de Souza – IPP
51. Maria José – (prof.) presidente da FABA
52

52. Mário Cordeiro - Falmec


53. Marisa Valente – 5ª Insp.da SMU
54. Max - padre
55. Moacyr Bastos - (prof.), presidente do Banco de Alimentos
56. Osvaldo - (prof. da UniMSB)
57. Otilia Camelo - Diretor da ACICG
58. Pablo Bielchowsky (Prof.) - Representante da Universidade Castelo Branco
59. Paulo Augusto Souza Teixeira (Tenente Coronel Teixeira) – ISP
60. Paulo Gomes – Reitor da Castelo Branco
61. Paulo Sérgio Galvão - Gerente Regional RJ/ES da Abinee
62. Pedro Ivan Ferreira dos Reis – Dir. Adm. da Embramonti
63. Pedro Paulo de Bragança Pimentel Junior – Dir. G. da ETERJ/NOVO RIO
64. Pedro Teixeira – Diretor Jurídico da TKCSA.
65. Peri Cozer – Diretor-presidente da FALMEC
66. Rafael Alves Pereira - Gerente de Projetos do F. Des. da ALERJ
67. Renato Reis (jornal Atual)
68. Ricardo Barradas - Advogado (ind. Peri)
69. Roberto Aibinder – diretor de Urbanismo do IPP
70. Roberto Soares de Moura - Reitor UEZO(Prof.)
71. Robson Rodrigues da Silva (TEN CEL PM) - Vice-Presidente do ISP.
72. Sérgio Messias – representando ger. geral do Banco do Brasil de CG
73. Sérgio Poubel - Chefe de Gabinete da Vice-Governadoria e Sec. Obras
74. Teresa Trinckquel – Gerente de projetos da Rede de Tecnologia
75. Valdir Monteiro - Diretor de RH TKCSA
76. Velcenir Gonçalves – Investe Rio
77. Vera Gissoni (Castelo Branco)
78. Vitor Paiva Pimentel – aluno da graduação do Instituto de Economia
79. Wagner Julio Reis Ferreira - Presidente ACERB
80. Walter Lamenza Filho – rep.– Diretor Inox-Tech
81. William Nogueira - Analista de Relaç Gov. Sênior da TKCSA
53

ANEXO II

APLICAÇÕES DO AÇO INOX

AISI 405: tubos irradiadores, caldeiras, recipientes para indústria petrolífera, etc;
AISI 406: resistências elétricas;
AISI 409: escapamentos de automóveis;
AISI 430: calhas, máquinas de lavar roupa, coifas, revestimento de câmara de
combustão de motor diesel, equipamentos para fabricação de ácido nítrico, fixadores,
aquecedores, portas para cofres, moedas, pias, cubas, baixelas, utensílios domésticos,
equipamento para indústria química, equipamento de restaurantes, cozinhas, adornos de
automóveis, decorações arquitetônicas interiores, peças para fornos, revestimento de
elevadores, etc;
AISI 430F: fabricação de parafusos, porcas, ferramentas;
AISI 442: partes de fornos;
AISI 443: equipamento químico, partes de fornos;
AISI 444: caixas d água, tanques
AISI 446: peças de fornos, queimadores, radiadores.
AISI 301: fins estruturais, correias transportadoras, utensílios domésticos, ferragens,
diafragmas, adornos de automóveis, equipamentos para transporte, aeronaves, ferragens
para postes, fixadores (grampos, fechos, estojos), carros ferroviários.
AISI 302: gaiolas de animais, garrafas térmicas e esterilizadores, equipamentos
domésticos, tanques de gasolina, equipamentos para fabricação de sorvetes, dobradiças,
equipamentos para laticínios, maquinaria para engarrafamento, tanques de
fermentação,fins estruturais, equipamento para indústria química;
AISI 302B: elementos de aquecimento de tubos radiantes, partes de fornos, seções de
queimadores, abafadores de cozimento;
AISI 303: eixos, parafusos, porcas, pregos, eixos, cabos, fechaduras, componentes de
aeronaves, buchas, peças de carburador;
AISI 304: portões, portas, grades, utensílios domésticos, fins estruturais, equipamentos
para indústria química, naval, farmacêutica, têxtil, papel e celulose, refinaria de
petróleo, permutadores, de calor, válvulas e peças de tubulações, indústria frigorífica,
instalações criogênicas, depósitos de cerveja, tanques de fermentação de cerveja,
equipamentos para refino de produtos de milho, equipamentos para leiteria, cúpula para
casa de reator de usina atômica, tubos de vapor, peças para depósito de algumas bebidas
carbonatadas, condutores descendentes de águas pluviais, carros ferroviários, calhas,
revestimentos de prédios, tanques para indústria alimentícia,
AISI 304L: revestimento para trajas de carvão, tanque de pulverização de fertilizantes
líquidos, tanque para estoque de massa de tomate, carros ferroviários;
54

AISI 305: peças fabricadas por meio de severas deformações a frio;


AISI 308: fornos industriais, válvulas, soluções de sulfeto à alta temperatura, eletrodos
de solda;
AISI 309: suportes de tubos, abafadores, caixas de fermentação, depósito de bebidas,
partes de queimadores a óleo, refinarias, equipamentos para fábrica de produtos
químicos, partes de bombas, revestimentos de fornos, componentes de caldeiras,
componentes para fornalhas de máquinas a vapor, aquecedores, trocadores de calor,
peças para motores a jato, estufas;
AISI 310: aquecedores de ar, caixas de recozimento, estufa de secagem, anteparos de
caldeira a vapor, caixa de decantação, equipamentos para fábrica de tinta, suportes para
abóbada de forno, fornos de fundição, transportadores e suportes de fornos,
revestimento de fornos, componentes de turbinas a gás, trocadores de calor,
incineradores, componentes de queimadores a óleo, equipamentos de refinaria de
petróleo, recuperadores, cilindros para fornos de rolos transportadores, tubulação de
soprador de fuligem, chapas para fornalha, chaminés e comportas de chaminés de
fornos, conjuntos de diafragmas dos bocais para motores turbo-jatos, panelas de
cristalização de nitratos, equipamentos para indústria de papel, química e estufas;
AISI 316: portões, portas e grades de ambientes marinhos, equipamentos de indústrias
químicas, farmacêutica, têxtil, petróleo, papel, celulose, borracha, nylon e tintas, peças e
componentes diversos da construção naval, equipamentos criogênicos, equipamentos
para processamento de filme fotográfico, cubas de fermentação, instrumentos
cirúrgicos;
AISI 316L: peças de válvulas, bombas, tanques, evaporadores e agitadores,
equipamentos têxteis, condensadores, peças expostas a atmosfera marinha, adornos,
tanques soldados para estocagem de produtos químicos e orgânicos, bandejas,
revestimentos para fornos de calcinação
AISI 317: equipamentos de secagem, equipamentos para fábrica de tintas;
AISI 321: anéis coletores de aeronaves, revestimentos de caldeiras, aquecedores de
cabines, parede corta fogo, vasos pressurizados, sistema de exaustão de óleo sob alta
pressão, revestimento de chaminés, componentes de aeronaves, super aquecedor
radiante, foles, equipamentos de refinaria de petróleo, aplicações decorativas;
AISI 347: tubos para super aquecedores radiantes, tubo de exaustão de motor de
combustão interna, tubulação de vapor a alta pressão, tubos de caldeiras, tubos de
destilação de refinaria de petróleo, ventilador, revestimento de chaminé, tanques
soldados para revestimento de produtos químicos, anéis coletores, juntas de expansão,
resistores térmicos;
AISI 403: anéis de jatos, seções altamente tensionadas em turbinas a gás, lâminas
forjadas ou usinadas de turbina e compressor;
AISI 405: caixas de recozimento;
AISI 409: sistema de exaustão de veículos automotores, tanques de combustível,
AISI 410: válvulas, bombas, parafusos, fechaduras, tubos de controle de aquecimento,
chapas para molas, cutelaria (facas, canivetes) mesa de prancha, instrumentos de
55

medida, peneiras, eixos, acionadores, maquinaria de mineração, ferramentas manuais,


chaves, partes de fornos, queimadores, equipamentos rodoviários, sedes de válvulas de
segurança de locomotivas, plaquetas tipográficas, apetrechos de pesca, peças de
calibradores, fixadores;
AISI 414: molas, lâminas de faca;
AISI 416: parafusos usinados, porcas, engrenagens, tubos, eixos, fechaduras, hastes de
válvulas;
AISI 420: cutelaria, instrumentos hospitalares, cirúrgicos e dentários, réguas,
medidores, engrenagens, eixos, pinos, bolas de milho, discos de freio, mancal de esfera,
assentos de válvulas;
AISI 420F: eixos, porcas e parafusos;
AISI 431: peças de bombas, esteiras transportadoras, eixos de hélice marítima, peças de
maquinário da indústria de laticínios.
AISI 440A/440B/440C: eixos, pinos, instrumentos cirúrgicos e dentários, cutelaria,
anéis, válvulas, mancais anti-fricção;
AISI 442: componentes de fornos, câmara de combustão;
AISI 446: caixas de recozimento, chapas grossas para abafadores, queimadores,
aquecedores, tubos para pirômetros, recuperadores, válvulas e conexões.
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno

Apresentação da Pesquisa

Projeto FAPERJ no E-26/110.644/2007

Renata Lèbre La Rovere


(professora, IE/UFRJ e coordenadora do projeto)

Junho/2009
2

Introdução

Com uma área de 43.909,7 quilômetros quadrados (km2), que corresponde a cerca de 0,5% do
território nacional, e com uma população superior a 14 milhões de habitantes (8,6% da
população brasileira), o Rio de Janeiro é o Estado da Federação de maior densidade
demográfica, com 315 habitantes por km2.

Apesar de sua área relativamente pequena, o desenvolvimento das atividades produtivas na


cidade do Rio de Janeiro tem sido favorecido por uma série de vantagens locacionais. Ainda
que desde 1999 a cidade do Rio de Janeiro tenha apresentado um crescimento de suas
atividades industriais muito menos importante do que o estado do Rio de Janeiro, fenômeno
este que não é distinto das demais grandes cidades brasileiras, a exemplo de São Paulo.

Entretanto, várias iniciativas governamentais e locais têm procurado alterar esta realidade
com o objetivo de mudar esse quadro desfavorável ao desenvolvimento industrial. Entre essas
iniciativas estaremos iluminando o caso da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro,
principalmente as iniciativas situadas no espaço geográfico formado pelas Regiões
Administrativas de Bangu, Campo Grande e de Santa Cruz. Esta região, doravante grafada
como Zona Oeste para distingui-la da Zona Oeste, que também inclui as regiões
administrativas de Guaratiba, Jacarepaguá e Barra da Tijuca, conta com um total de
aproximadamente 380 km2 - cerca de 30% da área da Cidade do Rio de Janeiro – e uma
população de 1,5 milhão de pessoas, apresenta facilidades de infra-estrutura e disponibilidade
de terrenos adequados às atividades produtivas, além de economia de aglomeração em razão
das indústrias nelas instaladas. Na região encontram-se localizados os Distritos Industriais de
Campo Grande, Palmares, Paciência e Santa Cruz, implantados pelo Estado em áreas de uso
estritamente industrial do ponto de vista do Zoneamento Ambiental, onde 130 empresas de
médio e grande porte estão operando, destacando-se a Companhia Siderúrgica do Atlântico
(CSA, do grupo Thyssen-Krupp), a Gerdau, a Fábrica Carioca de Catalisadores, a Casa da
Moeda do Brasil e a Panamericana, dentre outras.

No momento, novos investimentos de porte estão sendo implementados na região em áreas


adjacentes por empresas nacionais e multinacionais, como a CSA, voltadas para a exportação,
sendo motivadas a se instalarem pela existência, no município vizinho de Itaguaí, do Porto de
Sepetiba, e pelo programa de incentivos fiscais criados pelo Governo do Estado. Além disso,
a Zona Oeste possui uma população adulta com uma taxa de alfabetização de 95%, e conta
com várias instituições de ensino técnico, profissional e superior, além de instalações do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI.

Vale lembrar que a Zona Oeste é a região de maior densidade industrial da Cidade do Rio de
Janeiro, ainda que a mesma ao longo dos últimos decênios venha cada vez mais agregando
serviços à sua estrutura produtiva. As vantagens potenciais de localização da região e dos
municípios do seu entorno geográfico podem se ampliar e até mesmo se consolidar caso se
atraia um conjunto de empresas para desenvolver um pólo de metal-mecânica na região,
aproveitando a especialização produtiva das empresas já localizadas. Cabe assim a realização
de estudos para a promoção do desenvolvimento local desta região.
3

Objetivos gerais e específicos

Os objetivos gerais do projeto são o diagnóstico das atividades econômicas locais e a


realização de um workshop sobre possibilidades de desenvolvimento econômico local da
Zona Oeste do município do Rio de Janeiro e de seu entorno. O diagnóstico pretende
contribuir com elementos que fortaleçam os encadeamentos da cadeia metal-mecânica e o
workshop iniciará os debates sobre as ações de governança necessárias para que o
desenvolvimento local seja provocado.

Os objetivos específicos são:

(a) diagnosticar a região da Zona Oeste do município de Rio de Janeiro e o seu entorno:
quais as atividades econômicas principais; que outras atividades econômicas não estão
instaladas mas seriam importantes para fortalecer a competitividade das atuais;
(b) levantar as necessidades adicionais de infra-estrutura físicas e tecnológicas para o
funcionamento do pólo de metal-mecânica;
(c) levantar quais as restrições de caráter normativo e regulamentar que impedem a
ocupação industrial;
(d) pesquisar o estado atual dos Planos Diretores dos municípios envolvidos, nível de
efetividade e implementação;
(e) levantar as potencialidades de comércio exterior e as condições econômicas de sua
realização;
(f) realizar um diagnóstico das condições de logística necessárias ao desenvolvimento da
região
(g) desenvolver um estudo sobre a oferta de cursos de capacitação e suas possibilidades de
contribuição ao desenvolvimento da região
(h) analisar as condições de segurança pública, que afetam diretamente a atratividade da
região
(i) pesquisar as iniciativas já realizadas para estabelecimento de uma governança local e
indicar os pontos fortes e fracos dessas iniciativas;
(j) propor uma agenda de desenvolvimento local para a Zona Oeste e seu entorno;
(k) organizar um workshop para discutir a agenda de desenvolvimento local com as
lideranças políticas e econômicas locais e de seu entorno;
(l) propor uma compatibilização, após o workshop, entre as diretrizes e metas propostas
para o desenvolvimento econômico das atividades locais com os Planos Diretores dos
municípios envolvidos, incluindo a proposição para o desenvolvimento de consórcios
municipais.
4

Metodologia

O trabalho se desdobrou em várias etapas. Inicialmente, foi feito um diagnóstico da região


com base em diversas estatísticas e informações de fontes secundárias. As fontes utilizadas
foram estatísticas e informações das seguintes instituições: Associação das Empresas do
Distrito Industrial de Santa Cruz (AEDIN); Companhia de Desenvolvimento Industrial
(CODIN); Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN); Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);Instituto Fecomércio; Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP);Instituto Pereira Passos (IPP);
Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (InvesteRio); Associação de Empresas
Fabricantes de Aço Inox (Nucleoinox); Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)- Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS) ; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
(MDIC) -.Relação Nacional de Investimentos (RENAI).

A partir deste diagnóstico, foi definido um questionário estruturado que foi distribuído a 262
empresas da região. Em seguida, foram realizados diversos estudos qualitativos sobre temas
pertinentes ao desenvolvimento da região. A definição dos temas dos estudos qualitativos foi
feita a partir do entendimento, pela equipe de pesquisa, de que o processo de desenvolvimento
local é dinâmico e resulta da interação entre empresas e instituições locais inseridas num
determinado território. Por instituições, entende-se não apenas aquelas do setor público como
também as instituições de ensino e pesquisa e as demais formas de representação coletiva dos
agentes locais. Assim, os temas dos estudos envolveram aspectos econômicos e aspectos
sociais. Os estudos centrados em aspectos econômicos se debruçaram sobre o potencial da
constituição de um pólo metal-mecânico, sobre o potencial de comércio exterior, sobre as
condições de logística e de infra-estrutura e sobre as condições e uso e ocupação do solo. Os
estudos centrados nos aspectos sociais envolveram as condições de segurança pública, o
potencial de oferta de cursos de capacitação e as condições de governança da região.

O diagnóstico, os resultados dos questionários e os estudos qualitativos geraram um texto de


agenda de governança e desenvolvimento e uma lista de ações de fomento ao
desenvolvimento que foram discutidos por todas as partes interessadas (lideranças locais,
representantes de instituições públicas e privadas) num workshop no dia 15 de maio do
corrente. Após esta reunião, os resultados foram consolidados e divulgados ao público em
geral. Espera-se que este trabalho contribua para mobilizar as lideranças locais em torno de
ações que promovam o desenvolvimento econômico sustentável da região e de seu entorno.
5

Equipe de Pesquisa

Coordenação
Renata Lèbre La Rovere (professora, IE/UFRJ e pesquisadora do INCT Políticas Públicas, Estratégias
e Desenvolvimento do CNPq)

Diagnóstico da Região
Lia Hasenclever (professora, IE/UFRJ)
Rodrigo Lopes (assistente de pesquisa, IE/UFRJ)
Vitor Pimentel e Luiza Lins (bolsistas, IE/UFRJ)

Questionários
Thiago Rodrigues Cabral, Aline Godoy e Raphael Rolim - Ayra Consultoria (Empresa Junior da
UFRJ)

Estudos Qualitativos

Educação
Márcia Pimentel, Márcia Farinazo e Risomar Guedes (FAETEC)

Pólo metal-mecânico
Eduardo Cunha (Núcleo Inox) com a colaboração de Mario Cordeiro (FALMEC)

Comércio Exterior:
João Bosco Machado (professor, IE/UFRJ)
Camila Monteiro (estagiária, IE/UFRJ)

Logística e Infra-Estrutura
Luiz Martins de Melo (professor, IE/UFRJ)
Vinicius Dominato (estagiário, IE/UFRJ)

Ocupação e Uso do Solo


Nelson Chalfun (professor, IE/UFRJ)

Governança
Giuseppe Cocco (professor, ESS/UFRJ)
Gerardo Silva (pesquisador, LABTEC/UFRJ)

Segurança Pública
Leonarda Musumeci (professora, IE/UFRJ)

Agenda de Desenvolvimento
Mauro Osório da Silva (professor, FND/UFRJ)
Fernando Scofano (estagiário, IE/UFRJ)
           

Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do


Rio de Janeiro e de seu Entorno

A Zona Oeste e o Comércio Internacional: diagnóstico e desafios


(Versão Final)

Projeto FAPERJ no E-26/110.644/2007

João Bosco Mesquita Machado (professor, IE/UFRJ

Camila Monteiro (estagiária, IE/UFRJ)

Junho/2009 
  2

ÍNDICE

1. Introdução............................................................................................................................... 3

2. Desempenho Comercial ......................................................................................................... 3

3. Avaliação das Entrevistas..................................................................................................... 13

4. Recomendações para o Aperfeiçoamento da Inserção Internacional da Zona Oeste........... 16

A N E X O................................................................................................................................ 18

ÍNDICE DE GRÁFICOS E QUADROS

Gráfico 1 - Zona Oeste: Total de Firmas Exportadoras e Importadoras .................................... 4

Gráfico 2 - Zona Oeste: Participação no Total de Firmas Exportadoras e Importadoras do


Município do Rio de Janeiro (%) ............................................................................................... 4

Gráfico 3 - Zona Oeste: Evolução do Comércio Exterior (US$ milhões) ................................. 6

Gráfico 4 - Participação da Zona Oeste no Comércio Exterior do Município do Rio de Janeiro


(%).............................................................................................................................................. 6

Quadro 1 - Zona Oeste: Firmas Exportadoras e Importadoras Segundo RÃS........................... 5

Quadro 2 - Zona Oeste: Exportações e Importações Segundo RAs Selecionadas..................... 8

Quadro 3 - Zona Oeste: Estabelecimentos Exportadores e Importadores por Tamanho ........... 9

Quadro 4 - Zona Oeste: Exportação e Importação Segundo o Tamanho do Estabelecimento 10

Quadro 5 - Zona Oeste: Exportação e Importação Segundo o Tamanho do Estabelecimento 11

Quadro 6 - Zona Oeste: setores exportadores selecionados..................................................... 12

Quadro 7 - Zona Oeste: setores importadores selecionados .................................................... 12

Quadro 8 - Zona Oeste: síntese das entrevistas realizadas junto a empresas


exportadoras/importadoras ....................................................................................................... 15
  3

A Zona Oeste e o comércio internacional: diagnóstico e desafios 1

1. Introdução

Neste capítulo avalia-se o desempenho do comércio internacional da Zona Oeste. A pesquisa


adotou uma dupla abordagem. Em primeiro lugar, foi realizado um diagnóstico quantitativo
da inserção internacional da região com base em informações sobre o universo empresarial
exportador e importador identificado a partir dos dados primários da Secretaria de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em segundo
lugar, foi entrevistada uma amostra de empresas representativas do conjunto dos
estabelecimentos exportadores da Zona Oeste. Nestas entrevistas foram avaliados o histórico
exportador da empresa, as oportunidades e obstáculos com que ela se defronta no comércio
internacional, bem como a integração da empresa com a economia da Zona Oeste. O conjunto
das informações levantadas a partir da análise quantitativa do comércio exterior e das
entrevistas com as empresas selecionadas serviu de referência para avaliar os desafios
associados ao aperfeiçoamento da inserção internacional da Zona Oeste.

2. Desempenho Comercial

A avaliação do desempenho comercial da Zona Oeste apresentada nesta seção foi


desenvolvida com base nas informações sobre o comércio exterior brasileiro disponibilizadas
pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (Secex-MIDC) e processadas pela Fundação Centro de Estudos do
Comércio Exterior (Funcex). Considerando-se os estabelecimentos localizados nas regiões
administrativas (RAs) de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz (doravante
denominada “Zona Oeste”) e as transações externas realizadas no triênio 2005-2007, foram
identificadas sessenta e uma empresas exportadoras e oitenta e cinco empresas importadoras 2
(Gráfico 1).
 

                                                            
1
Esta seção foi elaborada pelo prof. João Bosco M. Machado. Camila Monteiro colaborou na elaboração dos
quadros e no processamento das informações coletadas nas entrevistas.
2
As informações cadastrais (razão social endereço, bairro, região administrativa, CEP e CNPJ) das empresas
exportadoras e importadoras estão disponibilizadas, respectivamente, nos Quadro A.1 e A.2 do Anexo. Em
relação ao cadastro da FIRJAN, apresentado no primeiro relatório deste estudo, a pesquisa de empresas
exportadoras realizada a partir das informações coletadas junto à Secex/MIDC representou uma ampliação
considerável do universo de estabelecimentos exportadores da Zona Oeste, de quinze para 61 empresas.
  4

Gráfico 1
Zona Oeste: Total de Firmas Exportadoras e Importadoras

 
Fonte: Secex/MIDC. 
 
As empresas exportadoras da Zona Oeste representam, na média do triênio, 6,9% do total das
empresas exportadoras do município do Rio de Janeiro e 5,5% do total das empresas
importadoras (Gráfico 2).

Gráfico 2
Zona Oeste: Participação no Total de Firmas Exportadoras e Importadoras
do Município do Rio de Janeiro (%)
 

 
Fonte: Secex/MIDC.

No Quadro 1 apresenta-se a distribuição das firmas importadoras segundo as distintas regiões


administrativas. Considerando-se as unidades empresariais importadoras e exportadoras, as
RAs de Campo Grande, Realengo e Santa Cruz respondem, cada uma, por cerca de 1/3 a ¼
das empresas da Zona Oeste inseridas no comércio internacional.

No conjunto, as três RAs abrigam em média 90% dos estabelecimentos exportadores e


importadores da Zona Oeste. Portanto, Bangu é a RA da Zona Oeste com menor número de
  5

empresas inseridas no comércio internacional, abrigando em média cerca de 10% dos


estabelecimentos exportadores e importadores 3.

Quadro 1
Zona Oeste: Firmas Exportadoras e Importadoras Segundo RÃS

Exportação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu 4 8,9 4 8,0 4 8,3
Campo Grande 16 35,6 17 34,0 18 37,5
Realengo 13 28,9 16 32,0 14 29,2
Santa Cruz 12 26,7 13 26,0 12 25,0
Total 45 100,0 50 100,0 48 100,0
Importação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu 7 13,0 7 10,4 9 12,9
Campo Grande 21 38,9 25 37,3 27 38,6
Realengo 14 25,9 20 29,9 19 27,1
Santa Cruz 12 22,2 15 22,4 15 21,4
Total 54 100,0 67 100,0 70 100,0
Fonte: Secex/MIDC.

As exportações da Zona Oeste aumentaram significativamente no triênio considerado;


totalizavam US$226 milhões em 2005, pularam para US$626 milhões em 2006 e para
US$671 milhões em 2007, o que representa um crescimento trienal de 196% (Gráfico 3).

                                                            
3
As informações geradas pela Secex sobre a base exportadora e importadora e, portanto, sobre os montantes
exportados e importados podem apresentar desvios relacionados com a presença de unidades produtivas, cujas
compras ou vendas externas são realizadas por unidade administrativa com domicílio não localizado na Zona
Oeste. No conjunto das informações analisadas neste estudo, um caso notório que ilustra o evento é a unidade
produtiva da Michelin (fabricante de pneumáticos), localizada na RA de Santa Cruz, cujas exportações são
atribuídas ao escritório administrativo da empresa localizado na Barra da Tijuca.
  6

Gráfico 3
Zona Oeste: Evolução do Comércio Exterior (US$ milhões)

Fonte: Secex/MIDC.

Não obstante este aumento, a participação das exportações da Zona Oeste no total das vendas
externas do município do Rio de Janeiro é pouco significativa, variando de 1,2% em 2005
para 2,4% em 2007 (Gráfico 4). Evidentemente, é importante destacar que esse aumento da
participação das exportações da Zona Oeste nas vendas do município do Rio de Janeiro
resultou da expansão das exportações da Zona Oeste a taxas duas vezes maiores que o
crescimento das vendas externas do município.

Gráfico 4
Participação da Zona Oeste no Comércio Exterior
do Município do Rio de Janeiro (%)

Fonte: Secex/MIDC.
  7

As importações também cresceram consideravelmente no triênio; de US$159 milhões em


2005, alcançaram US$269 milhões em 2007, embora tenha havido um pequeno recuo em
relação ao ano de 2006, quando as compras externas atingiram US$272 milhões (ver o
Gráfico 3 acima). Na média do triênio, as importações da Zona Oeste representaram 1,6% das
compras externas realizadas pelas empresas estabelecidas no município do Rio de Janeiro.
Dado o comportamento das exportações e importações no triênio, a Zona Oeste opera como
exportadora líquida de bens, gerando um saldo comercial positivo de US$67 milhões em
2005, US$354 milhões em 2006 e US$401 milhões em 2007. Com isso, a participação da
região na geração líquida de divisas do município do Rio de Janeiro saltou de 0,9% em 2005
para 4,5% em 2007.

No Quadro 2 estão disponibilizadas informações relativas às vendas externas segundo as


distintas RAs. Santa Cruz é responsável por parcela expressiva e crescente das exportações da
Zona Oeste: 71% em 2005, 88% em 2006 e 86% em 2007. Em contrapartida, Realengo e
Campo Grande perderam participação relativa nas vendas externas da Zona Oeste. Na média
do triênio, as exportações de Realengo e Campo Grande responderam, respectivamente, por
12% e 7% das vendas externas da Zona Oeste. Por fim, as exportações realizadas por
empresas estabelecidas em Bangu são desprezíveis. No que respeita às importações, Santa
Cruz foi responsável, na média do triênio, por 47% das compras externas da Zona Oeste; as
participações relativas de Campo Grande, Realengo e Bangu foram de 33%, 19% e 1%,
respectivamente. Quanto ao saldo comercial, Santa Cruz é a região administrativa que
contribui significativamente para a geração do superávit comercial nas transações externas da
Zona Oeste, respondendo na média do triênio por 124% deste montante.
  8

Quadro 2
Zona Oeste: Exportações e Importações Segundo RAs Selecionadas
 
Exportação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu 0,02 0,0 0,7 0,1 0,7 0,1
Campo Grande 25,1 11,1 28,2 4,5 28,23 4,2
Realengo 41,3 18,3 44,7 7,1 66,3 9,9
Santa Cruz 159,3 70,6 552,8 88,3 575,4 85,8
Total 225,7 100,0 626,3 100,0 670,7 100,0
Importação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu 1,84 1,2 1,91 0,7 3,48 1,3
Campo Grande 56,44 35,6 80,51 29,6 89,54 33,3
Realengo 39,66 25,0 38,57 14,2 52,17 19,4
Santa Cruz 60,57 38,2 151,13 55,5 123,99 46,1
Total 158,51 100,0 272,12 100,0 269,18 100,0
Saldo Comercial
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu (1,8) (2,7) (1,2) (0,3) (2,8) (0,7)
Campo Grande (31,4) (46,7) (52,3) (14,8) (61,3) (15,3)
Realengo 1,6 2,4 6,1 1,7 14,2 3,5
Santa Cruz 98,7 147,0 401,6 113,4 451,4 112,4
Total 67,1 100,0 354,2 100,0 401,5 100,0
Fonte: Secex/MIDC.

A expansão das vendas externas e das importações revela uma tendência de aumento da
integração comercial da Zona Oeste com o resto do mundo, com destaque para as empresas
estabelecidas na região administrativa de Santa Cruz, que foram responsáveis por parcela
crescente dos fluxos de comércio e pela geração do saldo comercial positivo alcançado pela
Zona Oeste.

No Quadro 3 é apresentado o perfil das empresas exportadoras da Zona Oeste segundo o


tamanho (número de empregados) 4. Os estabelecimentos de médio porte são aqueles que
apresentam maior participação relativa, tanto entre as empresas exportadoras, quanto entre as
importadoras. Na média do triênio 2005-2007, 37% das empresas exportadoras e 40% das
empresas importadoras são de porte médio. O segundo grupo com maior participação relativa
entre as empresas exportadoras e importadoras é formado pelas empresas de pequeno porte,
que representam aproximadamente 30% dos estabelecimentos da Zona Oeste que mantiveram

                                                            
4
Os estabelecimentos exportadores e importadores são classificados, segundo os critérios definidos pela RAIS-
MTb, em cinco categorias: (i) microempresas – empresas industriais com até 19 empregados ou comerciais e de
serviços com até 9 empregados; (ii) pequenas empresas – empresas industriais que têm entre 20-99 empregados
ou comercias e de serviços que têm entre 10-49 empregados; (iii) médias empresas – empresas industriais que
têm entre 100-499 empregados ou comercias e de serviços que têm entre 50-99 empregados; (iv) grandes
empresas – empresas industriais que têm mais de 500 empregados ou comerciais e de serviços que têm mais de
100 empregados; e (v) empresas especiais – micro e pequenas empresas industriais, comerciais e de serviços que
realizem exportações ou importações superiores a US$1,2 milhão/ano.
  9

relações comerciais com o exterior. 14% dos estabelecimentos exportadores e importadores


são formados por empresas de grande porte. As microempresas e aquelas classificadas na
categoria “especial” constituem os dois grupos com menor participação relativa entre os
estabelecimentos exportadores e importadores da Zona Oeste 5.

Quadro 3
Zona Oeste: Estabelecimentos Exportadores e Importadores por Tamanho

Empresas Exportadoras
Tamanho 2005 2006 2007
Qtdd. % Qtdd. % Qtdd. %
Micro 6 13,3 4 8,0 5 10,4
Pequena 13 28,9 17 34,0 16 33,3
Especial 3 6,7 3 6,0 3 6,3
Média 17 37,8 19 38,0 17 35,4
Grande 6 13,3 7 14,0 7 14,6
Total 45 100,0 50 100,0 48 100,0
Empresas Importadoras
Tamanho 2005 2006 2007
Qtdd. % Qtdd. % Qtdd. %
Micro 4 7,4 3 4,5 7 10,0
Pequena 13 24,1 23 34,3 20 28,6
Especial 3 5,6 6 9,0 7 10,0
Média 26 48,1 25 37,3 25 35,7
Grande 8 14,8 10 14,9 11 15,7
Total 54 100,0 67 100,0 70 100,0
Fonte: Secex/MIDC

No Quadro 4 são apresentadas informações relativas ao desempenho comercial da Zona


Oeste, segundo o tamanho do estabelecimento 6. A grande empresa é a principal protagonista
do comércio exterior da Zona Oeste. De fato, não obstante representarem apenas 14% dos
estabelecimentos exportadores (ver Quadro 3), as grandes empresas são responsáveis, na
média do triênio 2005-2007, por 83% das exportações. As empresas de grande porte também
respondem pela maior fatia das importações, 50% na média do triênio considerado. As
empresas de médio porte também apresentam inserção relevante no comércio internacional,
mais especificamente na qualidade de importadoras. No triênio 2205-2007, 38% das compras
externas da Zona Oeste foram realizadas por médias empresas. Os estabelecimentos especiais
respondem em média por 13% das exportações. No caso das importações, esta classe de
empresa mais do que dobrou sua participação no triênio considerado, de 15% para 34% das
compras externas. Por fim, as categorias representadas pelas micro e pequenas empresas não
desempenham papel relevante no comércio exterior da Zona Oeste.

                                                            
5
No Quadro A.3 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas ao número de estabelecimentos
exportadores e importadores, segundo o tamanho do estabelecimento, para as distintas RAs da Zona Oeste.
6
No Quadro A.4 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas às exportações e importações, segundo o
tamanho do estabelecimento, para as distintas RAs da Zona Oeste.
  10

Quadro 4
Zona Oeste: Exportação e Importação Segundo o Tamanho do Estabelecimento

Exportação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Micro 0,0 0,02 0,0 0,00 0,1 0,01
Pequena 1,5 0,68 3,8 0,60 4,2 0,62
Especial 10,5 4,65 14,7 2,34 14,0 2,08
Média 51,0 22,6 51,3 8,18 48,8 7,27
Grande 162,6 72,04 556,7 88,88 603,7 90,01
Total 225,7 100,00 626,3 100,0 670,7 100,0
Importação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Micro 0,1 0,07 0,1 0,03 0,1 0,05
Pequena 3,3 2,08 4,0 1,45 5,3 1,96
Especial 14,7 9,25 19,5 7,16 34,1 12,65
Média 69,3 43,70 87,3 32,1 101,9 37,85
Grande 71,2 44,91 161,3 59,26 127,8 47,48
Total 185,5 100,0 272,1 100,0 269,2 100,0
Fonte: Secex/MIDC

As exportações e importações da Zona Oeste por setor de atividade são apresentadas no


Quadro 5. Destaque-se o fato de que, nos três anos considerados, a totalidade das vendas
externas ter sido realizada pelo setor industrial. Este também responde por uma grande fatia
das importações, 86% na média do triênio 2005-2007, enquanto o setor de comércio foi
responsável, em média, por 13% das compras externas da Zona Oeste 7.

                                                            
7
No Quadro A.5 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas às exportações e importações, segundo o
setor de atividade, para as distintas RAs da Zona Oeste.
  11

Quadro 5
Zona Oeste: Exportação e Importação Segundo o Tamanho do Estabelecimento

Exportação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Agricultura -- -- -- -- -- --
Comércio 0,1 0,0 0,6 0,1 0,9 0,1
Serviços -- -- 0,1 -- 0,0 0,0
Indústria 225,4 99,9 625,6 99,9 669,7 99,9
Construção Civil 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0
Demais -- -- -- -- -- --
Total 225,7 100,0 626,3 100,0 670,7 100,0
Importação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Agricultura -- -- -- -- -- --
Comércio 27,0 17,0 29,5 10,8 35,8 13,3
Serviços -- -- 0,3 0,1 0,1 0,0
Indústria 131,4 82,9 241,7 88,8 231,4 86,0
Construção Civil 0,1 0,1 0,7 0,3 1,8 0,7
Demais -- -- -- -- 0,1 0,0
Total 158,5 100,0 272,1 100,0 269,2 100,0
Fonte: Secex/MIDC

Avaliado sob a ótica setorial, o desempenho exportador da Zona Oeste apresentado no Quadro
6 mostra que as vendas externas estão concentradas em pouquíssimos setores. As exportações
de produtos de metalurgia básica atingiram na média do triênio 2005-2007 US$408 milhões e
respondem por 81% das vendas externas da Zona Oeste. Seguem-se os produtos químicos e
os produtos de metalurgia de minerais não metálicos que representaram, respectivamente,
3,5% e 2,6% das vendas externas no período considerado. Os demais setores exportaram,
cada um, valores anuais médios inferiores a US$5 milhões e responderam, no conjunto, por
menos de 3% da vendas totais 8.

Apresentado no Quadro 7, a avaliação setorial do desempenho importador da Zona Oeste


mostra a elevada concentração das compras externas. Três setores – produtos químicos,
metalurgia básica e produtos de metalurgia de minerais não metálicos são responsáveis, na
média do triênio 2005-2007, por 86% das importações. Os setores de produtos químicos e
metalurgia básica realizaram importações de US$ 90 milhões e US$ 81 milhões,
respectivamente, montantes que representam 39% e 35% das compras externas da Zona
Oeste 9.

                                                            
8
No Quadro A.6 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas às exportações, segundo o setor
CNAE2, para as distintas RAs da Zona Oeste. No Quadro A.8 são listados os produtos do sistema harmonizado
(NCM a 6 dígitos) exportados pelas empresas. Informações adicionais sobre os produtos produzidos e
exportados pelas empresas podem ser obtidos nos respectivos endereços eletrônicos, também disponibilizados no
Quadro.
9
No Quadro A.7 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas às importações, segundo o setor
CNAE2, para as distintas RAs da Zona Oeste.
  12

Quadro 6
Zona Oeste: setores exportadores selecionados
US$ milhões
Partici-
Classificação CNAE2 (média
pação %
2005-2007)
Metalurgia básica 407,55 80,5
Produtos químicos 55,63 11,0
Produtos de metalurgia de minerais não-metálicos 17,72 3,5

Equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão


e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios 13,14 2,6
Máquinas e equipamentos 4,74 0,9
Couros preparados e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e
calçados 2,12 0,4
Edição, impressão e reprodução de gravações 1,84 0,4
Minerais não-metálicos 1,00 0,2
Artigos do vestuário e acessórios 0,96 0,2
Produtos alimentícios e bebidas 0,84 0,2
Veículos automotores, reboques e carrocerias 0,79 0,2
Total 506,33 100,0
Fonte: Secex/MIDC

Quadro 7
Zona Oeste: setores importadores selecionados
 
US$ milhões
Partici-
Classificação CNAE2 (média
pação %
2005-2007)
Produtos químicos 89,27 38,8
Metalurgia básica 80,66 35,0
Produtos diversos (importados pelo comércio por atacado e intermediários do
comércio) 29,08 12,6
Produtos de metalurgia de minerais não-metálicos 12,84 5,6
Edição, impressão e reprodução de gravações 5,70 2,5

Equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, instrumentos de precisão


e ópticos, equipamentos para automação industrial, cronômetros e relógios 4,14 1,8
Produtos têxteis 1,89 0,8
Máquinas e equipamentos 1,71 0,7
Produtos diversos (importados pelo comércio varejista e reparação de objetos
pessoais e domésticos) 1,67 0,7
Artigos de borracha e plástico 1,35 0,6

Material eletrônico e de aparelhos e equipamentos de comunicações 0,99 0,4


Couros preparados e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e
calçados 0,84 0,4
Total 230,14 100,0
Fonte: Secex/MIDC
  13

Em resumo, a avaliação quantitativa do desempenho do comércio exterior da Zona Oeste


revela alguns aspectos importantes:
(i) o aumento significativo das exportações, que totalizavam US$226 milhões em
2005, pularam para US$626 milhões em 2006 e para US$671 milhões em 2007, o
que representou um crescimento trienal de 196%;
(ii) o aumento também considerável das importações no triênio: de US$159 milhões
em 2005, alcançaram US$269 milhões em 2007, o que significou uma expansão de
69% no período;
(iii) a Zona Oeste opera como exportadora líquida de bens, gerando um saldo
comercial positivo e crescente: de US$67 milhões em 2005, para US$354 milhões
em 2006 e US$401 milhões em 2007. Com isso, a participação da região na
geração líquida de divisas do município do Rio de Janeiro saltou de 0,9% em 2005
para 4,5% em 2007;
(iv) a expansão das vendas externas e das importações, fato que revela uma tendência
de aumento da integração comercial da Zona Oeste com o resto do mundo;
(v) a predominância da RA de Santa Cruz como pólo dinâmico do comércio exterior
da Zona Oeste: as empresas ali estabelecidas foram responsáveis por parcela
crescente dos fluxos de comércio e pela geração do saldo comercial positivo
alcançado pela Zona Oeste;
(vi) a inexistência de vínculos comerciais significativos da RA de Bangu e, portanto,
das empresas ali estabelecidas com o resto do mundo;
(vii) a grande empresa é a principal protagonista do comércio exterior da Zona Oeste;
elas foram responsáveis, na média do triênio 2005-2007, por 83% das exportações
e por metade das importações;
(viii) a totalidade das vendas externas da Zona Oeste foi realizada pelo setor industrial;
este setor também responde por uma grande fatia das importações, 86% na média
do triênio 2005-2007;
(ix) as vendas externas estão concentradas em pouquíssimos setores: produtos de
metalurgia básica tiveram exportações de US$408 milhões no triênio 2005-2007 e
responderam por 81% das vendas externas da Zona Oeste;
(x) produtos químicos, metalurgia básica e produtos de metalurgia de minerais não
metálicos foram responsáveis, na média do triênio 2005-2007, por 86% das
importações da Zona Oeste.

3. Avaliação das Entrevistas

Entre as empresas da Zona Oeste que apresentam inserção relevante no comércio


internacional seis foram selecionadas para a realização de entrevistas. Esta amostra representa
aproximadamente 10% firmas exportadoras e importadoras identificadas a partir das
informações do banco de dados da Secex-MIDC.

A avaliação qualitativa do desempenho exportador/importador das empresas da Zona Oeste


procurou abordar as seguintes questões: (i) a inserção Internacional e histórico
exportador/importador da empresa; (ii) a participação da exportação/importação na produção;
(iii) a demanda internacional dos produtos exportados, principais mercados e estratégias de
  14

comercialização; (iv) as vantagens específicas da empresa exportadora; (v) os obstáculos à


exportação/importação: financiamento, tributos, logística, burocracia, apoio institucional,
condições de acesso a mercados; (vi) impactos do “ativo locacional” zona oestes sobre a
atividade importadora/exportadora; e (vii) o uso de fatores locais (mão-de-obra e insumos) e
os encadeamentos da empresa com a economia da Zona Oeste.

Um traço comum a todas as empresas entrevistadas que são importadoras ou exportadoras de


grande ou médio porte é que a suposta vantagem de localização propiciada pela existência de
infra-estrutura portuária – dois portos, o do Rio de Janeiro e o de Itaguaí estão próximos a
essas unidades produtivas – é comprometida pelas precárias condições de acessibilidade para
transporte de grandes quantidades de cargas, em função dos permanentes problemas de
trânsito, tanto da Avenida Brasil, quanto das rodovias que servem à região. Mesmo quanto
se trata da questão da distribuição da produção local, a proximidade dos maiores mercados
consumidores do país não é apontada como uma vantagem locacional pelas empresas
estabelecidas na Zona Oeste. Novamente, as condições precárias da malha rodoviária,
combinada com a escassez da oferta de transporte ferroviário, operam como fatores que
comprometem a competitividade das empresas.

Embora não esteja relacionado com a localização das unidades produtivas, outro problema
mencionado por todas as empresas exportadoras/importadoras de grande e médio porte
entrevistadas é a precariedade da infra-estrutura portuária, notadamente no porto do Rio de
Janeiro e os entraves burocráticos gerados pelos procedimentos da Receita Federal em todos
os portos. A excessiva demora no despacho de mercadorias obriga as empresas a ampliar o
estoque de matéria-prima e insumos nas fábricas, como medida para evitar a paralisação da
produção, o que acaba aumentando o custo do capital de giro das empresas.

No caso das empresas exportadoras/importadores de pequeno porte, as operações comerciais


de compra ou venda são, via de regra, realizadas por intermédio do modal aéreo e com o
apoio de despachantes. Nestas circunstâncias, as empresas entrevistadas sugerem que a não há
obstáculos burocráticos relevantes e a proximidade do aeroporto internacional do Galeão
constitui de fato uma vantagem locacional.

Todas as empresas entrevistadas, independentemente do porte, demonstraram preferência pelo


emprego de mão-de-obra local, seja na produção, seja nas atividades administrativas. Todavia,
quando se trata de mão-de-obra de menor qualificação, as empresas se vêm comprometidas a
investir em treinamento e qualificação. Outra dificuldade apontada pelas empresas,
especialmente aquelas cujas unidades produtivas estão localizadas no distrito industrial de
Santa Cruz é a inexistência de sistema de transporte coletivo na região. Por isso, as empresas
são obrigadas a manter serviços de transporte próprio ou contratado junto a terceiros, fator
que eleva o custo da mão-de-obra.

No Quadro 8 abaixo é apresentada uma síntese das informações coletadas nas entrevistas 10.

                                                            
10
Um levantamento pormenorizado das informações obtidas nas entrevistas está disponível no Anexo.
  15 

Quadro 8
Zona Oeste: síntese das entrevistas realizadas junto a empresas exportadoras/importadoras
Empresa Setor/atividade Exportador Importador Vantagens e problemas na operação do comércio internacional
Exportação escoada via porto do Rio e prejudicada por problemas de tráfego na avenida Brasil.
grande porte grande porte
Importação de insumos via porto de Sepetiba é uma vantagem locacional, embora a empresa
Valesul metalurgia de (exportação anual de (importação anual de
incorra em custos extras para assegurar a operação do porto; importação de pequenos lotes de
alumínio cerca de US$100 cerca de US$100
produtos via porto do Rio enfrenta obstáculos em razão das deficiências da estrutura portuária e da
milhões) milhões)
burocracia aduaneira que oneram o custo de importação em 10%.
prod. médico médio porte pequeno porte Exportação via modal aéreo; localização da fábrica próxima ao aeroporto do Galeão é apontada
Silimed
hospitalares - (exportação anual de (importação anual de como uma vantagem. Importação de matéria-prima; parte das compras externas é realizada pelo
implantes US$13 milhões) US$5 milhões) sistema de drawback.
Exportação preferencial para os países da América Latina; a empresa se beneficia dos acordos de
acesso a mercados do Mercosul e aqueles negociados pelo Brasil no âmbito da Aladi. Exportações
Michelin (*) e importações dificultadas por problemas de circulação viária, pelo congestionamento dos
pneumáticos grande porte grande porte
terminais portuários e pelo aparato burocrático da Receita Federal. A demora na liberalização das
importações aumenta o custo do capital de giro. A empresa utiliza o sistema de drawback para a
importação de insumos e matérias-primas.
Competitividade das exportações comprometida pelas condições do trânsito rodoviário até o porto
e por problemas relacionados com a operação portuária. Importações são efetuadas pela corporação
e não pela unidade fabril; mesmo assim, os operadores da unidade de Santa Cruz apontam que o
médio porte
Gerdau-Cosigua custo de importação é onerado pela burocracia da Receita Federal. A demora no despacho de
siderurgia (exportação anual de médio porte
insumos importados obriga a empresa a aumentar o estoque na fábrica, como medida para evitar a
US$23 milhões)
paralisação da produção. Os custos de produção da fábrica também são onerados pela escassez de
mão-de-obra qualificada na região e pela inexistência de serviços de transporte urbano em Santa
Cruz.
Exportação eventual devido à insuficiência de capacidade instalada – toda a produção é destinada
pultrudados de
para o mercado interno. 60% da matéria-prima consumida pela empresa é importada, em função do
Cogumelo fibra de vidro e eventual - pequenos
pequeno porte menor custo do produto importado, quando comparado com o similar fabricado no país. A empresa
produtos lotes
utilizada armazém alfandegado para reduzir o custo do capital de giro empregado na compra de
plásticos
insumos.
Exporta desde 1996 para a Argentina e se beneficia do acordo do Mercosul. Despacho da
pequeno porte
confecção mercadoria em geral por via aérea. Importação de tecidos constitui uma opção recente de compra
FredVic (exportação anual de eventual
em relação aos fornecedores domésticos e visa a reduzir os custos de produção das confecções. As
US$350 mil)
atividades de exportação e importação são geridas por despachante.
Fonte: informações fornecidas pelas empresas; classificação do exportador/importador, segundo o porte: (i) grande porte: exportação/importação anual superior a US$ 50 milhões; (ii) médio
porte: exportação/importação anual superior a US$ 10 milhões e inferior a US$ 50 milhões; (iii) pequeno porte: exportação/importação anual inferior a US$ 10 milhões; e (iv) eventual:
estabelecimento que registra exportações/importações de pequenos valores, mas não exporta ou importa todos os anos.
(*) as exportações e importações da Michelin não são registradas como operações da unidade fabril de Santa Cruz; são contabilizadas pelo escritório comercial da empresa localizado na Barra da
Tijuca, que para efeitos fiscais é o estabelecimento exportador/importador.
 
  16

4. Recomendações para o Aperfeiçoamento da Inserção Internacional da Zona Oeste

O diagnóstico desenvolvido nesta seção com base na avaliação quantitativa e qualitativa do


processo de inserção internacional das empresas da Zona Oeste permite definir algumas
medidas ou ações que podem propiciar uma melhor inserção internacional da região.

Sem a pretensão de esgotar a pauta de problemas que as empresas enfrentam é preciso atentar
para o fato de que as entrevistas revelam a preocupação recorrente das grandes empresas com
a infra-estrutura de transporte que serve à região. Em razão de seu porte, estas empresas
transportam grandes quantidades tanto de insumos, quanto de produtos acabados. A
precariedade da conservação das vias de acesso, notadamente a Avenida Brasil, os problemas
de tráfego e a falta de investimentos em novas vias tornam custosas as operações de logística,
aumentam o custo do capital de giro pela necessidade de manter estoques elevados e,
portanto, comprometem a competitividade da grande empresa. É óbvio que a superação destes
problemas depende da realização de investimentos públicos que melhorem as condições de
operação da Avenida Brasil e propiciem outras opções de acesso à região, a exemplo, do Anel
Rodoviário.

Além dos problemas de acessibilidade, todas as empresas de grande porte denunciaram as


condições precárias da infra-estrutura no porto do Rio de Janeiro e a demora no despacho das
mercadorias que resulta dos procedimentos adotados pela Receita Federal. Do ponto de vista
da infra-estrutura portuária, é preciso definir um plano de investimentos que melhore as
condições de operação dos portos, especialmente o do Rio de Janeiro que não atende a
contento as empresas que utilizam suas instalações. No que respeita aos obstáculos
burocráticos às importações de produtos, a introdução de mudanças que permitam a agilização
do processo de despacho aduaneiro depende da implantação de medidas a nível federal
voltadas para a melhora da qualidade de gestão e para a revisão dos procedimentos adotados
pela Receita Federal.

Todas as empresas entrevistadas, independentemente do seu tamanho manifestaram


preferência pelo uso de mão-de-obra local nas suas fábricas. Todavia, as empresas
estabelecidas no Distrito Industrial de Santa Cruz denunciaram a inexistência de linhas de
transporte público que liguem o Distrito aos bairros circunvizinhos. Desnecessário salientar
que é preciso que a prefeitura ofereça uma solução capaz de garantir uma oferta eficiente de
transporte coletivo nesta área da Zona Oeste. Ainda com relação à mão-de-obra local é notória
a falta de qualificação do pessoal empregado. Dado este problema, algumas empresas
sugerem que a ação pública na área educacional deveria estar voltada para a criação de uma
oferta local de cursos de formação e capacitação de mão-de-obra, que levasse em conta o
perfil dos trabalhadores e as especificidades das unidades produtivas que operam na região.

Há se considerar também a questão da pequena participação da PMEs na atividade


exportadora. Este não é um problema enfrentado apenas pelas PMEs da Zona Oeste. São
vários os estudos e os diagnósticos 11 que apontam para as dificuldades de inserção da PMEs
no comércio exterior, notadamente na atividade exportadora. Quando se trata de definir um
plano de ação para as PMEs é necessário considerar que qualquer iniciativa exitosa nessa área
depende de instituições capazes de liderar as iniciativas, criando motivações e conduzindo o
processo de capacitação das empresas. No caso da Zona Oeste é preciso avaliar a
                                                            
11
Ver a propósito o trabalho de MOTTA VEIGA, P.; MACHADO, J.B.; CARVALHO, M. (1998), Estudo do
Universo Exportador Brasileiro. Mict. Brasília.
  17

possibilidade de desenvolver programas a partir das associações comerciais locais com o


apoio técnico do Sebrae que, com é sabido, dispõe de larga experiência na implementação
desse tipo de iniciativa. Às associações caberá a mobilização das empresas, onde o elemento
motivacional deverá funcionar como a principal arma de cooptação das PMEs. Ao Sebrae
caberá a execução dos programas de capacitação, considerando-se inclusive as especificidades
e carências das empresas locais.

As exigências de capacitação e de estrutura de gerenciamento relacionadas com a inserção da


PME no comércio internacional são abrangentes e, via de regra, geram uma elevação dos
custos, mesmo quando a percepção de que os riscos associados à atividade exportadora são
baixos. O principal obstáculo à inserção internacional da PME está relacionado com a
inexistência de oferta exportadora, que se manifesta tanto pela insuficiência de recursos para
ampliar e modernizar a capacidade produtiva, quanto pela carência de recursos gerenciais
especializados para lidar com as práticas de comercialização exigidas nas operações com
mercados externos. Existem, portanto, alguns objetivos que devem compor a estratégia de
capacitação das PMEs, a destacar: (i) a eliminação das restrições de natureza quantitativa e
qualitativa à oferta exportável; (ii) o controle dos fatores internos à empresa que tornam a
operação de exportação mais custosa e menos rentável do que as vendas no mercado
doméstico; (iii) a identificação de oportunidades de negócios no mercado internacional, e (iv)
a projeção internacional de uma imagem de qualidade da empresa e de seus produtos.

Um programa que cumpra esses objetivos deve realizar, por intermédio de consultoria
gerencial e tecnológica, uma avaliação dos recursos das empresas, bem como da capacidade
destas de responder às iniciativas implementadas no âmbito do programa. A prestação de
diversos tipos de serviços diretamente relacionados às diferenças etapas de uma operação de
exportação ajudarão as empresas a superar os entraves específicos, permitindo a elaboração de
um planto consistente de negócios, a gestão adequada do processo, tanto no aspecto fiscal
quanto financeiro, e também a obtenção de condições favoráveis de transporte e de
financiamento.
 
  18

ANEXO
  19 

QUADRO A.1
Zona Oeste: Empresas Exportadoras (informações cadastrais)
RAZAO SOCIAL ENDERECO BAIRRO RA CEP CNPJ

Consuldent Equipamentos Medico-Odontologicos Ltda Rua Agricola 686 Bangu Bangu 21810090 04363307000108

Rudel Ravasco Servicos Ltda Estrada do Engenho 888 Bangu Bangu 21840000 02402487000164

Casa Publicadora Das Assembleias de Deus Avenida Brasil 34401 Bangu Bangu 21863000 33608332000102

Ivsom Instrumentos Musicais Ltda Travessa Santo Agostinho 29 Padre Miguel Bangu 21721500 07613471000114

Empresa Brasileira de Solda Elétrica S.A. - Ebse Av. Santa Cruz, 10.280 Santíssimo Bangu 23520-243 33220880000160

Grafica Irmaos Leal Ltda Albino de Paiva 238 Senador Camara Bangu 21830490 27020098000103

Long Beach Confeccoes Ltda Me Rua Olinda Ellis 661 Campo Grande Campo Grande 23017120 03233807000162

Fredvic Ind. de Roupas Ltda. Av. Brasil, 49.389, Km 50 Campo Grande Campo Grande 23065-480 33883448000150

Nucon - Rio Comercial e Distribuidora Ltda Rua Camaipi 670 Campo Grande Campo Grande 23052320 04666078000109

Giemac Mineração Ltda. Av. Brasil, 41432 Campo Grande Campo Grande 23095-700 28350304001099

Vesúvios Refratários Ltda. Av. Brasil, 49550 Distr. Indl. de Palmares Campo Grande Campo Grande 23065-480 30511844000168

Technew Com. e Ind. Ltda. Epp Rua Mario Mendes, 435 Campo Grande Campo Grande 23013-530 31258478000140
  20 

Sh Industria de Metalurgia e Servicos Ltda Rua Azhaury Mascarenhas 155 Campo Grande Campo Grande 23078520 07525932000105

Quaker Chemical Industria e Comercio Ltda Avenida Brasil 44178 Campo Grande Campo Grande 23078001 00999042000188

C. A. Wille Industria e Comercio de Roupas Estrada da Posse 3027 Campo Grande Campo Grande 23088000 07796403000138

Artesanato Lameirao Pequeno Ltda Estrada Lameirao Pequeno 78 Campo Grande Campo Grande 23017325 07601268000128

Recouro Ind. de Couro Reconstituído Ltda Av. Brasil, 50340 Campo Grande Campo Grande 23065-480 87193728000165

M.M.Relax Acessorios Ltda Osvino Ferreira Alves 195 Campo Grande Campo Grande 23090790 06068841000117

Primus Processamento de Tubos S.A. Protubo Rua Campo Grande, 3.760 Campo Grande Campo Grande 23063-000 42416792000120

Superpesa Industrial Ltda Avenida Brasil 42301 Campo Grande Campo Grande 23095700 30038152000144

Cogumelo Ind. e Com. Ltda. Av. Brasil, 44879 Campo Grande Campo Grande 23078-000 42200550000102

Art Latex Ind e Com de Artefatos de Latex Ltda Estr Rio Sao Paulo 255 Campo Grande Campo Grande 21853480 31908825000132

Cloral Ind. de Produtos Químicos Ltda. Estr. do Pedregoso, 4000 Campo Grande Campo Grande 23078-450 42593855000113

Carreteiro Alimentos Ltda Avenida Brasil 51000 Campo Grande Campo Grande 23065480 02892934000100

Brasil Stone Ltda. Av. Brasil, 50.500 Campo Grande Campo Grande 23065-480 3952200000132

Delly Kosmetic Com. e Ind. Ltda. Estr. do Pedregoso, 3.229 Cpo. Grande Campo Grande 23078-450 1567613000178
  21 

Metal Sales Schlenk do Brasil Com. e Ind. de Metais Distrito Industrial


Ltda. Estr. do Pedregoso, 3129 Campo Grand Campo Grande 23078-450 42564351000175

Transnova Comercio Internacional Ltda Rua Jornalista Geraldo Roch Jardim America Realengo 21240080 06935991000180

Mitjavila do Brasil- Componentes Para Toldos,


Importaca Rua Jornalista Geraldo Roch Jardim America Realengo 21240080 03559301000148

V.34 Alimentos Ltda Me Rodovia Presidente Dutra 70 Jardim America Realengo 21240001 03452108000103

Natec Equipamentos Ltda. Av. Meriti, 4940 Jd. América Realengo 21241-730 30457311000145

Procosa Produtos de Beleza Ltda. Rod. Pres. Dutra, 2611 e 2671 Jd. América Realengo 21535-500 33306929000445

Filipac Industrial e Comercial Ltda. - Me Rua Monsaras, 19 Magalhães Bastos Realengo 21735-050 40392698000152

Thermadyne Victor Ltda. Av. Brasil, 13629 Parada de Lucas Realengo 21012-351 2580640000143

Setha Industria Eletronica Ltda Rua Alvaro de Macedo 134 Parada de Lucas Realengo 21250620 30316830000193

Diz Ferramentaria e Estamparia Ltda Avenida Brasil 16699 Parada de Lucas Realengo 21241051 73794158000154

Camargo Soares Industria e Comercio de Madeiras


Ltda Rua Bernerdo de Vasconcelos Realengo Realengo 21715252 07165462000108

Brasilcraft Comercio de Artefatos de Couro Ltda Estrada da Agua Branca 3826 Realengo Realengo 21720161 06088958000162

G. Moretti Confecção Ltda. Rua Nilópolis, 120 Realengo Realengo 21720-040 2900440000120

Vertical do Ponto Industria e Com de Para Quedas Ltda Av G Benedito da Silveira S V Militar Deodoro Realengo 21853480 36111755000100

Marleous Equipamentos Ltda. Rua Otranto 1097 Vigario Geral Realengo 21241090 32113664000153
  22 

Comercio e Industria Medifar Ltda Rua Gregorio de Matos Vigario Geral Realengo 21240670 34121970000167

Never Industria e Comercio Ltda Etr Vigario Geral 371 Vigario Geral Realengo 21241100 31199029000178

Jolimode Roupas S.A. Rua Fernandes da Cunha, 326 Vigário Geral Realengo 21241-300 33016494000151

Silimed-Silicone e Instr. Méd. Cirurg. e Hospitalares


Ltda. Rua Figueiredo Rocha, 374 Vigário Geral Realengo 21240-660 29503802000104

Distrito Industrial
Sicpa Brasil Ltda. Rua Echaponã, 328 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-150 42596973000185

M. A. T. Gomes Bazar Rua Lucio Cardoso 317 Paciencia Sta. Cruz 23580000 02039631000140

Lacca S/A Industria e Comercio de Moveis Av Cesario de Melo 11572 Paciencia Sta. Cruz 23585126 42300616000128

Manufatura Zona Oeste S.A. Rua Pistoia, 102 Paciência Sta. Cruz 23590-000 29708492000156

Liarte Metalquimica Ltda Rua Darcy Pereira 164 Santa Cruz Sta. Cruz 23565190 17750886000193

Siegwerk Brasil Industria de Tintas Ltda Rua Echapora 328 Santa Cruz Sta. Cruz 23565150 07495017000106

Avanti-Carpet Industria Textil Ltda. Rua Agai 1861 Santa Cruz Sta. Cruz 23065620 29471364000131

Casa da Moeda do Brasil Cmb Rua Rene Bittencourt 371 Santa Cruz Sta. Cruz 23565200 34164319000506

Gerdau Acos Longos S.A. Avenida Joao Xxiii 6.777 Santa Cruz Sta. Cruz 23560900 07358761000169

Pan-Americana S.A. Indústrias Químicas Rua Nelson da Silva, 288 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 50142223000323
  23 

Fábrica Carioca de Catalisadores S.A. Rua Nelson da Silva, 663 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 28944734000148

Valesul Alumínio S.A. Estr. Aterrado do Leme, 1225 Sta. Cruz Sta. Cruz 23579-900 42590364000119

Sociedade Marmífera Brasileira Ltda. Av. Brasil, 49527 Sta. Cruz Sta. Cruz 23065-480 33151630000116

Ecolab Química Ltda. Rua Nelson da Silva, 375 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 536772000223

Hazafer do Brasil Ind. e Com. Ltda. Rua Macapá, 273 Sta. Cruz Sta. Cruz 23550-260 33430463000142

Focal Engenharia e Manutencao Ltda Avenida Marechal Fontenelle Campo Dos Afonsos Realengo 21740001 02068570000300
Fonte: Secex/MIDC
  24 

QUADRO A.2
Zona Oeste: Empresas Importadoras (informações cadastrais)
RAZAO SOCIAL ENDERECO BAIRRO RA CEP CNPJ

Glass Temper Bazar e Vidracaria Ltda. Epp Rua da Chita 235 Bangu Bangu 00000 03622733000156

Rudel Ravasco Servicos Ltda Estrada Do Engenho 888 Bangu Bangu 21840000 02402487000164

Angio Vita Servicos Medicos Ltda Rua Silva Cardoso 711 Bangu Bangu 21810031 00724052000100

Redecine - Rio Cinematografica Ltda Rua Fonseca 240 Bangu Bangu 21820020 07524011000209

Tourall Tecnologia De Veiculos Eletricos Ltda Rua Teceloes 119 Bangu Bangu 21820130 05493923000146

Oilequip Produtos e Serviços Ltda. Av. Brasil, 33.050, Esq. C, Estr. do Gerici Bangu Bangu 21852-001 31639701000107

Falmec Do Brasil Industria E Comercio Sa Rua Araquem 333 Bangu Bangu 21853480 04747159000125

Vidraçaria Bangu Ltda. Rua Sul América, 1.878-A Bangu Bangu 21875-011 27938828000141

Dalbani Comercial De Tecidos Ltda - Epp Rua Francisco Real 862 Padre Miguel Bangu 21810042 74238064000242

Nargetec Industria E Comercio Ltda Estrada Sete Riachos 3213 Santissimo Bangu 23097710 31625361000157

Empresa Brasileira De Solda Eletrica S A Ebse Avenida Santa Cruz 10280 Santissio Bangu 23520243 33220880000160

Casa Publicadora das Assembleias de Deus Av.Brasil, 34401 Senador Camara Bangu 21852-002 33608332000102

Superpesa Industrial Ltda Avenida Brasil 42301 Campo Grande Campo Grande 23095700 30038152000144

Pietra-2003 Comercio Industria Importacao E


Exportacao Estrada Do Encanamento 511 Campo Grande Campo Grande 23060000 05961013000140

Technew Com. e Ind. Ltda. Epp Rua Mario Mendes, 435 Campo Grande Campo Grande 23013-530 31258478000140
  25 

Cloral Industria de Produtos Quimicos Ltda Est do Pedregoso 4000 Campo Grande Campo Grande 23078450 42593855000113

Fredvic Industria De Roupas Ltda Avenida Brasil 49389 Campo Grande Campo Grande 23065480 33883448000150

Amalu Industria E Comercio Ltda. Estrada Rio Do A 1104 Campo Grande Campo Grande 23080300 02645774000103

Brasil Stone Ltda. Av. Brasil, 50.500 Campo Grande Campo Grande 23065-480 3952200000132

Recouro Ltda. Ind. de Couro Reconstituído Av. Brasil, 50340 Campo Grande Campo Grande 23065-480 87193728000165

Sh Formas Andaimes E Escoramentos Ltda Avenida Brasil 45208 Campo Grande Campo Grande 23078001 42292292000395

Craft Engenharia Ltda Estrada Do Pedregoso 2689 Campo Grande Campo Grande 23078450 29513405000105

W W Ind e Com de Ferramentas e Pecas Plasticas Ltda


Me Est do Mendanha 576 Campo Grande Campo Grande 23097003 29926771000196

Refrigerantes Convencao Rio Ltda Avenida Brasil 44148 Campo Grande Campo Grande 23078001 28293066000136

Silbene Industria E Comercio Ltda Rua Coronel Agostinho 52 Campo Grande Campo Grande 23050360 33606435000133

Quaker Chemical Indústria e Comércio S.A. Av. Brasil, 44178 Campo Grande Campo Grande 23078-001 00999042000188

Sh Industria De Metalurgia E Servicos Ltda Rua Azhaury Mascarenhas 155 Campo Grande Campo Grande 23078520 07525932000105

Art Latex Ind. e Com. de Artefatos de Látex Ltda. Estr. Rio-São Paulo, 255 Campo Grande Campo Grande 21853-480 31908825000132

Dancor S.A. Ind. Mecânica Av. Brasil, 49.259 Campo Grande Campo Grande 23078-001 33561853000151

Vke 80 Industria E Comercio De Cosmeticos Ltda.Me Rua Sao Germano 80 Campo Grande Campo Grande 23080570 07649178000107

Inpal S.A. Indústrias Químicas Av. Brasil, 42.401 Campo Grande Campo Grande 23095-700 33413527000105

Plasser do Brasil Comercio Ind e Representacoes Ltda R Campo Grande 3050 Campo Grande Campo Grande 23085360 42284562000154
  26 

Giemac Mineração Ltda. Av. Brasil, 41432 Campo Grande Campo Grande 23095-700 28350304001099

Dime Ltda Estrada do Mendanha 1051 Campo Grande Campo Grande 00000 04938495000155

Vesúvios Refratários Ltda. Av. Brasil, 49550 Distr. Indl. de Palmares Campo Grande Campo Grande 23065-480 30511844000168

Carreteiro Alimentos Ltda Avenida Brasil 51000 Campo Grande Campo Grande 23065480 02892934000100

Cogumelo Ind. e Com. Ltda. Av. Brasil, 44879 Campo Grande Campo Grande 23078-000 42200550000102

Superpesa Cia De Transportes Especiais E Intermodais Avenida Brasil 42.301 Campo Grande Campo Grande 23095700 42415810000159

Carreteiro Alimentos Ltda. Av. Brasil, 51000 Campo Grande Campo Grande 23065-480 14109664000106

C M E Comercio De Maquinas E Equipamentos Ltda Avenida Brasil 38500 Campo Grande Campo Grande 23095700 32300758000131

Trade Box Importacao E Exportacao Ltda Avenida Cesario De Melo 3311 Campo Grande Campo Grande 23050101 06226873000101

Primus Processamento De Tubos Sa Protubo Rua Campo Grande 3760 Campo Grande Campo Grande 23063000 42416792000120

Zzbn Importacao e Exportacao Ltda Rua Coronel Agostinho 76 Campo Grande Campo Grande 00000 06168811000182

Delly Kosmetic Com. e Ind. Ltda. Estr. do Pedregoso, 3.229 Cpo. Grande Campo Grande 23078-450 1567613000178

Metal Sales Schlenk do Brasil Com. e Ind. de Metais Distrito Industrial


Ltda. Estr. do Pedregoso, 3129 Campo Grand Campo Grande 23078-450 42564351000175

Geomax Equipamentos Ltda. Rua Gen. Correa e Castro, 305 Jd. América Realengo 21240-030 33012253000134

Procosa Produtos de Beleza Ltda. Rod. Pres. Dutra, 2611 e 2671 Jd. América Realengo 21535-500 33306929000445

Manufatura Produtos King Ltda Estrada Gal Canrobert Da Co 9 Magalhaes Bastos Realengo 21710400 33479445000155

Emco Ike Industria e Comercio Ltda Rua Coruripe 475 Marechal Hermes Realengo 21550000 03278416000164
  27 

Creimex-Comercial Importacao E Exportacao Ltda Rua Aurelio Valporto 47 Marechal Hermes Realengo 21555560 68746346000177

Tussor Confeccoes Ltda Rua Mauro 150 Parada De Lucas Realengo 21241110 07681643000197

Thermadyne Victor Ltda. Av. Brasil, 13629 Parada de Lucas Realengo 21012-351 2580640000143

Flexopack Embalagens Ltda Avenida Brasil 13741 Parada de Lucas Realengo 21010000 30707749000134

Setha Ind. Eletrônica Ltda. Rua Álvaro de Macedo, 134/144 Parada de Lucas Realengo 21250-620 30316830000193

Terasaki Do Brasil Ltda Rua Cordovil 259 Parada De Lucas Realengo 21250450 42416784000183

Brasilcraft Comercio De Artefatos De Couro Ltda Estrada Da Agua Branca 3826 Realengo Realengo 21720161 06088958000162

Vertical Do Ponto Industria E Com De Para Quedas


Ltda Av G Benedito Da Silveira S/N V Militar Deodoro Realengo 21853480 36111755000100

Jolimode Roupas S A Rua Fernandes Da Cunha 326 Vigario Geral Realengo 21241300 33016494000151

Sulatlantica Importadora e Exportadora Ltda. Rua Furquim Mendes, 100 Vigario Geral Realengo 21241-340 33375692000101

Fornox Brasil Industria E Comercio Ltda Rua Otranto C/Entr/Supl/R.M 1 Vigario Geral Realengo 21241090 06038191000167

Manchester Distribuidora De Ferro E Aco Ltda Avenida Meriti 5230 Vigario Geral Realengo 21240732 36072635000141

Lys Electronic Ltda Rua Saturno 45 Vigario Geral Realengo 21241150 33469867000140

Marleous Equipamentos Ltda. Rua Otranto 1097 Vigario Geral Realengo 21241090 32113664000153

Qualyglass Industria e Comercio de Vidros Ltda Avenida Brasil 15846 Vigario Geral Realengo 21241050 07114732000151

Marfreis Industria E Comercio De Bolsas Ltda Rua Gregorio De Mattos 159 Vigario Geral Realengo 21240670 02357505000133

Porto De Mar Comercio De Generos Alimenticios Ltda Rua Martinica 41 Vigario Geral Realengo 21241081 02895077000100
  28 

Silimed-Silicone e Instr. Méd. Cirurg. e Hospitalares


Ltda. Rua Figueiredo Rocha, 374 Vigário Geral Realengo 21240-660 29503802000104

Happy Confecções Ltda. Rua Otranto, 1.322 Vigário Geral Realengo 21241-090 28227650000193

Distrito Industrial
Sicpa Brasil Ltda. Rua Echaponã, 328 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-150 42596973000185

Santa Cruz Melting S/A Estrada Urucania 1356 Paciencia Sta. Cruz 23580140 29978806000130

Lacca S/A Industria E Comercio De Moveis Av Cesario De Melo 11572 Paciencia Sta. Cruz 23585126 42300616000128

Manufatura Zona Oeste S.A. Rua Pistoia, 102 Paciência Sta. Cruz 23590-000 29708492000156

Ecoparts Com. e Ind. Ltda. Rua Pistóia, 102, Parte Paciência Sta. Cruz 23590-300 03577587000194

Gerdau Acos Longos S.A. Avenida Joao Xxiii 6.777 Santa Cruz Sta. Cruz 23560900 07358761000169

Avanti-Carpet Industria Textil Ltda. Rua Agai 1861 Santa Cruz Sta. Cruz 23065620 29471364000131

Siegwerk Brasil Industria De Tintas Ltda Rua Echapora 328 Santa Cruz Sta. Cruz 23565150 07495017000106

Thyssenkrupp Csa Companhia Siderurgica Avenida Joao Xxiii S/N Santa Cruz Sta. Cruz 23560352 07005330000208

Molecular Brasil Limitada Avenida Padre Guilherme Dec 2 Santa Cruz Sta. Cruz 23575000 03122996000287

Casa da Moeda do Brasil Cmb R Rene Bittencourt, 371 Santa Cruz Sta. Cruz 23565-200 34164319000506

Ecolab Química Ltda. Rua Nelson da Silva, 375 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 536772000223

Fábrica Carioca de Catalisadores S.A. Rua Nelson da Silva, 663 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 28944734000148

Liarte Metalquímica Ltda. Rua Darcy Pereira, 164 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-190 17750886000193

Hazafer do Brasil Ind. e Com. Ltda. Rua Macapá, 273 Sta. Cruz Sta. Cruz 23550-260 33430463000142
  29 

Pan-Americana S.A. Indústrias Químicas Rua Nelson da Silva, 288 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 50142223000323

Valesul Alumínio S.A. Estr. Aterrado do Leme, 1225 Sta. Cruz Sta. Cruz 23579-900 42590364000119
Fonte: Secex/MIDC
  30 

QUADRO A.3
Zona Oeste: estabelecimentos exportadores e importadores por RA, segundo o tamanho
Exportação Importação Exportação Importação
(no. de estabelecimentos) (no. de estabelecimentos) (em %) (em %)
RA 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007

Bangu 4 4 4 7 7 9 8.9 8,0 8,3 13 10,4 12,9

Micro 2 1 2 - - 2 4.5 2,0 4,2 - - 2,9

Pequena 1 1 1 3 4 4 2.2 2,0 2,1 5,6 6 5,7

Especial - - - 1 1 1 - - - 1,9 1,5 1,4

Média 1 1 1 3 1 1 2.2 2,0 2,1 5,6 1,5 1,4

Grande - 1 - - 1 1 - 2,0 - - 1,5 1,4

Demais - - - - - - - - - - - -

Campo Grande 16 17 18 21 25 27 35.6 34,0 37,5 38,9 37,3 38,6

Micro 2 2 2 2 - 2 4.5 4,0 4,2 3,8 - 2,9

Pequena 4 7 7 5 11 9 8.9 14,0 14,6 9.3 16,4 12,9

Especial 2 2 2 1 1 1 4.5 4,0 4,2 1,9 1,5 1,4

Média 8 6 6 11 10 11 17.8 12,0 12,5 20,4 14,9 15,7

Grande - - 1 2 3 4 - - 2,1 3,8 4,5 5,7

Demais - - - - - - - - - - - -

Realengo 13 16 14 14 20 19 28.9 32,0 29,2 25,9 29,9 27,1

Micro 1 - - 2 3 2 2.2 - - 3,8 4,5 2,9

Pequena 7 9 7 4 6 5 15,6 18,0 14,6 7,4 9 7,1

Especial - - - 1 2 3 - - - 1,9 3 4,3

Média 2 4 4 4 6 6 4.5 8,0 8,3 7,4 9 8,6


  31 

Grande 3 3 3 3 3 3 6,7 6,0 6,3 5,6 3 4,3

Demais - - - - - - - - - - - -

Sta. Cruz 12 13 12 12 15 15 26.7 26,0 25 22,2 22,4 21,4

Micro 1 1 1 - - 1 2.2 2,0 2,1 - - 1,4

Pequena 1 - 1 1 2 2 2.2 - 2,1 1,9 3 2,9

Especial 1 1 1 - 2 2 2.2 2,0 2,1 - 3 2,9

Média 6 8 6 8 8 7 13,3 16,0 12,5 14,8 11,9 10,0

Grande 3 3 3 3 3 3 6,7 6,0 6,3 5,6 4,5 4,3

Demais - - - - - - - - - - - -

Total 45 50 48 54 67 70 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0


Fonte: Secex/MIDC
  32 

QUADRO A.4
Zona Oeste: exportação e importação por RA, segundo o tamanho
Exportação Importação Exportação Importação
(US$milhões) (US$milhões) (em %) (em %)
RA 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007

Bangu 0,0 0,7 0,7 1,8 1,9 3,5 0,0 0,1 0,1 1,1 0,7 1.3

Micro 0,0 0,0 0,0 - - 0,1 0,0 0,0 0,0 - - 0,0

Pequena 0,0 0,0 0,0 0,1 0,6 1,2 0,0 0,0 0,0 0,1 0,2 0,4

Especial - - - 1,1 1,2 1,6 - - - 0,7 0,4 0,6

Média 0,0 0,1 0,6 0,6 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,4 0,0 0,0

Grande - 0,5 - - 0,0 0,4 - 0,1 - - 0,0 0,1

Demais - - - - - - - - - - - -

Campo Grande 25,1 28,2 28,2 56,4 80,5 89,5 11,2 4,5 4,2 35,6 29,6 33,2

Micro 0,0 0,0 0,0 0,0 - 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - 0,0

Pequena 0,5 1,5 1,7 0,8 1,2 1,4 0,2 0,3 0,3 0,5 0,4 0,5

Especial 9,1 12,7 11,6 2,0 1,8 3,3 4,0 2,0 1,7 1,3 0,7 1,2

Média 15,5 14,1 14,9 40,5 62,0 66,0 6,9 2,3 2,2 25,6 22,8 24,5

Grande - - 0,0 13,1 15,6 18,8 - - 0,0 8,3 5,7 7,0

Demais - - - - - - - - - - - -

Realengo 41,3 44,7 66,3 39,7 38,6 52,2 18,3 7,2 9,9 25,0 14,2 19,4

Micro 0,0 - - 0,1 0,1 0,0 0,0 - - 0,1 0,0 0,0

Pequena 0,9 2,3 2,5 2,2 1,5 1,3 0,4 0,4 0,4 1,4 0,6 0,5

Especial - - - 11,6 12,8 17,2 - - - 7,3 4,7 6,4

Média 19,0 16,6 15,1 5,9 4,9 6,4 8,4 2.7 2,3 3,7 1,8 2,4
  33 

Grande 21,3 25,8 48,7 19,9 19,3 27,2 9,4 4,1 7,3 12,6 7,1 10,1

Demais - - - - - - - - - - - -

Sta. Cruz 159,3 552,8 575,4 60,6 151,1 124,0 70,9 88,3 85,8 38,2 55,5 46,1

Micro 0,0 0,0 0,0 - - 0,0 0,0 0,0 0,0 - - 0,0

Pequena 0,1 - 0,0 0,2 0,7 1,4 0,0 - 0,0 0,1 0,3 0,5

Especial 1,4 2,0 2,4 - 3,6 11,9 0,6 0,3 0,4 - 1,3 4,4

Média 16,5 20,5 18,1 22,3 20,4 29,4 7,3 3,3 2,7 14,1 7,5 10,9

Grande 141,3 530,3 554,9 38,2 126,4 81,3 62,6 84,7 82,7 24,1 46,5 30,2

Demais - - - - - - - - - - - -

total 225,7 626,3 670,7 158,5 272,1 269,2 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Secex/MIDC
  34 

QUADRO A.5
Zona Oeste: exportação e importação das distintas RAs, segundo o setor de atividade
Exportação Importação Exportação Importação
(US$milhões) (US$milhões) (em %) (em %)
RA 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007

Bangu 0,0 0,7 0,7 1,8 1,9 3,5 0,0 0,1 0,1 1,1 0,7 1,3

Agricultura - - - - - - - - - - - -

Comércio 0,0 0,0 0,0 1,2 1,4 2,5 0,0 0,0 0,0 0,8 0,5 0,9

Serviços - - - - - - - - - - - -

Indústria 0,0 0,7 0,6 0,6 0,3 0,7 0,0 0,1 0,1 0,4 0,1 0,3

Cons. Civil 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1

Demais - - - - - 0,1 - - - - - 0,0

Campo Grande 25,1 28,2 28,2 56,4 80,5 89,5 11,1 4,5 4,2 35,6 29,6 33,2

Agricultura - - - - - - - - - - - -

Comércio 0,0 - 0,0 13,1 15,3 17,3 0,0 - 0,0 8,3 5,6 6,4

Serviços - - - - 0,3 0,1 - - - - 0,1 0,0

Indústria 25,1 28,2 28,2 43,2 64,6 70,5 11,1 4,5 4,2 27,3 23,7 26,2

Cons. Civil - - - 0,1 0,4 1,6 - - - 0,1 0,1 0,6

Demais - - - - - - - - - - - -

Realengo 41,3 44,7 66,3 39,7 38,6 52,2 18,3 7,1 9,9 25,0 14,2 19,4

Agricultura - - - - - - - - - - - -

Comércio 0,1 0,6 0,8 12,7 12,8 16,0 0,0 0,1 0,1 8,0 4,7 5,9

Serviços - 0,1 0,0 - - - - 0,0 0,0 - - -


Indústria
  35 

41,0 44,0 65,5 27,0 25,7 36,2 18,2 7,0 9,8 17,0 9,4 13,4

Cons. Civil 0,2 - - - - - 0,1 - - - - -

Demais - - - - - - - - - - - -

Sta. Cruz 159,3 552,8 575,4 60,6 151,1 124,0 70,6 88,3 85,6 38,2 55,5 46,1

Agricultura - - - - - - - - - - - -

Comércio 0,0 0,0 0,0 - - - 0,0 0,0 0,0 - - -

Serviços - - - - - - - - - - - -

Indústria 159,3 552,8 575,4 60,6 151,1 124,0 70,6 88,3 85,6 38,2 55,5 124,0

Cons. Civil - - - - - 0,0 - - - - - 0,0

Demais - - - - - - - - - - - -

Total 225,7 626,3 670,7 158,5 272,1 269,2 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Secex/MIDC
  36 

QUADRO A.6
Zona Oeste: exportações das distintas RAs, ordenadas segundo o setor CNA2 (US$milhões)
Bangu Média Campo Grande Média Realengo Média Sta. Cruz Média
2005-2007 2005-2007 2005-2007 2005-2007
Edição, impressão e Fabricação de produtos de Fabricação de produtos
reprodução de gravações 0,26 minerais não-metálicos 15,81 químicos 31,79 Metalurgia básica 407,28
Fabricação de equipamentos
de instrumentação médico-
hospitalares, instrumentos de
precisão e ópticos,
equipamentos para
Fabricação de produtos automação industrial, Fabricação de produtos
Metalurgia básica 0,17 químicos 7,15 cronômetros e relógios 13,14 químicos 16,69

Preparação de couros e
Comércio varejista e fabricação de artefatos de
reparação de objetos couro, artigos de viagem e Fabricação de máquinas e Fabricação de produtos de
pessoais e domésticos 0,01 calçados 1,99 equipamentos 4,74 minerais não-metálicos 1,91

Atividades anexas e
auxiliares do transporte e Extração de minerais não- Comércio por atacado e Edição, impressão e
agências de viagem 0,01 metálicos 1,00 intermediários do comércio 0,49 reprodução de gravações 1,58

Confecção de artigos do Confecção de artigos do Fabricação de produtos


vestuário e acessórios 0,64 vestuário e acessórios 0,32 alimentícios e bebidas 0,84
  37 

Preparação de couros e
Fabricação de produtos de fabricação de artefatos de Fabricação e montagem de
metal - exclusive máquinas e couro, artigos de viagem e veículos automotores,
equipamentos 0,36 calçados 0,13 reboques e carrocerias 0,79

Fabricação de artigos de Serviços prestados Fabricação de móveis e


borracha e plástico 0,11 principalmente às empresas 0,06 indústrias diversas 0,05

Metalurgia básica 0,10 Construção 0,03

Fabricação de material
Comércio varejista e eletrônico e de aparelhos e
reparação de objetos pessoais equipamentos de
e domésticos 0,01 comunicações 0,03
Fabricação de produtos de
metal - exclusive máquinas e
equipamentos 0,02
Fabricação de produtos têxteis 0,01
Comércio varejista e
reparação de objetos pessoais
e domésticos 0,01
Sub-total 0,45 27,17 50,77 429,14

Total 507,53

% de participação de cada
região 0,09 5,35 10,00 84,55
Fonte: Secex/MIDC
  38 

QUADRO A.7
Zona Oeste: importações das distintas RAs, ordenadas segundo o setor CNA2 (US$milhões)

Bangu Média Campo Grande Média Realengo Média Sta. Cruz Média
2005-2007 2005-2007 2005-2007

Comércio varejista e
reparação de objetos Fabricação de produtos Fabricação de produtos
pessoais e domésticos 1,67 químicos 43,77 químicos 21,77 Metalurgia básica 80,34

Comércio por atacado e Comércio por atacado e Fabricação de produtos


Metalurgia básica 0,22 intermediários do comércio 15,23 intermediários do comércio 13,84 químicos 23,72
Fabricação de equipamentos
de instrumentação médico-
hospitalares, instrumentos de
precisão e ópticos,
equipamentos para
Edição, impressão e Fabricação de produtos de automação industrial, Edição, impressão e
reprodução de gravações 0,16 minerais não-metálicos 12,82 cronômetros e relógios 4,14 reprodução de gravações 5,54

Fabricação de máquinas e Fabricação de artigos de Fabricação de máquinas e Fabricação de produtos


equipamentos 0,15 borracha e plástico 1,35 equipamentos 1,43 têxteis 1,62

Preparação de couros e Fabricação de material


fabricação de artefatos de eletrônico e de aparelhos e Fabricação e montagem de
couro, artigos de viagem e equipamentos de veículos automotores,
Saúde e serviços sociais 0,10 calçados 0,64 comunicações 0,99 reboques e carrocerias 0,33
  39 

Aluguel de veículos, máquinas


e equipamentos sem
Atividades anexas e condutores ou operadores e
auxiliares do transporte e de objetos pessoais e Fabricação de máquinas, Fabricação de produtos
agências de viagem 0,05 domésticos 0,60 aparelhos e materiais elétricos 0,41 alimentícios e bebidas 0,30

Fabricação de produtos de
Atividades recreativas, metal - exclusive máquinas e Confecção de artigos do Fabricação de móveis e
culturais e desportivas 0,03 equipamentos 0,33 vestuário e acessórios 0,38 indústrias diversas 0,05

Fabricação de produtos
Não classificadas 0,02 alimentícios e bebidas 0,25 Fabricação de produtos têxteis 0,27

Preparação de couros e
fabricação de artefatos de
Comércio por atacado e Fabricação de máquinas e couro, artigos de viagem e
intermediários do comércio 0,01 equipamentos 0,13 calçados 0,20
Fabricação de produtos de
metal - exclusive máquinas Fabricação de produtos de
e equipamentos 0,01 Construção 0,13 minerais não-metálicos 0,02

Metalurgia básica 0,10


  40 

Atividades anexas e auxiliares


do transporte e agências de
viagem 0,10
Sub-total 2,41 75,44 43,46 111,90

Total 233,21

% de participação de cada
região 1,03 32,35 18,64 47,98
Fonte: Secex/MIDC
  41 

QUADRO A.8
Empresas Exportadoras e Produtos Sistema Harmonizado (NCM a 6 dígitos)
Produto
Nome da empresa SH Website
Consuldent Equipamentos Medico-
Odontologicos Ltda
Outros agentes de apresto ou acabamento,
Rudel Ravasco Servicos Ltda aceleradores de tingimento ou de fixação e outros www.rudelravasco.com.br
380991 produtos para a indústria têxtil ou indústrias similares
350790 Outras enzimas preparadas
Outras preparações tensoativas e preparações para
340290 lavagem e limpeza
283911 Metassilicatos de sódio
Outras matérias minerais naturais ativadas; negros
380290 de origem animal

291570 Ácidos palmítico, ácido esteárico, seus sais e ésteres


380910 Preparações à base de matérias amiláceas
320414 Corantes diretos e suas preparações
Outras matérias corantes orgânicas sintéticas e suas
320419 preparações
282739 Outros cloretos
282731 Cloreto de magnésio

Casa Publicadora Das www.cpad.com.br


Assembleias de Deus 490199 Outros livros, brochuras e impressos semelhantes
Outros jornais e publicações periódicas ou
490290 impressos, mesmo ilustrados
Obras cartográficas, impressas sob a forma de livros
490591 ou brochuras
Impressos publicitários, catálogos comerciais e
491110 semelhantes
  42 

852340 Suportes ópticos, para gravação e reprodução


Outros suportes para gravação de som ou
852380 semelhantes
491199 Outros impressos
Livros de registro, de contabilidade, blocos de notas,
482010 agendas e artigos semelhantes
Outras máquinas e aparelhos de escritório,
847290 máquinas para uso bancário e semelhantes
Discos, fitas e outros suportes magnéticos para
852329 gravação
Outros artigos de papel ou cartão, para escritório ou
482090 papelaria
490599 Outros obras cartográficas, impressas
847170 Unidades de memória
Instrumentos musicais de percussão (tambores,
Ivsom Instrumentos Musicais Ltda 920600 caixas, xilofones, pratos, castanholas e maracas)
Reservatório, tonéis, cubas e recipientes
Empresa Brasileira de Solda semelhantes, de ferro fundido, ferro ou aço, de
730900 www.ebse.com.br
Elétrica S.A. - Ebse capacidade > 300 litros, sem dispoditivos mecânicos
nem térmicos
Grafica Irmaos Leal Ltda
Maiôs e biquínis, de banho, exceto de malha, de uso
Long Beach Confeccoes Ltda Me 621112 feminino
392321 Sacos, bolsas, cartuchos, de polímeros de etileno
Livros, brochuras, impressos semelhantes, em folhas
490110 soltas, mesmo dobradas
Bolsas, mesmo com tiracolo ou sem alças, com a
420222 superfície exterior de plástico ou de matérias têxteis
621120 Macacões e conjuntos, de esqui, exceto de malha
Calças, jardineiras, bermudas e shorts, de fibras
620463 sintéticas, de uso feminino
Shorts e sungas, de banho, exceto de malha, de uso
621111 masculino
  43 

Calças, jardineiras, bermudas e shorts, de fibras


620343 sintéticas, de uso masculino
620442 Vestidos de algodão, de uso feminino
Corpetes, calcinhas, penhoares e artefatos
620892 semelhantes, de fibras sintéticas ou artificiais
Impressos publicitários, catálogos comerciais e
491110 semelhantes
620443 Vestidos de fibras sintéticas, de uso feminino
Camisas, blusas, blusas chemisiers, de fibras
620640 sintéticas ou artificiais, de uso feminino
Calças, jardineiras, bermudas e shorts, de malha, de
610462 algodão, de uso feminino
Camisas, blusas, blusas chemisier, de malha, de
610620 fibras sintéticas ou artificiais, de uso feminino
Fredvic Ind. de Roupas Ltda. 620520 Camisas de algodão, de uso masculino www.fredvic.com.br
Camisas, blusas, blusas chemisiers, de algodão, de
620630 uso feminino
Tortas e outros resíduos sólidos da extração do óleo
230400 de soja
Concentrados de proteínas e substâncias protéicas
210610 texturizadas
Camisas de outras matérias têxteis, de uso
620590 masculino
Camisas, blusas, blusas chemisiers, de outras
620690 matérias têxteis, de uso feminino
620449 Vestidos de outras matérias têxteis, de uso feminino
Saias e saias-calças, de outras matérias têxteis, de
620459 uso femini
Nucon - Rio Comercial e
Distribuidora Ltda
Granito, talhado ou serrado, de superfície plana ou www.giemac.com.br
Giemac Mineração Ltda. 680223 lisa
  44 

Granito, cortado em blocos ou placas de forma


251612 quadrada ou retangular
680293 Granitos trabalhados de outro modo e suas obras
Outros produtos cerâmicos refratários, contendo em
Vesúvios Refratários Ltda. 690320 peso > 50% de alumina ou alumina e sílica
Tijolos, placas, ladrilhos e peças cerâmicas
semelhantes, para construção, refratários, contendo
> 50% em peso de alumina e/ou sílica, ou de uma
690220 mistura destes produtos
690390 Outros produtos cerâmicos refratários
Partes de conversores, lingoteiras e máquinas de
845490 vazar, para metalurgia, aciaria ou fundição
Máquinas de vazar (moldar), para metalurgia, aciaria
845430 ou fundição
Outros tijolos, placas, ladrilhos e peças cerâmicas,
690290 para construção, refratários
Outras obras forjadas ou estampadas, de ferro ou
732619 aço
Obras de grafita ou de outros carbonos, para usos
681510 não elétricos
Cimentos, argamassas, concretos e composições
381600 semelhantes, refratários
Motores hidráulicos, de movimento retilíneo
841221 (cilindros)
Outros mós de diamante natural ou sintético,
680421 aglomerado
732020 Molas helicoidais de ferro ou aço
Lãs de escórias de altos-fornos, de outras escórias,
lã de rocha e lãs minerais semelhantes, mesmo
680610 misturadas entre si, em massa, em folhas ou rolos
Calendários impressos, inclusive blocos-calendário
491000 para desfolhar
681490 Outras obras de mica trabalhada
  45 

Outros produtos e preparações das indústrias


químicas e conexas não incluídos em outras www.technewindustria.com.br
Technew Com. e Ind. Ltda. Epp 382490 posições
901849 Outros instrumentos e aparelhos para odontologia
Categutes esterilizados e materiais esterilizados
semelhantes para suturas cirúrgicas; laminárias
esterilizadas, hemostáticos absorvíveis esterilizados,
barreiras antiaderentes esterilizadas, para cirugia ou
300610 odontologia.
Cimentos e outros produtos para obturação dentária
300640 e para reconstituição óssea
Pastas para modelar, ceras para dentistas e outras
340700 composições para dentistas à base de gesso
Outras pedras preciosas ou semipreciosas,
710399 trabalhadas de outro modo
330690 Outras preparações para higiene bucal ou dentária
391000 Silicones, em formas primárias
Outras obras de plásticos e obras de outras matérias
392690 das posições 39.01 a 39.04
381519 Outros catalisadores em suporte
Pincéis e escovas para artistas, pincéis de escrever
e semelhantes para aplicação de produtos
960330 cosméticos
761699 Outras obras de alumínio
Artigos e aparelhos ortopédicos ou para fraturas,
902110 inclusive partes e acessórios
Outros instrumentos e aparelhos para medicina,
901890 cirurgia ou veterinária
Outras preparações químicas (fixadores,
reveladores) para usos fotográficos, exceto vernizes,
colas ou adesivos, dosados ou acondicionados para
370790 venda a retalho
  46 

Sh Industria de Metalurgia e Material para andaimes, armações e escoramentos,


Servicos Ltda 730840 de ferro fundido, ferro ou aço
Outros artefatos para apetrechamento de
392590 construções, de plásticos
Outros, chapas, barras, tubos e semelhantes, de
761090 alumínio, para construções
Quaker Chemical Industria e Agentes orgânicos de superfície, não iônicos, www.quakerchem.com
Comercio Ltda 340213 mesmo acondicionados para venda a retalho
Outras preparações contendo óleos de petróleo ou
340319 de minerais betuminosos
Outros ácidos monocarboxílicos acíclicos saturados,
seus anidridos, peróxidos e perácidos e seus
291590 derivados
Outros óleos de petróleo ou de minerais
271019 betuminosos e preparações, exceto desperdícios
Outras preparações tensoativas e preparações para
340290 lavagem e limpeza
Outros ácidos policarboxílicos acíclicos, seus
anidridos, halogenetos, peróxidos, perácidos e seus
291719 derivados
390720 Outros poliéteres, em formas primárias
C. A. Wille Industria e Comercio de
Roupas 620449 Vestidos de outras matérias têxteis, de uso feminino
Saias e saias-calças, de outras matérias têxteis, de
620459 uso feminino
Camisas, blusas, blusas chemisiers, de outras
620690 matérias têxteis, de uso feminino
Camisetas (t-shirts) e camisetas interiores, de malha,
610910 de algodão
Saias e saias-calças, de fibras sintéticas, de uso
620453 feminino
630720 Cintos e coletes salva-vidas
  47 

Camisas, blusas, blusas chemisiers, de fibras


620640 sintéticas ou artificiais, de uso feminino
Camisas, blusas, blusas chemisiers, de algodão, de
620630 uso feminino
620442 Vestidos de algodão, de uso feminino
Calças, jardineiras, bermudas e shorts, de algodão,
620462 de uso feminino
621710 Outros acessórios de vestuário, confeccionados
Outros mantôs, anoraques e semelhantes, de
620292 algodão, de uso feminino
Outros mantôs, anoraques e semelhantes, de outras
620299 matérias têxteis, de uso feminino
Tailleurs (fatos de saia-casaco), de outras matérias
620419 têxteis, de uso feminino
Saias e saias-calças, de malha, de outras matérias
610459 têxteis, de uso feminino

Artesanato Lameirao Pequeno Ltda 711790 Outras bijuterias


Chapéus e outros artefatos de uso semelhante,
650400 entrançados por tiras, de qualquer matéria
Outras obras de pedras ou de outras matérias
681599 minerais
Outras obras de pedras preciosas ou semipreciosas,
711620 ou de pedras sintéticas ou reconstituídas
Artefatos de joalharia, de metais comuns folheados
711320 ou chapeados de metais preciosos - jóias
Artigos do tipo dos normalmente levados nos bolsos
ou bolsas, com a superfície exterior de outras
420239 matérias
Agarbate e outras preparações odoríferas que atuem
330741 por combustão
441900 Artefatos de madeira, para mesa ou cozinha
  48 

711719 Outras bijuterias de metais comuns


Bolsas, mesmo com tiracolo ou sem alças, com a
420222 superfície exterior de plástico ou de matérias têxteis
Outros tapetes e revestimentos para pavimentos, de
570500 matérias têxteis
Recouro Ind. de Couro Couro reconstituído, à base de couro ou de fibras de www.recouro.com.br
Reconstituído Ltda 411510 couro, em placas, folhas ou tiras, mesmo enroladas
Outras escovas que constituam partes de máquinas,
960350 aparelhos ou de veículos
Outros agentes de apresto ou acabamento,
aceleradores de tingimento ou de fixação e outros
380991 produtos para a indústria têxtil ou indústrias similares
M.M.Relax Acessorios Ltda
Primus Processamento de Tubos Outros acessórios para soldar topo a topo, de ferro www.protubo.com.br
S.A. Protubo 730793 fundido, ferro ou aço
Superpesa Industrial Ltda 848350 Volantes e polias, incluídas as cadernais
Outras obras de plásticos e obras de outras matérias www.cogumelo.com.br
Cogumelo Ind. e Com. Ltda. 392690 das posições 39.01 a 39.04
Outros artefatos para apetrechamento de
392590 construções, de plásticos
761699 Outras obras de alumínio
701931 Esteiras (mats) de fibras de vidro, não tecidos
Moldes para moldagem de borracha ou plásticos, por
848071 injeção ou compressão
Outros ácidos monocarboxílicos acíclicos saturados,
seus anidridos, peróxidos e perácidos e seus
291590 derivados
  49 

Triciclos, patinetes, carros de pedais e outros


brinquedos semelhantes de rodas; carrinhos para
bonecos; bonecos; outros brinquedos; modelos http://www.artlatex.com.br
reduzidos e modelos semelhantes para divertimento,
Art Latex Ind e Com de Artefatos mesmo animados; quebra-cabeças (“puzzles”) de
de Latex Ltda 950300 qualquer tipo.
Cloral Ind. de Produtos Químicos www.cloral.com.br
Ltda. 282732 Cloreto de alumínio
Feijão comum, seco, em grão, mesmo pelado ou
Carreteiro Alimentos Ltda 71333 partido
100620 Arroz (cargo ou castanho), descascado
Brasil Stone Ltda. 680293 Granitos trabalhados de outro modo e suas obras www.brasilstone.com

www.alfaparf.com
Delly Kosmetic Com. e Ind. Ltda. 330590 Outras preparações capilares
330510 Xampus para os cabelos
Peróxido de hidrogênio (água oxigenada), mesmo
284700 solidificado com uréia
Impressos publicitários, catálogos comerciais e
491110 semelhantes
Preparações para ondulação ou alisamento
330520 permanentes dos cabelos
841939 Outros secadores
Partes de aparelhos e dispositivos para tratamento
de matérias por meio de operações que impliquem
841990 mudança de temperatura
Vestuário e seus acessórios, inclusive luvas, mitenes
392620 e semelhantes, de plásticos
Outros artigos de higiene ou de toucador, de
392490 plásticos
290519 Outros monoálcoois saturados
Roupas de toucador ou de cozinha, de tecidos
630260 atoalhados, de algodão
  50 

481940 Outros sacos, bolsas e cartuchos, de papel ou cartão


491191 Estampas, gravuras e fotografias
Pincéis e escovas para artistas, pincéis de escrever
e semelhantes para aplicação de produtos
960330 cosméticos
Bolsas, mesmo com tiracolo ou sem alças, com a
420222 superfície exterior de plástico ou de matérias têxteis
Metal Sales Schlenk do Brasil
Com. e Ind. de Metais Ltda. 760320 Pós de estrutura lamelar; escamas, de alumínio
Transnova Comercio Internacional
Ltda 481390 Outros papéis para cigarros
Outros papéis, cartões, pasta de celulose e mantas
de fibras de celulose, cortados em forma própria, e
482390 suas obras
940360 Outros móveis de madeira
Quadros, pinturas e desenhos, feitos inteiramente à
970110 mão
Maiôs e biquínis, de banho, de malha, de fibras
611241 sintéticas, de uso feminino
Esquis aquáticos e outros equipamentos para prática
950629 de esportes aquáticos
Louças, outros artigos de uso da espécie doméstica
e de higiene ou de toucador, de cerâmica, exceto de
691200 porcelana
Sucos de outras frutas ou de produtos hortícolas,
200980 não fermentados
701322 Copos com pé, de cristal de chumbo
Calçados de borracha ou plástico, com parte
superior em tiras ou correias, com saliências
640220 (espigões) que se encaixam na sola - sapatos
Calças, jardineiras, bermudas e shorts, de fibras
620343 sintéticas, de uso masculino
  51 

Artigos e equipamentos para outros esportes ou


950699 jogos ao ar livre; piscinas, incluídas as infantis
620520 Camisas de algodão, de uso masculino
Outros artefatos de uso doméstico e suas partes, de
732393 aços inoxidáveis
340600 Velas, pavios, círios e artigos semelhantes

Mitjavila do Brasil- Componentes


Para Toldos, Importaca

Cairo (fibras de coco), abacá (cânhamo-de-manilha


ou Musa textilis Nee), rami e outras fibras têxteis
vegetais não especificadas nem compreendidas
noutras posições, em bruto ou trabalhados, mas não
fiados; estopas e desperdícios destas fibras
V.34 Alimentos Ltda Me 530500 (incluídos
Outras máquinas e aparelhos mecânicos com função www.natec.com.br
Natec Equipamentos Ltda. 847989 própria
843110 Partes das máquinas e aparelhos da posição 8425
Outros aparelhos elevadores ou transportadores, de
842839 ação contínua, para mercadorias
www.loreal.com.br
Procosa Produtos de Beleza Ltda. 330590 Outras preparações capilares
Outros produtos de beleza ou de maquilagem
330499 preparados
330510 Xampus para os cabelos
330720 Desodorantes corporais e antiperspirantes
Preparações para ondulação ou alisamento
330520 permanentes dos cabelos
Sabões, produtos ou preparações tensoativos de
340111 toucador, incluídos os de uso medicinal
Outros politerpenos, polissulfetos, polissulfonas, em
391190 formas primárias
  52 

Caixas e cartonagens, dobráveis, de papel ou cartão,


481920 não ondulados
340120 Sabões sob outras formas
Outras misturas de substâncias odoríferas utilizadas
330290 como matéria básica para a indústria
Rolhas, tampas, cápsulas e outros dispositivos para
392350 fechar recipientes, de plástico
Recipientes tubulares, flexíveis, de alumínio, de
capacidade <= 300 litros, sem dispositivos
761210 mecânicos ou térmicos
Agentes orgânicos de superfície, não iônicos,
340213 mesmo acondicionados para venda a retalho
Garrafões, garrafas, frascos, artigos semelhantes, de
392330 plásticos
481940 Outros sacos, bolsas e cartuchos, de papel ou cartão
Filipac Industrial e Comercial Ltda. Outras máquinas e aparelhos para empacotar ou
- Me 842240 embalar mercadorias
842290 Partes de máquinas e aparelhos da posição 8422
760519 Outros fios de alumínio não ligado
Outras máquinas e aparelhos a gás, para têmpera www.thermadyne.com.br
Thermadyne Victor Ltda. 846820 superficial
Partes de máquinas e aparelhos para soldar e de
846890 máquinas e aparelhos a gás para têmpera superficial
848110 Válvulas redutoras de pressão
846810 Maçaricos de uso manual
Torneiras e outros dispositivos semelhantes para
canalizações, caldeiras, reservatórios, cubas e
848180 outros recipientes
Aparelhos de ozonoterapia, de oxigenoterapia, de
901920 aerossolterapia e outros de terapia respiratória
Partes de válvulas, torneiras e outros dispositivos
848190 semelhantes
  53 

Instrumentos e aparelhos para medida ou controle


902620 da pressão dos líquidos ou gases
Tubos flexíveis de ferro ou aço, mesmo com
830710 acessórios
Micrômetros, paquímetros; calibres e semelhantes
(instrumentos de medida de distância, de uso
901730 manual)
741220 Acessórios para tubos de ligas de cobre
Arruelas de pressão e de segurança, não roscadas,
731821 de ferro fundido, ferro ou aço
848130 Válvulas de retenção
Outros artefatos de vidro, para laboratório, higiene e
701790 farmácia
830790 Tubos flexíveis de outros metais comuns
Alto-falante único montado no seu próprio
www.sethaeletronica.com.br
Setha Industria Eletronica Ltda 851821 receptáculo
Diz Ferramentaria e Estamparia Partes e acessórios para contadores de gases,
Ltda 902890 líquidos ou de eletricidade
Camargo Soares Industria e
Comercio de Madeiras Ltda
Bolsas, mesmo com tiracolo ou sem alças, com a
Brasilcraft Comercio de Artefatos superfície exterior de couro natural, reconstituído ou
de Couro Ltda 420221 envernizado
Bolsas, mesmo com tiracolo ou sem alças, com a
420222 superfície exterior de plástico ou de matérias têxteis
Artigos do tipo dos normalmente levados nos bolsos
ou bolsas, com a superfície exterior de couro natural,
420231 reconstituído ou envernizado
Artigos do tipo dos normalmente levados nos bolsos
ou bolsas, com a superfície exterior de folhas de
420232 plástico ou de matérias têxteis
  54 

Malas, maletas, pastas e artefatos semelhantes, com


a superfície exterior de plástico ou de matérias
420212 têxteis
Cintos, cinturões, bandoleiras ou talabartes de couro
420330 natural ou reconstituído
Malas, maletas, pastas e artefatos semelhantes, com
a superfície exterior de couro natural ou reconstituído
420211 ou de couro envernizado
Outros calçados com solas exteriores de borracha ou
640590 plástico - sapatos
711719 Outras bijuterias de metais comuns
Artefatos de ourivesaria e suas partes, de outros
metais preciosos, mesmo revestidos, folheados ou
711419 chapeados de metais preciosos - jóias
Outros fechos, fivelas e artefatos semelhantes, de
830890 metais comuns, para vestuário, calçados, bolsas
Maiôs e biquínis, de banho, de malha, de fibras
G. Moretti Confecção Ltda. 611241 sintéticas, de uso feminino
Abrigos (fatos de treino) para esporte e outro
vestuário não classificado em outra parte, de outras
621149 matérias têxteis, de uso feminino
Outro vestuário de malha, de fibras sintéticas ou
611430 artificiais
Vestidos de malha, de fibras sintéticas, de uso
610443 feminino
Calças, jardineiras, bermudas e shorts, de malha, de
610463 fibras sintéticas, de uso feminino
Estatuetas e outros objetos, de madeira, para
442010 ornamentação
Camisas, blusas, blusas chemisier, de malha, de
610620 fibras sintéticas ou artificiais, de uso feminino
Manequins e artigos semelhantes; autômatos e
961800 cenas animadas, para vitrines e mostruários
  55 

Saias e saias-calças, de malha, de fibras sintéticas,


610453 de uso feminino
481940 Outros sacos, bolsas e cartuchos, de papel ou cartão
Vertical do Ponto Industria e Com Bolsas, mesmo com tiracolo ou sem alças, com a
de Para Quedas Ltda 420229 superfície exterior de outras matérias
Marleous Equipamentos Ltda. 390210 Polipropileno, em forma primária
Outras obras de plásticos e obras de outras matérias
392690 das posições 39.01 a 39.04
Outros polímeros de propileno ou de outras olefinas,
390290 em formas primárias
711719 Outras bijuterias de metais comuns
Outros barcos e embarcações de recreio ou de
890399 esporte; barcos a remo e canoas
390220 Polisobutileno, em forma primária
Esquis aquáticos e outros equipamentos para prática
950629 de esportes aquáticos

Comercio e Industria Medifar Ltda

Never Industria e Comercio Ltda 330590 Outras preparações capilares


330510 Xampus para os cabelos
330610 Dentifrícios
Preparações para ondulação ou alisamento
330520 permanentes dos cabelos
Jolimode Roupas S.A. 621210 Sutiãs e bustiers (soutiens de cós alto) www.duloren.com.br
610822 Calcinhas de malha, de fibras sintéticas ou artificiais
621230 Modeladores de torso inteiro (cintas soutiens)
610821 Calcinhas de malha de algodão
621220 Cintas e cintas-calças
Espartilhos, suspensórios, ligas, e artefatos
621290 semelhantes, e suas partes
  56 

Silimed-Silicone e Instr. Méd.


Cirurg. e Hospitalares Ltda. 902131 Próteses articulares
Válvulas cardíacas, lentes intra-oculares e outros
artigos e aparelhos de prótese, inclusive partes e
902139 acessórios
Outras obras de plásticos e obras de outras matérias
392690 das posições 39.01 a 39.04
Sicpa Brasil Ltda. 321519 Outras tintas de impressão
321511 Tintas de impressão pretas
Outras tintas e vernizes; pigmentos a água
321000 preparados, utilizados para acabamento de couros
M. A. T. Gomes Bazar 711790 Outras bijuterias
Outras pedras sintéticas ou reconstituídas, em bruto
710420 ou simplesmente serradas ou desbastadas
Metais comuns folheados ou chapeados de prata,
710700 em formas brutas ou semimanufaturadas
Metais comuns ou prata, folheados ou chapeados de
710900 ouro, em formas brutas ou semimanufaturadas
Lacca S/A Industria e Comercio de
Moveis 940350 Móveis de madeira para quartos de dormir
940330 Móveis de madeira para escritórios
940161 Assentos estofados, com armação de madeira
Manufatura Zona Oeste S.A.
Liarte Metalquimica Ltda
Siegwerk Brasil Industria de Tintas
Ltda 321519 Outras tintas de impressão
Outros ácidos nucleicos e seus sais e outros
293499 compostos heterocíclicos
Outros produtos e preparações das indústrias
químicas e conexas não incluídos em outras
382490 posições
  57 

Tapetes e outros revestimentos para pavimentos, de


náilon ou de outras poliamidas, tufados, mesmo
Avanti-Carpet Industria Textil Ltda. 570320 confeccionados
Casa da Moeda do Brasil Cmb 711890 Outras moedas www.casadamoeda.com.br
Impressos publicitários, catálogos comerciais e
491110 semelhantes
Outros papéis, cartões, pasta de celulose e mantas
481190 de fibras de celulose, em rolos ou folhas
Perfis de ferro ou aços não ligados, em L, laminados,
estirados ou extrudados a quente, de altura < 80 mm www.acominas.com.br
Gerdau Acos Longos S.A. 721621 - siderúrgicos
Barras de ferro ou aços não ligados, laminadas a
quente, de seção transversal retangular -
721491 siderúrgicos
Fio-máquina de ferro ou aços não ligados, de seção
721391 circular de diâmetro < 14 mm - siderúrgicos
Barras de ferro ou aços não ligadas, laminadas a
quente, dentadas, com nervuras, sulcos ou relevos,
obtidos durante a laminagem, ou torcidas após a
721420 laminagem - siderúrgicos
Fios de ferro ou aços não ligados, galvanizados -
721720 siderúrgicos
Fio-máquina de ferro ou aços não ligados, dentados,
com nervuras, sulcos ou relevos, obtidos durante a
721310 laminagem - siderúrgicos
Produtos semimanufaturados, de ferro ou aços, não
ligados, contendo em peso < 0,25% de carbono, de
seção transversal quadrada ou retangular e largura <
720711 2 vezes a espessura - siderúrgicos
Perfis de ferro ou aços não ligados, em L ou T,
laminados, estirados ou extrudados a quente, altura
721640 => 80 mm - siderúrgicos
Tachas, pregos, percevejos e artefatos semelhantes,
731700 de ferro fundido, ferro ou aço
  58 

Perfis de ferro ou aços não ligados, em U, I ou H,


laminados, estirados ou extrudados a quente, de
721610 altura < 80 mm - siderúrgicos
Arame farpado, arames ou tiras retorcidos, de ferro
731300 ou aço, dos tipos utilizados em cercas
Perfis de ferro ou aços não ligados, em U,
laminados, estirados ou extrudados a quente, altura
721631 => 80 mm - siderúrgicos
Perfis de ferro ou aços não ligados, em I, laminados,
estirados ou extrudados a quente, altura => 80 mm -
721632 siderúrgicos
Fios de ferro ou aços não ligados, não revestidos,
721710 mesmo polidos - siderúrgicos
Outras barras de ferro ou aços não ligados, estiradas
721499 ou extrudadas a quente - siderúrgicos
Pan-Americana S.A. Indústrias www.panamericana.com.br
Químicas 390930 Outras resinas amínicas, em formas primárias
Fábrica Carioca de Catalisadores www.fccsa.com.br
S.A. 381590 Outras preparações catalíticas
Catalisador em suporte, tendo como substância ativa
um metal precioso ou um composto de metal
381512 precioso
Valesul Alumínio S.A. 760120 Ligas de alumínio, em formas brutas www.valesul.com.br
760110 Alumínio não ligado em forma bruta
Sociedade Marmífera Brasileira Granito, talhado ou serrado, de superfície plana ou www.marmifera.com.br
Ltda. 680223 lisa
Granito, cortado em blocos ou placas de forma
251612 quadrada ou retangular
Outros artigos de transporte ou de embalagem, de
Ecolab Química Ltda. 392390 plásticos
Outras preparações tensoativas e preparações para
340290 lavagem e limpeza
282890 Outros hipocloritos, cloritos e hipobromitos
  59 

Produtos e preparações orgânicos tensoativos


destinados à lavagem de pele, acondicionados para
340130 venda a retalho
Malas, maletas, pastas e artefatos semelhantes, com
a superfície exterior de plástico ou de matérias
420212 têxteis
380894 Desinfetantes
Outros acessórios para tubos, de ferro fundido, ferro
730799 ou aço
Outros produtos e preparações das indústrias
químicas e conexas não incluídos em outras
382490 posições
Outros tubos de aços inoxidáveis, soldados, de
730640 seção circular
741220 Acessórios para tubos de ligas de cobre
731816 Porcas de ferro fundido, ferro ou aço
732690 Outras obras de ferro ou aço
Outros parafusos e pinos ou pernos, mesmo com as
731815 porcas e arruelas, de ferro fundido, ferro ou aço
Outras obras forjadas ou estampadas, de ferro ou
732619 aço
Outros tubos de ferro ou aço, rebitados, de seção
730590 circular, de diâmetro exterior > 406,4 mm

Hazafer do Brasil Ind. e Com. Ltda.


Focal Engenharia e Manutencao
Ltda 841112 Turborreatores, de empuxo > 25 kN
841191 Partes de turborreatores ou de turbopropulsores
Engrenagens e rodas de fricção, eixos de esferas ou
de roletes; caixas de transmissão, redutores,
848340 multiplicadores e variadores de velocidade
848250 Rolamentos de roletes cilíndricos
  60 

Outros tubos e perfis ocos, de ferro ou aço,


730690 soldados, rebitados, agrafados
731816 Porcas de ferro fundido, ferro ou aço
Juntas, gaxetas e semelhantes de borracha
401693 vulcanizada não endurecida
Outros artefatos não roscados, de ferro fundido, ferro
731829 ou aço
Outros parafusos e pinos ou pernos, mesmo com as
731815 porcas e arruelas, de ferro fundido, ferro ou aço
731822 Outras arruelas de ferro fundido, ferro ou aço
Fonte: Secex/MIDC
  61

Entrevistas

Valesul – Empresa de produção de alumínio do grupo Vale, localizada em Campo


Grande

A Valesul produz e comercializa alumínio primário e cerca de 250 ligas de alumínio para a
indústria de transformação. Iniciou suas operações produtivas em 1982. A empresa
ocupa um terreno de 800.000 m² e oferece cerca de 1100 postos de trabalho no total (600
funcionários e 500 terceiros permanentes). Produz cerca de 100 mil toneladas de alumínio
primário por ano e exporta principalmente para os Estados Unidos e para a Europa
(Portugal, Suíça).

Localizada no bairro de Santa Cruz, no Rio de Janeiro, a Valesul está estrategicamente


situada próxima aos portos de Sepetiba (onde possui terminal próprio para o
desembarque das principais matérias-primas utilizadas em seu processo produtivo) e do
Rio de Janeiro e do maior complexo rodo-ferroviário do país. No escoamento de produtos
para o mercado interno a Valesul se benefiicia de vantagens locacionais, uma vez que os
seus principais clientes têm unidades produtiva situadas no eixo Rio-São Paulo.

A Valesul produz ligas de alumínio para toda a indústria automobilística, bem como para
outros segmentos industriais. A transformação da alumina (produzida a partir da bauxita)
em alumínio é altamente intensiva em energia elétrica. Como se trata de um insumo
estratégico, a produção de energia elétrica foi praticamente internalizada à cadeia
produtiva da empresa. Para atender a sua demanda de energia elétrica, a empresa opera
seis centrais hidrelétricas que juntas fornecem 90% da energia consumida no processo.
Atualmente, a Valesul consome 1,5 milhão de kW/h, o equivalente à demanda de duas
cidades de 700 mil pessoas.

A empresa destina 20% da sua produção para exportação e 80% desta ao mercado
interno. No momento prioriza a venda no mercado interno devido a maior rentabilidade
destas operações quando comparada com a das vendas internacionais. O diferencial de
valor das vendas no mercado doméstico resulta também da capacidade que a empresa
tem de atender à demanda por ligas especiais, diferenciando seu produto do alumínio
commoditie. Nos últimos dois anos, com o aquecimento da demanda no mercado
doméstico, o prêmio pela venda no mercado doméstico cresceu. Portanto, mesmo com os
benefícios fiscais que a empresa pode usufruir no comércio exterior, tem valido mais a
pena destinar parcela crescente da produção para o mercado doméstico.

A Vale sul exporta cerca de 25.000 toneladas/ano de alumínio. Como algumas ligas de
alumínio são fabricadas com matéria-prima importada, em suas exportações a empresa
usufrui do sistema de drawback. Com relação à exportação, a empresa vende a custo
FOB estivado. Já no mercado interno, 100% das vendas são feitas a custo de frete (CIF -
Custo, Seguro e Frete). Os pagamentos relativos às vendas externas são feitos à vista e o
produto é despachado em containeres exclusivamente pelo porto do Rio de Janeiro, o que
é apontado como uma desvantagem para a empresa, já que o trajeto até o porto do Rio
de Janeiro é prejudicado pelas condições de tráfego na Avenida Brasil. Os produtos
importados pela empresa são, na quase totalidade, insumos e matérias-primas, e outros
materiais, como ligas de fundição, material de revestimento das cubas aonde o alumínio é
produzido, além de peças de uma maneira geral.
  62

Nas operações de importação, a empresa trabalha com o sistema just in time. Como o
custo de armazenagem no porto é mais alto do que a desova de mercadoria, a empresa
opta por internar imediatamente o que importa.
Os insumos importados pela empresa são alumina, coque de petróleo, magnésio (cujos
únicos fornecedores são a Rússia e a China) e manganês (a China é o único fornecedor).
A Valesul tem um contrato de longo prazo com um antigo sócio, a BHP Billiton, válido até
2013, de parte do fornecimento da alumina. A BHP fornece alumina de uma refinaria
localizada no Suriname, por opção contratual própria. 100% da importação de alumina e
coque de petróleo entram pelo porto de Sepetiba (por ser granel).

A importação dos produtos e insumos listados acima representa 25% dos custos de
produção da empresa. Somente a alumina importada representa 18% deste custo de
produção da empresa, levando em conta que a alumina representa 40% do custo de
produção, e que 45% da alumina é importada.

Algumas das dificuldades listadas pela empresa com relação à importação são: o alto
custo do frete marítimo, a estrutura portuária brasileira, deficitária, e problemas de frete
rodoviário. Basicamente, no que se refere à estrutura portuária, os problemas estão
associados à burocracia dos procedimentos junto à Receita Federal, o que aumenta os
custos da empresa.

A importação de coque de petróleo e alumina não apresenta problemas para a empresa,


já que estes são descarregados no próprio terminal da Valesul em Sepetiba. A
proximidade do porto de Sepetiba (localizado a cerca de 25 quilômetros da fábrica é uma
vantagem para a empresa.

Todavia, a empresa enfrenta dificuldades relacionadas com a importação de produtos e


insumos comprados em pequenos lotes, cujo transporte é feito em containeres. Nestes
casos, os terminais portuários do Rio de Janeiro demoram em média de 15 a 20 dias para
desovar os containeres. Os procedimentos que necessitam de mão-de-obra de terceiros,
como armazenagem, estocagem, liberação, também são lentos e invariavelmente sofrem
atrasos. Como solução para estes problemas a Valesul tem tentado agregar outras
empresas, criando um player no mercado para viabilizar a prestação destes serviços.
Para o transporte da carga do porto do Rio de Janeiro até a fábrica em Santa Cruz, a
empresa opera com frota própria de caminhões.

Todos os problemas relacionados à importação listados acima, fora impostos e tributos,


oneram o custo do produto importado em torno de 10% (dos quais 5% do valor FOB de
demurras de container, 1,5% de armazenagem - a empresa tem pagado de dois a três
períodos de armazenagem - dentre outros custos).

As iniciativas Valesul voltadas para a redução dos custos de comercialização são a


manutenção de um porto privado em Sepetiba e a operação de transporte terrestre com
frota própria. Apesar de todas as dificuldades, quando se trata da importação de insumos
e matérias-primas, a empresa consegue fazer com que a mercadoria chegue à sua fábrica
sem comprometer o processo produtivo. Como medida de precaução, para evitar uma
custosa paralisação da produção, a empresa opera com níveis de estoque de matérias-
primas e insumos mais elevados do que o desejável, o que aumenta o capital de giro da
empresa.

A Valesul incorre, também, em custos de manutenção extraordinários relativos às


operações no porto de Sepetiba. Mesmo pagando um valor fixo para as Docas (para a
utilização de toda a área portuária) e um valor variável por tonelada descarregada nos
portos, ainda assim a empresa deve prover grande parte da estrutura pela qual ela paga:
faz a manutenção das vias de acesso (asfalto, iluminação), fornece computadores e
impressoras para a Receita Federal, realiza a conservação das Docas como, por
  63

exemplo, a manutenção do sistema de balizamento do canal, dentre outros serviços. Isso


ocorre, segundo a empresa, devido à ineficiência do sistema administrativo da área
portuária.

Com relação à importação de alumina e coque de petróleo, a proximidade do porto de


Sepetiba é uma vantagem para a empresa. O escoamento de produtos para o mercado
interno também apresenta uma vantagem já que os principais clientes da Valesul estão no
eixo Rio-São Paulo.

Silimed – Silicone e Instrumental Médico-Cirúrgico e Hospitalar Ltda


Empresa do setor de produtos médicos hospitalares, fabricante de implantes de
silicone, localizada em Realengo

Criada em 1978, como uma empresa dedicada à comercialização de implantes de silicone


mamários importados da França, a Silimed - Silicone e Instrumental Médico-Cirúrgico e
Hospitalar Ltda passou em 1981 a fabricar seus produtos no Brasil. Um ano depois, já
exportava para outros países da América Latina. Hoje é a terceira maior fabricante do
mundo de implantes de silicone e atende cerca de 70% da demanda do mercado
doméstico. A empresa funciona a 18 anos em Vigário Geral (RA de Realengo) e emprega
aproximadamente 500 funcionários, dos quais 15% moram na própria comunidade ou nas
cercanias. Fabrica e exporta uma ampla gama de produtos para mais de cinqüenta
países. As vendas externas anuais da empresa são de aproximadamente US$ 13 milhões
(2007) e representam cerca de 40% do faturamento da empresa. O maior mercado
importador é a Argentina.

O marketing da empresa é direcionado especialmente para a comunidade médica durante


a realização de congressos ou em eventos de demonstração dos produtos, feitos por
médicos com atuação de destaque na área e direcionados para uma platéia de médicos e
cirurgiões interessados na utilização dos produtos. No exterior, a comunidade médica é
assistida por representantes comerciais devidamente treinados e qualificados para
informar as características técnicas dos produtos e divulgar as técnicas cirúrgicas que
podem ser utilizadas pelos médicos no processo de colocação dos implantes.

Como a empresa comercializa especialidades que podem afetar a saúde humana, a


realização de vendas nos diversos países depende da obtenção da
certificação/homologação dos produtos pelas autoridades de saúde locais. A empresa
dispõe de um departamento de assuntos regulatórios que trata exclusivamente do
processo de certificação de seus produtos no Brasil e no exterior. Não obstante ter
logrado êxito na colocação de seus produtos em algumas dezenas de países, a Silimed
não consegue vender livremente seus produtos no mercado dos EUA. Há mais de dez
anos, a empresa tenta obter, sem sucesso, a certificação de seus produtos junto a FDA.
Atualmente, a empresa consegue garantir a liberação de licenças de exportação apenas
para pequenos lotes e sob estreito monitoramento das autoridades de saúde daquele
país.

Como se tratam de produtos de alto valor unitário e que requerem cuidados especiais no
transporte (de tal forma a garantir suas condições de esterilidade), as exportações da
empresa só são realizadas através do modal aéreo. As vendas externas da Silimed são,
em geral, realizadas pelo sistema de carta de crédito. Não há obstáculos burocráticos à
exportação, embora a empresa tenha chamado a atenção para o fato de o despacho
aduaneiro estar centralizado em apenas um técnico da receita federal. A empresa aponta,
  64

no entanto, para a existência de complicações burocráticas na aduana nos casos em que


teve de internar produtos devolvidos pelos clientes do exterior.

Ainda em relação à burocracia, no âmbito doméstico, a empresa reclama da demora, em


alguns casos de até seis meses, no processo de registro ou revalidação dos produtos pela
Anvisa. Além disso, a empresa alega que o custo para a obtenção dos certificados é
bastante elevado, cerca de R$12 mil. Isto onera os gastos de produção da empresa,
especialmente quando se leva em consideração o fato de a empresa contar com uma
linha de produtos com algumas centenas de itens.

Como os implantes são fabricados com matéria-prima importada (gel de silicone e


elastômeros, procedentes majoritariamente dos EUA), em suas exportações a empresa
usufrui do sistema de drawback, geralmente na modalidade isenção. A empresa também
obtém desoneração de parcela do ICMS devido, através da recuperação de créditos
fiscais gerados com as exportações.

A empresa considera a localização de sua fábrica nas proximidades do Aeroporto


Internacional do Galeão uma vantagem locacional importante, mas considera um
obstáculo a proibição do tráfego de caminhões pela Linha Vermelha. Em razão da
proximidade com o aeroporto, a Silimed consegue despachar um pedido de exportação
num curto espaço de tempo, em até dois dias na maior parte dos casos. Todavia, nos
últimos anos, a jornada de trabalho da empresa teve de ser interrompida algumas vezes
para que os empregados pudessem deixar a unidade de produção e os escritórios mais
cedo, em razão de problemas de segurança na comunidade vizinha de Vigário Geral.

Michelin – Empresa fabricante de pneumáticos com duas unidades produtivas


instaladas no Distrito Industrial de Santa Cruz

O Grupo Michelin é o líder no mercado mundial de pneus, com 17,1% de participação no


setor. Os pneus Michelin atendem praticamente todos os segmentos de mercado; são
utilizados em automóveis, caminhões, motos, bicicletas, tratores, veículos de
terraplenagem, aviões e ônibus espaciais da NASA.

A Michelin é agrupada por unidades de negócio (cada fábrica e suas respectivas linhas de
produto são consideradas uma unidade de negócios), que são atendidas por serviços
geridas em nível corporativo, como o financeiro, pessoal e de logística. A empresa opera
com dezesseis diferentes nomes para as unidades de negócio do grupo localizadas em
diferentes regiões do mundo.

Na América do Sul, as unidades industriais estão localizadas na Colômbia (em Bogotá


existe uma fábrica de pneus de carga e em Cali uma de pneus de passeio) e no Brasil
com três unidades industriais todas operando no Estado do Rio de Janeiro. As ações e
diretrizes da empresa para a América do Sul são coordenadas do Brasil. A Michelin Brasil
produz e comercializa diferentes tipos de pneus, câmaras de ar e protetores, exportando
seus produtos principalmente para outros países da América do Sul, como Argentina,
Colômbia, Chile, Venezuela e Peru.

O faturamento anual global da Michelin é de 16,9 bilhões de euros. A América do Sul


representa 5% deste total, o que corresponde a cerca de 800 milhões de euro/ano. Em
1979 foi instalada a primeira fábrica Michelin em território nacional, localizada em Itatiaia,
Rio de Janeiro. Em 1981, foi inaugurada, na região oeste do município do Rio de Janeiro,
a Unidade Industrial de Campo Grande. Hoje, o Complexo Industrial de Itatiaia
compreende uma recauchutadora, uma fábrica de pneus de automóveis e uma fábrica de
cabos de aço. Já o Parque Industrial de Campo Grande, compreende duas unidades
  65

produtivas que operam em áreas contíguas, uma fábrica de pneus de carga e uma para
veículos pesados do setor de engenharia civil, esta última inaugurada em 2008. As duas
unidades produtivas de Campo Grande respondem a 80% do volume total de produção
dos ativos industriais do Brasil. A principal vantagem específica do Complexo de Campo
Grande para o grupo Michelin é a escala de produção. As fábricas produzem 100.000
toneladas/ano, o que coloca este complexo entre as cinco maiores unidades produtivas da
Michelin.

Dentre os diferentes tipos de produtos produzidos pela Michelin Brasil estão: pneus de
carga, pneus de turismo, pneus de engenharia civil, pneus agrícola e pneus ‘duas rodas’.
A distribuição dos produtos é feito com frota terceirizada.

O insumo mais importante utilizado pela empresa é a mistura conhecida como massa de
borracha. Seis grupos de produção de massa de borracha instalados no Brasil fabricam e
fornecem mistura para as fábricas de Campo Grande, de Itatiaia e certa quantidade é
exportada para a Colômbia. A Michelin possui ainda dois grandes seringais, um na Bahia
e um no Mato Grosso, os quais destinam 90% da borracha extraída para consumo próprio
da empresa. São 10.000 hectares de plantação de seringueira.

A Michelin gera 4.000 empregados diretos no Brasil dos quais 2.500 na área industrial e
comércio e 1.500 nas plantações de seringueiras. A contratação de pessoal para as
unidades produtivas se baseia no critério de localização da mão-de-obra. A grande
maioria dos empregados das fábricas de Campo Grande mora próxima às fábricas ou em
regiões de seu entorno.

Há cerca de três anos atrás, a empresa criou o Projeto Ouro Verde, que incentiva a
agricultura familiar, gerando benefícios para o pequeno agricultor e para a empresa.
Como é difícil realizar a supervisão do trabalho nos seringais, a Michelin optou pelo
modelo de terceirização da produção. Dividiu a fazenda situada na Bahia em quatro
partes, loteou duas dessas partes e vendeu lotes para os funcionários mais produtivos.
Forneceu um pacote de assistência técnica e garantiu a compra de todo o látex extraído.
Permitiu também que o pequeno agricultor operasse com culturas compartilhadas, ou
seja, além das seringueiras são admitidas nos lotes plantações de outros produtos, o que
garante ao produtor uma renda mais elevada. O processo de terceirização da produção
replica exatamente o modelo de produção de fumo e frango no Brasil e também é utilizado
na Malásia para a produção de borracha.

O Complexo Industrial de Campo Grande exporta 80% da produção (EUA, Ásia e América
do Sul) e os outros 20% são destinados ao mercado interno. Grande parte das
exportações é destinada ao usuário direto, uma pequena quantidade vai para as
montadoras. A fábrica que produz pneus de carga destina uma parcela maior da sua
produção - 70% - para o mercado interno. A parcela da produção destinada aos mercados
externos é vendida quase que integralmente para os países da América do Sul. Uma
vantagem específica do Complexo de Campo Grande para o grupo Michelin é a escala de
produção.

Com relação às vantagens de exportação, a empresa destaca os acordos de acesso a


mercados, notadamente o acordos bilateral entre o Brasil e a Colômbia e a isenção de
tarifas negociadas no âmbito do MERCOSUL. A empresa aponta também a proximidade
com o Porto de Sepetiba um fator que confere diferencial competitivo à empresa.

Com relação aos obstáculos enfrentadas na exportação, a empresa destaca os seguintes


fatores: os problemas de circulação viária, de acesso aos portos e dificuldades
operacionais existentes no mesmos. Estas estão geradas pelo congestionamento dos
terminais portuários, pelo extenso aparato burocrático e pelos critérios de atribuição de
canais de liberação aduaneira. Como conseqüência desses obstáculos à exportação, os
  66

custos do capital de giro crescem significativamente, especialmente em razão do longo


período de tempo (em média dezesseis dias) gasto no processo de liberação das cargas
nos portos.

A Michelin usufrui do sistema de drawback. Não financia seus clientes externos,


basicamente, porque grande parte das exportações é feita a nível grupo. 100% da
exportação para a Venezuela, por exemplo, é feita para a subsidiária da Michelin da
Venezuela.

A empresa importa 40% de matéria-prima e 60% de equipamentos utilizados na produção.


Os insumos importados são: borracha natural, diferentes tipos de borracha sintética e
produtos químicos variados. A borracha natural é importada da Malásia, os equipamentos
da França e os insumos dos EUA, da Europa e do Egito. Com relação à importação, a
Michelin trabalha com fornecedores homologados. Existem contratos mundiais
negociados pelo grupo que garantem o fornecimento de determinados insumos para todas
as unidades produtivas, inclusive as instaladas no Brasil.

Gerdau-Cosigua – Empresa do setor siderúrgico, localizada no Distrito Industrial de


Santa Cruz

A Gerdau é um dos maiores produtores de aço do mundo e é líder no segmento de aços


longos nas Américas. Fornece aço para os setores da construção civil, indústria, setor
automotivo e agropecuário.

O grupo Gerdau produz aço no Rio desde 1972, quando construiu a unidade Gerdau
Cosigua no Distrito Industrial de Santa Cruz. Esta unidade é proveniente de uma
negociação entre o governo, a Gerdau e a ThyssenKrupp Steel. A última, inicialmente,
queria manter uma unidade de auto-forno, embora fosse um processo muito caro. Nessa
época a Gerdau começou a crescer, expandiu as suas unidades no Brasil, e achava que
não era um bom negócio manter essa atividade. Através de um acordo com a Thyssen, a
Gerdau passou a ser a única empreendedora da Cosigua.

Com o crescimento do grupo e a compra da Açominas, a Gerdau Cosigua passou a


atender, prioritariamente, o mercado regional (Sudeste e Nordeste – sul da Bahia – e
norte do Paraná). A Açominas passou a ser a grande exportadora do grupo no Brasil. A
Gerdau Cosigua produz desde o vergalhão de aço até o prego, passando por toda a linha
de produção. Produz produtos bem similares aos produzidos pelas grandes unidades do
Sul e do Nordeste, com pequenas diferenças em algumas linhas de pregos (por
características regionais). A unidade fatura em torno de 150 milhões de dólares e produz
cerca de 1.200.000 toneladas/ano de aço.

A unidade exporta em torno de 15% da sua produção. Grande parte dessa exportação é
feita intrafirma. A Cosigua exporta tanto para as suas fábricas na América Latina
(Argentina e no Uruguai, pela maior facilidade de transporte) quanto nos EUA.

A unidade de Santa Cruz exporta produtos acabados para revenda. Os principais


produtos exportados são: vergalhões, barras, perfis e pregos. Cerca de 50% das
exportações saem pelo porto de Angra, 30% pelo porto do Rio de Janeiro e 20% pelo
porto de Sepetiba. A Cosigua possui algumas facilidades no Porto de Angra, por exportar
metade da sua produção por lá e pelo histórico que a empresa construiu com o porto (a
Cosigua investiu bastante no Porto de Angra). Provavelmente, em pouco tempo, a
unidade será beneficiada com a construção de um terminal marítimo pela Açominas. A
logística interna e a estrutura do terminal serão destinadas a atender a Açominas, mas
como empresa do grupo, e devido a sua proximidade, a Gerdau também se beneficiará
  67

dessa construção. O serviço de transporte rodoviário utilizado pela unidade para


exportação e importação de mercadorias é terceirizado.

Dentre os produtos importados pela empresa estão equipamentos, sucata e materiais de


processo: eletrodos, cilindros, roletes e guias de laminação. A importação de
equipamentos e material de reposição ocorre, geralmente, quando a unidade faz um
upgrade em alguma de suas linhas. Existe a necessidade de importar tais equipamentos,
os quais geralmente são comprados na Alemanha, na Itália ou na China. A Cosigua
importa sucata da Venezuela, mas em pouca quantidade. Embora seja a grande matéria-
prima da empresa, a sucata de indústria utilizada é, basicamente, paulista.

O grupo Gerdau opera as importações em nível corporativo, ou seja, a importação é feita


pela unidade administrativa localizada em São Paulo e os produtos são distribuídos para
outras unidades do grupo. Por isso, a Gerdau Cosigua não enfrenta grandes problemas
com relação à burocracia na importação.

Outra vantagem observada pela empresa é a sua localização, a proximidade do mercado


interno, para onde destina maior parte de sua produção, embora as deficiências da infra-
estrutura de transporte no entorno da fábrica e também na região Sudeste (seu principal
mercado consumidor) comprometam estas vantagens locacionais.

A unidade de Santa Cruz aponta fatores que comprometem sua comepetitividade, entre
eles: os problemas portuários, o trânsito rodoviário, a escassez de mão-de-obra
qualificada e a inexistência de transporte urbano na região de Santa Cruz (o que dificulta
o acesso dos funcionários à fábrica e obriga a empresa a manter serviço de transporte
exclusivo, contratado junto a prestadores de serviços). Os custos de importação também
são onerados pela burocracia (notadamente da Receita Federal), o que obriga a unidade
a aumentar o estoque de insumos utilizados no processo de produção. Os estoques de
cilindros tiveram de ser aumentados em torno de 50%, como medida para evitar a
paralisação do processo produtivo.

A Cosigua emprega aproximadamente de 1.800 trabalhadores próprios e 1.200


terceirizados. Desses 1.800, cerca de 70% dos trabalhadores é formado por contingente
de mão-de-obra local (residente, em sua maioria em Bangu, Campo Grande e Santa
Cruz). Existe uma escassez de mão de obra qualificada nesta região. A empresa notou
que quanto menor a escolaridade do empregado, mais sujeito a fugir das regras e
padrões de segurança estabelecidos pela empresa ele estava. Por isso, há cerca de
quatro anos, a empresa fez um movimento interno para que todos os empregados
completassem o ensino médio. Desde então, é proibida a contratação de funcionários
com um nível de escolaridade inferior ao ensino médio. A empresa também faz uso de
treinamento para melhor capacitar os seus funcionários.

Conforme salientado anteriormente, devido à inexistência de transporte urbano de


pessoas em Santa Cruz, os custos da Gerdau Cosigua aumentam consideravelmente. A
unidade busca todos os seus funcionários em suas residências com serviços de ônibus
contratado pela empresa, além de usufruir de taxis terceirizados para o transporte dos
funcionários que fazem horas extras. São 100 ônibus e cerca de 120 taxis destinados
para este fim. Os custos da manutenção desses ônibus alcançam 10 milhões por ano
para a empresa.

Outro problema enfrentado pela Cosigua são as péssimas condições rodoviárias. Com o
grande movimento de caminhões, dado o início da construção do complexo siderúrgico
pela ThyssenKrupp CSA no Distrito Industrial de Santa Cruz, as condições das estradas
pioraram consideravelmente. A unidade tentou exigir da Prefeitura a assistência que havia
sido prometida à região quando a ThyssenKrupp chegou. Mas nada foi cumprido pelo
poder público municipal. Para não agravar ainda mais a situação, a Gerdau Cosigua tem
  68

investido recursos na conservação e recuperação do piso asfáltico das vias do Distrito


Industrial.

Cogumelo – Fabricante de produtos pultrudados, a base de fibra de vidros,


localizada em Campo Grande

A Cogumelo nasceu em 1972 com o nome de Indústria de Componentes de Tratores Ltda


e com a proposta de fabricar, no Brasil, peças que precisavam ser importadas até então.
Inovou ao fabricar os primeiros tetos de fibra para trator. Na virada dos anos 80, os
tratores nacionais começaram a sair de fábrica equipados com tetos similares feitos por
grandes marcas. A Cogumelo se viu diante da contingência de diversificar a produção.

Trouxe então para o Brasil a tecnologia de ponta para a fabricação de perfis pultrudados
em fibra de vidro utilizados pela indústria em geral. Em 1990, um acordo tecnológico com
a líder de mercado americana, Creative Pultrusions, Inc., para atender a América do Sul,
permitiu o aperfeiçoamento do processo de pultrusão e trouxe a possibilidade de
ampliação da linha de produtos Cogumelo. Este Acordo de licenciamento de tecnologia já
acabou. Hoje a empresa tem a sua própria tecnologia e fabrica as suas máquinas.

É uma empresa familiar, de capital fechado. Tem capacidade de produção de 200


toneladas por mês. Dessa capacidade total, cerca de 120 toneladas produzidas são
produtos fabricados a partir de fibra de vidro. Hoje a empresa processa em torno de 170
toneladas da sua capacidade e tem um faturamento de aproximadamente seis milhões de
reais por mês.

A empresa atua no segmento de soluções, em torres de resfriamento, plataformas,


refinarias de petróleo; fornece também torres, pisos e escadas marinheiro, dentre outros
produtos. Cerca de 30% do faturamento da empresa relativo ao mercado interno é
representado pela venda de escadas, 50% pela oferta de soluções, e 20% pela venda de
serviços.

A empresa conta com um total de 220 funcionários na fábrica de Campo Grande dos
quais 50 estão na área administrativa. A mão-de-obra é basicamente local. 60% do
administrativo reside no entorno da unidade fabril. Existe uma van que transporta 18
pessoas de Jacarepaguá para a empresa em Campo Grande.

Grande parte das importações da Cogumelo é de matéria-prima, notadamente de fibra de


vidro. Isso ocorre devido à vantagem de preço do mercado externo. Recentemente, as
empresas Owens Corning e a Vidraçaria Vitrotex que fabricam o produto no Brasil se
uniram. A fusão dessas empresas ainda não foi autorizada pelo CAD, mas o preço da
fibra no mercado interno aumentou. Hoje a Cogumelo importa 60% da sua matéria-prima.
O preço da tonelada de fibra de vidro produzida internamente é 20% maior do que o preço
da tonelada de fibra de vidro importada.

Há um ano e meio a empresa entreposta o material importado em um EADI (Estação


Aduaneira Interior). A Cogumelo importa sempre grandes volumes, por vantagens de
preço, com vistas a garantir matéria-prima para a empresa sempre que necessário. Em
geral são adquiridos cinco containeres de matéria-prima por importação, quantidade que a
empresa leva dois meses e meio para consumir. Se todo esse material importado fosse
internado o custo com impostos (cerca de 70% do valor da mercadoria- II, IPI, Marinha
Mercante, PIS, COFINS, ICMS) seria muito alto. Mesmo incorrendo em custos
decorrentes do uso do armazém alfandegário, a utilização da EADI reduz
significativamente o capital de giro da empresa.
  69

Cada container importado pela Cogumelo comporta vinte e uma toneladas de matéria-
prima. A empresa importa o produto principalmente dos EUA e, marginalmente, da China
e da Índia. O despacho da mercadoria importada no porto não é um problema para a
empresa. Esta utiliza somente o Porto do Rio de Janeiro. Embora o Porto de Itaguaí
esteja com melhores condições de frete, o Porto do Rio é mais próximo do EADI (em
Nova Iguaçu).

A empresa terceiriza o transporte das importações e não enfrenta problemas com trânsito
e condições rodoviárias na Avenida Brasil. Prefere pagar um preço viável pela
terceirização do transporte por empresas confiáveis do que arriscar o material importado,
seguindo a política de risco zero adotada pela Cogumelo.

A Cogumelo não tem realizado exportações regulares. No ano de 2008, a maior


exportação que a empresa fez foi de 100.000 reais para a Angola. O pequeno valor das
exportações decorre da insuficiência de capacidade instalada, uma vez que basicamente
toda a produção visa a atender ao mercado doméstico. Isso ocorre devido ao fato de a
empresa trabalhar com venda de produtos e serviços, vinculada à execução de grandes
projetos de construção.

Recentemente, a Cogumelo comprou uma fábrica na Argentina, de onde pretende


exportar os seus produtos para a América do Sul. O acesso a uma estrutura de
comercialização com pessoas que têm o domínio da língua espanhola pesou muito sobre
a decisão de compra. Muitos países da América do sul não importam produtos da
Cogumelo devido a problemas de negociação gerado pela diferença de idioma.

A Cogumelo destaca algumas vantagens em relação à localização de sua unidade fabril:


(i) estar localizada em área rural, o que garante a empresa grande extensão de terreno e
a possibilidade de expandir, a baixo custo, a área destinada à produção; (ii) estar situada
às margens da Avenida Brasil, um dos mais importantes eixos viários da cidade do Rio do
Janeiro, o que propicia rápido acesso às rodovias que ligam a fábrica aos principais
mercados consumidores do país.

FredVic Indústria de Roupas – empresa do setor de confecções, localizada


em Campo Grande

Empresa tradicional do setor de confecções do estado do Rio de Janeiro, há mais de


quarenta anos opera com uma unidade fabril em Campo Grande. Este ano, a empresa
produzirá 330 mil peças de roupa e terá um faturamento de R$10 milhões. A FredVic
também dispõe de outra unidade de produção localizada no município de Rio Pomba
(MG), onde emprega cerca de duzentos funcionários.

Nos últimos três anos, a empresa vem passando por um processo de reestruturação e
enxugamento. A unidade industrial de Campo Grande empregava 400 funcionários em
2007 e ao final desse ano (2008) o quadro de pessoal será reduzido para 290
funcionários. A expectativa é de que até o primeiro semestre de 2009, a fábrica esteja
operando com 220 trabalhadores.

A redução das vendas, provocada pelo câmbio valorizado e pela competição de produtos
importados no mercado interno, obrigou a empresa a redimensionar a produção nos
últimos anos. Em relação a 2007, quando a FredVic fabricou 400 mil peças de roupa, a
produção em 2008 encolheu quase 20%. As diversas crises que a indústria de confecção
  70

enfrentou ao longo dos últimos dez anos, reduziu em 80% o número de estabelecimentos
do setor no estado.

Mesmo com todas essas dificuldades, a empresa consegue exportar. Atualmente, 98%
das vendas externas da FredVic são direcionadas para o mercado argentino. O produto
brasileiro ainda consegue ser competitivo naquele país, graças às preferências tarifárias
do Mercosul. No presente ano, a empresa exportará 22.000 peças, o que representa 7%
de sua produção. O pico de exportações da empresa ocorreu em 2006, quando 50.000
peças (13% da produção) foram vendidas para o mercado externo.

As exportações para a Argentina começaram em 1996, quando a empresa identificou a


oportunidade de trabalhar com um representante local, a Esteban Riguetto, grande
distribuidor multimarcas no mercado daquele país. Todavia, as vendas cessaram durante
o período 2001-2003, em razão da crise econômica local. Em 2004, as exportações para
a Argentina foram retomadas, depois que um dos fornecedores brasileiros de matéria-
prima, apresentou à FredVic outro distribuidor, a Cotton Trader. Com a nova parceria e o
crescimento do mercado consumidor argentino, o objetivo fixado pela empresa era
destinar 25% da produção para aquele mercado. Em 2006, a empresa chegou a fechar
um container para a Argentina com 150 mil peças de roupas.

Entretanto, a valorização do real, notadamente a partir de 2007, frustou as expectativas


da FredVic e desde então ela perdeu clientes importantes naquele mercado, entre eles a
La Martina, a Wrangler/Lee e a UFO. Neste ano, quando a cotação do dólar atingiu
R$1,55, a Etiqueta Negra, o maior cliente argentino da FredVic, anunciou que passaria a
comprar sua coleção masculina de fabricantes chineses. Uma camisa da FredVic tem um
preço de comercialização FOB-fábrica de US$19,00 (dos quais US$12,00 correspondem
a custos de mão-de-obra. Um produto com o mesmo padrão de qualidade fabricado na
China é vendido por US$14,00 (dos quais apenas US$5,00 correspondem a custos de
mão-de-obra).

A recente desvalorização do real frente ao dólar levou a empresa a refazer seus planos de
exportação para a Argentina. Com uma cotação na casa de R$2,00/dólar, a FredVic
acredita que, em 2010, estará vendendo cerca de 50 mil peças de roupas para aquele
mercado. Atualmente, os produtos vendidos na Argentina são despachados por via aérea,
que constitui o modal de transporte preferencial para a exportação. Por exigência da
empresa, os produtos vendidos no mercado externo são pagos antecipadamente pelos
clientes.

Recentemente, também como resultado da valorização do real frente ao dólar, a empresa


passou a importar o seu principal insumo – tecidos – como forma de reduzir os custos de
produção. Nos últimos dois anos, a FredVic comprou tecidos confeccionados na Turquia e
na China. Embora represente uma mudança de comportamento, dado que a empresa
sempre privilegiou os fornecedores nacionais, essas compras totalizaram US$58 mil e
foram suficientes para produzir apenas 11.400 camisas. Com as recentes mudanças das
cotações cambiais, a empresa não sabe se continuará adquirindo matéria-prima no
exterior.

A empresa manifestou não enfrentar obstáculos burocráticos ou de outra natureza nas


atividades de exportação ou importação. O departamento comercial da empresa não
dispõe de pessoal qualificado para operar com o comércio internacional e, por isso, a
FredVic utiliza os serviços de despachantes.

A empresa emprega preferencialmente mão-de-obra que mora nas proximidades da


fábrica. Todavia, a empresa alega que a região é pobre em mão-de-obra qualificada e que
raros são os empregados trabalhando na produção que têm segundo grau completo.
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno: diagnóstico
sócio econômico do local
(versão final)
Projeto FAPERJ n. E-26/110.644/2007

Renata Lèbre La Rovere (coord.)


Lia Hasenclever (pesquisadora)
Rodrigo Lopes (assist. de pesquisa)
Vitor Pimentel (iniciação científica)
Luiza Lins (iniciação científica)

Junho/2009
1

ÍNDICE
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno:
diagnóstico sócio econômico do local...................................................................................... 5
1. Introdução......................................................................................................................... 5
1.1. Objetivos gerais e específicos ................................................................................... 10
2. Identificação da região de estudo e sua evolução histórica ........................................ 11
2.1. Campo Grande........................................................................................................... 13
2.2. Santa Cruz ................................................................................................................. 14
2.3. Bangu ........................................................................................................................ 15
2.4. Realengo.................................................................................................................... 15
3. Principais atividades econômicas locais na ótica dos estabelecimentos e dos
empregos: uma predominância das atividades comerciais e de serviços com uma
especialização relativa na indústria quando comparada com o MRJ ........................... 16
3.1. Retrospectiva das atividades econômicas locais na ótica dos estabelecimentos e
empregos: 1998, 2003 e 2006 .......................................................................................... 26
3.2. A atividade industrial e seus principais desafios: uma visão pela ótica fiscal .......... 45
3.2.1.Cadastro de empresas ....................................................................................... 47
3.3. A atividade comercial e os seus principais desafios ................................................. 48
3.3.1. Características da Amostra.............................................................................. 49
3.3.2. Problemas e Soluções...................................................................................... 50
4. Indicadores sócio-econômicos e as instituições de formação profissional................. 53
5. Iniciativas de governança e principais investimentos atuais...................................... 55
6. Considerações Finais...................................................................................................... 58
Referências Bibliográficas ................................................................................................. 60
Anexo 1 - Localização da região estudada e regiões administrativas do MRJ ........................ 62
Anexo 2 – Cadastro FIRJAN de Empresas da Zona Oeste do MRJ – 2007/2008 ................... 67
Anexo 3 – Análise do Cadastro de Empresas .......................................................................... 85
Anexo 4 – Instituições de Ensino nas Regiões Administrativas Pesquisadas.......................... 90
Anexo 5 – Empresas Associadas à AEDIN (Associação das Empresas do Distrito Industrial
de Santa Cruz) .......................................................................................................................... 93
Anexo 6 – Análise dos Dados da RAIS por Região Administrativa Pesquisada – Bangu ..... 95
Anexo 7 – Análise dos Dados da RAIS por Região Administrativa Pesquisada – Campo
Grande .................................................................................................................................... 102
Anexo 8 – Análise dos Dados da RAIS por Região Administrativa Pesquisada – Realengo 110
2

Anexo 9 – Análise dos Dados da RAIS por Região Administrativa Pesquisada – Santa Cruz
................................................................................................................................................ 118
3

ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS


Quadro 1 – Configuração da Zona Oeste do MRJ ................................................................... 12

Tabela 1 – Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia nos


bairros selecionados, 2006 ....................................................................................................... 18

Tabela 2 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia nos bairros
selecionados, 2006 ................................................................................................................... 20

Tabela 3 – Número e distribuição dos estabelecimentos por tamanho para os bairros


selecionados, 2006 ................................................................................................................... 22

Tabela 4 – Número e distribuição dos empregos segundo tamanho dos estabelecimentos para
os bairros selecionados, 2006................................................................................................... 23

Tabela 5 – Número de empregos segundo grau de instrução do empregado, para os bairros


selecionados, 2006 ................................................................................................................... 24

Tabela 6 – Número de empregos segundo faixa etária do empregado nos bairros selecionados,
2006.......................................................................................................................................... 25

Tabela 7 – Número de empregos segundo faixa de remuneração do empregado nos bairros


selecionados, 2006 ................................................................................................................... 26

Tabela 8 – Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia no


MRJ, 1998, 2003 e 2006 .......................................................................................................... 29

Tabela 9 – Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia nas


regiões administrativas selecionadas e no MRJ, 1998, 2003 e 2006 (%) ................................ 30

Tabela 10 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia no MRJ,


1998, 2003 e 2006 .................................................................................................................... 33

Tabela 11 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia nas regiões
administrativas selecionadas e no MRJ, 1998, 2003 e 2006 (%)............................................. 34

Tabela 12 – Número e distribuição dos estabelecimentos por tamanho para os bairros


selecionados, 1998, 2003 e 2006.............................................................................................. 38

Tabela 13 – Número e distribuição dos empregos segundo tamanho dos estabelecimentos para
os bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006 ............................................................................. 39

Tabela 14 – Número de empregos segundo grau de instrução do empregado, para os bairros


selecionados, 1998, 2003 e 2006.............................................................................................. 41
4

Tabela 15 – Número de empregos segundo faixa etária do empregado nos bairros


selecionados, 1998, 2003 e 2006.............................................................................................. 42

Tabela 16 – Número de empregos segundo faixa de remuneração do empregado nos bairros


selecionados, 1998, 2003 e 2006.............................................................................................. 44

Tabela 17 – Principais atividades industriais por região administrativa selecionados segundo


VAF, estabelecimentos e empregos ......................................................................................... 45

Tabela 18 – Principais atividades industriais por região administrativa selecionada segundo


VAF, 2004................................................................................................................................ 46

Tabela 19 – Correspondência entre os setores do VAF e da CNAE........................................ 47

Tabela 20 – Representatividade das amostras, perfil das empresas e parceiros de pesquisa ... 49

Tabela 21 – Principais problemas identificados nos bairros selecionados (%)........................ 51

Tabela 22 – Principais soluções identificadas nos municípios pesquisados (%) ..................... 52

Tabela 23 – Indicadores de desenvolvimento social das regiões administrativas selecionadas,


do MRJ e do ERJ, 2000............................................................................................................ 53

Tabela 24 – Comparativo dos APLs identificados na microrregião do Rio de Janeiro e que


envolvem a região selecionada e sua participação no VAF industrial..................................... 57

Tabela 25 - Investimentos realizados na Zona Oeste do MRJ, 2004-2009.............................. 58


5

Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno:


diagnóstico sócio econômico do local

Lia Hasenclever, Rodrigo Lopes, Vitor Pimentel e Luíza Lins

1. Introdução

O estado do Rio de Janeiro (ERJ) corresponde à cerca de 0,5% do território nacional e tem
uma população superior a 14 milhões de habitantes (8,6% da população brasileira), o que lhe
confere a colocação do Estado de maior densidade demográfica, com 315 habitantes por
quilômetro quadrado.

As tendências do desenvolvimento da atividade econômica do ERJ estão em consonância com


as evoluções da conjuntura macro do país, mas esboçam trajetórias que são naturalmente
ligadas a sua própria história e enfrenta problemas que são específicos a sua estrutura
produtiva. Sabe-se, principalmente via Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
que a contribuição do setor industrial nacional na formação do Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro tendeu a decrescer sensivelmente: esta parcela passou, entre 1990 e 1998, de 38,7%
a 34%, ou seja, uma queda de 12% em oito anos. Este fenômeno se traduziu em nítidas
modificações na organização espacial da produção industrial, como será visto no período mais
recente adiante.

Os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, pilares do setor secundário brasileiro, perderam
peso no conjunto nacional, com quedas respectivas de 50% e 40% no longo período de 1970-
1997. O estado fluminense, que realizava 15,6% da produção industrial brasileira em 1970, vê
sua participação cair para 7,8% em 1997. Esta queda de participação relativa atinge as três
grandes categorias de bens (bens de consumo, bens intermediários e bens duráveis). Observa-
se ainda a queda da contribuição do ERJ ao PIB brasileiro em todas as suas componentes, da
ordem de 29% no mesmo período (passa de 16,1% para 11,4%). Tudo isto sublinha a
amplitude das modificações observadas no aparelho industrial do ERJ e em seu entorno.

A interpretação do conjunto destas evoluções foi analisada por vários autores. Pacheco (1999)
observa um primeiro processo de desconcentração regional que se manifesta por uma maior
disseminação das atividades industriais pelo território nacional. Este fenômeno, segundo o
autor, deve-se a vários fatores, mas os principais parecem estar ligados, de um lado, aos
deslocamentos de atividades movidos pela busca de redução de custos de produção, de outro
lado, pelas políticas da União, dos estados e das municipalidades, de multiplicação das
medidas de atração dos investimentos das empresas, deslocando investimentos para outras
unidades da federação. Sabe-se que esta tendência, visível no Brasil nestes últimos anos, e que
se traduz na criação de externalidades positivas por parte do poder público, foi tão expressiva
que justifica a designação corrente de uma verdadeira guerra fiscal. Uma outra grande
tendência concomitante diz respeito à concentração regional dos investimentos em setores de
forte crescimento. Finalmente, o autor destaca a acentuação da heterogeneidade interna das
regiões brasileiras, com a formação ou a manutenção de ilhas de prosperidade (fenômenos
observáveis, por exemplo, nas periferias das grandes cidades), o crescimento do poderio
econômico das cidades médias em descompasso com muitas áreas metropolitanas.
6

Com a preocupação específica de relacionar, para o longo período, a dinâmica transformadora


do conjunto das atividades econômicas, sua inserção espacial, os movimentos populacionais e
finalmente as mudanças que afetam a estrutura urbana do Brasil, o economista Campolina
Diniz chega a conclusões muito próximas. A desconcentração industrial, que recolocou em
questão, principalmente, a polarização das atividades na metrópole paulista, foi favorecida
pelo governo federal – através de investimentos produtivos diretos, incentivos fiscais e
financiamento de infra-estruturas. A modernização tecnológica assim como os processos
concomitantes de globalização, abertura comercial e de construção do mercado regional
(Mercosul), incentivaram a emergência de novas e ativas áreas de produção (Campinas,
Curitiba, Florianópolis, entre outras). Ou seja, a perda de peso relativo das grandes metrópoles
nacionais ocorreu em benefício de centros urbanos e industriais de tamanho intermediário
(Diniz, 2000).

As análises econômicas realizadas a partir de dados da contabilidade nacional, assim como os


trabalhos realizados a partir da evolução do emprego (Maciel, 2003 e Sabóia, 2001,
respectivamente) também mostraram um processo lento mas constante de desconcentração da
economia brasileira. Desta forma, por exemplo, foi que a região Sudeste que contribuía com
um pouco mais de 60% do PIB brasileiro em 1985 passou a produzir apenas 55% da riqueza
nacional em 2004. Esta evolução geral realizou-se favorecendo as regiões Centro-oeste e
Norte do país.

Esta perda relativa da região Sudeste, progressiva, mas inexorável, diz respeito em primeiro
lugar ao estado de São Paulo que continua a liderar as atividades econômicas entre os estados
da federação, porém cuja participação no PIB caiu de 36,1% em 1985 para 31% em 2004.
Apesar do peso estrutural da economia paulista e de seu crescimento em termos absolutos,
nota-se que a perda relativa de sua posição é constante depois de 1988, quando o Estado
produziu 38,1% do PIB brasileiro. Isto mostra que o fenômeno de recomposição espacial das
atividades econômicas é definitivo e que ele resulta de modificações de fatores de ordem
estrutural. A posição relativa das outras unidades federativas da região Sudeste - Minas Gerais
e Espírito Santo - parece ter se estabilizado durante o mesmo período (1985-2004), em torno
de um pouco menos de 9,5% e 2%, respectivamente.

Os desafios de desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro

A exploração dos dados do IBGE realizada por Fauré e Hasenclever (2005) e atualizados para
fins desta análise 1 permite dizer que de 1985 a 2004 a parte relativa do ERJ na criação da
riqueza nacional parece, a primeira vista, relativamente estável, tendo passado de 12,7% a
12,6% do PIB em 19 anos 2. Porém, esta visão é enganosa. Inicialmente é preciso relembrar
que em 1970 o ERJ produzia 16,1% do PIB brasileiro. De outro lado, é preciso sublinhar que
o ERJ foi o estado da federação que apresentou o crescimento mais lento entre 1985 e 2001:
quando a taxa média de crescimento era de 4,9% para o Brasil, ela foi apenas de 2,7% para o
ERJ. Esta situação passa a ser um pouco melhor no período 1994-2003 quando o Estado
cresce a uma taxa média de 3,3% e o Brasil a uma taxa de 2,3%.

1
Os dados analisados do IBGE não dizem respeito a nova metodologia de cálculo do PIB que foi criada em
2007, mas trabalha com os dados de PIB anteriores. Optou-se por utilizar a metodologia antiga para a realização
desta contextualização devido ao interesse de se trabalhar com uma série mais longa. A nova metodologia
restringisse a uma série de dados entre 2002 e 2006. Outros trabalhos da equipe procurarão analisar as
implicações recentes das novas estatísticas no município do Rio de Janeiro.
2
É importante destacar que as estatísticas do IBGE sobre o estado do Rio de Janeiro não levam em conta desde
há alguns anos a produção do setor naval, que está, desde os anos 2000, em processo de revitalização, e
subestimam a contribuição do setor têxtil/confecções, subestimativas estas que já foram reconhecidas
publicamente pelo Instituto e pela Federação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
7

De fato o período 1985-2004, para o estado do Rio de Janeiro, pode ser caracterizado por dois
períodos distintos. O primeiro, de 1985 a 1998, foi marcado por uma crise da economia
fluminense e uma perda gradativa de seu dinamismo, conforme já apresentado. A partir de
1998, assiste-se à recuperação das atividades, principalmente devida a uma forte aceleração
da cadeia petrolífera. A posição relativa do Estado na formação do PIB brasileiro ilustra
perfeitamente estas tendências: em 1998, a contribuição fluminense para a riqueza nacional
era de 11%, tendo ultrapassado os 12% após este ano. Mas esta recuperação é frágil: por um
lado, repousa essencialmente sobre um setor – o petróleo - e, por outro, alguns Estados e
regiões do país obtêm melhores desempenhos e melhores resultados em outros numerosos
setores de atividade. Decorrente desta dinâmica diferenciada, no conjunto do país, pode-se
dizer que somente a retomada das atividades fluminenses em si não é suficiente para que o
Estado retorne a sua posição relativa dos anos 1970 ou mesmo da metade dos anos 1980.

É importante registrar, rapidamente, que em termos de renda per capita o Rio de Janeiro
continua a ter uma posição boa (R$ 14.639,00), que o coloca somente atrás do Distrito
Federal (R$ 19.071,00) e um pouco acima do estado de São Paulo (R$13.725,00), em 2004.
Como sabido, o poder de compra real deve ser levado em conta na análise dos fatores de
crescimento.

Se examinarmos a participação fluminense no PIB brasileiro em função dos componentes


setoriais pode-se sublinhar que o setor de indústria de transformação, assim como outros
setores, perderam posição relativa entre 1985 e 2004: agropecuária, serviços industriais de
utilidade pública (eletricidade, água e gás), construção civil, comércio, atividades de
alojamento e alimentação, transportes e armazenagem, comunicações, intermediação
financeira, imobiliária e prestações de serviços às empresas. Estas numerosas perdas setoriais
mostram que o declínio relativo do estado fluminense é bastante generalizado e apresenta-se
em quase todos os setores das atividades econômicas. Deve-se, sobretudo, notar o
desenvolvimento da indústria extrativa mineral, com o espetacular crescimento da cadeia do
petróleo, que representava, em 2004, 78% dessa indústria à escala nacional.

No período 2001-2004, observa-se que entre os estados da federação brasileira apenas a Bahia
apresentou aumento de sua participação relativa maior que um ponto percentual no PIB do
setor da indústria de transformação. Os estados do Rio de Janeiro e do Paraná registraram
queda de 1,5 pontos percentuais, enquanto os demais estados ficaram próximos à estabilidade.

Esta abordagem comparativa da participação relativa do setor industrial entre os estados não é
suficiente. É também necessário observar as demais evoluções setoriais fluminenses em
absoluto e em comparação com a dos outros estados. Esta leitura de dados estatísticos oferece
um panorama um pouco diferente, complementar e mostra dinamismos variados. Dois setores
se destacam pelo crescimento espetacular: a indústria extrativa (cujo coeficiente foi
multiplicado por 3,71 de 1985 a 2004) e as comunicações (x 3,67). Os demais setores em
crescimento apresentam um menor dinamismo (outros serviços coletivos: x 1,59, imobiliário
e serviços às empresas: x 1,46, alojamento e alimentação: x 1,45, agropecuária: x 1,37).
Constata-se, ao contrário, um declínio da indústria de transformação, passando do índice 100
em 1985 ao índice 94,2 em 2004. Mas não se trata de um fenômeno tipicamente fluminense já
que, neste setor, o Estado praticamente manteve a sua posição em relação ao país entre 1985 e
2004.

Em resumo, percebe-se três tendências marcantes a partir do exame destas estatísticas.


Inicialmente o declínio da economia fluminense é bastante geral porque ele se observa sobre
8

vários setores de atividades. Em seguida nota-se que o essencial da menor deterioração e ou


da recuperação econômica do Estado é devida ao setor do petróleo que é responsável por mais
de 60% da nova retomada estadual, constatada depois de 1998. Enfim, como a economia
fluminense faz parte do conjunto nacional, as dinâmicas estaduais de certos setores podem ser
importantes, mas não suficientes. Emblemático, sob este aspecto, é o caso do setor de
comunicações, onde o índice indicando o crescimento no Estado elevou-se fortemente,
passando de 100 a 367 em 19 anos, porém o crescimento à escala estadual foi ultrapassado em
outros estados da federação já que a contribuição fluminense a este setor, no conjunto
nacional, caiu de 28,3% para 10,8% durante o período 1985-2004.

Em relação à indústria do MRJ, tomando-se as variáveis da Pesquisa Industrial Anual (PIA) e


da Pesquisa Industrial Mensal (PIM-PF), no período de 1996-2005, observou-se que o setor
secundário do ERJ perdeu peso na indústria brasileira seguindo a tendência apontada por
vários autores de desconcentração da indústria das metrópoles para as cidades médias. A
partir de 1998 observa-se uma retomada do crescimento da indústria do ERJ, mas ela foi mais
intensa no interior do que no Município. De fato, o movimento de retomada da indústria do
ERJ a partir de 1998 não foi capaz de reverter a tendência de queda da economia do MRJ.

Duas causas podem ser apontadas para explicar este desempenho econômico negativo: o
pequeno número de setores industriais do MRJ que apresentaram taxas positivas de
crescimento no período e a não importância do setor extrativo do petróleo no MRJ, setor que
explica essencialmente a retomada do crescimento no ERJ.

Em termos de evolução e participação relativa dos setores na economia do MRJ não se


registrou mudanças substantivas. Com efeito, os seis setores que apresentaram evoluções
positivas no período em termos de algumas das variáveis analisadas na PIA são os setores de
extração de petróleo e produtos correlatos; têxtil; refino de petróleo e produção de álcool;
montagem de veículos automotores; outros equipamentos de transporte; e reciclagem.

Da mesma forma, a participação relativa dos setores alterou-se muito pouco no período,
apresentando um movimento geral de ligeira desconcentração da indústria de transformação e
uma possível diversificação da mesma em direção aos setores que apresentaram taxas de
crescimento positivas no período. Percebeu-se também uma redução generalizada do tamanho
das empresas e da produção física no período. Os setores que mais se destacam na indústria
carioca tanto em termos de emprego quanto em termos de resultados monetários (receita
líquida de vendas, valor bruto da produção e valor de transformação industrial) são os setores
de fabricação de produtos químicos; fabricação de produtos alimentícios e bebidas; e edição,
impressão e reproduções. O setor de confecções também se encontra entre os quatro mais
importantes geradores de emprego e o setor de borracha e plástico entre os quatro maiores
geradores de resultados monetários.

A atividade comercial do MRJ, por sua vez, sofre o impacto de perda de importância da
região metropolitana, retraindo-se até o ano de 1996, quando atingiu sua menor participação
no PIB do comércio nacional pelos dados do IBGE. Tomando os dados da Pesquisa Anual do
Comércio (PAC), pode-se inferir a volta do crescimento da atividade comercial, tanto no ERJ
quanto no MRJ, a partir do ano de 2003, ainda que ele tenha sido mais vigoroso para o
primeiro do que para o segundo. Mas é somente a partir de 2004 que os resultados se
apresentam superiores à média do resultado observado para o período 2001-2005.

De fato, para todas as variáveis analisadas da PAC os desempenhos, mensurados através de


suas taxas de crescimento acumuladas no período 2001-2005, foram positivos e superiores a
cerca de 15% para o ERJ e a cerca de 10% para o MRJ. A participação relativa do MRJ por
9

sua vez, apesar de ter se reduzido, apresentou perdas pouco significativas. Assim o
desempenho do Município não ficou muito aquém do desempenho do Estado no que diz
respeito às atividades de comércio, diferentemente do constatado para as atividades
industriais. Entretanto, este desempenho positivo foi mais vigoroso em outras regiões do
Brasil, não permitindo que o Rio se destacasse na atividade comercial em termos nacionais.

A fotografia desse desempenho da atividade comercial foi confirmada pelos dados da


Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). As receitas dos setores, com exceção de combustíveis
e lubrificantes, cresceram no período entre 2000-2007. Em resumo, não foram registradas
mudanças marcantes na participação relativa entre as divisões de comércio, apenas
dinamismo diferenciado entre os grupos. A divisão de comércio mais dinâmica no período foi
a do setor atacadista no que diz respeito à geração de valor (receita líquida de revenda e
salários). Já no que diz respeito à geração de empregos, destaca-se o comércio varejista. Estas
dinâmicas diferenciadas, por sua vez, estão relacionadas com a natureza dos setores e
transformações ocorridas (Plano Real, introdução de tecnologias de informação e automação,
e crédito).

Todas essas considerações definem o quadro de problemas encontrados atualmente pela


economia do ERJ e de seu Município capital e os termos de sua equação. O esvaziamento
relativo de seu dinamismo industrial e as modificações impostas ao seu aparelho produtivo
são acompanhados de um processo de esgotamento do crescimento urbano da capital e de sua
área metropolitana, cuja densidade gera deseconomias externas que tendem a anular os efeitos
positivos da aglomeração 3. Torna-se, então, imperativo, em um contexto de quase estagnação
econômica e elevada concorrência, sustentar e impulsionar a atividade econômica para novos
tipos de produção, para novas organizações produtivas, para áreas geográficas situadas fora da
zona demográfica mais importante do Estado. Esta sustentação e novo impulso à atividade
econômica são dependentes de políticas industriais que integrem o município do Rio de
Janeiro (MRJ) ao ERJ.

Várias iniciativas governamentais e locais têm procurado alterar esta realidade com o objetivo
de mudar esse quadro desfavorável de desenvolvimento industrial e comercial do ERJ. Entre
essas iniciativas iluminar-se-á o caso da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro e o seu
entorno. De fato, na última década, constata-se uma expansão industrial intensa na Zona
Oeste da cidade do Rio de Janeiro, em função de projetos industriais em execução, mas
também uma crescente renovação imobiliária. Há possibilidade de expansão da atividade
industrial na região pelo fato de que os Distritos Industriais implantados pelo governo do
Estado na Região, ao dotar áreas previamente planejadas de toda infra-estrutura básica à
instalação de indústrias, facilita o processo de atração das indústrias para a região.
Toma-se como pressuposto que tal desenvolvimento abrangente não pode ser feito com base
em uma empresa solitária. Requer uma visão sistêmica que aplique metodologias baseadas em
abordagens do tipo de adensamento ou cadeias de valores, capaz de integrar estágios de
produção de matérias primas, produção de bens e serviços e consumo final e, sobretudo, uma
interação intensa entre as atividades econômicas locais e as instituições provedoras de
serviços e suporte ao desenvolvimento local.

3
Convém aqui lembrar que se as taxas de crescimento das grandes cidades brasileiras foram elevadas até os anos
1950-60 – com taxas anuais situadas entre 4 e 6% - elas caíram nitidamente em seguida. Esta evolução é ainda
mais verdadeira tratando-se da área metropolitana carioca, cuja taxa de crescimento passou de 3,7% no período
1940-70 para 2,4% nos anos 1970-80 e para 1% na seqüência 1980-91. Ao mesmo tempo, um outro fenômeno
importante, e que se verifica amplamente no ERJ, é que a taxa de crescimento das metrópoles brasileiras tornou-
se inferior à taxa de crescimento da população urbana, o que significa a emergência de cidades de médio porte.
10

Adicionalmente, pressupõe-se que quanto maior for o adensamento de cadeias produtivas


formadas por indústrias inter-relacionadas através de relações de compra e venda, mas
também de outras atividades correlatas de prestação de serviços e comércio locais, mais se
estará desenvolvendo uma região.

1.1. Objetivos gerais e específicos

Os objetivos gerais do projeto são o diagnóstico das atividades econômicas locais e a


realização de um seminário sobre possibilidades de desenvolvimento econômico local da
Zona Oeste do município do Rio de Janeiro e de seu entorno.

O objetivo específico deste diagnóstico sócio econômico local, objeto deste documento, é
mapear elementos que identifiquem a região de estudo, as suas principais atividades
econômicas locais, os seus indicadores sociais e as iniciativas de governança já existentes
a partir de dados secundários discriminados ao longo do texto.

A construção deste diagnóstico permitirá a construção de uma visão compartilhada dos


principais desafios e problemas da região. Esta visão compartilhada das principais atividades
sócio-econômicas da região entre os pesquisadores os ajudará a buscar novas informações
relevantes para o entendimento do funcionamento sócio-econômico local junto aos vários
atores locais – empresários, responsáveis por projetos de apoio e administrações públicas
envolvidas com a região.

Também foram elaborados cadastros com o perfil das empresas locais e das principais
instituições de ensino locais (formação profissional e universitária) com o objetivo de ampliar
este diagnóstico, baseado em dados secundários, muitas vezes defasados no tempo e não
capturando dinâmicas importantes, com dados primários que expressem a opinião dos
principais empresários já localizados na região. A coleta destas opiniões será feita com a
ajuda da empresa Ayra Consultoria – empresa Junior dos alunos de administração, ciências
contábeis e economia da UFRJ, orientada por questionário elaborado pelo conjunto da equipe
de pesquisadores.

A este diagnóstico se juntarão outros, realizados pelos demais pesquisadores da equipe,


visando fortalecer os encadeamentos da cadeia de aço inox ou outros encadeamentos, os
principais planejamentos urbanos previstos e os aspectos administrativos da região, as
possibilidades de exportação, a situação tributária local e as demais políticas públicas
orientadas para a região, as infra-estruturas e as instituições locais, com vista a se constituir
um Parque Tecnológico e um Pólo Industrial de aço inox na Zona Oeste do MRJ. O
documento final contendo os diferentes diagnósticos será discutido com as lideranças locais
em um seminário visando iniciar os debates sobre as ações de governança necessárias para
que o desenvolvimento local seja provocado a partir da junção de atores chaves para o
desenvolvimento da região.

Essas vantagens de localização na Região e nos municípios do seu entorno geográfico


poderiam ser ampliadas e até mesmo consolidadas, caso se atraia um conjunto de novas
empresas (nacionais e estrangeiras) que trabalhem com a cadeia produtiva do aço inox ou em
outras cadeias produtivas a se instalarem e, concomitantemente, se desenvolva uma maior
capacitação técnica de produto e processo em aço inox, bem como se estimule a criação de
pequenas e médias empresas especializadas na prestação de serviços de montagem e
acabamento de produtos finais. Para alcançar estes propósitos de desenvolvimento local é
necessário apoiar o desenvolvimento competitivo das empresas que passa pelo
11

desenvolvimento das pessoas, de conhecimento, processos, incorporação de novos


equipamentos e boas condições de trabalho.

2. Identificação da região de estudo e sua evolução histórica

A região delimitada para estudo é constituída por quatro regiões administrativas, das 34 do
MRJ, todas pertencentes à Zona Oeste, uma das 11 zonas do MRJ. Ela representa cerca de
30% da área do MRJ (aproximadamente 380 km²) e tem uma população de 1,5 milhão de
pessoas, apresenta facilidades de infra-estrutura e disponibilidade de terrenos adequados às
atividades produtivas, além de potenciais economias de aglomeração em razão das indústrias
nelas já instaladas, como desenvolvido adiante.

A Zona Oeste é composta por 41 bairros e 10 regiões administrativas, das quais quatro fazem
parte da delimitação do estudo: Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz (sombreado de
cinza no Quadro 1). Cada região possui um bairro sede (em negrito no Quadro 1), que
concentra a maior parte das atividades econômicas daquela região, e outros bairros menos
relevantes. Apesar de a região delimitada para estudo ser menos abrangente do que a Zona
Oeste, a denominaremos, neste trabalho, de Zona Oeste. Consultar Anexo 1 com a localização
geográfica e descrição completa das regiões administrativas e bairros do MRJ.
12

Quadro 1 – Configuração da Zona Oeste do MRJ


Região Administrativa Bairros
XVI Jacarepaguá Anil
Curicica
Freguesia
Gardênia Azul
Jacarepaguá
Pechincha
Praça Seca
Tanque
Taquara
Vila Valqueire
XVII Bangu Bangu
Padre Miguel
Senador Camará
XVIII Campo Grande Campo Grande
Cosmos
Santíssimo
Senador Vasconcelos
Inhoaíba
XIX Santa Cruz Paciência
Santa Cruz
Sepetiba
XXIV Barra da Tijuca Barra da Tijuca
Camorim
Grumari
Itanhangá
Joá
Recreio dos Bandeirantes
Vargem Grande
Vargem Pequena
XXVI Guaratiba Barra de Guaratiba
Guaratiba
Pedra de Guaratiba
XXVII Rocinha Rocinha
XXXII Colônia Juliano Moreira¹ Colônia Juliano Moreira
XXXIII Realengo Campo dos Afonsos
Deodoro
Jardim Sulacap
Magalhães Bastos
Realengo
Vila Militar
XXXIV Cidade de Deus Cidade de Deus
¹ Sua criação foi aprovada em 1996 pelo PL 446/96, mas não chegou a ir para votação, as regiões criadas depois saltaram o número 32.
Fonte: Instituto Pereira Passos

Os quatro grandes bairros que compõem a Zona Oeste – e tomam os mesmos nomes das
regiões – tem suas origens e explorações econômicas bastante variadas. O mais antigo deles é
o bairro de Santa Cruz, fundado a partir da sesmaria criada em 30 de dezembro de 1567.
Bangu e Campo Grande foram fundados bem mais tarde, em 1673. Realengo tem sua origem
em 1814.

Entretanto, o desenvolvimento das atividades industriais e outras atividades, em todos os


bairros, iniciou-se no final do século XIX: Bangu em atividades têxteis, Campo Grande em
13

atividades ferroviárias e de bondes, assim como grande produtor de laranja e Santa Cruz como
um importante entreposto de abate de bois, conforme resumo por bairros a seguir.

2.1. Campo Grande

Inicialmente, o território correspondente a Campo Grande era habitado por índios Picinguaba.
Segundo Fróes e Gelabert (2004), em 1569 esse território passou a pertencer à grande
Sesmaria de Gericinó, que foi doada a João de Bastos e Gonçalo D’Aguiar. Desmembrada
desta pouco antes de 1670, a área foi doada pelo governo colonial a Barcelos Domingues e,
em 1673, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Desterro, marco histórico da ocupação
territorial do local.

O cultivo da cana-de-açúcar e a criação de gado bovino foram as primeiras atividades


econômicas locais. Do final do século XVI até meados do XVIII, a ocupação territorial foi
lenta, apesar do intenso trabalho dos jesuítas, realizado no território vizinho de Santa Cruz. Os
religiosos deixaram obras de engenharia de vulto como estradas, pontes e inúmeros canais de
captação de água para irrigação, drenagem e contenção da planície, sempre sujeita às
enchentes dos rios Guandu e Itaguaí.

Durante todo o século XVIII a ocupação territorial mais efetiva ocorreu em Santa Cruz, por
causa do engenho dos jesuítas, e nas proximidades do centro de Campo Grande, cujas terras
compreendem hoje as regiões de Bangu e Jacarepaguá. Essas terras eram atravessadas pela
Estrada dos Jesuítas, mais tarde Estrada Real de Santa Cruz e pelas vias hidrográficas da
extensa Freguesia de Irajá. Toda a área, na verdade, era uma única região, um imenso sertão
pontilhado por alguns núcleos nos pontos de encontro das vias de acesso, em torno dos
engenhos e nos pequenos portos fluviais.

A característica nitidamente rural levou, durante quase três séculos, à aglomeração humana
restrita às proximidades das fazendas e engenhos e às pequenas vilas de pescadores, ao longo
da costa. Já no final do século XVIII, a Freguesia de Campo Grande começou a prosperar.
Seu desenvolvimento urbano ocorreu a partir do núcleo formado no entorno da Igreja de N.
Sa. do Desterro.

A partir da segunda metade do século XIX, a área começou a progredir com a implantação,
em 1878, de uma estação da Estrada de Ferro D. Pedro II, em Campo Grande. O transporte
ferroviário foi, então, o vetor que transformou esta região tipicamente rural em urbana, ao
facilitar o acesso ao centro da Cidade. Em 1894, a empresa particular Companhia de Carris
Urbanos ganhou a concessão para explorar a linha de bondes à tração animal, possibilitando
que as localidades mais distantes fossem alcançadas, o que favoreceu o seu desenvolvimento
urbano interno.

A partir de 1915, os bondes à tração animal foram substituídos pelos elétricos, permitindo
maior mobilidade e integração entre os núcleos semi-urbanos já formados. Este evento
acentuou o adensamento do bairro central de Campo Grande e estimulou o florescimento de
um intenso comércio interno, de certa forma, independente. O bairro que historicamente já era
o ponto de atração do crescimento da região, tornava-se agora sua mola propulsora adquirindo
características tipicamente urbanas.

Com as crises da cultura do café, iniciadas no final do século XIX e persistindo no século
seguinte até 1929, a região voltou-se para uma nova atividade: a citricultura. Desde os
primeiros anos do século XX e até os anos 40, Campo Grande foi considerada a grande região
14

produtora de laranjas, o que lhe rendeu o nome de "Citrolândia". Ao lado de Realengo,


Jacarepaguá e Santa Cruz, Campo Grande figurava, até 1939, entre os maiores produtores de
laranja, chegando a exportar 144.557 toneladas do produto.

Durante o governo do presidente Washington Luis, na década de 1930, a Estrada Real foi
incorporada à antiga Estrada Rio-São Paulo. Esse fato integrou Campo Grande ao tecido
urbano da Cidade, acentuando seu adensamento. Em 1946, a abertura da grande Avenida
Brasil aproximou ainda mais a Região do restante da Cidade. Criada para escoar a produção
das indústrias cariocas, a nova via não teve o fluxo esperado, durante a década de 1950. A
criação da rodovia Presidente Dutra, ligando o Rio a São Paulo, desviou o fluxo de
mercadorias para outra direção e a região ficou estagnada, em termos de adensamento e
desenvolvimento industrial.

A partir da década de 1960, surgiram os distritos industriais em Campo Grande e Santa Cruz,
resultando na instalação de grandes empresas, como a siderúrgica Cosigua-Gerdau, a
Michelin e a Vale-Sul, entre outras. Hoje, o comércio no bairro é auto-suficiente, exercendo
atração sobre outras regiões. O setor industrial também está em alta. Campo Grande possui
um Distrito Industrial localizado no quilômetro 43 da Avenida Brasil, abrangendo ainda a
Estrada do Pedregoso.

2.2. Santa Cruz

A antiga terra de Piracema, ocupada até o início do século XVI por índios da Nação Tupi-
Guarani, passou a ser denominada Santa Cruz em 30 de dezembro de 1567, com a chegada
dos colonizadores portugueses, tendo à frente o primeiro Ouvidor-Mor da Cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro, Cristóvão Monteiro e sua esposa, a senhora Marquesa Ferreira.

Aos padres Jesuítas da Companhia de Jesus que receberam a antiga sesmaria como doação,
coube a árdua tarefa da medição do latifúndio e todo o processo de beneficiamento das férteis
terras, desde o final do século XVI até o ano de 1759, quando foram expulsos do Brasil pelo
Marquês de Pombal. Santa Cruz foi uma das mais prósperas fazendas brasileiras, destacando-
se a produção agro-pastoril em todo o século XVIII, onde o escravo africano contribuiu
decisivamente para o sucesso do empreendimento da Companhia.

A fazenda dos jesuítas era tão importante para o governo colonial que suas terras não foram
postas em leilão, após a expropriação, tendo sido incorporadas ao patrimônio oficial e depois
transformadas por D. João VI em Fazenda Real de Santa Cruz, após a transferência da corte
portuguesa para o Brasil, em 1808. Com a chegada da comitiva real, a cidade do Rio de
Janeiro modificou-se muito e todas as regiões tipicamente rurais sofreram sua influência. As
atividades econômicas e culturais aceleraram-se e a zona rural voltou-se para o abastecimento
da Cidade e para os benefícios trazidos pela corte. Não houve, porém, uma aceleração do
desenvolvimento da região, que continuou a manter suas características rurais.

Com a chegada de D. João VI e de toda a nobreza portuguesa em 1808, Santa Cruz recebeu a
denominação de Fazenda Real e, depois, Imperial, acolhendo por longas temporadas o Rei, os
Imperadores e todos os seus herdeiros, no prédio do antigo convento jesuítico, já ampliado e
transformado em Palácio.

A partir de 1881, o Matadouro de Santa Cruz passou a servir como centro irradiador do
desenvolvimento sócio-econômico, cultural e político da região que hoje é identificada como
Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro.
15

Na década de 1930, o governo Getúlio Vargas desencadeou grandes empreendimentos em


obras de saneamento, visando trazer de volta a salubridade e a conseqüente valorização das
terras, tentando recuperar assim, o dinamismo econômico da região, a partir da criação das
Colônias Agrícolas.

Com o intenso desenvolvimento da cidade do Rio de Janeiro, ocorrendo em todas as direções,


é criada em Santa Cruz, a Zona Industrial, provocando igualmente a sua urbanização, a
exemplo da construção dos conjuntos habitacionais populares.

2.3. Bangu

A origem do bairro Bangu remonta a meados do século XVII, mais exatamente em 1673,
quando o nome "Bangu" foi registrado oficialmente em documentos oficiais de propriedade,
como o da Fazenda Bangu, que foi grande produtora de açúcar e seus derivados. A palavra
Bangu tem dois significados distintos: uma com significado de "anteparo negro, paredão
negro" (origem Tupi), a outra vem do africano bangüê, nome dado pelos escravos a local do
engenho onde se guardava o bagaço da cana-de-açúcar.

Inicialmente com atividades econômicas principalmente rurais, inciou sua industrialização a


partir das atividades têxteis, quando, no ano de 1889, foi fundada a Companhia Progresso
Industrial do Brasil (Fábrica Bangu). A partir da fundação da Fábrica, o espaço rural foi se
transformando rapidamente em urbano, contribuindo para um povoamento acelerado, devido
à necessidade de operários para a Companhia, sendo também responsável por trazer para a
região importantes obras, entre elas a Estação Ferroviária de Bangu, em 1890; o ramal
ferroviário de Santa Cruz, em 1892; a fundação da Paróquia de São Sebastião e Santa Cecília,
em 1908, viabilizando um progressivo processo de urbanização e desenvolvimento.

Sendo uma das regiões que mais cresce na Zona Oeste, a região de Bangu conta com uma
população estimada em 240.000 habitantes, e setores em pleno desenvolvimento, como o
habitacional, comercial, cultural, etc. Não podemos deixar de falar do Calçadão de Bangu,
que é o pólo do comércio local, e também palco de grandes eventos como o aniversário da
XVII região administrativa, que anualmente é realizado com o tradicional corte do bolo de
aniversário, que a cada ano aumenta um metro, em referência a idade da Administração
Regional.

2.4. Realengo

O território entre as Serras do Pedra Branca e Serra do Mendanha deve seu nome, segundo a
tradição popular, a corruptela do termo “Real Eng°” (abreviação de Real Engenho) que vinha
afixado sobre as placas no topo dos bondes, o que com o passar do tempo, se tornou
popularmente Realengo.

Recentemente pesquisadores defendem a idéia de que a verdadeira origem do nome do bairro


deriva de "terras realengas" que quer dizer “terras distantes do rei”. Comprovadamente as
denominadas Terras Realengas têm sua origem, segundo alguns historiadores, pela Carta
Régia de 27 de Junho de 1814, através da qual o príncipe-regente a concedeu em sesmaria ao
Senado da Câmara do Rio de Janeiro os terrenos situados em Campo Grande, chamados de
realengos. A concessão das terras onde hoje é o bairro Realengo, central e periferia, foi
destinada apenas para servir de pastagem de gado bovino, fornecendo carne aos talhos
(açougues) da cidade. Estas terras foram proibidas de venda ou quaisquer outras formas de
16

alienação, obrigando-se a Câmara, a fazer a medição e trazê-las limpas em condições de servir


ao fim para que foram doadas pela mencionada carta régia.

O povoado de Realengo foi delimitado territorialmente pelo Senado da Câmara do Rio de


Janeiro, através da provisão de 18 de julho de 1814, tomando a Coroa posse das terras
testadas pela Estrada de Santa Cruz e com fundos de vinte braças no máximo. Apesar da
proibição expressa de arrendamento, vendas ou quaisquer outras formas de alienação, a
Câmara, a partir de certa época, valendo-se da carta régia de 27 de junho passou a aforar todos
os terrenos concedidos.

O bairro teve seus primeiros povoadores, escravos e emigrantes portugueses da Ilha dos
Açores, por ordem do príncipe-regente. Ao chegarem se dedicaram à agricultura para
pastagem levando produtos como açúcar, rapadura, álcool e cachaça, pelo porto de Guaratiba.
Pelas pesquisas, ao contrário das regiões limítrofes, não houve só um engenho em Realengo;
tudo era levado para sofrer processo de transformação em outras propriedades.

Durante o Primeiro Reinado, o imperador Dom Pedro I costumava ir para a Fazenda de Santa
Cruz pela Estrada Real de Santa Cruz, que passava pelo Real Engenho, onde muitas vezes
pernoitou.

No final do século XIX foi inaugurada a Fábrica de Cartuchos de Realengo, e a partir dos
anos 1930 vieram os conjuntos habitacionais do IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensão
dos Industriários), conhecido por "Coletivo", que serviria para os operários da fábrica. A
partir da década de 1970 inicia-se a ocupação efetiva da região que perde o aspecto mais rural.
São criados diversos Conjuntos Habitacionais para população de baixa renda, dentre eles
destaca-se a Companhia de Habitação, referência ao plano de habitação popular do Banco
Nacional de Habitação (BNH). Tradicionalmente na historiografia, Realengo está associado à
escola de formação de oficiais que se situa neste bairro, a Escola Militar de Realengo que teve
papel importante à época do Tenentismo.

Célebre na canção "Aquele Abraço" do cantor Gilberto Gil, o bairro ficou nacionalmente
conhecido. Na verdade, mais que uma homenagem ao bairro, faz referência velada aos
quartéis onde ele e outros artistas, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, estiveram presos
durante a Ditadura Militar.

3. Principais atividades econômicas locais na ótica dos estabelecimentos e dos empregos:


uma predominância das atividades comerciais e de serviços com uma especialização
relativa na indústria quando comparada com o MRJ

Uma análise dos dados sobre o número de estabelecimentos e empregos formais da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS) por bairros e regiões selecionados da Zona Oeste foi
elaborada por atividade econômica e encontra-se nas Tabelas 1 e 2 4. Analisando os
estabelecimentos da região segundo as atividades econômicas, destaca-se o setor de comércio
varejista com 45% dos estabelecimentos da região. Em seguida encontram-se os setores de
serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção com 14,2% dos
estabelecimentos. Finalmente, na terceira posição, registra-se o setor de comércio e
administração de imóveis com 8,8%. O principal setor da indústria de transformação em
número de estabelecimentos é a indústria de alimentos e bebidas que aparece na nona posição,
4
Este procedimento tornou-se possível graças a abertura das informações da RAIS por bairros. A equipe
agradece ao Ministério do Trabalho e Emprego por facilitar este acesso.
17

com apenas 2% do número de estabelecimentos (ver segunda parte, penúltima coluna, da


Tabela 1).

Em comparação com o MRJ (ver primeira parte, última coluna, da Tabela 1), os setores com
maior participação relativa são diferentes daqueles com o maior número absoluto de
estabelecimentos. Neste caso, 4 dos 5 principais setores encontram-se na indústria de
transformação, em ordem decrescente de importância: minerais não metálicos; alimentos e
bebidas; madeira e mobiliário; e metalurgia. Esses setores apresentam participação relativa
em relação ao mesmo setor no Município, respectivamente, de 18,6, 14,9, 13,4, 12,6%, o que
significa quase o dobro da participação relativa do número de estabelecimentos da região no
MRJ (7,2%).

Analisando a distribuição dos estabelecimentos por atividade econômica e região


administrativa, observa-se que o comércio varejista também é a atividade que ocupa a
primeira posição em todas as quatro regiões administrativas pesquisadas. Em segundo lugar
aparece a atividade de serviços de alojamento, alimentação e reparação. A partir daí,
aparecem algumas diferenças; a principal delas é a presença do setor de ensino em terceiro
lugar na região de Santa Cruz (com 7,8% dos estabelecimentos da região) enquanto nas
demais ocupa a quarta ou quinta posição, com participações variando entre 5,3%, em Campo
Grande, e 6,8%, em Realengo (ver Tabela 1).

Em relação à representatividade dos estabelecimentos das regiões administrativas pesquisadas


no Município, o setor de produtos minerais não metálicos aparece como o mais representativo
em três regiões: Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, sendo responsáveis por respectivamente
4,2%, 9,3% e 4,7% dos estabelecimentos do setor no Município. Na região administrativa de
Bangu o setor de ensino aparece empatado com o de produtos minerais não metálicos em
primeiro lugar. O setor de ensino também aparece bem representado na região de Campo
Grande (6,2%) onde aparece em segundo lugar. Apenas na região administrativa de Realengo
aparece a indústria metalúrgica como a mais representativa da região em relação ao
Município, com 3,2% dos estabelecimentos do setor. Já na região de Santa Cruz, destaca-se a
representatividade do setor agrícola e extrativo vegetal que aparece na segunda posição com
4,5% dos estabelecimentos Municipais.
18

Tabela 1 – Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia


nos bairros selecionados, 2006
Campo Santa Total MRJ Participação
Bangu Grande Realengo Cruz Total (1) (2) % (1) / (2)
Indústria Extrativa e de Transformação 164 230 121 112 627 6.744 9,3
Indústria de produtos minerais nao metálicos 10 22 1 11 44 236 18,6
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 42 56 30 35 163 1.097 14,9
Indústria da madeira e do mobiliário 8 14 5 7 34 254 13,4
Indústria metalúrgica 26 30 23 10 89 708 12,6
Indústria de calçados 1 2 0 0 3 33 9,1
Extrativa mineral 3 5 0 1 9 106 8,5
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 16 22 8 17 63 754 8,4
Indústria do material de transporte 0 3 4 4 11 133 8,3
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 17 37 22 8 84 1.110 7,6
Indústria mecânica 8 10 7 5 30 409 7,3
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 11 7 10 5 33 599 5,5
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 3 3 3 0 9 176 5,1
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 19 19 8 9 55 1.129 4,9
Serviços industriais de utilidade pública 3 6 1 5 15 168 8,9
Construçao civil 50 82 19 50 201 2.745 7,3
Comércio 1.056 1.857 572 617 4.102 37.173 11,0
Comércio varejista 954 1.726 514 598 3.792 32.267 11,8
Comércio atacadista 102 131 58 19 310 4.906 6,3
Serviços 1.022 1.419 465 464 3.370 68.567 4,9
Ensino 133 193 80 98 504 3.110 16,2
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 184 294 46 80 604 8.675 7,0
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 357 479 202 149 1.187 17.556 6,8
Transportes e comunicaçoes 78 82 18 43 221 4.088 5,4
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 26 52 18 15 111 2.605 4,3
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 244 318 99 78 739 32.230 2,3
Administraçao pública direta e autárquica 0 1 2 1 4 303 1,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 3 18 1 15 37 333 11,1
Total 2.298 3.612 1.179 1.263 8.352 115.730 7,2
%
Campo Santa Total MRJ
Bangu Grande Realengo Cruz Total (%) (%)
Indústria Extrativa e de Transformação 7,1 6,4 10,3 8,9 7,5 5,8
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 1,8 1,6 2,5 2,8 2,0 0,9
Indústria metalúrgica 1,1 0,8 2,0 0,8 1,1 0,6
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,7 1,0 1,9 0,6 1,0 1,0
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 0,7 0,6 0,7 1,3 0,8 0,7
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 0,8 0,5 0,7 0,7 0,7 1,0
Indústria de produtos minerais nao metálicos 0,4 0,6 0,1 0,9 0,5 0,2
Indústria da madeira e do mobiliário 0,3 0,4 0,4 0,6 0,4 0,2
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,5 0,2 0,8 0,4 0,4 0,5
Indústria mecânica 0,3 0,3 0,6 0,4 0,4 0,4
Indústria do material de transporte 0,0 0,1 0,3 0,3 0,1 0,1
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0,1 0,1 0,3 0,0 0,1 0,2
Extrativa mineral 0,1 0,1 0,0 0,1 0,1 0,1
Indústria de calçados 0,0 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 0,1 0,2 0,1 0,4 0,2 0,1
Construçao civil 2,2 2,3 1,6 4,0 2,4 2,4
Comércio 46,0 51,4 48,5 48,9 49,1 32,1
Comércio varejista 41,5 47,8 43,6 47,3 45,4 27,9
Comércio atacadista 4,4 3,6 4,9 1,5 3,7 4,2
Serviços 44,5 39,3 39,4 36,7 40,3 59,2
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 15,5 13,3 17,1 11,8 14,2 15,2
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 10,6 8,8 8,4 6,2 8,8 27,8
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 8,0 8,1 3,9 6,3 7,2 7,5
Ensino 5,8 5,3 6,8 7,8 6,0 2,7
Transportes e comunicaçoes 3,4 2,3 1,5 3,4 2,6 3,5
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 1,1 1,4 1,5 1,2 1,3 2,3
Administraçao pública direta e autárquica 0,0 0,0 0,2 0,1 0,0 0,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 0,1 0,5 0,1 1,2 0,4 0,3
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 2006

Analisando os empregos da região segundo as atividades econômicas (Tabela 2), destaca-se o


setor de comércio varejista com 29% dos 113.561 empregos da região. Em seguida
encontram-se os setores de serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção com
19

11,7% dos empregos e transporte e comunicação com 11,1%, mostrando-se um pouco menos
concentrado que a distribuição dos estabelecimentos. O principal setor da indústria de
transformação é ainda a indústria de alimentos e bebidas, que aparece apenas na sétima
posição geral com 4,7% dos empregos, ou seja, sua participação nos empregos é superior a
participação no número de estabelecimentos. Entretanto, a indústria não se destaca nas
atividades econômicas da região mais geradoras de emprego.

Da mesma forma que no caso das participações relativas dos estabelecimentos, se


compararmos a participação relativa do número de empregos da Zona Oeste com o MRJ, os
setores com maior participação relativa são diferentes daqueles com maior número absoluto
de estabelecimentos. Neste caso, os seis principais setores encontram-se na indústria de
transformação, em ordem decrescente de participação relativa: metalurgia; minerais não
metálicos; madeira e mobiliário; alimentos e bebidas; fumos, couro e peles; e papelão e
gráfica. Esses setores possuem participação relativa, respectivamente, de 27,5, 19,2, 18,7,
15,3, 12,9 e 12,5%, apresentando quase o triplo da participação relativa do número de
empregos da região no município (5,8%), ou seja, ainda que a indústria não se destaque por
número de empregos gerados na região pesquisada, comparando-a com o MRJ, percebe-se
uma especialização relativa da região nas atividades industriais, refletida nos dados.

O primeiro setor não industrial em ordem de participação relativa do número de empregos no


MRJ é o setor de comércio varejista que aparece em sétimo lugar com 12,2% dos
estabelecimentos municipais do setor. Além dos setores industriais já citados, também
aparecem acima da média de participação relativa os setores de: mecânica; material de
transporte; comércio atacadista; transporte e comunicação; serviços médicos; ensino; e
agricultura e extrativismo vegetal. Os setores de mecânica, de material de transportes e as
demais atividades industriais evidenciam uma concentração de estabelecimentos industriais
nesta região do Município.
20

Tabela 2 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia nos


bairros selecionados, 2006
Campo Santa Total MRJ Participação
Bangu Grande Realengo Cruz Total (1) (2) % (1) / (2)
Indústria Extrativa e de Transformação 4.904 5.174 2.399 7.361 19.838 166.616 11,9
Indústria metalúrgica 139 433 169 2.711 3.452 12.530 27,5
Indústria de produtos minerais nao metálicos 157 505 25 223 910 4.744 19,2
Indústria da madeira e do mobiliário 64 152 143 153 512 2.742 18,7
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 3.023 1.531 211 569 5.334 34.796 15,3
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 40 367 1.001 54 1.462 11.346 12,9
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 344 143 55 1.976 2.518 20.121 12,5
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 623 1.159 303 744 2.829 24.444 11,6
Indústria mecânica 269 242 53 431 995 10.694 9,3
Indústria do material de transporte 0 136 112 318 566 6.719 8,4
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 179 450 308 180 1.117 20.253 5,5
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 5 30 19 0 54 4.338 1,2
Extrativa mineral 61 25 0 2 88 13.318 0,7
Indústria de calçados 0 1 0 0 1 571 0,2
Serviços industriais de utilidade pública 6 131 6 171 314 31.425 1,0
Construçao civil 423 1.244 282 442 2.391 72.978 3,3
Comércio 8.942 17.514 5.491 4.560 36.507 326.497 11,2
Comércio varejista 8.106 15.174 5.097 4.420 32.797 268.394 12,2
Comércio atacadista 836 2.340 394 140 3.710 58.103 6,4
Serviços 14.355 21.516 9.276 9.257 54.404 1.362.737 4,0
Ensino 2.208 5.799 1.919 1.594 11.520 97.165 11,9
Transportes e comunicaçoes 4.426 4.171 888 3.130 12.615 135.545 9,3
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 1.598 2.499 932 1.090 6.119 80.573 7,6
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r. 4.087 5.585 2.303 1.328 13.303 254.129 5,2
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 351 685 255 282 1.573 58.652 2,7
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 1.685 2.475 2.091 597 6.848 316.120 2,2
Administraçao pública direta e autárquica 0 302 888 1.236 2.426 420.553 0,6
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 3 51 1 52 107 1.761 6,1
Total 28.633 45.630 17.455 21.843 113.561 1.962.014 5,8
%
Campo Santa Total MRJ
Bangu Grande Realengo Cruz Total (%) (%)
Indústria Extrativa e de Transformação 17,1 11,3 13,7 33,7 17,5 8,5
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 10,6 3,4 1,2 2,6 4,7 1,8
Indústria metalúrgica 0,5 0,9 1,0 12,4 3,0 0,6
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 2,2 2,5 1,7 3,4 2,5 1,2
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 1,2 0,3 0,3 9,0 2,2 1,0
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,1 0,8 5,7 0,2 1,3 0,6
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,6 1,0 1,8 0,8 1,0 1,0
Indústria mecânica 0,9 0,5 0,3 2,0 0,9 0,5
Indústria de produtos minerais nao metálicos 0,5 1,1 0,1 1,0 0,8 0,2
Indústria do material de transporte 0,0 0,3 0,6 1,5 0,5 0,3
Indústria da madeira e do mobiliário 0,2 0,3 0,8 0,7 0,5 0,1
Extrativa mineral 0,2 0,1 0,0 0,0 0,1 0,7
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0,0 0,1 0,1 0,0 0,0 0,2
Indústria de calçados 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 0,0 0,3 0,0 0,8 0,3 1,6
Construçao civil 1,5 2,7 1,6 2,0 2,1 3,7
Comércio 31,2 38,4 31,5 20,9 32,1 16,6
Comércio varejista 28,3 33,3 29,2 20,2 28,9 13,7
Comércio atacadista 2,9 5,1 2,3 0,6 3,3 3,0
Serviços 50,1 47,2 53,1 42,4 47,9 69,5
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r. 14,3 12,2 13,2 6,1 11,7 13,0
Transportes e comunicaçoes 15,5 9,1 5,1 14,3 11,1 6,9
Ensino 7,7 12,7 11,0 7,3 10,1 5,0
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 5,9 5,4 12,0 2,7 6,0 16,1
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 5,6 5,5 5,3 5,0 5,4 4,1
Administraçao pública direta e autárquica 0,0 0,7 5,1 5,7 2,1 21,4
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 1,2 1,5 1,5 1,3 1,4 3,0
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 0,0 0,1 0,0 0,2 0,1 0,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006


21

Analisando a distribuição dos empregos por atividade econômica e por região administrativa,
observa-se que o setor de comércio varejista é também o principal, variando sua participação
relativa entre 20% e 33%, dependendo da região estudada. As demais posições ocupadas
pelos setores de atividade econômica variam conforme a região administrativa. O setor de
transporte e comunicação aparece em segundo lugar nas regiões de Bangu e Santa Cruz
(15,5% e 14,3%, respectivamente), o de ensino aparece em segundo na região de Campo
Grande (12,7%) e o de serviços de alojamento, alimentação e reparação em Realengo
(13,2%). Destaca-se ainda a indústria metalúrgica e de papel, editorial e gráfica, como o
terceiro e o quarto maior empregador da região de Santa Cruz com 12,4% e 9,1% dos
empregos dessa região, respectivamente.

Em relação à representatividade das regiões administrativas pesquisadas no Município, não se


repete a ordem setorial observada na região como um todo. Apenas na região de Santa Cruz, a
indústria metalúrgica possui a maior representatividade setorial no município, sendo
responsável por 21,6% dos empregos do setor no município, em segundo lugar está o setor de
papel, editorial e gráfica com 9,8%. Em Bangu, a maior representatividade está no setor de
alimentos e bebidas, com 8,7% dos empregos municipais do setor, seguido pelo setor de
serviços de transporte e comunicação e a indústria de produtos de minerais não-metálicos,
com 3,3% de participação relativa para cada um deles. Em Campo Grande, o setor mais
representativo é o de produtos de minerais não-metálicos com 10,6%, seguido do setor de
ensino com 6% dos empregos municipais. Em Realengo, a maior representatividade está na
indústria de borracha, couro e peles, com 8,8%, seguido de madeira e mobiliário, com 5,2%.

Estabelecimentos e empregos formais: pequena expressão em relação ao MRJ, salvo para a


participação relativa importante de alguns setores industriais na atividade econômica local;
relevância maior dos micros, pequenos e médios estabelecimentos no tecido empresarial,
assemelhando-se ao perfil do MRJ; atividades da Zona Oeste são menos intensivas em emprego
do que as atividades do MRJ

A região de estudo tem uma pequena expressão econômica quando comparada com o
conjunto das atividades econômicas do MRJ por números de estabelecimentos e empregos
formais, conforme Tabelas 3 e 4. Como já mencionado, a Zona Oeste representa em termos de
estabelecimentos 7,2% e em termos de empregos 5,8%, respectivamente dos estabelecimentos
e empregos do MRJ. Os bairros-sede (que dão nome a cada região administrativa) são
exatamente aqueles que apresentam o maior número de estabelecimentos e empregos e são os
quatro primeiros entre os 17 pesquisados, conforme detalhado abaixo.

Em termos de distribuição de estabelecimentos, a região administrativa que aparece com


maior concentração é Campo Grande com 43,2% dos estabelecimentos da região estudada,
seguido pelos bairros de Bangu com 27,5% dos estabelecimentos, Santa Cruz com 15% e
Realengo 14,1%. Já em relação ao MRJ, as participações relativas dos estabelecimentos são
de 3,1%, 2%, 1,1% e 1%, respectivamente, somando os 7,2% (ver Tabela 3, última coluna). O
número de empregos é mais bem distribuído entre os bairros sede do que o número de
estabelecimentos, apesar de a ordem dos bairros não se alterar. Campo Grande aparece em
primeiro lugar com 40,2% dos empregos formais, seguido por Bangu, Santa Cruz e Realengo
que apresentam participação de 25%, 19,2% e 15,5%, respectivamente. Em relação ao
Município, os percentuais são, respectivamente, 2,3%, 1,5%, 1,1% e 0,9% dos empregos
formais, somando 5,8% (ver Tabela 4, última coluna).
22

Tabela 3 – Número e distribuição dos estabelecimentos por tamanho para os bairros


selecionados, 2006
Micro Pequeno Médio Grande Total MRJ
(0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total (%) (%)
Bangu 1.786 420 77 15 2.298 27,5 2,0
Bangu 1.343 333 62 12 1.750 21,0 1,5
Padre Miguel 287 60 10 2 359 4,3 0,3
Senador Camará 156 27 5 1 189 2,3 0,2
Campo Grande 2.773 689 131 19 3.612 43,2 3,1
Campo Grande 2.389 586 116 16 3.107 37,2 2,7
Cosmos 73 21 3 2 99 1,2 0,1
Inhoaiba 90 28 4 0 122 1,5 0,1
Santissimo 94 25 4 1 124 1,5 0,1
Senador Vasconcelos 127 29 4 0 160 1,9 0,1
Realengo 906 228 36 9 1.179 14,1 1,0
Campo dos Afonsos 25 7 2 1 35 0,4 0,0
Deodoro 30 15 1 0 46 0,6 0,0
Jardim Sulacap 151 35 4 1 191 2,3 0,2
Magalhaes Bastos 58 14 0 0 72 0,9 0,1
Realengo 624 153 28 7 812 9,7 0,7
Vila Militar 18 4 1 0 23 0,3 0,0
Santa Cruz 971 243 40 9 1.263 15,1 1,1
Paciência 173 44 6 1 224 2,7 0,2
Santa Cruz 720 185 32 8 945 11,3 0,8
Sepetiba 78 14 2 0 94 1,1 0,1
Total Zona Oeste (1) 6.436 1.580 284 52 8.352 100,0 7,2
Total MRJ (2) 90.745 20.553 3.608 824 115.730 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,1 7,7 7,9 6,3 7,2 - -
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Utilizou-se a variável emprego para tamanho, conforme intervalos indicados na Tabela

O predomínio dos estabelecimentos de micro e pequeno porte é observado nas 4 regiões


administrativas, 96% dos 8.352 estabelecimentos da região estudada se enquadram nesse
tamanho. Analisando o porte segundo as regiões administrativas, o mesmo percentual é
observado em todas elas. Comparando com o MRJ, observa-se que a participação dos grandes
estabelecimentos é menor do que a participação dos estabelecimentos em geral, 6,3% contra
7,2%. Isto demonstra que a região apresenta proporcionalmente menos estabelecimentos de
maior porte que o restante do Município.

Os principais geradores de empregos na região estudada são os estabelecimentos de médio e


grande porte, apesar de representarem apenas 4% do número de estabelecimentos, eles são
responsáveis por 25% e 30,5% dos 113.561 empregos da região, respectivamente. A
distribuição dos empregos segundo o porte dos estabelecimentos apresenta-se, de maneira
semelhante, independente da região administrativa, com exceção da região de Campo Grande
onde os pequenos estabelecimentos detêm 30% da força de trabalho formal, frente a 27% dos
médios e 24% dos estabelecimentos grandes. Nas demais regiões os médios e grandes
estabelecimentos são os principais responsáveis pela geração de empregos.

Comparando os dados com os do MRJ, observa-se que a participação relativa dos empregos
gerados nos micros, pequenos e médios estabelecimentos da região pesquisada têm mais ou
menos a mesma participação sobre o total do município que os estabelecimentos do mesmo
porte sobre o total de estabelecimentos. Isto mostra que os estabelecimentos micro, pequenos
23

e médios da região estudada e do MRJ possuem uma capacidade de geração de empregos


semelhantes. Porém, os empregos gerados nos estabelecimentos de grande porte da região
pesquisada, ao contrário dos estabelecimentos dos demais portes, apresentam uma
participação muito menor: apenas 3,7%. Isso significa que os grandes estabelecimentos da
região estudada geram, em média, menos empregos que os grandes estabelecimentos do
Município. Uma hipótese para explicar esta constatação seria de que as principais atividades
econômicas da região são pouco intensivas em mão-de-obra e mais intensivas em capital.

Tabela 4 – Número e distribuição dos empregos segundo tamanho dos estabelecimentos


para os bairros selecionados, 2006

Micro Pequeno Médio (50 Grande Total MRJ


(0 a 9) (10 a 49) a 249) (> 250) Total (%) (%)
Bangu 5.431 8.095 7.021 8.086 28.633 25,2 1,5
Bangu 4.153 6.421 5.423 7.175 23.172 20,4 1,2
Padre Miguel 777 1191 834 647 3.449 3,0 0,2
Senador Camará 501 483 764 264 2.012 1,8 0,1
Campo Grande 8.600 13.534 12.490 11.006 45.630 40,2 2,3
Campo Grande 7.437 11.669 11.162 7.189 37.457 33,0 1,9
Cosmos 221 370 197 2.508 3.296 2,9 0,2
Inhoaiba 287 507 322 0 1.116 1,0 0,1
Santissimo 281 497 366 1.309 2.453 2,2 0,1
Senador Vasconcelos 374 491 443 0 1.308 1,2 0,1
Realengo 2.800 4.405 4.086 6.164 17.455 15,4 0,9
Campo dos Afonsos 48 95 133 766 1.042 0,9 0,1
Deodoro 118 405 166 0 689 0,6 0,0
Jardim Sulacap 479 629 459 299 1.866 1,6 0,1
Magalhaes Bastos 168 271 0 0 439 0,4 0,0
Realengo 1.922 2.907 3.259 5.099 13.187 11,6 0,7
Vila Militar 65 98 69 0 232 0,2 0,0
Santa Cruz 3.052 4.683 4.793 9.315 21.843 19,2 1,1
Sepetiba 252 288 115 0 655 0,6 0,0
Paciencia 521 878 781 528 2.708 2,4 0,1
Santa Cruz 2.279 3.517 3.897 8.787 18.480 16,3 0,9
Total Zona Oeste (1) 19.883 30.717 28.390 34.571 113.561 100,0 5,8
Total Rio de Janeiro (2) 264.104 405.826 356.440 935.644 1.962.014 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,5 7,6 8,0 3,7 5,8 - -
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Utilizou-se a variável emprego para tamanho, conforme intervalos indicados na Tabela

Qualificação, faixa etária e remuneração dos empregos: empregados mais jovens do que
os do MRJ; grau de qualificação e faixa de remuneração inferiores às do MRJ

A qualificação dos empregados da região apresenta um quadro bastante grave, com 41% dos
empregados apenas com até o nível fundamental de ensino (oito anos de estudo), quando hoje
se considera isso o mínimo do número de anos de estudos exigido pelo mercado de trabalho.
Na faixa seguinte estão os empregados com o ensino médio (completo ou incompleto) onde se
encontram 45% dos trabalhadores. Somente 13,5% dos empregados possuem até o nível
superior e o número daqueles que têm pós-graduação é irrisório (305 empregados). Em
termos de cada uma das regiões estudadas salta aos olhos o melhor perfil de qualificação dos
24

trabalhadores de Realengo. Comparando-se o grau de qualificação dos empregados da região


com o dos empregados do MRJ, nota-se que as duas maiores diferenças apresentam-se nos
extremos. Enquanto que o percentual de trabalhadores com apenas ensino fundamental é de
34% (7 pontos percentuais abaixo da região estudada), o percentual de trabalhadores com
nível superior sobe para 26% (diferença de 12 pontos percentuais). (ver Tabela 5).

Tabela 5 – Número de empregos segundo grau de instrução do empregado, para os


bairros selecionados, 2006
Fundamental Médio Superior Pós-grad. Total
Bangu 12.079 12.350 4.188 16 28.633
Bangu 9.764 10.281 3.115 12 23.172
Padre Miguel 1519 1.270 656 4 3.449
Senador Camará 796 799 417 0 2.012
Campo Grande 18.291 21.225 6.081 33 45.630
Campo Grande 14.345 18.147 4.935 30 37.457
Cosmos 1280 1.320 695 1 3.296
Inhoaiba 537 494 85 0 1.116
Santissimo 1.592 633 227 1 2.453
Senador Vasconcelos 537 631 139 1 1.308
Realengo 7.623 7.536 2.066 230 17.455
Campo dos Afonsos 203 733 106 0 1.042
Deodoro 245 296 148 0 689
Jardim Sulacap 865 894 107 0 1.866
Magalhaes Bastos 230 175 34 0 439
Realengo 5.999 5.347 1.612 229 13.187
Vila Militar 81 91 59 1 232
Santa Cruz 8.475 10.345 2.997 26 21.843
Paciencia 1.288 1.190 227 3 2.708
Santa Cruz 6.779 8.963 2.717 21 18.480
Sepetiba 408 192 53 2 655
Total (1) 46.468 51.456 15.332 305 113.561
Total (%) 40,9 45,3 13,5 0,3 100,0
Total MRJ (2) 668.093 776.307 512.709 4.905 1.962.014
Total MRJ (%) 34,1 39,6 26,1 0,2 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,0 6,6 3,0 6,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006

A partir da Tabela 6 podemos ter um perfil da faixa etária dos trabalhadores da região e de sua
comparação com o MRJ. Os trabalhadores da região são mais jovens do que os do MRJ:
18,4% dos empregados na faixa de idade até 24 anos, enquanto que o MRJ apresenta apenas
13,5% dos empregados nesta faixa; na faixa entre 25 e 39 anos encontram-se 48,8% dos
trabalhadores; apenas 32% dos empregados na faixa entre 40 a 64 anos e um percentual
irrisório na faixa acima de 65 anos (0,5%), contra 44% no MRJ para a faixa entre 25 e 39
anos, 41% no MRJ na faixa entre 40 e 64 anos e 1,3% dos trabalhadores com mais de 65 anos.
25

Tabela 6 – Número de empregos segundo faixa etária do empregado nos bairros


selecionados, 2006
até 24
anos 25 a 39 anos 40 a 64 anos 65 ou mais ignorado Total
Bangu 5.259 14.042 9.139 191 2 28.633
Bangu 4.326 11.511 7.194 140 1 23.172
Padre Miguel 588 1.532 1.297 31 1 3.449
Senador Camará 345 999 648 20 0 2.012
Campo Grande 9.690 22.745 12.991 204 0 45.630
Campo Grande 8.410 18.504 10.379 164 0 37.457
Cosmos 467 1.735 1.080 14 0 3.296
Inhoaiba 232 552 326 6 0 1.116
Santissimo 341 1.301 800 11 0 2.453
Senador Vasconcelos 240 653 406 9 0 1.308
Realengo 2.407 8.480 6.421 147 0 17.455
Campo dos Afonsos 67 429 538 8 0 1.042
Deodoro 102 309 270 8 0 689
Jardim Sulacap 399 882 572 13 0 1.866
Magalhaes Bastos 88 206 141 4 0 439
Realengo 1.722 6.558 4.795 112 0 13.187
Vila Militar 29 96 105 2 0 232
Santa Cruz 3.550 10.104 8.121 68 0 21.843
Paciencia 443 1.318 941 6 0 2.708
Santa Cruz 2.982 8.472 6.967 59 0 18.480
Sepetiba 125 314 213 3 0 655
Total (1) 20.906 55.371 36.672 610 2 113.561
Total (%) 18,4 48,8 32,3 0,5 0,0 100,0
Total MRJ (2) 265.400 868.004 802.582 25.966 62 1.962.014
Total MRJ (%) 13,5 44,2 40,9 1,3 0,0 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,9 6,4 4,6 2,3 3,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006

Finalmente, a Tabela 7 apresenta o perfil de remuneração dos trabalhadores formais em


termos de número de salários mínimos. A esmagadora maioria dos trabalhadores da região de
estudo ganha entre um e três salários mínimos (72%). Apenas 3% ganham mais de dez
salários mínimos. Comparando-se este perfil com o do MRJ, percebe-se que ele é bem pior
para a região estudada. No MRJ 57% dos trabalhadores está na faixa de um a três salários
mínimos, enquanto que 9% dos trabalhadores ganham mais do que dez salários mínimos.
26

Tabela 7 – Número de empregos segundo faixa de remuneração do empregado nos


bairros selecionados, 2006
de 3 a 5 de 5 a 10 mais de
Até 1s.m. até 3 s.m. s.m. s.m. 10 s.m. ignorado total
Bangu 920 21.354 3.666 1.746 543 404 28.633
Bangu 665 17.011 3.249 1.544 414 289 23.172
Padre Miguel 211 2.802 244 95 23 74 3.449
Senador Camará 44 1.541 173 107 106 41 2.012
Campo Grande 1.442 35.776 4.929 2.280 726 477 45.630
Campo Grande 1.227 29.965 3.243 1.948 642 432 37.457
Cosmos 46 1.856 1.079 249 56 10 3.296
Inhoaiba 62 926 76 23 19 10 1.116
Santissimo 59 1.943 416 27 3 5 2.453
Senador Vasconcelos 48 1.086 115 33 6 20 1.308
Realengo 501 13.099 1.646 1.348 518 343 17.455
Campo dos Afonsos 6 221 123 439 241 12 1.042
Deodoro 11 520 59 62 30 7 689
Jardim Sulacap 92 1.553 125 62 9 25 1.866
Magalhaes Bastos 19 376 32 9 1 2 439
Realengo 344 10.272 1.285 756 234 296 13.187
Vila Militar 29 157 22 20 3 1 232
Santa Cruz 700 11.945 3.576 3.527 1.715 380 21.843
Paciencia 81 2.058 413 98 18 40 2.708
Santa Cruz 599 9.289 3.139 3.426 1.697 330 18.480
Sepetiba 20 598 24 3 0 10 655
Total (1) 3.563 82.174 13.817 8.901 3.502 1.604 113.561
Total (%) 3,1 72,4 12,2 7,8 3,1 1,4 100,0
Total MRJ (2) 40.084 1.118.103 330.031 271.505 182.998 19.293 1.962.014
Total MRJ (%) 2,0 57,0 16,8 13,8 9,3 1,0 100,0
Participação % - (1) / (2) 8,9 7,3 4,2 3,3 1,9 8,3 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006

Em resumo, em relação qualificação, faixa etária e remuneração dos empregados a região


estudada apresenta um perfil mais jovem da população empregada formalmente do que a do
MRJ e perfis de remuneração e qualificação inferiores aos do MRJ.

3.1. Retrospectiva das atividades econômicas locais na ótica dos estabelecimentos e


empregos: 1998, 2003 e 2006

A predominância das atividades comerciais e de serviços era ainda mais relevante em


1998 e a especialização relativa da indústria, quando comparada com o MRJ, um pouco
menos importante do que em 2006.

Nesta subseção apresenta-se uma análise dos mesmos dados apresentados na seção anterior
retroativamente para os anos 1998 e 2003. As Tabelas 8 a 11 5 resumem esta análise.
Conforme constatado anteriormente para o ano de 2006, o número de estabelecimentos da
região por atividade econômica é também liderado, no período 1998-2006, pelo setor de
comércio com 49,1% dos estabelecimentos da região em 2006. Em 1998, essa situação era

5
O mesmo procedimento de abertura das informações da RAIS por bairros adotado na seção anterior foi
utilizado.
27

praticamente a mesma: 48,9%. O setor de serviços tinha a mesma segunda posição em 1998
entre os setores mais relevantes, mas em 2006 aumentou dois pontos percentuais na
participação relativa. A indústria ocupou, no período, a terceira posição, apresentando uma
evolução negativa entre 1998 e 2006, quando sua participação relativa decaiu de 8,9 para
7,5%. Os demais setores de atividade econômica (serviços industriais, construção civil e
agricultura e sivicultura) apresentaram uma participação estável e irrelevante (ver Tabela 9).

De uma forma geral, observa-se que os pontos de inflexão localizam-se em 1998 e 2006. O
ano de 2003 representou um ponto de desempenho muito ruim para a Região estudada, assim
como para o MRJ e para o estado do Rio de Janeiro. As observações a seguir compararam o
ano de 1998 e 2006, procurando focalizar se houve uma melhora ou uma piora entre estes dois
anos para a Região estudada quando comparada com o MRJ.

O principal setor da indústria extrativa e de transformação em 1998, em número de


estabelecimentos, era a indústria de alimentos e bebidas, com 2,1% dos estabelecimentos.
Apesar de ainda ocupar a liderança em participação em 2006, o setor perdeu 0,1% de posição
em relação a 1998. Na seqüência de colocação em participação relativa, em 1998, estavam a
indústria metalúrgica e de produtos farmacêuticos, em segundo e terceiros lugares
respectivamente. Em 2006, a indústria farmacêutica cedeu o lugar para a indústria têxtil e de
vestuário. Apesar da manutenção da posição na participação relativa da indústria, a indústria
metalúrgica teve queda de 0,4 pontos percentuais na sua participação.

Em relação à indústria extrativa e de transformação cabe ainda destacar que no período 1998-
2003, 7 dos 13 setores tiveram redução do número de estabelecimentos, sendo que apenas um
teve aumento na participação relativa (indústria mecânica) e quatro mantiveram os mesmo
níveis de participação relativa (extrativa mineral, borracha, transporte e têxtil e vestuário). No
geral a indústria extrativa e de transformação nesse período teve uma redução de cerca de 80
estabelecimentos, só recuperando-se no período seguinte (2003-2006). Tal desempenho pode
ser explicado por 2003 ser o pior ano de taxa de crescimento no estado do Rio de Janeiro
entre 1998 e 2006, segundo o IBGE, quando a taxa de crescimento foi negativa em 1,2% e a
taxa média de crescimento do período foi de 2,5 %. (Hasenclever e Lopes, 2009)

Conforme seção anterior, os setores com maiores participações relativas, em comparação com
o MRJ (ver última coluna, da Tabela 8), são diferentes daqueles com o maior número absoluto
de estabelecimentos no ano de 2006. O que mostra uma especialização relativa da Região em
estudo na atividade industrial. Em 1998, os setores com maior participação relativa foram:
minerais não metálicos (16,5%), alimentos e bebidas (14,1%), metalurgia (11,8%) e calçados
(10,9%), ou seja, com exceção deste último todos os demais se encontravam entre os quatro
primeiros no ano de 2006. Cabe destacar que a participação da Zona Oeste nos
estabelecimentos do MRJ vem crescendo entre 1998 e 2006, passando de 6,5% para 7,2%,
principalmente impulsionada pelos aumentos de participação relativa dos setores de comércio
(1,2 pontos percentuais) e indústria (0,9 pontos percentuais). Aqui se observa um fenômeno
interessante: ainda que a indústria da Zona Oeste tenha perdido participação relativa no
período entre as demais atividades econômicas da Região, sua importância em relação aos
estabelecimentos do MRJ ampliou-se. O que demonstra que a perda relativa da indústria da
Zona Oeste no período foi menos relevante do que a perda do Município.

Analisando a distribuição dos estabelecimentos por região administrativa e atividade


econômica, observa-se que o comércio varejista também é a atividade que ocupa a primeira
posição em todas as quatro regiões administrativas pesquisadas. Em segundo lugar aparece a
atividade de serviços de alojamento, alimentação e reparação. Posições que não se alteraram
28

entre 1998 e 2006. A partir daí, aparecem algumas diferenças; a principal delas é a presença
do setor de ensino em terceiro lugar na região de Santa Cruz (com 7,8% dos estabelecimentos
da região) demonstrando uma evolução em relação a 1998 quando ocupava apenas a quinta
posição. Nas demais regiões administrativas o setor ocupava em 2006 a quarta ou quinta
posição com participações variando entre 5,3%, em Campo Grande, e 6,8%, em Realengo.
(ver Tabela 9).
29

Tabela 8 – Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia no MRJ, 1998, 2003 e 2006
Participação %
Bangu Campo Grande Realengo Santa Cruz Total (1) Total MRJ (2) (1) / (2)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Indústria Extrativa e de Transformação 156 117 164 231 210 230 144 121 121 86 92 112 617 540 627 7.333 6.147 6.744 8,4 8,8 9,3
Extrativa mineral 2 1 3 6 2 5 0 0 0 2 1 1 10 4 9 107 86 106 9,3 4,7 8,5
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 5 5 11 7 8 7 11 8 10 6 3 5 29 24 33 666 510 599 4,4 4,7 5,5
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 22 14 16 27 25 22 9 6 8 16 17 17 74 62 63 859 724 754 8,6 8,6 8,4
Indústria da madeira e do mobiliário 11 9 8 11 10 14 11 7 5 5 8 7 38 34 34 390 284 254 9,7 12,0 13,4
Indústria de calçados 4 1 1 1 0 2 1 0 0 0 0 0 6 1 3 55 36 33 10,9 2,8 9,1
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 56 25 42 42 42 56 29 18 30 18 13 35 145 98 163 1.030 841 1.097 14,1 11,7 14,9
Indústria de produtos minerais nao metálicos 6 5 10 24 26 22 12 6 1 4 12 11 46 49 44 278 260 236 16,5 18,8 18,6
Indústria do material de transporte 0 0 0 1 3 3 1 1 4 4 5 4 6 9 11 195 138 133 3,1 6,5 8,3
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 1 1 3 7 3 3 6 3 3 3 1 0 17 8 9 240 176 176 7,1 4,5 5,1
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 16 15 19 20 18 19 11 15 8 7 9 9 54 57 55 1.154 1.068 1.129 4,7 5,3 4,9
Indústria mecânica 2 8 8 14 7 10 1 4 7 2 3 5 19 22 30 278 278 409 6,8 7,9 7,3
Indústria metalúrgica 19 13 26 40 33 30 35 33 23 7 10 10 101 89 89 854 715 708 11,8 12,4 12,6
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 12 20 17 31 33 37 17 20 22 12 10 8 72 83 84 1.227 1.031 1.110 5,9 8,1 7,6
Serviços industriais de utilidade pública 1 2 3 7 4 6 1 1 1 4 4 5 13 11 15 146 143 168 8,9 7,7 8,9
Construçao civil 47 44 50 79 99 82 42 38 19 29 28 50 197 209 201 3.049 2.919 2.745 6,5 7,2 7,3
Comércio 841 917 1.056 1.452 1.770 1.857 613 657 572 475 621 617 3.381 3.965 4.102 34.462 36.641 37.173 9,8 10,8 11,0
Comércio atacadista 79 86 102 94 110 131 65 63 58 33 24 19 271 283 310 4.908 4.842 4.906 5,5 5,8 6,3
Comércio varejista 762 831 954 1.358 1.660 1.726 548 594 514 442 597 598 3.110 3.682 3.792 29.554 31.799 32.267 10,5 11,6 11,8
Serviços 725 851 1.022 1.130 1.349 1.419 453 556 465 355 440 464 2.663 3.196 3.370 60.731 66.677 68.567 4,4 4,8 4,9
Administraçao pública direta e autárquica 1 1 0 2 3 1 4 4 2 1 1 1 8 9 4 273 283 303 2,9 3,2 1,3
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 160 209 244 218 318 318 90 118 99 52 84 78 520 729 739 28.062 31.926 32.230 1,9 2,3 2,3
Ensino 85 110 133 135 172 193 74 95 80 50 73 98 344 450 504 2.517 2.868 3.110 13,7 15,7 16,2
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 17 18 26 40 44 52 13 16 18 12 11 15 82 89 111 2.876 2.541 2.605 2,9 3,5 4,3
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 245 286 357 424 453 479 207 235 202 139 170 149 1.015 1.144 1.187 16.438 17.150 17.556 6,2 6,7 6,8
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 174 173 184 267 296 294 47 61 46 70 69 80 558 599 604 7.452 8.433 8.675 7,5 7,1 7,0
Transportes e comunicaçoes 43 54 78 44 63 82 18 27 18 31 32 43 136 176 221 3.113 3.476 4.088 4,4 5,1 5,4
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 2 2 3 20 22 18 0 0 1 14 17 15 36 41 37 319 315 333 11,3 13,0 11,1
Total 1.775 1.933 2.298 2.927 3.454 3.612 1.254 1.373 1.179 965 1.202 1.263 6.921 7.962 8.352 106.229 112.842 115.730 6,5 7,1 7,2
Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
30

Tabela 9 – Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia nas regiões administrativas selecionadas e no MRJ,
1998, 2003 e 2006 (%)
Bangu Campo Grande Realengo Santa Cruz Total (1) Total MRJ (2)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Indústria Extrativa e de Transformação 8,8 6,1 7,1 7,9 6,1 6,4 11,5 8,8 10,3 8,9 7,7 8,9 8,9 6,8 7,5 6,9 5,4 5,8
Extrativa mineral 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,3 0,3 0,5 0,2 0,2 0,2 0,9 0,6 0,8 0,6 0,2 0,4 0,4 0,3 0,4 0,6 0,5 0,5
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 1,2 0,7 0,7 0,9 0,7 0,6 0,7 0,4 0,7 1,7 1,4 1,3 1,1 0,8 0,8 0,8 0,6 0,7
Indústria da madeira e do mobiliário 0,6 0,5 0,3 0,4 0,3 0,4 0,9 0,5 0,4 0,5 0,7 0,6 0,5 0,4 0,4 0,4 0,3 0,2
Indústria de calçados 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 3,2 1,3 1,8 1,4 1,2 1,6 2,3 1,3 2,5 1,9 1,1 2,8 2,1 1,2 2,0 1,0 0,7 0,9
Indústria de produtos minerais nao metálicos 0,3 0,3 0,4 0,8 0,8 0,6 1,0 0,4 0,1 0,4 1,0 0,9 0,7 0,6 0,5 0,3 0,2 0,2
Indústria do material de transporte 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,1 0,3 0,4 0,4 0,3 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,5 0,2 0,3 0,3 0,1 0,0 0,2 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 0,9 0,8 0,8 0,7 0,5 0,5 0,9 1,1 0,7 0,7 0,7 0,7 0,8 0,7 0,7 1,1 0,9 1,0
Indústria mecânica 0,1 0,4 0,3 0,5 0,2 0,3 0,1 0,3 0,6 0,2 0,2 0,4 0,3 0,3 0,4 0,3 0,2 0,4
Indústria metalúrgica 1,1 0,7 1,1 1,4 1,0 0,8 2,8 2,4 2,0 0,7 0,8 0,8 1,5 1,1 1,1 0,8 0,6 0,6
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,7 1,0 0,7 1,1 1,0 1,0 1,4 1,5 1,9 1,2 0,8 0,6 1,0 1,0 1,0 1,2 0,9 1,0
Serviços industriais de utilidade pública 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,4 0,3 0,4 0,2 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1
Construçao civil 2,6 2,3 2,2 2,7 2,9 2,3 3,3 2,8 1,6 3,0 2,3 4,0 2,8 2,6 2,4 2,9 2,6 2,4
Comércio 47,4 47,4 46,0 49,6 51,2 51,4 48,9 47,9 48,5 49,2 51,7 48,9 48,9 49,8 49,1 32,4 32,5 32,1
Comércio atacadista 4,5 4,4 4,4 3,2 3,2 3,6 5,2 4,6 4,9 3,4 2,0 1,5 3,9 3,6 3,7 4,6 4,3 4,2
Comércio varejista 42,9 43,0 41,5 46,4 48,1 47,8 43,7 43,3 43,6 45,8 49,7 47,3 44,9 46,2 45,4 27,8 28,2 27,9
Serviços 40,8 44,0 44,5 38,6 39,1 39,3 36,1 40,5 39,4 36,8 36,6 36,7 38,5 40,1 40,3 57,2 59,1 59,2
Administraçao pública direta e autárquica 0,1 0,1 0,0 0,1 0,1 0,0 0,3 0,3 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,3 0,3 0,3
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 9,0 10,8 10,6 7,4 9,2 8,8 7,2 8,6 8,4 5,4 7,0 6,2 7,5 9,2 8,8 26,4 28,3 27,8
Ensino 4,8 5,7 5,8 4,6 5,0 5,3 5,9 6,9 6,8 5,2 6,1 7,8 5,0 5,7 6,0 2,4 2,5 2,7
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 1,0 0,9 1,1 1,4 1,3 1,4 1,0 1,2 1,5 1,2 0,9 1,2 1,2 1,1 1,3 2,7 2,3 2,3
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 13,8 14,8 15,5 14,5 13,1 13,3 16,5 17,1 17,1 14,4 14,1 11,8 14,7 14,4 14,2 15,5 15,2 15,2
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 9,8 8,9 8,0 9,1 8,6 8,1 3,7 4,4 3,9 7,3 5,7 6,3 8,1 7,5 7,2 7,0 7,5 7,5
Transportes e comunicaçoes 2,4 2,8 3,4 1,5 1,8 2,3 1,4 2,0 1,5 3,2 2,7 3,4 2,0 2,2 2,6 2,9 3,1 3,5
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 0,1 0,1 0,1 0,7 0,6 0,5 0,0 0,0 0,1 1,5 1,4 1,2 0,5 0,5 0,4 0,3 0,3 0,3
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
31

Como já adiantado na seção anterior, em relação à representatividade do número de


estabelecimentos das regiões administrativas pesquisadas no Município, em 2006, o setor de
produtos minerais não metálicos aparece como o mais representativo em três regiões: Bangu,
Campo Grande e Santa Cruz, sendo responsáveis por respectivamente 4,2%, 9,3% e 4,7% do
número de estabelecimentos do setor no Município. Tomando-se o ano de 1998, percebe-se
que o cenário de 2006 era outro. Isto demonstra uma mudança em relação a 1998, quando
esse setor estava bem longe de ser o mais representativo dessas regiões, salvo na região
administrativa de Campo Grande. Entre 1998-2006, a representatividade do setor aumentou
nas três regiões.

Na região administrativa de Bangu o setor de ensino aparece empatado com o de produtos


minerais não metálicos em primeiro lugar, demonstrando a evolução desses dois setores que
em 1998 representavam respectivamente 2,2% e 3,4% dos estabelecimentos do setor no MRJ.
Em 2006, essa participação havia subido para 4,2% em cada um dos setores. O setor de ensino
também aparece bem representado na região de Campo Grande (6,2%) onde aparece em
segundo lugar em 2006. Apenas na região administrativa de Realengo aparece a indústria
metalúrgica como a mais representativa da região em relação ao Município, com 3,2% dos
estabelecimentos do setor, resultado da queda da representatividade da indústria de minerais
não-metálicos da região (queda de 4,3% para 0,4% entre 1998-2006). Já na região de Santa
Cruz, destaca-se a representatividade do setor agrícola e extrativo vegetal que aparece na
segunda posição com 4,5% dos estabelecimentos municipais, perdendo a liderança que
detinha em 1998.

Em 1998, o setor de produtos minerais não metálicos aparece como o mais representativo em
duas regiões: Campo Grande e Realengo, sendo responsável por respectivamente 8,6% e 4,3%
dos estabelecimentos do setor no Município. Na região administrativa de Bangu destacava-se
ainda a indústria de calçados, responsável por 7,3% dos estabelecimentos do setor no
Município.

Analisando os empregos da região segundo as atividades econômicas (Tabela 10), tanto no


ano de 2006 quanto no ano 1998, destaca-se o setor de comércio varejista com quase 29% dos
113.561 empregos da região em 2006 e 26% dos 87.685 empregos em 1998. Em seguida
encontram-se os setores de serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção com
11,7% dos empregos (9% em 1998), e transporte e comunicação com 11,1% (9,5% em 1998),
mostrando-se um pouco menos concentrado que a distribuição dos estabelecimentos. Na
variação entre 1998-2006, o setor de atividade econômica que mais avançou no número de
empregos foi o comércio (crescimento de 4 pontos percentuais na participação relativa. Em
movimento inverso à expansão relativa, destaque para a queda no número de empregos
gerados pela administração pública, em 1998 eram 6.489 empregos (7,4% do total) contra
2.426 em 2006 (apenas 2,1% do total). Apesar dessa redução na Zona Oeste, o número de
empregos gerados pela administração pública no MRJ como um todo cresceu, reduzindo a
participação da Zona Oeste na administração pública no MRJ de 1,6 para 0,6% no período
(ver Tabela 11).

O principal setor da indústria extrativa e de transformação é ainda a indústria de alimentos e


bebidas, que aparece apenas na sétima posição geral com 4,7% dos empregos (reduzindo em
0,2 pontos percentuais a participação observada em 1998), ou seja, sua participação nos
empregos é superior a participação no número de estabelecimentos. Entretanto, em termos
absolutos a indústria não se destaca nas atividades econômicas da região em relação à geração
de empregos, ficando atrás dos setores de serviços e comércio.
32

Da mesma forma que no caso das participações relativas dos estabelecimentos, se


compararmos a participação relativa do número de empregos da Zona Oeste com o MRJ, os
setores com maior participação relativa em relação ao MRJ são diferentes daqueles com maior
número absoluto de empregos. Neste caso, em 2006, os seis principais setores encontram-se
na indústria de transformação, em ordem decrescente de participação relativa: metalurgia;
minerais não metálicos; madeira e mobiliário; alimentos e bebidas; borracha, fumo, couro e
peles; e papelão e gráfica. Esses setores possuem participação relativa, respectivamente, de
27,5, 19,2, 18,7, 15,3, 12,9 e 12,5%, apresentando quase o triplo da participação relativa do
número de empregos da região no município (5,8%), ou seja, ainda que a indústria não se
destaque por número de empregos gerados na região pesquisada, comparando-a com o MRJ,
percebe-se uma especialização relativa da região nas atividades industriais, refletida agora nos
dados de emprego.
33

Tabela 10 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia no MRJ, 1998, 2003 e 2006
p ç
Bangu Campo Grande Realengo Santa Cruz Total (1) Total MRJ (2) (1) / (2)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Indústria Extrativa e de Transformação 1.598 1.945 4.904 9.001 8.442 5.174 2.550 1.935 2.399 4.559 6.825 7.361 17.708 19.147 19.838 169.096 143.963 166.616 10,5 13,3 11,9
Extrativa mineral 129 37 61 75 29 25 0 0 0 9 2 2 213 68 88 2.058 2.568 13.318 10,3 2,6 0,7
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 28 35 40 2.378 2.110 367 1.264 936 1.001 36 17 54 3.706 3.098 1.462 13.429 10.708 11.346 27,6 28,9 12,9
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 307 447 623 988 941 1.159 229 198 303 844 733 744 2.368 2.319 2.829 32.374 28.771 24.444 7,3 8,1 11,6
Indústria da madeira e do mobiliário 113 40 64 89 87 152 70 27 143 151 121 153 423 275 512 4.214 2.481 2.742 10,0 11,1 18,7
Indústria de calçados 28 7 0 4 0 1 1 0 0 0 0 0 33 7 1 410 503 571 8,0 1,4 0,2
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 412 360 3.023 2.984 3.732 1.531 233 163 211 679 801 569 4.308 5.056 5.334 29.226 28.438 34.796 14,7 17,8 15,3
Indústria de produtos minerais nao metálicos 30 35 157 353 231 505 99 16 25 285 324 223 767 606 910 5.697 5.055 4.744 13,5 12,0 19,2
Indústria do material de transporte 0 0 0 55 27 136 2 13 112 227 383 318 284 423 566 3.323 3.765 6.719 8,5 11,2 8,4
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 5 0 5 29 13 30 48 17 19 154 6 0 236 36 54 8.142 5.288 4.338 2,9 0,7 1,2
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 363 525 344 209 76 143 104 89 55 1.686 1.755 1.976 2.362 2.445 2.518 24.944 18.606 20.121 9,5 13,1 12,5
Indústria mecânica 31 44 269 673 188 242 17 114 53 30 6 431 751 352 995 8.794 8.215 10.694 8,5 4,3 9,3
Indústria metalúrgica 101 134 139 791 562 433 339 177 169 245 2.553 2.711 1.476 3.426 3.452 14.308 11.376 12.530 10,3 30,1 27,5
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 51 281 179 373 446 450 144 185 308 213 124 180 781 1.036 1.117 22.177 18.189 20.253 3,5 5,7 5,5
Serviços industriais de utilidade pública 80 22 6 342 90 131 6 3 6 711 293 171 1.139 408 314 35.250 27.504 31.425 3,2 1,5 1,0
Construçao civil 812 388 423 1.637 1.405 1.244 782 537 282 528 622 442 3.759 2.952 2.391 70.325 53.672 72.978 5,3 5,5 3,3
Comércio 6.040 7.081 8.942 10.789 15.042 17.514 4.994 4.256 5.491 2.853 3.528 4.560 24.676 29.907 36.507 258.295 289.300 326.497 9,6 10,3 11,2
Comércio atacadista 650 691 836 632 1.625 2.340 329 442 394 159 172 140 1.770 2.930 3.710 45.167 49.391 58.103 3,9 5,9 6,4
Comércio varejista 5.390 6.390 8.106 10.157 13.417 15.174 4.665 3.814 5.097 2.694 3.356 4.420 22.906 26.977 32.797 213.128 239.909 268.394 10,7 11,2 12,2
Serviços 8.300 10.384 14.355 16.784 21.215 21.516 8.480 10.305 9.276 6.687 7.311 9.257 40.251 49.215 54.404 1.222.204 1.252.810 1.362.737 3,3 3,9 4,0
Administraçao pública direta e autárquica 17 1 0 759 618 302 3.290 2.448 888 2.423 1.793 1.236 6.489 4.860 2.426 405.904 391.469 420.553 1,6 1,2 0,6
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 751 1.661 1.685 2.414 3.243 2.475 868 802 2.091 278 732 597 4.311 6.438 6.848 232.165 282.233 316.120 1,9 2,3 2,2
Ensino 1.274 2.034 2.208 3.294 4.531 5.799 1.880 2.069 1.919 653 1.318 1.594 7.101 9.952 11.520 79.315 86.581 97.165 9,0 11,5 11,9
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 310 306 351 493 685 685 229 271 255 182 198 282 1.214 1.460 1.573 65.391 64.827 58.652 1,9 2,3 2,7
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 1.684 2.467 4.087 3.465 5.027 5.585 1.487 2.275 2.303 1.249 1.763 1.328 7.885 11.532 13.303 217.556 227.243 254.129 3,6 5,1 5,2
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 1.723 1.500 1.598 1.813 1.722 2.499 552 1.069 932 826 554 1.090 4.914 4.845 6.119 80.192 73.663 80.573 6,1 6,6 7,6
Transportes e comunicaçoes 2.541 2.415 4.426 4.546 5.389 4.171 174 1.371 888 1.076 953 3.130 8.337 10.128 12.615 141.681 126.794 135.545 5,9 8,0 9,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 35 6 3 60 79 51 0 0 1 57 50 52 152 135 107 1.768 1.909 1.761 8,6 7,1 6,1
Total 16.865 19.826 28.633 38.613 46.273 45.630 16.812 17.036 17.455 15.395 18.629 21.843 87.685 101.764 113.561 1.757.366 1.769.158 1.962.014 5,0 5,8 5,8
Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
34

Tabela 11 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia nas regiões administrativas selecionadas e no MRJ, 1998,
2003 e 2006 (%)
Bangu Campo Grande Realengo Santa Cruz Total (1) Total MRJ (2)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Indústria Extrativa e de Transformação 9,5 9,8 17,1 23,3 18,2 11,3 15,2 11,4 13,7 29,6 36,6 33,7 20,2 18,8 17,5 9,6 8,1 8,5
Extrativa mineral 0,8 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 1,8
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,2 0,2 0,1 6,2 4,6 0,8 7,5 5,5 5,7 0,2 0,1 0,2 4,2 3,0 1,3 0,8 0,6 0,6
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 1,8 2,3 2,2 2,6 2,0 2,5 1,4 1,2 1,7 5,5 3,9 3,4 2,7 2,3 2,5 1,8 1,6 1,2
Indústria da madeira e do mobiliário 0,7 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 0,4 0,2 0,8 1,0 0,6 0,7 0,5 0,3 0,5 0,2 0,1 1,0
Indústria de calçados 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,6
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 2,4 1,8 10,6 7,7 8,1 3,4 1,4 1,0 1,2 4,4 4,3 2,6 4,9 5,0 4,7 1,7 1,6 1,0
Indústria de produtos minerais nao metálicos 0,2 0,2 0,5 0,9 0,5 1,1 0,6 0,1 0,1 1,9 1,7 1,0 0,9 0,6 0,8 0,3 0,3 0,5
Indústria do material de transporte 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,3 0,0 0,1 0,6 1,5 2,1 1,5 0,3 0,4 0,5 0,2 0,2 0,2
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,3 0,1 0,1 1,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,5 0,3 0,3
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 2,2 2,6 1,2 0,5 0,2 0,3 0,6 0,5 0,3 11,0 9,4 9,0 2,7 2,4 2,2 1,4 1,1 0,1
Indústria mecânica 0,2 0,2 0,9 1,7 0,4 0,5 0,1 0,7 0,3 0,2 0,0 2,0 0,9 0,3 0,9 0,5 0,5 0,7
Indústria metalúrgica 0,6 0,7 0,5 2,0 1,2 0,9 2,0 1,0 1,0 1,6 13,7 12,4 1,7 3,4 3,0 0,8 0,6 0,2
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,3 1,4 0,6 1,0 1,0 1,0 0,9 1,1 1,8 1,4 0,7 0,8 0,9 1,0 1,0 1,3 1,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 0,5 0,1 0,0 0,9 0,2 0,3 0,0 0,0 0,0 4,6 1,6 0,8 1,3 0,4 0,3 2,0 1,6 1,6
Construçao civil 4,8 2,0 1,5 4,2 3,0 2,7 4,7 3,2 1,6 3,4 3,3 2,0 4,3 2,9 2,1 4,0 3,0 3,7
Comércio 35,8 35,7 31,2 27,9 32,5 38,4 29,7 25,0 31,5 18,5 18,9 20,9 28,1 29,4 32,1 14,7 16,4 16,6
Comércio atacadista 3,9 3,5 2,9 1,6 3,5 5,1 2,0 2,6 2,3 1,0 0,9 0,6 2,0 2,9 3,3 2,6 2,8 13,7
Comércio varejista 32,0 32,2 28,3 26,3 29,0 33,3 27,7 22,4 29,2 17,5 18,0 20,2 26,1 26,5 28,9 12,1 13,6 3,0
Serviços 49,2 52,4 50,1 43,5 45,8 47,2 50,4 60,5 53,1 43,4 39,2 42,4 45,9 48,4 47,9 69,5 70,8 69,5
Administraçao pública direta e autárquica 0,1 0,0 0,0 2,0 1,3 0,7 19,6 14,4 5,1 15,7 9,6 5,7 7,4 4,8 2,1 23,1 22,1 13,0
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 4,5 8,4 5,9 6,3 7,0 5,4 5,2 4,7 12,0 1,8 3,9 2,7 4,9 6,3 6,0 13,2 16,0 6,9
Ensino 7,6 10,3 7,7 8,5 9,8 12,7 11,2 12,1 11,0 4,2 7,1 7,3 8,1 9,8 10,1 4,5 4,9 5,0
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 1,8 1,5 1,2 1,3 1,5 1,5 1,4 1,6 1,5 1,2 1,1 1,3 1,4 1,4 1,4 3,7 3,7 16,1
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 10,0 12,4 14,3 9,0 10,9 12,2 8,8 13,4 13,2 8,1 9,5 6,1 9,0 11,3 11,7 12,4 12,8 4,1
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 10,2 7,6 5,6 4,7 3,7 5,5 3,3 6,3 5,3 5,4 3,0 5,0 5,6 4,8 5,4 4,6 4,2 21,4
Transportes e comunicaçoes 15,1 12,2 15,5 11,8 11,6 9,1 1,0 8,0 5,1 7,0 5,1 14,3 9,5 10,0 11,1 8,1 7,2 3,0
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 0,2 0,0 0,0 0,2 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,4 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
35

Em 2006, o primeiro setor não industrial em ordem de participação relativa do número de


empregos no MRJ, para o ano de 2006, era o setor de comércio que aparece em sétimo lugar
com 11,2% dos empregos municipais do setor. Além dos setores já citados, também aparecem
acima da média de participação relativa (5,8%) os setores de: mecânica; material de
transporte; transporte e comunicação; serviços médicos; ensino; e agricultura e extrativismo
vegetal. Estes e as demais atividades, citadas no parágrafo anterior, comprovam claramente
uma concentração de empregos industriais desta região no Município.

Em 1998, cinco dos seis principais setores encontravam–se na indústria de transformação,


havendo destaque também para o comércio varejista que se encontrava na quarta posição. Em
ordem decrescente de participação relativa: borracha, fumo, couro e peles (27,6%), alimentos
e bebidas (14,7%), minerais não metálicos (13,5%), comércio varejista (10,7%), e por fim
extrativismo mineral empatado com metalurgia (10,3% cada). Se compararmos com 2006,
observa-se uma completa mudança na ordenação dos setores industriais em ordem de
importância, com a indústria metalúrgica assumindo a liderança (27,5%), acompanhada pelos
setores de minerais não-metálicos (19,2%) e madeira e mobiliário (18,7%).

Entre 1998 e 2006 a participação da Zona Oeste nos empregos do MRJ passou de 5,0% para
5,8% com destaque para o aumento da indústria e do comércio que foram superiores aos
observados no MRJ permitindo o aumento na participação relativa.

Analisando a distribuição dos empregos por atividade econômica e por região administrativa,
observa-se que no período 1998-2006, o setor de comércio varejista é também o principal,
variando sua participação relativa entre 17,5% e 32%, em 1998, e entre 20% e 33% em 2006,
dependendo da região estudada. As demais posições ocupadas pelos setores de atividade
econômica variam conforme a região administrativa. Em 1998, o setor de transporte e
comunicação aparece em segundo lugar nas regiões de Bangu e Campo Grande (15,1% e
11,8%, respectivamente). Já nas regiões de Realengo e Santa Cruz, o segundo lugar era
ocupado pela administração pública com 19,6% e 15,7%, respectivamente, dos empregos
gerados (em 2006 com a queda observada passaram a representar apenas 5,1% e 5,7%
respectivamente).

Já em 2006, o setor de transporte e comunicação manteve o segundo lugar nas regiões de


Bangu com 15,5% dos empregos, mas perdeu espaço para outros setores em Campo Grande,
tendo sido alcançado pelo setor de ensino (12,7%). Já em Realengo, o setor de serviços de
alojamento, alimentação e reparação assumiu a segunda posição após responder por 13,2%
dos empregos. Por último, em Santa Cruz, o setor de transporte e comunicação alcançou a
segunda posição com 14,3%, frente a queda na participação da administração pública.
Destaca-se ainda em Santa Cruz a indústria metalúrgica e de papel, editorial e gráfica, como o
terceiro e o quarto maiores empregadores, com 12,4% e 9% dos empregos dessa região,
respectivamente.

Em relação à representatividade da indústria nas regiões administrativas pesquisadas no


Município, não se repete a ordem setorial observada na região como um todo. No ano de
2006, apenas na região de Santa Cruz, a indústria metalúrgica possui a maior
representatividade setorial no município, sendo responsável por 21,6% dos empregos do setor
no município, em segundo lugar está o setor de papel, editorial e gráfica com 9,8%. Em
Bangu, a maior representatividade está no setor de alimentos e bebidas, com 8,7% dos
empregos municipais do setor, seguida pelo setor de serviços de transporte e comunicação e a
indústria de produtos de minerais não-metálicos, com 3,3% de participação relativa para cada
um deles. Em Campo Grande, o setor mais representativo é o de produtos de minerais não-
36

metálicos com 10,6%, seguido do setor de ensino com 6% dos empregos municipais. Em
Realengo, a maior representatividade está na indústria de borracha, couro e peles, com 8,8%,
seguido de madeira e mobiliário, com 5,2%.

Em 1998, o setor de borracha, fumo, couro e peles possuía a maior representatividade nas
regiões de Campo Grande (17,7%) e Realengo (9,4%). Em Campo Grande, o segundo lugar
era ocupado pelo setor de alimentos e bebidas (10,2%) e, em Realengo pelos setores de ensino
e metalurgia (2,4% cada). Em Bangu, a maior representatividade estava no setor de calçados
(6,8%), seguido pela indústria extrativa mineral (6,3%). Em Santa Cruz, os setores mais
representativos eram o de material de transporte e a indústria do papel, papelão, editorial e
gráfica (ambos com 6,8% dos empregos municipais do setor).

Representatividade econômica da Região de estudo e tamanho dos estabelecimentos

Situação, em 1998, semelhante à de 2006 no que diz respeito aos estabelecimentos e empregos formais, mas
ligeiramente inferior a de 2006. Campo Grande e Bangu eram já os líderes e Realengo e Santa Cruz
disputavam a última posição. Os micros e pequenos estabelecimentos eram ainda mais importantes em
1998

A região de estudo tem uma pequena expressão econômica na atividade formal quando
comparada com o conjunto das atividades econômicas do MRJ por números de
estabelecimento e de emprego, apesar de ter crescido entre 1998-2006, e aumentado a sua
participação, conforme Tabelas 12 e 13. De fato, em 1998, a Zona Oeste representava em
termos de estabelecimentos 6,5% passando para 7,2%, em 2006. Em termos de empregos
representava 5% do MRJ em 1998, passando para 5,8% em 2006. Os bairros-sede (que dão
nome a cada região administrativa) são exatamente aqueles que apresentam o maior número
de estabelecimento e de emprego e são os primeiros entre os 17 pesquisados, conforme
detalhado abaixo.

Em termos de distribuição de estabelecimentos (ver Tabela 12), a região administrativa que


aparece com maior concentração, tanto em 1998 quanto em 2006, é Campo Grande com
42,3%, em 1998, e 43,2%, em 2006, dos estabelecimentos da região estudada. Ela é seguida
pelas regiões de Bangu com 25,6%, em 1998, e 27,5%, em 2006. Em 1998, o 3º lugar era
ocupado por Realengo, com 18,1% dos estabelecimentos, enquanto Santa Cruz possuía
13,9%. Em 2006, Santa Cruz passou a frente sendo responsável por 15% dos
estabelecimentos da região estudada e Realengo por 14,1%. Em relação ao MRJ, em 1998, o
lugar ocupado pelas participações relativas dos estabelecimentos era igual para Campo
Grande (2,8%) e Bangu (1,7%), mas se inverteu para Realengo (1,2%) e Santa Cruz (0,9%),
somando os 7,2% (ver Tabela 12, última coluna). Comparando-se 2006 com 1998, Campo
Grande, Bangu e Santa Cruz ganharam participação relativa e Realengo perdeu.

Como já afirmado anteriormente, o número de empregos (ver Tabela 13) é mais bem
distribuído entre os bairros sede do que o número de estabelecimentos, apesar de a ordem dos
bairros não se alterar. Em 2006, Campo Grande aparecia em primeiro lugar com 40,2% dos
empregos formais, seguido por Bangu, Santa Cruz e Realengo que apresentam participação de
25%, 19,2% e 15,4%, respectivamente. Em relação ao MRJ, os percentuais eram,
respectivamente, 2,3%, 1,5%, 1,1% e 0,9% dos empregos formais, somando 5,8% (ver Tabela
13, última coluna) em 2006.

Em 1998, Campo Grande também aparecia em primeiro lugar com 44% do número de
emprego formal, seguido por Bangu, Realengo e Santa Cruz que apresentam participação de
19,2%, 19,2% e 17,6%, respectivamente. Houve um ganho de participação relativa nos
37

empregos em 2006 apenas para Bangu e Santa Cruz, tendo as duas outras regiões perdido
participação. Em relação ao MRJ, os percentuais eram, em 1998, de 2,2%, 1%, 1% e 0,9%
respectivamente para as regiões de Campo Grande, Bangu, Realengo e Santa Cruz dos
empregos formais, somando 5% do total, uma participação inferior à apresentada em 2006.

Em relação ao tamanho dos estabelecimentos, o predomínio dos estabelecimentos de micro


e pequeno porte já era observado nas 4 regiões administrativas em 1998 (80,5% dos 6.921
estabelecimentos), e manteve-se em 2006, porém com um pequena queda na participação
(77% dos 8.352 estabelecimentos). Analisando o porte segundo as regiões administrativas, o
mesmo movimento é observado em todas elas entre os anos de 1998 e 2006. Comparando
com o MRJ, observa-se que a participação dos grandes estabelecimentos é menor do que a
participação dos estabelecimentos em geral, apesar de ter aumentado no período, saindo de
5,7% em 1998, para 6,3% em 2006. Isto demonstra que a região apresenta proporcionalmente
menos estabelecimentos de maior porte que o restante do Município, apesar de estar
reduzindo essa diferença.

Os principais geradores de empregos na região estudada são os estabelecimentos de médio e


grande porte, apesar de representarem apenas 3,5%, em 1998, e 4%, em 2006, do número de
estabelecimentos, eles eram responsáveis, em 1998, por 58,3% dos 87.709 empregos da
região (respectivamente 23,3% e 35%). Em 2006, apesar de uma pequena queda ainda
respondiam por mais de 55% (25% e 30,4%, respectivamente) dos 113.561 empregos formais
da região. A distribuição dos empregos segundo o porte dos estabelecimentos apresenta-se de
maneira semelhante, independente da região administrativa, com exceção da região de Campo
Grande onde os pequenos estabelecimentos detinham em 2006, 30% da força de trabalho
formal, frente a 27% dos médios e 24% dos estabelecimentos grandes. Nas demais regiões os
médios e grandes estabelecimentos são os principais responsáveis pela geração de empregos,
mantendo mais ou menos o mesmo cenário observado em 1998.
38

Tabela 12 – Número e distribuição dos estabelecimentos por tamanho para os bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006

Micro (0 a 9) Pequeno (10 a 49) Médio (50 a 249) Grande (> 250) Total Total (%) MRJ (%)

1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 1.458 1.533 1.786 262 330 420 49 61 77 6 9 15 1.775 1.933 2.298 25,6 24,3 27,5 1,7 1,7 2,0
Bangu 996 1.109 1.343 191 252 333 32 43 62 5 7 12 1.224 1.411 1.750 17,7 17,7 21,0 1,2 1,3 1,5
Padre Miguel 325 275 287 47 46 60 7 9 10 1 1 2 380 331 359 5,5 4,2 4,3 0,4 0,3 0,3
Senador Camará 137 149 156 24 32 27 10 9 5 0 1 1 171 191 189 2,5 2,4 2,3 0,2 0,2 0,2
Campo Grande 2.353 2.745 2.773 469 572 689 82 112 131 23 25 19 2.927 3.454 3.612 42,3 43,4 43,2 2,8 3,1 3,1
Campo Grande 2.056 2.354 2.389 404 476 586 80 107 116 17 20 16 2557 2957 3.107 36,9 37,1 37,2 2,4 2,6 2,7
Cosmos 64 81 73 18 27 21 1 1 3 0 1 2 83 110 99 1,2 1,4 1,2 0,1 0,1 0,1
Inhoaiba 55 59 90 9 17 28 0 0 4 1 1 0 65 77 122 0,9 1,0 1,5 0,1 0,1 0,1
Santissimo 67 99 94 14 13 25 1 3 4 2 2 1 84 117 124 1,2 1,5 1,5 0,1 0,1 0,1
Senador Vasconcelos 111 152 127 24 39 29 0 1 4 3 1 0 138 193 160 2,0 2,4 1,9 0,1 0,2 0,1
Realengo 993 1.091 906 223 241 228 29 30 36 9 11 9 1.254 1.373 1.179 18,1 17,2 14,1 1,2 1,2 1,0
Campo dos Afonsos 55 50 25 11 4 7 3 3 2 4 4 1 73 61 35 1,1 0,8 0,4 0,1 0,1 0,0
Deodoro 41 43 30 19 22 15 2 3 1 0 0 0 62 68 46 0,9 0,9 0,6 0,1 0,1 0,0
Jardim Sulacap 157 203 151 25 38 35 2 5 4 0 0 1 184 246 191 2,7 3,1 2,3 0,2 0,2 0,2
Magalhaes Bastos 49 46 58 5 11 14 1 0 0 0 0 0 55 57 72 0,8 0,7 0,9 0,1 0,1 0,1
Realengo 673 732 624 161 159 153 20 18 28 5 7 7 859 916 812 12,4 11,5 9,7 0,8 0,8 0,7
Vila Militar 18 17 18 2 7 4 1 1 1 0 0 0 21 25 23 0,3 0,3 0,3 0,0 0,0 0,0
Santa Cruz 772 949 971 146 205 243 41 41 40 6 7 9 965 1.202 1.263 13,9 15,1 15,1 0,9 1,1 1,1
Paciencia 137 155 173 20 38 44 6 10 6 2 1 1 165 204 224 2,4 2,6 2,7 0,2 0,2 0,2
Santa Cruz 564 719 720 116 155 185 31 26 32 3 6 8 714 906 945 10,3 11,4 11,3 0,7 0,8 0,8
Sepetiba 71 75 78 10 12 14 4 5 2 1 0 0 86 92 94 1,2 1,2 1,1 0,1 0,1 0,1
Total Zona Oeste (1) 5.576 6.318 6.436 1.100 1.348 1.580 201 244 284 44 52 52 6.921 7.962 8.352 100,0 100,0 100,0 6,5 7,1 7,2
Total MRJ (2) 85.527 90.135 90.745 16.698 18.800 20.553 3.234 3.148 3.608 770 759 824 106.229 112.842 115.730 - - - 100 100 100,0
Participação % - (1) / (2) 6,5 7,0 7,1 6,6 7,2 7,7 6,2 7,8 7,9 5,7 6,9 6,3 6,5 7,1 7,2 - - - - - -

Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006


39

Tabela 13 – Número e distribuição dos empregos segundo tamanho dos estabelecimentos para os bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006
Micro (0 a 9) Pequeno (10 a 49) Médio (50 a 249) Grande (> 250) Total Total (%) MRJ (%)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 3.984 4.588 5.431 4.972 6.237 8.095 5.040 5.689 7.021 2.877 3.312 8.086 16.873 19.826 28.633 19,2 19,5 25,2 1,0 1,1 1,5
Bangu 2.749 3.324 4.153 3.735 4.848 6.421 3.362 4.082 5.423 2.424 2.777 7.175 12.270 15.031 23.172 14,0 14,8 20,4 0,7 0,8 1,2
Padre Miguel 824 798 777 861 822 1191 701 617 834 453 268 647 2839 2505 3.449 3,2 2,5 3,0 0,2 0,1 0,2
Senador Camará 411 466 501 376 567 483 977 990 764 0 267 264 1764 2290 2.012 2,0 2,3 1,8 0,1 0,1 0,1
Campo Grande 6.509 8.166 8.600 9.111 11.178 13.534 8.197 10.684 12.490 14.807 16.245 11.006 38.624 46.273 45.630 44,0 45,5 40,2 2,2 2,6 2,3
Campo Grande 5.682 7.004 7.437 7.911 9.325 11.669 7.965 10.139 11.162 10.549 12.549 7.189 32.107 39.017 37.457 36,6 38,3 33,0 1,8 2,2 1,9
Cosmos 188 246 221 335 491 370 72 58 197 0 592 2.508 595 1.387 3.296 0,7 1,4 2,9 0,0 0,1 0,2
Inhoaiba 151 160 287 181 335 507 0 0 322 686 844 0 1018 1339 1.116 1,2 1,3 1,0 0,1 0,1 0,1
Santissimo 174 338 281 280 230 497 160 368 366 1.440 1110 1.309 2.054 2.046 2.453 2,3 2,0 2,2 0,1 0,1 0,1
Senador Vasconcelos 314 418 374 404 797 491 0 119 443 2132 1150 0 2850 2484 1.308 3,2 2,4 1,2 0,2 0,1 0,1
Realengo 2.691 3.027 2.800 4.345 4.679 4.405 2.708 3.018 4.086 7.068 6.312 6.164 16.812 17.036 17.455 19,2 16,7 15,4 1,0 1,0 0,9
Campo dos Afonsos 151 163 48 227 48 95 444 419 133 3561 2655 766 4383 3285 1.042 5,0 3,2 0,9 0,2 0,2 0,1
Deodoro 117 140 118 424 517 405 220 209 166 0 0 0 761 866 689 0,9 0,9 0,6 0,0 0,0 0,0
Jardim Sulacap 447 547 479 445 632 629 155 491 459 0 0 299 1047 1670 1.866 1,2 1,6 1,6 0,1 0,1 0,1
Magalhaes Bastos 156 123 168 95 240 271 154 0 0 0 0 0 405 363 439 0,5 0,4 0,4 0,0 0,0 0,0
Realengo 1.779 2.009 1.922 3.112 3.099 2.907 1.636 1.824 3.259 3.507 3.657 5.099 10.034 10.589 13.187 11,4 10,4 11,6 0,6 0,6 0,7
Vila Militar 41 45 65 42 143 98 99 75 69 0 0 0 182 263 232 0,2 0,3 0,2 0,0 0,0 0,0
Santa Cruz 2.176 2.821 3.052 2.780 4.039 4.683 4.486 4.822 4.793 5.958 6.947 9.315 15.400 18.629 21.843 17,6 19,6 19,2 0,9 1,1 1,1
Paciencia 402 1768 521 373 679 288 743 1248 115 1255 562 0 2773 4257 924 3,2 4,2 0,8 0,2 0,2 0,0
Santa Cruz 1.565 2.128 2.279 2.237 3.079 878 3.273 2.966 781 4.425 6.385 528 11.500 14.558 4.466 13,1 14,3 3,9 0,7 0,8 0,2
Sepetiba 209 263 252 170 281 3517 470 608 3897 278 0 8787 1127 1152 16453 1,3 1,1 14,5 0,1 0,1 0,8
Total Zona Oeste (1) 15.360 18.602 19.883 21.208 26.133 30.717 20.431 24.213 28.390 30.710 32.816 34.571 87.709 101.764 113.561 100,0 100,0 100,0 5,0 5,8 5,8
Total Rio de Janeiro (2) 238.194 254.675 264.104 326.978 365.713 405.826 331.316 316.414 356.440 860.878 832.356 935.644 1.757.366 1.769.158 1.962.014 - - - 100,0 100,0 100,0
Participação % - (1) / (2) 6,4 7,3 7,5 6,5 7,1 7,6 6,2 7,7 8,0 3,6 3,9 3,7 5,0 5,8 5,8 - - - - - -
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
40

Comparando os dados com os do MRJ, observa-se que a participação relativa dos empregos
gerados nos micros, pequenos e médios estabelecimentos da região pesquisada têm mais ou
menos a mesma participação sobre o total do município que os estabelecimentos do mesmo
porte sobre o total de estabelecimentos. Isto mostra que os estabelecimentos micro, pequenos
e médios da região estudada e do MRJ possuem uma capacidade de geração de empregos
semelhantes. Porém, os empregos gerados nos estabelecimentos de grande porte da região
pesquisada, ao contrário dos estabelecimentos dos demais portes, apresentam uma
participação muito menor, apesar de praticamente estável no período (3,6%, em 1998, e 3,7%,
em 2006). Isso significa que os grandes estabelecimentos da região estudada geram, em
média, menos empregos que os grandes estabelecimentos do Município. Uma hipótese para
explicar esta constatação seria de que as principais atividades econômicas da região são pouco
intensivas em mão-de-obra e mais intensivas em capital.

Qualificação, faixa etária e remuneração da Região de estudo

A qualificação, faixa etária e remuneração dos empregos eram piores em 1998;


registrou-se uma melhora em 2006, mas ainda aquém da necessária para alcançar o
padrão do MRJ

A qualificação dos empregados da região apresenta um quadro bastante grave, porém


melhorando bastante entre 1998 e 2006. Em 1998, 60,7% dos empregados possuíam apenas
até o nível fundamental de ensino (oito anos de estudo). Em 2006, esse percentual como visto
era bem menor (41%), o que demonstra a melhora no nível de qualificação da mão-de-obra.
Na faixa seguinte estão os empregados com o ensino médio (completo ou incompleto) onde,
corroborando com o dado anterior, houve um aumento expressivo passando de 28%, em 1998,
para 45%, em 2006. Já a expansão dos trabalhadores com pelo menos o nível superior foi bem
menor, passando apenas de 10,7%, para 13,8% entre 1998 e 2006.

Comparando-se o grau de qualificação dos empregados da região com o dos empregados do


MRJ, em 2006, nota-se que as duas maiores diferenças apresentam-se nos extremos. Enquanto
que o percentual de trabalhadores do MRJ com apenas ensino fundamental é de 34% (7
pontos percentuais abaixo da região estudada), o percentual de trabalhadores com nível
superior é de 26% (12 pontos percentuais acima da Zona Oeste). Esse movimento pode ser
observado na Tabela 14. Entre 1998-2006, observa-se uma redução da diferença entre a Zona
Oeste e o MRJ em relação aos empregados com ensino fundamental, porém em relação aos
empregos de ensino superior houve um pequeno aumento da diferença.
41

Tabela 14 – Número de empregos segundo grau de instrução do empregado, para os


bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006
Fundamental Médio Superior Total
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 10.962 10.550 12.079 4.574 7.156 12.350 1.272 2.120 4.204 16.873 19.826 28.633
Bangu 7.967 8.182 9.764 3.378 5.489 10.281 888 1.360 3.127 12270 15031 23.172
Padre Miguel 1869 1195 1519 753 906 1.270 197 404 660 2839 2505 3.449
Senador Camará 1126 1173 796 443 761 799 187 356 417 1764 2290 2.012
Campo Grande 22.546 20.098 18.291 11.764 19.944 21.225 4.258 6.231 6.114 38.624 46.273 45.630
Campo Grande 17.948 16.188 14.345 10.277 17.440 18.147 3.829 5.389 4.965 32107 39017 37.457
Cosmos 396 515 1280 130 486 1.320 68 386 696 595 1387 3.296
Inhoaiba 766 880 537 220 411 494 31 48 85 1018 1339 1.116
Santissimo 1.450 1.189 1.592 404 667 633 200 190 228 2054 2046 2.453
Senador Vasconcelos 1986 1326 537 733 940 631 130 218 140 2850 2484 1.308
Realengo 10.547 8.690 7.623 4.026 5.719 7.536 2.164 2.627 2.296 16.812 17.036 17.455
Campo dos Afonsos 2434 1445 203 1397 1516 733 537 324 106 4383 3285 1.042
Deodoro 479 411 245 199 226 296 82 229 148 761 866 689
Jardim Sulacap 802 1052 865 193 482 894 48 136 107 1047 1670 1.866
Magalhaes Bastos 255 173 230 129 147 175 21 43 34 405 363 439
Realengo 6.522 5.484 5.999 2.065 3.277 5.347 1.392 1.828 1.841 10034 10589 13.187
Vila Militar 55 125 81 43 71 91 84 67 60 182 263 232
Santa Cruz 9.166 8.660 8.475 4.574 7.574 10.345 1.648 2.395 3.023 15.400 18.629 21.843
Paciencia 2028 1788 1288 576 925 1190 166 206 230 2773 2919 2.708
Santa Cruz 6.374 6.138 6.779 3.707 6.294 8.963 1.411 2.126 2.738 11500 14558 18.480
Sepetiba 764 734 408 291 355 192 71 63 55 1127 1152 655
Total Zona Oeste (1) 53.221 47.998 46.468 24.938 40.393 51.456 9.342 13.373 15.637 87.709 101.764 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 857.155 695.765 668.093 513.950 600.640 776.307 386.261 472.753 516.085 1.757.366 1.769.158 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 6,2 6,9 7,0 4,9 6,7 6,6 2,4 2,8 3,0 5,0 5,8 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006

A partir da Tabela 15 podemos ter um perfil da faixa etária dos trabalhadores da região e de
sua comparação com o MRJ. Os trabalhadores da região são mais jovens do que os do MRJ:
21,6%, em 1998, e 18,4%, em 2006, do número de empregados na faixa de idade até 24 anos,
enquanto que o MRJ apresentava apenas 15%, em 1998, e 13,5%, em 2006, do número de
empregados nesta faixa. O número de empregados na faixa entre 25 e 39 anos permaneceu
praticamente estável entre 1998 e 2006, apresentando 49% dos empregados, em 1998, e
48,8%, em 2006. Na categoria seguinte (entre 40 e 64 anos), observou-se um aumento de
28,5%, para 32%, entre 1998 e 2006. Por fim, o percentual na faixa acima de 65 anos
permaneceu irrisório (0,6%, em 1998, e 0,5%, em 2006).

Em comparação com o MRJ pode-se observar que a Zona Oeste teve o mesmo movimento
entre 1998 e 2006 com o envelhecimento da mão de obra, porém os empregados do MRJ
ainda mantiveram um perfil mais velho porque registrou a menor participação percentual de
empregos nas faixas até 39 anos (respondiam por cerca de 61%, em 1998, e 57% em 2006, no
MRJ, enquanto na Zona Oeste respondiam por 71% e 67%, respectivamente). Observa-se
ainda que em ambos a redução da participação dos empregados na faixa etária mais jovem
(até 24 anos) e expansão das faixas mais altas (de 40 a 64 nos). Por fim, a participação dos
empregados com mais de 65 anos, apesar de ser uma pequena parcela, é superior no MRJ à da
Zona Oeste. Em ambos ela permaneceu estabilizada no período.
42

Tabela 15 – Número de empregos segundo faixa etária do empregado nos bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006
até 24 anos 25 a 39 anos 40 a 64 anos 65 ou mais ignorado Total
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 3.658 4.126 5.259 8.012 9.353 14.042 5.063 6.189 9.139 123 155 191 17 3 2 16.873 19.826 28.633
Bangu 2.759 3.199 4.326 5.811 7.053 11.511 3.605 4.664 7.194 84 112 140 11 3 1 12.270 15.031 23.172
Padre Miguel 554 521 588 1.353 1.153 1.532 910 809 1.297 20 22 31 2 0 1 2.839 2.505 3.449
Senador Camará 345 406 345 848 1.147 999 548 716 648 19 21 20 4 0 0 1.764 2.290 2.012
Campo Grande 8.143 10.020 9.690 19.791 23.419 22.745 10.420 12.610 12.991 229 224 204 41 0 0 38.624 46.273 45.630
Campo Grande 7.157 8.858 8.410 16.441 19.719 18.504 8.281 10.258 10.379 197 182 164 31 0 0 32.107 39.017 37.457
Cosmos 150 368 467 283 696 1.735 153 317 1.080 6 6 14 3 0 0 595 1.387 3.296
Inhoaiba 113 147 232 433 614 552 465 572 326 5 6 6 2 0 0 1.018 1.339 1.116
Santissimo 270 291 341 960 950 1.301 811 784 800 13 21 11 0 0 0 2.054 2.046 2.453
Senador Vasconcelos 453 356 240 1.674 1.440 653 710 679 406 8 9 9 5 0 0 2.850 2.484 1.308
Realengo 3.658 3.155 2.407 7.937 7.736 8.480 5.062 5.970 6.421 137 175 147 18 0 0 16.812 17.036 17.455
Campo dos Afonsos 1.202 896 67 2.020 1.237 429 1.134 1.138 538 26 14 8 1 0 0 4.383 3.285 1.042
Deodoro 126 154 102 372 382 309 255 316 270 8 14 8 0 0 0 761 866 689
Jardim Sulacap 254 349 399 499 810 882 282 493 572 11 18 13 1 0 0 1.047 1.670 1.866
Magalhaes Bastos 66 90 88 197 153 206 138 118 141 4 2 4 0 0 0 405 363 439
Realengo 1.989 1.623 1.722 4.761 5.058 6.558 3.184 3.786 4.795 85 122 112 15 0 0 10.034 10.589 13.187
Vila Militar 21 43 29 88 96 96 69 119 105 3 5 2 1 0 0 182 263 232
Santa Cruz 3.511 3.680 3.550 7.383 8.539 10.104 4.408 6.342 8.121 66 68 68 32 0 0 15.400 18.629 21.843
Paciencia 522 480 443 1.435 1.437 1.318 798 988 941 13 14 6 5 0 0 2.773 2.919 2.708
Santa Cruz 2.751 3.040 2.982 5.406 6.576 8.472 3.270 4.895 6.967 46 47 59 27 0 0 11.500 14.558 18.480
Sepetiba 238 160 125 542 526 314 340 459 213 7 7 3 0 0 0 1.127 1.152 655
Total Zona Oeste (1) 18.970 20.981 20.906 43.123 49.047 55.371 24.953 31.111 36.672 555 622 610 108 3 2 87.709 101.764 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 264.423 258.392 265.400 805.489 787.813 868.004 664.837 699.892 802.582 21.253 22.758 25.966 1.364 303 62 1.757.366 1.769.158 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,2 8,1 7,9 5,4 6,2 6,4 3,8 4,4 4,6 2,6 2,7 2,3 7,9 1,0 3,2 5,0 5,8 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
43

Finalmente, a Tabela 16 apresenta o perfil de remuneração dos trabalhadores formais em


termos de número de salários mínimos. A esmagadora maioria dos trabalhadores da região de
estudo ganha até três salários mínimos (53,5%, em 1998, e 75%, em 2006), sendo essa a única
categoria que apresentou expansão entre 1998-2006. Apenas 8,9%, em 1998 e 3%, em 2006,
ganhavam mais de dez salários mínimos. Parte dessa queda na participação das faixas mais
elevadas pode ser creditada ao aumento real que o salário-mínimo recebeu no período
analisado 6, elevando o seu valor. Comparando-se este perfil com o do MRJ, percebe-se que
ele é bem pior para a região estudada e piorou entre 1998 e 2006. Somente a faixa até 3
salários mínimos aumentou a sua participação em relação ao Município. Todas as demais
apresentaram queda. Além disso, esta faixa é a única que está acima da participação média da
região. No MRJ, 39%, em 1998, e 59%, em 2006, dos trabalhadores estavam na faixa até três
salários mínimos, enquanto que 16,1%,em 1998, e 9%, em 2006, dos trabalhadores ganhavam
mais do que dez salários mínimos, apesar de também ser sentida a redução na participação das
faixas mais abastadas, a redução foi proporcionalmente menor do que a observada no MRJ.

Em resumo, a retrosperspectiva realizada mostra que a predominância das atividades


comerciais e de serviços era ainda mais relevante em 1998 e a especialização relativa da
indústria, quando comparada com o MRJ, um pouco menos importante do que em 2006. A
representatividade econômica da Região, em 1998, apresentava situação inferior à de 2006 no
que diz respeito aos estabelecimentos e empregos formais. Campo Grande e Bangu eram já os
líderes, enquanto Realengo e Santa Cruz disputavam a última posição. Os micros e pequenos
estabelecimentos eram ainda mais importantes em 1998. A Região estudada apresentava, em
1998, um perfil mais jovem da população empregada formalmente do que à do MRJ e perfis
de remuneração e qualificação inferiores. Apesar de este último indicador ter melhorado, em
2006, a remuneração apresentou queda maior do que a observada no Município.

Em outras palavras, identifica-se uma especialização industrial em evolução na Região


estudada. Entretanto, muito pode ser feito ainda na direção de transformar a aglomeração e a
especialização industriais existentes em um desenvolvimento high road, aquele
desenvolvimento local que está associado a uma especialização industrial densa em
encadeamentos produtivos e a trabalhadores qualificados, especializados e bem remunerados.

6
Em 1998 o salário mínimo correspondia a R$120,00 (ou R$264,00 em valores de 2008, atualizado pelo INPC
segundo o IPEADATA), passando, em 2003, para R$200,00 (ou R$308,00 se atualizado) e, em 2005, para
R$350,00 (ou R$392,00).
44

Tabela 16 – Número de empregos segundo faixa de remuneração do empregado nos bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006
até 3 s.m. de 3 a 5 s.m. de 5 a 10 s.m. mais de 10 s.m. ignorado Total
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 10.990 15.917 22.274 3.358 2.420 3.666 1.915 1.070 1.746 582 384 543 28 35 404 16.873 19.826 28.633
Bangu 7.944 12.039 17.676 2.329 1.934 3.249 1.489 806 1.544 501 237 414 7 15 289 12.270 15.031 23.172
Padre Miguel 1.785 2.095 3.013 700 218 244 293 141 95 44 44 23 17 7 74 2.839 2.505 3.449
Senador Camará 1.261 1.783 1.585 329 268 173 133 123 107 37 103 106 4 13 41 1.764 2.290 2.012
Campo Grande 20.158 32.564 37.218 8.475 6.687 4.929 6.806 5.116 2.280 3.081 1781 726 104 125 477 38.624 46.273 45.630
Campo Grande 17.774 27.600 31.192 5.851 5.104 3.243 5.412 4.509 1.948 2.974 1.694 642 96 110 432 32.107 39.017 37.457
Cosmos 483 897 1.902 84 226 1.079 21 247 249 6 14 56 1 3 10 595 1.387 3.296
Inhoaiba 370 800 988 284 446 76 345 72 23 17 14 19 2 7 10 1.018 1.339 1.116
Santissimo 549 1.302 2.002 831 501 416 599 195 27 72 46 3 3 2 5 2.054 2.046 2.453
Senador Vasconcelos 982 1.965 1.134 1.425 410 115 429 93 33 12 13 6 2 3 20 2.850 2.484 1.308
Realengo 8.622 11.743 13.600 3.565 2.274 1.646 2.805 1.631 1.348 1.775 1354 518 45 34 343 16.812 17.036 17.455
Campo dos Afonsos 787 1.116 227 879 413 123 1.460 837 439 1.243 918 241 14 1 12 4.383 3.285 1.042
Deodoro 534 631 531 114 107 59 46 85 62 65 41 30 2 2 7 761 866 689
Jardim Sulacap 783 1.433 1.645 205 143 125 54 72 62 2 21 9 3 1 25 1.047 1.670 1.866
Magalhaes Bastos 280 307 395 108 39 32 12 17 9 5 0 1 0 0 2 405 363 439
Realengo 6.159 8.060 10.616 2.185 1.538 1.285 1.213 591 756 451 371 234 26 29 296 10.034 10.589 13.187
Vila Militar 79 196 186 74 34 22 20 29 20 9 3 3 0 1 1 182 263 232
Santa Cruz 7.164 10.207 12.645 2.588 2.709 3.576 3.218 4.360 3.527 2.369 2044 1.715 61 72 380 15.400 18.629 21.843
Paciencia 1.461 1.959 2.139 807 713 413 450 211 98 47 25 18 8 11 40 2.773 2.919 2.708
Santa Cruz 4.722 7.202 9.888 1.686 1.914 3.139 2.722 3.365 3.426 2.318 2.016 1.697 52 61 330 11.500 14.558 18.480
Sepetiba 981 1.046 618 95 82 24 46 21 3 4 3 0 1 0 10 1.127 1.152 655
Total Zona Oeste (1) 46.934 70.431 85.737 17.986 14.090 13.817 14.744 12.177 8.901 7.807 5.563 3.502 238 266 1.604 87.709 101.764 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 686.567 930.300 1.158.187 411.775 311.572 330.031 369.238 313.413 271.505 282.983 210.944 182.998 6.803 2.929 19.293 1.757.366 1.769.158 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 6,8 7,6 7,4 4,4 4,5 4,2 4,0 3,9 3,3 2,8 2,6 1,9 3,5 9,1 8,3 5,0 5,8 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
45

3.2. A atividade industrial e seus principais desafios: uma visão pela ótica fiscal

A maior relevância relativa da atividade industrial, entre as demais atividades econômicas, da


Zona Oeste em relação ao MRJ pode ser constatada tanto em termos de número de
estabelecimentos, quanto em termos do número de empregos: respectivamente 9,2% e 11,2%
dos estabelecimentos e dos empregos do MRJ. Esta relevância é confirmada pela expressiva
participação da região de estudo em termos de Valor Adicionado Fiscal 7 (VAF). De fato, a
região selecionada é responsável por 23,3% do VAF gerado no MRJ (ver Tabela 17). Isto
parece confirmar certa especialização da região nas atividades industriais, reforçando a
hipótese avançada anteriormente.

Tabela 17 – Principais atividades industriais por região administrativa selecionados


segundo VAF, estabelecimentos e empregos
Participação (1) em (2)
Bangu Campo Grande Santa Cruz Realengo Total dos bairros selec.(1) Total do Rio de Janeiro (2) (%)

VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF Estab. Empr.
Indústria/Bairro¹ (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 2004 2006 2006
Borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 10.745 11 40 19.212 7 367 83.483 5 54 0 10 1.001 113.440 33 1.462 1.008.460 599 11.346 11,2 5,5 12,9
Papel, papelao, editorial e gráfica 25.949 19 344 8.854 19 143 254.863 9 1.976 0 8 55 289.665 55 2.518 1.558.288 1.129 20.121 18,6 4,9 12,5
Material elétrico e de comunicaçoes 6.377 3 5 0 3 30 0 0 0 0 3 19 6.377 9 54 421.862 176 4.338 1,5 5,1 1,2
Produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 0 42 3.023 1.340.824 56 1.531 6.904 35 569 4.633 30 211 1.352.361 163 5.334 2.668.327 1.097 34.796 50,7 14,9 15,3
Produtos minerais nao metálicos 0 10 157 0 22 505 38.599 11 223 0 1 25 38.599 44 910 312.642 236 4.744 12,3 18,6 19,2
Mecânica 10.353 8 269 112.970 10 242 12.499 5 431 0 7 53 135.823 30 995 540.918 409 10.694 25,1 7,3 9,3
Metalúrgica 0 26 139 16.271 30 433 1.300.949 10 2.711 0 23 169 1.317.220 89 3.452 1.487.019 708 12.530 88,6 12,6 27,5
Química, farmacêutica, veterinários, perfumaria, ... 0 16 623 91.404 22 1.159 338.700 17 744 24.386 8 303 454.490 63 2.829 3.303.815 754 24.444 13,8 8,4 11,6
Têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0 17 179 0 37 450 7.067 8 180 0 22 308 7.067 84 1.117 26.484 1.110 20.253 26,7 7,6 5,5
Total Geral 53.424 152 4.779 1.589.535 206 4.860 2.043.065 100 6.888 29.019 112 2.144 3.715.044 570 18.671 15.975.530 6.218 166.616 23,3 9,2 11,2

Fonte: Elaboração própria com base em www.armazemdedados.rj.gov.br e RAIS 2006


1- Ficaram de fora as indústrias: de imagem e do som, informática, aparelhos, equipamentos e produtos eletrônicos, calçados, joalheira e
ourivesaria, material de transporte, cosméticos, fumo, vestuário, moveleira e de produtos diversos porque apresentam VAF igual a zero nos
bairros selecionados

Em algumas atividades industriais o percentual de participação do VAF da região está acima


de 23,3% e em outras abaixo (ver Tabela 18 8). Entre as atividades que estão acima deste
percentual e, portanto, mostram uma certa especialização, destacam-se: a atividade de couros,
peles e assemelhados, pois a região é responsável por 100% do VAF no MRJ; a atividade de
metalurgia, sendo a região responsável por 88,6% do VAF do Município; a atividade de
bebidas, onde a região é responsável por 78,2%; a atividade de velas, de sabões e de produtos
para limpeza, sendo a região responsável por 73,7%; a atividade têxtil que representa 26,7%;
e finalmente a atividade mecânica que representa 25,1%.

7
O Valor Adicionado Fiscal corresponde à diferença entre as entradas e saídas de mercadorias e serviços
realizadas pelos contribuintes do ICMS dos municípios.
8
A Tabela 18 contém os dados do VAF por indústrias mais desagregadas do que a CNAE. Na Tabela 17 fizemos
a agregação das indústrias para podermos comparar com os dados de estabelecimentos e empregos da RAIS. A
metodologia utilizada encontra-se na Tabela 19.
46

Tabela 18 – Principais atividades industriais por região administrativa selecionada


segundo VAF, 2004
Total dos bairros Total do Rio de Janeiro Participação
Bangu Campo Grande Santa Cruz Realengo selec.(1) (2) (1) em (2) (%)
Indústria/Bairro¹ VAF % VAF % VAF % VAF % VAF % VAF %
borracha 0 0,0 5.712.340 0,4 0 0,0 0 0,0 5.712.340 0,2 764.135.039 4,8 0,7
celulose, papel, papelão e seus artefatos 0 0,0 8.853.944 0,6 0 0,0 0 0,0 8.853.944 0,2 68.940.412 0,4 12,8
bebidas 0 0,0 1.340.824.005 84,4 0 0,0 0 0,0 1.340.824.005 36,1 1.713.562.161 10,7 78,2
couros, peles e assemelhados 10.745.156 20,1 0 0,0 12.503.872 0,6 0 0,0 23.249.028 0,6 23.249.028 0,1 100,0
material elétrico, eletrônico 6.377.245 11,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0 6.377.245 0,2 421.862.107 2,6 1,5
produtos alimentícios 0 0,0 0 0,0 6.904.018 0,3 4.632.815 16,0 11.536.833 0,3 954.764.903 6,0 1,2
produtos de material plástico 0 0,0 13.499.612 0,8 70.979.097 3,5 0 0,0 84.478.708 2,3 221.076.196 1,4 38,2
produtos minerais nao-metálicos 0 0,0 0 0,0 38.599.310 1,9 0 0,0 38.599.310 1,0 312.641.535 2,0 12,3
velas, de sabões e de produtos para limpeza, 0 0,0 0 0,0 55.226.520 2,7 24.386.472 84,0 79.612.992 2,1 107.955.834 0,7 73,7
editorial e gráfica 25.948.798 48,6 0 0,0 254.862.650 12,5 0 0,0 280.811.447 7,6 1.489.347.179 9,3 18,9
mecânica 10.352.929 19,4 112.970.425 7,1 12.499.359 0,6 0 0,0 135.822.713 3,7 540.917.955 3,4 25,1
metalúrgica 0 0,0 16.271.183 1,0 1.300.948.877 63,7 0 0,0 1.317.220.060 35,5 1.487.018.960 9,3 88,6
petrolífera e petroquímica 0 0,0 83.074.748 5,2 0 0,0 0 0,0 83.074.748 2,2 1.578.881.972 9,9 5,3
química 0 0,0 8.329.040 0,5 283.473.675 13,9 0 0,0 291.802.715 7,9 1.616.976.913 10,1 18,0
têxtil 0 0,0 0 0,0 7.067.458 0,3 0 0,0 7.067.458 0,2 26.483.612 0,2 26,7
total geral 53.424.128 100,0 1.589.535.296 100,0 2.043.064.836 100,0 29.019.287 100,0 3.715.043.546 100,0 15.975.529.536 100,0 23,3

Fonte: Elaboração própria com base em www.armazemdedados.rj.gov.br


1- Ficaram de fora as indústrias: de imagem e do som, informática, aparelhos, equipamentos e produtos eletrônicos, calçados, joalheira e
ourivesaria, material de transporte, cosméticos, fumo, vestuário, moveleira e de produtos diversos porque apresentam VAF igual a zero nos
bairros selecionados

Algumas regiões apresentam-se menos diversificadas por atividades econômicas industriais


(ver Tabela 18). Este é o caso de Realengo e de Bangu. A segunda possui apenas quatro
indústrias em ordem decrescente de valor adicionado fiscal: editorial e gráfica; couros, peles e
assemelhados; mecânica; e material elétrico e eletrônico. A primeira possui apenas duas
atividades industriais: velas, de sabões e de produtos de limpeza; produtos alimentícios.

Campo Grande e Santa Cruz são bem mais diversificadas industrialmente. As dez atividades
econômicas de Santa Cruz são em ordem decrescente de valor adicionado fiscal: metalúrgica;
química; editorial e gráfica; produtos de material plástico; velas, de sabões e de produtos para
limpeza; produtos minerais não metálicos; couros, peles e assemelhados; têxtil; produtos
alimentícios. As oito atividades econômicas industriais de Campo Grande são em ordem
decrescente de valor adicionado fiscal: bebidas; mecânica; petrolífera e petroquímica;
metalúrgica; produtos de material plástico; celulose, papel, papelão e seus artefatos; química;
borracha.

A correspondência entre a desagregação dos setores segundo o VAF e da CNAE encontram-


se na Tabela 19 abaixo.
47

Tabela 19 – Correspondência entre os setores do VAF e da CNAE


Setores industriais - VAF Setores industriais CNAE
borracha Ind. da borracha e plástico, fumo, couros, peles, similares, ind.
couros, peles e assemelhados diversas
produtos de material plastico
celulose, papel, papelao e seus artefatos Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica
editorial e grafica
material eletrico, eletrônico Indústria do material elétrico e de comunicaçoes
bebidas Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico
produtos alimenticios
produtos minerais nao-metalicos Indústria de produtos minerais nao metálicos
mecanica Indústria mecânica
metalúrgica Indústria metalúrgica
petrolifera e petroquimica Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria,
química ...
velas, de sabões e de produtos para
limpeza,
têxtil Indústria têxtil, vestuário e artefatos de tecidos
Fonte: Elaboração própria
As indústrias grafadas em negrito possuem VAF igual a zero nos bairros da Zona Oeste do Rio de Janeiro, porém os dados da RAIS só estão
disponíveis agregados às demais indústrias conforme apresentado na tabela
As seguintes indústrias são encontradas na RAIS, mas possuem VAF igual à zero na Zona Oeste do Rio de Janeiro: madeira e mobiliário,
material de transporte e calçados

3.2.1.Cadastro de empresas

O cadastro de empresas foi elaborado a partir da relação de empresas da Federação de


Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN, 2008). O objetivo do cadastro é servir de
base para a seleção de empresas que comporão uma lista de empresas da região a serem
entrevistadas numa futura pesquisa de campo a ser realizada numa próxima etapa da pesquisa.
Além da base para a seleção de empresas, o cadastro servirá também como guia de
informações, facilitando o contato com as empresas selecionadas.

Os critérios para a inclusão das empresas no cadastro foram: primeiro empresas constantes no
cadastro FIRJAN (2008) com endereço nas regiões administrativas selecionadas; em seguida
a listagem foi completada com as empresas que possuem investimentos ou estabelecimentos
nas regiões estudadas, mas cuja sede está registrada em outro bairro do MRJ. No primeiro
critério foram encontradas 180 empresas e no segundo 7.

No cadastro constam 180 empresas com endereço de sua sede nos bairros selecionados mais 7
empresas que não possuem endereços de suas sedes na região pesquisada, mas possuem
estabelecimentos industriais no local. As informações contidas no cadastro são: razão social,
endereço completo, bairro, telefone, fax, e-mail, CNPJ, nome do diretor, número de
empregados, principais produtos, classificação CNAE 2.0, endereço eletrônico (site) e se é ou
não exportadora. O cadastro encontra-se no Anexo 2.

O Anexo 3 apresenta o resultado de alguns filtros realizados a partir do cadastro. Um terço


das empresas é proveniente das indústrias de alimentos e bebidas, confecção e comércio
varejista. As maiores empregadoras do cadastro são as empresas de alimentos e bebidas,
seguidas das empresas produtoras de produtos químicos. Poucas empresas exportam sua
produção, somente 12% das cadastradas.
48

As duas regiões que concentram a maior parte das empresas do cadastro são Campo Grande e
Bangu. Na primeira região o maior número de empresas pertence aos setores de confecções e
de alimentos e bebidas, na segunda ao setor de alimentos e bebidas.

A maior parte das empresas possui e-mail e aparelho de fax e apresenta porte micro e pequeno
(cerca de 70%), mensurando-se o tamanho pelo número de empregados. Existem 44 empresas
de porte médio (24%) e apenas 11 empresas são grandes (6%).

Em resumo, vimos nesta seção 3.1 que a atividade industrial revelou-se realmente uma
especialização na região de estudo. Entre as atividades com maior expressão econômica
encontram-se as indústrias de alimentos e bebidas; metalúrgica; química; papel, papelão,
editorial e gráfica. A atividade comercial desponta como campeã do número de
estabelecimentos e contribui significativamente para o número de empregos gerados. Os
principais desafios são ampliar o grau de qualificação dos trabalhadores e ampliar a faixa de
remuneração, atividades intrinsicamente relacionadas. Entretanto, somente o aumento da
qualificação dos trabalhadores não é suficiente para ampliar as faixas de remuneração. Este
movimento precisa estar relacionado a um aumento de valor agregado da indústria e das
demais atividades econômicas que, em última instância, são as demandantes de mão-de-obra.
A maior diversificação e agregação de valor é uma condição necessária para que haja
demanda de novas e maiores qualificações.

3.3. A atividade comercial e os seus principais desafios

O Instituto Fecomércio-RJ (Ifec) realizou, entre outubro de 2001 e outubro de 2003, um


mapeamento das atividades comerciais nos centros de diversos bairros do Rio de Janeiro 9.
Esse mapeamento consistiu na identificação das atividades comerciais e em pesquisas de
opinião com empresários e usuários do comércio dos bairros. O objetivo era conhecer as
atividades existentes no centro comercial de cada bairro pesquisado, visando obter uma
fotografia da situação existente, além de tentar estabelecer um perfil das empresas de
comércio de bens e serviços e dos hábitos e desejos dos consumidores em cada bairro
pesquisado. O presente trabalho irá se apoiar nesta pesquisa para uma análise da atividade
comercial da Zona Oeste.

Cabe destacar dois pontos de limitação aos dados levantados no Mapeamento Fecomércio em
relação ao presente trabalho. O primeiro é que a unidade geográfica de investigação foi o
bairro, ao invés da região administrativa como foi desenvolvida a maior parte da análise feita
neste texto. A segunda é que apenas seis bairros pertencentes a Zona Oeste foram mapeados
(Bangu, Campo Grande, Padre Miguel, Realengo, Santa Cruz e Santíssimo), ou seja, o escopo
da investigação diz respeito a apenas uma parte da região selecionada para o presente
trabalho.

Comparado com os dados apresentados na Tabela 3 e 4, constata-se que Padre Miguel é o


quinto bairro em número de estabelecimentos e empregos, ficando atrás apenas dos quatro
bairros sedes. Já Santíssimo, ocupa a sétima posição em relação ao número de empregos
(ficando atrás das quatro sedes, de Padre Miguel e de Paciência), em relação ao número de
estabelecimento não ocupa nenhuma posição de destaque.

9
O Ifec pesquisou 56 bairros do município do Rio de Janeiro divididos em 11 regiões conforme divisão
estabelecida pelo próprio Fecomércio. As regiões são: Barra da Tijuca, Centro, Ilha do Governador, Irajá,
Jacarepaguá, Leopoldina, Madureira, Méier, Tijuca, Zona Oeste e Zona Sul.
49

Das questões levantadas nos questionários aplicados pelo Ifec foram tabuladas as referentes à
representatividade das amostras e dos perfis das empresas (número de unidades encontradas,
unidades que desenvolvem atividade comercial, número de empresários e populares
entrevistados, postos de trabalhos na região e número de empresas com menos de 5
empregados), os principais problemas e soluções apontados pelos empresários e os principais
problemas e soluções apontados pelos usuários do comércio local. Destas, foram tabuladas os
três problemas e as três soluções mais citadas pelos empresários e pelos populares (ver
Tabelas 20, 21 e 22).

Esta seção está subdividida em quatro partes, além dessa introdução. Na primeira é realizada
uma caracterização da amostra pesquisada e a apresentação das questões tabuladas e que
foram analisadas. Na segunda parte, foram tratadas as opiniões dos empresários e dos usuários
do comércio local (populares) sobre os principais problemas e soluções para o seu bairro,
apresentando primeiro os problemas apontados pelos empresários e pela opinião popular e
depois as soluções, mantendo a mesma ordem. Na terceira parte foi elaborada uma análise da
região da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro com base nos mapeamentos dos bairros
de Bangu, Campo Grande, Padre Miguel, Realengo, Santa Cruz e Santíssimo, segundo os
principais problemas e soluções apontados pelos empresários e pelos populares para os
bairros, mantendo a seguinte ordem por região: um pequeno apanhado da amostra pesquisada,
análise dos problemas na opinião dos empresários, análise dos problemas na opinião popular,
análise das soluções na opinião dos empresários e análise das soluções na opinião popular.
Por fim, na quarta parte foi elaborada uma conclusão com um pequeno resumo do panorama
encontrado nas onze regiões pesquisadas.

3.3.1. Características da Amostra

No total foram identificadas, nos 6 bairros tabulados, 10.318 unidades das quais 3.263 foram
consideradas pertinentes ao objetivo do estudo, ou seja, apenas 31,6% das unidades
identificadas desenvolviam alguma atividade comercial. Entre as unidades que foram
descartadas, as principais ocorrências foram de estabelecimentos usados como moradia,
estabelecimentos fechados e sem identificação. No total dos mapeamentos foram
entrevistados 780 empresários (24% das unidades comerciais consideradas) e 1.983
populares, conforme Tabela 20.

0Tabela 20 – Representatividade das amostras, perfil das empresas e parceiros de


pesquisa
Representatividade das amostras Perfil das empresas
Empresas
Unidades <5 Postos de Parceiros
não % do Opiniões empregos trabalho na na
Bairros Unidades pertinentes Saldo Empresários saldo populares (%) região pesquisa
Zona Oeste
Bangu 1.006 382 624 160 25,6 392 51,9 6.552 Ifec
Campo Grande 3.867 2.038 1.829 369 20,2 401 56,1 18.165 Ifec
Padre Miguel 1.618 1.525 93 35 37,6 268 91,4 268 Ifec
Realengo 3.229 2.837 392 97 24,7 366 76,3 1.346 Ifec
Santa Cruz 396 125 271 90 33,2 450 57,8 1.469 Ifec
Santíssimo 202 148 54 29 53,7 106 79,3 494 Ifec
Fonte : Elaboração própria com base no Mapeamento Fecomércio.
50

Analisando os dados da Zona Oeste de representatividade da amostra, constata-se que os


bairros estudados apresentavam entre 202 (Santíssimo) e 3.867 (Campo Grande) unidades
identificadas, sendo que as unidades comerciais por bairro variaram entre 54 e 1.829
(Santíssimo e Campo Grande, respectivamente). Na relação unidades comerciais em atividade
sobre unidades identificadas destacam-se em termos proporcionais os bairros de: Santa Cruz,
Bangu e Campo Grande, com 68%, 62% e 47% respectivamente, indicando uma maior
especialização na atividade comercial.

A principal característica das unidades comerciais pesquisadas foi o predomínio das micro-
empresas, e principalmente, das micro-empresas com menos de cinco empregados, 59% das
unidades pesquisadas, ou seja, 1.934 unidades se encontravam nesse perfil. Três bairros
apresentaram-se acima da média: Padre Miguel, Santíssimo e Realengo com percentuais de
91%, 79% e 76%, respectivamente. Esse resultado indica que o comércio desses bairros é
realizado por empresas de menor porte. Em situação oposta, os bairros de Bangu (52%),
Campo Grande (56%) e Santa Cruz (58%) possuem uma participação menor dos
estabelecimentos com menos de 5 empregados, indicando estabelecimentos comerciais de
maior porte.

As regiões comerciais dos 6 bairros da Zona Oeste tabulados eram responsáveis pela geração
estimada de 28.294 postos de trabalhos, o que dá uma média de 8,7 empregos por unidade
comercial. Se compararmos esta média com o dado do parágrafo anterior observa-se que as
grandes unidades comerciais instaladas nesses bairros provocam um viés na média,
impulsionando-a para cima. Os bairros que apresentaram as maiores médias de postos de
trabalho por empresa foram: Bangu (10,5), Campo Grande (9,9) e Santíssimo (9,1). Tanto a
média por bairro quanto a média por região corroboram com a característica de que há o
predomínio dos micros estabelecimentos comerciais nos bairros pesquisados.

Os principais bairros, em número de empregos gerados, foram: Campo Grande (18.165 ou


64%), e Bangu (6.552 ou 23%) que juntos totalizam 87% dos empregos comerciais estimados
da Zona Oeste (28.294).

A pesquisa junto aos comerciantes totalizou 780 entrevistas, representando 24% do total de
unidades comerciais pesquisadas, porém essa representatividade variou entre 20% (Campo
Grande) a 54% (Santíssimo) 10, conforme o bairro pesquisado. Já a pesquisa junto aos usuários
do comércio dos bairros pesquisados reuniu 1.983 entrevistas. O número de pessoas
entrevistadas variou conforme o bairro e a região pesquisada, ficando entre 106 (Santíssimo) e
450 (Santa Cruz).

3.3.2. Problemas e Soluções

O principal problema apontado pelos empresários dessa região foi a estrutura comercial, com
índices variando de 5,8% (Padre Miguel) a 41,4% (Santíssimo). Esse problema lidera a lista
de problemas em todos os bairros pesquisados da região, com exceção de Bangu e Padre
Miguel, onde aparece na segunda posição. Em Bangu, o principal problema é a falta de
urbanização (59,4%) e em Padre Miguel é a falta de agências bancárias (20%). Em segundo
lugar entre os problemas da região aparecem segurança (Santa Cruz, Realengo e Bangu) e
transporte/trânsito (Campo Grande, Padre Miguel e Santa Cruz). Outros problemas apontados

10
Essa diferença pode ser creditada a diferença no número de unidades total identificadas, bairros com um
número maior de unidades tendem a ficar com menor representatividade, enquanto bairros com menor número
de unidades tendem a ter uma representatividade maior dos empresários porque é mais fácil de cobrir uma maior
parcela do universo pesquisado.
51

na região foram falta de políticas públicas (Campo Grande), saneamento (Realengo), falta de
serviços públicos (Santa Cruz e Santíssimo).

Na opinião popular, o principal problema é a segurança, seguida por transporte/trânsito e falta


de serviços públicos. O problema da segurança foi apontado em todos os bairros pesquisados
da região, sendo que lidera em três (Bangu, Padre Miguel e Santa Cruz), fica em segundo
lugar em um (Campo Grande) e em terceiro em dois (Realengo e Santíssimo). Os índices
variam entre 15,2% e 31,3%. Em segundo lugar, transporte/trânsito está presente em cinco
dos seis bairros (só não é apontado em Realengo) com índices variando de 12,9% a 22,4%.
Em terceiro, falta de serviços públicos também presente em quatro bairros (está fora de Bangu
e Santa Cruz), mas lidera em Realengo (26,8%) e Santíssimo (21,7%). Outros problemas
apontados foram: estrutura comercial (Realengo) e urbanização (Bangu). Comparando as
opiniões dos empresários com os populares nota-se que eles compartilham a opiniões sobre os
problemas com segurança e transporte/trânsito, porém atribuem graus de importância
diferentes.

Tabela 21 – Principais problemas identificados nos bairros selecionados (%)


Zona Oeste
Opinião empresarial (n. de Campo Padre Santa
respostas) Bangu Grande Miguel Realengo Cruz Santíssimo
Estacionamento
Estrutura Comercial (5) 15,6 13,0 5,8 28,9 31,1 41,4
Falta de agências bancárias (1) 20,0
Políticas públicas (1) 3,0
Saneamento (1) 6,2
Segurança (3) 11,9 4,1 26,7
Serviços públicos (2) 12,2 6,9
Transporte (3) 6,0 5,7 12,2
Urbanização (2) 59,4 6,9
Zona Oeste
Opinião popular (n. de Campo Padre Santa
respostas) Bangu Grande Miguel Realengo Cruz Santíssimo
Estrutura Comercial (1) 22,9
Falta de serviços públicos (4) 13,2 9,0 26,8 21,7
Lazer
Saneamento
Segurança (6) 25,2 15,2 27,1 21,9 31,3 19,8
Serviços públicos (1) 21,1
Transporte (5) 18,1 22,2 12,9 22,4 20,7
Urbanização (1) 15,3
Fonte: Elaboração própria com base no Mapeamento Fecomércio

As soluções apontadas pelos empresários da região dispersam-se por 7 das 17 soluções


listadas no total, sendo a segurança a solução mais apontada, indicada em 4 bairros, com
percentuais entre 1,4% e 21,1%. Em segundo lugar, aparecem o combate à informalidade e o
incentivo a atividade econômica indicados em três bairros cada um. Também foram citadas
como soluções: incentivos a estrutura comercial, principal solução em Padre Miguel e Santa
Cruz, transporte/trânsito (Campo Grande e Padre Miguel), melhoria nos serviços públicos
(Padre Miguel e Santíssimo) e urbanização (Bangu e Santíssimo). Destacam-se Campo
Grande e Realengo pelos altos percentuais de “não respondentes”, respectivamente, 89% e
94%.
52

Tabela 22 – Principais soluções identificadas nos municípios pesquisados (%)


Zona Oeste
Opinião empresarial (n. de Campo Padre Santa
respostas) Bangu Grande Miguel Realengo Cruz Santíssimo
Combate a informalidade (2) 3,8 1,0
Estacionamentos
Estrutura comercial (2) 20,0 16,7
Fiscalização (1) 10,0
Incentivos a ativ. Econômica (3) 3,8 2,9 3,1
Saneamento (1)
Segurança (4) 10,6 1,4 21,1 10,3
Serviços públicos (2) 2,9 6,9
Trânsito
Transporte (2) 2,7 5,7
Urbanização (2) 49,4 6,9
Não apresentaram solução (2) 88,9 93,8
Zona Oeste
Opinião popular (n. de Campo Padre Santa
respostas) Bangu Grande Miguel Realengo Cruz Santíssimo
Estrutura comercial (1) 1,4
Lazer (1) 4,4
Saneamento
Saúde
Segurança (5) 19,9 6,7 17,3 25,8 18,9
Serviços públicos (5) 11,7 5,2 3,9 17,8 14,2
Trânsito
Transporte (4) 15,3 4,7 8,0 22,2
Urbanização (2) 6,8 16,0
Não apresentaram solução
Fonte: Elaboração própria com base no Mapeamento Fecomércio

Comparando os principais problemas com as principais soluções apontadas pelos empresários


nota-se que apesar de não serem iguais elas possuem ligações, já que o problema com a
estrutura comercial pode ser relacionado com as soluções “incentivo a atividade econômica” e
“combate a informalidade”. Já segurança, apesar de estarem em ordem de importância
diferente aparece em ambos os casos.

A opinião popular na Zona Oeste indicou as seguintes soluções: segurança, melhoria no


transporte/trânsito e melhorias nos serviços públicos. Dos seis bairros pesquisados pelo Ifec
na Zona Oeste, cinco deles apontaram as mesmas soluções, variando apenas a ordem de
importância. Segurança aparece cinco bairros, sendo o líder em todos. Seus percentuais
variaram de 6,7% a 25,8%. Melhoria no transporte/trânsito, indicado em 4 bairros, fica em
segunda em três, apenas em Campo Grande foi ficou com a terceira colocação. Seus
percentuais variaram de 4,7% a 22,2%. Por fim, melhorias nos serviços públicos tem a
situação inversa a solução anterior em relação a ordem de importância nos bairros, com
percentuais variando de 3,9% a 17,8%. Apenas Realengo fugiu desse padrão, o que é uma
situação vista tanto nos problemas apontados e quanto na solução dos empresários. As
soluções apontadas em Realengo foram: urbanização (6,8%), lazer (4,4%) e incentivos a
estrutura comercial (1,4%).
53

Comparando os problemas apontados pela opinião popular com as soluções, verifica-se que
elas são exatamente correspondentes, mantendo inclusive a mesma ordem de importância.

4. Indicadores sócio-econômicos e as instituições de formação profissional

Os indicadores sócio-econômicos são um pouco defasados em relação às informações sobre


as atividades econômicas e estão baseados nos dados do censo do IBGE de 2000. A Tabela 23
resume alguns indicadores de renda, educação, população e saúde por regiões administrativas
estudadas, comparando-os, quando disponível, com o MRJ e com o ERJ.

Tabela 23 – Indicadores de desenvolvimento social das regiões administrativas


selecionadas, do MRJ e do ERJ, 2000
Regiões Administrativas
Campo Santa
Indicadores Bangu Grande Realengo Cruz MRJ ERJ
Renda
Índice de GINI 0,49 0,51 0,49 0,5 0,616 0,614
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal_Renda 0,72 0,73 0,75 0,67 0,84 0,779
Intensidade da pobreza: linha de R$ 37,50 (%) 60,24 64,19 61,54 65,34 - -
Intensidade da pobreza: linha de R$ 75,50 (%) 45,24 45,76 45,59 48,83 13,32 19,28
% da renda domiciliar apropriada pelos 10% mais ricos da população 36,24 38,28 36,1 36,92 48,2 49,5
% da renda domiciliar apropriada pelos 80% mais ricos da população 46,76 44,67 46,55 46,13 - -
% da renda proveniente de rendimento do trabalho 67,48 68,3 66,94 65,39 63,7 64,7
% de crianças de 10 a 14 anos que trabalham 1,89 1,99 1,43 1,97 - -
Renda domiciliar per capita média do décimo mais rico (R$) 1.040,91 1.156,15 1.225,03 773,35 2.875,58 2.049,57
Renda domiciliar per capita média do primeiro quinto mais pobre (R$) 46,75 45,04 56,7 28,77 58,56 43,8
Renda per Capita (R$) 287,03 304,24 339,73 212,21 596,65 413,94
% da renda proveniente de rendimento de transferências governamentais 17,86 17,54 19,99 17,24 18,46 17,67
Educação
Taxa de Alfabetização (%) 95,03 95,49 96,23 93,56 95,6 94,9
Taxa bruta de freqüência à escola (%) 83,79 85,51 88,64 80,13 88,6 83,78
% de crianças de 4 a 5 anos fora da escola 33,16 36,88 28,11 30,75 30,00 33,70
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal_Educação 0,91 0,92 0,94 0,89 0,93 0,902
% de professores do fundamental, residentes com curso superior 30,14 32,08 32,12 23,18 42,44 30,19
% de crianças de 7 a 14 anos com mais de um ano de atraso escolar 18,75 17,52 16,38 21,42 17,4 22,4
% de crianças de 10 a 14 anos fora da escola 2,55 2,3 2,04 3,55 3,12 3,79
População
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - Longevidade 0,75 0,73 0,76 0,68 0,75 0,74
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 0,79 0,79 0,81 0,75 0,84 0,807
% de adolescentes do sexo feminino entre 15 e 17 anos com filhos 8,66 7,06 6,92 10,5 7,56 8,11
% de pessoas com 65 anos ou mais de idade morando sozinhas 10,06 9,95 10,93 13,49 17,30 16,32
% de pessoas que vivem em familias com razão de dependência > 75% 33,92 34,77 33,97 38,64 31,57 34,36
Saúde
Esperança de vida ao nascer (anos) 69,81 68,71 70,39 65,99 70,26 71,26
Mortalidade até um ano de idade (por 100 mil habitantes) 23,84 26,76 22,38 34,8 21,83 18,73
Mortalidade até cinco anos de idade (por 100 mil habitantes) 24,19 27,15 22,72 35,31 22,21 23,07
Probabilidade de sobrevivência até 40 anos (%) 92,23 91,34 92,68 88,94 92,14 91,87
Fonte: Elaboração própria com base nos dados disponíveis no IPP. Para MRJ e ERJ foram utilizados os dados do ipeadata

Inicialmente tomando-se o IDH, aberto nas dimensões renda, educação e longevidade,


percebe-se que o MRJ é melhor do que o ERJ em todas as dimensões. A Zona Oeste apresenta
índices inferiores aos dos apresentados pelo ERJ e pelo MRJ no que diz respeito à dimensão
renda, resultado estatístico já sinalizado, para o período mais recente, pelas faixas de
remunerações mais baixas observadas na região de estudo em comparação com o MRJ, ainda
que neste resultado só estivessem computadas as rendas do trabalho assalariado, e não as
demais rendas do trabalho sem carteira, autônomo, etc, como é considerado no levantamento
54

de renda para o indicador do IDH. Segundo a metodologia do IDH, um país só é classificado


como desenvolvido quando obtém um índice acima de 0,8, observa-se que na dimensão renda
a Zona Oeste encontra-se no mesmo grau de desenvolvimento do ERJ, regiões em
desenvolvimento, diferente do MRJ que já atingiu o índice de desenvolvimento.

No que diz respeito à dimensão educação, a Zona Oeste fica mais bem posicionada que o
ERJ, mas está abaixo do índice obtido pelo MRJ, exceto para o bairro de Realengo, aspecto
também já observado nos resultados estatísticos da RAIS. Finalmente, a dimensão
longevidade dá destaque para os bairros de Bangu e Realengo que apresentam índices,
respectivamente, igual e superior aos do MRJ. Em termos de educação, todos os bairros
podem ser classificados como regiões desenvolvidas, seguindo o padrão observado no ERJ e
no MRJ. Este já não é o caso da dimensão longevidade que está em um grau de
desenvolvimento inferior (em desenvolvimento) seguindo o mesmo padrão do ERJ e do MRJ.

O indicador renda per capita ajuda a corroborar o observado pelo IDH-renda. De fato a renda
per capita dos bairros da Zona Oeste é bem inferior à do MRJ. No caso de Bangu e Santa
Cruz estas rendas equivalem a menos da metade da renda apresentada pelo MRJ. A taxa de
alfabetização e a taxa de freqüência à escola ratificam as observações realizadas pelos IDH-
educação, mostrando que apenas Santa Cruz não apresenta uma taxa de alfabetização maior
do que a do ERJ e que Realengo apresenta taxas superiores à do MRJ em ambos os casos.

Em resumo, a região estudada apresenta um grau de desenvolvimento inferior ao do MRJ,


ainda que superior em várias dimensões ao do ERJ. Encontram-se polarizados na melhor e na
pior situação de indicadores sócio-econômicos as regiões administrativas de Realengo e Santa
Cruz. A primeira apresentando um mais alto grau de desenvolvimento da Zona Oeste, o que a
aproxima do MRJ, exceto pela dimensão renda; e a segunda o pior grau de desenvolvimento,
abaixo inclusive do ERJ.

Instituições de formação profissional

Entre as atividades econômicas pela ótica da geração de emprego, destaca-se como importante
a atividade de ensino, conforme indicado na seção três. Ainda segundo o registro do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Texeira (INEP) foram registradas 13
instituições de ensino superior e 12 de ensino técnico-profissionalizante. Entre as instituições
de ensino superior na Zona Oeste incluíram-se universidades, faculdades e escolas de
engenharia militares. Foram encontrados dezesseis campi, sendo: três na RA de Bangu, seis
na RA de Campo Grande, três na RA de Realengo e quatro na RA de Santa Cruz. Já entre as
instituições de ensino técnico-profissionalizantes foram incluídas tanto instituições públicas
quanto privadas, sendo: três na RA de Bangu, quatro na RA de Campo Grande, duas na RA
de Realengo e três na RA de Santa Cruz. O cadastro mais detalhados destas instituições
encontra-se no Anexo 4.

Além disso, a Zona Oeste possui uma população adulta com excelente nível de escolaridade,
com uma taxa de alfabetização de 95%, e conta com o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – SENAI, que oferece consultoria especializada, assistência técnica e tecnológica,
pesquisa, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos, conforme a demanda de cada
setor. A poucos quilômetros da Zona Oeste encontra-se uma grande concentração de
universidades, centros tecnológicos e instituições de pesquisa, com mais de 200 mil
estudantes universitários e quase 20 mil pesquisadores em atividade, além dos principais
centros de pós-graduação em engenharia de metalurgia, bem como o principal centro de
pesquisa federal voltado para mineração e metalurgia, o CETEM.
55

Entretanto, como visto, a qualificação da mão-de-obra empregada tem se mostrado inferior


àquela apresentada pelos trabalhadores do MRJ, indicando a necessidade de verificar-se em
que medida e porque a disponibilidade das instituições de ensino não está servindo para a
qualificação da mão-de-obra local.

5. Iniciativas de governança e principais investimentos atuais

Além da iniciativa do presente projeto de pensar uma iniciativa de governança para


incrementar as atividades econômicas da Zona Oeste, foram identificadas outras iniciativas
coletivas já iniciadas que deverão ser levadas em conta na construção do projeto para o local.
Não são iniciativas de governança, propriamente ditas, mas são iniciativas importantes de: (i)
cooperação das empresas locais, (ii) ordenamento jurídico do Município, através do Plano
Diretor, e (iii) diagnóstico do Instituto de Planejamento Econômico e Social (IPEA), visando
à identificação de especializações.

Cooperação de empresas locais

A primeira delas é o Núcleo Inox, criado em 1992, o Núcleoinox (Núcleo de


Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço Inoxidável) é uma associação sem fins
lucrativos que reúne fornecedores de insumos, produtores, reprocessadores, distribuidores,
fabricantes e entidades de classe, todos ligados ao aço inoxidável. Congrega tanto empregados
como empregadores, não se configurando como um sindicato. O interesse essencial é o
desenvolvimento do produto como matéria prima de tecnologia de ponta.

A presidência cabe, atualmente, a Sérgio Augusto Cardoso Mendes, da Acesita (Arcelor-


Mittal). Nos conselhos deliberativo e fiscal da associação também estão representados:
Villares Metais (Celso Antônio Barbosa, vice-presidente), Tramontina (Darci Galafassi), Jatil
Serviços (Ramón Rosso Garcia Filho), Votorantim Metais (Francisco de Jesús Martins),
Cosinox (Milton Jorge Minello), Zomprogna (Nei Ferreira Bello) e Perc Engenharia (Jorge
Durão). O diretor executivo é Arturo Chão Maceiras.

O objetivo da associação é promover e divulgar a correta utilização do aço inoxidável, bem


como as novas aplicações, visando a incrementar o consumo. Para isso, congrega pessoas
físicas e jurídicas no Brasil que se dediquem à pesquisa, fabricação, comercialização e
transformação do aço inox.

O conselho deliberativo é o órgão máximo, a ele está subordinado o comitê diretor. Por sua
vez, ao comitê diretor estão subordinados os comitês de comunicação, tecnologia,
desenvolvimento de mercado e relações internacionais. As seguintes iniciativas são adotadas
pelos diversos comitês: Marketing Institucional, Programas de Educação, Programas de
Treinamento, Ações nas áreas de Legislação e Tributária, Eventos de interesse do inox,
Publicações, Publicidade, Assessoria de Imprensa, Feiras, Análise e Segmentação de
Mercado, Diagnóstico das Cadeias do Inox, Estruturação das Cadeias do Inox, Estudos e
Pesquisa, Normalização, Eventos de Cunho Tecnológico, Atualização Tecnológica da Cadeia,
e Elaboração de Matérias Técnicas.

O Núcleo Inox publica a cada dois anos o “Guia Brasileiro do Aço Inox”, com 948 empresas
cadastradas e “todo tipo de informações que, cruzadas, podem agilizar os contatos necessários
à atuação industrial e comercial.” Oferecem aos novos associados o recebimento das versões
56

antigas do guia, além da inscrição para receber o guia normalmente. A última tiragem foi de
7.000 exemplares. O site disponibiliza ainda estatísticas anuais de consumo e produção tanto
no Brasil como no mundo; uma biblioteca on-line dedicada ao aço inox; a revista bimestral do
aço inox e um clipping de notícias.

A segunda iniciativa de cooperação entre empresas locais é a Aedin (Associação das


Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz e Adjacências). Suas primeiras iniciativas
datam de 1980 em conjunto com a Coordenação dos Distritos Industriais do Rio de Janeiro,
num modelo baseado nos distritos industriais italianos. Atualmente a Aedin conta com 16
empresas associadas (ver Anexo 5).

Através do Projeto Condomínio a Aedin visa favorecer/estimular as relações com os


fornecedores de bens e serviços, incentivando-os a virem se instalar no Distrito. Entre as
ações previstas no Projeto estão oportunidades de capacitação, certificação e de uso da
estrutura de saúde ocupacional do Distrito, além de oferecer demanda para os bens e serviços
a serem instalados e custos competitivos.

Ordenamento jurídico do território

A terceira iniciativa foi tomada pelo Município e está relacionada com o Plano Diretor do
MRJ. Ele ainda está transitando e terá efeitos sobre a organização territorial da Zona Oeste.
Em particualr a criação das Zonas de uso predominantemente industrial (ZOPIs) e as Zonas
de uso estritamente industrial (ZEIs). A criação de um pólo metalúrgico na Zona Oeste deverá
ser incluída nas discussões do Plano Diretor, que serão travadas somente na próxima
legislatura (2009). O projeto final do diagnóstico da Zona Oeste deverá, portanto, delinear os
impactos ambientais, urbanos e outros que irão influenciar o Plano Diretor para que ele
contemple a criação das Zonas e do pólo.

Identificação das especializações locais

Uma quarta iniciativa foi a realizada pelo IPEA identificando, através de metodologia
proposta pelo Professor Suzigan, todas as aglomerações com um grau de especialização
significativo para o Brasil, inclusive Rio de Janeiro. A partir desta identificação, verificou-se
que entre as especializações selecionadas como aglomerações, arranjos produtivos locais na
metodologia do IPEA, alguns eram bastante importantes na Zona Oeste, em termos de VAF,
em ordem decrescente de importância: artefatos de couro, refrigerantes, artefatos de plástico,
têxtil, equipamentos médicos hospitalares, artigos de vidro (ver Tabela 24).
57

Tabela 24 – Comparativo dos APLs identificados na microrregião do Rio de Janeiro e


que envolvem a região selecionada e sua participação no VAF industrial
Zona Oeste
APL identificado na micro região do Rio de Janeiro Setor VAF¹ (%)
- refrigerantes bebidas 78,2
- cervejas
- artefatos têxteis e de confecção artigos de tecido 0,0
têxtil 26,7
vestuário 0,0
- artefatos de couro artigos de couro 100,0
calçados 0,0
- produtos farmoquímicos química 18,0
- produtos farmacoquímicos
- medicamentos para uso humano
- artigos de perfumaria e cosméticos perfumaria, etc. 0,0
- equipamentos médico-hospitalares mecânica 25,1
- válvulas, torneiras e registros
- máquinas, equipamentos e aparelhos de transporte
- máquinas e equipamentos de uso geral
- artefatos de plástico plástico 38,2
- artigos de vidro minerais não metálicos 12,3
- minerais não metálicos
- esquadrias de metal metalúrgica
- software não incluído no VAF²
Fonte: Elaboração própria com base em Suzigan (2006) e dados IPP
1 - Participação da região estudada no VAF do setor no município do Rio de Janeiro
2 - O VAF só está disponível por bairro para os setores industriais

Vale ainda observar que a publicação Suzigan (2006) sobre identificação, caracterização e
georeferenciamento de APLs no Brasil aponta que a cidade do Rio de Janeiro conta com 186
estabelecimentos industriais que operam com esquadrias de metalurgia, 12 estabelecimentos
que operam com válvulas e registros, e 78 que operam com equipamento e serviços
hospitalares. Além disso, só processando produtos de aço inox, segundo o Guia Inox, há mais
11 empresas. Esses dados secundários mostram e indicam a possibilidade de se potencializar
esses segmentos industriais, magnificando os “APLs embrionários’’ já existentes.

Na região encontram-se já localizados os Distritos Industriais de Campo Grande, Palmares,


Paciência e Santa Cruz, implantados pelo Estado e administrados pela Companhia de
desenvolvimento Industrial (CODIN) em áreas estritamente industrial do ponto de vista do
Zoneamento Ambiental, onde 130 empresas de médio e grande porte estão operando,
destacando-se a Companhia Siderúrgica Gerdau, a Fabrica Carioca de Catalisadores, a Casa
da Moeda do Brasil e a Panamericana, dentre outras.

Investimentos atuais

No momento, novos investimentos de porte estão sendo implementados na região em áreas


adjacentes por empresas nacionais e multinacionais, como a CSA, voltadas para a exportação,
sendo motivadas a se instalarem pela existência, no município vizinho de Itaguaí, do Porto de
Itaguaí, e pelo programa de incentivos fiscais criados pelo Governo do Estado.
58

Outros investimentos programados para o período 2004-2009 podem ser visualizados na


Tabela 25, com respectivos valores do investimento, e empregos diretos e indiretos a serem
gerados.

Tabela 25 - Investimentos realizados na Zona Oeste do MRJ, 2004-2009


Valor
investido Empregos Estimativa de
Localização do (US$ Diretos empregos
Empresa (setor) Empreendimento Ano Investimento milhões) Gerados Indiretos
ThyssenKrupp e Vale Construção da CSA 2006-2009 Santa Cruz 4.500 ¹ ¹
Gerdau Duplicação da Cosigua 2004 - 2007 Santa Cruz 825 750² 5 mil
Michelin Nova fábrica da Michelin 2008 Campo Grande 320 200 até 2 mil
Rio de Janeiro Refrescos Nova fábrica da Coca-Cola 2008 - 2009 Jacarepaguá 200 2.000³
Ambev Fabrica de garrafas 2008 Campo Grande 160 300 1500
ICEC Nova fábrica da ICEC 2006 Campo Grande 3 de 40 a 100 entre 400 e 500
Fonte: Elaboração própria com base na Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do Rio de Janeiro
1- 18 mil empregos durante a implantação e 20 mil empregos (diretos e indiretos) em funcionamento
2- Gerará 3 mil empregos durante a implantação
3- Total de funcionários da Rio de Janeiro Refrescos

6. Considerações Finais

A Zona Oeste do MRJ reveste-se de grande potencial para o desenvolvimento industrial e


tecnológico, ainda que as atividades comerciais sejam bastante relevantes pela ótica do
número de estabelecimentos e empregos locais. O espaço geográfico, formado pelas regiões
administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e de Santa Cruz, destaca-se visivelmente
em termos de relevância econômica dos demais bairros da Zona Oeste.

Vale lembrar que a Zona Oeste do MRJ é a região de maior densidade industrial do
Município, ainda que a mesma ao longo dos últimos decênios venha cada vez mais agregando
serviços à sua estrutura produtiva. Em resumo, a atividade industrial revelou-se realmente
uma especialização na região de estudo. Entre as atividades com maior expressão econômica
encontram-se as indústrias de alimentos e bebidas; metalúrgica; química; papel, papelão,
editorial e gráfica. A atividade comercial desponta como campeã do número de
estabelecimentos e contribui significativamente para o número de empregos gerados. Os
principais desafios são ampliar o grau de qualificação dos trabalhadores e ampliar os níveis de
remuneração, atividades intrinsicamente relacionadas. Entretanto, somente o aumento da
qualificação dos trabalhadores não é suficiente para ampliar o nível das faixas de
remuneração. Este movimento precisa estar relacionado a um aumento de valor agregado da
indústria e das demais atividades econômicas que, em última instância, são as demandantes de
mão-de-obra. A maior diversificação e agregação de valor é uma condição necessária para
que haja demanda de novas e maiores qualificações.

A região estudada, em termos de indicadores de desenvolvimento social, apresenta um grau


de desenvolvimento inferior ao do MRJ, ainda que superior em várias dimensões ao do ERJ.
Encontram-se polarizadas na melhor e na pior situação de indicadores as regiões
administrativas de Realengo e Santa Cruz. A primeira apresentando o mais alto grau de
desenvolvimento da Zona Oeste, o que a aproxima do MRJ, exceto pela dimensão renda; e a
segunda o pior grau de desenvolvimento, abaixo inclusive do ERJ.
59

Apesar de se ter identificado uma vasta disponibilidade de instituições de ensino formais e


também de ensino profissional na região estudada e em seu entorno, a qualificação da mão-
de-obra empregada tem se mostrado inferior àquela apresentada pelos trabalhadores do MRJ,
indicando a necessidade de se verificar em que medida e porque a disponibilidade das
instituições de ensino não está servindo para a qualificação da mão-de-obra local.

A pesquisa realizada pelo Ifec mostrou a opinião de empresários e de usuários do comércio de


seis bairros da Zona Oeste, permitindo ter uma idéia dos principais problemas e soluções
segundo as opiniões dos empresários e a dos populares, assim como das principais questões
sobre o seu bairro e sua região. Pode-se extrair a título de conclusão três pontos importantes
sobre os problemas e soluções apontados. O primeiro é que se comparando os problemas com
as soluções apontadas, na maioria das regiões, há uma concordância entre eles apesar da
ordem de importância dada aos problemas nem sempre corresponder a ordem dada às
soluções. Isso se repete tanto para os empresários quanto para a opinião popular.

O segundo ponto que se conclui é que há diferenças entre as opiniões dos empresários e dos
populares tanto no que diz respeito aos problemas quanto às soluções e na hierarquização dos
mesmos. Para os empresários problemas e soluções mais voltados para a área econômica e
comercial, tais como problemas ligados a atividade econômica, estrutura comercial e
estacionamento, tiveram uma importância maior do que questões sociais que estiveram mais
presentes nas opiniões populares, como transporte/trânsito, saneamento/limpeza e mobiliário
urbano. Uma exceção é a opinião compartilhada entre ambos quanto à segurança, ainda que
essa apresente um grau de importância muito maior para os populares do que para os
empresários.

Por fim, o terceiro ponto é que as opiniões, tanto dos empresários quanto dos populares,
variam conforme a região do Município. Essa diferença observada parece ser fruto das
diferenças sócio-econômicas que tem grande influência nos problemas apontados e
consequentemente nas soluções, apesar destas últimas na maioria das vezes não possuirem a
mesma ordem de importância dos problemas. Assim, os problemas dos bairros são bastante
semelhantes, variando apenas o grau de importância dado a eles pelos entrevistados. O único
problema e a única solução comum na ampla maioria dos bairros é a segurança, também
variando em maior ou menor grau de importância conforme a região. Interessante observar
que esse levantamento foi feito entre 2001 e 2003 e de lá para cá ainda não se registrou
resultados satisfatórios das ações públicas do Município ou do Estado do Rio de Janeiro para
combater o problema. Não é, portanto, de se admirar que o problema da segurança, ainda que
tenho tido importante ações de política estadual, continue sendo o principal problema da
municipalidade.

Além disso, foram identificadas algumas iniciativas coletivas já iniciadas que deverão ser
levadas em conta na construção do projeto final de governança para o local. Não são
iniciativas de governança, propriamente ditas, mas são iniciativas importantes de: (i)
cooperação das empresas locais, (ii) ordenamento jurídico do Município, através do Plano
Diretor, e (iii) diagnóstico do Instituto de Planejamento Econômico e Social (IPEA), visando
à identificação de especializações.

Resta saber se a iniciativa do Núcleo Inox está contribuindo para que empresas sejam atraídas
pela especialização da mão-de-obra local; se a região possui vantagens comparativas e de
localização frente às demais regiões do Estado e do País; ou se seria necessário aumentar o
grau de diversificação local.
60

Estes são dilemas ainda não resolvidos e que deverão ser objeto de aprofundamentos nos
demais diagnósticos, bem como discussões entre a equipe de pesquisadores e os agentes
econômicos locais no Seminário programado para 2009.

Referências Bibliográficas
DINIZ, C. “Impactos territoriais da reestruturação produtiva”, in: Ribeiro L. C. de Queiroz
(org.), O Futuro das metrópoles: Desigualdades e Governabilidade, Rio de Janeiro, Revan,
pp. 21-61. 2000.

CIDE. IQM. Índice de Qualidade dos Municípios, Rio de Janeiro. 1998.

CIDE Anuário Estatístico do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Anual.

CIDE. Boletim de Economia Fluminense, Rio de Janeiro. Revista trimestral.

CIDE. Índice de Qualidade dos Municípios. Carências, Rio de Janeiro. 2001a.

CIDE. Índice de Qualidade dos Municípios. Necessidades habitacionais, Rio de Janeiro.


2001b.

CIDE., IQM. Sustentabilidade Fiscal, Rio de Janeiro. 2002.

FAURÉ Y.-A., HASENCLEVER L. (orgs.) O Desenvolvimento Local no Estado do Rio de


Janeiro. Estudos Avançados nas Realidades Municipais, Rio de Janeiro, Editora E-Papers.
2005.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Industrial Anual 2005. Rio de
Janeiro: IBGE. 2007.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Anual do Comércio 2005. Rio
de Janeiro: IBGE. 2007.

IFEC – Instituto Fecomércio. Mapeamentos Fecomércio, Rio de Janeiro: Fecomércio. 2001.

FIRJAN – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Cadastro Industrial do Estado do Rio
de Janeiro 2007/2008. Rio de Janeiro: Firjan. 2008.

FROES, José N. S.; GELABERT, Odaléa R. E. Rumo ao Campo Grande por Trilhas e
Caminhos. Rio de Janeiro: s.n. 2004.

HASENCLEVER, L., LOPES, R. Análise dos dados da PIM-PF, 1996-2008. O município do


Rio de Janeiro ainda mergulhado em resultados medíocres. Relatório de Pesquisa. Rio de
Janeiro: IE/UFRJ e IUPERJ. 2009.

MACIEL, V. F. Abertura Comercial e Desconcentração das Metrópoles e Capitais Brasileiras.


Revista de Economia Mackenzie, São Paulo, n.1, pp.37-64. 2003.

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego. Relação Anual de Informações Sociais. Brasília:


MTE, 2006.
61

PACHECO, C.A. Novos Padrões de Localização Industrial? Tendências Recentes dos


Indicadores da Produção e do Investimento Industrial, Brasília, IPEA, Texto para discussão
n. 633, 38 p. 1999.

SABOIA, J.L.M. Emprego Industrial no Brasil: situação atual e perspectivas para o futuro.
Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, Instituto de Economia. 2001.

SUZIGAN, Wilson (coord.) Identificação, Mapeamento e Caracterização Estrutural de


Arranjos Produtivos Locais no Brasil. Brasília: IPEA. 2006.

TCE-RJ. Estudos Socioeconômicos 1997-2001, Rio de Janeiro, Tribunal de Contas do Estado


do Rio de Janeiro (um volume por município). 2003.
62

Anexo 1 - Localização da região estudada e regiões


administrativas do MRJ
63

Quadro 1 – Regiões administrativas do município do Rio de Janeiro


Região Administrativa Bairros
I Portuária Caju
Gamboa
Santo Cristo
Saúde
II Centro Centro
III Rio Comprido Catumbi
Cidade Nova
Estácio
Rio Comprido
IV Botafogo Botafogo
Catete
Cosme Velho
Flamengo
Glória
Humaitá
Laranjeiras
Urca
V Copacabana Copacabana
Leme
VI Lagoa Gávea
Ipanema
Jardim Botânico
Lagoa
Leblon
São Conrado
Vidigal
VII São Cristóvão Benfica
Mangueira
São Cristóvão
VIII Tijuca Alto da Boa Vista
Praça da Bandeira
Tijuca
IX Vila Isabel Andaraí
Grajaú
Maracanã
Vila Isabel
X Ramos Bonsucesso
Manguinhos
Olaria
Ramos
XI Penha Brás de Pina
Cordovil
Jardim América
Parada de Lucas
Penha
Penha Circular
XII Inhaúma Del Castilho
Engenho da Rainha
Higienópolis
Inhaúma
Maria da Graça
Tomás Coelho
XIII Méier Abolição
Água Santa
Cachambi
Encantado
64

Engenho de Dentro
Engenho Novo
Jacaré
Lins de Vasconcelos
Méier
Piedade
Pilares
Riachuelo
Rocha
Sampaio
São Francisco Xavier
Todos os Santos
XIV Irajá Colégio
Irajá
Vicente de Carvalho
Vila da Penha
Vila Kosmos
Vista Alegre
XV Madureira Bento Ribeiro
Campinho
Cascadura
Cavalcanti
Engenheiro Leal
Honório Gurgel
Madureira
Marechal Hermes
Oswaldo Cruz
Quintino Bocaiúva
Rocha Miranda
Turiaçu
Vaz Lobo
XVI Jacarepaguá Anil
Curicica
Freguesia
Gardênia Azul
Jacarepaguá
Pechincha
Praça Seca
Tanque
Taquara
Vila Valqueire
XVII Bangu Bangu
Padre Miguel
Senador Camará
XVIII Campo Grande Campo Grande
Cosmos
Inhoaíba
Santíssimo
Senador Vasconcelos
XIX Santa Cruz Paciência
Santa Cruz
Sepetiba
XX Ilha do Governador Bancários
Cacuia
Cidade Universitária
Cocotá
Freguesia
Galeão
Jardim Carioca
65

Jardim Guanabara
Moneró
Pitangueiras
Portuguesa
Praia da Bandeira
Ribeira
Tauá
Zumbi
XXI Paquetá Paquetá
XXII Anchieta Anchieta
Guadalupe
Parque Anchieta
Ricardo de Albuquerque
XXIII Santa Teresa Santa Teresa
XXIV Barra da Tijuca Barra da Tijuca
Camorim
Grumari
Itanhangá
Joá
Recreio dos Bandeirantes
Vargem Grande
Vargem Pequena
XXV Pavuna Acari
Barros Filho
Coelho Neto
Costa Barros
Parque Colúmbia
Pavuna
XXVI Guaratiba Barra de Guaratiba
Guaratiba
Pedra de Guaratiba
XXVII Rocinha Rocinha
XXVIII Jacarezinho Jacarezinho
XIX Complexo do Alemão Complexo do Alemão
XXX Maré Maré
XXXI Vigário Geral Vigário Geral
XXXII Colônia Juliano Moreira¹ Colônia Juliano Moreira
XXXIII Realengo Campo dos Afonsos
Deodoro
Jardim Sulacap
Magalhães Bastos
Realengo
Vila Militar
XXXIV Cidade de Deus Cidade de Deus
¹ Sua criação foi aprovada em 1996 pelo Projeto de Lei 446/96, mas não chegou a ir para votação, as regiões criadas depois saltaram o
número 32.
Fonte : instituto Pereira Passos
Obs.: Grifado estão as regiões administrativas e os bairros abordados no trabalho. Em negrito estão os bairros sedes.
66

Mapa 1 – Regiões administrativas do Município do Rio de Janeiro

Fonte: Instituto Pereira Passos. Disponível em www.rio.rj.gov.br/ipp


67

Anexo 2 – Cadastro FIRJAN de Empresas da Zona


Oeste do MRJ – 2007/2008
85

Anexo 3 – Análise do Cadastro de Empresas


86

Tabela 1 – Análise do cadastro de empresas, segundo indústrias


Empresas Empregos
CNAE
2.0 Indústria N. % N. % X
10 e 11 Alimentos e bebidas 26 13,9 2.185 14,5 1
14 Confecção 18 9,6 327 2,2 0
47 Comércio varejista 16 8,6 477 3,2 0
20 Produtos químicos 14 7,5 943 6,2 3
25 Produtos de metal 13 7,0 649 4,3 2
22 Borracha e plástico 11 5,9 551 3,6 0
23 Minerais não-metálicos 10 5,3 418 2,8 1
45 Com. e rep. de automotores 10 5,3 76 0,5 0
18 Impressão e reprodução 8 4,3 50 0,3 0
28 Máquinas e equipamentos 5 2,7 588 3,9 2
46 Obras de infra-estrutura 5 2,7 85 0,6 0
Outros 51 27,3 8.754 58,0 6
Total 187 100 15.103 100 15
Fonte: Elaboração própria
X = exportação
87

Tabela 2 – Análise do cadastro de empresas, segundo indústrias por bairro


CNAE
10 e
11 14 47 20 25 22 23 45 18 28 46 Outros Total
Bangu 8 4 7 3 1 2 1 3 2 1 0 8 40
Bangu 3 2 4 3 1 1 3 1 1 5 24
Padre Miguel 3 2 1 1 0 7
Senador Camará 2 2 1 1 3 9
Campo Grande 9 9 2 7 8 6 5 2 4 4 3 23 82
Campo Grande 9 9 2 7 8 6 4 2 4 2 3 21 77
Cosmos 2 2
Santíssimo 2 0 2
Senador Vasconcelos 1 0 1
Realengo 2 5 6 3 1 1 2 2 5 27
Deodoro 1 0 1
Jardim Sulacap 1 0 1
Magalhães Bastos 1 2 1 4
Realengo 1 3 4 3 1 1 2 2 4 21
Santa Cruz 6 3 2 2 3 1 14 31
Paciência 2 1 1 5 9
Santa Cruz 4 2 1 2 3 1 9 22
Fora da região pesquisada 1 1 1 1 1 2 7
Barros Filho 1 0 1
Centro 1 1 2
Honório Gurgel 1 0 1
Jacarepaguá 1 1 2
Vigário Geral 1 0 1
Total 26 18 16 14 13 11 10 10 7 5 5 52 187
Fonte: Elaboração própria
CNAE
10 e 11 = alimentos e bebidas
14 = confecção
47 = com. varejista
20 = produtos químicos
25 = produtos de metal
22 = borracha e plástico
23 = minerais não-metálicos
45 = com. e rep. de automotores
18 = impressão e reprodução
28 = máquinas e equipamentos
46 = obras de infra--estrutura
88

Tabela 3 – Análise do cadastro de empresas, dados gerais


Empresas Empregos X c/e-mail c/fax
Bangu 40 1.220 0 27 31
Bangu 24 961 0 18 18
Padre Miguel 7 106 0 2 4
Senador Camará 9 153 0 7 9
Campo Grande 82 5.696 10 70 77
Campo Grande 77 5.233 9 66 72
Cosmos 2 75 0 2 2
Santíssimo 2 383 1 2 2
Senador Vasconcelos 1 5 0 0 1
Realengo 27 1.153 0 20 23
Deodoro 1 4 0 0 0
Jardim Sulacap 1 3 0 0 1
Magalhães Bastos 4 106 0 4 4
Realengo 21 1.040 0 16 18
Santa Cruz 31 4.551 5 28 31
Paciência 9 573 1 7 9
Santa Cruz 22 3.978 4 21 22
Fora da região pesquisada 7 2.483 0 7 7
Barros Filho 1 90 0 1 1
Centro 2 357 0 2 2
Honório Gurgel 1 250 0 1 1
Jacarepaguá 2 1.736 0 2 2
Vigário Geral 1 50 0 1 1
Total 187 15.103 15 152 169
Fonte: Elaboração própria
X = exportação
89

Tabela 4 – Análise do cadastro de empresas, segundo tamanho das empresas por


emprego
Tamanho
(n. de empregos)
Micro Pequena Média Grande
(0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total
Bangu 10 23 6 0 39
Bangu 4 14 6 0 24
Padre Miguel 3 4 0 0 7
Senador Camará 3 5 0 0 8
Campo Grande 22 34 22 4 82
Campo Grande 20 32 22 3 77
Cosmos 0 2 0 0 2
Santíssimo 1 0 0 1 2
Senador Vasconcelos 1 0 0 0 1
Realengo 12 13 1 1 27
Deodoro 1 0 0 0 1
Jardim Sulacap 1 0 0 0 1
Magalhães Bastos 1 2 1 0 4
Realengo 9 11 0 1 21
Santa Cruz 10 7 11 3 31
Paciência 3 3 2 1 9
Santa Cruz 7 4 9 2 22
Fora da região pesquisada 0 0 4 3 7
Barros Filho 0 0 1 0 1
Centro 0 0 2 0 2
Honório Gurgel 0 0 0 1 1
Jacarepaguá 0 0 0 2 2
Vigário Geral 0 0 1 0 1
Total¹ 54 77 44 11 186
Fonte: Elaboração própria
1- Uma empresa não informou o número de empregados
90

Anexo 4 – Instituições de Ensino nas Regiões


Administrativas Pesquisadas
91

Quadro – Instituições de ensino superior, técnico e profissionalizante na região estudada


Instituição Bairro Cursos
Nível Superior
1 - Batalhão-Escola de Engenharia Santa Cruz Cursos não listados
Vilagran Cabrita

2 - Centro Universitário Moacyr Campo Grande - Graduação: Administração (Administração de


Sreder Bastos Empresas), Ciências Contábeis, Ciências
Econômicas, Ciência da Computação
(Informática), Comunicação Social (Jornalismo e
Publicidade), Direito, Educação Física, Física,
Fisioterapia, Fonoaudiologia, Geografia, História,
Letras (Literaturas de Língua Portuguesa e
Literaturas de Língua Inglesa), Matemática,
Pedagogia, Sistemas de Informação.
3 - Faculdade Bezerra Araújo Campo Grande - Graduação: Enfermagem, Farmácia,
Fisioterapia, Nutrição

4 - Faculdade Machado de Assis Santa Cruz - Graduação semi-presenciais: Administração,


Ciências Contábeis e Letras – Inglês
- Graduação presenciais: Administração e Ciências
Contábeis
- Pós-graduação: Área de Administração
- Extensão: Empreendedorismo, inovação e
estratégia; Photoshop; Matemática Básica;
Idiomas; História de Santa Cruz; Cerimonial e
Protocolo e Inclusão Digital.
5 - Faculdades Integradas Campo- Campo Grande - Graduação: Matemática; Ciências Sociais;
Grandenses Computação; Geografia; História; Letras
(Espanhol, Francês, Inglês, Literaturas de Língua
Portuguesa); Pedagogia (Administração Escolar,
Orientação Educacional, Pedagogia, Supervisão
Escolar); Sistemas de Informação

6 - Faculdades Integradas Simonsen Padre Miguel - Graduação: Administração de Empresas;


Ciências Contábeis, Tecnologia em Processamento
de Dados; Geografia; História; Letras (Inglês,
Literaturas de Língua Portuguesa); Pedagogia
(Administração Escolar, Orientação Educacional,
Supervisão Escolar, Pedagogia)
7 - Faculdades São José Realengo - Graduação: Administração, Ciências Biológicas,
Ciências Contábeis, Tecnologia em Sistemas de
Informação, Direito, Odontologia, Pedagogia,
Turismo
- Pós-graduação lato sensu: Odontologia
(Endodontia, Prótese Dentária, Implantodontia,
Saúde Coletiva); Educação (Docência do Ensino
Superior, Psicopedagogia clínica e Institucional)
8 - Instituto Infnet Senador Camará - Graduação: Tecnologia em Design Gráfico
(Artes, Comunicação e Design); Tecnologia em
Gestão da Tecnologia da Informação; Tecnologia
em Análise e Desenvolvimento de Sistemas
9 - UniverCidade Campo Grande - Graduação: Administração; Direito; Marketing;
- Cursos superiores de Tecnologia: Gestão
Financeira; Gestão Comercial; Tecnologia em
informática.
10 - Universidade Cândido Mendes Padre Miguel - Graduação: Direito
92

11 - Universidade Castelo Branco Santa Cruz e - Graduação:


Realengo - Ciências Exatas e Tecnológicas: Matemática,
Sistemas de Informação
- Ciências Humanas: Geografia, História, Letras
(Espanhol e Inglês), Pedagogia
- Ciências Sociais: Administração, Ciências
Contábeis, Comunicação Social (Jornalismo,
Publicidade e Propaganda), Direito, Serviço
Social.
- Ciências Biológicas: Biomedicina, Ciências
Biológicas, Educação Física, Enfermagem,
Medicina Veterinária, Nutrição, Terapia
Ocupacional.
- Pós-graduação: Engenharia de segurança do
Trabalho.
- MBAs: Gestão estratégica de Pessoas, Gestão
Ambiental na industria do petróleo, Qualidade,
Segurança, Meio Ambiente e Saúde on e off shore.
- Petróleo e Gás: Engenharia de construção e
montagem de tubulações on e off shore,
Engenharia de equipamentos na industria do
Petróleo, Engenharia de Petróleo e Gás,
Engenharia Submarina.
- Gestão: Aministração e marketing esportivo,
Comunicação para a Pequena Empresa,
Engenharia de Iluminação, Gestão Empresarial de
Negócios, Gestão Social, Marketing estratégico.
- Informática: Gestão em sistemas de informação,
Informática na educação.
- Área de Fisioterapia e Educação Física
- Área de Educação e Pedagogia
- Área de Direito
- Área de Ciências da Saúde

12 - Universidade Estácio de Sá Santa Cruz - Graduação: Administração, Direito,


Enfermagem Engenharia de Produção e Psicologia
- Politécnico: Gestão de Segurança no Trabalho,
Manutenção Industrial, Petróleo e Gás.
Bangu - Graduação: Administração, Ciências Contábeis,
Direito, Educação Física, Enfermagem,
Fisioterapia
- Pós-graduação: Administração Estratégica;
Análise, Projeto e Gerência de Sistemas;
Desenvolvimento Java; Gestão de Petróleo e Gás;
Enfermagem Neonatal e Pediátrica; Educação
Física Escolar com Ênfase em Aventura e
Ludicidade.
- Politécnico: Análise e Desenvolvimento de
Sistemas, Automação Industrial, Gestão comercial,
Gestão de Recursos Humanos, Gestão de
Segurança do Trabalho, Petróleo e gás,
Radiologia, Sistemas Biomédicos.
Campo Grade - Graduação: Administração, Ciências Contábeis,
Direito, História, Letras Pedagogia e Sistemas de
Informação
- Politécnico: Tecnologia e Gestão para Indústria
de Petróleo e Gás; Tecnologia em Logística
Empresarial; Recursos Humanos; Redes de
Computadores
13 - Centro Universitário Estadual da Campo Grande - Graduação: Biotecnologia, Tecnologia e Gestão
Zona Oeste (UEZO) (Assoc. a Faetec) em Construção Naval e Offshore, Tecnologia em
93

Produção de Fármacos, Tecnologia em Produção


de Polímeros, Tecnologia em Produção
Siderúrgica, Tecnologia em Sistemas da
Informação; Formação de professores (Educação
Infantil e Ensino Fundamental) e Normal Superior
Nível Técnico
1 - Escola Técnica Estatual (ETE – Santa Cruz - Cursos técnicos concomitantes com o ensino
Santa Cruz) médio em: eletromecânica, enfermagem,
informática e segurança do trabalho.
- Centro de Esportes: Ballet, Basquetebol,
Capoeira, Capoeira Adaptada, Dança, Futebol de
Campo, Futsal, Ginástica, Handebol,
Hidroginástica, Jazz, Jiu-jitsu, Natação, Tae-
Kwon-Do, Vôlei.
- Centro de Informática: Acess (Banco de Dados),
Informática I (Windows e Word), Informática II
(Excel e Power Point), Montagem e manutenção
de micro
- Escola de Ensino Industrial (ESEI): Eletrônica
Básica, Instalações Elétricais Prediais, Mecânica
de autos, Mecânica Industrial Básica,
Refrigeração, Solda Eletrodo Revestido.
- Centro Cultural: Canto Coral, Coral, Corte e
Costura, Oficina de Bijuteria em Crochê, Oficina
de Ponto Cruz.
- Oficina de Idiomas: Espanhol, Inglês, Inglês
Instrumental
- Centro de Ensino: Matemática Financeira I e II,
Português, Produção de Textos, Técnicas de
Redação.
2 - Cima Escola Técnica Campo Grande Cursos não listados
3 - Centro de Formação Profissional Campo Grande Cursos não listados
Bezerra de Araújo
4 - Escola Técnica Electra Campo Grande Cursos não listados
5 - Serviço Nacional de Aprendizagem Realengo Cursos não listados
Comercial (SENAC Campo Grande)
6 - Escola de Instrução Especializada Realengo Cursos não listados
7 - Organização Brasileira de Ensino- Santa Cruz Cursos não listados
ORBRE
8 - Centro de Formação Profissional Santa Cruz Cursos não listados
Santa Cruz Ltda
9 - Escola Técnica de Comercio Santa Campo Grande Cursos não listados
Cruz
10 - Idéias e Ideais Ltda Bangu Cursos não listados

11 - Araci da Silva Neta Bangu Cursos não listados


12 - Colégio Rio da Prata Bangú Cursos não listados
Fonte: Elaboração própria com base na telelista.net, da Faetec, do INEP e no site das próprias instituições
94

Anexo 5 – Empresas Associadas à AEDIN


(Associação das Empresas do Distrito Industrial de
Santa Cruz)
94

Tabela 1 – Relação de empresas associadas à AEDIN


Ano de
Nome Grupo Atividade/Produto instalação
Gerdau Aços Longos Gerdau Siderurgia 1961
Furnas Centrais Elétricas S.A. Eletrobrás Energia elétrica 1963
Morganite Brasil Ltda Morgan Isolantes térmicos, fibras e cerâmicas 1973
Linde Gases Ltda AGA Gases industriais 1974
Sicpa Brasil Ind. de Tintas e Sistemas Ltda Sicpa - Suíça Tintas e vernizes 1977
Michelin Indústria e Comércio Ltda Michelin Pneus 1981
Valesul Alumínio Valesul Alumínio 1982
Casa da Moeda do Brasil Estatal Cédulas, moedas, selos, certificados, passaportes, etc. 1983
Fabrica Carioca de Catalisadores Petrobrás – Akzo - Oxiteno Catalisadores para indústria 1985
Pan-Americana Indústrias Químicas Pan-Americana Resinas 1990
Rexam Beverage Can América S.A. South Bradesco e Alcoa Embalagens de alumínio 1995
Emanuelle Locadora de Veículos Ltda - Locadora de Veículos 2004
Transcor Indústria de Pigmentos e Corantes Transcor Tintas e corantes 2004
Eka Chemicals do Brasil S.A Eka Sílica Coloidal 2006
Thikssen Krupp CSA Siderúrgica do Atlântico Thyssen Krupp Siderurgia 2006
Haztec Tecnologia e Planejamento Haztec Tratamento de efluentes e resíduos sólidos 2008
Fonte: Elaboração própria com base em dados da AEDIN
95

Anexo 6 – Análise dos Dados da RAIS por Região


Administrativa Pesquisada - Bangu
96

Análise dos dados de estabelecimento e emprego segundo as regiões


administrativas (RA) e bairros da Zona Oeste - Bangu

Lia Hasenclever 11
Rodrigo Lopes¹¹

A XVII Região Administrativa de Bangu é uma das 34 existentes no Município do Rio de


Janeiro (MRJ) e uma das 10 localizadas na Zona Oeste do MRJ. É formada pelos bairros de
Bangu, Padre Miguel e Senador Camará.

Qual é o número de estabelecimentos formais, quais os setores com maior número de


estabelecimentos, e qual a representatividade da RA de Bangu na Zona Oeste e no MRJ? Que
setores são mais especializados na RA de Bangu do que na Zona Oeste e no MRJ em número
de estabelecimentos?

Tabela 1- Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia,


2006
Bangu Zona Oeste¹ MRJ Participação (%)
Estab. Estab. Estab.
(1) % (2) % (3) % (1)/(2) (1)/(3)
Indústria Extrativa e de Transformação 164 7,1 627 7,5 6.744 5,8 26,2 2,4
Indústria de produtos minerais nao metálicos 10 0,4 44 0,5 236 0,2 22,7 4,2
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 42 1,8 163 2,0 1.097 0,9 25,8 3,8
Indústria da madeira e do mobiliário 8 0,3 34 0,4 254 0,2 23,5 3,1
Indústria metalúrgica 26 1,1 89 1,1 708 0,6 29,2 3,7
Indústria de calçados 1 0,0 3 0,0 33 0,0 33,3 3,0
Extrativa mineral 3 0,1 9 0,1 106 0,1 33,3 2,8
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 16 0,7 63 0,8 754 0,7 25,4 2,1
Indústria do material de transporte 0 0,0 11 0,1 133 0,1 0,0 0,0
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 17 0,7 84 1,0 1.110 1,0 20,2 1,5
Indústria mecânica 8 0,3 30 0,4 409 0,4 26,7 2,0
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 11 0,5 33 0,4 599 0,5 33,3 1,8
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 3 0,1 9 0,1 176 0,2 33,3 1,7
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 19 0,8 55 0,7 1.129 1,0 34,5 1,7
Serviços industriais de utilidade pública 3 0,1 15 0,2 168 0,1 20,0 1,8
Construçao civil 50 2,2 201 2,4 2.745 2,4 24,9 1,8
Comércio 1.056 46,0 4.102 49,1 37.173 32,1 25,7 2,8
Comércio varejista 954 41,5 3.792 45,4 32.267 27,9 25,2 3,0
Comércio atacadista 102 4,4 310 3,7 4.906 4,2 32,9 2,1
Serviços 1.022 44,5 3.370 40,3 68.567 59,2 30,3 1,5
Ensino 133 5,8 504 6,0 3.110 2,7 26,4 4,3
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 184 8,0 604 7,2 8.675 7,5 30,5 2,1
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 357 15,5 1.187 14,2 17.556 15,2 30,1 2,0
Transportes e comunicaçoes 78 3,4 221 2,6 4.088 3,5 35,3 1,9
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 26 1,1 111 1,3 2.605 2,3 23,4 1,0
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 244 10,6 739 8,8 32.230 27,8 33,0 0,8
Administraçao pública direta e autárquica 0 0,0 4 0,0 303 0,3 0,0 0,0
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 3 0,1 37 0,4 333 0,3 8,1 0,9
Total 2.298 100,0 8.352 100,0 115.730 100,0 27,5 2,0
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
1- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Observando a Tabela 1, a região administrativa (RA) de Bangu possuía em 2006, segundo a


RAIS, 2.298 estabelecimentos formais, o que representavam 27,5% dos estabelecimentos da
Zona Oeste e 2% do total do MRJ. Analisando a distribuição dos estabelecimentos por
atividade econômica, observa-se que, acompanhando a região da Zona Oeste, o comércio

11
Respectivamente, professora e mestrando do Instituto de Economia da UFRJ.
97

varejista é a atividade que ocupa a primeira posição com 41,5% dos estabelecimentos da RA
de Bangu. Em segundo lugar aparece a atividade de serviços de alojamento, alimentação e
reparação com 15,5% e em terceiro lugar comércio e administração de imóveis com 10,6%
dos estabelecimentos. Esse ordenamento dos principais setores por número de
estabelecimento na RA de Bangu se assemelha ao observado na Zona Oeste como um todo,
mas difere do MRJ. Em relação à indústria, o principal setor em termos de estabelecimentos é
alimentos e bebidas com 1,8% dos estabelecimentos, o que também segue o padrão da Zona
Oeste. (ver Tabela 1)

Analisando a representatividade dos setores da RA de Bangu em relação à Zona Oeste,


observa-se que variam entre 8,1% (setor agrícola e extrativista vegetal) e 35,3% (transporte e
comunicação). Na indústria o destaque é para o setor de papel e gráfica, com 34,5% dos
estabelecimentos da Zona Oeste, de calçados e extrativo mineral com 33,3% cada.

Em relação à representatividade dos setores no MRJ, segundo o número de estabelecimentos,


o mais representativo é ensino, onde se encontram 4,3% dos estabelecimentos do município.
Seguem a ele, minerais não-metálicos (4,2%), alimentos e bebidas (3,8%), metalurgia (3,7%)
e madeira e mobiliário (3,1%). O setor de comércio varejista, primeiro no número absoluto de
estabelecimentos aparece apenas na sétima posição com 3% dos estabelecimentos do
município. Os únicos setores não encontrados na RA de Bangu são: material de transporte e
administração pública direta.

Qual é o número de empregos formais, quais os setores que mais geram empregos e qual a
representatividade da RA de Bangu na Zona Oeste e no MRJ? Que setores são mais
especializados na RA de Bangu do que na Zona Oeste e no MRJ na geração de empregos?

Observando a Tabela 2, a região administrativa (RA) de Bangu possuía em 2006, segundo a


RAIS, 28.633 empregos formais, o que representavam 25,2% dos empregos da Zona Oeste e
1,5% do total do MRJ. Analisando a distribuição dos empregos por atividade econômica,
observa-se que o principal empregador na RA de Bangu é o setor de comércio com 28,3% dos
empregos da RA, seguido por transporte e comunicações, com 15,5%, e serviços de
alojamento, alimentação e reparação com 14,3%. Em relação à indústria, o principal
empregador (quarto no geral) é o setor de alimentos e bebidas responsável por 10,6% dos
empregos da RA. Comparando com a Zona Oeste observa quase a mesma ordem dos setores
principais em termos de empregos, a diferença fica por conta da inversão entre as posições do
98

setor de ensino e alimentos e bebidas e pela distribuição mais equilibrada dos empregos pelos
setores na Zona Oeste.

Tabela 2- Número de empregos e participação relativa por setor da economia, 2006


Bangu Zona Oeste¹ MRJ Participação (%)

Empr. (1) % Empr. (2) % Empr. (3) % (1)/(2) (1)/(3)


Indústria Extrativa e de Transformação 4.904 17,1 19.838 17,5 166.616 8,5 24,7 2,9
Indústria metalúrgica 139 0,5 3.452 3,0 12.530 0,6 4,0 1,1
Indústria de produtos minerais nao metálicos 157 0,5 910 0,8 4.744 0,2 17,3 3,3
Indústria da madeira e do mobiliário 64 0,2 512 0,5 2.742 0,1 12,5 2,3
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 3.023 10,6 5.334 4,7 34.796 1,8 56,7 8,7
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 40 0,1 1.462 1,3 11.346 0,6 2,7 0,4
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 344 1,2 2.518 2,2 20.121 1,0 13,7 1,7
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 623 2,2 2.829 2,5 24.444 1,2 22,0 2,5
Indústria mecânica 269 0,9 995 0,9 10.694 0,5 27,0 2,5
Indústria do material de transporte 0 0,0 566 0,5 6.719 0,3 0,0 0,0
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 179 0,6 1.117 1,0 20.253 1,0 16,0 0,9
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 5 0,0 54 0,0 4.338 0,2 9,3 0,1
Extrativa mineral 61 0,2 88 0,1 13.318 0,7 69,3 0,5
Indústria de calçados 0 0,0 1 0,0 571 0,0 0,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 6 0,0 314 0,3 31.425 1,6 1,9 0,0
Construçao civil 423 1,5 2.391 2,1 72.978 3,7 17,7 0,6
Comércio 8.942 31,2 36.507 32,1 326.497 16,6 24,5 2,7
Comércio varejista 8.106 28,3 32.797 28,9 268.394 13,7 24,7 3,0
Comércio atacadista 836 2,9 3.710 3,3 58.103 3,0 22,5 1,4
Serviços 14.355 50,1 54.404 47,9 1.362.737 69,5 26,4 1,1
Ensino 2.208 7,7 11.520 10,1 97.165 5,0 19,2 2,3
Transportes e comunicaçoes 4.426 15,5 12.615 11,1 135.545 6,9 35,1 3,3
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 1.598 5,6 6.119 5,4 80.573 4,1 26,1 2,0
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 4.087 14,3 13.303 11,7 254.129 13,0 30,7 1,6
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 351 1,2 1.573 1,4 58.652 3,0 22,3 0,6
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 1.685 5,9 6.848 6,0 316.120 16,1 24,6 0,5
Administraçao pública direta e autárquica 0 0,0 2.426 2,1 420.553 21,4 0,0 0,0
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 3 0,0 107 0,1 1.761 0,1 2,8 0,2
Total 28.633 100,0 113.561 100,0 1.962.014 100,0 25,2 1,5
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
1- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Analisando a representatividade dos setores da RA de Bangu em relação a Zona Oeste, no


tocante ao empregos, observa-se que variam entre 2,7% (indústria de borracha, fumo, couro e
indústria diversas) e 69,3% (indústria extrativa mineral). Ainda merecem destaque os setores:
alimentos e bebidas (56,7%), transporte e comunicações (35,1%), serviços de alojamento,
alimentação e reparação (30,7%), indústria mecânica (27,0%) e serviços médicos,
odontológicos e veterinários (26,1%).

Em relação à representatividade dos setores no MRJ, segundo o número de empregos, o


destaque é para o setor de alimentos e bebidas que detém 8,7% dos empregos do município no
setor (o que representa quase 6 vezes a participação geral de Bangu nos empregos municipais
– 8,7% contra 1,5%). Na seqüência os setores mais representativos são: minerais não-
metálicos (3,3%), transporte e comunicações (3,3%), comércio varejista (3,0%), indústria
química (2,5%) e mecânica (2,5%). Além dos setores inexistentes na RA, os setores de
calçados e de material elétrico e de comunicações praticamente não geram empregos na
região por se tratarem de estabelecimentos de micro porte.
99

Qual é o tamanho típico dos estabelecimentos predominante na RA de Bangu? Qual o tipo de


estabelecimento que gera mais empregos? Que semelhanças e diferenças a RA de Bangu
apresentam em relação à Zona Oeste e ao MRJ?

Tabela 3 - Número e distribuição de estabelecimentos e empregos por tamanho* para os


bairros selecionados, 2006
Participação
Micro Pequeno Médio Grande Zona
ESTABELECIMENTOS (0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total Oeste (%) MRJ (%)
Bangu 1.786 420 77 15 2.298 27,5 2,0
Bangu 1.343 333 62 12 1.750 21,0 1,5
Padre Miguel 287 60 10 2 359 4,3 0,3
Senador Camará 156 27 5 1 189 2,3 0,2
Total Zona Oeste** (1) 6.436 1.580 284 52 8.352 100,0 7,2
Total MRJ (2) 90.745 20.553 3.608 824 115.730 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,1 7,7 7,9 6,3 7,2 - -
Participação
Micro Pequeno Médio Grande Zona
EMPREGOS (0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total Oeste (%) MRJ (%)
Bangu 5.431 8.095 7.021 8.086 28.633 25,2 1,5
Bangu 4.153 6.421 5.423 7.175 23.172 20,4 1,2
Padre Miguel 777 1191 834 647 3.449 3,0 0,2
Senador Camará 501 483 764 264 2.012 1,8 0,1
Total Zona Oeste** (1) 19.883 30.717 28.390 34.571 113.561 100,0 5,8
Total Rio de Janeiro (2) 264.104 405.826 356.440 935.644 1.962.014 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,5 7,6 8,0 3,7 5,8 - -
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Utilizou-se a variável emprego para tamanho, conforme intervalos indicados na Tabela
** Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Na Tabela 3 acima, podemos observar que, em relação ao tamanho dos estabelecimentos, a


maior parcela dos estabelecimentos da RA de Bangu tem entre 0 e 9 empregos e está
classificada como de micro porte, com 1.786 estabelecimentos (78% do total). Os
estabelecimentos de pequeno, médio e grande porte respondem, respectivamente, por 18,3%,
3,4% e 0,6% dos 2.298 estabelecimentos da RA. O principal bairro da RA é Bangu com 1.750
estabelecimentos, ou seja, responde por 21% dos estabelecimentos da Zona Oeste e 1,5% dos
estabelecimentos do MRJ. Comparando a RA de Bangu com a Zona Oeste e com o MRJ nota-
se que os três seguem o mesmo padrão de distribuição dos estabelecimentos segundo
tamanho, onde os de micro porte são a principal parcela.

Já analisando os empregos na RA de Bangu, encontra-se que os estabelecimentos de pequeno


e grande porte dividem a liderança na geração de empregos com 28,3% dos 28.633 empregos
da RA, cada um. Os estabelecimentos de micro e médio porte são responsáveis
respectivamente por 18,9% e 24,5% dos empregos, respectivamente. O principal bairro da RA
é Bangu com 23.172 empregos, ou seja, responde por 20% dos empregos da Zona Oeste e
100

1,2% dos empregos do MRJ. Analisando o perfil dos bairros nota-se que pequenas diferenças
entre eles na geração de empregos. Em Bangu, onde se localiza o maior número de empregos,
o principal gerador de empregos são os estabelecimentos de grande porte seguidos de perto
pelos de pequeno porte, em Padre Miguel são os de pequeno porte e em Senador Camará os
de médio porte.

Comparando a RA de Bangu com a Zona Oeste e com o MRJ nota-se uma diferença no grau
de importância dos pequenos estabelecimentos na geração de empregos, enquanto esse tipo de
estabelecimento divide a liderança com os grandes na RA de Bangu, na Zona Oeste e no MRJ
ele fica em segundo lugar com uma participação relativamente menor.

Qual o nível de escolaridade predominante exigido pelos empregos formais na RA de Bangu?


Quais as semelhanças e diferenças com a Zona Oeste e com o MRJ?

Tabela 4 - Número de empregos segundo grau de instrução do empregado, para os


bairros selecionados, 2006
Fundamental Médio Superior Pós-grad. Total
Bangu 12.079 12.350 4.188 16 28.633
Bangu 9.764 10.281 3.115 12 23.172
Padre Miguel 1519 1.270 656 4 3.449
Senador Câmara 796 799 417 0 2.012
Total Zona Oeste* (1) 46.468 51.456 15.332 305 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 668.093 776.307 512.709 4.905 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,0 6,6 3,0 6,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Na Tabela 4, observa-se a distribuição dos empregos por grau de escolaridade dos


empregados. Os empregados com ensino fundamental e médio dividem a liderança na RA de
Bangu, (42,2% e 43,1% dos 28.633 empregos) com uma pequena vantagem para os empregos
de nível médio. Os empregados com nível superior respondem pelos 14,7% restantes e o
número de pós-graduados é irrisório. Analisando a qualificação da mão-de-obra conforme o
bairro da RA, temos que em Bangu o maior número de empregados possui o nível médio, já
em Padre Miguel essa liderança pertence aos empregados com até o nível fundamental e em
Senador Camará o quadro assemelha-se ao encontrado na RA.

Qual a faixa etária predominante entre os trabalhadores da RA de Bangu? Quais as


diferenças e semelhanças com a Zona Oeste e com o MRJ?

Analisando a Tabela 5 verifica-se que 49% dos 28.633 empregos da RA de Bangu encontram-
se na faixa entre 25 e 39 anos, sendo esta a principal faixa etária. Em segundo lugar está a
faixa de empregados entre 40 e 64 anos com 32%, seguida por menos de 24 anos (18,4%) e
101

com mais de 65 anos (0,7%). Essa distribuição segundo a faixa etária repete-se em todos os
bairros da RA. O mesmo ocorre quando comparamos a RA de Bangu com a Zona Oeste e o
MRJ.

Tabela 5 - Número de empregos segundo faixa etária do empregado, nos bairros


selecionados, 2006
até 25 a 39 40 a 64 65 ou
24 anos anos anos mais ignorado Total
Bangu 5.259 14.042 9.139 191 2 28.633
Bangu 4.326 11.511 7.194 140 1 23.172
Padre Miguel 588 1.532 1.297 31 1 3.449
Senador Camará 345 999 648 20 0 2.012
Total Zona Oeste* (1) 20.906 55.371 36.672 610 2 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 265.400 868.004 802.582 25.966 62 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,9 6,4 4,6 2,3 3,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
*- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Qual a faixa de remuneração mensal predominante na RA de Bangu? Quais as diferenças e


semelhanças com a Zona Oeste e o MRJ?

Tabela 6 - Número de empregos por faixa de remuneração nos bairros selecionados,


2006
de 3 a 5 de 5 a 10 mais de
até 3 s.m. s.m. s.m. 10 s.m. ignorado total
Bangu 22.274 3.666 1.746 543 404 28.633
Bangu 17.676 3.249 1.544 414 289 23.172
Padre Miguel 3.013 244 95 23 74 3.449
Senador Camará 1.585 173 107 106 41 2.012
Total Zona Oeste* (1) 85.737 13.817 8.901 3.502 1.604 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 1.158.187 330.031 271.505 182.998 19.293 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,4 4,2 3,3 1,9 8,3 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
*- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Por fim analisando a Tabela 6, nota-se que a principal faixa de remuneração salarial mensal
na RA de Bangu em 2006 foi até 3 salários-mínimos (s.m.) com 22.274 empregos (77,8%).
Na seqüência temos as faixa de 3 a 5 s.m. (12,8%), de 5 a 10 s.m. (6,1%) e acima de 10 s.m.
(1,9%). Esse perfil salarial é compartilhado por todos os bairros pertencentes a RA. Destaque
apenas para Padre Miguel onde a participação dos empregos de até 3 s.m. alcança 87,5% dos
empregos. Comparando com a Zona Oeste, a RA de Bangu possui um perfil salarial
semelhante, entretanto se comparar a RA com o MRJ a participação dos empregos com
remuneração de até 3 s.m é muito menor no MRJ, 59% contra 77,8%. A participação elevada
do número de empregos de remuneração mais baixa corrobora com a participação mais
elevada de empregos com menor grau de instrução.
102

Anexo 7 – Análise dos Dados da RAIS por Região


Administrativa Pesquisada – Campo Grande
103

Análise dos dados de estabelecimento e emprego segundo as regiões


administrativas (RA) e bairros da Zona Oeste - Campo Grande

Lia Hasenclever
Rodrigo Lopes

A XVIII Região Administrativa de Campo Grande é uma das 34 existentes no Município do


Rio de Janeiro (MRJ) e uma das 10 localizadas na Zona Oeste do MRJ. É formada pelos
bairros de Campo Grande, Cosmos, Inhoaíba, Santíssimo e Senador Vasconcelos.

Qual é o número de estabelecimentos formais, quais os setores com maior número de


estabelecimentos, e qual a representatividade da RA de Campo Grande na Zona Oeste e no
MRJ? Que setores são mais especializados na RA de Campo Grande do que na Zona Oeste e
no MRJ em número de estabelecimentos?

Tabela 1- Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia,


2006
Campo Grande Zona Oeste¹ MRJ Participação (%)
Estab.
(1) % Estab. (2) % Estab. (3) % (1)/(2) (1)/(3)
Indústria Extrativa e de Transformação 230 6,4 627 7,5 6.744 5,8 36,7 3,4
Indústria de produtos minerais nao metálicos 22 0,6 44 0,5 236 0,2 50,0 9,3
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 56 1,6 163 2,0 1.097 0,9 34,4 5,1
Indústria da madeira e do mobiliário 14 0,4 34 0,4 254 0,2 41,2 5,5
Indústria metalúrgica 30 0,8 89 1,1 708 0,6 33,7 4,2
Indústria de calçados 2 0,1 3 0,0 33 0,0 66,7 6,1
Extrativa mineral 5 0,1 9 0,1 106 0,1 55,6 4,7
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 22 0,6 63 0,8 754 0,7 34,9 2,9
Indústria do material de transporte 3 0,1 11 0,1 133 0,1 27,3 2,3
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 37 1,0 84 1,0 1.110 1,0 44,0 3,3
Indústria mecânica 10 0,3 30 0,4 409 0,4 33,3 2,4
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 7 0,2 33 0,4 599 0,5 21,2 1,2
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 3 0,1 9 0,1 176 0,2 33,3 1,7
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 19 0,5 55 0,7 1.129 1,0 34,5 1,7
Serviços industriais de utilidade pública 6 0,2 15 0,2 168 0,1 40,0 3,6
Construçao civil 82 2,3 201 2,4 2.745 2,4 40,8 3,0
Comércio 1.857 51,4 4.102 49,1 37.173 32,1 45,3 5,0
Comércio varejista 1.726 47,8 3.792 45,4 32.267 27,9 45,5 5,3
Comércio atacadista 131 3,6 310 3,7 4.906 4,2 42,3 2,7
Serviços 1.419 39,3 3.370 40,3 68.567 59,2 42,1 2,1
Ensino 193 5,3 504 6,0 3.110 2,7 38,3 6,2
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 294 8,1 604 7,2 8.675 7,5 48,7 3,4
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 479 13,3 1.187 14,2 17.556 15,2 40,4 2,7
Transportes e comunicaçoes 82 2,3 221 2,6 4.088 3,5 37,1 2,0
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 52 1,4 111 1,3 2.605 2,3 46,8 2,0
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 318 8,8 739 8,8 32.230 27,8 43,0 1,0
Administraçao pública direta e autárquica 1 0,0 4 0,0 303 0,3 25,0 0,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 18 0,5 37 0,4 333 0,3 48,6 5,4
Total 3.612 100,0 8.352 100,0 115.730 100,0 43,2 3,1
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
1- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Observando a Tabela 1, a RA de Campo Grande possuía em 2006, segundo a RAIS, 3.612


estabelecimentos formais, o que representavam 43,2% dos estabelecimentos da Zona Oeste e
3,1% do total do MRJ. Analisando a distribuição dos estabelecimentos por atividade
econômica, observa-se que, acompanhando a região da Zona Oeste, o comércio varejista é a
atividade que ocupa a primeira posição com 47,8% dos estabelecimentos da RA. Em segundo
104

lugar aparece a atividade de serviços de alojamento, alimentação e reparação com 13,3% e em


terceiro lugar comércio e administração de imóveis com 8,8% dos estabelecimentos. Esse
ordenamento dos principais setores por número de estabelecimento na RA de Campo Grande
se assemelha ao observado na Zona Oeste como um todo, mas difere do MRJ onde o setor de
comércio e administração de imóveis é muito mais importante que o setor de serviços de
alojamento, alimentação e reparação. Em relação à indústria, o principal setor em termos de
estabelecimentos é alimentos e bebidas com 1,6% dos estabelecimentos, o que também segue
o padrão da Zona Oeste. (ver Tabela 1)

Analisando a representatividade dos setores da RA de Campo Grande em relação a Zona


Oeste, observa-se que variam entre 21,2% (indústria de borracha, couro, fumo e indústrias
diversas) e 66,7% (indústria de calçados). Ainda merecem destaque os setores: extrativo
mineral (55,6%), minerais não metálicos (50,0%), serviços médicos, odontológicos e
veterinários (48,7%), agricultura, pecuária e extrativa vegetal (48,6%), instituições financeiras
(46,8%), comércio varejista (45,5%) e têxtil e vestuário (44,0%).

Em relação à representatividade dos setores no MRJ, segundo o número de estabelecimentos,


o destaque é para os setores industriais, dos seis setores mais representativos na RA de Campo
Grande, quatro são da indústria, com destaque para os setores de minerais não-metálicos
(9,3%), calçados (6,1%), madeira e mobiliário (5,5%) e alimentos e bebidas (5,1%). Os dois
setores não industriais de maior representatividade são ensino (segundo lugar com 6,2%) e
comércio varejista (quinto mais representativo com 5,3%). Na RA de Campo Grande todos os
setores da economia estão presentes.

Qual é o número de empregos formais, quais os setores que mais geram empregos e qual a
representatividade da RA de Campo Grande na Zona Oeste e no MRJ? Que setores são mais
especializados na RA de Campo Grande do que na Zona Oeste e no MRJ na geração de
empregos?

Observando a Tabela 2, RA de Campo Grande possuía em 2006, segundo a RAIS, 45.630


empregos formais, o que representavam 40,2% dos empregos da Zona Oeste e 2,3% do total
do MRJ. Analisando a distribuição dos empregos por atividade econômica, observa-se que o
principal empregador na RA de Campo Grande é o setor de comércio varejista com 33,3%
dos empregos da RA, seguido por ensino, com 12,7%, e serviços de alojamento, alimentação
e reparação com 12,2%. Em relação à indústria, o principal empregador (oitavo no geral) é o
setor de alimentos e bebidas responsável por 3,4% dos empregos da RA, seguido de perto
105

pela indústria química-farmacêutica com 2,5% dos empregos. Comparando com a Zona Oeste
observa-se o mesmo setor liderando (comércio varejista), porém a ordem dos setores
seguintes diverge, com destaque para a maior importação do setor de ensino na geração de
empregos e a menor importância da indústria.

Tabela 2- Número de empregos e participação relativa por setor da economia, 2006


Campo Grande Zona Oeste¹ MRJ Participação (%)

Empr. (1) % Empr. (2) % Empr. (3) % (1)/(2) (1)/(3)


Indústria Extrativa e de Transformação 5.174 11,3 19.838 17,5 166.616 8,5 26,1 3,1
Indústria metalúrgica 433 0,9 3452 3,0 12.530 0,6 12,5 3,5
Indústria de produtos minerais nao metálicos 505 1,1 910 0,8 4.744 0,2 55,5 10,6
Indústria da madeira e do mobiliário 152 0,3 512 0,5 2.742 0,1 29,7 5,5
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 1.531 3,4 5334 4,7 34.796 1,8 28,7 4,4
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 367 0,8 1462 1,3 11.346 0,6 25,1 3,2
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 143 0,3 2518 2,2 20.121 1,0 5,7 0,7
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 1.159 2,5 2829 2,5 24.444 1,2 41,0 4,7
Indústria mecânica 242 0,5 995 0,9 10.694 0,5 24,3 2,3
Indústria do material de transporte 136 0,3 566 0,5 6.719 0,3 24,0 2,0
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 450 1,0 1117 1,0 20.253 1,0 40,3 2,2
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 30 0,1 54 0,0 4.338 0,2 55,6 0,7
Extrativa mineral 25 0,1 88 0,1 13.318 0,7 28,4 0,2
Indústria de calçados 1 0,0 1 0,0 571 0,0 100,0 0,2
Serviços industriais de utilidade pública 131 0,3 314 0,3 31.425 1,6 41,7 0,4
Construçao civil 1.244 2,7 2391 2,1 72.978 3,7 52,0 1,7
Comércio 17.514 38,4 36.507 32,1 326.497 16,6 48,0 5,4
Comércio varejista 15.174 33,3 32.797 28,9 268.394 13,7 46,3 5,7
Comércio atacadista 2.340 5,1 3710 3,3 58.103 3,0 63,1 4,0
Serviços 21.516 47,2 54.404 47,9 1.362.737 69,5 39,5 1,6
Ensino 5.799 12,7 11.520 10,1 97.165 5,0 50,3 6,0
Transportes e comunicaçoes 4.171 9,1 12.615 11,1 135.545 6,9 33,1 3,1
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 2.499 5,5 6.119 5,4 80.573 4,1 40,8 3,1
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 5.585 12,2 13.303 11,7 254.129 13,0 42,0 2,2
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 685 1,5 1.573 1,4 58.652 3,0 43,5 1,2
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 2.475 5,4 6.848 6,0 316.120 16,1 36,1 0,8
Administraçao pública direta e autárquica 302 0,7 2.426 2,1 420.553 21,4 12,4 0,1
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 51 0,1 107 0,1 1.761 0,1 47,7 2,9
Total 45.630 100,0 113.561 100,0 1.962.014 100,0 40,2 2,3
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
1- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Analisando a representatividade dos setores da RA de Campo Grande em relação a Zona


Oeste, no tocante ao empregos, observa-se que variam entre 5,7% (indústria papel e gráfica) e
100% (indústria de calçados). Ainda merecem destaque os setores: comércio atacadista
(63,1%), material elétrico e de comunicações (55,6%), minerais não-metálicos (55,5%),
construção civil (52,0%) e ensino (50,3%). Todos com representatividade superior a 50% nos
empregos do setor na Zona Oeste.

Em relação à representatividade dos setores no MRJ, segundo o número de empregos, o


destaque é para o setor de minerais não metálicos que detém 10,6% dos empregos do
município no setor (o que representa quase 5 vezes a participação geral de Campo Grande nos
empregos municipais – 10,6% contra 2,3%). Na seqüência os setores mais representativos
são: ensino (6,0%), comércio varejista (5,7%), madeira e mobiliário (5,5%), indústria
química-farmacêutica (4,7%) e alimentos e bebidas (4,4%). O único setor que apresenta
números inexpressivos de empregos é o de calçados por ser composto essencialmente de
estabelecimentos de micro porte.
106

Qual é o tamanho típico dos estabelecimentos predominante na RA de Campo Grande? Qual


o tipo de estabelecimento que gera mais empregos? Que semelhanças e diferenças a RA de
Campo Grande apresentam em relação à Zona Oeste e ao MRJ?

Tabela 3 - Número e distribuição de estabelecimentos e empregos por tamanho* para os


bairros selecionados, 2006
Participação
Zona
Micro Pequeno Médio Grande Oeste MRJ
ESTABELECIMENTOS (0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total (%) (%)
Campo Grande 2.389 586 116 16 3.107 37,2 2,7
Cosmos 73 21 3 2 99 1,2 0,1
Inhoaiba 90 28 4 0 122 1,5 0,1
Santissimo 94 25 4 1 124 1,5 0,1
Senador Vasconcelos 127 29 4 0 160 1,9 0,1
Total Zona Oeste (1) 6.436 1.580 284 52 8.352 100,0 7,2
Total MRJ (2) 90.745 20.553 3.608 824 115.730 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,1 7,7 7,9 6,3 7,2 - -
Participação
Zona
Micro Pequeno Médio Grande Oeste MRJ
EMPREGOS (0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total (%) (%)
Campo Grande 7.437 11.669 11.162 7.189 37.457 33,0 1,9
Cosmos 221 370 197 2.508 3.296 2,9 0,2
Inhoaiba 287 507 322 0 1.116 1,0 0,1
Santissimo 281 497 366 1.309 2.453 2,2 0,1
Senador Vasconcelos 374 491 443 0 1.308 1,2 0,1
Total Zona Oeste (1) 19.883 30.717 28.390 34.571 113.561 100,0 5,8
Total Rio de Janeiro (2) 264.104 405.826 356.440 935.644 1.962.014 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,5 7,6 8,0 3,7 5,8 - -
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Utilizou-se a variável emprego para tamanho, conforme intervalos indicados na Tabela
** Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Na Tabela 3 acima, podemos observar que, em relação ao tamanho dos estabelecimentos, a


maior parcela dos estabelecimentos da RA de Campo Grande tem entre 0 e 9 empregos e está
classificada como de micro porte, com 2.773 estabelecimentos (76,8% do total). Os
estabelecimentos de pequeno, médio e grande porte respondem, respectivamente, por 19,1%,
3,6% e 0,5% dos 3.612 estabelecimentos da RA. O principal bairro da RA é Campo Grande
com 3.107 estabelecimentos, ou seja, responde por 37,2% dos estabelecimentos da Zona
Oeste e 2,7% dos estabelecimentos do MRJ. Comparando a RA de Campo Grande com a
Zona Oeste e com o MRJ nota-se que os três seguem o mesmo padrão de distribuição dos
estabelecimentos segundo tamanho, onde os de micro porte são a principal parcela.

Já analisando os empregos na RA de Campo Grande, encontra-se que os estabelecimentos de


pequeno, médio e grande porte são os principais geradores de empregos com 29,7%, 27,4% e
107

24,1% dos 45.630 empregos da RA, respectivamente. O principal bairro da RA é Campo


Grande com 37.457 empregos, ou seja, responde por 33% dos empregos da Zona Oeste e
1,9% dos empregos do MRJ. Analisando o perfil dos bairros nota-se grandes diferenças entre
eles. Em Campo Grande se tem uma forte participação dos pequenos e médios
estabelecimentos na geração de empregos. Já em Cosmos e Santíssimos devido a presença de
grandes estabelecimentos esses são os maiores responsáveis pela geração dos empregos. Já
em Inhoaíba e em Senador Vasconcelos destaca-se a ausência de grandes estabelecimentos e a
distribuição dos empregos de forma mais eqüitativa entre os demais portes de
estabelecimentos, com leve vantagem para os de pequeno porte em Inhoaíba.

Qual o nível de escolaridade predominante exigido pelos empregos formais na RA de Campo


Grande? Quais as semelhanças e diferenças com a Zona Oeste e com o MRJ?

Tabela 4 - Número de empregos segundo grau de instrução do empregado, para os


bairros selecionados, 2006
Fundamental Médio Superior Pós-grad. Total
Campo Grande 18.291 21.225 6.081 33 45.630
Campo Grande 14.345 18.147 4.935 30 37.457
Cosmos 1280 1.320 695 1 3.296
Inhoaiba 537 494 85 0 1.116
Santissimo 1.592 633 227 1 2.453
Senador Vasconcelos 537 631 139 1 1.308
Total Zona Oeste* (1) 46.468 51.456 15.332 305 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 668.093 776.307 512.709 4.905 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,0 6,6 3,0 6,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Na Tabela 4, observa-se a distribuição dos empregos por grau de escolaridade dos


empregados. Os empregados com ensino fundamental e médio dividem a liderança na RA de
Campo Grande, (40,0% e 46,5% dos 45.633 empregos) com uma vantagem para os empregos
de nível médio. Os empregados com nível superior respondem pelos 13,3% restantes e o
número de pós-graduados apesar de pequeno representa 10,8% dos empregados pós-
graduados da Zona Oeste. Analisando a qualificação da mão-de-obra conforme o bairro da
RA, temos que em Campo Grande, Cosmos e Senador Vasconcelos apresentam maior
concentração de empregados com o nível médio, seguido de perto daqueles com nível
fundamental. Já em Inhoaíba e Santíssimo prevalecem os empregados com ensino
fundamental, principalmente neste segundo. Outro destaque é para Campo Grande que
concentra praticamente todos os empregados com pós-graduação da RA.
108

Qual a faixa etária predominante entre os trabalhadores da RA de Campo Grande? Quais as


diferenças e semelhanças com a Zona Oeste e com o MRJ?

Tabela 5 - Número de empregos segundo faixa etária do empregado, nos bairros


selecionados, 2006
até 25 a 39 40 a 64 65 ou
24 anos anos anos mais ignorado Total
Campo Grande 9.690 22.745 12.991 204 0 45.630
Campo Grande 8.410 18.504 10.379 164 0 37.457
Cosmos 467 1.735 1.080 14 0 3.296
Inhoaiba 232 552 326 6 0 1.116
Santissimo 341 1.301 800 11 0 2.453
Senador Vasconcelos 240 653 406 9 0 1.308
Total Zona Oeste* (1) 20.906 55.371 36.672 610 2 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 265.400 868.004 802.582 25.966 62 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,9 6,4 4,6 2,3 3,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
*- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Analisando a Tabela 5 verifica-se que 49,8% dos empregos da RA de Campo Grande


encontram-se na faixa entre 25 e 39 anos, sendo esta a principal faixa etária. Em segundo
lugar está a faixa de empregados entre 40 e 64 anos com 28,5%, seguida por menos de 24
anos (21,2%) e com mais de 65 anos (0,5%). Essa distribuição segundo a faixa etária repete-
se em todos os bairros da RA. O mesmo ocorre quando compara-se a RA de Campo Grande
com a Zona Oeste e o MRJ.

Qual a faixa de remuneração mensal predominante na RA de Campo Grande? Quais as


diferenças e semelhanças com a Zona Oeste e o MRJ?

Tabela 6 - Número de empregos por faixa de remuneração nos bairros selecionados,


2006
de 3 a 5 de 5 a 10 mais de
até 3 s.m. s.m. s.m. 10 s.m. ignorado total
Campo Grande 37.218 4.929 2.280 726 477 45.630
Campo Grande 31.192 3.243 1.948 642 432 37.457
Cosmos 1.902 1.079 249 56 10 3.296
Inhoaiba 988 76 23 19 10 1.116
Santissimo 2.002 416 27 3 5 2.453
Senador Vasconcelos 1.134 115 33 6 20 1.308
Total Zona Oeste* (1) 85.737 13.817 8.901 3.502 1.604 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 1.158.187 330.031 271.505 182.998 19.293 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,4 4,2 3,3 1,9 8,3 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
*- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Por fim analisando a Tabela 6, nota-se que a principal faixa de remuneração salarial mensal
na RA de Campo Grande em 2006 foi até 3 salários-mínimos (s.m.) com 37.218 empregos
109

(81,6%). Na seqüência temos as faixa de 3 a 5 s.m. (10,8%), de 5 a 10 s.m. (5,0%) e acima de


10 s.m. (1,6%). Esse perfil salarial é compartilhado por todos os bairros pertencentes a RA.
Destaque para Inhoaíba e Senador Vasconcelos onde a participação dos empregos de até 3
s.m. alcança respectivamente 88,5% e 86,7% dos empregos, ou seja, superior a média da RA.
Comparando com a Zona Oeste e o MRJ, a RA de Campo Grande possui um perfil salarial
semelhante com a Zona Oeste, entretanto na comparação com o MRJ, a participação dos
empregos com remuneração de até 3 s.m é muito menor no MRJ, 59% contra 81,6%.
110

Anexo 8 – Análise dos Dados da RAIS por Região


Administrativa Pesquisada – Realengo
111

Análise dos dados de estabelecimento e emprego segundo as regiões


administrativas (RA) e bairros da Zona Oeste - Realengo

Lia Hasenclever
Rodrigo Lopes

A XXXIII Região Administrativa de Realengo é uma das 34 existentes no Município do Rio


de Janeiro (MRJ) e uma das 10 localizadas na Zona Oeste do MRJ. É formada pelos bairros
de Campo dos Afonsos, Deodoro, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Realengo e Vila
Militar.

Qual é o número de estabelecimentos formais, quais os setores com maior número de


estabelecimentos, e qual a representatividade da RA de Realengo na Zona Oeste e no MRJ?
Que setores são mais especializados na RA de Realengo do que na Zona Oeste e no MRJ em
número de estabelecimentos?

Tabela 1- Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia,


2006
Realengo Zona Oeste¹ MRJ Participação (%)
Estab.
(1) % Estab. (2) % Estab. (3) % (1)/(2) (1)/(3)
Indústria Extrativa e de Transformação 121 10,3 627 7,5 6.744 5,8 19,3 1,8
Indústria de produtos minerais nao metálicos 1 0,1 44 0,5 236 0,2 2,3 0,4
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 30 2,5 163 2,0 1.097 0,9 18,4 2,7
Indústria da madeira e do mobiliário 5 0,4 34 0,4 254 0,2 14,7 2,0
Indústria metalúrgica 23 2,0 89 1,1 708 0,6 25,8 3,2
Indústria de calçados 0 0,0 3 0,0 33 0,0 0,0 0,0
Extrativa mineral 0 0,0 9 0,1 106 0,1 0,0 0,0
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 8 0,7 63 0,8 754 0,7 12,7 1,1
Indústria do material de transporte 4 0,3 11 0,1 133 0,1 36,4 3,0
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 22 1,9 84 1,0 1.110 1,0 26,2 2,0
Indústria mecânica 7 0,6 30 0,4 409 0,4 23,3 1,7
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 10 0,8 33 0,4 599 0,5 30,3 1,7
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 3 0,3 9 0,1 176 0,2 33,3 1,7
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 8 0,7 55 0,7 1.129 1,0 14,5 0,7
Serviços industriais de utilidade pública 1 0,1 15 0,2 168 0,1 6,7 0,6
Construçao civil 19 1,6 201 2,4 2.745 2,4 9,5 0,7
Comércio 572 48,5 4.102 49,1 37.173 32,1 13,9 1,5
Comércio varejista 514 43,6 3.792 45,4 32.267 27,9 13,6 1,6
Comércio atacadista 58 4,9 310 3,7 4.906 4,2 18,7 1,2
Serviços 465 39,4 3.370 40,3 68.567 59,2 13,8 0,7
Ensino 80 6,8 504 6,0 3.110 2,7 15,9 2,6
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 46 3,9 604 7,2 8.675 7,5 7,6 0,5
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 202 17,1 1.187 14,2 17.556 15,2 17,0 1,2
Transportes e comunicaçoes 18 1,5 221 2,6 4.088 3,5 8,1 0,4
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 18 1,5 111 1,3 2.605 2,3 16,2 0,7
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 99 8,4 739 8,8 32.230 27,8 13,4 0,3
Administraçao pública direta e autárquica 2 0,2 4 0,0 303 0,3 50,0 0,7
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 1 0,1 37 0,4 333 0,3 2,7 0,3
Total 1.179 100,0 8.352 100,0 115.730 100,0 14,1 1,0
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
1- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Observando a Tabela 1, a região administrativa (RA) de Realengo possuía em 2006, segundo


a RAIS, 1.179 estabelecimentos formais, o que representavam 14,1% dos estabelecimentos da
Zona Oeste e 1% do total do MRJ. Analisando a distribuição dos estabelecimentos por
atividade econômica, observa-se que, acompanhando a região da Zona Oeste, o comércio
varejista é a atividade que ocupa a primeira posição com 43,6% dos estabelecimentos da RA.
112

Em segundo lugar aparece a atividade de serviços de alojamento, alimentação e reparação


com 17,1%, em terceiro lugar comércio e administração de imóveis com 8,4%, seguido pelo
setor de ensino com 6,8% dos estabelecimentos. Esse ordenamento dos principais setores por
número de estabelecimento na RA de Realengo se assemelha ao observado na Zona Oeste
como um todo, mas difere do MRJ. Em relação à indústria, o principal setor em termos de
estabelecimentos é alimentos e bebidas com 2,5% dos estabelecimentos, seguida por
metalurgia com 2,0%, o que também segue o padrão da Zona Oeste. (ver Tabela 1)

Analisando a representatividade dos setores da RA de Realengo em relação à Zona Oeste,


observa-se que variam entre 2,7% (agricultura, pecuária e extrativa vegetal) e 50,0%
(administração pública). Na indústria, o destaque é para o setor de material de transporte, com
36,4% dos estabelecimentos da Zona Oeste, e de material elétrico e de comunicações com
33,3%. A RA de Realengo aparece, portanto, como uma região especializada em
administração pública na Zona Oeste.

Em relação à representatividade dos setores no MRJ, segundo o número de estabelecimentos,


o destaque é para os setores industriais, dos seis setores mais representativos na RA de
Realengo, cinco são da indústria, com destaque para os setores de metalurgia (3,2%), material
de transporte (3,0%), alimentos e bebidas (2,7%), madeira e mobiliário (2,0%) e têxtil e
confecção (2,0%). O setor não industrial de maior representatividade é ensino (quarto lugar
com 2,6%). Na RA de Realengo somente os setores da indústria de calçados e extrativa
mineral não estão presentes. As especializações mais relevantes em relação ao MRJ são
metalurgia e material de transporte.

Qual é o número de empregos formais, quais os setores que mais geram empregos e qual a
representatividade da RA de Realengo na Zona Oeste e no MRJ? Que setores são mais
especializados na RA de Realengo do que na Zona Oeste e no MRJ na geração de empregos?

Observando a Tabela 2, a região administrativa (RA) de Realengo possuía em 2006, segundo


a RAIS, 17.455 empregos formais, o que representavam 15,4% dos empregos da Zona Oeste e
0,9% do total do MRJ. Analisando a distribuição dos empregos por atividade econômica,
observa-se que o principal empregador na RA de Realengo é o setor de comércio varejista
com 29,2% dos empregos da RA, seguido por serviços de alojamento, alimentação e
reparação com 13,2% e comércio e administração de imóveis com 12,0%. Em relação à
indústria, o principal empregador (quinto no geral) é o setor de borracha, fumo, couro e
indústrias diversas responsável por 5,7% dos empregos da RA. Comparando com a Zona
113

Oeste observam-se algumas diferenças: o setor de transporte e comunicação apresenta-se com


maior importância para a Zona Oeste do que para Realengo e o setor de comércio e
administração de imóveis é mais importante em Realengo do que para a Zona Oeste na
geração de empregos. Em relação a indústria extrativa e de transformação também observam
algumas diferenças: alimentos e bebidas e metalurgia são mais importantes para a Zona Oeste
do que para Realengo, enquanto para a indústria de borracha, couro, fumo e indústrias
diversas ocorre situação inversa.

Tabela 2- Número de empregos e participação relativa por setor da economia, 2006


Realengo Zona Oeste¹ MRJ Participação (%)

Empr. (1) % Empr. (2) % Empr. (3) % (1)/(2) (1)/(3)


Indústria Extrativa e de Transformação 2.399 13,7 19.838 17,5 166.616 8,5 12,1 1,4
Indústria metalúrgica 169 1,0 3452 3,0 12.530 0,6 4,9 1,3
Indústria de produtos minerais nao metálicos 25 0,1 910 0,8 4.744 0,2 2,7 0,5
Indústria da madeira e do mobiliário 143 0,8 512 0,5 2.742 0,1 27,9 5,2
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 211 1,2 5334 4,7 34.796 1,8 4,0 0,6
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 1.001 5,7 1462 1,3 11.346 0,6 68,5 8,8
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 55 0,3 2518 2,2 20.121 1,0 2,2 0,3
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 303 1,7 2829 2,5 24.444 1,2 10,7 1,2
Indústria mecânica 53 0,3 995 0,9 10.694 0,5 5,3 0,5
Indústria do material de transporte 112 0,6 566 0,5 6.719 0,3 19,8 1,7
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 308 1,8 1117 1,0 20.253 1,0 27,6 1,5
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 19 0,1 54 0,0 4.338 0,2 35,2 0,4
Extrativa mineral 0 0,0 88 0,1 13.318 0,7 0,0 0,0
Indústria de calçados 0 0,0 1 0,0 571 0,0 0,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 6 0,0 314 0,3 31.425 1,6 1,9 0,0
Construçao civil 282 1,6 2391 2,1 72.978 3,7 11,8 0,4
Comércio 5.491 31,5 36.507 32,1 326.497 16,6 15,0 1,7
Comércio varejista 5.097 29,2 32.797 28,9 268.394 13,7 15,5 1,9
Comércio atacadista 394 2,3 3710 3,3 58.103 3,0 10,6 0,7
Serviços 9.276 53,1 54.404 47,9 1.362.737 69,5 17,1 0,7
Ensino 1.919 11,0 11520 10,1 97.165 5,0 16,7 2,0
Transportes e comunicaçoes 888 5,1 12615 11,1 135.545 6,9 7,0 0,7
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 932 5,3 6.119 5,4 80.573 4,1 15,2 1,2
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 2.303 13,2 13303 11,7 254.129 13,0 17,3 0,9
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 255 1,5 1573 1,4 58.652 3,0 16,2 0,4
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 2.091 12,0 6848 6,0 316.120 16,1 30,5 0,7
Administraçao pública direta e autárquica 888 5,1 2426 2,1 420.553 21,4 36,6 0,2
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 1 0,0 107 0,1 1.761 0,1 0,9 0,1
Total 17.455 100,0 113.561 100,0 1.962.014 100,0 15,4 0,9
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
1- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Analisando a representatividade dos setores da RA de Realengo em relação a Zona Oeste, no


tocante ao empregos, observa-se que variam entre 0,9% (agropecuária e extrativismo vegetal)
e 68,5% (indústria de borracha, couro, fumo e indústrias diversas). A especialização mais
importante da RA de Realengo em relação à Zona Oeste é a indústria de borracha, couro,
fumo e indústrias diversas. Ainda merecem destaque os setores: administração pública
(36,6%), material elétrico e de comunicações (35,2%), comércio e administração de imóveis
(30,5%), madeira e mobiliário (27,9%) e têxtil e vestuário (27,6%). Todos com participação
acima de ¼ dos empregos nos respectivos setores.

Em relação à representatividade dos setores da RA no MRJ, segundo o número de empregos,


o destaque ainda é para o setor de borracha, couro, fumo e indústrias diversas que detém 8,8%
dos empregos do setor no município (o que representa quase 10 vezes a participação geral de
114

Realengo nos empregos municipais – 8,8% contra 0,9%). Na seqüência os setores mais
representativos são: madeira e mobiliário (5,2%), ensino (2,0%), comércio varejista (1,9%),
material de transporte (1,7%) e têxtil e vestuário (1,5%).

Qual é o tamanho típico dos estabelecimentos predominante na RA de Realengo? Qual o tipo


de estabelecimento que gera mais empregos? Que semelhanças e diferenças a RA de
Realengo apresentam em relação à Zona Oeste e ao MRJ?

Na Tabela 3 abaixo, podemos observar que, em relação ao tamanho dos estabelecimentos, a


maior parcela dos estabelecimentos da RA de Realengo tem entre 0 e 9 empregos e está
classificada como de micro porte, com 906 estabelecimentos (76,8% do total). Os
estabelecimentos de pequeno, médio e grande porte respondem, respectivamente, por 19,3%,
3,0% e 0,8% dos 1.179 estabelecimentos da RA. O principal bairro da RA é Realengo com
812 estabelecimentos, ou seja, responde por 9,7% dos estabelecimentos da Zona Oeste e 0,7%
dos estabelecimentos do MRJ. Comparando a RA de Realengo com a Zona Oeste e com o
MRJ nota-se que os três seguem o mesmo padrão de distribuição dos estabelecimentos
segundo tamanho, onde os de micro porte são a principal parcela.

Já analisando os empregos na RA de Realengo, encontra-se que os estabelecimentos de


grande porte são responsáveis por 35,3% dos 17.455 empregos da RA. Os estabelecimentos
de micro, pequeno e médio porte são responsáveis respectivamente por 16,0%, 25,2% e
23,4% dos empregos, respectivamente. O principal bairro da RA é Realengo com 13.187
empregos, ou seja, responde por 11,6% dos empregos da Zona Oeste e 0,7% dos empregos do
MRJ, respectivamente. Analisando o perfil dos bairros, nota-se diferenças entre eles na
geração de empregos. Em Campos dos Afonsos e Realengo, onde se localiza o maior número
de empregos, os principais geradores de empregos são os estabelecimentos de grande porte,
seguindo o padrão da RA. Destaca-se nesses bairros a presença de instituições militares que
podem influenciar estes números. Nos demais bairros, onde nota-se a ausência de
estabelecimentos de grande porte, o principal responsável pela geração de empregos são os
estabelecimentos de pequeno porte. Em Magalhães Bastos também não há estabelecimentos
de médio porte.
115

Tabela 3 - Número e distribuição de estabelecimentos e empregos por tamanho* para os


bairros selecionados, 2006
Participação
Zona
Micro Pequeno Médio Grande Oeste MRJ
ESTABELECIMENTOS (0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total (%) (%)
Campo dos Afonsos 25 7 2 1 35 0,4 0,0
Deodoro 30 15 1 0 46 0,6 0,0
Jardim Sulacap 151 35 4 1 191 2,3 0,2
Magalhaes Bastos 58 14 0 0 72 0,9 0,1
Realengo 624 153 28 7 812 9,7 0,7
Vila Militar 18 4 1 0 23 0,3 0,0
Total Zona Oeste (1) 6.436 1.580 284 52 8.352 100,0 7,2
Total MRJ (2) 90.745 20.553 3.608 824 115.730 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,1 7,7 7,9 6,3 7,2 - -
Participação
Zona
Micro Pequeno Médio Grande Oeste MRJ
EMPREGOS (0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total (%) (%)
Campo dos Afonsos 48 95 133 766 1.042 0,9 0,1
Deodoro 118 405 166 0 689 0,6 0,0
Jardim Sulacap 479 629 459 299 1.866 1,6 0,1
Magalhaes Bastos 168 271 0 0 439 0,4 0,0
Realengo 1.922 2.907 3.259 5.099 13.187 11,6 0,7
Vila Militar 65 98 69 0 232 0,2 0,0
Total Zona Oeste (1) 19.883 30.717 28.390 34.571 113.561 100,0 5,8
Total Rio de Janeiro (2) 264.104 405.826 356.440 935.644 1.962.014 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,5 7,6 8,0 3,7 5,8 - -
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Utilizou-se a variável emprego para tamanho, conforme intervalos indicados na Tabela
** Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Qual o nível de escolaridade predominante exigido pelos empregos formais na RA de Bangu?


Quais as semelhanças e diferenças com a Zona Oeste e com o MRJ?

Na Tabela 4, observa-se a distribuição dos empregos por grau de escolaridade dos


empregados. Os empregados com ensino fundamental e médio dividem a liderança de
freqüência de empregos na RA de Realengo, (43,7% e 43,2% do total de empregos). Os
empregados com nível superior respondem por 11,8% e os pós-graduados por 1,2%.
Analisando a qualificação da mão-de-obra conforme o bairro da RA, verifica-se que no
Campo dos Afonsos, Deodoro, Jardim Sulacap e Vila Militar os empregados com nível médio
são a principal parcela, sendo que no Campo dos Afonsos a sua participação é bem superior a
dos demais. Já em Realengo e Magalhães Bastos a maior parcela dos empregados possui até o
ensino fundamental. Destaque-se em Realengo a grande presença de empregados com nível
superior e pós-graduados, o que pode ser resultado da presença de instituições militares e
estabelecimentos de ensino no bairro.
116

Tabela 4 - Número de empregos segundo grau de instrução do empregado, para os


bairros selecionados, 2006
Fundamental Médio Superior Pós-grad. Total
Realengo 7.623 7.536 2.066 230 17.455
Campo dos Afonsos 203 733 106 0 1.042
Deodoro 245 296 148 0 689
Jardim Sulacap 865 894 107 0 1.866
Magalhaes Bastos 230 175 34 0 439
Realengo 5.999 5.347 1.612 229 13.187
Vila Militar 81 91 59 1 232
Total Zona Oeste* (1) 46.468 51.456 15.332 305 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 668.093 776.307 512.709 4.905 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,0 6,6 3,0 6,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Qual a faixa etária predominante entre os trabalhadores da RA de Realengo? Quais as


diferenças e semelhanças com a Zona Oeste e com o MRJ?

Analisando a Tabela 5, verifica-se que 48,6% dos 17.455 empregos da RA de Realengo


encontram-se na faixa entre 25 e 39 anos, sendo esta a principal faixa etária. Em segundo
lugar está a faixa de empregados entre 40 e 64 anos com 36,8%, seguida por menos de 24
anos (13,8%) e com mais de 65 anos (0,8%). Essa distribuição segundo a faixa etária repete-
se em todos os bairros da RA. O mesmo ocorre quando comparamos a RA de Bangu com a
Zona Oeste e o MRJ.

Tabela 5 - Número de empregos segundo faixa etária do empregado, nos bairros


selecionados, 2006
até 25 a 39 40 a 64 65 ou
24 anos anos anos mais ignorado Total
Realengo 2.407 8.480 6.421 147 0 17.455
Campo dos Afonsos 67 429 538 8 0 1.042
Deodoro 102 309 270 8 0 689
Jardim Sulacap 399 882 572 13 0 1.866
Magalhaes Bastos 88 206 141 4 0 439
Realengo 1.722 6.558 4.795 112 0 13.187
Vila Militar 29 96 105 2 0 232
Total Zona Oeste* (1) 20.906 55.371 36.672 610 2 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 265.400 868.004 802.582 25.966 62 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,9 6,4 4,6 2,3 3,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
*- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Qual a faixa de remuneração mensal predominante na RA de Realengo? Quais as diferenças


e semelhanças com a Zona Oeste e o MRJ?

Por fim analisando a Tabela 6, nota-se que a principal faixa de remuneração salarial mensal
na RA de Realengo em 2006 foi até 3 salários-mínimos (s.m.) com 13.600 empregos (77,9%).
117

Na seqüência temos as faixa de 3 a 5 s.m. (9,4%), de 5 a 10 s.m. (7,7%) e acima de 10 s.m.


(3,0%). Esse perfil salarial é compartilhado por todos os bairros pertencentes a RA, com
exceção do Campo dos Afonsos onde a principal faixa é de 5 a 10 s.m.. Em Jardim Sulacap e
Magalhães Bastos a participação dos empregos de até 3 s.m. alcança 88,1% e 90% dos
empregos, muito acima da média da RA. Já Realengo e Campo dos Afonso destacam-se pela
forte presença das remunerações acima de 10 s.m., corroborando com os dados de tamanho
dos estabelecimentos e grau de instrução. Comparando com a Zona Oeste, a RA de Realengo
possui um perfil salarial semelhante, entretanto comparando com o MRJ a participação dos
empregos com remuneração de até 3 s.m é muito menor no MRJ, 59% contra 77,9%.

Tabela 6 - Número de empregos por faixa de remuneração nos bairros selecionados,


2006
de 3 a 5 de 5 a 10 mais de
até 3 s.m. s.m. s.m. 10 s.m. ignorado total
Realengo 13.600 1.646 1.348 518 343 17.455
Campo dos Afonsos 227 123 439 241 12 1.042
Deodoro 531 59 62 30 7 689
Jardim Sulacap 1.645 125 62 9 25 1.866
Magalhaes Bastos 395 32 9 1 2 439
Realengo 10.616 1.285 756 234 296 13.187
Vila Militar 186 22 20 3 1 232
Total Zona Oeste* (1) 85.737 13.817 8.901 3.502 1.604 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 1.158.187 330.031 271.505 182.998 19.293 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,4 4,2 3,3 1,9 8,3 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
*- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.
118

Anexo 9 – Análise dos Dados da RAIS por Região


Administrativa Pesquisada – Santa Cruz
119

Análise dos dados de estabelecimento e emprego segundo as regiões


administrativas (RA) e bairros da Zona Oeste - Santa Cruz

Lia Hasenclever
Rodrigo Lopes

A XIX Região Administrativa de Santa Cruz é uma das 34 existentes no Município do Rio de
Janeiro (MRJ) e uma das 10 localizadas na Zona Oeste do MRJ. É formada pelos bairros de
Paciência, Santa Cruz e Sepetiba.

Qual é o número de estabelecimentos formais, quais os setores com maior número de


estabelecimentos, e qual a representatividade da RA de Santa Cruz na Zona Oeste e no MRJ?
Que setores são mais especializados na RA de Santa Cruz do que na Zona Oeste e no MRJ em
número de estabelecimentos?

Tabela 1- Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia,


2006
Santa Cruz Zona Oeste¹ MRJ Participação (%)
Estab.
(1) % Estab. (2) % Estab. (3) % (1)/(2) (1)/(3)
Indústria Extrativa e de Transformação 112 8,9 627 7,5 6.744 5,8 17,9 1,7
Indústria de produtos minerais nao metálicos 11 0,9 44 0,5 236 0,2 25,0 4,7
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 35 2,8 163 2,0 1.097 0,9 21,5 3,2
Indústria da madeira e do mobiliário 7 0,6 34 0,4 254 0,2 20,6 2,8
Indústria metalúrgica 10 0,8 89 1,1 708 0,6 11,2 1,4
Indústria de calçados 0 0,0 3 0,0 33 0,0 0,0 0,0
Extrativa mineral 1 0,1 9 0,1 106 0,1 11,1 0,9
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 17 1,3 63 0,8 754 0,7 27,0 2,3
Indústria do material de transporte 4 0,3 11 0,1 133 0,1 36,4 3,0
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 8 0,6 84 1,0 1.110 1,0 9,5 0,7
Indústria mecânica 5 0,4 30 0,4 409 0,4 16,7 1,2
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 5 0,4 33 0,4 599 0,5 15,2 0,8
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0 0,0 9 0,1 176 0,2 0,0 0,0
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 9 0,7 55 0,7 1.129 1,0 16,4 0,8
Serviços industriais de utilidade pública 5 0,4 15 0,2 168 0,1 33,3 3,0
Construçao civil 50 4,0 201 2,4 2.745 2,4 24,9 1,8
Comércio 617 48,9 4.102 49,1 37.173 32,1 15,0 1,7
Comércio varejista 598 47,3 3.792 45,4 32.267 27,9 15,8 1,9
Comércio atacadista 19 1,5 310 3,7 4.906 4,2 6,1 0,4
Serviços 464 36,7 3.370 40,3 68.567 59,2 13,8 0,7
Ensino 98 7,8 504 6,0 3.110 2,7 19,4 3,2
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 80 6,3 604 7,2 8.675 7,5 13,2 0,9
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 149 11,8 1.187 14,2 17.556 15,2 12,6 0,8
Transportes e comunicaçoes 43 3,4 221 2,6 4.088 3,5 19,5 1,1
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 15 1,2 111 1,3 2.605 2,3 13,5 0,6
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 78 6,2 739 8,8 32.230 27,8 10,6 0,2
Administraçao pública direta e autárquica 1 0,1 4 0,0 303 0,3 25,0 0,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 15 1,2 37 0,4 333 0,3 40,5 4,5
Total 1.263 100,0 8.352 100,0 115.730 100,0 15,1 1,1
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
1- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Observando a Tabela 1, a RA de Santa Cruz possuía em 2006, segundo a RAIS, 1.263


estabelecimentos formais, o que representavam 15,1% dos estabelecimentos da Zona Oeste e
1,1% do total do MRJ. Analisando a distribuição dos estabelecimentos por atividade
econômica, observa-se que, acompanhando a região da Zona Oeste, o comércio varejista é a
atividade que ocupa a primeira posição com 47,3% dos estabelecimentos da RA. Em segundo
120

lugar aparece a atividade de serviços de alojamento, alimentação e reparação com 11,8% e em


terceiro lugar ensino com 7,8% dos estabelecimentos. Esse ordenamento dos principais
setores por número de estabelecimento na RA de Santa Cruz se assemelha ao observado na
Zona Oeste como um todo, com exceção da maior participação do setor de ensino na RA, mas
difere do MRJ. Em relação à indústria, o principal setor em termos de estabelecimentos é
alimentos e bebidas com 2,5% dos estabelecimentos (ver Tabela 1).

Analisando a representatividade dos setores da RA de Santa Cruz em relação a Zona Oeste,


observa-se que esta varia entre 6,1% (comércio atacadista) e 40,5% (agricultura, pecuária e
extrativa vegetal). A RA de Santa Cruz é especializada principalmente em atividades de
agricultura, pecuária e extrativa vegetal quando comparada com a Zona Oeste. Na indústria o
destaque é para o setor de material de transporte, com 36,4% dos estabelecimentos da Zona
Oeste, serviços industriais de utilidade pública, com 33,3%, e indústria química –
farmacêutica, com 27,0%.

Em relação à representatividade dos setores no MRJ, segundo o número de estabelecimentos,


além da agricultura, pesca e extrativa vegetal que representa 4,5% dos estabelecimentos do
município, o destaque é para os setores industriais: minerais não-metálicos (4,7%), alimentos
e bebidas (3,2%), material de transporte (3,0%), serviços industriais de utilidade pública
(3,0%) e madeira e mobiliário (2,8%). Um outro setor de maior representatividade é ensino
(terceiro lugar com 3,2%). Na RA de Santa Cruz não estão presentes os setores de indústria
calçadista, material elétrico e de comunicações.

Qual é o número de empregos formais, quais os setores que mais geram empregos e qual a
representatividade da RA de Santa Cruz na Zona Oeste e no MRJ? Que setores são mais
especializados na RA de Santa Cruz do que na Zona Oeste e no MRJ na geração de
empregos?

Observando a Tabela 2, a RA de Santa Cruz possuía em 2006, segundo a RAIS, 21.843


empregos formais, o que representavam 19,2% dos empregos da Zona Oeste e 1,1% do total
do MRJ. Analisando a distribuição dos empregos por atividade econômica, observa-se que o
principal empregador na RA de Santa Cruz é o setor de comércio varejista com 20,2% dos
empregos da RA, seguido por transporte e comunicações, com 14,3%, e indústria metalúrgica
com 12,4%. Em relação à indústria, além da indústria metalúrgica, destacam-se papel e
gráfica com 9,0% dos empregos e química-farmacêutica com 3,4%. Comparando com a Zona
Oeste observa-se o mesmo setor liderando (comércio varejista), porém a ordem dos setores
121

seguintes diverge completamente, com destaque para a maior importancia dos setores
industriais.

Tabela 2- Número de empregos e participação relativa por setor da economia, 2006


Santa Cruz Zona Oeste¹ MRJ Participação (%)

Empr. (1) % Empr. (2) % Empr. (3) % (1)/(2) (1)/(3)


Indústria Extrativa e de Transformação 7.361 33,7 19.838 17,5 166.616 8,5 37,1 4,4
Indústria metalúrgica 2.711 12,4 3452 3,0 12.530 0,6 78,5 21,6
Indústria de produtos minerais nao metálicos 223 1,0 910 0,8 4.744 0,2 24,5 4,7
Indústria da madeira e do mobiliário 153 0,7 512 0,5 2.742 0,1 29,9 5,6
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 569 2,6 5334 4,7 34.796 1,8 10,7 1,6
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 54 0,2 1462 1,3 11.346 0,6 3,7 0,5
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 1.976 9,0 2518 2,2 20.121 1,0 78,5 9,8
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 744 3,4 2829 2,5 24.444 1,2 26,3 3,0
Indústria mecânica 431 2,0 995 0,9 10.694 0,5 43,3 4,0
Indústria do material de transporte 318 1,5 566 0,5 6.719 0,3 56,2 4,7
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 180 0,8 1117 1,0 20.253 1,0 16,1 0,9
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0 0,0 54 0,0 4.338 0,2 0,0 0,0
Extrativa mineral 2 0,0 88 0,1 13.318 0,7 2,3 0,0
Indústria de calçados 0 0,0 1 0,0 571 0,0 0,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 171 0,8 314 0,3 31.425 1,6 54,5 0,5
Construçao civil 442 2,0 2391 2,1 72.978 3,7 18,5 0,6
Comércio 4.560 20,9 36.507 32,1 326.497 16,6 12,5 1,4
Comércio varejista 4.420 20,2 32.797 28,9 268.394 13,7 13,5 1,6
Comércio atacadista 140 0,6 3710 3,3 58.103 3,0 3,8 0,2
Serviços 9.257 42,4 54.404 47,9 1.362.737 69,5 17,0 0,7
Ensino 1.594 7,3 11520 10,1 97.165 5,0 13,8 1,6
Transportes e comunicaçoes 3.130 14,3 12615 11,1 135.545 6,9 24,8 2,3
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 1.090 5,0 6.119 5,4 80.573 4,1 17,8 1,4
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 1.328 6,1 13303 11,7 254.129 13,0 10,0 0,5
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 282 1,3 1573 1,4 58.652 3,0 17,9 0,5
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 597 2,7 6848 6,0 316.120 16,1 8,7 0,2
Administraçao pública direta e autárquica 1.236 5,7 2426 2,1 420.553 21,4 50,9 0,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 52 0,2 107 0,1 1.761 0,1 48,6 3,0
Total 21.843 100,0 113.561 100,0 1.962.014 100,0 19,2 1,1
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
1- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Analisando a representatividade dos setores da RA de Santa Cruz em relação a Zona Oeste,


no tocante aos empregos, observa-se que variam entre 2,3% (indústria extrativa mineral) e
78,5% (indústria metalúrgica e na indústria de papel e gráfica). Ainda merecem destaque os
setores: material de transporte (56,2%), serviços industriais de utilidade pública (54,5%) e
administração pública (50,9%). Todos com participação acima de 50% dos empregos nos
respectivos setores.

Em relação à representatividade dos setores no MRJ, segundo o número de empregos, o


destaque é para o setor de indústria metalúrgica que detém 21,6% dos empregos do setor no
município (o que representa vinte vezes a participação geral de Santa Cruz nos empregos
municipais – 21,6% contra 1,1%). Na seqüência os setores mais representativos são: papel e
gráfica (9,8%), madeira e mobiliário (5,6%), minerais não-metálicos (4,7%), material de
transporte (4,7%) e mecânica (4,0%). O primeiro setor fora da indústria, em termos de
representatividade, é o setor agrícola com 3%.
122

Qual é o tamanho típico dos estabelecimentos predominante na RA de Santa Cruz? Qual o


tipo de estabelecimento que gera mais empregos? Que semelhanças e diferenças a RA de
Santa Cruz apresenta em relação à Zona Oeste e ao MRJ?

Tabela 3 - Número e distribuição de estabelecimentos e empregos por tamanho* para os


bairros selecionados, 2006
Participação
Zona
Micro Pequeno Médio Grande Oeste MRJ
ESTABELECIMENTOS (0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total (%) (%)
Paciencia 173 44 6 1 224 2,7 0,2
Santa Cruz 720 185 32 8 945 11,3 0,8
Sepetiba 78 14 2 0 94 1,1 0,1
Total Zona Oeste (1) 6.436 1.580 284 52 8.352 100,0 7,2
Total MRJ (2) 90.745 20.553 3.608 824 115.730 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,1 7,7 7,9 6,3 7,2 - -
Participação
Zona
Micro Pequeno Médio Grande Oeste MRJ
EMPREGOS (0 a 9) (10 a 49) (50 a 249) (> 250) Total (%) (%)
Sepetiba 252 288 115 0 655 0,6 0,0
Paciencia 521 878 781 528 2.708 2,4 0,1
Santa Cruz 2.279 3.517 3.897 8.787 18.480 16,3 0,9
Total Zona Oeste (1) 19.883 30.717 28.390 34.571 113.561 100,0 5,8
Total Rio de Janeiro (2) 264.104 405.826 356.440 935.644 1.962.014 - 100,0
Participação % - (1) / (2) 7,5 7,6 8,0 3,7 5,8 - -
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Utilizou-se a variável emprego para tamanho, conforme intervalos indicados na Tabela
** Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Na Tabela 3 acima, podemos observar que, em relação ao tamanho dos estabelecimentos, a


maior parcela dos estabelecimentos da RA de Santa Cruz tem entre 0 e 9 empregos e está
classificada como de micro porte, com 971 estabelecimentos (76,9% do total). Os
estabelecimentos de pequeno, médio e grande porte respondem, respectivamente, por 19,2%,
3,2% e 0,7% dos 1.263 estabelecimentos da RA. O principal bairro da RA é Santa Cruz com
945 estabelecimentos, ou seja, responde por 11,3% dos estabelecimentos da Zona Oeste e
0,8% e 0,9% dos empregos do MRJ, respectivamente. Comparando a RA de Santa Cruz com
a Zona Oeste e com o MRJ, nota-se que os três seguem o mesmo padrão de distribuição dos
estabelecimentos segundo tamanho, onde os de micro porte são a principal parcela.

Já analisando os empregos na RA de Santa Cruz, encontra-se que os estabelecimentos de


grande porte são responsáveis por 42,6% dos 21.843 empregos da RA. Os estabelecimentos
de micro, pequeno e médio porte são responsáveis respectivamente por 14,0%, 21,4% e
21,9% dos empregos, respectivamente. O principal bairro da RA é Santa Cruz com 18.480
empregos, ou seja, responde por 16,3% dos empregos da Zona Oeste e 0,9% dos empregos do
123

MRJ. Analisando o perfil dos bairros nota-se diferenças entre eles na geração de empregos.
Em Santa Cruz, onde se localiza o maior número de empregos, os principais geradores de
empregos são os estabelecimentos de grande porte, seguindo o padrão da RA. Já em Paciência
e Sepetiba, o principal responsável pela geração de emprego é o conjunto de estabelecimentos
de pequeno porte, sendo que neste segundo a distribuição dos empregos pelo porte das
empresas é mais equilibrada.

Qual o nível de escolaridade predominante exigido pelos empregos formais na RA de Santa


Cruz? Quais as semelhanças e diferenças com a Zona Oeste e com o MRJ?

Tabela 4 - Número de empregos segundo grau de instrução do empregado, para os


bairros selecionados, 2006
Fundamental Médio Superior Pós-grad. Total
Santa Cruz 8.475 10.345 2.997 26 21.843
Paciência 1288 1190 227 3 2.708
Santa Cruz 6.779 8.963 2.717 21 18.480
Sepetiba 408 192 53 2 655
Total Zona Oeste* (1) 46.468 51.456 15.332 305 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 668.093 776.307 512.709 4.905 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,0 6,6 3,0 6,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
* Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz

Na Tabela 4, observa-se a distribuição dos empregos por grau de escolaridade dos


empregados. Os empregados com ensino médio dividem a liderança na RA de Santa Cruz
com 47,4% do total de empregos. Os empregados com nível médio respondem por 38,8% e os
com nível superior respondem pelos 13,7% restantes. O número de pós-graduados, apesar de
pequeno, representa quase 10% dos empregados pós-graduados da Zona Oeste. Analisando a
qualificação da mão-de-obra conforme o bairro da RA, temos que em Santa Cruz há uma
maior concentração de empregados com o nível médio, seguidos daqueles com nível
fundamental, refletindo o panorama observado na RA como um todo. Já em Paciência e
Sepetiba prevalecem os empregados com ensino fundamental, principalmente neste segundo
bairro. Outro destaque é para Santa Cruz que concentra praticamente todos os empregados
com pós-graduação da RA.
124

Qual a faixa etária predominante entre os trabalhadores da RA de Santa Cruz? Quais as


diferenças e semelhanças com a Zona Oeste e com o MRJ?

Tabela 5 - Número de empregos segundo faixa etária do empregado, nos bairros


selecionados, 2006
até 25 a 39 40 a 64 65 ou
24 anos anos anos mais ignorado Total
Santa Cruz 3.550 10.104 8.121 68 0 21.843
Paciência 443 1.318 941 6 0 2.708
Santa Cruz 2.982 8.472 6.967 59 0 18.480
Sepetiba 125 314 213 3 0 655
Total Zona Oeste* (1) 20.906 55.371 36.672 610 2 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 265.400 868.004 802.582 25.966 62 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,9 6,4 4,6 2,3 3,2 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
*- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Analisando a Tabela 5, verifica-se que 46,3% dos empregos da RA de Santa Cruz encontram-
se na faixa entre 25 e 39 anos, sendo esta a principal faixa etária. Em segundo lugar está a
faixa de empregados entre 40 e 64 anos com 37,2%, seguida por menos de 24 anos (16,2%) e
com mais de 65 anos (0,3%). Essa distribuição segundo a faixa etária repete-se em todos os
bairros da RA. O mesmo ocorre quando se compara a RA de Campo Grande com a Zona
Oeste e o MRJ.

Qual a faixa de remuneração mensal predominante na RA de Santa Cruz? Quais as


diferenças e semelhanças com a Zona Oeste e o MRJ?

Tabela 6 - Número de empregos por faixa de remuneração nos bairros selecionados,


2006
de 3 a 5 de 5 a 10 mais de
até 3 s.m. s.m. s.m. 10 s.m. ignorado total
Santa Cruz 12.645 3.576 3.527 1.715 380 21.843
Paciência 2.139 413 98 18 40 2.708
Santa Cruz 9.888 3.139 3.426 1.697 330 18.480
Sepetiba 618 24 3 0 10 655
Total Zona Oeste* (1) 85.737 13.817 8.901 3.502 1.604 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 1.158.187 330.031 271.505 182.998 19.293 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,4 4,2 3,3 1,9 8,3 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 2006
*- Inclui as regiões administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz.

Por fim analisando a Tabela 6, nota-se que a principal faixa de remuneração salarial mensal
na RA de Santa Cruz em 2006 foi até 3 salários-mínimos (s.m.) com 12.645 empregos
(57,8%). Na seqüência temos as faixa de 3 a 5 s.m. (16,4%), de 5 a 10 s.m. (16,1%) e acima
de 10 s.m. (7,8%). Apesar de todos os bairros pertencentes a RA terem a sua principal parcela
de empregos na faixa de até 3 s.m., a participação desse faixa varia muito dependendo do
125

bairro. Enquanto em Paciência e Sepetiba ela é de 79,0% e 94,3%, respectivamente, em Santa


Cruz é de apenas 53,5%. O inverso acontece nas faixas superiores, onde em Sepetiba se quer
há empregos na faixa de remuneração superior a 10 s.m. Comparando com a Zona Oeste e o
MRJ, a RA de Santa Cruz possui um perfil salarial semelhante ao MRJ, porém se comparado
ao da Zona Oeste, observamos uma menor importância da faixa salarial mais baixa (até 3
s.m.): 57,8% contra 77,9%.
           

Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do


Rio de Janeiro e de seu Entorno

Contribuições da Educação Profissional para o Desenvolvimento da Zona


Oeste do Município do Rio de Janeiro: Subsídios para Fundamentar Novas
Propostas em Consonância com o Contexto Econômico da Região

(Versão Final)

Projeto FAPERJ no E-26/110.644/2007

Márcia Pimentel Machado (FAETEC)

Márcia Cristina Pinheiro Farinazo (FAETEC)

Risomar Ferreira do Nascimento Guedes (FAETEC)

Junho/2009 
  2

ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................................................. 3
2. Breve Histórico da Educação Profissional e seus Reflexos sobre o Desenvolvimento
Social e Econômico ................................................................................................................... 5
2.1 A Educação Profissional no Contexto Legislacional ....................................................... 5
2.2. Articulação da Educação Profissional com a Educação Básica ...................................... 6
2.3. Integrar a Educação Profissional e Tecnológica ao Mundo do Trabalho........................ 7
3. Principais Considerações sobre o Estudo de Desenvolvimento Econômico da Zona
Oeste do Município do Rio de Janeiro ................................................................................... 8
4. Estudo Preliminar sobre os Cursos Técnicos de Nível Médio e os Cursos de Nível
Superior Oferecidos na Região Oeste do Município do Rio de Janeiro e sua Relação com
Contexto Econômico Local.................................................................................................... 10
4.1. Cursos Técnicos de Nível Médio................................................................................... 10
4.2. Cursos de Nível Superior............................................................................................... 17
5. Contribuição da Educação Profissional á Expansão do Desenvolvimento Industrial e
ao Desenvolvimento do Pólo Metalmecânico na Região Oeste do Município do Rio de
Janeiro ..................................................................................................................................... 23
6. Considerações Finais.......................................................................................................... 25
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 26

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Cursos Técnicos oferecidos na Região Administrativa de Realengo..................... 11
Tabela 2 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Bangu ......................... 12
Tabela 3 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Campo Grande ........... 13
Tabela 4 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Santa Cruz .................. 14
Tabela 5 - Relação dos Eixos Tecnológicos e Porcentagem de Oferta dos Cursos Técnicos na
Região Oeste do Município do Rio de Janeiro......................................................................... 15
Tabela 6 – Diferença Percentual entre o Total de Cursos Técnicos Oferecidos por Instituições
Públicas e Instituições Privadas, Considerando as Quatro Regiões Administrativas .............. 17
Tabela 7 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Realengo....... 18
Tabela 8 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Bangu ........... 19
Tabela 9 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Santa Cruz .... 19
Tabela 10 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Campo Grande
.................................................................................................................................................. 20
Tabela 11 - Porcentagem de Oferta dos Cursos Superiores na Região Oeste do Município do
Rio de Janeiro........................................................................................................................... 22
Tabela 12 - Diferença Percentual entre o Total de Cursos de Nível Superior Oferecidos por
Instituições Públicas e Instituições Privadas, Considerando as Quatro Regiões Administrativas
.................................................................................................................................................. 23
  3

1. Introdução 

A educação é fator de emancipação do indivíduo. O trabalho é elemento constituinte da


humanidade deste indivíduo. A Educação Profissional se sustenta a partir da relação entre
educação e trabalho, sendo este o princípio educativo.

A educação da população e dos trabalhadores em especial passou a ser um requisito de


inserção na modernidade competitiva do capital. Deter tecnologia e a capacidade de produzi-
la é um dos maiores bens que um país pode ter atualmente.

Nesse sentido, a Educação Profissional e Tecnológica que, no momento atual tem sido
delineada por novos paradigmas, em função de novas formas de organização do trabalho e das
mudanças tecnológicas que ocorreram nas últimas décadas, deve estar coadunada com a
transformação do conhecimento determinada pelos novos processos produtivos e
tecnológicos. Como alavancadora do desenvolvimento social, econômico e cultural, através -
se da geração de novas oportunidades de inclusão social e de novas perspectivas de vida,
torna-se decisiva para atender às demandas do mundo do trabalho, contribuir para o
desenvolvimento social e econômico dos indivíduos e garantir o exercício da cidadania.

Investir na formação profissional como parte do desenvolvimento da relação do indivíduo


com o mundo do trabalho deve ser um projeto amplo, que não se confine, apenas, à formação
de mão-de-obra qualificada, em consonância com as necessidades do mercado, mas, que leve
em conta uma formação integral do indivíduo. Com esta perspectiva, deve se fundamentar
toda e qualquer prática educacional estratégica, visando à adaptação às transformações do
setor produtivo e ao cenário da formação profissional. Este requer, cada vez mais, a
concepção do exercício profissional enquanto relação social e produtiva, superando a visão
tecnicista, mecânica e funcional das relações de trabalho, de modo a evitar o mero
adestramento e garantir o caráter dinâmico e flexível, bem como reflexivo, de uma formação
sintonizada com as transformações sociais e tecnológicas.

Orientando-se para as mudanças no mundo do trabalho, as ações pedagógicas devem ser


pautadas para o desenvolvimento das características profissionais necessárias ao homem
atual, tais como polivalência, flexibilidade e capacidade de intervir no processo produtivo de
forma crítica e criativa.

Neste contexto, a formação profissional deve contribuir para o exercício uma prática eficiente
e para a formação integral, através da aquisição de conhecimentos básicos da qualificação e
do desenvolvimento de competências. O processo de formação deve obrigatoriamente incluir,
atitudes, valores éticos e segurança no trabalho, além das habilidades específicas do
desempenho da função. Importante, também, é a compreensão da formação profissional no
campo da educação permanente, pela via do “aprender a aprender”, estimulando o indivíduo a
buscar e aprofundar os seus conhecimentos e a aperfeiçoar as suas práticas profissionais.

O compromisso da educação, visando à construção da cidadania por meio da produção do


conhecimento, do fomento das idéias, da formulação de soluções sociais inovadoras e da
formação de quadros profissionais de qualidade, colocados a serviço da sociedade, contribuirá
decisivamente para o avanço social e econômico da Região.

Com esses pressupostos, a educação profissional deve estar alicerçada em pilares de


sustentação de qualidade como: financiamento; avaliação e responsabilização; formação de
  4

professores; gestão e mobilização, de forma a atender aos seguintes requisitos:

• Ser um referencial de excelência na formação profissional;


• Formar com eficiência e eficácia;
• Orientar para o mundo do trabalho;
• Aumentar a oferta formativa;
• Atender à diversidade da demanda;
• Desenvolver o potencial empreendedor;
• Adequar capacitação técnica e tecnológica às demandas atuais e futuras;
• Consolidar uma política de recursos humanos voltada para a flexibilidade,
competitividade e qualidade técnica e de gestão;

Orientada por esses pressupostos, a Educação Profissional, consequentemente, contribuirá


para:

• A formação integral dos indivíduos, proporcionando-lhes preparação adequada para


um exercício profissional qualificado, além de uma sólida formação geral, científica e
tecnológica;
• Promover a aproximação entre a educação, os setores empresariais e as associações
profissionais;
• Promover contato com o mundo do trabalho e a experiência profissional, de modo a
possibilitar uma adequada inserção socioprofissional;
• Promover, por si ou conjuntamente com outros agentes e instituições, a concretização
de projetos de formação de recursos humanos qualificados que respondam às
necessidades do desenvolvimento das regiões onde é ofertada;
• A criação de postos de trabalho, tendo em vista as finalidades da política de emprego,
através do apoio técnico-pedagógico nos domínios da organização e gestão da
formação profissional;
• Promover o aumento da qualidade da formação, possibilitando respostas em termos de
sistemas formativos que contemplem a formação inicial e a formação contínua;

O presente estudo pretende ser um guia que visará contribuir com subsídios para o
planejamento de ações, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de novas
propostas educacionais relacionadas com a qualificação e a requalificação da mão-de-obra,
para atender ao pólo metalmecânico e às demais indústrias que integram os distritos
industriais da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro. As ações a serem planejadas
deverão, ainda, considerar a elevação do padrão de vida da população local e redução das
discrepâncias sociais e econômicas em relação às demais regiões do município, para
contribuir, decisivamente, de modo a elevar os índices de desenvolvimento social da região.

A natureza e a efetividade das ações educacionais propostas dependerão dos princípios


norteadores, das estratégias empregadas, incluindo propostas de aumento da escolaridade dos
trabalhadores e do desenvolvimento de itinerários que aproveitem continuamente os estudos
  5

já realizados.

2. Breve Histórico da Educação Profissional e seus Reflexos sobre o Desenvolvimento


Social e Econômico

2.1 A Educação Profissional no Contexto Legislacional

A implantação da reforma da Educação Profissional, em sua concepção teórica, apresenta


como referência a Andragogia 1 de Competências, reflexo do novo perfil que o trabalho
(laborabilidade ou trabalhabilidade) vem assumindo, e que redireciona ou transfere o foco dos
conteúdos do ensino tradicional para o desenvolvimento de competências. Dessa forma,
trabalhar por competências exige da educação em curso mudanças na sua prática pedagógica,
de modo a ajustar o processo ensino/aprendizagem à realidade de um mundo sem fronteiras,
de economia globalizada, onde o conhecimento torna-se cada vez mais complexo e há
necessidade de ferramentas tecnológicas avançadas que possibilitem acesso mais rápido.

Essas questões tiveram origem na implantação da Reforma da Educação Profissional, a partir


de 1996. Essa solidez se materializa na possibilidade da preparação para o trabalho, dando
condições aos alunos para seguirem diferentes percursos: prosseguir os estudos e a
participação qualificada para o mundo do trabalho.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394/96, destaca no Art.
1º, § 2º, do Título I, que a “educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à
prática social”. Mais adiante, na seção IV, do Ensino Médio o inciso IV do Art. 35 define uma
de suas finalidades, a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando teoria e prática no ensino de cada disciplina.

Essa finalidade é reforçada no Art. 36, § 2º dessa Lei, ao explicitar que “o ensino médio,
atendida a formação geral do educando poderá prepará-lo para o exercício de profissões
técnicas.” Esses artigos encontram ressonância no Capítulo III, que trata da Educação
Profissional, na medida em que define a articulação dessa modalidade com o ensino regular.
Entretanto, essa articulação não se materializou na forma integrada, uma vez que o Decreto nº
2.208/97 estabelecia uma organização curricular da Educação Profissional de nível técnico
independente do ensino médio.

O Decreto Federal nº 2.208/97, em seu 1º Artigo, ressalta: “Promover a transição entre a


escola e o mundo do trabalho, capacitando jovens e adultos com conhecimentos e habilidades
gerais específicas para o exercício de atividades produtivas.”

O Decreto 2208/97 definiu a Educação Profissional como o ponto de articulação entre a


escola e o mundo do trabalho, atrelando-a as seguintes funções: (i) qualificar, requalificar e
reprofissionalizar trabalhadores em geral, independente do nível de escolaridade; (ii) habilitar
jovens e adultos para o exercício de profissões de nível médio e de nível superior; (iii)
atualizar e aprofundar conhecimentos tecnológicos voltados para o mundo do trabalho. Tais
funções seriam desenvolvidas, respectivamente, nos seguintes níveis: Básico, Técnico e
Tecnológico da Educação Profissional. O referido decreto contemplava, ainda, cursos de
                                                            
1
Arte e Ciência de orientar os adultos a aprender (Gil, 2008).  
  6

atualização, aperfeiçoamento e especialização técnica (Souza, Ramos & Deluiz, 2007).

Segundo Souza, Ramos & Deluiz (2007), as diretrizes da Educação Profissional,


determinadas pela LDBEN/96 e pelo Decreto 2208/97, promoveram seu assentamento sobre
três medidas: (i) estabelecimento de um nível de formação desvinculado do pré-requisito de
escolaridade (o nível básico); (ii) desvinculação formal e curricular entre os ensinos médio e
técnico, ratificando a conclusão do primeiro como pré-requisito para a diplomação no
segundo; (iii) concepção da formação profissional em itinerários ou trajetórias flexíveis. Tais
medidas conferiram à Educação Profissional uma identidade própria, formalmente separada
do sistema educacional formal, podendo ser realizada por diferentes estratégias, que não
exclusivamente a via escolarizada.

Revogado o Decreto nº 2.208/97, outro documento entra em vigor, o Decreto nº 5.154/04, que
elimina as amarras estabelecidas pelos Decretos 5.224 e 5.225/04 que se traduziam numa
série de restrições na organização curricular e pedagógica, bem como na oferta dos cursos
técnicos. O Decreto 5.154/04 possibilita a articulação da Educação Profissional com o Ensino
Médio, podendo acorrer de forma integrada, concomitante ou subseqüente. O Decreto
estabelece, ainda, como premissas para a Educação Profissional, a organização, por áreas
profissionais, em função da estrutura sócio-ocupacional e tecnológica e a articulação de
esforços das áreas da educação, do trabalho e emprego, e da ciência e tecnologia.

Recentemente a Lei 11.741/08 alterou a LDBEN de forma a redimensionar, institucionalizar e


integrar ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e
adultos e da educação profissional e tecnológica.

Alterações trazidas pela Lei 11.741/08:

• A articulação da educação de jovens e adultos com a educação profissional;


• A educação profissional e tecnológica integra-se aos diferentes níveis e modalidades
de educação e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia;
• Os cursos de educação profissional e tecnológica serão organizados por eixos
tecnológicos, possibilitando a construção de diferentes itinerários formativos;
• Acréscimo da Seção IV-A que trata especificamente da educação profissional
técnica de nível médio.

A Lei 11741/08 possibilita que o conhecimento adquirido na educação profissional e


tecnológica, inclusive no trabalho, seja objeto de avaliação, reconhecimento e certificação
para prosseguimento ou conclusão de estudos; e que as instituições de educação profissional e
tecnológica, além dos seus cursos regulares, ofereceram cursos especiais, abertos à
comunidade, condicionando a matrícula à capacidade de aproveitamento e não
necessariamente ao nível de escolaridade.

2.2. Articulação da Educação Profissional com a Educação Básica

A articulação da educação profissional e tecnológica com a educação básica deve adquirir


características humanísticas e científico-tecnológicas condizentes com os requisitos da
formação integral do ser humano. A história da educação brasileira registra uma sucessão de
  7

ações restritivas à universalização da educação básica e, como contraponto, a destinação das


atividades manuais aos “filhos dos desfavorecidos da fortuna” (BRASIL, 1906), às “classes
menos favorecidas” (BRASIL, 1937, p.129). Nas últimas décadas, a demanda por níveis mais
altos de escolaridade engendrou mecanismos restritivos de acesso ao ensino e a destinação
induzida às carreiras técnicas e profissionais.

Nesse contexto, o Ministério da Educação tem defendido um posicionamento que


convencionou chamar de visão sistêmica da educação, que não prioriza determinadas etapas
ou níveis educacionais isoladamente, mas pensa no conjunto da educação e o trata como
etapas de modalidades e níveis que se reforçam mutuamente, conforme texto abaixo:

“O modelo sistêmico é um esquema conceitual que permite analisar de


maneira ampla e direta os objetivos, a estrutura, o funcionamento e as inter-
relações dos organismos complexos. Ele permite a análise dos sistemas
sociais não apenas pelos seus componentes ou pela sua dinamicidade
interna, mas também pela identificação e possibilidade de intervenção no
comportamento dos atores que dele participam e influenciam o alcance de
seus resultados.” (FONSECA & PEREIRA, 1997).

Propõe-se nesse sentido, uma escola que contribua para a superação da estrutura social
desigual, mediante a reorganização do sistema educacional, particularmente da educação
profissional. Assim, torna-se necessário superar definitivamente a concepção que separa a
educação geral e propedêutica da específica e profissionalizante.

Logo, a vinculação da educação profissional e tecnológica à educação básica possibilitará


modalidades de construção do processo educativo como um todo, no qual a formação será
essencial como elemento indispensável para o exercício pleno da cidadania.

2.3. Integrar a Educação Profissional e Tecnológica ao Mundo do Trabalho

A educação profissional e tecnológica, em termos universais, e no Brasil em particular,


reveste-se cada vez mais de elementos importantes como estratégias para a construção de
cidadania e para uma melhor inserção de jovens e trabalhadores na sociedade contemporânea,
como “espaço de mutações” tecnológicas. Sua dimensão quer em termos conceituais quer em
suas práticas, é diversa e complexa, não se restringindo, a uma compreensão linear, que
restrinja simplesmente preparar pessoas para executar tarefas instrumentais. Assim, a
educação apresenta-se como processo mediador que relaciona a base cognitiva com a
estrutura social, evitando falso juízo de se transformar em mercadorias e de considerar a
educação profissional e tecnológica em simples adestramento.

Nessa perspectiva, a educação profissional e tecnológica deverá ser concebida como processo
de construção social que ao mesmo tempo qualifique o cidadão e o projete em bases
científicas, bem como ético - políticas, de modo a compreender a tecnologia como produção
social.

Do ponto de vista da oferta dos níveis e modalidades de educação, cujas demandas se vêm
fazendo notar em âmbito local verifica-se que as dificuldades para o seu atendimento são
muitas. No caso específico, da formação de professores, no tocante à realidade da Educação
Profissional, cabe destacar que estes níveis e modalidades se apresentam ainda mais
  8

desafiadores para os municípios, uma vez que não se encontram amparados por políticas
públicas específicas de financiamento, de abrangência nacional, estando fortemente
dependentes de programas e projetos pontuais, indefinições quanto a regularidade, qualidade
e volume de recursos destinados à sua oferta (SOUZA & FARIA, 2003 apud SOUZA,
RAMOS e DELUIZ, 2007).

3. Principais Considerações sobre o Estudo de Desenvolvimento Econômico da Zona


Oeste do Município do Rio de Janeiro

A análise do documento, auxiliada pelo levantamento de dados realizados, permitiu a


conclusão de informações relevantes, que serviram de subsídios para a avaliação das ações
educacionais que estão sendo desenvolvidas no presente momento e para aquelas que se
pretende desenvolver na região em estudo. Em relação às ações em desenvolvimento, torna-se
fundamental verificar se os resultados que hoje se apresentam atendem às demandas e
necessidades da zona oeste do RJ, relacionadas no estudo a que o título se refere.

O estudo realizado aponta a expansão industrial na Zona Oeste da cidade, com a instalação de
importantes indústrias, fato que propiciou considerável crescimento imobiliário na região.
Dentre os fatores facilitadores dessa expansão industrial foram citados a infra-estrutura e a
disponibilidade de terrenos adequados à instalação de complexos industriais.

Dados estratégicos, do ponto de vista econômico e social e que merecem destaque são:

• as atividades econômicas com atuação mais expressiva na região, em termos de


estabelecimentos e oferta de empregos formais, como: comércio varejista, ocupando o
primeiro lugar nas quatro regiões administrativas estudadas (Bangu, Realengo, Campo
Grande e Santa Cruz); serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção;
comércio e administração de imóveis; indústria de transformação (alimentos e
bebidas);
• as atividades industriais com maior expressão econômica são as representadas pelos
seguintes setores: alimentos e bebidas; metalurgia; química; papel, papelão, editorial e
gráfica;
• os setores da indústria de transformação com maior participação na economia da
região são: minerais não-metálicos; alimentos e bebidas; madeira, mobiliário e
metalurgia;
• quando se compara a região estudada com todo o município do Rio de Janeiro,
verifica-se a pequena expressão econômica, tanto em relação ao percentual de
estabelecimentos quanto ao percentual de empregos formais;
• na região estudada predominam os estabelecimentos de micro e pequeno porte; em
relação aos estabelecimentos de maior porte, sua representatividade é menor do que no
restante do município;
• os grandes estabelecimentos da região geram, em média, menos emprego que os
grandes estabelecimentos do município;
• o aspecto de qualificação dos empregados está bem distante do ideal, pois a maioria
encontra-se na faixa de ensino fundamental completo e ensino médio incompleto; a
porcentagem de empregados com nível superior é baixa, sendo quase inexpressiva a
  9

parcela com curso de pós-graduação;


• no que tange ao aspecto salarial, os dados indicam 72% de trabalhadores com ganhos
entre 1 e 3 salários mínimos, e apenas 3% ganham mais de 10 salários mínimos. Esses
percentuais ficam bem abaixo do restante do município;
• a região estudada apresenta uma população mais jovem empregada formalmente, em
relação ao município do Rio de Janeiro, mas os perfis de qualificação e remuneração
são mais baixos;
• em relação às atividades industriais, destacam-se: couros, peles e assemelhados;
metalurgia; bebidas; velas, sabões e produtos para limpeza; atividade têxtil e atividade
mecânica, que se apresentam com distribuição diferenciada nas quatro regiões
administrativas;
• os indicadores de desenvolvimento social indicam situação pior do que o restante do
município do Rio de Janeiro, sendo a melhor situação a da região de Realengo e a
mais crítica a da região de Santa Cruz;
• a qualificação da mão-de-obra empregada mostra-se inferior à do município do Rio de
Janeiro, apesar da existência de muitas instituições de ensino formais e de ensino
profissional;
• dentre os problemas mais freqüentes na região, apontados por empresários e pela
população em geral, destaca-se o problema da segurança. Para a população, os
problemas mais citados relacionam-se com transporte/trânsito, saneamento/limpeza e
mobiliário urbano. Para os empresários foram mais importantes os problemas ligados
à atividade econômica, estrutura comercial e estacionamento;
• outro problema, também destacado pela população é a precariedade dos serviços
públicos, especialmente na área de saúde.

Cabe ressaltar a necessidade de considerar os Arranjos Produtivos Locais como canal para
alavancar o desenvolvimento econômico da região, inserindo ações educacionais pertinentes
com vistas à eficácia e eficiência na formação do cidadão, como sujeito integrante do mundo
do trabalho.

O conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL), que tem recebido grande destaque nos dias
atuais, é antigo em termos de atividade produtiva. Corresponde a aglomerações de empresas,
localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm
vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores
locais, tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito e ensino e
pesquisa.

A promoção de APLs requer o comprometimento das empresas e de entidades locais e


regionais, de modo que os diversos segmentos relacionados a uma mesma atividade possam
participar das estratégias que visam ao atendimento a esses arranjos e possibilitem o
desenvolvimento da região com base no atendimento à economia local.
  10

4. Estudo Preliminar sobre os Cursos Técnicos de Nível Médio e os Cursos de Nível


Superior Oferecidos na Região Oeste do Município do Rio de Janeiro e sua Relação com
Contexto Econômico Local

O levantamento das unidades de ensino na região da zona Oeste do Rio de Janeiro foi
realizado, relacionando-se as escolas técnicas, públicas e particulares, e as instituições de
ensino superior, por região administrativa. O objetivo foi investigar os cursos oferecidos por
essas unidades e sua relação com as atividades econômicas, apontadas na pesquisa sobre o
desenvolvimento econômico da região, bem como sua vinculação com o setor industrial. Os
dados colhidos e apresentados correspondem a um universo de 90% a 95 % das instituições
de ensino técnico e ensino superior presentes na região.

A metodologia empregada, para levantamento dos cursos ofertados foi informal, através do
acesso a internet e por meio de entrevistas telefônicas.

Como o propósito do trabalho é apenas investigar os cursos técnicos de nível médio e os


cursos de nível superior oferecidos nas quatro regiões administrativas o nome das instituições
não foi divulgado.

4.1. Cursos Técnicos de Nível Médio

As tabelas1, 2, 3 e 4 apresentam a relação dos cursos técnicos ofertados, por região


administrativa, e a natureza da instituição de ensino (pública ou privada).
  11

Tabela 1 – Cursos Técnicos oferecidos na Região Administrativa de Realengo

Curso Técnico Natureza da


Instituição
Contabilidade
Gerência em Saúde
Análises Clínicas
Eletrônica
Eletrotécnica
Eletromecânica
Mecânica
Informática Pública

Comércio
Administração
Enfermagem
Radiologia
Enfermagem
Logística (com ênfase em transportes) Privada

Transporte Rodoviário
Total de Cursos - 15
  12

Tabela 2 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Bangu


 

Curso Técnico Natureza da


Instituição
Radiologia
Informática
Informática para Internet
Enfermagem Privada
Mecânica
Eletrônica
Eletrotécnica
Administração
Contabilidade Pública
Análises Clínicas
Total de cursos - 10
  13

Tabela 3 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Campo Grande

Curso Técnico Natureza da


Instituição
Enfermagem
Nutrição
Fisioterapia
Radiologia
Análises Clínicas
Segurança do Trabalho
Eletrônica Privada

Eletrotécnica
Informática
Telecomunicações
Montagem e Manutenção de
Microcomputadores
Administração
Contabilidade Pública
Edificações
Total de cursos - 14
  14

Tabela 4 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Santa Cruz

Curso Técnico Natureza da


Instituição
Enfermagem
Informática
Eletromecânica Pública
Segurança do Trabalho
Mecânica
Eletrotécnica Privada
Total de cursos - 6

Os cursos técnicos oferecidos, conforme Resolução CNE 03/08, devem ter sua nomenclatura
em acordo com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos do Ministério da Educação (MEC),
que congrega os cursos técnicos por eixos tecnológicos, considerando seu perfil de formação.
A tabela 5, que apresenta os cursos técnicos por Eixo Tecnológico, mostra os percentuais de
freqüência de cada curso, na região, em relação ao total de cursos relacionados.
  15

Tabela 5 - Relação dos Eixos Tecnológicos e Porcentagem de Oferta dos Cursos Técnicos
na Região Oeste do Município do Rio de Janeiro

Percentual de
Curso Técnico Eixo Tecnológico Frequência (%)
Administração 14,2
Contabilidade Gestão e Negócios 19,0
Comércio (42,6%) 4,7
Logística 4,7
Análises Clínicas 14,2
Enfermagem 38,0
Nutrição Ambiente, Saúde e 4,7
Gerência em Saúde Segurança 4,7
Fisioterapia (*) (99,5%) 4,7
Radiologia 19,0
Segurança do Trabalho 14,2
Eletrônica 14,2
Controle e Processos
Eletrotécnica 19,0
Industriais
Eletromecânica 4,7
(52,1%)
Mecânica 14,2
Informática 19,0
Informática para
Informação e
Internet 4,7
Comunicação
Telecomunicações 4,7
(33,1%)
Manutenção e Suporte
em Informática 4,7
Edificações Infra-estrutura 4,7
Transporte Rodoviário (9,4%) 4,7

(*) O nome Técnico em Fisioterapia não está contemplado no Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos.

Quando se avalia os cursos oferecidos, verifica-se uma forte predominância de cursos de


saúde. No entanto, quando se analisa a relação de problemas indicados pela população da
região estudada, verifica-se que um dos itens mencionados é a questão da baixa oferta de
serviços públicos na área de saúde, que não atendem à demanda da população. Pode-se
  16

inferir, portanto, que, no que tange aos cargos ocupados por profissionais técnicos de nível
médio, os cursos oferecidos poderiam contribuir para minorar o problema em termos de
ampliação de qualificação dos profissionais, ainda que a questão demande políticas públicas
de ampliação e otimização da rede de atendimento (hospitais e postos de saúde).

Em relação aos cursos de saúde, nota-se a ausência de Curso Técnico em Farmácia, que
contribuiria para a formação de mão de obra qualificada para atuação nas indústrias
farmacêuticas da região, bem como nas indústrias de cosméticos.

A oferta de cursos vinculados ao setor industrial é inferior à verificada para a área de saúde,
inclusive com menor variedade de cursos, verificando-se os mesmos cursos em diferentes
regiões administrativas. Tais cursos não contemplam todas as áreas industriais,
principalmente o setor da indústria de transformação. De acordo com o Catálogo Nacional de
Cursos Técnicos, outros cursos, tais como: Técnico em Química, Técnico em Plásticos,
Técnico em Mecânica, Técnico em Metalurgia e Técnico em Siderurgia, poderiam ser
oferecidos, de modo a atender as expectativas do setor industrial.

O eixo tecnológico Informação e Comunicação está contemplado através da oferta de cursos


técnicos de Informática e de Telecomunicações, com predomínio de cursos da primeira área.

Em relação aos cursos que poderiam atender à questão do transporte/trânsito na região,


registram-se Técnico em Transporte Rodoviário e Técnico em Logística (com ênfase em
transporte), cuja oferta poderia ser ampliada. Considerando a construção do Arco Rodoviário,
outros cursos poderiam ser oferecidos e atender às novas demandas que surgirão, além de
colaborar para o problema do transporte/trânsito levantado pela população. Dentre os cursos,
definidos pelo Catálogo Nacional, podem ser citados o Técnico em Trânsito e o Técnico em
Transporte Ferroviário.

Considerando, ainda, a construção do Arco Rodoviário, pode ser discutida a ausência de


cursos técnicos vinculados ao setor da construção civil. Na região apenas observa-se um
curso, o Técnico em Edificações, o qual poderia ter sua oferta bastante aumentada. Outros
cursos possíveis são Técnico em Desenho de Construção Civil, Técnico em Estradas e
Técnico em Geoprocessamento.

Quando se confronta os cursos oferecidos com os dados obtidos pela pesquisa sobre o
desenvolvimento econômico da zona oeste, verifica-se que, em sua imensa maioria, não
correspondem às atividades mais expressivas e pouco contribuem para ampliar a mão de obra
a ser inserida nas indústrias e em outros setores com carência de pessoal. Uma importante
exceção é o curso Técnico em Segurança do Trabalho, com relativa freqüência na região, que
se apresenta importante para o atendimento às demandas apresentadas, pois o profissional
formado pode atuar em todos os tipos de atividades, tanto na indústria como na área de
serviços.

O setor de serviços, como comércio, comércio varejista e administração de imóveis, bem


como os serviços de alojamento não estão contemplados, pois há pouca ou nenhuma oferta de
cursos técnicos vinculados a essas atividades, tais como: Técnico em Comércio, Técnico em
Vendas, Técnico em Logística e Técnico em Hospedagem. Os cursos técnicos em
Administração e Contabilidade, que estão presentes em três das quatro regiões
administrativas, devem ser avaliados quanto à eficácia em atender à demanda de atividades na
área. Além de atender a essas demandas, os cursos em questão contribuiriam para elevar o
  17

nível de qualificação dos profissionais inseridos no mercado.

Uma análise puramente técnica dos cursos oferecidos sugere que não houve uma preocupação
inicial com o atendimento aos Arranjos Produtivos Locais, e nem uma relação mais direta
com o parque industrial já instalado. No entanto, essas conclusões devem ser sustentadas por
um trabalho de pesquisa mais profundo, com a preocupação de investigar a época de criação
dos cursos e os fatores que nortearam suas escolhas.

No momento atual há uma forte tendência em selecionar cursos de educação profissional de


qualificação ou de habilitação técnica que atendam aos Arranjos Produtivos Locais. Portanto,
as novas ofertas de cursos técnicos visam contemplar o atendimento às economias regionais.

Outro dado importante a ser considerado, é a diferença no número de instituições públicas e


particulares que oferecem ensino profissional técnico de nível médio, nas quatro regiões
administrativas. Assim, na região de Realengo, onde há maior variedade de cursos, o
predomínio é de instituições públicas. Em Bangu e Campo Grande, há maior quantidade de
instituições privadas. Na região de Santa Cruz, onde a quantidade e variedade de cursos
técnicos são inferiores às demais, não há diferença significativa entre os dois tipos de
instituição de ensino. Quando analisado o quantitativo total de cursos técnicos e o número de
instituições públicas e privadas que oferecem os cursos relacionados, considerando as quatro
regiões administrativas, verifica-se uma diferença percentual, com predomínio das
instituições privadas. A tabela 6 registra essa diferença percentual.

Tabela 6 – Diferença Percentual entre o Total de Cursos Técnicos Oferecidos por


Instituições Públicas e Instituições Privadas, Considerando as Quatro Regiões
Administrativas

Instituições Públicas Instituições Privadas


(% de Oferta) (% de Oferta)
42,0 57,0

Na opinião de Souza, Ramos e Deluiz (2007), uma condição que colabora para a expansão do
setor privado, no que concerne ao atendimento à educação profissional nos municípios, é a
tímida cooperação entre a União e os Estados, através de um Regime de Colaboração. Os
autores postulam, ainda, que a produção científica neste campo se mostra incipiente, fato que
dificulta a compreensão da identidade da Educação Profissional no âmbito dos sistemas
educacionais, particularmente municipal. É fato que, no caso particular dos cursos técnicos de
nível médio, as instituições públicas ofertantes são estaduais ou federais.

4.2. Cursos de Nível Superior

O panorama da Educação Profissional de Nível Superior mostra-se diferenciado, com um


elenco maior e mais diversificado de cursos. Todavia, também, neste caso, não se verifica
uma relação direta com as atividades econômicas locais.
  18

As tabelas 7, 8, 9 e 10 apresentam os cursos de nível superior oferecidos em cada região


administrativa e a natureza da instituição ofertante, se pública ou privada.

Tabela 7 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Realengo


 

Natureza da
Curso Instituição
Direito
Informática
Pedagogia
Odontologia
Fisioterapia
Turismo
Administração
Ciências Biológicas
Ciências Contábeis
Biomedicina
Educação Física
Enfermagem
Veterinária
Privada
Nutrição
Terapia Ocupacional
Matemática
Sistemas de Informação
Geografia
História
Letras – Português/Espanhol
Letras – Português/Inglês
Comunicação Social
(Jornalismo)
Comunicação Social
(Propaganda e Publicidade)
Serviço Social
Total de cursos - 24
  19

Tabela 8 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Bangu


 

Natureza da
Curso Instituição
Direito
Tecnologia e Processamento
de Dados
Pedagogia
Administração Privada
Ciências Contábeis
Geografia
História
Letras
Total de cursos – 8

Tabela 9 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Santa Cruz

Natureza da
Curso Instituição
Matemática
Turismo
Administração Privada
Ciências Contábeis
Letras
Total de cursos – 5
  20

Tabela 10 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Campo


Grande

Natureza da
Curso Instituição
Direito
Fonaudiologia
Pedagogia .
Logística
Fisioterapia
Serviço Social
Administração
Ciências Biológicas
Ciências Contábeis
Estética
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Nutrição
Ciências Sociais
Matemática
Sistemas de Informação Privada
Geografia
História
Letras – Português/Inglês
Letras – Português/Literatura
Comunicação Social
(Jornalismo)
Comunicação Social
(Propaganda e Publicidade)
Serviço Social

Ciências Biológicas
Ciências da Computação
Engenharia de Produção
Farmácia
Biotecnologia
Gestão em Tecnologia
da Informação Pública
Gestão em Construção Naval e
Offshore
Produção de Fármacos
Produção de Polímeros
Produção Siderúrgica
Total de cursos - 35
  21

A análise das tabelas acima permite a inferência de dados importantes, que podem corroborar
com as informações presentes no estudo sobre desenvolvimento da zona Oeste. Realengo e
Campo Grande concentram a maior quantidade de instituições de nível superior, havendo
predominância de cursos de saúde e os vinculados às carreiras do magistério. Em
contrapartida, como verificado em relação aos cursos técnicos, Santa Cruz é a região com
menor oferta de cursos superiores.

Em relação aos cursos de saúde, a mesma discussão para os cursos técnicos vale para os
cursos superiores. Há instituições de ensino formando profissionais da área de saúde que
poderiam atender à demanda da região, mas há necessidade de políticas públicas para a
promoção de ações, que permitam a inserção local da mão de obra egressa de tais cursos.

Os cursos superiores que atendem ao setor de serviços - Administração e Ciências Contábeis


– estão presentes em todas as 4 regiões, com percentual de oferecimento em torno de 10%.
Nesse caso, também é pertinente a oferta de outros cursos, mais recentes em termos de oferta,
que atendam ao setor de serviços, tais como Logística, Finanças, Comércio Exterior, Vendas,
dentre outros.

Os cursos vinculados ao setor de transportes, um dos problemas relacionados pela população


local, não estão contemplados na oferta analisada. O desenvolvimento do setor de transportes
é essencial ao desenvolvimento de qualquer região, principalmente, quando há necessidade de
atendimento a um parque industrial já instalado. O investimento nessa área pode ter forte
contribuição das instituições de ensino.

No caso específico dos cursos superiores verifica-se que a oferta vinculada ao setor industrial
é reduzida e pouco variada, não atendendo a todas as demandas, principalmente no que tange
à indústria de transformação. Apenas uma instituição, criada mais recentemente, oferece
cursos que têm maior relação com o contexto econômico industrial, tais como Produção em
Siderurgia, Polímeros, Gestão da Construção Naval e Offshore, Produção de Fármacos,
Biotecnologia e Sistemas de Informação. Para contribuir com a expansão do Parque
Industrial da Zona Oeste é fundamental que as instituições de ensino repensem seus cursos e
contemplem as áreas de plásticos, siderurgia, metalurgia, automação e instrumentação.
  22

Tabela 11 - Porcentagem de Oferta dos Cursos Superiores na Região Oeste do


Município do Rio de Janeiro

Curso Área/Setor/Eixo % de Oferta


Administração 10,2
Ciências Contábeis 10,2
Serviços/Gestão e Negócios
Logística 2,5
Gestão Portuária 2,5
Comunicação Social
(Jornalismo) 5,1
Comunicação e Informação
Comunicação Social
(Propaganda e Publicidade) 5,1
Direito 7,6
Serviço Social Humanas 5,1
Ciências Sociais 2,5
Sistemas de Informação 5,1
Tecnologia e Processamento
de Dados Informática 2,5
Gestão em Tecnologia da
Informação 2,5
Pedagogia 7,6
Educação Física 5,1
Matemática 7,6
Ensino (magistério)
Geografia 7,6
História 7,6
Letras 10,2
Fonoaudiologia 2,5
Fisioterapia 5,1
Ciências Biológicas 5,1
Nutrição 5,1
Enfermagem 5,1
Farmácia 5,1
Estética 2,5
Terapia Ocupacional Saúde 2,5
Biomedicina 2,5
Biotecnologia 2,5
Veterinária 2,5
Odontologia 2,5
Turismo Hospitalidade e Lazer 5,1
Gestão e Produção
Naval e Offshore 2,5
Produção de Fármacos Indústria 2,5
Produção de Polímeros 2,5
Produção Siderúrgica 2,5
  23

Outro dado que chama atenção é a grande prevalência de instituições de ensino privadas
oferecendo cursos superiores, e a baixíssima presença das instituições públicas. Esse dado
poderia contribuir para explicar, em parte, o pequeno percentual de trabalhadores com ensino
superior, como apontado no estudo. A tabela 12 registra essa diferença percentual.

Tabela 12 - Diferença Percentual entre o Total de Cursos de Nível Superior Oferecidos


por Instituições Públicas e Instituições Privadas, Considerando as Quatro Regiões
Administrativas

Instituições Públicas Instituições Privadas


(% de Oferta) (% de Oferta)
25 % 75%

5. Contribuição da Educação Profissional á Expansão do Desenvolvimento Industrial e


ao Desenvolvimento do Pólo Metalmecânico na Região Oeste do Município do Rio de
Janeiro

Na opinião do Vice Governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, em entrevista


descrita na Publicação do Núcleo Inox 2 (no 28, 2008), são condições favoráveis à instalação
de um pólo metalmecânico, com ênfase em aço inoxidável, na região Oeste do Município do
Rio de Janeiro, o fato de ser importante produtor de minério de ferro, a disponibilidade de
espaço de infra-estrutura e a proximidade com os produtores.

Outro fator que contribuirá decisivamente para o desenvolvimento da zona Oeste é a


construção do Arco Metropolitano, cujos objetivos principais são: dar vazão ao grande fluxo
de cargas pesadas dessas regiões, desafogar as principais vias da região metropolitana, como a
Avenida Brasil e a Ponte Rio Niterói, além de facilitar o escoamento de produtos do Porto de
Itaguaí, do Complexo Petroquímico de Itaboraí, e do Pólo Metalmecânico da Zona Oeste,
dentre outros.

Pesquisa realizada pela FIRJAN, em parceria com o SEBRAE-RJ e a FGV, revela


perspectivas otimistas e refletem a percepção de que o país pode entrar em um novo ciclo de
desenvolvimento sustentado, com índice de aumento das oportunidades de mercado de
trabalho de 80% em áreas profissionais da indústria.

O segmento representado pelas profissões de técnico de nível médio está em crescimento,


com boas perspectivas de aumento das oportunidades de trabalho nas empresas industriais
brasileiras. Dentre estas profissões, as que se destacam em possibilidades de crescimento são:
os técnicos de produção, conservação e de qualidade de alimentos (Técnico em Alimentos);
técnicos para a produção em indústrias químicas (Técnico em Química, Técnico em Análises
Químicas, Técnico em Automação), petroquímicas, refino de petróleo, gás e afins (Técnico
em Petróleo e Gás, Técnico em Biocombustíveis); técnicos em fabricação de produtos

                                                            
2
Publicação do Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço Inoxidável (Núcleo Inox). 
  24

plásticos e de borracha (Técnico em Plásticos), técnicos florestais (Técnico em Florestas),


técnicos em manipulação farmacêutica (Técnico em Farmácia). É pertinente ressaltar que
muitas profissões acima descritas estão em pleno desenvolvimento na Zona Oeste, como as
indústrias de bebidas, alimentos, química, farmacêutica e metalurgia.

Em função das boas perspectivas e da grande demanda por mão- de- obra qualificada, a
Educação Profissional, tem recebido grande atenção nos últimos anos. O governo federal,
através de programas que vinculam o desenvolvimento social e econômico das diferentes
regiões do país com cursos de ensino profissional, busca incentivar a sua expansão
principalmente através do aumento da oferta de cursos técnicos de nível médio, que atendam
aos Arranjos Produtivos Locais e Regionais. O Programa Federal, que visa à expansão da
Educação Profissional Técnica de Nível Médio, denominado Brasil Profissionalizado, tem
como metas a assistência financeira e técnica para a criação de novas unidades educacionais,
bem como a reforma ou expansão das Escolas Técnicas que já existem. O programa, que tem
como um dos objetivos o fortalecimento da base científica do Ensino Médio, contempla a
existência e a funcionalidade de laboratórios tecnológicos recomendados no Catálogo
Nacional de Cursos Técnicos e laboratórios de base científica, específicos para os seguintes
componentes curriculares: Física, Química, Biologia, Matemática e Informática.

No Rio de Janeiro, a expansão do ensino profissional tem sido realizada pela Secretaria de
Ciência e Tecnologia, através de cursos de qualificação e de cursos técnicos, por meio da
criação dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT), Escolas Técnicas com foco
direcionado para o atendimento às vocações econômicas locais e regionais. Dentre os CVT já
implantados, destacam-se aqueles que oferecem cursos que atendem à demanda da construção
civil, situados na Baixada Fluminense (Caxias e São João de Meriti), regiões onde há grande
carência desses profissionais. O município de Resende também foi contemplado com um
CVT em construção civil, que formará mão-de-obra para atender às demandas da Votorantim
e de outras empresas que estão investindo e realizando obras na região.

O setor automotivo foi atendido com a implantação de dois Centros Vocacionais


Tecnológicos, em Quintino e Santa Cruz. que oferecem cursos de Formação Inicial e
Continuada, em Mecânica Automotiva, Mecânica Diesel, Injeção Eletrônica e GNV e outros.

O Município de Bom Jardim, na região Serrana do Estado Rio de Janeiro, que se destaca
como importante pólo de confecções de moda íntima será atendido com uma unidade de CVT
que oferecerá cursos para atender a essa vocação. Outro Centro Vocacional, vinculado ao
setor de confecções e moda, foi recentemente inaugurado no Município de Caxias.

A Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC) apresenta, na região de Santa Cruz, além
do CVT Santa Cruz (acima referido), uma Escola Técnica oferecendo cursos técnicos de nível
médio em Segurança do Trabalho, Eletromecânica, Enfermagem e Informática. No mesmo
espaço, existe um Centro de Educação Tecnológica e Profissionalizante (CETEP) oferecendo
cursos de Formação Inicial e Continuada em diversas áreas. Com a implantação e
desenvolvimento do Pólo Metalmecânico e do Parque Industrial, instalado e em expansão, o
objetivo é ampliar a oferta de cursos técnicos e de qualificação, que atendam a essas novas
demanda profissionais. O CVT Santa Cruz, com instalações e equipamentos que atendem ao
setor automotivo, uma vez atendida essa demanda, pode orientar-se para o atendimento a
outras propostas vocacionais. Na verdade, essa é a filosofia dos Centros Vocacionais
Tecnológicos.
  25

Diante do desafio das transformações na organização do trabalho, num cenário de mudanças


nas formas de produção, em busca de incrementos de produtividade e de qualidade, as
instituições de formação profissional vivem profundas incertezas que, em inúmeros casos,
restringem o seu potencial de previsão e reação. Na melhor das hipóteses, tais instituições
limitam-se à formação de profissionais qualificados para postos de trabalho em função das
necessidades detectadas no mercado. Entretanto, o momento atual requer que se considere
com mais profundidade as bases que sustentam as ações de formação profissional
propriamente dita, numa reflexão atenta à complexidade das relações entre formação e
trabalho, considerando as constantes transformações e a flexibilidade exigida pelo mundo do
trabalho. As principais características referentes às qualificações deste novo tipo de
trabalhador podem ser resumidas através dos seguintes pontos:

• Propensão à aprendizagem e à constante atualização (ou requalificação);


• Capacidade de leitura, escrita e interpretação;
• Capacidade de julgamento, diagnóstico, dedução e tomada de decisões;
• Adaptabilidade a mudanças periódicas tanto das funções como do local de trabalho.

O novo perfil exigido do trabalhador requer, sobretudo, que a formação profissional extrapole
os conhecimentos específicos de uma determinada ocupação, adaptando suas ações educativas
às mudanças ocorridas no mundo do trabalho. A formação polivalente é, neste sentido, a
proposta mais adequada à capacitação de recursos humanos num contexto de transformação
da organização do trabalho. Além de atentar para as competências técnico-operacionais, ela
privilegia o desenvolvimento das competências cognitivas e sócio-comunicativas.

Numa visão mais restrita, o conceito de polivalência pode ser entendido como a formação que
capacita para diferentes postos de trabalho, permitindo ao trabalhador uma mobilidade
ocupacional. Tal formação não forneceria o conhecimento-base que norteia a sua prática, mas
apenas capacitaria o trabalhador para utilizar diferentes e complexos instrumentos.

6. Considerações Finais

Qualquer projeto que tenha como tarefa a formação profissional não deve perder de vista os
novos paradigmas, e deve assumir uma visão prospectiva, com base na constatação de uma
tendência que é mundial: a incorporação das tecnologias inovadoras, o estímulo à
flexibilização da produção e das relações laborais e a interação entre os setores. O perfil
profissional que se define e se difunde no novo contexto econômico atrela-se aos requisitos de
produtividade, qualidade e competitividade das cadeias produtivas.

Em uma visão mais objetiva, com o foco vinculado ao setor industrial da zona Oeste do
município do Rio de Janeiro, particularmente, em relação à formação de mão–de–obra
qualificada para a inserção nas indústrias de transformação e do pólo metalmecânico, as ações
propostas podem orientar-se para as seguintes estratégias:

• Estabelecimento de parcerias com as indústrias locais com o objetivo de fundamentar


projetos educacionais que considerem as necessidades definidas por tais parcerias;
• Abertura de campo de estágio nas referidas indústrias para a prática profissional dos
estudantes dos cursos técnicos de nível médio e dos cursos superiores, que já são
  26

oferecidos e para novos cursos a serem implementados;


• Aumento da oferta de trabalho, através da inserção dos egressos nas indústrias locais
após o término dos seus cursos.

Urge, portanto, investir no que aparece como promissor nas novas relações de trabalho,
formando profissionais mais qualificados a enfrentar as contradições do próprio paradigma. O
compromisso da educação, visando à construção da cidadania por meio da produção do
conhecimento, do fomento das idéias, da formulação de soluções sociais inovadoras e da
formação de quadros profissionais de qualidade, colocados ao serviço da sociedade,
contribuirá decisivamente para o avanço social e econômico da Região.

Referências Bibliográficas

BRASIL, MEC. Lei 9394 de Diretrizes e Bases da Educação. Brasília: 1996.

BRASIL, MEC. Políticas Públicas para a Educação Profissional e Tecnológica. Brasília:


2004.

BRASIL, Governo do Estado do Rio de Janeiro. Subsídios para uma Política de Educação
Profissional e Tecnológica para o Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.

BRASIL, MEC. Ensino Médio Integrado à Educação Profissional: Integrar para quê? Brasília:
Secretaria de Educação Básica, 2006.

BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conferência Nacional de


Educação Profissional e Tecnológica, Brasília 2007.

CUNHA, A.M. de O.; FIRMO, C.A.B. A Educação Profissional no Contexto da Reforma


Educacional dos anos 90. B.Téc. SENAC, Rio de Janeiro, v.32, no 1, jan./abr. 2006.

GIL, A. C. Didática do Ensino Superior. Ed. Atlas: São Paulo, 2006.

INOX. Publicação do Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço Inoxidável


(Nucleo Inox), no 28, jan./mar. 2008.

SOUZA, D.B., RAMOS, M.N., DELUIZ, N. Cobertura Municipal da Educação Profissional


via regime de colaboração: uma prática possível? Ensaio: avaliação em Políticas Públicas e
Educação. Rio de Janeiro, v. 15, no 54, p.p 29-52, jan./mar. 2007.

Legislação Consultada:

Lei no 9394 de 20 de Dezembro de 1996.

Decreto no 2208 de 17 de Abril de 1997.

Decreto no 5154 de 23 de Julho de 2004.

Lei no 11.741 de 16 julho 2008.


Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno

Questões de Governança: Alternativas para Criar uma Câmara de


Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro

(Versão Final)

Projeto FAPERJ no E-26/110.644/2007

Gerardo Silva (LABTeC/UFRJ)


Giuseppe Cocco (LABTec/UFRJ)

Junho/2009
2

ÍNDICE

1. Introdução............................................................................................................................. 3
2. Porque não considerar a alternativa de constituir uma Câmara de Desenvolvimento
da Zona Oeste do Rio de Janeiro? ........................................................................................ 13
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 20

ÍNDICE DE MAPAS E TABELAS

Tabela 1 – População da Zona Oeste do Rio de Janeiro por região administrativa (RA), anos
2000 e 2008, e densidade populacional em 2008....................................................................... 3
Mapa 1 – Projeto do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro ..................................................... 6
Mapa 2 – Disponibilidade de terras para ocupação industrial vinculadas ao projeto Arco
Metropolitano do Rio de Janeiro................................................................................................ 7
Mapa 3 – Plano de acessibilidade e mobilidade urbana – Santa Cruz ....................................... 1
3

1. Introdução

Como ficou demonstrado na recente contenda eleitoral pela prefeitura municipal de Rio de
Janeiro, a Zona Oeste (incluindo Barra da Tijuca e Jacarepaguá), com 1,5 milhões de
eleitores, que representam 34,45% do total, foi decisiva. Nessa região, Fernando Gabeira
conseguiu, no final, pouco mais de 500 mil votos, enquanto Eduardo Paes obteve 673 mil.
Essa diferença acabou definindo a eleição em favor deste último. Essa força eleitoral não se
traduz, entretanto, em desenvolvimento e qualidade de vida para seus moradores, em
particular nas regiões administrativas de Santa Cruz, Campo Grande, Bangu e Realengo – que
identificamos, para os fins desse trabalho, como a Zona Oeste do Rio de Janeiro (ZORJ).
Como veremos a seguir, é extremamente importante encontrar alguma forma de organização
institucional local que possa ajudar a reverter esse quadro.

De acordo com a Tabela 1, no ano de 2008 estimava-se a população da ZORJ em 1.615.801


habitantes, a maior parte concentrada nos distritos de Campo Grande e Bangu. Já quando
considerada a densidade populacional, os índices maiores correspondem às RAs de Bangu e
Realengo, e os menores a Campo Grande e Santa Cruz. Considerando a densidade média
estimada da cidade em 5.212,4 hab/km2, podemos auferir uma baixa ocupação da ZORJ em
geral (com exceção de Bangu) e a existência de reserva de terras em Campo Grande e Santa
Cruz. De fato, a região é considerada a principal fronteira de expansão da cidade do Rio de
Janeiro.

Tabela 1 – População da Zona Oeste do Rio de Janeiro por região administrativa (RA),
anos 2000 e 2008, e densidade populacional em 2008

RA População População Crescimento Densidade


2000 2008 (i) 2000-2008 (hab./km2)
(%) 2008 (i)

Santa Cruz 311.289 349.293 12,20 2.128,5

Campo Grande 484.362 562.111 16,05 3.664,3

Bangu 420.503 440.564 4,77 6.497,9

Realengo 239.146 263.833 10,32 4.832,1


TOTAL 1.455.300 1.615.801 11,02 3.673,1
(i) Estimada.
Fonte: IPP/RJ, SEBRAE.

No que diz respeito às atividades econômicas, o relatório Desenvolvimento Econômico Local


da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno: diagnóstico sócio-econômico do local
(IE/UFRJ, 2008), destaca:
• uma predominância das atividades comerciais e de serviços com uma especialização
relativa na indústria, quando comparada com o município do Rio de Janeiro;
• analisando o número de estabelecimentos, destaca-se o setor de comércio varejista
com 45% dos 8.352 estabelecimentos localizados na região;
• o principal setor da indústria de transformação, em número de estabelecimentos, é a
indústria de alimentos e bebidas;
4

• predomínio dos estabelecimentos de micro e pequeno porte, 96% dos estabelecimentos


da região;
• os principais geradores de emprego são os estabelecimentos de médio e grande porte,
apesar de representarem apenas 4% do número total de estabelecimentos;
• os setores mais representativos na geração de empregos, considerando sua participação
relativa no conjunto de atividades econômicas da metrópole do Rio de Janeiro,
pertencem à indústria de transformação: metalurgia (27,5%); minerais não-metálicos
(19,2%); madeira e mobiliário (18,7%); alimentos e bebidas (15,3%); fumos, couro e
pele (12,9%); e papelão e gráfica (12,5%);
• trata-se, em geral, de empregados mais jovens do que os do município do Rio de
Janeiro, com menor grau de qualificação e remuneração inferior;
• o número total de empregos formais na região em 2006 era de 113.561 (que
corresponde, aproximadamente, a apenas 15% da população em idade
economicamente ativa da ZORJ em 2000).

Uma das principais características da ZORJ, com efeito, além da escassa representação do
emprego formal na região e da sua precariedade, deriva do fato de a maioria da população
trabalhadora se deslocar diariamente para outras regiões da cidade, principalmente para o
Centro e a Zona Sul. Existe também uma importante presença de trabalho informal nas áreas
comerciais de cada uma das RAs.

Quando considerados os indicadores de desenvolvimento social, o referido relatório do


Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno
destaca:
• em todas e cada uma das RAs, a renda per capita é inferior à média do município;
• em todas e cada uma das RAs, a distribuição de renda – medida pelo índice de Gini – é
pior do que no município;
• em todas e cada uma das RAs, a renda domiciliar per capita média do décimo mais
rico é inferior à média do município;
• em todas e cada uma das RAs, a renda domiciliar per capita média do primeiro quinto
mais pobre é inferior à média do município.

Observa-se, entretanto, que alguns indicadores (taxa de alfabetização, longevidade, esperança


de vida ao nascer) apresentam bons desempenhos quando comparados com os do município,
dependendo da RA. Santa Cruz é a exceção, posto que todos esses indicadores permanecem
inferiores – com destaque para a probabilidade de sobrevivência até os 40 anos, que é de
88,94%, contra a média de aproximadamente 92% para o restante das RAs e o município.

O caso de Santa Cruz é, no mínimo, bastante paradoxal. Considerado um dos piores IDH do
Rio de Janeiro (27º nas 33 RAs), concentra, no seu distrito industrial e áreas adjacentes, um
conjunto de médias e grandes empresas de alta produtividade e geração de riqueza: Gerdau-
Cosigua, Michelin, NUCLEP S/A, ECOLAB, Casa da Moeda do Brasil, Vale Sul Alumínio,
Sicpa, Transcor, entre outras. O professor Sinvaldo do Nascimento Souza, em ocasião do
lançamento da pedra fundamental da futura CSA, em setembro de 2006, descreve o processo
da seguinte forma:
5

“Na época colonial, Santa Cruz era conhecida como a ‘Jóia da Capitania’. Na
década de 1930 e durante os quinze anos do governo Getúlio Vargas, Santa
Cruz passou a ser referenciada como ‘Celeiro do Distrito Federal’. No primeiro
caso, em pleno século XVIII, no governo do vice-rei Marquês do Lavradio, ‘a
jóia’, que correspondia às terras e propriedades da extensa Fazenda Real de
Santa Cruz, quase foi privatizada. ‘O Celeiro do Distrito Federal’ é uma
referência à política agrícola empreendida pelo ministro Fernando Costa,
titular da pasta da Agricultura no governo Getúlio Vargas, de tornar Santa Cruz
um dos grandes celeiros do Rio de Janeiro. A partir de meados da década de
1960, os campos outrora ocupados pela lavoura e pecuária, passam a receber as
primeiras instalações industriais, como a Usina Termoelétrica de Furnas, a
Companhia Siderúrgica Nacional, do Grupo Gerdau e, mais tarde, a Valesul, a
Casa da Moeda, Latasa, Glassurit, Ecolab, entre outras. Em todos os casos
citados, a população de Santa Cruz permaneceu à margem do processo. Não
desfrutou de grandes vantagens. Os empregos prometidos, sobretudo os que
exigiam qualificação profissional, foram ocupados por moradores de outros
bairros e até de outros municípios. Basta ver os ônibus que ainda hoje,
ocupam os pátios de algumas das indústrias instaladas em Santa Cruz”
(www.portalitaguai.com.br/article1269.html, entrada 12/01/2009, 21:00,
destaque nosso).

O artigo do professor Sinvaldo, entretanto, tinha como objetivo colocar em relevo o


empreendimento da CSA, que transformará, de acordo com seu registro das palavras do
Secretário Estadual de Desenvolvimento Econômico Maurício Chacur, o Estado de Rio de
Janeiro no segundo maior pólo de produção de aço do país, e gerará “18 mil vagas de
emprego na fase da implantação, e outras 20 mil vagas diretas e indiretas, que surgirão a partir
da produtividade”. Desta forma, “a Companhia Siderúrgica do Atlântico estará contribuindo
para fomentar o desenvolvimento dos municípios vizinhos, como Itaguaí e Seropédica, além
de prometer empregos para a população da Zona Oeste”. E continua: “Ao contrário de outras
iniciativas do gênero, de empresas que se instalaram em Santa Cruz nas décadas de 1960 e
1970, sem qualquer preocupação com a qualificação da sua mão-de-obra a partir de
moradores da região, a Companhia Siderúrgica do Atlântico e o próprio governo do Estado do
Rio de Janeiro, estão prometendo o futuro também na formação profissional”.

A desconfiança de que isso venha de fato acontecer não se justifica apenas pela trajetória das
iniciativas do gênero nas décadas de 60 e 70. Em épocas mais recentes, a ampliação e
modernização do porto de Itaguaí foi justificada – em função dos investimentos públicos
previstos – em discursos e parâmetros similares: a) transformar o porto de Itaguaí no principal
porto concentrador da América Latina; b) colocar o Brasil no circuito dos navios gigantes das
rotas marítimas internacionais; c) promover o desenvolvimento do município de Itaguaí e
adjacências; e d) gerar emprego e renda para a população da zona oeste do Rio de Janeiro.
Uma década depois, nada disso aconteceu nem está prestes a acontecer. Pelo contrário, o
porto de Itaguaí foi integrado à cadeia logística de importação e exportação de commodities
da CSN, cuja lógica de operação territorial segue o mesmo padrão descrito anteriormente.

Como sabemos, o empreendimento da CSA na ZORJ é acompanhado de outros projetos


igualmente importantes, a saber: duplicação da COSIGUA (GERDAU), nova fábrica da
Michelin (MICHELIN), Fábrica de Garrafas (AmBev), Nova fábrica da ICEC (ICEC).
Simultaneamente, o governo do Estado, com apoio do governo federal, inicia o processo de
6

implementação do projeto Arco Metropolitano do Rio de Janeiro (Arco Metropolitano), uma


grande via de circulação – de 145 km de extensão – vinculando os municípios da região
metropolitana do Rio de Janeiro (ver mapa 1). O projeto também inclui uma obra de
ampliação de 22 km de conexão específica entre a Avenida Brasil em Santa Cruz, o porto de
Itaguaí e a BR-101 Sul Rio-Santos (segmento B). Ao todo, serão investidos U$ 380 milhões
ao longo de cinco anos (a previsão inicial era de que a obra estivesse concluída em 2012). A
obra foi incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e começou oficialmente
em 2008.

Mapa 1 – Projeto do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro

Os investimentos previstos para o Arco Metropolitano, entretanto, representam apenas 2,3%


do total, se forem contabilizados os investimentos privados vinculados ao projeto, que
poderão chegar a U$ 16 bilhões. Dentre esses últimos, destacam-se os correspondentes a:
PLANGAS, COMPERJ, Complexo Petroquímico Duque de Caxias, Porto de Itaguaí, CSA e
Gerdau-COSIGUA. Em conjunto, esses empreendimentos de grande porte oferecem amplo
sustento e justificativa para o projeto, independentemente da escolha do caminho a ser
trilhado para promover o desenvolvimento do Rio de Janeiro. Trata-se, ao nosso ver, da
escolha de uma agenda claramente desenvolvimentista em um contexto (ecológico,
econômico e cultural) que, apesar de seus problemas evidentes, possui comprovadas
qualificações (e vocações!) para a produção imaterial ou pós-fordista (cf. Cocco, 2000;
Lazzarato & Negri, 2001; Gorz, 2003).

O desenho do Arco Metropolitano leva em conta ainda duas questões estratégicas: a) a


solução de gargalos logísticos; b) a indução do crescimento industrial da região metropolitana
do Rio de Janeiro. No que se refere ao item a), trata-se de descongestionar uma parte
importante do sistema de transporte de cargas na cidade, hoje concentrado principalmente na
Avenida Brasil. Isto inclui um debate sobre a questão portuária, posto que boa parte do
congestionamento se deve à movimentação de cargas do porto do Rio – ainda o melhor
posicionado comercialmente para movimentação de cargas gerais de alto valor agregado. No
que diz respeito ao item b), como mostra o mapa 2, procura-se induzir a ocupação de glebas
disponíveis em torno do Arco Metropolitano, seja através das atividades industriais
7

vinculadas aos grandes empreendimentos (cadeia do plástico, cadeia do aço, cadeia da


química fina, etc.); seja por meio das vantagens logísticas geradas territorialmente – fala-se,
de fato, pela sua localização estratégica, dos municípios de Caxias e Nova Iguaçu, como
possíveis pólos logísticos da região sudeste do Brasil.

Mapa 2 – Disponibilidade de terras para ocupação industrial vinculadas ao projeto Arco


Metropolitano do Rio de Janeiro

Do conjunto de fatores indicados anteriormente, surge a necessidade de se realizar esforços no


sentido de posicionar os territórios nessa nova geometria espacial da região metropolitana. Há
vantagens evidentes em cada um dos municípios afetados, porém há também riscos. Quais são
as estratégias de sustentabilidade (ambiental, social, institucional) associadas a essas
oportunidades de desenvolvimento? Que tipo de atividades econômicas podem favorecer a
distribuição efetiva da riqueza gerada industrialmente, problema endêmico do país? Que tipo
de arranjos sociais, técnicos e institucionais podem fortalecer as aspirações democráticas
desses municípios? Qual a governança desses territórios metropolitanos, agora estreitamente
vinculados entre si por causa desses empreendimentos estruturantes? Essas e outras perguntas
do gênero, que ainda precisam ser debatidas amplamente, estão longe de constituir uma
preocupação central dos formuladores dos projetos.

A ZORJ é um dos territórios que deverá se posicionar. Nesse sentido, a Secretaria Municipal
de Urbanismo da Prefeitura de Rio de Janeiro (SMU), foi encarregada de elaborar uma
proposta tendo como premissas: a) os investimentos públicos e privados previstos para a
região; b) a (provável) realização das olimpíadas em 2016. Com relação aos impactos dos
investimentos públicos previstos para a região, a proposta considera:

-Revisão da ZR 6 em Santa Cruz, Sepetiba e Paciência. Trata-se de uma extensa área de uso
residencial que poderá absorver parte dos impactos de adensamento urbano no local. Propõe-
se, portanto, alterar os índices de ocupação e uso do solo (dessa área) para atender à nova
demanda induzida pelos novos empreendimentos.

-Plano de acessibilidade e mobilidade urbana – Santa Cruz. Foi desenvolvido um plano


estratégico bastante detalhado de acessibilidade e mobilidade urbana (mapa 3), de acordo com
os seguintes parâmetros: “A partir da área central de Santa Cruz, aplicou-se o conceito de
8

anéis concêntricos (coletores e arteriais) ordenadores da circulação viária e espacialmente


estruturantes, que juntamente ao trecho 6 do ‘Anel Viário Estrutural da Cidade do Rio de
Janeiro’ conduzirão o tráfego de passagem no contorno à área central, descongestionando a
malha viária nas áreas internas a esses anéis; liberando espaço viário para a mobilidade e
acessibilidade não motorizada (ciclovias e pedestres); interligando essas áreas à Área Central
de Santa Cruz e principais equipamentos e serviços urbanos, preservando dessa maneira, as
áreas ambientais residenciais do tráfego motorizado de passagem, para as quais deverão ser
avaliadas complementarmente, medidas de moderação de tráfego, compondo um sistema
sustentável de acessibilidade e mobilidade pautado nos conceitos e estratégias de
Gerenciamento da Mobilidade. [O Plano inclui a construção de um terminal rodo-
ferroviário]”.

Mapa 3 – Plano de acessibilidade e mobilidade urbana – Santa Cruz

-Projeto de Estruturação Urbana (PEU) Guaratiba. A região de Guaratiba é composta de um


conjunto de áreas de proteção ambiental submetidas a intensa pressão imobiliária. Acredita-se
que essa pressão deverá aumentar significativamente com a instalação dos novos
empreendimentos em Santa Cruz. Nesse sentido, outorga-se prioridade à elaboração do PEU
de Guaratiba, na tentativa de estabelecer parâmetros de ocupação ordenada e consistentes com
suas restrições ambientais.

-Revisão da ZE 7 Realengo. A Zona Especial 7 Realengo refere-se a áreas de uso militar que
estão sendo disponibilizadas, e inclusive comercializadas, para uso urbano. Por outra parte, a
autoridade militar da região já sinalizou que as unidades instaladas em Realengo serão
desativadas e transladadas para outros locais. Assim, será preciso revisar a condição de Zona
Especial que a legislação vigente estabelece para essas áreas.
9

No que diz respeito à (provável) realização das olimpíadas em 2016, a proposta considera o
“cluster Deodoro”, em Realengo, onde já foram realizados investimentos esportivos por
ocasião dos Jogos Panamericanos de 2007. O Círculo Militar Deodoro, com efeito, localizado
na Vila Militar, é uma área do Exército Brasileiro no Rio de Janeiro onde foram construídas
instalações permanentes relativas à prática de hipismo, tiro esportivo, tiro com arco e prática
de hóquei sobre grama.

No curto prazo, essas instalações serão aproveitadas para a realização das Olimpíadas
Militares de 2011, já confirmadas 1 . Também chamados “Jogos da Paz”, a última edição foi
realizada nas cidades indianas de Hyderabad e Bombain em 2007, mobilizando 4.571 atletas
de 71 países (em 2003, em Catânia, Itália, foram 6.000 atletas de 87 países). O investimento
estimado para o evento no Rio de Janeiro é de R$ 1,27 bilhões, a serem distribuídos na
adequação das infra-estruturas e dos equipamentos esportivos, na construção de uma (nova)
vila olímpica e no desenvolvimento de softwares de comando e interligação de sistemas
esportivos, de arbitragem, mídia, divulgação e homologação dos resultados. Parte da
justificativa do Governo para apoiar a realização dos jogos militares foi o quanto isto
posicionaria melhor o Rio de Janeiro de cara à candidatura para os jogos olímpicos 2016 2 .

Em termos institucionais, um dos elementos extremamente positivos da proposta da SMU é o


fato dela ter sido elaborada por um Grupo de Trabalho ad-hoc, com participação não apenas
das diferentes secretarias da Prefeitura, como também do governo do Estado, um tipo de
colaboração pouco freqüente entre diferentes departamentos e órgãos de governo:

“A primeira reunião específica do GT ocorreu em 16/05/2007. Foi estabelecido


um cronograma de reuniões semanais, na Coordenadoria Geral de
Planejamento Urbano da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU/CGPU),
com a participação constante de representantes dos órgãos participantes e o
estabelecimento de tarefas a serem desenvolvidas para as reuniões seguintes
(…). Complementarmente às reuniões semanais e aos eventos iniciais, foram
realizadas ainda outras atividades:
• Reuniões específicas sobre o Trecho 6 do Anel Viário na sede da Secretaria
Municipal de Transportes.
• Vistoria conjunta aos locais de intervenção em 05/07/2007 e de participantes
do GT, setorialmente, em outras datas.
• Reunião sobre a reativação do Ramal Ferroviário de Passageiros entre Santa
Cruz e Itaguaí com o Diretor de Engenharia da Central, Sr. Bento Lima, em
10/07/2007.

1
O Rio de Janeiro ganhou da cidade de Istambul, que realizou pesados investimentos para sustentar sua
candidatura. O Rio, porém, tinha a vantagem dos equipamenos já construidos para o PAN 2007.
2
O custo estimado do evento está sendo questionado pois, segundo informações divulgadas pela imprensa,
custará mais do que a conclusão do programa nuclear da Marinha (R$ 1,04 bilhão), considerado estratégico para
colocar o país no seleto grupo dos que dominam o ciclo do combustível nuclear. Ainda para efeitos de
comparação, o valor da olimpíada militar corresponde a três vezes o que o Brasil já pôs na missão de paz no
Haiti em quatro anos (R$ 431 milhões) e a um quarto do pacote de reaparelhamento da Força Aérea, o FX2,
estimado em R$ 4,5 bi. Contudo, o compromisso do Governo para facilitar esse montante investimentos se
mantém. Em 2008 foi autorizado crédito extraordinário de R$ 275 milhões para início da construção da Vila
Olímpica.
10

• Reunião para apresentação dos trabalhos do GT ao Sr. Secretário de


Urbanismo e a representantes das empresas Central, Gerdau/Cosigua e CSA
em 17/07/2007.
• Reunião sobre os acessos às siderúrgicas CSA e Gerdau entre os
representantes do GT e das companhias, para exposição da necessidade das
empresas CSA e Gerdau elaborarem propostas de acessibilidade para avaliação
dos técnicos setorialmente.
• Reunião sobre os impactos dos projetos viários na Base Aérea de Santa Cruz
e no Distrito Industrial de Santa Cruz, entre os representantes do GT, da Base
Aérea e da Codin.
• Reunião sobre os impactos do projeto de esgotamento sanitário na AP5, entre
representantes da SMU/CGPU/GPL-5 e o Gerente de Projetos de Esgotamento
Sanitário da SMO/Rio-Águas.
• Apresentação dos resultados preliminares do GT ao Compur (Conselho
Municipal de Política Urbana) em reunião de 08/11/2007.
Ao longo do período de reuniões e trabalho, os integrantes do GT
consolidaram os estudos sobre o cenário atual da região, com a apresentação de
propostas mais bem detalhadas para o bairro de Santa Cruz (...)” (Grupo de
Trabalho Santa Cruz, Relatório Final, março de 2008, p. 6).

Contudo, as limitações do estudo da SMU/RJ relativos ao posicionamento da ZORJ são


evidentes. Trata-se, em primeiro lugar, de uma proposta de ordenamento urbano funcional e
preventivo alinhada com as possíveis demandas dos empreendimentos industriais associados
ao Arco Metropolitano apenas para a RA Santa Cruz. Falta, sobretudo, uma visão de conjunto
mais abrangente, que poderia ter sido feita, por exemplo, através de um amplo debate sobre os
destinos da Avenida Brasil, principal eixo articulador da ZORJ a ser afetada pela construção
do Arco Metropolitano. Em segundo lugar, a perspectiva parece corresponder melhor à de um
território que deve ser posicionado, do que à de um território que deve posicionar-se. Não se
depreende das conclusões do relatório a necessidade de ampliar o debate com os atores locais
(com exceção das grandes empresas sediadas nos distritos industriais). Dessa maneira,
mantêm-se o círculo vicioso de grandes investimentos que geram grandes investimentos e
escasso desenvolvimento local.

Vale destacar, entretanto, as iniciativas do SEBRAE/RJ e da Secretaria de Desenvolvimento


Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de Janeiro (SEDEIS) que, em
conjunto com a Caixa Econômica Federal e a NUCLEP, organizaram e realizaram, no dia 18
de outubro de 2007, o "Seminário Grandes Negócios para Pequenas Empresas na Região do
Porto de Itaguaí", que também contou com o apoio da FIRJAN e FECOMÉRCIO. O
Seminário ofereceu às diversas empresas fluminenses, micro e pequenas, a oportunidade de
obter informações necessárias de como proceder para fechar negócios com grandes empresas
participantes, dentre outras, PETROBRAS, ELETRONUCLEAR, MICHELIN, LIGHT,
THYSSENKRUPP CSA e NUCLEP, que montaram estandes próprios para atender as
dúvidas dos prováveis futuros fornecedores 3 .

3
Segundo informações de imprensa, cerca de 400 fornecedores – de micro e pequeno porte – participaram do
seminário. Em termos gerais, os fornecedores eram dos setores de serviços e indústria e comércio. Além de
Itaguaí, eram provenientes de Volta Redonda, Niterói, Macaé e Baixada Fluminense.
11

Nessa mesma linha de ação, o SEBRAE/RJ encontra-se realizando estudos sobre a demanda
setorial de bens e serviços das grandes empresas da zona oeste, com a finalidade de tornar
mais eficiente a aproximação com os fornecedores da região. Tratar-se-ia, enfim, de trabalhar
o adensamento do território a partir das cadeias de suprimentos locais, isto é, das MPEs em
condições de integrar-se produtivamente à rede de fornecedores dessas grandes empresas 4 .
Com o intuito de democratizar o acesso às informações sociais, políticas e econômicas de
cada localidade, o SEBRAE/RJ também lançou, em 2008, a coleção de Informações Sócio-
Econômicas referentes a cada uma das regiões administrativas da cidade, dentre as quais as
RAs Santa Cruz, Campo Grande, Bangu e Realengo 5 .

O SENAI/RJ também pretende desenvolver cursos de qualificação em áreas vinculadas aos


processos metalúrgicos. De fato, em 2007 já aconteceu o curso de Fundamentos de Processos
Metalúrgicos, contrato assinado entre o Sistema Firjan e a ThyssenKrupp CSA. Por sua vez,
este curso foi considerado pré-requisito para os cursos de qualificação e especialização
oferecidos pelo SENAI nas áreas de Eletricidade, Mecânica, Processos Metalúrgicos e
Operação. Em uma primeira etapa, a previsão é de qualificar cerca de 1.500 trabalhadores,
com prioridade para moradores de Santa Cruz, Itaguaí, Paciência, Campo Grande, Seropédica
e Mangaratiba, áreas vizinhas ao pólo siderúrgico. Em termos gerais, há sinais de que a rede
de ensino da região tem interesse em participar desse processo de qualificação, porém
aguardam que a demanda se torne mais efetiva 6 .

Sem demérito destas e de outras iniciativas do gênero, seja do Sistema S ou da rede de


educação superior da ZORJ, é preciso lembrar que essas instituições operam com um foco
bem definido de atuação, seja na mobilização empresarial das MPEs, seja na capacitação da
mão-de-obra e na qualificação profissional. Considerando a gravidade dos problemas que
atravessam a ZORJ, entretanto, essas iniciativas podem ser consideradas sem dúvida
necessárias, porém nunca suficientes.

Nesse sentido, é preciso lembrar que hoje a ZORJ é não apenas a principal fronteira de
expansão das atividades industriais na cidade do Rio de Janeiro, como também é a principal
fronteira de expansão das favelas. De acordo com Sergio Besserman Viana (2008), os dez
bairros com maior crescimento absoluto em área de favela entre 1999 e 2004 são, pela ordem,
Guaratiba (com uma ampliação de 0,3 km2, o que corresponde a 22,7% da sua área de favela
em 1991), Senador Câmara, Santa Cruz, Acari, Jacarepaguá, Paciência, Campo Grande,
Recreio dos Bandeirantes, Pavuna e Bangu. Na mesma apresentação, o presidente do IPP/RJ
observa: “Os grandes empreendimentos implantados ou previstos para a Zona Oeste –
Michelin em Guaratiba / Campo Grande e o pólo siderúrgico em Santa Cruz – possivelmente
implicarão taxas altas de crescimento populacional para a AP5 nos próximos anos, seja em
favela, seja nas áreas formais” (p. 6). Voltamos, portanto, à reflexão inicial apresentada no
início deste relatório.

4
Outras preocupações manifestadas pelo SEBRAE/RJ com relação à ZORJ referem-se às políticas de
responsabilidade social e ambiental das grandes empresas, à melhoria do comércio local (a partir de um
conhecimento más pormenorizado do mercado de consumo), e a identificação de alternativas de governança para
o desenvolvimento sustentável da região.
5
Informações que, aliás, estão sendo aproveitadas neste relatório.
6
A universidade Estadual da Zona Oeste (UEZO), entretanto, oferece cursos tecnológicos desde 2005, dentre os
quais: produção em siderurgia, polímeros, construção naval, fármacos, biotecnologia e tecnologia da informação.
As carreiras foram escolhidas para suprir a demanda que deve surgir com a instalação dos pólos Gás-químico na
Baixada, Siderúrgico em Itaguaí e com o aumento das atividades no porto de Sepetiba.
12

Em termos de segurança, embora a ZORJ seja considerada menos insegura que a zona norte
da cidade, apresenta indicadores alarmantes. De acordo com informações do Centro de
Estudos de Cidadania e Segurança (Cesec) da Universidade Candido Mendes, enquanto a
zona sul do Rio de Janeiro apresentou uma taxa de homicídios de 5,3 para cada 100 mil
habitantes no período de janeiro a setembro de 2008, na zona oeste a mesma foi de 23,74. Em
agosto de 2007, a Polícia Militar do Rio de Janeiro mobilizou 500 homens em uma grande
operação contra o tráfico de drogas na zona oeste, nas favelas Vila Aliança, Taquaral, Coréia
e Rebu. Em outubro do mesmo ano, uma nova ação policial – desta vez focada na favela da
Coréia, em Senador Camará – deixou 12 mortos (dentre os quais uma criança de 4 anos e um
policial), 4 feridos e 11 pessoas presas. Na operação, segundo a imprensa, foram mobilizados
300 efetivos, incluindo carros blindados e apoio aéreo de helicópteros.

Nos últimos anos, entretanto, a ZORJ tem se caracterizado pela presença marcante das
milícias, isto é, de grupos armados de policias, ex-policiais, agentes penitenciários, militares e
bombeiros que nasceram e proliferaram no clima de insegurança provocado pela presença do
narcotráfico nas favelas. Aos poucos, desde sua origem na Favela Rio das Pedras nas décadas
de 70 e 80, em Jacarepaguá, as milícias foram consolidando sua presença territorial até
controlar mais de 200 favelas, a maioria da capital e, em particular, da ZORJ (segundo
depoimento do deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da CPI das milícias na ALERJ).
Por sua vez, essa expansão territorial foi acompanhada pelo desenvolvimento dos “negócios”
dos grupos que, da segurança clandestina nas comunidades, passaram também a lucrar com a
segurança fora das favelas, com o transporte alternativo, a distribuição de gás, TV a cabo ou
“gatonet” e, em alguns casos, com o aluguel de equipamentos públicos para recreação e
prática esportiva.

A questão mais delicada do fenômeno das milícias, porém, é o fato delas se tornarem parte
das instituições e/ou do sistema de representação governamental. O relatório final da CPI das
Milícias, aprovado oficialmente na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro em 16/12/2008,
indiciou 225 pessoas – entre elas políticos e vereadores – por envolvimento em delitos tais
como cobrança de dinheiro de moradores em troca de segurança e taxas para o funcionamento
do comércio e circulação de transporte alternativo, entre outros. Nas últimas eleições
municipais, que, como dissemos, foram decididas na ZORJ, vários candidatos a vereador
estavam vinculados à milícia – e alguns foram efetivamente eleitos, como veremos mais
adiante.

Há, evidentemente, responsabilidades compartilhadas por essa situação. Tal como assinala o
relatório:
“Não resta dúvida de que foram a omissão do Estado de promover políticas
públicas de inclusão social e econômica e a conivência das autoridades
encarregadas de garantir a segurança pública os grandes fermentos para o
crescimento das milícias tais como se apresentam hoje – representantes do
Estado formal utilizando de maneira ilegal os instrumentos do próprio Estado
para extorquir, intimidar e subjugar milhares de cidadãos de comunidades
populares”.

Porém, também:
13

“O bombardeio ideológico secular das classes dominantes, pregando a ordem e


a repressão aos desvios, obviamente contaminou segmentos da população que,
em diversos momentos, admitiu e até apoiou tais práticas”.

E, pior ainda:

“Foi o próprio prefeito César Maia que, instado a se pronunciar sobre a


proliferação de milícias nas comunidades populares, deu a elas o status de
grupos comunitários de autodefesa” (destacado no original).

Ora, chegados a este ponto parece mais do que legítimo se perguntar: em que medida os
milhares de empregos que serão criados através desses empreendimentos e seus efeitos
multiplicadores traduzir-se-ão em melhoria da qualidade de vida da população da ZORJ, isto
é, em trabalho, renda, educação, saúde e segurança? Qual seria a melhor estratégia de
posicionamento do território com relação aos empreendimentos que estão sendo propostos?
Quais são as oportunidades que se abrem para o desenvolvimento local da ZORJ? Como
colocar em relevo os problemas específicos da região para que eles possam ser integrados à
nova configuração da dinâmica metropolitana sob uma ótica menos tecnocrática? Trata-se,
evidentemente, de uma alternativa de mobilização da sociedade local que vai além de uma
consulta mais ou menos institucional das soluções propostas. A seguir exploramos uma saída
possível.

2. Porque não considerar a alternativa de constituir uma Câmara de Desenvolvimento


da Zona Oeste do Rio de Janeiro?

Pensar em constituir uma Câmara de Desenvolvimento da ZORJ, mesmo que como projeto
preliminar, exige a consideração de alguns aspectos que demonstrem sua viabilidade. Se até
agora se privilegiou a perspectiva de um questionamento da racionalidade (econômica,
setorial e verticalizada institucionalmente) que acompanha os grandes projetos previstos para
a região, é preciso colocar também em relevo as potencialidades que a ZORJ oferece para
estabelecer um dispositivo de governança dessas características. Nesse sentido, parece
extremamente auspicioso o interesse em debater questões locais (e estruturais!) em cada um
dos encontros mantidos com empresários e lideranças da zona oeste, assim como a disposição
de cada um dos entrevistados para o desenvolvimento desta pesquisa (vide lista em anexo).

Engana-se quem acredita que a ZORJ seja uma região sem história, sem identidade e sem
laços sociais fortes por parte das suas comunidades. Pelo contrário, trata-se de um vasto
território que cresceu e se desenvolveu bastante isoladamente do restante da cidade, e a um
ritmo certamente mais cadenciado do que a zona norte. Isso não foi impedimento, entretanto,
para que a sociedade local se organizasse em diversos tipos de instituições: associações de
moradores, associações comerciais e industriais, clubes, Igrejas, bibliotecas populares, centros
culturais, universidades, etc., muitas delas de longa data, como mostra o quadro 1. Fala-se,
inclusive, de um movimento difuso de autonomia da ZORJ – favorecido tanto pelo seu
isolamento geográfico relativo quanto pela escassa atenção prestada aos seus problemas
específicos por parte da Prefeitura 7 .

7
A estrutura da administração municipal em território carioca foi criada na década de 1960 pelo primeiro
Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Inicialmente foram criadas três administrações regionais -
14

Instituição
Ano de Obs.
fundação

Grupo Carnavalesco Flor da 1903 Um ano depois teve a


Lira fundação do grupo
carnavalesco rival Flor da
União, formado por pessoas
da raça negra.

Bangu Atlético Club 1904 Um grupo de operários


ingleses e brasileiros
fundaram o “The Bangu
Athletic Club”, em 17 de abril.
1908. O Cassino Bangu
Cassino Bangu 1907 adquire um cinematógrafo
Pathé e faz exibições de
cinema para os seus
associados.

Escola Militar de Realengo 1913

Associação Comercial e 1924


Industrial de Campo Grande
(ACICG)

Grêmio Literário Rui Barbosa 1925

Campo Grande Atlético Club 1940

Luso Brasileiro Tênis Club 1950

Escola Mocidade Independente 1955 A escola foi fundada em


de Padre Miguel 1955 a partir de um time de
futebol chamado
Independente Futebol Clube,
do qual adotou as cores
verde e branca. Muitos
jogadores tornaram-se
membros da bateria e o
técnico do time, Mestre

Lagoa, São Cristóvão e Campo Grande - por decreto de janeiro de 1961. Mais tarde foram criadas outras 18,
compondo um total de 21 regiões administrativas. Desde então essa estrutura vem sendo utilizada e modificada
pelos sucessivos governantes e prefeitos. Em 1988, foi criada a 30ª Região Administrativa, abarcando a área da
Maré, a primeira RA da cidade a se instalar numa favela. Durante o governo de Cesar Maia foram criadas as
subprefeituras, como uma proposta de coordenação e descentralização da administração municipal com base na
RAs. Segundo o próprio prefeito: “Com elas não buscávamos eficiência administrativa, mas ‘vertebração’,
dentro do mesmo método do plano estratégico de Madri. Buscávamos aproximar a população das decisões de
governo, liberando o tempo da burocracia central, muitas vezes insensível, para as tarefas de formulação,
planejamento e controle” (apud. Magalhães, 2002). O fracasso dessa inovação institucional – que também afeta a
ZORJ – fica expresso nas palavras do atual prefeito Eduardo Paes, ele mesmo subprefeito do governo Cesar
Maia: “Ainda não temos opinião formada sobre o número exato de subprefeituras. Sabemos, no entanto, que as
subprefeituras perderam sua força política com o passar dos anos, porque foram usadas como um instrumento
político. Queremos resgatar o papel original das subprefeituras” (cf. www.acija.org.br, entrada 28/01/2009,
19:11).
15

André, foi o primeiro mestre-


sala. A estréia oficial foi no
carnaval de 1957, ainda nas
"divisões de base" da
hierarquia carnavalesca.

Lions Club Campo Grande 1964

Instituto Campograndense de 1967


Cultura (ICC)

Associação Comercial e 1968


Empresarial da Região de
Bangu (ACERB)
Lions Club Bangu 1969

Tem sua origem no ano de


Centro Universitário Moacyr 1969 1936, com a criação do
Sreder Bastos (UNIMSB) Colégio Afonso Celso.

Sociedade Universitária 1969


Campograndense (SUC)

Em O Velho Oeste Carioca (2008), André Luiz Mansur assinala alguns elementos
importantes na configuração do perfil econômico e social da ZORJ antes da construção da
Avenida Brasil: o translado do matadouro municipal para Santa Cruz (1881); a instalação da
fábrica de tecidos Bangu (1893); a construção da fábrica de cartuchos em Realengo (1898); a
construção do hangar do Zeppelin em Santa Cruz (1936). Isso no âmbito de uma cultura rural
(da zona oeste) que ainda mantinha uma significativa presença na comunidade local. De fato,
o autor reconhece no ciclo do cultivo da laranja, quando a região, junto com a Baixada
Fluminense, transformou-se na maior produtora de laranjas do país, um momento de riqueza e
prestigio, cuja decadência, que começou com a Segunda Guerra Mundial, determinou a
transformação das propriedades rurais em loteamentos suburbanos – que no decênio 1940-
1950 colocaram a ZORJ entre os maiores incrementos populacionais da cidade (apud. O Rio
de Janeiro em seus 400 anos, 1965).

A construção da Avenida Brasil (1939-1946), foi o vetor que transformou as formas de


ocupação da ZORJ. Embora a ferrovia já vinculasse a região à cidade desde o fim do século
XIX, a Avenida Brasil determinou uma urbanização industrial tipicamente fordista, com a
instalação de fábricas, complexos habitacionais, bairros operários e favelas (cf. Abreu, 1997;
Lessa, 2001; Urani, 2008). Entretanto, como corretamente destaca o relatório
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno
(IE/UFRJ, 2008), a nova via não teve o resultado esperado: “A criação da rodovia presidente
Dutra [1951], ligando o Rio a São Paulo, desviou o fluxo e mercadorias para outra direção e a
região ficou estagnada, em termos de adensamento e desenvolvimento industrial” (p. 13).
Todavia é preciso observar que, em termos de desenvolvimento industrial, a estagnação
16

passou a ser estrutural a partir da década de 1980, afetando a metrópole do Rio de Janeiro
como um todo 8 .

O desenvolvimento dos distritos industriais de Campo Grande 9 e Santa Cruz 10 , a partir da


década de 1960, representou uma tentativa de dinamizar a ZORJ através da criação de
incentivos para a localização industrial de empresas de grande porte. Como observado
anteriormente, a tentativa foi relativamente bem sucedida quanto ao segundo aspecto, mas não
quanto ao primeiro. Pelo menos três fatores podem ter tido incidência nessa trajetória: a) o
fato de os distritos industriais serem administrados pelo governo do Estado, e não do
município; b) as características “auto-suficientes” das grandes empresas; e c) a própria
concepção de distrito industrial, que cria um dispositivo fechado com relação ao tecido
urbano da cidade e/ou da região. Desse modo, criou-se na ZORJ um dualismo institucional e
econômico que não conseguiu reverter o quadro de estagnação territorial iniciado com a
construção da rodovia presidente Dutra.

Voltando para a dimensão institucional, que será determinante na consideração da alternativa


de constituir uma Câmara de Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro, podemos
abrir um parêntese sobre um outro aspecto bastante problemático – embora estratégico – no
processamento político da ZORJ: o clientelismo. Segundo a dissertação de mestrado de
Nelson Ricardo Mendes Lopes, Coronelismo e chaguismo na zona oeste do Rio de Janeiro:
clientelismo ou o caso das bicas d’água no Mendanha (2007), a prática clientelística é de
longa data na região, alcançando significativa expressão nos governos estaduais (da
Guanabara, entre 1971 e 1975, e do Rio de Janeiro, entre 1979 e 1983) de Antônio de Pádua
Chagas Freitas, que foi reconhecido (sobretudo pelos seus adversários políticos) pela sua
capacidade de mobilizar uma ampla rede de cabos eleitorais através da administração pública
e vice-versa 11 :

“Como o Grupo Triângulo da República Velha, o ‘chaguismo’ criará o grupo


do ODIA, [que no Mendanha contará com a] figura do antigo vereador e
deputado estadual Arthur Miécimo da Silva e suas bicas d’água, que irão
impulsionar sua política e que virão se tornar parte do folclore da zona oeste,
marcando o imaginário coletivo da região, que o transformou no principal
provedor de equipamentos urbanos: água, luz e transportes, e que trarão o
progresso para a região” (p. 7).

8
Segundo Urani (2008), o valor real da produção industrial do Rio de Janeiro foi praticamente multiplicado por
quatro entre 1959 e 1975. A crise só veio na segunda metade da década de 80, “E veio para ficar: de lá para cá, a
indústria da região metropolitana só fez andar para trás: hoje, ela corresponde a cerca da metade do que era em
1980!” (p. 40).
9
Entre as indústrias que se encontram instaladas em Campo Grande estão: AmBev, Refrigerantes Convenção,
Guaracamp, Cogumelo (estruturas metálicas), Fredvic (confecção), Novartis (farmacêutica), Michelin, EBSE
(soldas elétricas), Superpesa (estruturas metálicas), Dancor (bombas) e Ranbaxy (farmacêutica).
10
Entre as indústrias que se encontram instaladas em Santa Cruz estão: Aciquimica industrial Ltda., AGA S/A,
Casa da Moeda do Brasil, CEGELEC Ltda., Ecolab Química Ltda., Furnas Centrais Elétricas, Gerdau Cosigua,
Michelin, Morgante Brasil Ltda., Novartis Bio Ciências Ltda., NUCLEP S/A, Pan-Americana S/A (Indústrias
Químicas), Rexam Beverage Can América S/A South, SICPA Brasil Ltda., Transcor Ltda. (Indústria de
pigmentos e corantes), Valesul Alumínio S/A.
11
“O Grupo Triângulo e a ‘máquina chaguista’, em diferentes épocas, usaram técnicas clientelistas para cativar
grande número de eleitores, e para fazer valer o funcionamento dos princípios da reciprocidade e lealdade que
alicerçaram o jogo político em suas diferentes épocas. O ‘chaguismo’ contará ainda com a mídia escrita,
elemento de fundamental importância para fazer sua propaganda, voltando a atenção da população para os feitos
dos líderes nas suas localidades, transformando-os em futuros agentes políticos que irão perpetuar o
funcionamento da máquina” (Nelson Ricardo Mendes Lopes, 2007: p. 7, destaque nosso).
17

Apesar de o trabalho supracitado centrar-se especificamente no Mendanha, sub-bairro de


Campo Grande, podemos considerar as conclusões como válidas para a ZORJ em geral. Hoje,
o panorama não parece muito mais promissor. Segundo O Globo 12 , “o relatório final da CPI
que investiga as milícias na Câmara dos Vereadores do Rio deve trazer o pedido de
indiciamento de três vereadores: Nadinho de Rio das Pedras, Jerominho e Luiz André Deco.
Também serão indiciados pela CPI os eleitos Carminha Jerominho e Cristiano Girão. Apesar
do indiciamento, a probabilidade de que algum vereador perca o mandato é pequena, uma vez
que a Câmara dos Vereadores não tem Código nem Comissão de Ética. Além disso, não há
uma Corregedoria para avaliar eventuais processos de cassação”.

Ora, nem o clientelismo “chaguista” nem os vereadores da milícia podem ser atribuídos aos
anseios da população da zona oeste, muito menos ser considerados como um defeito
endêmico da região. De algum modo a ZORJ é refém dos dispositivos que produzem esses
fenômenos que precisam ser entendidos e enfrentados politicamente – não apenas como um
problema de segurança pública. Para isso é necessário mais democracia, mais transparência na
gestão pública e mais participação cidadã, sobretudo nas decisões que dizem respeito ao
território que as pessoas habitam. Acreditamos que um passo nessa direção seria a criação de
uma Câmara de Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro, entendida como um
espaço amplo e aberto de discussão e debate sobre os problemas específicos da ZORJ com
relação ao restante da cidade e, é claro, com relação aos grandes investimentos previstos para
a região.

Entre os atores estratégicos da ZORJ que podem ser mobilizados para constituir a rede de
suporte da Câmara de Desenvolvimento, além das Associações Comerciais e Industriais de
Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, temos uma unidade do SEBRAE em Bangu,
uma unidade do SENAC em Campo Grande, uma unidade do CEFET em Realengo, um
conjunto de unidades “descentralizadas” da prefeitura, um Centro Universitário Estadual da
Zona Oeste do Rio de Janeiro (UEZO) e 7 universidades privadas oriundas da zona oeste
(atualmente nucleadas no CIEZO), entre outras. O mapa das instituições completa-se com as
redes de organizações não-governamentais atuantes na região, e com as redes sociais
vinculadas às igrejas. Trata-se de um universo bastante heterogêneo, porém atuante, de atores
locais que, através de uma estratégia de governança adequada, poderão ser postos a colaborar
sem perder de vista seus interesses particulares e específicos 13 .

Vale a pena destacar também, em prol da governança local, algumas iniciativas que revelam
capacidade de articulação e mobilização da ZORJ em diferentes âmbitos:

-Oeste Export – Encontro Internacional de Desenvolvimento e Comércio Exterior do


Estado do Rio de Janeiro. Nasceu em meados do ano 2000, quando um grupo de
empreendedores da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro entendeu ser necessário
discutir o desenvolvimento estadual, a partir da ótica, das necessidades e oportunidades da
região e seu entorno. A 8ª edição da Oeste Export aconteceu entre os dias 11 e 14 de junho de
2008, e contou com o patrocínio da Petrobrás e do Governo Federal, além do apoio de

12
<www.oglobo.globo.com/rio/mat/2008/12/15>
13
É importante ponderar corretamente essa noção. Contrariamente à perspectiva que assume a instância de
cooperação institucional como instância de governo, na qual os interesses particulares devem ser colocados de
lado em prol de objetivos gerais, acreditamos que as estratégias de governança se afirmam na valorização das
singularidades produtivas de cada um dos atores da cena local e na sua capacidade de pactuar uma agenda de
questões de interesse comum.
18

empresas como a Michelin, Gerdau, Furnas, Casa da Moeda do Brasil, SEBRAE e a


Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, entre outras.

-Conselho das Instituições de Ensino Superior da Zona Oeste – CIEZO. É uma sociedade
civil sem fins econômicos que se propõe a atuar no terceiro setor, buscando continuamente a
melhoria das condições de vida no exercício pleno de cidadania. Formado pela união das sete
instituições de Ensino Superior originárias da Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, a
saber, Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos, Faculdade Bezerra de Araújo, Faculdade
Machado de Assis, Faculdades São José, Faculdades Integradas Simonsen e Universidade
Castelo Branco, tem como missão atuar em todo território nacional, com foco na Zona Oeste
do Município do Rio de Janeiro, disponibilizando, sob a forma de projetos em parceria, todo o
conhecimento técnico-científico e cultural e a força de trabalho acumulada nas sete
Instituições de ensino que o compõem.

-Grupo de Usuários Linux da Zona Oeste – GULZO. O foco principal desta iniciativa é
tentar agregar usuários de software livre Linux que estejam dispersos na zona oeste do Rio de
Janeiro através da realização de micro eventos, bem como atrair interessados em conhecer, em
tempo de execução, o software livre de código aberto.

-Anime Point Festival. Fãs dos desenhos japoneses chamados Anime reúnem-se no Anime
Point Festival de Campo Grande desde 2004. (A palavra Anime tem significados diferentes
para os japoneses e para os ocidentais. Para os japoneses, anime é tudo o que seja desenho
animado, seja ele estrangeiro ou nacional. Para os ocidentais, anime é todo o desenho
animado que venha do Japão).

-Grêmio Recreativo Escola de Samba Delírio da Zona Oeste – GRES Delírio da Zona
Oeste. A Delírio da Zona Oeste foi fundada em 9 de março de 1998 por Francisco Cezar
Mariano. O sonho de criar uma escola ganhou força e a sede foi construída em 1999, na
Avenida Dom Sebastião I, na Vila São João. Os moradores de Campo Grande ficaram em
festa desde que a escola passou em primeiro lugar na avaliação da AESCRJ no carnaval de
1998. Hoje, o GRES Delírio da Zona Oeste tem um perfil diferente daquele apresentado na
época de sua fundação. Com efeito, a Agremiação é atualmente comandada por um grupo de
Gestores de Carnaval, que são profissionais formados pelo Instituto do Carnaval da
Universidade Estácio de Sá.

-FULLMETAL ROCK FESTIVAL 6ª EDIÇÃO, Campo Grande, RJ (16/3/2008). A Zona


Oeste do Rio de Janeiro sempre teve destaque na cena carioca do rock. Eventos memoráveis
como o Arena do Heavy (Campo Grande) e o Rato no Rio (Bangu), bandas como Gangrena
Gasosa, Cactus Peyotes, Sex Noise, Ataque Periférico..., rádios comunitárias (ou a fase rock
da Costa Verde FM), fanzines, o pessoal da Brigada Metálica de Realengo nos anos 80 ou da
UHB (União Headbanger) nos anos 90, entre outros, fizeram a história da cena local. A 6ª
edição do FullMetal aconteceu no Espaço Século XXI que é um dos melhores, se não o
melhor ambiente, para shows de rock no Rio. É espaçoso, conta com um bom palco, camarim,
fácil localização, condução para todos os pontos do Rio. Enfim, tem tudo para abrigar shows
de pequeno e médio porte (nacionais e internacionais).

Para finalizar, podemos indicar também duas iniciativas vigentes (e de algum modo
emblemáticas) que tem como protagonistas grandes empresas da zona oeste:
19

-Banco de Alimentos no Rio de Janeiro (Gerdau Cosigua). Trata-se de um programa de


captação e distribuição de alimentos em instituições beneficentes da ZORJ, doados por
supermercados, restaurantes e outras empresas. O programa faz parte do Projeto Bancos
Sociais, uma iniciativa sem fins lucrativos criada há mais de 8 anos pela Federação das
Indústrias do Rio Grande do Sul (FIERGS). Impulsionado pelo Instituto Gerdau, responsável
pelas políticas e diretrizes da empresa na área de responsabilidade social, o programa foi
inaugurado em 28/11/2008 em Campo Grande (RJ), local da sede. Na primeira entrega de
alimentos, foram beneficiadas a Fundação Aurélio Massaloba Kajixima, em Itaguaí, a Casa de
Nossa Senhora do Desterro e de Santo Antônio, e o abrigo A Minha Casa, ambas em Campo
Grande. A ação é realizada em parceria com a Associação das Empresas do Distrito Industrial
de Santa Cruz (AEDIN), Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG),
Associação Comercial e Empresarial de Bangu (ACERB), jornal Atual, Camelo
Comunicação, Lions Club de Campo Grande, Macplanus Planejamento e Marketing, Oeste
Export, Pires Advogados Associados e Rotary Club de Campo Grande, empresas e
instituições não-governamentais. O programa conta também com o apoio da Federação das
Empresas de Transporte de Cargas do Rio de Janeiro (FETRANSCARGA), a Puras
(fornecedora industrial de alimentos), o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do
Rio de Janeiro (SINDICARGA), a Agência Elo e o Portal de Campo Grande. Essas empresas
atuam como prestadoras de serviços ou promovem doações de recursos necessários ao
projeto.

-Atitude Cidadã (Casa da Moeda do Brasil, CMB). Na sua segunda edição em 2008, o
programa Atitude Cidadã patrocina, através de edital público, instituições sem fins lucrativos,
sediadas na Zona Oeste e na Baixada Fluminense, que possuam projetos esportivos e culturais
com viés educativo e que estejam claramente direcionados para a inclusão social e a
democratização do acesso nessas regiões. Segundo o edital, a CMB investirá o montante de
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) previstos em seu orçamento no segmento de patrocínio.
Cada projeto poderá receber até R$ 25.000,00 como valor global, ao longo de 12 meses. Os
recursos destinados ao patrocínio poderão ser redistribuídos a critério da CMB, em caso de
número reduzido de projetos selecionados e de acordo com o alcance social destes. Em 2008,
os projetos selecionados foram:

• “ Redescobrindo a História e a Cultura do Rio de Janeiro”, apresentado pela ABM –


Conselho de Entidades Populares;
• “Adereço”, apresentado Pelo Centro Cultural Hardy Alves Virgens;
• “Artesanato de Queimados”, apresentado pela Central de Assessoria Social;
• “Livro de Rua”, apresentado pela Companhia Encena;
• “PRIESC – Programa de Iniciação ao Esporte, Saúde e Cidadania”,
• apresentado pela organização Esporte, Saúde e Cidadania;
• “BAC – Ritmo Negro”, apresentado pela Casa da Cultura da Baixada
• Fluminense;
• “A História que eu Conto em Graffiti”, apresentado pelo Instituto Brasileiro de
Inovações em Saúde Social;
• “Balaio Cultural”, apresentado pelo Pólo de Educação Geral e Ações
• Solidárias da Zona Oeste;
20

• “Esporte no Batam”, apresentado pelo Instituto Novos Talentos;


• “Ser Cidadão”, apresentado pela Associação Phoenix/Auto-Estima - APA;
• “Capoeira na Comunidade”, apresentado pelo Centro Comunitário Projeto Pé-De-
Moleque;
• “Escolinha de Árbitros”, apresentado pelo Instituto Dom Pixote;
• “I Feira de Talentos e Arte Popular de Belford Roxo”, apresentado pelo
• Instituto Semear;
• “Cultura e Meio Ambiente”, apresentado pelo Centro Social do Conjunto Habitacional
Bandeirantes.

As iniciativas elencadas acima, que não podem ser consideradas exaustivas, mas
representativas ou emblemáticas, possuem o mérito de revelar condições materiais objetivas
de mobilização social e/ou cultural que contrastam com a imagem e o estigma de “faroeste”
que se atribui à ZORJ. Mesmo carregadas de ambigüidades, indicam caminhos e
possibilidades alternativas de desenvolvimento econômico e social, para além do
disciplinamento fabril do território (através dos grandes empreendimentos) e das mazelas que
o assombram. Indicam também o desejo de uma vida melhor. Uma Câmara de
Desenvolvimento não apenas teria o mérito de multiplicar essas iniciativas, na medida em que
angariasse legitimidade política e força institucional, como também mostraria para o restante
da cidade (em particular para a Zona Sul!) que seu longo “esquecimento” não foi em vão.

Referências Bibliográficas

ABREU, Mauricio de. Evolução Histórica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, IPLAN/RIO,
1997.

COCCO, Giuseppe. Trabalho e Cidadania. Produção e direitos na era da globalização. São


Paulo: Cortez, 2000.

HASENCLEVER, Lia et al. Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de


Janeiro e de seu Entorno: diagnóstico sócio-econômico do local. Rio de Janeiro: IE/UFRJ,
2008 (Relatório de Pesquisa, versão preliminar).

GORZ, André. O Imaterial. Conhecimento, Valor e Capital. São Paulo: AnnaBlume, 2003.

GRUPO DE TRABALHO SANTA CRUZ. Relatório Final. Rio de Janeiro: SMU/RJ, março
de 2008.

LAZZARATO, M. & NEGRI, A.; Trabalho Imaterial. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

LOPES, Nelson Ricardo Mendes. Coronelismo e chaguismo na zona oeste do Rio de Janeiro:
clientelismo ou o caso das bicas d’água no Mendanha. Rio de Janeiro: UERJ/ Faculdade de
Educação, 2007 (dissertação de mestrado).
21

LESSA, Carlos. O Rio de todos os Brassis. [Uma reflexão em busca de auto-estima]. Rio de
Janeiro: Record, 2001.

MAGALHÃES, Roberto Anderson M. Preservação e Requalificação do Centro do Rio nas


Décadas de 1980 e 1991. A construção de um objetivo difuso. Rio de Janeiro: Light, maio/
2002 (www.light.com.br/foster/web/aplicacoes/documentos).

MANSUR, André Luiz. O Velho Oeste Carioca. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2008.

URANI, André. Trilhas para o Rio. Do reconhecimento da queda à reinvenção do futuro. Rio
de Janeiro: Elsevier/Campus, 2008.

VIANA, Sergio Besserman. Favelas Cariocas. Rio de Janeiro: Conselho Estratégico de


Informações da Cidade, 2008.

Lista de entrevistados

• Jesse Cardoso de Paiva, Associação Comercial e Industrial de Realengo (ACIRA).


• Teresa Nunes, Sub-prefeitura de Campo Grande.
• Fabio Quadros de Souza, Associação Comercial e Empresarial da Região de Bangu
(ACERB).
• Tânia Módolo Custodio, SEBRAE/RJ Bangu.
• Antônio Batista Ribeiro Neto, SEBRAE/RJ.
• Marcelo Guimarães, MACPLANUS.
• Moacyr Bastos, Universidade Moacyr Bastos (UNIMB).
• Marisa Valente dos Santos Pimenta, Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU/RJ).
• José Barreto Ferreira, Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU/RJ).
• José Joaquim De O. Jacques, Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa
Cruz e Adjacências (AEDIN).
• Vicente Loureiro, Subsecretário Estadual de Projetos de Urbanismo Regional e
Metropolitano ( ∗ )

Reuniões com empresários

FALMEC, Bangu, 06/08/08


ACICG, Campo Grande, 01/10/08
ACERB, Bangu, 09/10/08
AEDIN, Santa Cruz, 16/12/08


Palestra sobre o Projeto Arco Metropolitano proferida no Instituto de Geografia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (IGEO/UFRJ), em 09/10/08.
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno

Trabalho sobre Logística, Políticas Industriais e de Apoio

(Versão Final)

Projeto FAPERJ no E-26/110.644/2007

Luiz Martins de Melo (professor, IE/UFRJ)


Vinicius Dominato (estagiário, IE/UFRJ)

Junho/2009
2

ÍNDICE

1. Introdução............................................................................................................................. 3
2. Programas de Apoio Direcionados para a Zona Oeste..................................................... 4
3. Logística e Desenvolvimento ............................................................................................... 5
4. Infra-Estrutura de Transporte para a Zona Oeste ........................................................... 7
5. O Porto de Itaguaí .............................................................................................................. 10
6. Logística Específica: Alternativas Viárias e Estruturais para Campo Grande ........... 15
7. Conclusões........................................................................................................................... 18
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 20
Anexo ....................................................................................................................................... 21

ÍNDICE DE MAPAS, FIGURAS, TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1 ...................................................................................................................................... 8
Tabela 2 - Viagens totais por dia por Área de Planejamento-AP no Município do Rio de
Janeiro ........................................................................................................................................ 9
Mapa 1 - Arco Metropolitano do Rio de Janeiro ..................................................................... 13
Mapa 2 - Anel Rodoviário da Cidade do Rio de Janeiro ......................................................... 18

2
3

1. Introdução

A infra-estrutura tem se tornado uma variável decisiva nas modernas abordagens de


desenvolvimento local e regional. A maior velocidade e capacidade dos computadores em
processar a informação e a sua integração com a rede de telecomunicações reduziram bastante
os custos de transação. A conectividade das redes de processamento da informação também
atua sobre as redes clássicas de logística como os modais de transporte (rodoviário,
ferroviário, portuário e aeroviário) de forma a pressionar pela sua operação integrada e
especializada por cada tipo de carga (quantidade ou valor unitário).

As políticas públicas de desenvolvimento econômico em cada região devem estar apoiadas


nessas redes de logística para que possam ter uma maior eficiência e eficácia e evitar o
desperdício de recursos públicos.

Para que essas redes de logística atendam aos critérios da política pública, elas devem ser
construídas integradas a um plano urbanístico capaz de induzir a ocupação do solo. Essa á
base para racionalizar o uso do sistema de transporte em geral e, em especial, sobre trilhos.
Também devem contemplar um plano econômico que mantenha as reduções de custos
operacionais e tempo de viagem dos usuários em todos os modais da rede de transporte
durante todo o período da concessão. O impacto do valor da tarifa deve ser compatível com a
capacidade de pagamento e ampliação do impacto distributivo para o grupo de baixa renda
nas regiões servidas pela rede. Esta é a condição para o atendimento do critério social. O
critério ambiental será atendido pela redução dos índices de acidente, de poluentes, emissão
de ruído, de redução do estresse e de obediência aos limites fisiológicos da saúde humana.

Todos esses critérios - urbanístico, econômico, social e ambiental – estarão implícitos nas
análises e recomendações que constam deste relatório. Alguns desses critérios serão objetos
de outro relatório específico, como o urbanístico e de uso do solo, dentro do escopo geral do
projeto.

Este relatório vai analisar as políticas de fomento econômico direcionadas para a Zona Oeste
do Município do Rio de Janeiro e a infra-estrutura de transporte que pode viabilizar uma
proposta de desenvolvimento para a região.

A primeira parte do trabalho constituirá no levantamento das políticas de desenvolvimento


voltadas para essa região. Serão analisados os programas dos órgãos públicos de fomento
municipais, estaduais e federais que tenham programas voltados para o desenvolvimento
econômico abrangendo, incentivos fiscais, financiamento e subsídios.

A segunda parte, relacionada com a logística e a localização geográfica da região, consiste em


avaliar o impacto da implantação e operação do Porto de Itaguaí (antigo Sepetiba). Sabe-se
que vários investimentos de grande porte estão planejados para entorno dessa região tendo em
vista a integração dos modais rodoviário, ferroviário e portuário que convergem para o Proto
de Itaguaí.

Existe alguma política pública voltada para a integração desses investimentos e da logística da
região? É relevante para a região a integração com o principal corredor logístico do país, que
se desenvolve até a Região Centro-Oeste? Quais as políticas importantes para a atração de
atividades produtivas na região e em seu entorno com base nas características descritas acima.

3
4

Na terceira parte, será feita a compatibilização do levantamento das condições da infra-


estrutura e da logística com as políticas públicas em operação tendo em vista o
desenvolvimento local.

Finalmente, com base na análise desenvolvida nas partes iniciais serão apresentadas algumas
recomendações e conclusões para subsidiar a formulação de uma estratégia para as políticas
públicas e a logística de transporte da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno.

2. Programas de Apoio Direcionados para a Zona Oeste

O objetivo dessa primeira parte da pesquisa é o levantamento das políticas de


desenvolvimento econômico (incentivos fiscais, financiamentos e subsídios) voltadas para a
região, em órgãos públicos de fomento municipais, estaduais e federais mostrando ao final os
seus respectivos programas. Porém, como já fora dito no diagnóstico e confirmado pelas
recentes pesquisas, não há nenhum projeto de desenvolvimento específico para a região.
Mesmo assim conseguimos constatar a existência de programas que possam servir para o
desenvolvimento da região, por serem de caráter geral.

Um exemplo desses programas de escopo geral são as políticas de distrito industrial


localizados na região. Os distritos industriais como instrumento de política de
desenvolvimento têm uma longa história. No antigo estado da Guanabara, na administração
Carlos Lacerda eles tiveram uma enorme importância. O impacto, positivo ou negativo,
dessas iniciativas, porém têm sido objeto de amplo debate (Osório, 2005).

No diagnóstico, problemas como saneamento básico e urbanização foram citados por


moradores e empresários de Realengo e Bangu, respectivamente. Na pesquisa foi possível
constatar que a Prefeitura tem uma atuação nessas áreas através de programas como o
Programa Municipal de Saneamento da Zona Oeste que tem por objetivos desde a
universalização do acesso até a utilização de tecnologia adequada; URB-Cidade com as
melhorias urbanísticas e o Rio-Comunidade com o objetivo de prover infra-estrutura e
saneamento básico para as comunidades desprovidas. Sabe-se que esses tipos de medidas não
são suficientes para gerar um desenvolvimento da região, porém podemos classificá-las como
estimulantes, pois requalificam e motivam as atividades comerciais em seu entorno.

Também foi verificado que há uma diferença entre as áreas de atuação da Prefeitura que fica
incumbida da parte de obras e do Governo do Estado que tem um caráter mais fomentador.

A atuação do governo do Estado do Rio de Janeiro se dá através do FUNDES (Fundo de


Desenvolvimento Econômico e Social) que é um programa de incentivo financeiro para os
setores da economia considerados prioritários, orientado para financiar o capital de giro das
novas empresas ou a expansão de empreendimentos já instalados no território fluminense. A
Investe Rio que é o agente financeiro do FUNDES e vinculada a Secretaria Estadual de
Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de Janeiro
(SEDEIS) financia projetos de todos os portes, de instalação ou expansão através de repasses
de linhas de crédito do BNDES, recursos próprios ou fundos de fomentos do Estado. A
Investe Rio oferece condições de financiamento bastante razoáveis, taxa de juros de 2% ao
ano. Para o ano de 2009 ele tem um orçamento para empréstimos de R$ 1,0 bilhão de reais.
Além disso, ela atua como agente financeiro de várias linhas de financiamento do BNDES.

4
5

Outra agência de fomento do Governo do Rio de Janeiro é a CODIN (Companhia de


Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro), também vinculada a Secretaria
Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de
Janeiro (SEDEIS). A CODIN coloca à disposição dos investidores, diversos produtos e
serviços em todas as fases do projeto, almejando a promoção do desenvolvimento sustentado
da indústria fluminense. A CODIN tem uma lista em seu site de incentivos fiscais disponíveis
por setores e por regiões, cabendo apenas aos interessados responder aos pré-requisitos. Na
lista de incentivos regionais, tem um referente à área de influência do Porto de Sepetiba
(Itaguaí), onde há incentivos aos projetos de implantação ou expansão de empresas
localizadas em alguns municípios limítrofes e nos distritos industriais de Campo Grande e
Santa Cruz. Esse “programa”, se é que se pode chamá-lo assim, foi o mais especificamente
direcionado para o desenvolvimento da região que se pôde encontrar na pesquisa para esse
relatório.

Outras agências e bancos de desenvolvimento como o BNDES, FINEP e SEBRAE possuem


programas e linhas de financiamento que podem ser utilizados pelas empresas da região. Mas
nada que seja específico. Da mesma forma os incentivos fiscais também são gerais. Isso
indica que não existe um conjunto articulado de programas de fomento e de incentivos fiscais
voltados para o desenvolvimento específico da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

É importante salientar que um programa de desenvolvimento econômico para a Zona Oeste


precisa aproveitar os espaços urbanos abandonados, em especial na Avenida Brasil. Existem
vários galpões industriais que estão sem utilização e que poderiam abrigar atividades de
design, informática, software, artesanato, metalurgia, mecânica e outras. Esses galpões
poderiam ser os locais para a aglomeração de micro e pequenas empresas e projetos de
empreendedorismo. As políticas para apoio a essas aglomerações indústrias e serviços,
arranjos ou sistemas locais de produção, teriam que ser articuladas pelas associações
empresariais locais em parceria coma prefeitura e o governo do Estado do Rio de Janeiro.

Essas aglomerações de pequenos empreendimentos seriam um importante fator para o


aproveitamento da mão-de-obra da Zona Oeste e para sua fixação local. Um esquema de
incentivos fiscais poderia ser elaborado para a atração desses investimentos.

3. Logística e Desenvolvimento

O objetivo desta seção do relatório é apresentar alguns conceitos que vão guiar a análise da
infra-estrutura de logística da Zona Oeste. O primeiro é procurar detectar quais os entraves
se tornaram permanentes, dada a localização geográfica e a inserção político-econômica, para
o desenvolvimento da região.

Segundo, por infra-estrutura de logística entende-se a coleta, manipulação, estocagem,


transporte, rodo, ferro e hidroviário, de cabotagem e oceânico de longo curso, terminais,
portos e aeroportos e sistemas de distribuição. Dado o escopo mais restrito deste trabalho, o
foco estará direcionado para a integração dos sistemas de transporte que atendem a região.

Os sistemas de energia, telecomunicações e de logística representam cerca de 90% de todo o


estoque de infra-estrutura dos países desenvolvidos. Esse estoque é fundamental para a
transformação da distância geográfica em distância econômica, isto é, medir a distância entre
mercados em termos de custo (tempo, volume de carga e valor).

5
6

Terceiro a competitividade de uma região é sistêmica. Isso significa que o desempenho


empresarial depende, e é o resultado de fatores situados fora do âmbito das empresas e da
estrutura industrial da qual fazem parte, como a ordenação macroeconômica, as infra-
estruturas, o sistema político-institucional e as características sócio-econômicas dos mercados
nacionais. Todos estes fatores são específicos a cada contexto nacional e regional. Eles devem
ser explicitamente considerados nas ações públicas ou privadas de indução de
competitividade.

Neste relatório, como já observado, apenas a infra-estrutura de transporte será considerada. As


outras dimensões da competitividade serão analisadas nos outros relatórios que compõem o
estudo.

O Brasil investe pouco em infra-estrutura, tanto em termos absolutos como comparado com a
experiência internacional. As principais carências estão nas áreas de saneamento básico,
transporte de massa urbano (metroviário e ferroviário), e transporte de carga não rodoviário.
Essas áreas são aquelas cuja natureza de bem público é mais definida, e que causam um forte
impacto no bem-estar atual e futuro da sociedade.

O Brasil está parado à beira do caminho: estradas intransitáveis, malha aérea deteriorada e
portos entupidos. O país empacou pelos anos de baixo investimento em infra-estrutura e pelo
salto do comércio exterior brasileiro. A combinação de aumento do comércio exterior com
baixos investimentos vem resultando em congestionamentos crescentes nos portos 1 .

Os portos brasileiros têm problemas de dragagem, de se chegar ao porto com a mercadoria e


de demora do navio a atracar no porto. Há portos mal utilizados e outros altamente
congestionados. Esse gargalo é mais penoso para o exportador que o câmbio, pois um entrave
estrutural só pode ser resolvido por investimento de longo prazo, enquanto que a perda com o
câmbio valorizado pode ser amenizada e compensada por políticas fiscais e de crédito pelo
governo, como aliás tem sido feito.

Os dados mostram uma catástrofe. O volume de comércio exterior mais que dobrou em quatro
anos, aumentando a pressão sobre uma infra-estrutura que já vem se deteriorando há muito
tempo. Nos últimos dois anos, o tempo de espera de navios para atracar nos portos brasileiros
aumentou 77,8%. Em Itajaí, já é de 350 horas. O tempo de espera para navios de contêineres
aumentou 77,8% entre 2005 e 2006. Para granéis líquidos, 53,8%. No Porto de Santos, o
tempo de espera para embarcar granéis líquidos subiu 117%, de 18 horas para 39 horas, em
média.

Apesar do salto do comércio exterior entre 2003 e 2005, o volume movimentado pelo Porto
de Paranaguá caiu de 32,5 milhões para 29,3 milhões de toneladas. Isso ainda que, nos portos
como um todo, tenha aumentado, no mesmo período, de 571 milhões de toneladas para 649
milhões. No caso de Santos, a carga aumentou 20% no período. O caso mais impressionante
aconteceu no Porto de Itajaí, especializado em contêineres, onde o tempo de espera saltou de
200 para 350 horas. É bom lembrar que o custo de espera de um navio é de cerca de US$40
mil a cada 24 horas.

1
O Globo, 06/07/2007.

6
7

Pois mais do que nunca, num mundo altamente competitivo, o que importa na logística - uma
noção de custo - é o "door to door logistic" isto, é, o preço de deslocamento de um produto de
um ponto inicial a outro ponto terminal, como se tudo integrasse uma única operação. A
importância da logística door-to-door é decisiva para a competitividade das empresas e das
regiões. Este, porém, não é um conceito novo. Na década de vinte do século passado, Keynes
já observava:

A importância da logística pode ser avaliada pela citação abaixo que descreve como um
morador de Londres, em 1914, antes da Primeira Guerra Mundial, podia usufruir dos
benefícios do progresso.

“Mas qualquer homem de capacidade ou caráter acima da média podia


escapar para as classes médias ou superior, às quais a vida oferecia, a baixo
custo e com pouco esforço, conveniências, confortos e amenidades que
ultrapassavam as possibilidades dos monarcas mais ricos e poderosos de
outras épocas. Bebericando o chá da manhã, antes de deixar o leito, o
habitante de Londres podia encomendar pelo telefone vários produtos de
todo o mundo, na quantidade desejada, e era razoável esperar que todos lhe
fossem entregues em casa. No mesmo momento e pelos mesmos meios
podia aplicar a sua riqueza nos recursos naturais e em novos
empreendimentos em qualquer parte da terra, participando assim, sem
esforço ou trabalho, dos frutos em perspectiva (Keynes, 2002, p. 6).”

Percebe-se que, ao menos nos países mais avançados da época, a integração dos modais
marítimo, ferroviário e rodoviário com as telecomunicações já acontecia. O chá vinha da índia
ou da China, o papel para o jornal matinal provavelmente do Canadá ou dos Estados Unidos e
os diversos produtos que era possível encomendar de qualquer parte do mundo. Primeiro de
navio até a Inglaterra, do porto inglês para o interior de trem e, finalmente, do atacadista
interno para o varejo por caminhão. A integração entre produção, distribuição e venda final
(comércio varejista) só é possível de ser feita com eficiência se houver a operação integrada
dos diversos modais de transporte e, destes, com os de telecomunicações.

4. Infra-Estrutura de Transporte para a Zona Oeste

As principais vias acesso para a Zona Oeste são a Avenida Brasil e a ferrovia que liga a
Estação Dom Pedro II (Central do Brasil) à Estação de Santa Cruz. Ambas cruzam toda a
região e operam com sérias necessidades de modernização e de condições de segurança.

A Avenida Brasil apresenta permanentes problemas de engarrafamentos, excesso de tráfico,


péssimas condições de manutenção, constantes alagamentos em dias de chuva mais forte,
ausência de áreas de escape e sinalização deficiente. Além dessas falhas poderiam ser listadas
muitas outras como a ociosidade da faixa seletiva.

As reclamações sobre a operação da ferrovia também são constantes, principalmente, com


relação à segurança e o conforto.

A circulação de carga pela Avenida Brasil em direção ao Porto do Rio de Janeiro tem sido um
forte gargalo para a competitividade das empresas. Não é razoável que a produção industrial

7
8

do município do Rio de Janeiro tenha que atravessar toda a cidade, em suas partes de maior
densidade demográfica, para chegar ao seu local de escoamento.

A tabela 1 abaixo compara as distâncias entre os bairros da Zona Oeste e os Portos do Rio de
Janeiro e de Itaguaí. É importante observar que a distância tem que ser ponderada com o fluxo
de transporte, vide Tabela 2, como já assinalado anteriormente, para que o custo econômico
(tempo) possa ser avaliado.

Tabela 1

Destino Distância/kms

Porto de Itaguaí/Santa Cruz 15,4

Porto de Itaguaí/Campo Grande 28,6

Porto de Itaguaí/Bangu 38,5

Porto do RJ/Santa Cruz 49,7

Porto do RJ/Campo Grande 36,0

Porto do RJ/Bangu 26,3

Fonte: CET/Rio. Elaboração própria.

Os dados da Tabela 2 complementam a análise desenvolvida no parágrafo anterior. A


participação relativa do transporte coletivo no município do Rio de Janeiro é de 72% do
individual 28%. Na AP-5 é, respectivamente, 87,1% e 12,9%. Isso significa que a AP-5 é
dependente de transporte coletivo o que é uma das suas grandes carências e tem que
atravessar a região mais densa de transito, a AP-3, e parte da AP1- para chegar ao Porto do
Rio de Janeiro. E ao centro da cidade. No Anexo 1 está à composição de cada Área de
Planejamento- AP. Note-se que a AP-5 é mais ampla do que a região que está sendo avaliada
neste trabalho ( vide anexo 1).

Inverter o sentido do fluxo de transporte, especialmente do transporte pesado, vai melhorar a


relação custo/benefício pela enorme redução do tempo. Evita atravessar toda a Zona Norte da
cidade a mais populosa, de maior volume de trânsito e, como a Zona Oeste, extremamente
dependente da Avenida Brasil apara o escoamento do seu fluxo de transporte de passageiro e
de carga.

8
9

Tabela 2 - Viagens totais por dia por Área de Planejamento-AP


no Município do Rio de Janeiro

Viagens por Dia no Município do RJ Transporte Coletivo Transporte Individual Total

Rio de Janeiro 5.400.000 2.100.000 7.500.000

% do Total 100,0% 100,0% 100,0%

Participação Relativa por Transporte 72,0% 28,0% 100,0%

AP1 148.575 303.216 451.791

% do Total 2,8% 14,4% 6,0%

Participação Relativa por Transporte 32,9% 67,1% 100,0%

AP2 1.846.861 470.222 2.317.083

% do Total 12,5% 32,2% 30,9%

Participação Relativa por Transporte 79,7% 20,3% 100,0%

AP3 2.734.686 676.517 3.411.203

% do Total 50,6% 32,2% 45,5%

Participação Relativa por Transporte 80,2% 19,8% 100,0%

AP4 987.749 282.418 1.270.167

% do Total 18,3% 13,4% 16,9%

Participação Relativa por Transporte 77,8% 22,2% 100,0%

AP5 1.627.489 240.268 1.867.757

% do Total 30,1% 11,4% 24,9%

Participação Relativa por Transporte 87,1% 12,9% 100,0%

Fonte: CET/RJ. Elaboração própria.

Isso ocorre tanto com o transporte rodoviário, quanto com o ferroviário. O acesso rodoviário e
ferroviário ao Porto do Rio de Janeiro ficou com as suas operações muito restringidas pelo
crescimento desordenado da cidade, que nunca respeitou as definições e regras sobre o uso do
solo de seus planos diretores com o beneplácito das autoridades municipais na maioria das
vezes. As invasões de áreas no entorno dos leitos ferroviários são constantes, o que faz com

9
10

que os trens tenham que circular em baixíssima velocidade, sendo inclusive, algumas vezes,
sujeitos a assaltos.

Dadas essas condições estruturais do sistema de transporte do município do Rio de Janeiro e,


em especial, da Zona Oeste, a solução lógica é que se procure redirecionar o fluxo de
transporte de carga para o lado oposto da cidade. Trocar a direção oeste/leste para oeste/oeste.
Mudar do Porto do Rio de Janeiro pára o Porto de Itaguaí.

Isso já obedece à lógica da localização dos principais investimentos industriais dos últimos
anos. Todos procurando sinergia entre o local e a infra-estrutura de transporte. Sabe-se que no
Brasil o custo da má logística de transporte – estradas esburacadas, gargalos portuários,
ferrovias antiquadas e a não integração dos diferentes modais de transporte – eleva o custo
entre 20% e 30% entre o local da produção e o do embarque. Se somarmos a isso a estimativa
de 10% de custo para o desembaraço alfandegário, constata-se facilmente como se perde valor
nas cadeias de logística da produção no Brasil.

5. O Porto de Itaguaí

O Estado do Rio de Janeiro tem dois grandes portos: o do município do Rio de Janeiro e o de
Itaguaí. O primeiro deveria ser dedicado a produtos de menor volume e maior valor agregado
e para as atividades de turismo. Não deveria ser um porto concentrador e distribuidor de
cargas dado o impacto dessas atividades na infra-estrutura urbana de transporte e meio-
ambiente. O segundo deveria ser dedicado para produtos como minério, grãos e outras
commodities, ou seja maior volume e carga geral (contêineres). Funcionar como um centro
concentrador e distribuidor de cargas. Um hub-port.

Desde a sua concepção inicial o Porto de Itaguaí foi planejado para transformar-se em
Complexo Portuário e Industrial de Itaguaí voltado, para ser o escoadouro das exportações e o
receptor das importações do Pólo Industrial ou Distrito Industrial da Zona Oeste. Ele é
estratégico para o desenvolvimento econômico da Zona Oeste do Rio do Janeiro pela sua
localização geográfica e pelo fluxo de transporte interno ao município do Rio de Janeiro.
Além disso, representa uma recuperação histórica do papel de centro de logística da economia
brasileira que a cidade do Rio de Janeiro desempenhou até os anos trinta do século passado.
Ele pode ser um fator importante para a modificação estrutural na pauta de exportação
brasileira, dominada por commodities, suscetíveis, como mostra a história passada e recente, a
variações abruptas em preço e quantidade, introduzindo um alto grau de incerteza no
desempenho de nossas contas externas.

As condições geográficas da área em que o complexo portuário de Itaguaí está situado são
muito boas. Apresenta uma retro área de 10 milhões de metros quadrados de área plana, um
canal de acesso com até 20m de profundidade e cais de acostagem em águas abrigadas, com
infra-estrutura logística industrial e tecnologia em telecomunicações e suprimento, acessos
multimodais e facilidades de transportes. Mesmo com uma parte dessa área já ocupada, ainda
existe uma grande área 9 (a maior parte) em condições de ser aproveitada.

Isso permite uma redução de custo para o usuário em condições internacionais de


produtividade. Estrategicamente localizado no mais importante entorno geoeconômico da
América do Sul, onde em um raio de pouco mais de 500 km estão situados os agentes
produtivos responsáveis pela formação de cerca de 70% do PIB brasileiro. É um porto

10
11

singular entre os portos brasileiros e latino-americanos. Com características físicas


competitivas, tem acesso marítimo para receber navios de grande porte e de última geração
acima de 6.000 TEUs.

O gargalo portuário está diminuindo a capacidade de competir da economia brasileira. È o


único terminal de contêineres em condições de operar os navios modernos que estão saindo
do estaleiro e reduzem, por sua densidade de carga e sua velocidade, os fretes dos produtos
industrializados. Estes navios exigem condições especiais no berço de atracação: calado
mínimo de 14,5 metros, retro-área livre, eficiência operacional na movimentação da carga,
além de uma razoável logística de terra, representada por acesso ferroviário, rodoviário e
marítimo. Isso quer dizer operação integrada dos diferentes modais de transporte que formam
a logística, sem os entraves de um centro urbano congestionado.

O Porto de Itaguaí mesmo operando com severas restrições logísticas e de falta de apoio
político vem se desenvolvendo. Tem movimentado mais de 200 mil TEUs a partir de 2006.
Destes, metade é carga de exportação, metade é carga de importação. Porém, o dado que mais
atesta a sua competitividade é que 40% do total manipulado é carga do transbordo, isto é,
destinada a outro terminal portuário. Isso quer dizer que Itaguaí está se convertendo em um
porto concentrador de carga, servindo, inclusive, em porto de apoio para os demais países do
MERCOSUL, Argentina e Uruguai.

O não reconhecimento do Porto de Itaguaí como um elemento estratégico para a


competitividade externa da economia brasileira tem sido um entrave para que a sua operação
plena pudesse difundir um impacto positivo sobre uma ampla região do Brasil e, em especial,
do Rio de Janeiro. Estudos realizados por especialistas 2 da área de logística mostram que a
sua zona de influência atinge até Mato Grosso do Sul. Envolve uma área que é responsável
por 70% do PIB brasileiro.

Os problemas que o Porto de Itaguaí tem enfrentado para ser operacionalmente mais efetivo
são variados. O terminal foi licitado, em 1998, como se fosse um terminal qualquer. Evitou-
se, sempre, definir uma política portuária nacional, que articulasse, sistematicamente, a
operação dos diversos portos. A indefinição funcional afetou o desempenho do terminal. E o
país continuaria sem serviços portuários adequados para facilitar uma inserção mais
competitiva no comércio internacional de produtos industrializados, uma vez que não estava
na rota dos grandes navios transoceânicos.

A operação do terminal arrastava-se. Os acessos rodoviários não eram construídos. As


licitações abertas para sanar o problema eram interrompidas. Os recursos destinados às obras
eram, sempre, contingenciados. O terminal vegetava: não tinha carga porque não tinha navios,
e não tinha navio porque não tinha carga.

A partir de 2004, com o crescimento explosivo do comércio internacional brasileiro, o


terminal ganhou impulso efetivo. Os armadores de navios de contêineres de nova geração que
deslocam, no mínimo, 5.000 TEUs (medida de contêiner), com muito maior velocidade de
cruzeiro, descobriram o terminal de contêineres de Itaguaí. A partir daí a movimentação de
carga vem crescendo juntamente com o número de navios transoceânicos de grande porte que
buscam os seus serviços. Em 2007, o porto ficou em terceiro lugar no ranking de
movimentação de granel sólido, com 17,5% do total ou 77,3 milhões de toneladas, segundo o

2
Silva (1997).

11
12

Panorama Aquaviário da Agência Nacional de Transportes Aquaviários - Antaq, publicado


em janeiro de 2008. Movimentou 230 mil toneladas de TEUs e 48 milhões de toneladas de
cargas em geral.

Embora servido por acesso ferroviário (os trilhos da MRS, em bitola larga, alcançam, sem
obstáculos, a beira do cais de atracação) é fundamental para o desenvolvimento adequado do
terminal que o atual acesso rodoviário seja ampliado para dar conta da carga de embarque e
desembarque no porto em processo de rápida expansão.

A carga de contêiner provém, em grande parte, da BR-116 (antiga rodovia Dutra) e da BR-40
(antiga Rio-Belo Horizonte), cujo acesso ao porto se faz seja por uma passagem obrigatória
pela cidade do Rio de Janeiro (caso da antiga Rio-Belo Horizonte) ou por uma travessia
insatisfatória pelo centro dos municípios de Itaguaí e Seropédica, (no caso a antiga Dutra). É
possível também chegar a Itaguaí através da BR-101 que as obriga não só a entrar no tráfego
urbano da cidade do Rio de Janeiro, como a penetrar, em precárias condições, pela BR-101.

Estes gargalos no acesso das rodovias federais ao porto Itaguaí, responsáveis pela maior parte
das cargas de contêiner que demandam o terminal portuário se deve ao fato de que, no
momento das respectivas privatizações, a existência de um terminal de contêiner em Itaguaí
sequer fora considerada no Plano Diretor do porto. Na ocasião, Itaguaí estava destinado,
exclusivamente, a ser um terminal para a operação de granéis – minério e carvão – produtos
que, evidentemente, acessam o porto, mais adequadamente, por via ferroviária do que por
via rodoviária.

Ao se incorporar, depois, no Plano Diretor de Itaguaí, a existência de um terminal de


contêiner a questão do acesso rodoviário ao porto, não previsto por ocasião das privatizações,
tornou-se crítica, uma vez que, num raio de até 400 quilômetros, o transporte rodoviário de
contêiner é muito mais econômico que o seu transporte por ferrovia. Se, no momento da
privatização, já houvesse definição de que Itaguaí teria terminais de contêiner, certamente, no
edital de concorrência, teria sido prevista explicitamente, a obrigatoriedade da construção do
acesso das duas BRs, ao porto de Itaguaí

O crescimento da carga de contêiner em Itaguaí, sem via de acesso rodoviário adequado, além
de ameaçar a desejada expansão do porto, ameaça congestionar, ainda mais, a circulação
urbana na cidade do Rio de Janeiro. Além disso transforma Seropédica e Itaguaí em
municípios de passagem de tráfego pesado de carga, agravando o problema de fluidez do
tráfego na BR-101, no trecho entre Itaguaí e a Avenida Brasil. O grave dessa inadequação da
malha rodoviária é converter uma rodovia com clara vocação turística em uma rodovia de
carga pesada e afetando todo o fluxo de transporte para a Zona Oeste do município do Rio de
Janeiro.

As cargas que vêm de trem do Centro-Oeste do país não têm ligação direta com o Rio. Isso é
uma dificuldade. A logística é sempre uma questão de custo e menos de distância, assim, se as
obras forem feitas, a diferença de custo entre Itaguaí e Santos será bem pequena e poderá
diminuir a pressão sobre Santos. O Porto de Itaguaí poderá receber cargas de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul.

A malha rodoviária para acesso ao porto é constituída por uma rede de rodovias estaduais e
federais. As principais são rodovias federais BR-101(Rio- Santos), BR-116 (Presidente
Dutra), BR-040 (Rio- Juiz de Fora) e BR-465 (antiga Rio-São Paulo). As estaduais mais

12
13

importantes são RJ-099 e RJ-105. A BR-101 é o principal acesso ao Porto de Itaguaí. A partir
dela, na direção sul, acessam-se as regiões de Angra dos Reis e a Baixada Santista e, na
direção norte, a Avenida Brasil. Na Avenida Brasil, através da BR-465,antiga Rio-São Paulo
chega-se à rodovia Presidente Dutra (BR-116), principal ligação entre as regiões Sul, Sudeste
e Nordeste, e através da BR-040 (Rio-Juiz de Fora), faz-se a ligação com os estados de Minas
Gerais, Goiás e Distrito Federal, permitindo-se atingir as regiões Centro-Oeste e Norte.

Essa malha está sendo sensivelmente melhorada com as Obras do Programa de Aceleração do
Crescimento- PAC: a duplicação da BR-101 trecho Santa Cruz-Mangaratiba e a construção
da rodovia BR-493, um arco viário metropolitano do Rio de Janeiro, ligando o porto às
rodovias Rio -Teresópolis, BR-040 (Rio-Juiz de Fora, MG) e BR-116 (Presidente Dutra- Rio -
SP), desafogando o trânsito da região metropolitana do Rio de Janeiro.

Mapa 1 - Arco Metropolitano do Rio de Janeiro

O acesso ferroviário direto ao Porto de Itaguaí é feito a partir do pátio de Brisamar, próximo à
cidade de Itaguaí, numa extensão de 1,5 km em linha tripla. A partir dessa estação, as linhas
férreas em bitola larga (1,6m) interligam-se com a Malha Sudeste da MRS- Logística S/A,
atendendo em particular ao triângulo São Paulo- Rio de Janeiro- Belo Horizonte, e a Malha
Centro–Leste, de bitola estreita ( 1,00m), arrendada a FCA- Ferrovia Centro –Atlântica S/A,
que atende ao restante dos Estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Distrito Federal.
Conexões interferroviárias são realizadas através da FEPASA, a partir de São Paulo e Jundiaí,
atendendo a todo o interior do Estado de São Paulo, e de duas outras empresas que operam na
região Centro – Oeste. Dentro da Malha Sudeste, o ramal Japeri – Brisamar com 32,9 Km de
extensão é de especial importância para o atendimento ao Porto de Itaguaí. A partir de Japeri a
linha tronco Rio–São Paulo, interliga as regiões metropolitanas dessas cidades e atravessa
todo o vale do Paraíba. Para que a operação do Porto de Itaguaí seja completa é fundamental a
construção do Ferroanel Norte, de São Paulo, a fim de garantir acesso ferroviário em bitola
larga direto da região industrial de São Paulo, aos terminais de contêineres de Santos ou de

13
14

Itaguaí, em condições técnicas que permita aos produtos da indústria brasileira ser
competitiva no mercado internacional;

O programa de aceleração do Crescimento - PAC também contempla a obra de dragagem


para aprofundamento do canal de acesso do Porto, com aprofundamento de 17m para 20m
(fase 1) e da bacia de evolução e sua extensão até o terminal da CSA de 14,5m para 17,5m
(fase 2). A garantia de recursos à Companhia Docas do Rio de Janeiro para duplicação do
canal, de 20 km para acesso ao porto de Sepetiba, é fundamental para a movimentação,
conjunta, de navios graneleiros, de minério e de contêineres, sobretudo para não sacrificar a
entrada e saída dos navios de contêineres, em número muito maior que os navios operadores
de grãos e minérios;

Está na hora dos governos, estadual como federal, assumirem o terminal de contêiner de
Itaguaí como um projeto estratégico nacional, sem se deixarem intimidar por eventuais
pressões dos interesses que serão afetados pelo crescimento do terminal. Essa articulação
também é decisiva para a definição de uma política de ocupação do espaço urbano e rural que
não degrade a área e permita o seu desenvolvimento sustentado.

A expansão do Porto de Itaguaí terá grande impacto para a economia nacional e estadual, com
efeitos positivos sobre as contas externas do país, para o sucesso de uma política industrial
voltada à exportação de bens de maior valor agregado, para a recuperação da economia
fluminense e, em especial, para o desenvolvimento da Zona Oeste, centro industrial do
município do Rio de Janeiro.

Mesmo sem estar em condições operacionais ideais o impacto positivo da presença do Porto
de Itaguaí já se faz sentir. A instalação da siderúrgica CSA Thyssen Krupp em Santa Cruz, já
está empregando 22.000 trabalhadores. A construção do arco viário metropolitano do Rio de
Janeiro, principal projeto de infra-estrutura viária em andamento no Estado, que interligará as
principais rodovias que acessam o município do Rio de Janeiro, já está atraindo investimentos
novos para a sua área de influência direta, inclusive imobiliários (O Globo, 01/09/2008).

Existem vários projetos de investimento previstos para se instalarem no Porto de Itaguaí retro
área. A Secretaria de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro está em processo de
escolha de até três terminais de minério de ferro dentre os doze propostos pelo setor privado
para instalação nessa área. O critério básico para decisão será qual dos projetos agrega mais
valor pela pelotização e/ou pela siderurgia. Três estaleiros estão com investimentos previstos
para instalação em Itaguaí. Um já está decidido: o estaleiro e a base da Marinha onde serão
construídos quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear, em parceria entre
Brasil e França, vão ficar em uma área entre o Porto de Itaguaí e a fábrica da Nuclebrás
Equipamentos Pesados (Nuclep), no Rio de Janeiro. O investimento previsto é de R$ 4,5
bilhões. Ficará localizado entre a Nuclep e o Porto de Itaguaí. O terreno, de 70 mil metros
quadrados, pertence hoje à Companhia Docas do Rio de Janeiro. Ele será transferido à
Marinha pela Secretaria do Patrimônio da União. A previsão é que o complexo comece a ser
construído no 2º semestre de 2009 e fique pronto em até cinco anos. “A área escolhida é
estratégica, pois a Nuclep deve fabricar muitas das peças do submarino”, diz o diretor-geral
de material da Marinha, almirante Marcus Vinícius dos Santos. O estaleiro vai gerar 500
empregos diretos (90% para civis). Na base de apoio, trabalharão 250 oficiais (O Globo,
20/12/2008).

14
15

Os projetos de investimento acima citados são apenas alguns exemplos do poder de atração
que um porto bem localizado e com razoáveis condições operacionais exerce sobre os
investimentos. A Zona Oeste do Rio de Janeiro está em condições excepcionais para
aproveitar as sinergias geradas por essa instalação. Para isso é necessário que defina uma
política racional integrada para suprir a área sob influência do porto de Itaguaí da infra-
estrutura de serviços necessários à plena realização do seu potencial.

6. Logística Específica: Alternativas Viárias e Estruturais para Campo Grande

Um dos entraves mais nítidos para o desenvolvimento do potencial econômico da a Zona


Oeste é a deterioração da rede de transportes que a serve. Essa situação vai ficar pior quando
todos os investimentos previstos para a melhoria do acesso logístico ao Porto de Itaguaí se
completarem.

Tendo em vista essa situação e na tentativa de construir um modelo que sirva para a
integração da infra-estrutura de transporte interna de cada bairro da região, com a externa, foi
elaborada uma alternativa viária e estrutural para Campo Grande.

Essa alternativa foi discutida em reuniões realizadas na Associação Comercial e Industrial de


Campo Grande - ACICG. A liderança exercida pela presidência da ACICG. foi um fator
decisivo para a forma final da proposta elaborada pela CET-RIO (Companhia de Engenharia
de Tráfego) através da CRT 5.2 (Coordenadoria Regional de tráfego da Área de Planejamento
de Campo Grande e Adjacências).

O objetivo da proposta é mudar a infra-estrutura de transporte de Campo Grande para que ela
que atenda a necessidade do aumento do fluxo do tráfego em direção ao Porto de Itaguaí,
desviando a carga pesada do centro da cidade e melhorando a ligação com as principais vias
externas que acessam Campo Grande.

A seguir segue a proposta:

A CET-RIO (Companhia de Engenharia de Tráfego) através da CRT 5.2 (Coordenadoria


Regional de tráfego da Área de Planejamento de Campo Grande e Adjacências) vem
monitorando o crescimento acelerado da Zona Oeste sob o ponto de vista
econômico/industrial e imobiliário. O foco desse monitoramento é o impacto na mobilidade
viária reduzindo os níveis de serviços das suas vias de acessos e vias coletoras, responsáveis
pelo escoramento da produção/abastecimento das indústrias e do comércio, bem como o
deslocamento interno de toda população.

Podemos apontar alguns fatores determinantes que induziram a este desequilíbrio, tais como:

1º) Transporte de massa ineficiente;

2º) Integração ineficaz (ônibus X trem);

3º) Falta de alternativas no escoramento de tráfego (Ex: Estrada da Caroba e Estrada


do Lameirão);

15
16

4º) Vias existentes com reduzida capacidade de escoamento e segurança de tráfego


(Ex: Estrada Rio-São Paulo, Estrada do Pré e Rua Olinda Ellis);

5º) Falta de conexão eficiente desses principais corredores: Av. Brasil X Estrada do
Lameirão, Estrada do Posse X Estrada do Lameirão, passagem em nível da Estrada do
Lameirão etc.

O crescimento incontestável da Zona Oeste, sob todos os aspectos, irá demandar


investimentos públicos que garantirão o equilíbrio e a mobilidade como forma sustentável da
sua expansão com respeito ao meio ambiente e a qualidade de vida da população.

A avaliação do custo orçamentário nos investimentos apontados depende de estudos técnicos


mais aprofundados (projeto executivo), levando-se em consideração os seguintes aspectos:
drenagem, iluminação, sinalização, número de viagens (volume), obras de artes,
desapropriações etc., para cada intervenção.

Contudo para nortear como estimativa (ordem de grandeza), apontamos os custos


individualizados por trecho, que serão considerados apenas como um indicador do volume de
investimentos necessários à reestruturação da malha viária de Campo Grande, objetivando no
aumento da mobilidade e proporcionando alternativas viárias com capacidade compatível ao
crescimento da região; que irão distribuir, de forma qualitativa, todo o volume de tráfego nas
suas diversas vias que compõe a nossa malha viária.

Os investimentos previstos são os seguintes:


Projetos de Infra-Estrutura de Transportes em Campo Grande

Valor (R$

Rota 1 milhões)

Estrada do Lameirão extensão 2982 (metros) 42,0

Pista simples com mão dupla = 8 m; acostamentos = 5 m; passeio = 4 m;

total = 17 m

Estrada do Pré (extensão 2285 metros) 12,0

Pista simples com mão dupla = 8 m; acostamentos = 5 m; passeio = 4 m;

total = 17 m

Rua Olinda Ellis (745 metros) 7,0

Pista simples com mão dupla = 8 m; acostamentos = 5 m; passeio = 4 m;

total = 17 m

16
17

Rota 2

Estrada Rio-São Paulo (1765 metros) Trecho A: da Estrada Rio do A do

até Estrada do Tinguí 6,0

Pista dupla = 16 m; canteiro central =1 m; passeio = 4 m; total = 21 m

Estrada Rio-São Paulo (3538 metros) Trecho B: da Estrada do Tinguí

até Viaduto Oscar Brito 17,0

Pista simples com mão dupla = 8 m; acostamentos = 5 m; passeio = 4 m;

total = 17 m

Duplicação Estrada da Caroba 9,0

Consultar projeto L7.DE.PG.09_11 a 11_11

Total 93,0

Fonte: CET-Rio

Outra intervenção importante para melhorar o fluxo de tráfego para a Zona oeste é a
complementação do Arco rodoviário do Município do Rio de Janeiro. Em especial a
construção de vias transversais ligando a Zona oeste com as outras áreas da cidade sem a
necessidade atravessar toda a Avenida Brasil. Essas vias, em vermelho no mapa, podem ser
vistas na figura 2.

17
18

Mapa 2 - Anel Rodoviário da Cidade do Rio de Janeiro

7. Conclusões

As principais recomendações que podem ser tiradas do trabalho de pesquisa realizado são as
seguintes:

• evitar o conflito entre o tráfego rodoviário de longa distância e o tráfego local dos
Municípios fluminenses localizados em torno do Porto de Itaguaí sobretudo no
Município do Rio de Janeiro e na sua Zona Oeste;
• reduzir o custo operacional das rodovias locais com melhoria na qualidade das
rodovias federais, na fluidez do tráfego de passageiros como de carga, na segurança
dos veículos e nos atendimentos dos usuários, com consideráveis ganhos econômicos
e sociais para a União Federal, o Estado do Rio de Janeiro e os Municípios atingidos;
• garantir acesso de carga, com fluidez, economicidade e volume, ao terminal de
contêineres do Porto de Itaguaí, de maneira a que ele possa exercer sua efetiva função
de “hub-port” do Atlântico-Sul;
• articulação entre os governos federal, estadual e municipal para a elaboração de um
plano diretor básico que: a) defina uma política racional integrada para suprir a área
sob influência do porto de Itaguaí da infra-estrutura de serviços necessários à plena
realização do seu potencial; b) um plano urbanístico para utilização do uso do solo na
Zona Oeste.

18
19

Essas recomendações têm que estar inseridas em um quadro mais geral de política pública
urbana que baseada nos seguintes pontos:

1. REVISÃO URGENTE DO PLANO DIRETOR DECENAL DA CIDADE - resolver os


entraves técnicos e político-administrativos que impedem a construção de um cenário seguro
para o desenvolvimento da região.

2. PEU's (PROJETOS DE ESTRUTURAÇÃO URBANA) EM TODA A REGIÃO – que


estimulem a indústria da construção civil, mas que, principalmente, estabeleçam uma vocação
econômica para a região com estímulo aos setores de turismo, serviços, cultura e tecnologia -
orientada aos cenários de desenvolvimento da região de Sepetiba (portos e siderurgia) -
preservando radicalmente os aspectos ambientais, a paisagem natural e recursos naturais.
Projetar um novo futuro para a região com desenvolvimento harmonioso e com participação
comunitária.

3. EQUIPAMENTOS PÚBLICOS EM REDE - recuperação e construção de novos


equipamentos públicos - postos de saúde, escolas, bibliotecas, tele centros, praças e espaço
público - articulados e estruturados sinergicamente criando presença do Estado e ofertando
serviço público de qualidade a população - há muito tempo abandonada.

5. ÁREAS INFORMAIS E FAVELAS - absorção dos loteamentos irregulares pela cidade


formal. Urbanizar o entorno destas áreas, com adoção de equipamentos públicos e ligação
viárias e espaciais destas áreas com o território formal. Combater o avanço da favelização,
remover vetores de crescimento, remover comunidades pequenas ou de baixa densidade com
contrapartida de oferta de habitação e/ou aluguel social.

6. ECO-CIDADE - criar um novo futuro para a zona oeste, orientado por um novo modelo de
desenvolvimento, sustentável, com forte conteúdo econômico e social, criando um novo
paradigma de cidade que possa representar o rio das novas gerações.

Finalmente, teria que ser elaborado um estudo de viabilidade econômica das novas vias de
ligação com a Zona Oeste (Mapa 2). Os estudos existentes das linhas coloridas, que datam
dos anos sessenta e do início dos anos setenta estão desatualizados. Com base nesses estudos
seriam elaborados os planos para a sua execução.

19
20

Referências Bibliográficas

O GLOBO, Coluna Panorama Econômico, 06/07/2007.

O GLOBO, Negócios & cia, 01/09/2008.

O GLOBO, Negócios & cia, 20/12/2008.

KEYNES, J. M. As Conseqüências Econômicas da Paz. Editora Universidade de Brasília :


São Paulo, 2002.

OSÓRIO, M. Rio Nacional, Rio Local: mitos e visões da crise carioca e fluminense, Editora
Senac Rio de Janeiro, 2005.

SILVA, E. B. Infra-Estrutura de Longo Alcance para o Desenvolvimento Sustentado.


FIRJAN: Rio de Janeiro, 1997.

Sítios pesquisados e consultados:

www.antaq.gov.br
www.bndes.gov.br
www.cet.rj.gov.br
www.codin.rj.gov.br/Apoio/Fiscais.htm
www.finep.gov.br
www.investrio.com.br
www.itaguai.rj.gov.br/porto.asp )
www.itaguai.rj.gov.br
www.portosrio.gov.br/Sepetiba/index.htm
www.sebrae.com.br/uf/rio-de-janeiro/sebrae-rj/areas-de-atuacao/
http://www.transportes.gov.br/bit/terminais_mar/Nuclepe/nuclepe.htm

20
21

Anexo

Áreas de Planejamento

AP - 1(Portuária), II(Centro), III(Rio Comprido), VII(São Cristóvão), XXI(Paquetá),


XXIII(Santa Tereza)

AP- 2 (Botafogo), V (Copacabana), V I(Lagoa), VIII(Tijuca), IX (Vila Isabel),


XXVII(Rocinha)

AP-3 (Ramos), XI (Penha), XII (Inhaúma), XIII(Méier), XIV(Irajá), XV(Madureira), XX


(Ilha), XXII (Anchieta), XXV(Pavuna), XXVIII(Jacarezinho), XXIX(Comp. Alemão),
XXX(Maré)

AP-4XVI (Jacarepaguá), XXIV (Barra da Tijuca)

AP- 5 VII (Bangu), XVIII (Campo Grande), XIX (Santa Cruz), XXVI (Guaratiba)

21
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno

Segurança pública na Zona Oeste do Rio de Janeiro: diagnóstico e propostas

(Versão Final)

Projeto FAPERJ no E-26/110.644/2007

Leonarda Musumeci (professora, IE/UFRJ e


pesquisadora, CESeC/Ucam)
Gabriel Fonseca da Silva (estatístico, CESeC/Ucam)
Leonardo Leão de Paris (estatístico, CESeC/Ucam)

Junho/2009
2

ÍNDICE

Introdução................................................................................................................................. 4
1. “Terra Sem Lei”: Um Panorama Da Violência Na Zona Oeste ....................................... 5
2. Detalhamento Dos Indicadores De Criminalidade E Violência ....................................... 9
2.1. Violência Letal ................................................................................................................ 9
2.2. Pessoas Desaparecidas .................................................................................................. 16
2.3. Crimes Contra O Patrimônio......................................................................................... 19
2.3.1. Roubos.................................................................................................................... 20
2.3.1.1. Roubo De Veículo........................................................................................... 21
2.3.1.2. Roubo A Transeunte........................................................................................ 24
2.3.2. Furto De Veículos .................................................................................................. 27
2.4. Presença De Milícias ..................................................................................................... 31
3. Proposta De Agenda Para A Segurança Pública Da Região .......................................... 33
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 36
Anexo: Vozes Da Zona Oeste ................................................................................................ 38

ÍNDICE DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS

Figura 1 - Homicídios dolosos por circunscrições de delegacias policiais......................... 10


Figura 2 - Pessoas desaparecidas, por circunscrições de delegacias policiais................... 17
Figura 3 - Total de roubos registrados, por circunscrições de delegacias policiais ......... 20
Figura 4 - Roubos a transeunte registrados, por circunscrições de delegacias policiais . 25
Figura 5 -Furtos de veículos registrados, por circunscrições de delegacias policiais ...... 29
Figura 6 - Número de áreas com milícias, por bairro......................................................... 32
Gráfico 1 - Evolução das mortes violentas intencionais registradasnas delegacias da
Zona Oeste ............................................................................................................................... 11
Gráfico 2 - Homicídios dolosos registrados na Zona Oeste, por dias da semana.............. 14
Gráfico 3 - Homicídios dolosos registrados na Zona Oeste, por horários ......................... 15
Gráfico 4 - Evolução do número de desaparecimentos registrados nas delegacias da
Zona Oeste ............................................................................................................................... 17
Gráfico 5 - Perfil de gênero e etário das vítimas de homicídio doloso e das pessoas
desaparecidas na Zona Oeste................................................................................................. 19
Gráfico 6 - Evolução do total de roubos registrados nas delegacias da Zona Oeste,........ 21
Gráfico 7 - Evolução dos roubos de veículos registrados nas delegacias da Zona Oeste, 21
Gráfico 8 - Roubos de veículos registrados na Zona Oeste, por dias da semana.............. 23
Gráfico 9- Roubos de veículos registrados na Zona Oeste, por horários .......................... 24
3

Gráfico 10 - Evolução dos roubos a transeunte registrados nas delegacias da Zona Oeste
.................................................................................................................................................. 25
Gráfico 11 - Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por dias da semana ......... 27
Gráfico 12 -Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por horários...................... 27
Gráfico 13 - Evolução dos furtos de veículos registrados nas delegacias da Zona Oeste. 28
Gráfico 14 - Furtos de veículos registrados na Zona Oeste, por dias da semana ............. 30
Gráfico 15 - Furtos de veículos registrados na Zona Oeste, por horários ......................... 31
Tabela 1 - Mortes violentas intencionais registradas nas delegacias da Zona Oeste, ...... 10
Tabela 2 - Taxas de homicídios dolosos e de mortes violentas intencionais registradas
nas delegacias da Zona Oeste,................................................................................................ 11
Tabela 3 - Evolução das mortes violentas intencionais registradas nas delegacias.......... 12
Tabela 4 - Homicídios dolosos registrados na Zona Oeste, por bairros............................ 13
Tabela 5 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais homicídios dolosos ..................... 14
Tabela 6 - Indicadores de letalidade da ação policial nas delegacias ................................ 16
Tabela 7 - Desaparecimentos registrados nas delegacias ................................................... 16
Tabela 8 - Desaparecimentos registrados na Zona Oeste, por bairros .............................. 18
Tabela 9 - Roubos registrados nas delegacias da Zona Oeste, no MRJ e no ERJ, por tipos
.................................................................................................................................................. 20
Tabela 10 - Roubos de veículos registrados na Zona Oeste, por bairros........................... 22
Tabela 11 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de roubo de veículo .. 23
Tabela 12 - Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por bairros ........................ 26
Tabela 13 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de roubo a transeunte
.................................................................................................................................................. 26
Tabela 14 - Relação roubos/furtos de veículos na Zona Oeste............................................ 28
Tabela 15 - Furtos de veículo registrados na Zona Oeste, por bairros.............................. 29
Tabela 16 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de furto de veículo.... 30
Tabela 17 - Número de áreas com milícias, por bairro....................................................... 32
Tabela 18 - Denúncias contra milícias feitas ao Disque-Denúncia, por bairro ................ 33
4

Segurança pública na Zona Oeste do


Rio de Janeiro: diagnóstico e propostas

Leonarda Musumeci *

Introdução

A necessidade de um diagnóstico específico da segurança pública no âmbito do Projeto


“Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno”
impôs-se a partir da análise de levantamento anterior junto a empresários e usuários do setor
comercial, que apontava esse problema como um dos grandes obstáculos ao desenvolvimento
sócio-ecoômico e à melhoria da qualidade de vida na região. 1 Posteriormente, o questionário
distribuído pelo próprio Projeto a empresas de diversos setores confirmou a importância do
tema e reforçou a demanda por um estudo mais detalhado a respeito da criminalidade e da
violência nas quatro regiões administrativas selecionadas. 2

A pesquisa cujos resultados se apresentam aqui combinou o levantamento de dados


quantitativos e informações qualitativas. Utilizou, no primeiro caso, estatísticas gerais do
Instituto de Segurança Pública, baseadas nos registros de ocorrência da Polícia Civil e
divulgadas mensalmente pela internet, bem como microdados relativos às quatro delegacias
da Zona Oeste, cedidos pelo mesmo Instituto especialmente para a realização do projeto. A
fim de dimensionar, mesmo que de forma aproximativa, a presença de milícias nos bairros da
região, recorreu ainda a dados apresentados nas conclusões da Comissão Parlamentar de
Inquérito da Assembléia Legislativa estadual que investigou a atuação desses grupos no Rio
de Janeiro, e também a um estudo realizado pela ONG Justiça Global em 2008. Por sua vez,
as informações qualitativas sobre percepções e experiências referentes à segurança pública na
Zona Oeste foram obtidas em entrevistas e grupos de discussão com lideranças locais,
realizados nas sedes das associações comerciais de Realengo, Bangu e Campo Grande, e nos
distritos industriais de Campo Grande e Santa Cruz.

A primeira seção a seguir apresenta uma síntese dos principais resultados da pesquisa, com
destaque para alguns indicadores quantitativos que evidenciam a gravidade do quadro de
criminalidade e violência na Zona Oeste, e para as causas ou elementos favorecedores dessa
situação que foram apontados de forma recorrente nas entrevistas qualitativas.

*
Professora do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania
da Universidade Candido Mendes (CESeC/Ucam). Este trabalho teve a participação dos dois estatísticos do
CESeC, Gabriel Fonseca da Silva e Leonardo Leão de Paris.
1
Mapeamento das atividades comerciais realizado pelo Instituto Fecomércio-RJ (Ifec) entre outubro de 2001 e
outubro de 2003. Ver análise em Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu
Entorno: diagnóstico sócio econômico do local (versão final). Rio de Janeiro, Instituto de Economia da UFRJ,
março de 2009.
2
Seguindo a definição adotada no diagnóstico socioeconômico geral e nos demais estudos setoriais do projeto,
considerou-se aqui como Zona Oeste apenas a área das regiões administrativas e delegacias policiais de
Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz. Para diferenciá-la do traçado oficial da Zona Oeste do Rio de
Janeiro, que inclui também as regiões de Guaratiba, Jacarepaguá e Barra da Tijuca, seu nome, doravante, será
sempre grafado em itálico.
5

A segunda analisa de forma mais detalhada as estatísticas de segurança pública da região nos
últimos anos, relativas a mortes violentas intencionais, desaparecimento de pessoas, letalidade
policial, total de roubos, roubos e furtos de veículos, roubos a transeunte e presença de
milícias.

Na terceira parte é apresentada uma proposta de agenda para o enfrentamento dos problemas
de segurança na Zona Oeste.

Em anexo, encontra-se um resumo das entrevistas e grupos de discussão, seguido de uma


seleção de frases e trechos de entrevistas que ilustram de forma eloquente as percepções
locais sobre violência e outros problemas da região.

1. “Terra sem lei”: um panorama da violência na Zona Oeste

Nas entrevistas qualitativas feitas na Zona Oeste, a falta de segurança apareceu como um dos
principais problemas da região, junto ou logo atrás de logística, transporte público e
educação/capacitação. As lideranças ouvidas nas quatro RAs enfatizaram quase sempre os
assassinatos e os assaltos a pedestres e a motoristas como indicadores mais evidentes da
insegurança na área, o que é confirmado pelas estatísticas do ISP.

Forte presença de milícias, interferindo na atividade econômica; ausência de policiamento


ostensivo; corrupção policial; falta de regulação pública do uso do solo e das atividades de
comércio e serviços; informalidade generalizada; proliferação de favelas e carência de
serviços urbanos como pavimentação das ruas e iluminação pública foram os elementos mais
enfatizados nas entrevistas para definir o ambiente favorecedor da violência na região.

De forma mais detalhada, apontaram-se como causas ou elementos que contribuem para a
situação de insegurança:

• multiplicação de favelas, sem infraestrutura, sem presença do poder público, que se


tornam presas fáceis de grupos criminosos armados;
• o próprio crescimento econômico da região, que atrai muitas pessoas sem recursos e
com baixa qualificação, não absorvidas pelo mercado de trabalho local;
• falta absoluta de policiamento ostensivo, por grave insuficiência de efetivo nos
batalhões da PM da região (foi lembrado que o de Campo Grande também presta
serviços de policiamento montado a outras partes da cidade);
• altos níveis de corrupção policial; promiscuidade entre polícia e milícias, entre polícia
e crime;
• carência aguda de transporte coletivo público, abrindo espaço para a proliferação do
alternativo (ônibus piratas, kombis, vans, mototaxis), inicialmente como atividade
informal, hoje como principal fonte de lucro de grupos criminosos armados;
• ampla informalidade no setor de pequenas e microempresas de comércio e serviços,
favorecendo a captura de várias atividades por traficantes e milicianos, como no caso
da venda de botijões de gás e da segurança privada;
6

• conivência social com a ilegalidade e a informalidade, manifesta, por exemplo, no uso


de “gatonet” pela classe média, que poderia pagar o serviço legalizado, e no amplo
emprego de vigilantes privados informais por condomínios e estabelecimentos
comerciais.
• degradação das instituições locais pela generalização da informalidade e das
ilegalidades;
• falta de regulação da ocupação e do uso do solo, possibilitando não só a multiplicação
de comunidades residenciais irregulares, desassistidas, exploradas por grupos
criminosos, como o surgimento de inúmeras fontes de conflitos oriundas, por
exemplo, da presença de oficinas mecânicas em áreas de moradia, ou de grandes casas
de show nos centros comerciais;
• atuação de políticos no incentivo às invasões e grilagens, com o propósito de criar
currais eleitorais;
• graves deficiências de iluminação pública e calçamento/asfaltamento das ruas, que
facilitam a prática de assaltos;
• prisão dos bicheiros no início dos anos 1990, que teria aberto espaço para a ascensão
dos traficantes de drogas e das milícias na região;
• acirramento dos conflitos entre milícias após a prisão de importantes chefes de uma
das facções, em meados de 2008;
• impossibilidade de combate às milícias com os policiais que trabalham na Zona Oeste,
na maioria moradores da região;
• política de confronto e de projetos pontuais de policiamento comunitário do atual
governo, que estaria gerando “vazamento” de bandidos para outras áreas e
deslocamento das atividades criminosas do tráfico de drogas para os assaltos.

Os indicadores de criminalidade e violência construídos a partir dos dados do ISP também


traçam um mapa dramático da situação de insegurança vivida na região. Segue, abaixo, uma
síntese dos principais resultados quantitativos da pesquisa, cuja análise será desenvolvida
mais minuciosamente na próxima seção.

Homicídios

• Em 2008, a taxa de homicídios dolosos da Zona Oeste foi de 44,5 vítimas por cem mil
habitantes, 28% mais alta que a do conjunto do MRJ; na RA de Santa Cruz a taxa foi
de 62,2 por cem mil, 79% maior que a média municipal.
• Considerando-se o conjunto de mortes violentas intencionais (homicídio doloso, roubo
seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e civis mortos em confronto com a
polícia), no mesmo ano de 2008, a taxa da Zona Oeste sobe para 52,5, contra 48,4 no
município como um todo, sendo que em Santa Cruz, chega a 70,7 vítimas por cem mil
habitantes e em Realengo, a 67,8.
• Desde 2006 tem havido decréscimo do número absoluto de homicídios dolosos na
região, especialmente em Campo Grande, e no município como um todo. Entretanto,
notícia do jornal O Globo publicada em 1/5/2009, com base em dados do ISP ainda
não divulgados na internet, dá conta de um aumento de 22% dos assassinatos em
7

Campo Grande no primeiro trimestre de 2009, em comparação com o mesmo período


de 2008, aumento atribuído ao recente acirramento dos conflitos entre facções de
milícias na região.
• Oito dos 17 bairros da Zona Oeste concentraram 85% dos homicídios dolosos
registrados de janeiro de 2004 a julho de 2008 (período coberto pelos microdados do
ISP cedidos para o presente projeto), sendo que os 4 bairros principais concentraram
68%, seguidos de Paciência, Padre Miguel, Santíssimo e Senador Camará.
• Nesse período, registraram-se homicídios dolosos em 885 diferentes ruas ou
logradouros da Zona Oeste. As maiores frequências foram na Avenida Brasil e na
Avenida Cesário de Melo.
• 92% das vítimas de homicídios dolosos, no mesmo período, eram do sexo masculino e
80% tinham de 15 a 39 anos de idade.

Letalidade policial

Segundo dados do ISP, 704 civis morreram em confronto com a polícia na região entre 2003 e
2008 – uma média de 88 por ano ou mais de 7 por mês. A Zona Oeste registra uma relação de
50 civis mortos para cada policial morto em serviço, o dobro da verificada no conjunto do
município e 63% a mais que no estado como um todo durante o mesmo período.

Pessoas desaparecidas

De 2004 a 2008, as circunscrições (ou RAs) de Campo Grande e Santa Cruz foram as que
registraram maiores números de desaparecimentos de pessoas em todo o município: acima de
600 casos, mais de 120, em média, por ano, ou mais de 10, em média, por mês. Não se
conhece a proporção, mas infere-se que uma parte desses desaparecimentos corresponde a
homicídios em que não há localização do corpo (o ISP está desenvolvendo uma pesquisa para
conhecer melhor o fenômeno, que é crescente no estado nos últimos anos).

Roubos

O total de roubos (assaltos) registrados aumentou entre 2000 e 2008 na região, acompanhando
o crescimento havido no município e no estado como um todo. Na RA de Bangu, porém, o
aumento dos assaltos foi bem superior à média. As modalidades mais numerosas de registros
na Zona Oeste foram roubo de veículos e roubo a transeunte.

Roubo de veículo
• Durante o período de 55 meses, ou 1.674 dias, abrangido pelos microdados do ISP (1º
de janeiro de 2004 a 31 de julho de 2008), houve uma média de 278 roubos de
veículos por mês, ou nove por dia, na região. Cerca de 68% desses roubos ocorreram
nos bairros de Bangu, Realengo e Campo Grande e 90% em oito dos 17 bairros da
Zona Oeste, praticamente os mesmos que concentraram a maior proporção de
homicídios dolosos: além dos três já mencionados, Padre Miguel, Santa Cruz, Senador
Camará, Deodoro e Santíssimo.
• Nesse mesmo período, houve roubos de veículos em 1.383 logradouros da região, mas
¾ deles ocorreram em apenas 172 ruas, sendo a Avenida Brasil, a Avenida de Santa
Cruz, a Estrada de Água Branca e a Avenida Cesário de Melo as que registraram
maiores incidências desse tipo de crime.
8

• Cerca de 56% dos roubos de veículo se concentram no período de 19 às 24 horas,


sendo o pico das ocorrências entre 20 e 21 horas. Pode-se dizer que, todos os dias,
entre as 19 e as 24 horas, ocorrem em média cinco roubos de veículos na Zona Oeste;
mais dois entre uma hora da manhã e meio-dia, e outros dois das 13 às 18 hs. O
número de casos é alto em todos os dias da semana, mas um pouco mais numeroso às
sextas-feiras e um pouco menos numeroso aos domingos e segundas-feiras.
• As vítimas notificadas desse tipo de roubo eram majoritariamente (71%) do sexo
masculino; metade do total estava na faixa etária entre 30 e 49 anos, 28% na faixa até
29 anos e 22% tinham 50 anos ou mais de idade.

Roubo a transeunte
• Essa modalidade de crimes contra o patrimônio foi a que mais cresceu na região, no
estado e no município entre 2000 e 2008, especialmente a partir de 2004, chegando a
2008 com números de registros 225 a 300% maiores que em 2000. Na RA de Bangu, o
aumento dos roubos a transeunte de 2000 a 2008 foi de aproximadamente 450%.
• Os quatro bairros principais e mais populosos da região foram os que registraram
maiores números de roubos a transeunte no período abrangido pelos microdados do
ISP, seguidos de Padre Miguel, Senador Camará, Jardim Sulacap e Magalhães Bastos.
No total, esses oito bairros responderam por mais de 90% dos casos registrados na
Zona Oeste ao longo do referido período.
• O padrão de distribuição dos roubos a transeunte pelas ruas da Zona Oeste é um pouco
mais concentrado que o de roubo de veículos: embora se tenha registrado pelo menos
um roubo a transeunte em 1.245 ruas da região, 3/4 dos registros se referem a 117 ruas
(9,4% do total). Novamente, as grandes vias encabeçam o ranking, mas desta vez com
a Avenida de Santa Cruz em primeiro lugar, seguida das Avenidas Brasil e Cesário de
Melo.
• Segunda-feira foi o dia da semana com maior número de ocorrências e domingo, o dia
de menor número. Dentro das 239 semanas abrangidas pelos microdados do ISP, a
média diária girou em torno de 13 ocorrências às segundas-feiras, em torno de 9 aos
sábados e domingos, e em torno de 11 nos outros dias da semana. Tal como a de
roubos de veículos, a frequência mais alta de roubos a transeunte (cerca de 42%)
ocorre no período de 19 às 24 horas, com pico no intervalo 20-21 horas.
• Neste caso, as vítimas notificadas são majoritariamente jovens: no período abrangido
pelos microdados do ISP, 54% tinham até 29 anos de idade; 36% estavam na faixa
etária de 30 a 49 anos e 10%, na de 50 anos ou mais.

Presença de milícias

A CPI da Alerj que investigou a ação das milícias, concluída em novembro de 2008,
identificou no Município do Rio de Janeiro 128 áreas dominadas por esses grupos criminosos,
em 48 bairros. De acordo com a CPI, os bairros da cidade com maiores números de locais
nessa condição ficam na Zona Oeste: Campo Grande (16 áreas), Santa Cruz (15) e Realengo
(10). Embora com quantidades menores, três outros bairros da região também figuram na
lista: Bangu (3 áreas dominadas), Inhoaíba (2) e Sepetiba (1). (Cf. Alerj, 2008).
9

Em levantamento feito junto ao Disque-Denúncia, referente ao período de janeiro de 2006 a


abril de 2008, foi identificado um total de 2.219 denúncias contra milicianos na cidade do
Rio, sendo mais de ¼ (28%) delas provenientes de bairros da Zona Oeste: Campo Grande
(campeão municipal de denúncias, com 258), Santa Cruz (169), Realengo (113), Paciência
(107), Sepetiba (63), Inhoaíba (57) e Cosmos (45). Tais denúncias referiam-se,
majoritariamente, a extorsões, desvio de conduta (presume-se que de policiais), posse ilícita
de armas de fogo, homicídio consumado, ameaças, tráfico de drogas, e rádio, tevê ou telefonia
clandestina (Cf. Cano, 2008).

Nas entrevistas com lideranças da Zona Oeste ficou claro que, embora as milícias possam ter
sido de início percebidas como fator positivo para a segurança, ou como “mal menor”, face à
ausência do poder público nas áreas carentes, hoje prevalece o entendimento de que se trata
de grupos criminosos, cujo principal objetivo não é a “autodefesa comunitária”, mas o lucro,
por meio da exploração ilegal do comércio e dos serviços destinados às camadas populares.
Também há a percepção de que tais grupos possuem projeto político, empenhando-se na
criação e manutenção de “currais” eleitorais, e na eleição de chefes ou aliados para cargos
legislativos do estado e do município. Em suma, tudo indica que as milícias não são mais
pensadas como possível solução, mas sim como obstáculo – e dos mais sérios – à melhoria da
segurança pública e ao desenvolvimento sócio-econômico da Zona Oeste.

2. Detalhamento dos indicadores de criminalidade e violência

2.1 – Violência letal

Entre 2000 e 2008, cerca de 7.600 pessoas morreram assassinadas anualmente, em média, no
estado do Rio de Janeiro (tabela 1) – se considerarmos como assassinatos (ou mortes violentas
intencionais) a soma de homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte, latrocínios
(roubos seguidos de morte) e autos de resistência (civis mortos em confronto com a polícia).
No município, a média foi de mais de 3.200 vítimas por ano e na Zona Oeste, 3 de 962.

3
Como já dito, a Zona Oeste, grafada em itálicos, abrange somente as regiões administrativas e delegacias
policiais de Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, de acordo com a definição adotada para o
diagnóstico geral e os estudos setoriais do “Projeto Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de
Janeiro e de seu Entorno”.
10

Tabela 1 - Mortes violentas intencionais registradas nas delegacias da Zona Oeste,


no MRJ e no ERJ – 2000 a 2008

Mortes
Lesões Autos de
Homicídios Latro- violentas % %
seguidas resis-
dolosos cínios inten- MRJ ERJ
de morte tência
cionais
33ª DP – Realengo 1.094 5 33 128 1.260 4,3 1,8
34ª DP – Bangu 1.939 23 47 409 2.418 8,3 3,5
35ª DP - Campo Grande 2.548 23 59 131 2.761 9,4 4,0
36ª DP - Santa Cruz 1.958 11 21 227 2.217 7,6 3,2
Zona Oeste 7.539 62 160 895 8.656 29,5 12,7
MRJ 22.395 274 908 5.718 29.295 100,0 42,9
ERJ 57.190 525 1.847 8.725 68.287 - 100,0

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Junto com a parte da Zona Norte que vai do Complexo do Alemão à Pavuna, a Zona Oeste
tem figurado sistematicamente como área de maior ocorrência de homicídios dolosos na
cidade, conforme se visualiza no mapa abaixo, referente aos últimos cinco anos.4

Figura 1 - Homicídios dolosos por circunscrições de delegacias policiais


Município do Rio de Janeiro – 2004 a 2008 (números absolutos)

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

Na Zona Oeste, as taxas por cem mil habitantes, tanto de homicídios dolosos quanto do total
de mortes violentas intencionais, são significativamente superiores à estadual e à municipal,
como mostra a tabela 2, referente ao ano de 2008. Note-se, em particular, o caso da DP de
Santa Cruz, cuja taxa de homicídio naquele ano foi quase 80% maior que a registrada na
média do município.

4
No Relatório de Desenvolvimento Humano Local do Município do Rio de Janeiro, publicado em 2001 com
dados até 1999, a Zona Oeste (lato sensu) já aparecia como a região da cidade com maiores taxas de homicídio
por cem mil habitantes (cf. Musumeci, 2001).
11

Tabela 2 - Taxas de homicídios dolosos e de mortes violentas intencionais registradas


nas delegacias da Zona Oeste,
no MRJ e no ERJ, por 100 mil habitantes – 2008

Mortes
Homicídios violentas
dolosos intencionais
33ª DP – Realengo 48,7 67,8
34ª DP – Bangu 35,5 44,3
35ª DP - Campo Grande 38,9 41,2
36ª DP - Santa Cruz 62,2 70,7
Zona Oeste 44,5 52,5
MRJ 34,8 48,4
ERJ 36,0 44,9

Fontes: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia


Civil; IPP e IBGE (estimativas populacionais para 2008) Elaboração: IE/UFRJ.

Tal como no ERJ e no MRJ, houve uma tendência de queda das mortes violentas intencionais
nas circunscrições da Zona Oeste desde 2006, exceção feita à área de Realengo, onde o
número de vítimas cresceu nesse período. Campo Grande e Bangu chegaram a apresentar
evolução bem mais favorável que a média estadual e municipal até o fim de 2008 (gráfico 1 e
tabela 3), mas é possível que esse diferencial esteja sendo revertido em 2009 com o
acirramento das disputas entre facções do tráfico e de milícias na região. 5

Gráfico 1 - Evolução das mortes violentas intencionais* registradas nas delegacias da


Zona Oeste, no MRJ e no ERJ
2000 a 2008 – Número-índice: 2000=100
140
120
100
80
60
40
20
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

33ª DP - Realengo 34ª DP - Bangu 35ª DP - Campo Grande


36ª DP - Santa Cruz MRJ ERJ

(*) Homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e auto de resistência
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil
Elaboração: IE/UFRJ

5
Segundo noticiou o jornal O Globo (1/5/2009), os homicídios dolosos na 39ª Área Integrada de Segurança
Pública, que inclui as delegacias de Campo Grande e Guaratiba, cresceram 22% no primeiro trimestre de 2009
em relação ao mesmo período de 2008. A afirmativa se baseia em dados do ISP ainda não divulgados no Diário
Oficial.
12

Tabela 3 - Evolução das mortes violentas intencionais registradas nas delegacias


da Zona Oeste, no MRJ e no ERJ – 2000 a 2008 (números absolutos)
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
33ª DP – Realengo 126 126 124 125 143 145 148 163 160
34ª DP – Bangu 371 262 280 238 276 255 293 247 196
35ª DP - Campo Grande 346 344 349 324 302 274 296 291 235
36ª DP - Santa Cruz 224 216 247 251 274 224 265 266 250
Zona Oeste 1.067 948 1000 938 995 898 1002 967 841
MRJ 3.147 2.984 3.465 3.495 3.456 3.231 3.286 3.354 2.877
ERJ 6.993 7.083 8.043 8.054 7.645 7.987 7.649 7.699 7.134
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

De janeiro de 2004 a julho de 2008 – período para o qual o Instituto de Segurança Pública do
Estado do Rio de Janeiro disponibilizou microdados criminais sobre a Zona Oeste – 92% das
vítimas de homicídios dolosos ocorridos na região eram do sexo masculino e quase 80%
tinham de 15 a 39 anos de idade (ver gráfico 5, adiante). Tal como em outras áreas, aqui
também, portanto, a vitimização letal atinge sobretudo homens jovens. Sabe-se, além disso,
que as vítimas de homicídio no Brasil são majoritariamente pobres, negras e de baixa
escolaridade, 6 e é muito provável que esse perfil também predomine na Zona Oeste. Todavia,
não há como confirmá-lo estatisticamente com as informações do banco de dados do ISP, em
função das lacunas nos campos relativos a raça/cor, escolaridade e profissão. 7 Tampouco se
pode esboçar o perfil dos autores de homicídios, devido à baixíssima taxa de esclarecimento
dos crimes pela polícia e à consequente ausência de dados sobre autoria na maior parte dos
casos.

Examinando a distribuição espacial dos homicídios dolosos no interior da Zona Oeste, no


mesmo período, verifica-se uma significativa concentração desse tipo de crime nos quatro
bairros principais da região, responsáveis por 68% do total de vítimas naquele período (tabela
4). Embora com participações individuais bem menores, os bairros de Paciência, Padre
Miguel, Santíssimo e Senador Camará responderam, juntos, por outra parcela expressiva
(16,4%). No total, portanto, oito dos 17 bairros da Zona Oeste concentraram quase 85% dos
homicídios dolosos registrados pela polícia nessa região durante o período considerado.

6
Cf., por exemplo, Cano e Santos (2001); Pnud (2005).
7
Análises mais detalhadas do perfil das vítimas de homicídios são feitas geralmente a partir das informações do
Datasus; no caso dos bairros da região aqui em foco, seriam necessários microdados da Secretaria Municipal de
Saúde.
13

Tabela 4 - Homicídios dolosos registrados na Zona Oeste, por bairros


Janeiro de 2004 a julho de 2008

Bairro Nº %
Campo Grande 820 22,9
Santa Cruz 651 18,1
Bangu 558 15,6
Realengo 417 11,5
Paciência 208 5,8
Padre Miguel 137 3,8
Santíssimo 123 3,4
Senador Camará 122 3,4
Sepetiba 90 2,5
Inhoaíba 72 2,0
Magalhães Bastos 63 2,0
Cosmos 69 1,9
Jardim Sulacap 56 1,6
Deodoro 41 1,0
Senador Vasconcelos 28 0,8
Vila Militar 1 0,0
Não informado 131 3,7
Zona Oeste 3.587 100,0

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros


de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Quando se focaliza a distribuição por ruas ou logradouros, observa-se também uma


concentração bastante elevada: de janeiro de 2004 a julho de 2008, 1/3 dos homicídios
dolosos foi registrado em 48 ruas, as quais representavam apenas 5,3% do total de 885
logradouros da região com pelo menos um registro de homicídio naquele período; metade dos
homicídios dolosos foi registrada em 113 ruas (13% do total) e 3/4 deles, em 328 ruas (37,3%
do total). A tabela 5 mostra as 15 vias da Zona Oeste onde ocorreram mais homicídios,
lideradas pela Avenida Brasil e pela Avenida Cesário de Melo.
14

Tabela 5 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais homicídios dolosos


Janeiro de 2004 a julho de 2008

Logradouro Nº %
Avenida Brasil 83 3,0
Avenida Cesário de Melo 76 2,8
Estrada do Furado 46 1,7
Estrada Urucânia 31 1,1
Avenida de Santa Cruz 30 1,1
Avenida Manuel Caldeira de Alvarenga 30 1,1
Estrada do Viegas 29 1,1
Estrada Sete Riachos 26 1,0
Rua do Prado 23 0,8
Avenida Carlos Pontes 22 0,8
Estrada Emílio Maurell Filho 21 0,8
Rua Coronel Tamarindo 21 0,8
Estrada da Paciência 20 0,7
Estrada Aterrado do Leme 17 0,6
Estrada do Campinho 16 0,6
Total dos 15 logradouros 491 18,0
Total com informação de logradouro 2.694 100,0
Sem informação 893 -
Total 3.587 -

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

No período focalizado, o maior número de homicídios dolosos ocorreu aos sábados, mas a
incidência também foi alta nos outros dias da semana (gráfico 2). Considerando que esse
período teve 239 semanas, chega-se a uma média diária de quase três casos nos sábados e em
torno de dois casos nos outros dias.

Gráfico 2 - Homicídios dolosos registrados na Zona Oeste, por dias da semana


Janeiro de 2004 a julho de 2008 (números absolutos)
800
651
600 560 551
527
445 461 436
400

200

0
Segunda- Terça- Quarta- Quinta- Sexta- Sábado Domingo
feira feira feira feira feira

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

No mesmo período, os homicídios ocorreram com mais frequência em dois momentos do dia:
entre 7 e 11 horas da manhã, e entre 19 horas e meia-noite. Mesmo nos horários “menos
violentos”, porém, registraram-se números consideráveis de casos, como mostra o gráfico 3.
15

Gráfico 3 - Homicídios dolosos registrados na Zona Oeste, por horários


Janeiro de 2004 a julho de 2008 (números absolutos)
300

250
Nº de vítimas
200

150

100

50

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Outra característica alarmante da violência na Zona Oeste são os elevadíssimos indicadores de


letalidade da ação policial, mesmo se comparados aos índices notoriamente altos do conjunto
do município e do estado (tabela 6). Além de contabilizar 704 mortes de civis em confronto
com a polícia entre 2003 e 2008 – uma média de 88 por ano ou mais de 7 por mês – a Zona
Oeste registra uma razão de 50 civis mortos para cada policial morto em serviço, o dobro da
verificada no município e 63% a mais que no estado como um todo durante o mesmo
período. 8 Evidentemente, não se pode menosprezar o fato de que o número de policiais
assassinados no Rio de Janeiro também é altíssimo, mas a grande maioria, como se sabe, é
vitimada nos períodos de folga. 9 As proporções entre autos de resistência e policiais mortos
em serviço questionam, assim, a imagem de “confronto” ou de “guerra” propalada pela
retórica oficial, pois, em situação efetiva de guerra, dever-se-ia esperar uma proporção menos
desequilibrada de baixas de ambas as partes. O que os indicadores da Zona Oeste parecem
refletir, na verdade, é o extremo de um descontrolado excesso de uso de força letal pela
polícia do Rio de Janeiro, favorecido pelas políticas de segurança em vigor nos últimos anos,
e que se exerce preferencialmente nas favelas e áreas periféricas da região metropolitana. 10

8
O número de policiais e civis mortos em serviço só passou a ser divulgado no Diário Oficial em 2003.
9
Segundo dados do ISP, dos 1.034 policiais militares mortos entre 2000 e 2006, 79% faleceram no período de
folga e, dos 116 policiais civis mortos entre 1998 e 2004, 73% morreram na folga (cf.
http://www.ucamcesec.com.br/est_seg_evol.php). Para anos mais recentes, o ISP só tem divulgado no Diário
Oficial informações sobre mortes em serviço.
10
Ver, a esse respeito, os trabalhos de Ignacio Cano (1997; 2004)
16

Tabela 6 - Indicadores de letalidade da ação policial nas delegacias


da Zona Oeste, no MRJ e no ERJ – 2003 a 2008
Policiais mortos em Relação
Civis
serviço civis/
mortos
policiais
pela polícia Militares Civis Total
mortos
34ª DP – Bangu 316 3 4 7 45
35ª DP - Campo Grande 96 4 0 4 24
33ª DP – Realengo 104 1 1 2 52
36ª DP - Santa Cruz 188 1 0 1 188
Zona Oeste 704 9 5 14 50
MRJ 4.444 153 24 177 25
ERJ 6.806 189 31 220 31

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

2.2 – Pessoas desaparecidas

Ao lado do alto número de mortes violentas intencionais, registraram-se entre 2003 e 2008, na
Zona Oeste, 2.880 casos de pessoas desaparecidas, cerca de 1/4 do total verificado no MRJ
durante o mesmo período (tabela 7). 11

Tabela 7 - Desaparecimentos registrados nas delegacias


da Zona Oeste, no MRJ e no ERJ – 2003 a 2008
Nº de pessoas
% MRJ % ERJ
desaparecidas
33ª DP – Realengo 419 3,7 1,5
34ª DP – Bangu 605 5,3 2,2
35ª DP - Campo Grande 1.030 9,1 3,7
36ª DP - Santa Cruz 826 7,3 2,9
Zona Oeste 2.880 25,3 10,3
MRJ 11.365 100,0 40,5
ERJ 28.046 - 100,0

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência


da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

A evolução desse tipo de registro na região em foco, no município e no estado como um todo,
mostra, de modo geral, um crescimento a partir de 2006, após alguns anos de estabilização ou
queda, e, nas delegacias da Zona Oeste, uma subida especialmente acentuada entre 2007 e
2008 (gráfico 4).

11
A informação só passou a ser divulgada no Diário Oficial em 2003.
17

Gráfico 4 - Evolução do número de desaparecimentos registrados


nas delegacias da Zona Oeste,
no MRJ e no ERJ
2003 a 2008 – Número-índice: 2003=100
160
140
120
100
80
60
40
20
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008

33ª DP - Realengo 34ª DP - Bangu 35ª DP - Campo Grande


36ª DP - Santa Cruz MRJ ERJ

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

Nos últimos 5 anos, as DPs de Campo Grande e Santa Cruz foram as que notificaram maiores
números de desaparecimentos em toda a cidade (figura 2): acima de 600 casos, mais de 120,
em média, por ano, ou mais de 10, em média, por mês. Vale lembrar que esses dados
abrangem somente os desaparecimentos comunicados à polícia, provavelmente uma parcela,
apenas, do total de casos que ocorrem no dia-a-dia.

Figura 2 - Pessoas desaparecidas, por circunscrições de delegacias policiais


Município do Rio de Janeiro
2004 a 2008 (números absolutos)

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Embora não se conheça a proporção exata, infere-se que uma parte expressiva desses
desaparecimentos corresponde a “assassinatos sem corpo”, isto é, a execuções praticadas por
traficantes, milicianos ou policiais, em que os corpos das vítimas são enterrados em
cemitérios clandestinos ou destruídos para eliminar evidências. A grande quantidade de
18

registros de pessoas desaparecidas nas delegacias da Zona Oeste, em especial nas de Campo
Grande e Santa Cruz, poderia estar relacionada, assim, às mesmas dinâmicas geradoras dos
altos números de homicídios, como as disputas pelo “poder paralelo” na região, seja entre
tráfico e milícias, seja entre fações de cada um desses grupos. Hipótese que é reforçada pela
significativa convergência entre as distribuições de homicídios dolosos (tabela 4, acima) e de
desaparecidos (tabela 8 a seguir) nos bairros mais violentos da Zona Oeste.

Tabela 8 - Desaparecimentos registrados na Zona Oeste, por bairros


Janeiro de 2004 a julho de 2008
Bairro Nº % Bairro Nº %
Campo Grande 428 22,2 Santíssimo 53 2,7
Santa Cruz 333 17,3 Inhoaíba 50 2,6
Bangu 221 11,5 Senador Vasconcelos 25 1,3
Realengo 213 11,0 Magalhães Bastos 20 1,0
Paciência 126 6,5 Deodoro 18 0,9
Senador Camará 88 4,6 Jardim Sulacap 10 0,5
Sepetiba 85 4,4 Vila Militar 2 0,1
Cosmos 63 3,3 Campo dos Afonsos 1 0,1
Padre Miguel 57 3,0 Não identificado 136 7,1
Total 1.929 100,0
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de
ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Por outro lado, há algumas divergências entre os perfis das pessoas desaparecidas e das
vítimas de homicídios que sugerem a necessidade de explicações adicionais para o número
elevado e crescente do primeiro tipo de registro. Como se pode observar no gráfico 5, os
perfis de gênero e etários diferem: apesar de também predominarem pessoas do sexo
masculino e com idades de 15 a 39 anos, é bem maior entre os desaparecidos do que entre as
vítimas de homicídio a participação de mulheres, assim como de crianças e adolescentes até
14 anos, e de adultos com idades iguais ou superiores a 40 anos. Conclusões mais consistentes
sobre esse tema ainda dependem, portanto, dos resultados de pesquisas que vêm sendo
desenvolvidas para tentar entender o crescimento do número desaparecidos não só na Zona
Oeste mas também em outras partes do município e do estado ao longo das últimas duas
décadas.
19

Gráfico 5 - Perfil de gênero e etário das vítimas de homicídio doloso e das pessoas
desaparecidas na Zona Oeste
Janeiro de 2004 a julho de 2008

100% 100%
19,2 24,9
80% 80% 40 anos ou mais
63,7 23,1 13,5 30 a 39 anos
60% 60% 8,6
92,5 Masculino 25 a 29 anos
21,1 16,9
40% Feminino 40% 18 a 24 anos
16,0 15 a 17 anos
20% 20% 30,2
36,3 0 a 14 anos
20,0
7,5 0% 5,4 1,0
0%
Homicídios dolosos Pessoas Homicídios Pessoas
desaparecidas dolosos desaparecidas

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

2.3 – Crimes contra o patrimônio

Esta seção focaliza essencialmente os roubos, com detalhamento específico dos roubos de
veículos e a transeunte, por constituírem duas modalidades muito numerosas de crimes contra
o patrimônio, que têm forte impacto no sentimento de segurança da população e que foram as
mais citadas nas entrevistas com lideranças da Zona Oeste. Complementarmente, analisa
também as ocorrências de furtos de veículos, que vêm aumentando expressivamente na
região, em contraste com a tendência geral do MRJ e do ERJ.

É sempre fundamental lembrar que os dados aqui utilizados abrangem apenas as ocorrências
notificadas à polícia e que, excetuando-se roubos e furtos de veículos, as estatísticas policiais
costumam representar uma pequena parcela do total de ocorrências. Como mostram pesquisas
de vitimização já feitas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, as taxas de notificação
para roubos e furtos de veículos podem chegar a mais de 90%, enquanto para outros tipos de
roubos variam de 24 a pouco mais de 40%. No primeiro caso, as taxas elevadas se devem à
obrigatoriedade do registro para recebimento de seguro e ao risco de responsabilização do
proprietário se o veículo for utilizado em outros crimes. 12 Nos demais casos, sobretudo
quando não envolvem seguro, a proporção de casos notificados depende não só da gravidade
do crime como da confiança que a população deposita na polícia e das expectativas sobre a
qualidade do atendimento nas delegacias. Segundo o que se ouviu em entrevistas com
lideranças locais, não há motivo para supor que as expectativas em relação à polícia sejam
mais positivas na Zona Oeste do que no restante do município; é possível, ao contrário, que as
taxas gerais de comunicação de delitos contra o patrimônio, e até de crimes contra a pessoa,
sejam mais baixas aí do que em outras partes da cidade, devido ao clima de desconfiança e de
medo instaurado na região.

12
Levantamento realizado na cidade do Rio de Janeiro em 2002 estimou que somente 24% do total de roubos e
12% dos furtos eram notificados à polícia; no caso específico dos roubos e furtos de veículos, porém, a taxa de
notificação chegaria a 99% (Ilanud, 2002). Pesquisa mais recente, feita pelo ISP em 2006-2007, abrangendo toda
a Região Metropolitana, calculou em 78% e 91% as taxas de notificação, respectivamente, de roubos e furtos de
veículos, ao passo que as de outras modalidades de crimes contra o patrimônio, mesmo envolvendo violência,
seriam bem mais baixas: por exemplo, 32,6% no caso de roubo a residência e 41,4% em outros tipos de roubos
(ISP, 2008).
20

2.3.1 – Roubos

Ainda assim, embora não figurem entre as delegacias cariocas com maiores volumes
absolutos de registros nos últimos cinco anos (figura 3), três das quatro DPs da Zona Oeste
apresentaram números elevados de roubos, especialmente de roubos de veículos e a transeunte
no período de 2000 a 2008 (tabela 9).

Tabela 9 - Roubos registrados nas delegacias da Zona Oeste, no MRJ e no ERJ, por tipos
2000 a 2008
Zona
33ª DP 35ª DP 36ª DP
34ª DP Zona Oeste/
Rea- Campo Santa MRJ ERJ
Bangu Oeste MRJ
lengo Grande Cruz
(%)
Roubo de veículo* 7.391 10.416 8.056 2.371 28.234 199.226 284.921 14,2
Roubo a transeunte 5.484 9.180 8.669 3.117 26.450 194.073 302.858 13,6
Roubo de aparelho celular 1.542 1.864 2.331 853 6.590 60.859 86.449 10,8
Roubo em coletivo 1.006 1.125 1.585 952 4.668 34.503 60.778 13,5
Roubo a estabelecimento comercial 780 918 1.448 536 3.682 28.261 52.009 13,0
Roubo de carga 393 543 543 283 1.762 12.994 22.817 13,6
Roubo a residência 137 220 464 237 1.058 5.817 14.805 18,2
Roubo com condução da vítima para saque em i.f. 50 29 54 18 151 1.288 1.964 11,7
Roubo a banco (roubo a instituição financeira) 11 8 10 4 33 471 686 7,0
Outros roubos 4.047 5.023 5.807 2.555 17.432 152.311 217.106 11,4
Total de roubos 20.841 29.326 28.967 10.926 90.060 689.803 1.044.393 13,1

(*) Incluindo moto.


Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

Figura 3 - Total de roubos registrados, por circunscrições de delegacias policiais


Município do Rio de Janeiro
2004 a 2008 (números absolutos)

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

No município e no estado, o total de assaltos registrados aumentou expressivamente desde


2000 e as DPs da Zona Oeste acompanharam essa tendência geral, com destaque para a
circunscrição de Bangu, cuja curva de crescimento se situa bem acima da média a partir de
2006 (gráfico 6).
21

Gráfico 6 - Evolução do total de roubos registrados nas delegacias da Zona Oeste,


no MRJ e no ERJ
2000 a 2008 – Número-índice: 2000=100
250

200

150

100

50

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

33ª DP - Realengo 34ª DP - Bangu 35ª DP - Campo Grande


36ª DP - Santa Cruz MRJ ERJ

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

2.3.1.1 – Roubo de veículo

Dentro desse cenário de aumento quase contínuo dos registros de assaltos, os roubos de
veículo no estado e no município têm apresentado uma trajetória relativamente favorável:
estabilização entre 2002 e 2006, seguida de decréscimo em 2007 e 2008. Grosso modo, a
Zona Oeste também acompanhou a tendência geral, porém com oscilações muito mais
bruscas, sobretudo nas DPs de Bangu e de Santa Cruz (gráfico 7).

Gráfico 7 - Evolução dos roubos de veículos* registrados nas delegacias da Zona Oeste,
no MRJ e no ERJ
2000 a 2008 – Número-índice: 2000=100
250

200

150

100

50

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

33ª DP - Realengo 34ª DP - Bangu 35ª DP - Campo Gran


36ª DP - Santa Cruz MRJ ERJ
(*) Incluindo motos
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

Durante o período de 55 meses, ou 1.674 dias, abrangido pelos microdados do ISP (1º de
janeiro de 2004 a 31 de julho de 2008), houve uma média de 278 roubos de veículos por mês,
22

ou nove por dia, na região. A distribuição por bairros (tabela 10) mostra Bangu, Realengo e
Campo Grande no topo do ranking, concentrando quase 68% do total de registros, seguidos
por Padre Miguel, Santa Cruz e Senador Camará. Tal como no caso dos homicídios dolosos,
90% desses assaltos ocorreram em oito bairros, que são os mesmos nas duas listas, salvo pela
presença de Deodoro entre os oito com maior número de roubos de veículo e de Paciência
entre aqueles com mais homicídios (ver tabela 4, acima).

Tabela 10 - Roubos de veículos* registrados na Zona Oeste, por bairros


Janeiro de 2004 a julho de 2008*
Bairro Nº % Bairro Nº %
Bangu 4.030 26,6 Magalhães Bastos 268 1,8
Realengo 3.142 20,7 Paciência 225 1,5
Campo Grande 3.080 20,3 Senador Vasconcelos 99 0,7
Padre Miguel 1.109 7,3 Sepetiba 76 0,5
Santa Cruz 819 5,4 Inhoaíba 70 0,5
Senador Camará 631 4,2 Cosmos 63 0,4
Deodoro 485 3,2 Vila Militar 40 0,3
Santíssimo 436 2,9 Não informado 195 1,3
Jardim Sulacap 384 2,5 Total 15.152 100,0

(*) Incluindo moto.


Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Ao todo, 1.383 logradouros da Zona Oeste foram palco de pelo menos um roubo de veículo
no período considerado, o que aponta para um padrão bastante disperso de ocorrência do
crime. Por outro lado, mais de um terço dos roubos foi registrado em apenas 15 ruas (1,1% do
total), metade foi registrada em 41 ruas (3,0%) e três quartos, em 172 ruas (12,4% do total) –
evidenciando uma concentração significativamente maior do que no caso dos homicídios
dolosos. Mais uma vez, a Avenida Brasil e outras grandes vias de tráfego da região aparecem
no alto do ranking, como se vê na tabela 11, que mostra os 15 logradouros com mais
incidência de roubos de veículos.
23

Tabela 11 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de roubo de veículo*


Janeiro de 2004 a julho de 2008*
Nº %
Avenida Brasil 789 6,0
Avenida de Santa Cruz 717 5,5
Estrada da Água Branca 382 2,9
Avenida Cesário de Melo 327 2,5
Estrada do Engenho 236 1,8
Estrada Rio São Paulo 224 1,7
Estrada da Posse 221 1,7
Rua Marechal Marciano 216 1,6
Estrada do Mendanha 205 1,6
Avenida Marechal Fontineli 191 1,5
Rua Barão de Capanema 188 1,4
Avenida Ministro Ari Franco 172 1,3
Rua Santa Cruz 159 1,2
Estrada do Realengo 158 1,2
Rua Bernardo de Vasconcelos 153 1,2
Total dos 15 logradouros 4.338 33,1
Total com informação de logradouro 13.121 100,0
Sem informação 2.031 -
Total 15.152 -

(*) Incluindo motos.


Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Esse tipo de delito cresce ao longo da semana, atinge o ápice na sexta-feira e decresce nos
finais de semana (gráfico 8). Note-se, porém, que, mesmo aos sábados e domingos, quando se
reduz o volume de tráfego nas grandes vias, a quantidade de casos continua muito elevada.
Considerando as 239 semanas abrangidas pelos microdados do ISP, chega-se a uma média
diária em torno de 10 casos de quinta a sábado, e de oito a nove casos, aproximadamente, nos
outros dias da semana.

Gráfico 8 - Roubos de veículos* registrados na Zona Oeste, por dias da semana


Janeiro de 2004 a julho de 2008* (números absolutos)
3.000
2.498
2.500 2.187 2.250 2.270 2.285
1.988
2.000 1.839

1.500

1.000

500

0
Segunda- Terça- Quarta- Quinta- Sexta-feira Sábado Domingo
feira feira feira feira

(*) Incluindo motos.


Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
24

Cerca de 56% dos roubos de veículo se concentram no período de 19 às 24 horas. A


incidência é mais baixa na madrugada, aumenta a partir das 5 horas e mantém-se
relativamente constante entre 7 e 16 horas. Daí para frente, cresce muito, até alcançar o pico
no intervalo 20-21 horas (gráfico 9).

Gráfico 9 - Roubos de veículos* registrados na Zona Oeste, por horários


Janeiro de 2004 a julho de 2008* (números absolutos)
2.500
Número de ocorrências

2.000

1.500

1.000

500

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas

(*) Incluindo motos


Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

A noite é, portanto, o período em que se está mais sujeito(a) a esse tipo de assalto, embora
também seja elevada a incidência no horário diurno. Tomando como referência os 1.674 dias
abrangidos pelos microdados do ISP, pode-se dizer que, todos os dias, entre as 19 e as 24
horas, ocorrem em média cinco roubos de veículos na Zona Oeste; mais dois entre uma hora
da manhã e meio-dia, e outros dois entre as 13 e as 18 hs.

2.3.1.2 – Roubo a transeunte

Bem menos notificados, em geral, que os roubos de veículos e talvez menos


notificados na Zona Oeste que em outras partes da cidade, ainda assim os registros de roubo a
transeunte são muito numerosos na região, em especial nas circunscrições de Campo Grande e
Bangu (figura 4).
25

Figura 4 - Roubos a transeunte registrados, por circunscrições de delegacias policiais


Município do Rio de Janeiro
2004 a 2008 (números absolutos)

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

Houve um fortíssimo aumento dessa modalidade de ocorrências no município a partir de 2004


– trajetória que três das quatro delegacias da Zona Oeste acompanharam de perto e que a de
Bangu superou amplamente, como se pode visualizar no gráfico 10.

Gráfico 10 - Evolução dos roubos a transeunte registrados nas delegacias da Zona Oeste,
no MRJ e no ERJ
2000 a 2008 – Número-índice: 2000=100
600

500

400

300

200

100

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

33ª DP - Realengo 34ª DP - Bangu 35ª DP - Campo Grande


36ª DP - Santa Cruz MRJ ERJ

Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

Os quatro bairros principais e mais populosos da região foram os que registraram maiores
números de assaltos a transeunte no período abrangido pelos microdados do ISP, seguidos de
Padre Miguel, Senador Camará, Jardim Sulacap e Magalhães Bastos (tabela 12). No total,
esses oito bairros responderam por mais de 90% dos casos registrados ao longo do referido
período.
26

Tabela 12 - Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por bairros


Janeiro de 2004 a julho de 2008
Bairro Nº % Bairro Nº %
Campo Grande 4.966 27,6 Santíssimo 252 1,4
Bangu 4.863 27,1 Senador Vasconcelos 227 1,3
Realengo 2.701 15,0 Deodoro 189 1,1
Santa Cruz 1.697 9,4 Sepetiba 99 0,6
Padre Miguel 831 4,6 Inhoaíba 95 0,5
Senador Camará 552 3,1 Cosmos 93 0,5
Jardim Sulacap 469 2,6 Vila Militar 29 0,2
Magalhães Bastos 270 1,5 Campo dos Afonsos 1 0,0
Paciência 263 1,5 Não informado 378 2,1
Total 17.975 100,0

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

O padrão de distribuição desse crime (ou, pelo menos, da parcela que chega ao
conhecimento da políca) nas ruas da Zona Oeste é ainda mais concentrado que o de roubo de
veículos: embora se tenha registrado pelo menos um roubo a transeunte em 1.245 ruas da
região, mais de um terço dos registros se refere a 12 ruas (1% do total), metade, a 32 ruas
(2,6%) e três quartos, a 117 ruas (9,4% do total). Novamente, as grandes vias encabeçam o
ranking, mas desta vez com a Avenida de Santa Cruz em primeiro lugar, seguida das
Avenidas Brasil e Cesário de Melo (tabela 13).

Tabela 13 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de roubo a transeunte


Janeiro de 2004 a julho de 2008
Nº %
Avenida de Santa Cruz 940 6,2
Avenida Brasil 555 3,7
Avenida Cesário de Melo 551 3,6
Rua Campo Grande 501 3,3
Rua Felipe Cardoso 478 3,2
Rua Coronel Tamarindo 364 2,4
Avenida Cônego Vasconcelos 335 2,2
Avenida Marechal Fontineli 295 2,0
Avenida Ministro Ari Franco 293 1,9
Estrada do Mendanha 264 1,7
Estrada da Água Branca 255 1,7
Rua Coronel Agostinho 208 1,4
Estrada do Campinho 200 1,3
Rua Bernardo de Vasconcelos 200 1,3
Rua Francisco Real 178 1,2
Total dos 15 logradouros 5.617 37,2
Total com informação de logradouro 15.107 100,0
Sem informação 2.868 -
Total 17.975 -

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Segunda-feira foi o dia da semana com maior número de registros de roubos a transeunte no
período considerado e domingo, o dia de menor número (gráfico 11). Dentro das 239 semanas
27

abrangidas pelos microdados do ISP, a média diária girou em torno de 13 ocorrências às


segundas-feiras, em torno de 9 aos sábados e domingos, e em torno de 11 nos outros dias da
semana.

Gráfico 11 - Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por dias da semana


Janeiro de 2004 a julho de 2008 (números absolutos)
4.000
3.024
3.000 2.671 2.677 2.713 2.751
2.212 2.075
2.000

1.000

0
Segunda- Terça- Quarta- Quinta- Sexta- Sábado Domingo
feira feira feira feira feira
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros
de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Tal como a de roubos de veículos, porém numa proporção menor (cerca de 43%), a frequência
mais alta de assaltos a transeunte ocorre no período de 19 às 24 horas, com pico no intervalo
20-21 horas.

Gráfico 12 -Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por horários


Janeiro de 2004 a julho de 2008 (números absolutos)
2.000
Número de ocorrências

1.600

1.200

800

400

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Horas

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

2.3.2 – Furto de veículos

Como já foi dito e como mostra o gráfico 13, a evolução dos furtos de veículos na Zona Oeste
é ascendente entre 2000 e 2008, em particular de 2004 em diante, contrariando a tendência de
estabilização com ligeira baixa verificada no conjunto do município.
28

Gráfico 13 - Evolução dos furtos de veículos* registrados nas delegacias da Zona Oeste,
no MRJ e no ERJ
2000 a 2008 – Número-índice: 2000=100
250

200

150

100

50

0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

33ª DP - Realengo 34ª DP - Bangu 35ª DP - Campo Grande


36ª DP - Santa Cruz MRJ ERJ

(*) Incluindo motos


Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

Vale observar que nas circunscrições de Realengo e Bangu, a relação roubos/furtos de


veículos é mais alta que as médias do estado e do município, enquanto em Campo Grande e
Santa Cruz essa relação fica abaixo da média (tabela 14). Trata-se de um indicador do “grau”
de violência empregado para a subtração criminosa de veículos: quanto mais elevado num
local, mais a subtração violenta prevalece sobre a não-violenta, ou seja, mais os veículos são
obtidos mediante coação das vítimas, quase invariavelmente exercida com armas de fogo. 13
No trecho da Avenida Brasil que atravessa a Zona Oeste, por exemplo, ocorrem cerca de 12
roubos de veículos para cada furto, enquanto na Avenida Cesário de Melo, a relação é de 3
para 1, de acordo com os microdados do ISP para o período de 2004 a julho de 2008.

Tabela 14 - Relação roubos/furtos de veículos* na Zona Oeste


2000 a 2008
Roubos/
furtos de
veículos
33ª DP - Realengo 2,2
34ª DP – Bangu 2,5
35ª DP - Campo Grande 1,2
36ª DP - Santa Cruz 1,4
Zona Oeste 1,8
MRJ 1,9
ERJ 1,6

(*) Incluindo motos


Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência
da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

13
Análise dos relatos sobre roubos de veículos feitos ao Disque-Denúncia indica ser bastante rara a prática desse
crime com armas brancas ou com outros meios de coação que não armas de fogo (cf. Musumeci e Conceição,
2007).
29

Nos últimos cinco anos, a delegacia de Campo Grande foi a única da região a figurar entre as
de maior incidência de furto de veículo no município (figura 5).

Figura 5 - Furtos de veículos* registrados, por circunscrições de delegacias policiais


Município do Rio de Janeiro
2004 a 2008 (números absolutos)

(*) Incluindo motos


Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ

Oito bairros concentraram 93% dos furtos registrados na Zona Oeste entre janeiro de 2004 e
julho de 2008, liderados, mais uma vez, pelos quatro mais populosos, sendo que Campo
Grande, sozinho, respondeu por mais de 1/3 dos registros feitos nas delegacias da região
(tabela 15).

Tabela 15 - Furtos de veículo registrados na Zona Oeste, por bairros


Janeiro de 2004 a julho de 2008
Bairro Nº %
Campo Grande 3.025 35,4
Realengo 1.493 17,5
Bangu 1.360 15,9
Santa Cruz 787 9,2
Padre Miguel 633 7,4
Jardim Sulacap 186 2,2
Sepetiba 158 1,8
Senador Vasconcelos 121 1,4
Magalhães Bastos 99 1,2
Senador Camará 98 1,1
Paciência 80 0,9
Santíssimo 80 0,9
Cosmos 72 0,8
Vila Militar 69 0,8
Deodoro 63 0,7
Inhoaíba 36 0,4
Campo dos Afonsos 0 0,0
Não identificado 185 2,2
Total 8.545 100,0

Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros


de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
30

No total, 1.132 ruas tiveram pelo menos um registro de furto de veículo no período
considerado, sendo que 1/3 dos casos ocorreu em 22 logradouros (1,9%), metade em 52 (4,6)
e 3/4 em 189 ruas (16,7%).

Tabela 16 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de furto de veículo*


Janeiro de 2004 a julho de 2008*
Logradouro Nº %
Rua Oliveira Braga 421 6,0
Avenida de Santa Cruz 198 2,8
Avenida Cesário de Melo 159 2,3
Rua Campo Grande 151 2,2
Rua Ibitiuva 136 1,9
Rua Santa Cecília 99 1,4
Avenida Cônego Vasconcelos 95 1,4
Estrada do Mendanha 94 1,3
Rua Artur Rios 92 1,3
Rua Olinda Ellis 80 1,1
Rua Santa Cruz 76 1,1
Estrada do Campinho 74 1,1
Estrada do Realengo 71 1,0
Avenida Brasil 70 1,0
Rua Nilópolis 68 1,0
Total dos 15 logradouros 1.884 26,9
Total com informação de logradouro 7.014 100,0
Sem informação 1.531 -
Total 8.545 -

(*) Incluindo motos.


Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência
da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

Ao contrário dos roubos, que, como se viu, tendem a diminuir nos finais de semana, os furtos
de veículos crescem ligeiramente aos domingos; de resto, porém, a distribuição das
ocorrências ao longo da semana é bastante uniforme (gráfico 14). A média diária ficou em
torno de 6 casos nos domingos e de 5 nos demais dias.

Gráfico 14 - Furtos de veículos* registrados na Zona Oeste, por dias da semana


Janeiro de 2004 a julho de 2008 (números absolutos)
1600 1.399
1.206 1.239 1.192 1.217 1.233
1.133
1200

800

400

0
Segunda- Terça-feira Quarta- Quinta- Sexta-feira Sábado Domingo
feira feira feira

(*) Incluindo motos.


Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros
de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
31

Cabe lembrar que, no caso de furto, a comunicação à delegacia geralmente não se refere ao
horário em que o delito ocorreu (informação desconhecida, salvo se houver testemunhas e se
estas notificarem o fato), mas àquele em que a vítima percebeu que o veículo havia sido
subtraído ou então ao momento em que o deixara no local onde foi furtado. Não admira,
portanto, que o padrão de incidência desse tipo de crime por horários (gráfico 15) seja bem
menos nítido do que no caso dos roubos (ver gráfico 9, acima).

Gráfico 15 - Furtos de veículos* registrados na Zona Oeste, por horários


Janeiro de 2004 a julho de 2008* (números absolutos)
700
Número de ocorrências

600
500
400
300
200
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas
(*) Incluindo motos.
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros
de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.

2.4. Presença de milícias

A CPI da Alerj que investigou a ação das milícias, concluída em novembro de 2008,
identificou no Município do Rio de Janeiro 128 áreas dominadas por esses grupos criminosos
armados, em 48 bairros (tabela 17 e figura 6). De acordo com a CPI, os bairros da cidade com
maiores números de locais nessa condição ficam na Zona Oeste: Campo Grande (16 áreas),
Santa Cruz (15) e Realengo (10). Embora com quantidades menores, três outros bairros da
região também figuram na lista: Bangu (3 áreas dominadas), Inhoaíba (2) e Sepetiba (1).
32

Tabela 17 - Número de áreas com milícias, por bairro


Relatório final da CPI da Alerj – Novembro de 2008
Bairro Nº Bairro Nº Bairro Nº
Campo Grande 16 Jacarepaguá 2 Honório Gurgel 1
Santa Cruz 15 Inhoaíba 2 Vaz Lobo 1
Realengo 10 Ricardo de Albuquerque 2 Anil 1
Praça Seca 9 Pedra de Guaratiba 2 Freguesia 1
Taquara 7 Guaratiba 2 Gardênia Azul 1
Paciência 6 São Cristóvão 1 Tanque 1
Ilha do Governador 4 Praça da Bandeira 1 Sepetiba 1
Rocha Miranda 3 Manguinhos 1 Anchieta 1
Curicica 3 Ramos 1 Recreio dos Bandeirantes 1
Bangu 3 RA Penha 1 Vargem Grande 1
Guadalupe 3 Del Castilho 1 Vargem Pequena 1
Barros Filho 3 Inhaúma 1 Coelho Neto 1
Quintino 3 Higienópolis 1 Pavuna 1
Irajá 2 Engenho de Dentro 1 Maré 1
Campinho 2 Pilares 1 Cidade de Deus 1
Cavalcante 2 Vicente de Carvalho 1 Total 128
Osvaldo Cruz 1

Fonte: Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro - Relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a
investigar a ação de milícias no Estado do Rio de Janeiro. (Resolução nº 433/2008). Elaboração: IE/UFRJ

Figura 6 - Número de áreas com milícias, por bairro


Relatório final da CPI da Alerj – Novembro de 2008

Fonte: Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro - Relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a
investigar a ação de milícias no Estado do Rio de Janeiro. (Resolução nº 433/2008). Elaboração: IE/UFRJ

Em levantamento feito junto ao Disque-Denúncia, referente ao período de janeiro de 2006 a


abril de 2008, foi identificado um total de 2.219 denúncias contra milicianos na cidade do
Rio, sendo mais de ¼ (28%) delas provenientes de bairros da Zona Oeste: Campo Grande
(campeão municipal de denúncias, com 258), Santa Cruz (169), Realengo (113), Paciência
(107), Sepetiba (63), Inhoaíba (57) e Cosmos (45). Tais denúncias referiam-se,
majoritariamente, a extorsões, desvio de conduta (presume-se que de policiais), posse ilícita
de armas de fogo, homicídio consumado, ameaças, tráfico de drogas, e rádio, tevê ou telefonia
clandestina (Cano, 2008).
33

Tabela 18 - Denúncias contra milícias feitas ao Disque-Denúncia, por bairro


Janeiro de 2006 a abril de 2008
Denúncias Denúncias
Bairro Nº % Bairro Nº %
Campo Grande 258 8,8 Inhoaíba 57 2
Jacarepaguá 199 6,8 Ramos 57 2
Santa Cruz 169 5,8 Penha 50 1,7
Anchieta 167 5,7 R. dos Bandeirantes 50 1,7
Guadalupe 131 4,5 Guaratiba 48 1,6
Realengo 113 3,9 Cascadura 47 1,6
Paciência 107 3,7 Ilha do Governador 47 1,6
Quintino Bocaiuva 99 3,4 Cosmos 45 1,5
Brás de Pina 92 3,2 Piedade 44 1,5
Praça Seca 67 2,3 Inhaúma 40 1,4
Taquara 64 2,2 Outros/NI 905 31
Sepetiba 63 2,2 Total 2.919 100

Fonte: Cano, Ignacio (2008). Elaboração: IE/UFRJ

3. Proposta de agenda para a segurança pública da região

A partir da análise dos dados quantitativos, feita na seção anterior, e das sugestões colhidas
nas entrevistas e grupos de discussão, apresentam-se aqui algumas propostas para uma agenda
de ações e reivindicações visando à melhoria da segurança pública na Zona Oeste. Tais
propostas foram incorporadas ao documento-síntese do Projeto e discutidas com lideranças
locais e representantes do poder público no seminário de 15 de maio de 2009, no grupo de
trabalho sobre Segurança Pública e Uso do Solo.

Dada a convergência, em certos casos, com propostas que emergiram de outros estudos
setoriais, assinalaram-se abaixo, em itálicos, os temas pertinentes, também, a essas outras
áreas – notadamente educação, uso/ocupação do solo e governança.

• Educação: Políticas de qualificação educacional e profissional, direcionadas


especialmente aos jovens de comunidades carentes da região, mais vulneráveis ao
recrutamento por grupos criminosos e à vitimização pela violência letal.
• Uso e ocupação do solo: Estabelecimento efetivo de política habitacional para os
segmentos de baixa renda e regularização dos espaços e construções já habitados em
comunidades populares da região, reduzindo a ampla margem de ilegalidade que
favorece o controle territorial armado dessas áreas seja pelo tráfico ou pelas milicias.
Maior controle, pelos governos municipal e estadual, da ocupação urbana na região,
para evitar a continuidade das ocupações irregulares, do loteamento e da venda ilegais
de terrenos, bem como a cobrança de taxas “informais” sobre essas transações.
• Efetivação do combate às milícias na Zona Oeste e em todo o estado, de acordo com
as conclusões e recomendações da Comissão Parlamentar de Inquérito da Alerj que
investigou a ação desses grupos no Rio de Janeiro (Relatório Final da CPI, novembro
de 2008).
• Prioridade à fiscalização e aos investimentos nos setores mais explorados por grupos
criminosos armados na Zona Oeste, de modo a restaurar a legalidade dos serviços à
34

população e estrangular as fontes financeiras desses grupos, sejam eles ligados ao


tráfico de drogas, às milícias ou a setores corruptos das polícias:

o Gestão junto às operadoras de tevê por assinatura, especialmente àquelas que


utilizam transmissão por satélite, para que tomem as medidas técnicas e
gerenciais necessárias ao bloqueio do sinal, coibindo a exploração ilegal do
serviço, impropriamente apelidada de “gatonet”.
o Cobrança pelo Estado de contrapartida das tevês por assinatura (que pagam
somente 10% de ICMS, contra 30% dos demais serviços de telecomunicações),
na forma de ampla oferta de pacotes populares, incluindo internet banda larga,
a exemplo da iniciativa que está sendo implantada na comunidade do Batan,
em Realengo.
o Em parceria com as associações empresariais e outras entidades da sociedade
civil da Zona Oeste, realização de campanhas públicas de esclarecimento sobre
os riscos e as consequências do recurso a serviços informais de segurança
privada tanto nas áreas comerciais quando nas residenciais.
o Ampliação e racionalização dos serviços regulares de transporte coletivo na
área; fiscalização rigorosa do transporte dito “alternativo” (ônibus piratas,
mototaxis, kombis e vans não-legalizadas), usualmente explorado por grupos
criminosos, seja de forma direta ou mediante extorsão.
o Gestões junto à ANP (Agência Nacional de Petróleo) e ao Sindigás (Sindicato
Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo),
sugerindo a mudança do sistema de distribuição de gás, com cadastramento
efetivo dos revendedores, fiscalização rigorosa dos pontos de venda ao
consumidor e criação de um sistema de identificação dos botijões (código de
barras).
o Combate efetivo à exploração da prostituição infanto-juvenil na região.
• Implantação de projetos de policiamento comunitário e ocupação social de favelas da
Zona Oeste, quer estejam sob o domínio do tráfico de drogas ou de milícias, nos
moldes do que vem sendo realizado em outras partes da cidade. O planejamento de
tais ações deve considerar, porém, os seus prováveis efeitos de transbordamento, como
a migração dos criminosos para outras comunidades da região ou de outrás áreas,
assim como o recrudescimento dos crimes violentos de rua (sobretudo roubos e
sequestros-relâmpago).
• Ampliação dos efetivos das Polícias e da Guarda Municipal atuantes na Zona Oeste,
levando-se em conta o acentuado crescimento demográfico e os altos índices de
criminalidade registrados na área, além do fato de que o batalhão de Campo Grande
presta serviço de policiamento montado a outras regiões da cidade.
• Com a participação das lideranças empresariais e comunitárias da região, formulação
de plano integrado de policiamento ostensivo nas áreas mais vulneráveis à
criminalidade de rua (assaltos, furtos e sequestros-relâmpago), que contemple tanto a
racionalização do uso dos efetivos da PM e da Guarda Municipal quanto a atuação da
Prefeitura e do setor privado na redução dos fatores que favorecem a prática desses
tipos de crimes: por exemplo, melhora da iluminação pública e do calçamento das
ruas; instalação de câmeras de monitoramento; construção e manutenção de postos de
policiamento em locais estratégicos; adoção de mecanismos sistemáticos de
comunicação entre policiais, guardas municipais e vigilantes particulares legalizados.
35

• Redução do tempo de atendimento para registro de ocorrência nas delegacias policiais


da região e realização de campanha de estímulo ao registro de delitos.
• Planejamento de ações sustentáveis para coibir roubo de veículos, roubo em coletivo e
roubo de carga nas principais vias da Zona Oeste, seja com ampliação e racionalização
do policiamento ostensivo, seja com investigação e desmonte das redes que dão
suporte a esses tipos de crime (ferros-velhos, oficinas mecânicas, receptadores e
revendedores de produtos roubados).
• Governança: Integração efetiva da discussão sobre segurança pública ao debate sobre
o desenvolvimento sócio-econômico da região.
o Avaliação da possibilidade de se criar um fórum permanente de segurança
pública para a Zona Oeste.
o Ampliação da participação de lideranças empresariais e comunitárias nos
Conselhos Comunitários de Segurança das respectivas AISPs, assim como em
outros espaços de interlocução entre sociedade civil e instituições de segurança
pública; articulação desses espaços aos mecanismos mais amplos de
governança que venham a ser criados na região.
o Mapeamento dos projetos sociais e culturais desenvolvidos por empresas,
órgãos públicos e organizações da sociedade civil em áreas carentes da região,
visando a identificar e replicar as contribuições relevantes para a redução de
vulnerabilidades e prevenção da violência.
o Avaliação das consequências e prevenção dos problemas (para a ocupação do
solo, a segurança etc.) decorrentes da desmobilização de trabalhadores da
construção civil ao término de cada novo empreendimento de grande porte (só
no caso da CSA serão cerca de 25 mil).
• Realização de pesquisa de vitimização para a Zona Oeste, com aplicação de
questionários a amostras representativas de domicílios, empresas e escolas.
• Estabelecimento de convênio entre a Secretaria de Segurança Pública do Estado e
centros de ensino e pesquisa para o monitoramento contínuo dos indicadores de
criminalidade e violência da Zona Oeste.
36

Referências Bibliográficas

Fontes primárias

ISP-RJ. Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Resumo das Principais
Incidências Criminais do Estado do Rio de Janeiro, publicadas mensalmente pelo Diário
Oficial. Período de abril de 2002 a dezembro de 2008 [http://www.isp.rj.gov.br/
Conteudo.asp?ident=150], complementado com dados da Asplan da Polícia Civil para o
perído de janeiro de 2000 a fevereiro de 2002.

ISP-RJ. Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Microdados cedidos para
a realização do presente trabalho, relativos às delegacias policiais da Zona Oeste e ao período
de janeiro de 2004 a julho de 2008.

ALERJ. Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Relatório final da Comissão


Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a ação de milícias no estado do Rio de
Janeiro. (Resolução nº 433/2008). Rio de Janeiro, 2008.

Entrevistas com empresários e lideranças da Zona Oeste, realizadas nas sedes da ACERB
(Bangu), da ACICG e da ADEDI (Campo Grande), da ACIRA (Realengo) e da AEDIN
(Santa Cruz).

Bibliografia

CANO, Ignacio. Letalidade da ação policial no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: ISER, 1997.

CANO, Ignacio. O perfil racial dos mortos pela polícia no Rio de Janeiro. Texto para o
Relatório de Desenvolvimento Humano 2005 – Capítulo Sistema de Justiça Criminal. Rio de
Janeiro: CESeC e Pnud, 2005.

CANO, Ignacio. Seis por meia dúzia? Um estudo exploratório do fenômeno das chamadas
“milícias” no Rio de Janeiro. In: Justiça Global. Segurança, Tráfico e Milícias no Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böell, 2008.

CANO, Ignacio e SANTOS, Nilton. Violência letal, renda e desigualdade social no Brasil.
Rio de Janeiro: Sete Letras, 2001.

ILANUD. Instituto Latino-Americano para Prevenção da Violência e Tratamento do


Delinqüente. Pesquisa de Vitimização 2002 e Avaliação do Plano de Prevenção da Violência
Urbana – PIAPS. São Paulo, Ilanud, FIA/USP e Gabinete de Segurança Institucional da
Presidência da República, 2002.

ISP-RJ. Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Pesquisa de condições de


vida e vitimização – 2007. Rio de Janeiro, ISP, 2008. [Disponível em
http://www.isp.rj.gov.br/Conteudo.asp?ident=79].

MUSUMECI, Leonarda. Violência, criminalidade e segurança. Relatório de Desenvolvimento


Humano Sustentável Local do Município do Rio de Janeiro (RDH-Rio), Capítulo 5. Rio de
37

Janeiro: Pnud, Ipea e Prefeitura Municipal, 2001. [Disponível em


http://www.ucamcesec.com.br/arquivos/publicacoes/RDHRio-Cap5.pdf].

MUSUMECI, Leonarda e CONCEIÇÃO, Greice. Geografia dos roubos de veículo na cidade


do Rio de Janeiro. Análise das ocorrências registradas pela Polícia Civil e das denúncias
feitas ao Disque-Denúncia no período 2002-2005. Rio de Janeiro, IE-UFRJ, agosto de 2007.
[Disponível em http://www.ucamcesec.com.br/arquivos/publicacoes/
Prisma_geografia_roubos_veiculos.pdf]

PNUD. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório do Desenvolvimento


Humano Brasil 2005 – Racismo, pobreza e violência. Brasília, Pnud, 2005.

RAMOS, Silvia. Meninos do Rio: Jovens, violência armada e polícia nas favelas cariocas.
Notas sobre cenários e perspectivas no final da década de 2000. Relatório do projeto
Juventude, Violência e Polícia. Rio de Janeiro, CESeC/Unicef, março de 2009.
38

Anexo: Vozes da Zona Oeste

1. Resumo das entrevistas qualitativas, por área

Realengo

• Principal problema da Zona Oeste: falta de policiamento ostensivo. Não há polícia na rua,
nem mesmo nas grandes vias. A sensação de insegurança é muito grande. População tem
medo de tudo, vive acuada. Zona Oeste é periferia, desassistida em tudo, e o batalhão de
cavalaria atua preferencialmente nas “áreas prioritárias” da cidade, deixando a região a
descoberto. As áreas cobertas pelas unidades policiais da Zona Oeste são gigantescas e o
efetivo disponível não dá conta. Ninguém está satisfeito com a segurança. Todos estão
vivendo menos. Por medo, por absoluta falta de segurança.
• O pouco que há de polícia está na rua para fazer negócio, ganhar dinheiro. Enquanto
policiais ganharem pouco, haverá negociação, “arrego”, e enquanto houver isso, a polícia
não dará segurança.
• Falta de segurança faz com que empresários – na maioria pequenos e micro – se
escondam, não queiram participar de projetos, nem de eventos, não falem sobre o que
fazem, nem sobre os problemas que enfrentam, por medo da violência. Não se consegue
nem saber quais são as questões de segurança mais importantes, porque eles talvez
registrem os crimes, mas não comentam com ninguém.
• Violência cresce porque não encontra resistência: falta do poder público favorece: (a)
conflitos sociais de toda sorte (brigas familiares, de vizinhos etc.), decorrentes do grande
volume de população desassistida, da ausência de regulação do uso do espaço
(estabelecimentos informais em locais inapropriados, por exemplo), e (b) prática de crimes
e vandalismo, em plena luz do dia, que não são coibidos nem punidos.
• Violência cresce também com o desenvolvimento: crime vem junto com aumento da
população e da riqueza, como aconteceu no interior de São Paulo, no Espírito Santo e em
outras áreas, e está acontecendo na Zona Oeste.
• Casas de show se instalam nos centros comerciais, atraem público, sobretudo jovens
pobres, com música, entrada gratuita para mulheres e cerveja barata. No seu entorno ficam
pessoas ainda mais pobres, que não têm dinheiro para entrar, e criam uma série de
problemas, inclusive roubos, brigas e tiros.
39

• Há bailes funk e provavelmente brigas e mortes dentro das comunidades, mas isso não
afeta os centros comerciais, só quando há circulação de pessoas entre um baile e outro,
entre favelas, o que é raro. Em Campo Grande, só há duas grandes favelas, Carobinha e
Barbante, e o que acontece lá não influencia a urbanidade, o problema fica dentro, o que
vem para fora é o que acontece em toda a cidade, inclusive na Zona Sul: roubos e outros
crimes.
• Algumas favelas criam pânico na região porque ficam perto das principais vias: Batan hoje
tem projeto social, parece que está calma, mas tem o Fumacê, também na via principal, no
centro, ninguém passa por lá. Fumacê e Vila Kennedy ainda não têm milícia, embora se
possam ver carros circulando dentro dessas favelas com logomarca da milícia. Ninguém
passa por ali à noite, porque corre muito risco. Não há policiamento, se eles quiserem vir
para a pista ninguém vai impedir.
• Polícia e milícia estão uma dentro da outra, ninguém sabe quem é quem. Inicialmente
pensou-se que as milícias seriam uma solução (o raciocínio era: melhor ter um policial do
meu lado, mesmo se agindo ilegalmente, do que um bandido), mas logo se viu que elas têm
projeto político. No começo era a forma que os policiais encontraram de se defender, pois
estavam acuados pelo tráfico. Começaram dando uma de justiceiros, mas aí apareceu a
visão política, o projeto de poder. Cresceram rapidamente, dominaram todas as atividades
comerciais populares, acham que podem tudo, não são combatidas, praticam crimes em
plena luz do dia e ninguém é preso. Hoje não se aceita mais isso como uma solução.
• CSA está usando milicianos na segurança da obra, contratou seguranças da região sem
querer saber se são de milícias ou não. Eles estão ameaçando, perseguindo e matando
pescadores, já houve denúncia na ALERJ.
• Empresários, quando vão abrir um negócio, se preocupam em saber se as milícias irão
incomodá-los ou não.
• Combate às milícias no governo Sergio Cabral, com confronto entre policiais e milicianos,
aumentou as mortes, mas sobretudo dentro das comunidades, não há mais tantos
assassinatos nas vias urbanas como antes. Mas há muitos roubos de automóvel perto das
comunidades, vandalismo generalizado, adolescentes das comunidades fazem o que
querem porque não há policiamento. Quando há, é omisso ou corrupto.
• Se se bloqueia o problema num lugar, ele derrama para outro, porque o viciado não está
sendo combatido. E se se acabar com o uso e o tráfico de drogas, voltam a crescer os
assaltos a banco, a empresas, a residências.
40

• A solução não é discurso, não é projeto, é botar policial na rua para dar segurança, como
manda a Constituição. Prevenir os delitos e prender quem os comete.
• Mas com os atuais salários, é impossível imaginar que os policiais, munidos de carteiras e
armas poderosas, irão para a rua sem negociar. Enquanto houver “arrego”, corrupção, não
haverá solução para o problema. Policial já vai para a rua com o objetivo de achacar, de
fazer negócio, de ganhar dinheiro, não de dar segurança. Confiança na polícia: zero.
Melhor dizer que não existe polícia na região.
• Empresários, comerciantes, não contam com ninguém para se proteger da violência. Têm
de torcer para que o crime fique em paz, ou seja, negociado; que os acertos dentro do crime
e entre crime e polícia funcionem, porque aí as coisas ficam mais calmas. Quando a
situação está conflagrada, o crime vem para a rua. A única estratégia adotada pelos
comerciantes é aproximar-se pessoalmente do delegado, do comandante do Batalhão, na
esperança de obter alguma proteção ou resposta para o seu problema individual.
• Poder público pede apoio do setor privado, mas muitas vezes pede a empresários que têm
atividades suspeitas, envolvimento com milícias, com dinheiro sem origem.
• Violência é um problema nacional. Maior problema específico da região é a logística, o
arco rodoviário, que há 40 anos não deslancha. E o transporte de passageiros, a falta
absoluta de condução. Por isso o transporte alternativo dominou, inicialmente sem milícias,
eram pessoas desempregadas que viram oportunidade de ganhar dinheiro transportando
gente informalmente (como existe no interior, o transporte em carroças ou caminhões, a
única diferença é que aqui era em kombis). Depois as milícias enxergaram ali um filão
lucrativo e tomaram as linhas, passando a dominar a atividade, sob coação. Exploração da
venda de gás também cresceu apoiada pela existência de inúmeros microempresários
irregulares, que começaram fazendo concorrência aos grandes depósitos, que antigamente
distribuíam o gás em caminhões – Ultragás, Gasbrás, concessionárias da Petrobras.
• Presença militar não inibe o crime, até porque os militares (Exército e Marinha) fazem
questão de não se envolver. Imediações do 14º BPM são tranquilas, mas os quartéis das
Forças Armadas pouco influem na segurança da região.
• Não parece estar havendo redução da presença militar, nem de funcionários públicos em
geral. No primeiro caso, podem estar saindo alguns até por temor de assaltos, como os
empresários fazem, quando deixam de morar na região para se proteger, só vêm trabalhar.
Mas no caso dos funcionários civis, ao contrário, tudo indica que o número está
aumentando: mais escolas foram construídas, mais tribunais especiais funcionam na região.
41

• Há várias associações civis na região – mas não se envolvem muito na solução dos
problemas, falta-lhes ousadia, planejamento, ação. Deveriam orientar seus membros,
prepará-los para cobrar, reivindicar.

Bangu

• Muitas comunidades carentes na área, sem presença do poder público. Favelas foram
surgindo com apoio de políticos que, desejosos de angariar votos, incentivam grilagem e
invasões. São currais eleitorais para populistas.
• Tudo teria começado com as remoções de favelas da Zona Sul (Vila Aliança, Vila
Kennedy), na época de Carlos Lacerda e Sandra Cavalcanti, os maiores culpados pelo
problema. Tudo de ruim é “despejado” na Zona Oeste, enquanto a classe média daqui,
desde os anos 1980, vai para Barra e Recreio. A região “recebe o que não presta e exporta
o que presta”. A área é maravilhosa, o povo é bom, as pessoas ruins vêm de fora.
• Problemas sociais identificados como favorecedores da violência:
o Gravidez adolescente, falta de planejamento familiar
o Educação deficiente
o Juventude ociosa nas favelas
• Outros grandes problemas seriam o desprezo do poder público pela Zona Oeste, a falta de
cultura e de formação de inteligência na região, a fragilização das instituições pela
informalidade e a baixa autoestima (salvo para quem ganha muito dinheiro).
• Há uma carência seríssima de transporte coletivo. Kombis e vans clandestinas tomaram
conta. A segurança informal, clandestina, também dominou a área.
• Avenida Santa Cruz, entre Campo Grande e Bangu, trecho crítico, cercado de
comunidades: roubo de carros, balas perdidas em ônibus.
• Sinal de Padre Miguel e pardais na Av. Santa Cruz favorecem assaltos. Colocam-se pardais
na boca das favelas, para arrecadar dinheiro, sem preocupação com a segurança. A
necessidade de reduzir muito a velocidade expõe os motoristas, que podem ser assaltados
ou confundidos com policiais e baleados. Engenheiros que decidem colocação de pardais
não conhecem a região.
• Problema de efetivo: o 14º BPM, nos anos 80, tinha 1.800 homens, sendo 600 destinados
aos presídios. Sobravam 1.200 para o patrulhamento da região. População era menor,
joaninhas (fuscas) davam conta do recado, por serem mais fortes e porque as ruas eram
42

menos esburacadas. Hoje o BPM tem 688 homens, no total, e a população mais que
dobrou.
• Terceirização da frota resolveu problema das viaturas, mas o de efetivo e de outros
equipamentos policiais continua.
• Câmeras no centro do bairro ajudam, embora nem sempre funcionem.
• Há esperança de que o “choque de ordem” da atual Prefeitura chegue à região, melhore as
condições das ruas, extremamente esburacadas, e urbanize as invasões.
• A violência provoca desvalorização imobiliária nas áreas próximas de favelas
• Há pouca milícia em Bangu, a maioria das comunidades ainda é dominada pelo tráfico.
Mas houve tentativas de tomar a Vila Aliança.
• Vila Aliança seria a favela mais forte, a que mais influencia a criminalidade da área: roubo
de automóveis e de motos, tráfico de drogas, violência, troca de tiros. Operação policial
nessa favela demandaria helicóptero, vários veículos blindados e causaria muitas mortes.
Até os anos 80, andava-se na Vila Aliança à noite, sem problemas; hoje isso é muito mais
difícil.
• O complexo de Senador Camará é outra grande fonte de problemas. Maior complexo de
favelas do Brasil, área sem controle, quando a polícia entra, morrem 10 a 20 pessoas.
Tiroteios e assaltos param trens. Mas a região ainda tem infraestrutura boa, poderia ser
recuperada com “choque de ordem”.
• Com a expulsão do tráfico da Cidade de Deus, os traficantes vieram para Camará e Vila
Aliança.
• De Bangu a Campo Grande, praticamente só há Terceiro Comando. Traficantes expulsos
da Cidade de Deus vieram para áreas de Comando Vermelho. Quando sufoca o tráfico de
uma comunidade, o Estado deveria criar anteparos nas outras favelas próximas, do mesmo
comando, para impedir a migração. O problema é que as intervenções têm sido pontuais,
sem preocupação com as consequências para outras áreas.
• Mesmo com tráfico, há Favelas como Vila Vintém e Taquaral que são menos
problemáticas. Embora também ocorram roubos de carros e motos no entorno delas, isso
acontece sobretudo para “missões”, quando há confrontos entre grupos rivais. Quando a
situação está estabilizada, os assaltos diminuem. Em Vila Vintém, o chefe do tráfico está
preso, mas continua comandando. Faz o seu negócio e não cria problema para a
comunidade. É melhor que permaneça vivo, porque pode vir outro pior, como o Thor de
Vila Aliança, pessoa ruim, que faz barbaridades.
43

• Há até casos de ex-traficantes que se tornam úteis, como o Samuca, que ficou preso 11
anos, virou crente, hoje faz trabalho de recuperação pela cultura: projeto “a história que eu
conto”.
• Complexo de Camará deveria ser alvo da mesma política que está sendo aplicada na
Cidade de Deus. Há rumores e expectativas de que isso acontecerá e de revalorização dos
imóveis no entorno. Mas também há preocupação de que o “aperto” do tráfico nessas áreas
acabe complicando a situação das outras favelas que hoje são mais “tranquilas”.
• Apesar de tudo, há muitos projetos bons sendo desenvolvidos em comunidades da região.
Mas não há nenhum trabalho específico para reciclar os jovens que passam pela prisão e
que, sem recursos, voltam para o crime. Bangu tem o maior complexo penitenciário do Rio
e a maioria dos presos é da região. Governo deveria fazer trabalho com esses jovens.
• Problema de assaltos é o mais grave e o mais comentado no Conseg da região. Blitzes
constantes poderiam reduzir assaltos, sobretudo roubos de veículos. Há duas portas de
entrada e saída: os viadutos de Bangu e de Realengo. Assalta-se num bairro e passa-se para
o outro. Mas, como as blitzes captam também muitas irregularidades dos motoristas, há
pressão para que não aconteçam.
• A maioria dos assaltos ocorre na rua: roubo de veículo e a transeunte. Os assaltantes são
ousados, agem mesmo onde há câmeras e nas proximidades da delegacia. Operações contra
o tráfico nas favelas têm aumentado roubos no asfalto.
• Há relações entre asfalto e favelas, os moradores se conhecem. Isso favorece estratégias de
comunicação direta quando há roubo de carro ou moto, mesmo se a ocorrência também é
registrada na polícia. É comum pagar-se resgate a traficantes para recuperar o veículo
roubado. Valor varia de mil a dois mil reais, de acordo com a marca e o modelo.
• A maioria das pessoas não registra crimes. Apesar de a delegacia ser Legal, o atendimento
é demoradíssimo (o problema, segundo um participante, é da Telemar [Oi], que não
aumenta a velocidade da rede). Leva-se de 2 a 4 horas para registrar um assalto, enquanto
em outras áreas, como Jacarepaguá, o atendimento seria bem mais rápido.
• Um grande problema da região seria a corrupção policial. Segundo um entrevistado, o 9º e
o 14º Batalhões da PM (respectivamente, Rocha Miranda e Bangu) seriam campeões de
corrupção na cidade. Haveria inclusive pontos de desova de carros na Vila Kennedy, onde
policiais depenariam automóveis.
44

• Outro entrevistado ressalta excesso de rigidez e falta de apoio como fatores que
prejudicariam os policiais: estes sempre tiveram de recorrer ao bico para sobreviver, mas
hoje toda segurança privada feita por policiais é tachada de “milícia” e punida.

Campo Grande

• A população vem crescendo muito nos últimos 20 anos e os empreendimentos e favelas


também. Há preocupação em relação às pessoas que vêm, inclusive de outros estados, para
trabalhar na construção civil, em empregos braçais temporários, e depois permanecem
aqui, criando comunidades sem infraestrutura, fazendo biscates etc. A maioria não é da
região. Movimento da criminalidade acompanha desenvolvimento econômico.
• Ruas com iluminação precária, totalmente esburacadas, facilitam assaltos. Teme-se circular
à noite no centro de Campo Grande, por isso as reuniões de empresários têm de terminar
cedo.
• Além do impacto na segurança, é dramático em si mesmo o problema do trânsito, da
locomoção, do calçamento, da estrutura logística. Esse seria o principal obstáculo ao
desenvolvimento da região de Campo Grande e está sendo discutido com a prefeitura. O
segundo seria a segurança, especialmente a questão das milícias. O fato de os líderes
Jerominho e Natalino estarem presos gera mais insegurança, porque não se sabe quem vai
controlar a área, o que vai acontecer daqui para a frente.
• A pressão sobre tráfico nas favelas tem aumentado os roubos no asfalto e também a
segurança privada clandestina, mediante extorsão. De repente aparecem pessoas cobrando
15 ou 30 reais para prover segurança; quem se nega a pagar sofre assalto ou “terror” e
passa a aceitar o serviço. A pressão desses “seguranças” se exerce tanto sobre áreas
residenciais como sobre o comércio.
• Operações contra o tráfico também produzem migração de bandidos: aqueles acuados no
Vidigal, na Rocinha, no Antares etc. vão para as áreas “desprevenidas”. Apesar disso, as
operações do atual governo nas favelas merecem apoio, mas com a ressalva de que deveria
haver ações impedindo que o estrangulamento do crime num local causasse aumento de
roubos e sequestros em outros.
• Ressalta-se ainda o problema do acesso a Campo Grande pela Grota Funda, que fica
totalmente deserta à noite: muitos empresários que se mudaram para a Barra estão voltando
a morar na Zona Oeste, seja para evitar o trânsito e trajeto “sinistro” pela Grota Funda,
45

onde estão sujeitos a assaltos e sequestros, seja porque se sentem mais seguros aqui, onde
são conhecidos, personalizados. Esse retorno pode melhorar a segurança da área, com a
construção de condomínios e empreendimentos de alto nível, voltados para a classe média.
• Falta absoluta de policiamento ostensivo. Comércio não tem segurança e quem sai à noite
não cruza com nenhuma viatura policial.
• Falta de efetivo: uma lei de 1975 previa 974 policiais para o Batalhão local (RCECS). Hoje
há 670. Com 270 afastados por motivo de saúde, férias e licença, sobram 400 policiais para
revezar em turnos de 12 horas; isso dá uma média de 80 policiais por turno de 12 horas
para atender Campo Grande, Santíssimo, Barra, Pedra, Ilha – uma população de mais de
700 mil habitantes.
• Garotinho e Rosinha criaram novas unidades para responder a pressões, mas não
aumentaram o efetivo, simplesmente deslocaram policiais de outros batalhões. O
contingente que entra mal repõe as saídas. Há no estado quase 4 mil policiais em atividades
não-policiais e outros 4 mil afastados por motivos de saúde. No atual governo, projetos de
ocupação como os do Batan, Santa Marta e Cidade de Deus absorvem número muito alto
de homens, sem necessidade técnica. Tudo é para responder à mídia, nas áreas onde estão
os holofotes, sem consideração pelas consequências para o resto da cidade.
• Batalhão de CG (cavalaria) dá apoio ao policiamento de eventos em outras áreas: Aterro do
Flamengo, Maracanã, árvore de Natal da Lagoa, reveillon em Copacabana, Lapa nos fins
de semana, ensaio na Marquês de Sapucaí.
• Milícia da Zona Oeste está no poder há 10 anos; 90% dos homicídios são a mando de
milícias, pela disputa de poder. É pior e mais difícil de combater do que o tráfico e o crime
comum, porque está institucionalizado, enraizado nos órgãos públicos. Ganham-se 500 mil
reais por semana só com transporte alternativo. Policial arrisca perder a carteira e a arma,
mas não sai da milícia, porque nela ganha dinheiro e se impõe pelo terror.
• A maioria da população não percebe os milicianos como bandidos. Cumplicidade é
favorecida pela cultura do malandro, pelo imediatismo, a exemplo da adesão ao “gatonet”.
O povo em geral ainda não se deu conta de que essa “malandragem” carioca, que antes era
positiva, hoje acabou. Não falta muito para as milícias entrarem no mercado da droga, o
que as transformaria em organizações do tipo FARC. Por enquanto, ainda há alguma
possibilidade de pensar, de agir, mas se não forem tomadas providências drásticas agora, a
mudança no futuro pode ficar inviável.
46

• A maior parte (90%) dos policiais do BPM mora na área, o que é um problema para o
combate às milícias. Seria necessário trazer policiais de outras regiões, como se fez na
Itália para combater a Máfia e como às vezes a Polícia Federal faz em algumas regiões do
Brasil.
• Afora as milícias, prevalecem crimes de rua (street crimes), que têm de ser prevenidos com
policiamento a pé, de tipo comunitário, mas não há efetivo para isso.
• Câmeras de segurança nas ruas, na Avenida Brasil, ajudam a coibir crimes.
• A terceirização da frota de viaturas policiais resolveu o problema da manutenção, que era
dramático, mas o do efetivo continua.
• Medo impera na região. De 10 anos para cá sempre houve violência em CG, mas nunca
como agora. Inúmeros casos de assaltos e saídas de banco. O que assusta é a “qualificação”
da bandidagem. Mencionou-se o caso de um funcionário “plantado” por bandidos numa
empresa da região, com documentos falsos, para realizar sequestro.
• O lado bom, o diferencial de Campo Grande, é a integração do setor privado com as
entidades públicas de segurança (polícias, Ministério Público, Jecrim). O fato de ser visto
ainda como cidade do interior favorece essa integração. Está-se tentando montar um banco
de currículos com trabalhadores das comunidades, em parceria com as associações de
moradores [e com a DP?], para dar emprego e proteger as empresas.
• Poder privado (empresários organizados) deve atuar no vácuo do poder público, como um
“poder paralelo” bom. Exemplo: problema da iluminação na Av. Cesário de Melo, que foi
resolvido pela Associação Comercial, com rateio entre as empresas para comprar as
lâmpadas. A prefeitura teria de fazer licitação e demoraria um tempo enorme. Outra
contribuição poderia ser o monitoramento por câmeras, assumido pelos empresários.
• Há 10 ou 15 anos, havia muitíssimos furtos e assaltos, no centro comercial e nos ônibus,
mas geralmente sem arma de fogo ou com arma de brinquedo. Hoje isso diminuiu, em
quase todo lugar tem milícia [todas as casas são marcadas].
• Base de toda a violência está na educação, enquanto não se investir na escola, as
estatísticas de violência não vão mudar.
• Comunidades têm medo de participar do Conseg. Grande maioria das demandas que
chegam ao Conselho não é de segurança, e sim de trânsito, de problemas domésticos, solo
urbano, iluminação pública.
• A grande mídia só vende os pontos negativos, é preciso ressaltar também os positivos,
levantar a autoestima: porto de Sepetiba, crescimento econômico, pólos industriais.
47

• Falta formação técnica: a Zona Oeste tem mais cursos universitários que técnicos. O que
existe, do Senac, é muito caro, não acessível à população de baixa renda. Gerdau traz
empregados de fora, em transporte próprio, não emprega os da região. Problema de
trânsito, devido à falta de qualificação da mdo local. As empresas não geram estímulo
econômico para a região, deixam legado de desemprego.

Campo Grande – Distrito Industrial

• Posto policial instalado em 2002 trouxe tranquilidade para o Distrito. Antes havia desova
de cadáveres e assaltos. Hoje fica sempre pelo menos um policial no posto 24 horas por
dia, mesmo quando a viatura com 3 homens se desloca para atender a outras áreas. A
Associação (ADEDI) é que bancou a construção do posto e mantém Nextel para
comunicação das empresas com a polícia. Policiais têm também o rádio geral para acionar
as viaturas.
• A parede do posto tem 1 cm de concreto. Numa ocasião, o posto foi metralhado e as balas
de fuzil não penetraram. Um policial foi ferido na perna, mas estava fora do posto.
• Terceirização da manutenção resolveu o problema das viaturas, mas o resto é bancado
pela Associação. O estado só gasta com a farda e o salário dos policiais.
• A área está muito sossegada, embora tenha havido recentemente roubo de um caminhão
dentro do Distrito. Seguiram o caminhão, entraram no Distrito junto com o motorista,
sairam, deixaram o motorista num matagal em Palmares e sumiram com o caminhão.
Problema imprevisível, que pode acontecer em qualquer lugar.
• Em 2002, Garotinho assentou 250 famílias num terreno dentro do Distrito. Ninguém
acreditava que seriam retiradas, mas foram removidas para o conjunto habitacional de
Sepetiba.
• Presença do posto tem estimulado a vinda de empresas da Zona Norte (Bonsucesso,
Inhaúma, Pilares), que sofriam problemas de segurança. Quatro ou cinco empresas vieram
para o DI especificamente por esse motivo, não aguentavam mais sofrer assaltos.
• Presença da Marinha (fuzileiros navais) na vizinhança também dá sensação de segurança.
Eles percorrem a área e à noite, quando há qualquer coisa “errada” (por exemplo, um casal
namorando no carro), eles “chegam em cima”, “dão uma presença” e não deixam ficar ali.
48

• Única segurança coletiva é o posto. Empresas individualmente têm vigilantes privados,


armados ou não, e algumas têm câmeras, para vigiar os próprios funcionários e também o
entorno. A [AS] tem câmeras possantíssimas, que vigiam até a Avenida Brasil.
• O que preocupa não é a segurança dentro do DI, mas a violência ao redor, sobretudo
assaltos.
• Campo Grande estava bastante tranquilo, mas com a pressão do atual governo sobre o
tráfico de drogas, os bandidos estão indo para o asfalto roubar.
• Empresários, quando fazem sucesso, deixam de morar na região e vão para outros bairros:
primeiro foi Tijuca, depois Copacabana, hoje Barra.
• Marcelo Alencar, quando prefeito, foi o grande responsável pela situação criminosa que a
região passou a vivenciar. Facilitou a invasão que criou as favelas da Carobinha e do
Barbante, curral eleitoral de um deputado ligado a ele.
• Mas, apesar da violência nessas duas favelas e também na Vilar Carioca, Campo Grande é
um bairro tranquilo, onde se pode sair à noite e aos domingos sem problema.
• Milícias exploram gás, transporte, gatonet: Natalino, Jerominho e Batman são os líderes.
Diz-se que o delegado Marcos Neves, que combateu esse grupo, é aliado do Chico Bala,
chefe de outra milícia. A maioria das pessoas, mesmo de classe média, tem gatonet.
• Se não tivessem ficado tão ávidas de ganhos, as milícias seriam ótimas: expulsam a
“bandidagem”, o tráfico de drogas, e dão segurança. O problema foi terem “crescido o
olho” em muitas atividades lucrativas ilegais. Aí pressionam os moradores a pagar e os
moradores saem assaltando. Expulsam os bandidos, impedem que eles vendam seu
“pozinho” na favela, e eles vêm roubar no asfalto. Num primeiro momento, são úteis, mas
depois começam os problemas.
• A grande responsável pela disseminação de tudo isso foi a Denise Frossard, que
perseguiu o jogo do bicho. Apesar dos problemas, os bicheiros patrocinavam os clubes de
futebol e as escolas de samba da região, não deixavam que o tráfico entrasse,
consideravam-se figuras importantes da sociedade e por isso evitavam se envolver em
atividades “inadequadas”. Matavam mas não deixavam essas coisas acontecerem. Com a
prisão dos bicheiros, abriu-se a porta para o pessoal “de baixo”, a bandidagem do tráfico,
ascender e ocupar esse espaço. Além disso, os clubes de futebol (Bangu, Campo Grande)
foram rebaixados e a escola de Padre Miguel há 18 anos não chega aos cinco primeiros
lugares.
49

• Outro problema é a corrupção policial, o envolvimento da polícia com o crime e a


prostituição infantil.
• Também falta efetivo: o Batalhão já teve 1.200 homens, hoje não chegam a 800, sendo
cerca de 500 ativos, para uma área gigantesca.
• Nos órgãos públicos, sobretudo na Polícia Civil, o problema são as pessoas que vêm de
fora para ocupar os cargos, e não conhecem, não entendem nada da região. Às vezes se
associam a quem não serve e subestimam quem poderia ajudar. Na polícia civil isso
acontece muito.

Santa Cruz – Distrito Industrial

• A Associação (AEDIN) reune 16 empresas, 14 estão dentro do Distrito e duas fora


(Valesul e Michelin). Cerca de 7 mil empregados, sem contar os que estão trabalhando na
obra da Thyssen (25 mil crachás). Quando acabar a obra, devem empregar 3.500 pessoas.
A maioria das empresas do DI é antiga.
• Maior preocupação é com o que vai acontecer quando acabar a obra da CSA: para onde
vão os mais de 20 mil operários. Possibilidade de surgirem novas favelas, mais violência.
Na frente da Thyssen, na reta, na João XXIII, já se criou um aglomerado novo de casas,
perto dos trilhos. Invasão na frente da Valesul cresceu num ritmo vertiginoso.
• A maioria dos trabalhadores (70%) mora na Zona Oeste, mas o pessoal administrativo
geralmente mora na Zona Sul ou Barra. Maior problema é transporte. Não há transporte
nem para quem mora na Zona Oeste, as empresas têm de bancar. Há muito tempo fala-se
em reativar a linha de trem que margeia do DI, mas nada acontece. Há invasões ao longo
da linha.
• Região está no “contrafluxo”: quem mora aqui vai trabalhar no centro e quem trabalha
aqui vem de outras áreas. Problema maior é de transporte. Quem ganha mais quer morar
na Zona Sul e na Barra ou Recreio, porque lá existe uma estrutura para a classe média que
não há aqui. Teria de haver um movimento forte para as pessoas de renda mais alta virem
morar aqui, não só trabalhar. Mas imagem da área como muito violenta desestimula isso.
• As empresas gastam muito com transporte. A Cosigua tem 35 ônibus, com mais de 70
linhas, que rodam 24 horas. A Casa da Moeda tem 100, a Thyssen vai ter mais uns 70.
Hoje, para a obra, os empreiteiros também têm de trazer os operários em ônibus (de
50

qualidade duvidosa), senão eles não chegam. Os ônibus que há passam pela João XXIII,
não vêm até o Distrito.
• Salários para pessoal administrativo, engenheiros etc. têm de ser mais altos também por
causa da distância, do tempo de deslocamento, outro fator de elevação do custo das
empresas, além de bancarem o transporte. Problemas da região reduzem oferta desse tipo
de profissionais.
• Cosigua estimula funcionários mais qualificados a virem de ônibus, não de carro, para
minimizar risco de assaltos. Mas na sexta-feira o estacionamento fica cheio, porque todos
querem vir de carro para dar suas “esticadas” depois do trabalho.
• Problema também dos caminhões e das blitzes policiais para extorquir dinheiro ou falsas
blitzes. Baixa credibilidade e confiabilidade da polícia.
• Milícias: Cosigua implantou prato popular nas proximidades: projeto gaúcho de oferta de
refeição a um real para empregados cadastrados com renda familiar per capita até ½
salário mínimo. Foi firmado convênio com a prefeitura, que forneceu a área para o
restaurante; o cadastramento foi feito pelo SESI. A Gerdau implantou isso em todo o país
sem problemas, mas, em Santa Cruz, houve assédio das milícias, que queriam cobrar
pedágio. Obra foi paralisada por 6 meses, até que Associação de Moradores local
interveio junto aos milicianos para que a obra prosseguisse. [o restaurante foi inaugurado
em 10/11/2005 na Escola Municipal Ciep Papa João XXIII (Avenida João XXIII, 38), em
Santa Cruz].
• Esta é uma área de milícias. A Thyssen também está tendo problemas e o SESI, no
caminho para Paciência sofreu invasão. Muitos trabalhadores da área moram em
comunidades com milícias, têm gatonet.
• Não há mecanismos coletivos de segurança para o DI. Cada empresa tem o seu e a Casa
da Moeda mantém um verdadeiro “exército” de vigilantes. Os responsáveis, os chefes de
segurança das empresas, se comunicam informalmente entre eles, quando há necessidade.
• A Aedin criou um grupo de trabalho para reunir representantes de cada empresa do
Distrito e representantes da PM e dos Bombeiros. Quer trazer também a secretaria
municipal ou estadual de segurança. Chama-se PAM – Programa de Apoio Mútuo, e
atualmente se ocupa mais com problemas de incêndios e acidentes do que com a
criminalidade.
• A iniciativa não está avançando muito por diversas dificuldades, mas a idéia é levantar os
problemas, as vulnerabilidades da região (por exemplo, o que pode acontecer quando
51

terminar a obra da Thyssen), e a partir disso fazer propostas para o governo. Entre os
empresários do Distrito, não há participação no Conselho de Segurança da AISP, nem
conhecimento sobre o que seja.
• Empresas também buscam minimizar problemas com a implantação de muitos projetos
sociais nas comunidades ao redor, onde mora parte dos seus funcionários. Isso dá
visibilidade e protege as empresas.
• Nunca houve assaltos com arma no interior do Distrito. O que há são pequenos furtos,
pessoal das comunidades em volta que invade e leva bicicletas, rolamentos etc., mas sem
agressão. A área é muito grande, acontece de invadirem e jogarem o objeto furtado por
cima do muro. É o que mais se ouve em relação à criminalidade. Seguranças quando
pegam os ladrões, levam para a delegacia. Quem trabalha não tem muito risco porque
entra e sai de ônibus. Mas houve caso de assalto a ônibus fora do Distrito, na subida da
Grota Funda.
• Há uma ronda do 27º BPM no Distrito, mas é precária, não percorre todas as empresas
com a frequência que seria desejável. Há um posto policial próximo, mas não só para o
Distrito. Policiais agem quando solicitados e pressionados; do contrário, fazem corpo
mole, alegando precariedades.
• Investimentos em educação e saúde seriam fundamentais para melhorar a situação da
segurança. Quando alguém da empresa tem algum problema de saúde, é levado para a
Clínica São Vicente, na Gávea.

2. Frases em destaque
- Quem é que mora longe? Eu em Campo Grande ou o meu amigo lá em Copacabana? Qual é
o ponto de referência? Não necessariamente a Zona Sul, não é?

- Bangu sofre esse estigma dos presídios. Eu muitas vezes vou a reunião, o pessoal pergunta
como vai Bangu I, Bangu II, o cara que não conhece pensa que a gente mora ao lado do
presídio. Então nós sofremos a mesma coisa que os habitantes de Cingapura... A gente não
gosta disso não.

- As milícias começaram a surgir, dependiam primeiro do poder público. Agora, viram que a
criatura que eles criaram é infernal.

- A questão milícia/polícia está muito uma dentro da outra, você não sabe quem é quem.

- Combater a milícia é mais difícil do que combater o crime comum, porque o crime comum,
ele não está socializado, digamos assim. O miliciano, ele está institucionalizado, ele está
dentro dos órgãos púbicos.
52

- O informal dominou. Aí o informal é o amigo do amigo e tal, e que, vamos dizer assim,
felizmente, ou infelizmente, o cara que está ali no informal, fazendo a segurança aqui em
Bangu, conhece todo mundo dentro da favela e já avisa: “Ó, não vem pra cá, porque senão
vai ter problema”.

- Se [o estado] conseguir fazer no Complexo de Camará o que fez ali na Cidade de Deus, isso
aqui vira uma terra abençoada.

- Como é que nasceu a Vila Kennedy, essas favelas todas? Tiraram o pessoal lá debaixo e
trouxeram tudo pra cá. Por isso chama “a la Bangu”, que a gente odeia aqui, mas talvez
venha daí, né? Eu não sei, mas vem lá do passado, né? Por que “a la Bangu”? Porque tudo
eles jogam pra cá....

- A Polícia Militar, primeiro ela prende para depois investigar, primeiro ela prende o policial,
depois ela vai saber se o policial está certo ou está errado. A Polícia Civil já é diferente:
primeiro investiga, depois prende

- Daquele viaduto ali, da Rodrigues Alves pra cá, da boca do Túnel Rebouças pra cá, do Santa
Bárbara pra cá, eles só vêm aqui pra prometer, ganhar os votos.

- O Sérgio Cabral e o Eduardo Paes trabalham com os efeitos, certo? Tornam o morro de
Santa Marta uma ilha de paz. E o resto da cidade?

- As universidades não formam inteligências para trabalhar a favor da região. Quando o


menino se forma e se destaca, sabe o que é que ele faz? Ele pula lá pra área da Zona Sul, ele
não fica aqui. Então, eu acho que é um outro fator: a formação de inteligência da região. (...)
A inteligência da cidade, que transparece, que reverbera, é a inteligência da República de
Ipanema, Leblon, Gávea.

- É a falta do poder público na Zona Oeste, é a falta da cultura, a falta da autoestima da Zona
Oeste. Por que autoestima? Porque é necessária a autoestima. Um menino nosso aqui, se ele
quiser se empregar bem, sabe o que é que faz? Ele vai lá, na Zona Sul, tomar emprestado
um endereço, porque se ele der o endereço daqui, ele não é aceito. “Não, ele mora na Zona
Oeste, sei lá com quem ele tem contato lá, com os marginais”. “Ah, ele vai ser mais caro
porque tem que pegar duas ou três conduções”.

- Chegou a um ponto, aqui em Campo Grande, que nós estamos vivendo como se fosse uma
Chicago dos anos 30: gangsters, tiros de metralhadora...

- Nos últimos 10 anos, a taxa de homicídio que a senhora tem aí pode atribuir à milícia
porque, realmente, essas mortes violentas, 90% delas são a pedido da milícia por disputa de
poder.

- Quando as milícias entrarem no mercado da droga, vão se transformar nas FARC. Por
enquanto, eles têm fontes de renda menos perigosas, digamos assim, do que o tráfico, que é
muito mais... tem menor esforço, seria a palavra. Para aumentar o ganho, potencializar o
lucro, o próximo passo seria vender drogas.

- De repente, aparecem pessoas querendo oferecer segurança particular. Então esse


“segurança” – entre aspas – certamente, vai ameaçá-lo, vai provocar um assalto na casa
dele, pra tocar o terror, e a partir daí ele começa a colaborar com a taxa que ele bem definir.
53

Ele começa, pede aqui, pede ali, aquele que não colaborar, vão jogar uma bomba ali, vão
arrebentar, vão cortar fio.

- A única coisa que funciona neste país é o poder privado (...) Eu enxergo que a única
maneira de atenuar, de algum modo, essa crise - que seguramente não é só aqui, são
problemas de toda a cidade, talvez seja um problema mundial até, mas talvez um pouco
mais grave aqui, uma vez que o número de homicídios é maior do que muitos países em
conflito no Oriente Médio – então, eu entendo que a única maneira é realmente um poder
paralelo, mas um poder paralelo bom, a sociedade civil organizada por meio de empresários.
(...) Infelizmente, se ficarmos esperando o poder público fazer alguma coisa, nós sabemos
que isso não vai acontecer. Então, é isso que eu falo de um poder paralelo bom, é se
organizar pra fazer coisas para o bem comum. Não é pra ter controle de nada, não é pra ter
benefícios exclusivos com nada. É realmente se organizar para apoiar o poder público, que
realmente encontra-se neste momento de cadeiras de rodas, pra não dizer paralítico, no
chão, sem a cadeira de rodas.

- O empresário saiu daqui pra Barra, mas, por uma questão de raízes, de amigos..., porque eu
acho que o ser humano, principalmente o brasileiro, ele gosta de ser personalizado. Eu adoro
Campo Grande porque, como na minha cidade do interior, tem muito: “Ô, Zé, como é que
é? Como é que está?”; isso aí me dá uma satisfação tão grande, que é diferente, em
Copacabana não conheço meu vizinho. Então, isso prende. E os empresários voltam com
essa somatória da personalização, e também porque a Barra ficou muito violenta, o caminho
pra Barra, por Grota Funda, sinistro...

- Boa parte dos nossos empresários, quando começam a se tornar vitoriosos, descobrem que o
grande bairro é Tijuca. Foi assim na geração dos meus avós. Depois, na geração dos meus
pais, foi Copacabana. E na geração atual é a Barra. Mas todos eles na hora de enterrar
querem vir pra cá. Melhor teria sido que daqui não saíssem. Até porque a gente percebe que,
quando retornam pra ser enterrados, às vezes falta gente até pra segurar a alça do caixão.

- Eu sou muito favorável a uma doutrina Monroe para uma região como a nossa. Porque se
você coloca na direção de qualquer posto uma pessoa que não seja da área, até que ela se
acostume a saber o que está se passando, o tempo já passou. E esse é o fenômeno que se dá
em quase todos os setores. Quando o governo do estado interfere, traz alguém do lado de
fora. É um ilustre desconhecido. Às vezes associa-se a quem não serve e subestima quem
poderia auxiliar. Percebe-se muito isso na polícia. Porque tem aqueles caras que gostam, em
qualquer circunstância, pra tirar vantagem. E eles, coitados, até por inocência ou falta de
experiência acabam por aceitar, isso acontece muito para prejuízo das próprias instituições.
A polícia tem esse problema, a civil principalmente.

- Tem uma preocupação com isso: o que vai acontecer? Vai criar algum tipo de problema
quando a Thyssen começar a operar, porque são 25 mil crachás. Nem todo mundo vai
embora, nem todo mundo consegue ocupação. Aqui na frente da Thyssen, na reta, na João
XXIII, ali se criou um absurdo, o que tem de moradia nova ali perto dos trilhos é muito
complicado... Gente, março do ano que vem saem 20 mil pessoas desse troço aqui! É isso.
Pra onde esses caras vão? Alguém vai ficar aqui. Vão ficar onde? Uns vão ficar
trabalhando... e os outros?

- O pessoal que ganha mais, normalmente é assim. Onde o cara quer morar? Barra, Ipanema,
no Recreio. Por quê? Porque lá tem toda uma estrutura já para a classe média, coisa que aqui
54

não tem, a verdade é essa. Então, esse movimento teria que ser forte nesse sentido, para as
pessoas virem morar aqui, e não somente trabalhar aqui.

- Eu prefiro dizer que nós não temos polícia. Quando é para pegar um trabalhador, ih, eles são
ativos, competentíssimos, mas falou que é para combater o crime, eles estão fora.

- O que falta é ação, o Estado cumprir a Constituição e oferecer segurança à população.


Colocar a polícia na rua para evitar os crimes e punir os criminosos quando eles agirem.

- Eu já ouvi os comandantes, vários, em suas épocas, dizerem: nós não temos condição de
fazer esse policiamento, porque nossos cavalos estão prestando serviço no Parque do
Flamengo, no Maracanã, na Quinta da Boa Vista, quer dizer, eles estão atendendo às
prioridades da cidade, às prioridades sociais, e a gente aqui fica sem policiamento.

- Nossa realidade é o micro e o pequeno [empresário], e eles são muitos. A gente deveria ter
acesso a eles. Eles se escondem, a gente procura, eles não querem falar de nada, não querem
fazer projeto, se aumentam um plano empresarial não falam para ninguém, se fecham a
empresa também não. Eles não falam nada porque eles têm medo de violência.

- O tempo é solução para tudo, dizem, né? Porque se você não resolver os teus problemas,
você morreu e o tempo foi que resolveu. Ou não.
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno

Diagnóstico sobre o Uso e a Ocupação do Solo

(Versão Final)

Projeto FAPERJ no E-26/110.644/2007

Nelson Chalfun (professor, IE/UFRJ)

Junho/2009
2

ÍNDICE

Apresentação .............................................................................................................................. 3
PARTE 1 .................................................................................................................................... 4
1.1. Introdução............................................................................................................................ 4
1.2. Padrões de Ocupação Industrial .......................................................................................... 8
1.3. A Definição da Conformação Industrial Apropriada à Área de Estudo.............................. 9
PARTE 2 .................................................................................................................................. 13
2.1. A Escolha do Modo de Ocupação da AE.......................................................................... 13
2.2. O Perfil de Ocupação da Área de Estudo.......................................................................... 14
2.3. Atributos Necessários para a Absorção de Novas Firmas na Área de Estudo .................. 17
2.4. O Comportamento Recente do Mercado Imobiliário da Área de Estudo ......................... 18
2.5. Licenças de Obras Concedidas pela Prefeitura do Rio de Janeiro .................................... 21
2.6. Assentamentos Irregulares ................................................................................................ 23
2.7. Uso e Ocupação Ilegais ..................................................................................................... 24
2.8. Uso e Ocupação Industrial ................................................................................................ 29
2.9. O Sistema Viário ............................................................................................................... 31
PARTE 3 .................................................................................................................................. 34
3.1. Legislação de Interesse do Projeto .................................................................................... 34
O Decreto nº 322/1976 ......................................................................................................... 35
O Estatuto da Cidade - Lei Federal nº 10.257/01................................................................. 35
3.2. Os PEUs ............................................................................................................................ 36
O PEU Campo Grande ......................................................................................................... 37
As Zonas............................................................................................................................... 39
3.3. Análise da Legislação........................................................................................................ 39
PARTE 4 .................................................................................................................................. 41
Referências Bibliográficas: ...................................................................................................... 42
ANEXO 1 - PEU DE CAMPO GRANDE............................................................................... 43
ANEXO 2 - PEU DE BANGU ................................................................................................ 56
ANEXO 3 - Divisão Administrativa Geral do Município do Rio de Janeiro ........................ 60
3

Apresentação

Este relatório apresenta o diagnóstico sobre os aspectos de uso e ocupação do solo das
Regiões Administrativas de Realengo, Bangu Campo Grande e Santa Cruz e respectivos
Bairros, com vistas à elaboração do Projeto “Fortalecimento dos Encadeamentos do Pólo
Metalmecânico e Desenvolvimento de Parque Tecnológico de Base em Aço Inox da Zona
Oeste da Cidade do Rio de Janeiro”, referido neste estudo como Projeto.

A preocupação central do diagnóstico é apresentar os principais aspectos de caráter normativo


e de oferta potencial de espaços capazes de influir no desenvolvimento das atividades de
interesse do Projeto. Para atingir estes objetivos foram desenvolvidas análises das condições
institucionais de cunho urbanístico existentes no conjunto das Regiões Administrativas
(referida neste estudo como RA) e da situação da ocupação e uso do solo segundo as
tipologias residencial, não residencial e territorial do mercado imobiliário formal 1 , sendo esta
última tipologia considerada como a mais importante ao atendimento às necessidades das
atividades definidas.

O mercado imobiliário informal sofreu tratamento apropriado, tendo em vista que os imóveis
residenciais e comerciais sem titulação, localizados em assentamentos irregulares, não são
objeto de cadastramento para fins de incidência dos impostos sobre a propriedade e sobre a
transmissão. Por essa razão, foram também utilizados dados do Instituto Pereira Passos (IPP)
sobre os assentamentos irregulares localizados na Área de Estudo, doravante referida como
AE.

A fim de alcançar os objetivos específicos pretendidos, incorporaram-se contribuições


oferecidas pelo Diagnóstico Sócio Econômico (aqui citado como DSE), em sua versão
preliminar, e o conteúdo ainda em construção dos diagnósticos e respectivos produtos
realizados de forma simultânea e transversal aos eixos temáticos pelos demais pesquisadores–
necessidades de infra-estrutura, restrições naturais para a localização, potencialidades do
comércio exterior, iniciativas de governança e agenda de desenvolvimento local para a Zona
Oeste - definidos nos Termos de Referência Geral.

A descrição dos processos de ocupação territorial da AE, detalhada por RA, não consta deste
estudo, pois encontra-se apresentada no DSE. Neste estudo é feita uma análise do estado atual
da ocupação do solo.

O relatório está divido em quatro Partes e três Anexos:

A Parte 1 consta de uma Introdução que apresenta a discussão sobre os conceitos sobre os
padrões da ocupação industrial e sobre a conformação industrial apropriada à Área de Estudo.

A Parte 2 discute a escolha do modo de ocupação da Área de Estudo e apresenta os dados


sobre o comportamento recente do mercado imobiliário formal e informal e sobre o sistema
viário e de transportes.

1
Foi utilizado o Cadastro do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano (IPTU) de 2008. Deve ser
ressaltado que o cadastro utilizado do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano para todo o
Município do Rio de Janeiro possui cobertura média em torno de 70%, não se dispondo desta estatística por
bairro.
4

Na Parte 3 é feita uma análise da legislação pertinente à ocupação e uso do solo, em especial
no que respeita ao uso industrial.

A Parte 4 oferece uma sugestão de agenda sobre uso e ocupação do solo a serem explorados
no Seminário.

Os dois primeiros Anexos incluem material sobre os PEUs de Campo Grande e Bangu e o
terceiro apresenta a Divisão Administrativa Geral do Município do Rio de Janeiro, por Área
de Planejamento (AP), Região Administrativa (RA) e Bairros.

PARTE 1

1.1. Introdução

O processo de evolução histórica da área que engloba as RAs de Realengo, Bangu, Campo
Grande e Santa Cruz, denominada neste relatório de Área de Estudo 2 (AE), a caracteriza
como

“a região de maior densidade industrial da Cidade, ainda que a mesma


ao longo dos últimos decênios venha cada vez mais agregando
serviços à sua estrutura produtiva. (Proposta IE/FAPERJ).

O resultado do rápido crescimento urbano e populacional que a Cidade do Rio de Janeiro


enfrentou nos últimos anos nas áreas periféricas se reflete na insuficiência e na qualidade da
oferta de infra-estrutura física e social.

A AE é caracterizada pela existência de extensas áreas onde predominam assentamentos que


podem ser classificados de várias maneiras - irregulares, clandestinos, ilegais, precários ou
inapropriados. As profundas alterações na dinâmica econômica da Cidade, com a
transferência para a AE de atividades de comércio e serviços não foram acompanhadas na
velocidade e na qualidade de mudança necessárias na legislação de uso e ocupação do solo,
especialmente no que respeita à competição com os usos residencial e industrial.

O serviço de transporte coletivo caracteriza-se pela falta de integração e complementaridade


entre os modos atualmente existentes. O transporte alternativo (parte dele regulamentado e
parte não regulamentado) tem captado a demanda dos passageiros que procuram redução do
tempo de viagem, inferior ao dos ônibus, devido à freqüência e ao itinerário oferecidos. A
presença deste tipo de transporte, significativa em várias áreas da Região Metropolitana do
Rio de Janeiro (RMRJ), torna-se mais evidente nos eixos onde se verifica o movimento
pendular “residência-trabalho”, tal como observado na AE.

Quanto à rede viária, sua hierarquia não é preservada e o tráfego de carga e de passageiros de
passagem se mistura ao tipicamente local, provocando congestionamentos, desestruturando e
desconfigurando ruas e bairros.

As áreas industriais inseridas na AE começaram a ser definidas nos anos 60, após a criação do
Estado da Guanabara. Foi implantada a infra-estrutura necessária (ramal ferroviário Sepetiba-
2
Neste relatório a expressão Área de Estudo (AE) se refere AP 5 exclusive a Região Administrativa de
Guaratiba.
5

Japeri e termelétrica de Santa Cruz) e construída a Companhia Siderúrgica da Guanabara


(COSIGUA). O Distrito Industrial de Santa Cruz surgiu com a desapropriação do antigo
Campo de Marte, tendo sido financiado pela Companhia Progresso do Estado da Guanabara
(COPEG).

Na década de 1970, o governo estadual implantou diversos distritos industriais ao longo da


Avenida Brasil, por intermédio da Companhia de Desenvolvimento Industrial (CODIN), que
adquiria e urbanizava os terrenos, criava a infra-estrutura e os negociava com os empresários
interessados. Atualmente existem os distritos de Campo Grande, Palmares, Santa Cruz e
Paciência. Em 1976, o Decreto Municipal 322/76 aprovou o Regulamento de Zoneamento do
Município, definindo e classificando as zonas industriais em ZI-1 e ZI-2, conforme o porte e
as tipologias das unidades fabris.

Aos problemas acima enumerados acrescente-se a expansão das atividades da cadeia


petrolífera, com elo inicial na Bacia de Campos e elo final no Porto de Itaguaí. A ligação entre
a Bacia de Campos e o Porto de Itaguaí dar-se-á por meio do traçado viário que interliga a
BR-101-Sul em Itaguaí à BR-101-Norte em Itaboraí, atravessando a BR-116 em Seropédica e
a BR-040 em Duque de Caxias, interligando-se com o trecho já existente da BR-493, que será
duplicada no segmento que atravessa os municípios de Magé, Guapimirim e Itaboraí.

O desenvolvimento da AE necessita, portanto, de uma retificação profunda do seu processo e


do seu próprio significado enquanto região de expansão.

A oportunidade da implantação do Projeto traz subjacente uma idéia que pode ser sintetizada
na expressão “ocupar para desenvolver”. Não se trata de um plano de ocupação industrial
apoiado na implantação de ZIs, pois o porte e a natureza do tipo das atividades que se deseja
desenvolver não se encaixam neste tipo de conformação.

As observações contidas no DSE apontam para esta colocação:.

“Essas vantagens de localização da região e dos municípios do seu


entorno geográfico poderiam ser ampliadas e até mesmo consolidadas,
caso se atraia um conjunto de empresas estrangeiras que trabalhem
com aço inox a se instalarem e concomitantemente se desenvolva uma
maior capacitação técnica de produto e processo em aço inox, bem
como se estimule a criação de pequenas e médias empresas
especializadas na prestação de serviços de montagem e acabamento
de produtos finais. (grifo nosso)

Para alcançar estes propósitos de desenvolvimento local é necessário


apoiar o desenvolvimento competitivo das empresas que passa pelo
desenvolvimento das pessoas, de conhecimento, processos,
incorporação de novos equipamentos e boas condições de trabalho”.
(DSE pg. 8)

Outra consideração que eleva a importância do argumento defendido por este estudo é a de
que
6

“A maior diversificação e agregação de valor é uma condição


necessária para que haja demanda de novas e maiores
qualificações”.(DSE, pg. 33)

Ademais, as áreas destinadas ao que se conhece como Distritos Industriais, especialmente o


Distrito de Paciência representam enclaves que criam problemas fundiários, pois não ocorre a
figura da cessão ou arrendamento, mas a venda da propriedade, e de circulação e
comunicação intra-urbanos.

Cria-se, pois, um território de territórios.

O plano – estratégico, isto é, o foco do Projeto - é promover o desenvolvimento do conjunto


das quatro Regiões Administrativas, por meio da ocupação (tática) planejada das áreas
localizadas nos interstícios do tecido urbano por firmas pertencentes ao segmento dinâmico da
cadeia metal mecânica e do inox, produzindo efeitos de transbordamento para os setores
complementares.

Como parte da estratégia figura a criação de novas centralidades no conjunto das RAs, e o
estabelecimento de uma governança local capaz de transformar os destinos da Zona Oeste,
fazendo com que ela se liberte de um processo de crescimento subsidiário e caótico e passe a
contribuir para o desenvolvimento sustentável do Município e do Estado do Rio de Janeiro, de
maneira mais autônoma e regulada ..

A criação planejada de novas centralidades 3 procura fortalecer os processos intra-urbanos


associados à acessibilidade e à concentração de firmas e pessoas, apoiando-se no
desenvolvimento de certas funções vistas como catalisadoras, segundo a intensidade,
influência e a natureza das atividades implantadas. O desenvolvimento da cadeia metal
mecânica possui esta qualidade aglutinadora de outras funções (ver DSE, pg. 9).

A criação de novas centralidades, porém, demanda a execução de medidas capazes de atender


aos efeitos decorrentes do aumento do número de deslocamentos típicos das pessoas,
sobretudo os deslocamentos de e para o trabalho; da movimentação de carga a partir dos eixos
principais para os eixos de segunda ordem e logradouros situados no interior do tecido local e
da demanda por espaços apropriados, dentre outros impactos considerados ambientalmente
negativos .

Não devemos esperar um jogo de soma zero, tendo em vista o caráter dinâmico e a existência
de inúmeras variáveis que se articulam nesse processo. Aos efeitos positivos decorrentes do
aumento do emprego e da renda local e dos derivados da redução do custo das viagens, de e
para a área Central da Cidade, devem-se contrapostos os efeitos negativos, especialmente os
de aglomeração e pressão sobre a infra-estrutura física e social que ocorrem em cada um dos
bairros da AE.

Neste mesmo contexto ocorrem simultaneamente processos de transformação da realidade


urbana do ponto de vista da localização de atividades concorrentes, o que impõe o conjunto de
desafios, abaixo listados, a serem enfrentados quando da proposição de ações concretas
concernentes ao segmento do aço inox.

3
O fenômeno das novas centralidades no Município do Rio de Janeiro tem início com os bairros de Copacabana
e Tijuca, como concorrentes ao bairro do Centro. Dentre os exemplos mais recentes figuram Botafogo, Méier e
Madureira..
7

• O contínuo aumento do número de moradores dos bairros da Zona Oeste, aí incluída a


Área de Planejamento V;
• A necessidade da integração com o projeto do Arco Metropolitano, componente do
Plano de Aceleração do Crescimento do Governo Federal
• A necessidade da construção e aumento da infra-estrutura existente;
• A observância da preservação e conservação das condições ambientais;
• O aumento da atratividade da área para a localização de novos negócios, habitação,
visitação e outros;
• As profundas alterações na dinâmica econômica da Cidade, com a transferência de
atividades corporativas financeiras, de serviços e de lazer para a AP 5 com reflexos na
legislação de uso e ocupação do solo e competição com investimentos privados: oferta
de espaços para a implantação de empreendimentos imobiliários voltados para o uso
residencial, incluindo o comércio e serviços; cultura e lazer.

Admitindo-se que a ação planejada da criação de novas centralidades é uma necessidade para
sustar o processo subsidiário e caótico por que passa a AE, critérios devem ser aplicados a fim
de que possam ser indicadas, no tempo e de forma hierárquica, as áreas a serem ocupadas
(excluem-se as áreas dos distritos industriais 4 ).

Para tanto aplica-se o conceito de “qualidade locacional”, isto é, um conjunto de atributos que
fazem um determinado local ser objeto de escolha de localização para o desenvolvimento de
atividades – residencial, da produção e da distribuição de bens e serviços, tanto do ponto de
vista privado – negociais - quanto público - sociais. (Hindson e Stamer, 2007).

A sustentabilidade das iniciativas levadas a termo por parte do poder público ao incentivar a
realização de empreendimentos privados depende em grande extensão do conjunto de ações
concertadas entre os dois grupos de agentes (publico e privado).

Entretanto, compete ao poder público aplicar de maneira conclusiva as decisões de caráter


coletivo sob sua responsabilidade. Ou seja, a “qualidade locacional” reflete os aspectos de
mercado, da intervenção governamental e da ação coletiva, levada a termo pelos diversos
grupos locais organizados.

Dentre os critérios, já apontados no DSE, que satisfazem ao conceito de qualidade locacional,


podem ser mencionados:

• Efeitos de sinergia nas cadeias produtivas


• Adaptação à oferta de mão de obra local
• Adaptação à oferta de áreas com infra-estrutura
• Conformidade à legislação existente

4
Ver discussão sobre o conceito de aglomerações industriais no item Padrões de Ocupação Industrial.
8

Estes critérios a serem aplicados de maneira sistêmica, devem levar em conta os resultados
dos diagnósticos produzidos pelos demais pesquisadores do Projeto, provendo indicadores
voltados para a definição da localização das atividades no espaço e para a ordem de
implementação das medidas.

1.2. Padrões de Ocupação Industrial

É bastante comum encontrarmos divergências quanto à conceituação e operacionalização de


termos ligados ao tema “concentração da localização de firmas”, inexistindo uma taxonomia
consagrada na literatura.

Conceitos como distritos, aglomerados, clusters, cidades e parques industriais, além de


arranjos produtivos locais e sistemas locais de produção são utilizados para exprimir situações
que se assemelham, mas que possuem conotação própria, oferecendo informação não
totalmente conclusiva para uma adequada distinção entre eles e suas implicações práticas.
Não há, inclusive, critérios quantitativos específicos, sejam eles geográficos ou numéricos,
utilizados para a delimitação de áreas que hospedam as firmas.

Ao realizar uma revisão da literatura sobre o tema aplicado à experiência brasileira,


Hasenclever e Zissimos (2006), produziram uma síntese das conceituações e concluíram que
alguns autores consideram tais conformações como os modelos de distritos industriais; outros,
os modelos de cluster; outros, os sistemas produtivos locais; de comunidades industriais e de
arranjos produtivos e inovativos locais.

Para o presente estudo, serão levadas em conta concentrações que são eventualmente
representadas por modelos mais simples de conformação industrial pertencente a uma
determinada cadeia de atividades, podendo ocupar ao longo de um eixo viário principal,um
grupo de bairros, um bairro, um grupo de ruas de um bairro ou mesmo uma rua.

Ao termo “distrito”, uma subdivisão territorial da cidade, conforme utilizado na língua


inglesa, corresponde, na Cidade do Rio de Janeiro, o conceito de “bairro”, de acordo com a
divisão territorial e administrativa do Município (33 Regiões Administrativas e 158 bairros).

Entretanto, o termo Distrito Industrial, tal como utilizado na língua portuguesa para
caracterizar as aglomerações industriais, a exemplo dos já existentes na área de estudo,
configura um espaço planejado para hospedar firmas produtoras de bens e serviços que
procuram (ou a elas são oferecidas), de maneira explícita, vantagens decorrentes da ocupação
planejada e administrada pelo poder público, tais como incentivos tributários, regimes
tributários especiais de âmbito federal, estadual e municipal 5 , disponibilidade de grandes
áreas localizadas próximas à principais redes viárias, aos espaços de armazenagem, aos
centros de consumo, aos fornecedores, fornecimento de: energia elétrica (de alta, média e
baixa tensão); gás natural; água potável e de processo; oxigênio; nitrogênio; gases especiais;
vapor e ar comprimido, padrões internacionais de segurança, sistema de telefonia e de rede de
dados de última geração e sistema integrado de proteção ao meio ambiente.

5
Lei Nº 4.372 de 13 de junho de 2006. Concede incentivos fiscais à construção e à operação de terminais
portuários relacionados à implementação de Complexo Siderúrgico na Zona Oeste do Município do Rio de
Janeiro.
9

Além disso, uma equipe própria especializada atua nas áreas de segurança patrimonial,
prevenção e combate a incêndios e ainda segurança e medicina do trabalho, contando com
ambulatório médico aparelhado com todos os recursos necessários a um complexo industrial.

Ou seja, a utilização do termo “distrito industrial” conforme atribuído às áreas de Santa Cruz,
Paciência, Palmares e Campo Grande não pode ser confundida com o conceito de
aglomeração industrial – “cogumelização” - perseguida pelo Projeto, pois este dependerá
muito mais da sua capacidade de replicação (no sentido de reprodução multiplicada, segundo
as vocações já assinaladas no DSE) e da geração de emprego e renda, do que da sua
concentração geográfica e tamanho, em termos de quantidade e porte individual das firmas.

1.3. A Definição da Conformação Industrial Apropriada à Área de Estudo

Em seu estudo sobre as aglomerações industriais sob o ponto de vista territorial Markusen
(1996) apresenta cinco tipos básicos de conformações 6 :, sendo o primeiro, o mais singelo de
todos, o Distrito Industrial Marshalliano.

A formulação original da idéia de Distrito Industrial, feita por Marshall, em seu “Princípios de
Economia”, levava em consideração uma região cuja estrutura industrial era formada por
pequenas firmas locais, as quais decidiam sobre a produção e o investimento também de
maneira local. As ligações e a cooperação das firmas com o exterior eram mínimas,
necessárias apenas para dar início ao processo de produção dentro do distrito. Em sua
essência, o distrito industrial marshalliano espelha a reunião de um número considerável de
pequenas firmas que transacionam entre si (Marshall, 1996).

A conformação assume como característica a diversidade e possível complementaridade


quanto às atividades industriais desenvolvidas no complexo (gás natural >> siderurgia, por
exemplo). Pressupõe, ainda, a instalação de indústrias componentes de um determinado
segmento de cadeia produtiva específica (aço inox>> mobiliário bancário, por exemplo).
(Chalfun, 1998)

Outra vantagem desse tipo de conformação se associa à redução à exposição e à pulverização


de riscos inerentes:

a. aos mercados de matérias-primas e de tecnologia;


b. aos mercados de consumo;
c. ao mercado financeiro internacional;
d. às mudanças na política cambial, fiscal, tributária, industrial, de crédito e comercial
externa;
e. às alternâncias político-administrativas.

Marshall chama a atenção para a natureza e qualidade do mercado de trabalho local, interno
ao distrito e extremamente flexível. As pessoas se movimentam de uma firma para outra, e
proprietários e empregados tendem a residir na mesma comunidade ou bairro.

A força de trabalho possui compromisso com o distrito e não com as firmas. O distrito é visto
como uma organização relativamente estável, ocorrendo alguma imigração (à medida em que

6
A grande vantagem dessa tipologia é a flexibilidade para analisar casos em um ambiente espacial complexo de
desenvolvimento econômico, no qual interagem aspectos institucionais, técnicos, sociais e econômicos.
10

ocorrem expansões de firmas ou entrada de novas) e nenhuma emigração, permitindo a


evolução de uma sólida identidade cultural e o compartilhamento da arte industrial.

O distrito Marshalliano engloba um conjunto relativamente especializado de serviços criados


de forma segmentada para as indústrias localizadas. Tais serviços incluem a experiência
técnica em certas linhas de produtos, equipamentos, marketing, manutenção e consertos e
serviços financeiros, dentre outros (Wanderley e Sanches, 1996).

Todas essas características representam economias derivadas da própria aglomeração de


atividades no espaço geográfico. Assim, o atributo da atratividade de um distrito decorre não
dos resultados dos cálculos de localização efetuados pelas empresas e pelos empregados, mas
das economias externas disponíveis para cada firma individualmente, em função da conjunção
existente entre firmas compradoras, fornecedoras e prestadoras de serviços. Na concepção
Marshalliana não se espera que cada firma envolvida coopere conscientemente com as demais
a fim de que o distrito exista do ponto de vista formal.

A idéia de cooperação, ainda que de forma não explícita, está implícita no conceito
Marshalliano de distrito. Esta cooperação pode estar baseada em cooperação técnico-científica
a partir da complementaridade entre as empresas devido ao intenso processo de divisão do
trabalho ou devido à confiança existente entre as pessoas que trabalham no local através de
laços adquiridos por participação conjunta em associações ou relações de apadrinhamento e
reciprocidade.

Todas essas características representam economias derivadas da própria aglomeração de


atividades no espaço geográfico. Assim, o atributo da atratividade de um distrito decorre não
dos resultados dos cálculos de localização efetuados pelas empresas e pelos empregados, mas
das economias externas disponíveis para cada firma individualmente, em função da conjunção
existente entre firmas compradoras, fornecedoras e prestadoras de serviços.

O segundo tipo denomina-se “Variante Italiana do Distrito Marshalliano” - (Marshallian


District/Italianate Variant)

Numa formulação derivada dos distritos Marshallianos figura a chamada Variante Italiana,
onde a cooperação explícita entre firmas e o estabelecimento de estruturas voltadas para a sua
autonomia, através de acordos formais, aumentam de maneira considerável a competitividade
dos distritos.

Nesse arranjo institucional as firmas contam com a ajuda de governos locais ou regionais, ou
de associações de classe, que explicitamente constroem redes voltadas para a solução de
problemas que afetam as empresas e seus mercados.

O terceiro tipo apresentado por Markusen denomina-se “Distrito Industrial Centro-


Articulado” ou “Núcleo-Raio” (Hub and Spoke Industrial District)

Neste tipo de conformação, um grande número de pequenas e médias empresas se desenvolve


em torno de uma ou algumas indústrias importantes, pertencentes a um ou a alguns setores
industriais (Markusen, 1996; Gray, Golob e Markusen, 1996). Nesse processo, uma grande
indústria adquire bens e serviços de empresas locais ou externas à região e vende,
principalmente, para clientes localizados fora da região. Esses clientes podem ser grandes e
concentrados geograficamente ou pequenos e espalhados em várias regiões.
11

Markusen (1996) aponta para a existência de situações em que uma universidade ou centro de
pesquisa possa organizar o desenvolvimento local, fato corroborado por Hasenclever et al
(2003) ao estudar o caso da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) na cidade
fluminense de Nova Friburgo. Por meio de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão,
uma universidade pública, UERJ, busca uma efetiva interação com a comunidade local.
Dentre as principais ações desempenhadas figura a de “pensar estrategicamente sua inserção
na região, ao mesmo tempo que participa para a solução dos principais problemas dos setores
da economia local”.

Em paralelo procura buscar uma maior aproximação das instituições que têm se mobilizado
de forma mais perene para a solução dos problemas do setor têxtil e confecções, dentre elas, a
FIRJAN, o SINDVEST, o SENAI, o SEBRAE e a própria UERJ.

O dinamismo desse tipo de distrito industrial está associado ao posicionamento dessas


indústrias-âncora nos mercados nacional e internacional. Outras firmas locais tendem a
apresentar relações de subordinação a elas. Se, ao longo do tempo, as indústrias-âncora
atraem uma massa crítica de mão-de-obra especializada e de serviços em seu entorno, elas
podem inibir a criação de condições para o estabelecimento de um processo de
desenvolvimento diversificado, no qual novas firmas formarão poucas conexões com outras
indústrias-âncora.

Assim, os distritos do tipo núcleo-raio são dominados por uma ou poucas indústrias,
verticalmente integradas, em um ou mais setores, rodeadas por fornecedores menores e mais
fracos. Tais distritos podem apresentar uma estruturação forte, na qual as indústrias menores
são extremamente dependentes. Por outro lado, esses laços podem ser mais soltos, situação
em que as firmas menores desfrutam das economias de aglomeração criadas pelas firmas-
âncora.

Em alguns casos, a concentração de grandes indústrias podem ser oligopólios de um único


setor, como no ABC paulista.

O quarto tipo é denominado “Plataforma Industrial-Satélite” - Satellite Industrial Platform.

Distrito Industrial composto basicamente por filiais de indústrias transnacionais ou


multinacionais, com foco voltado para a exportação para mercados localizados fora da região
(geralmente para mercados externos). Caracteriza-se pela instalação de atividades de alta
tecnologia ou, no outro extremo, por empreendimentos absorvendo emprego de baixa
qualificação, com pesados incentivos fiscais e/ou isenção de impostos e taxas de vários níveis
e naturezas. Como exemplo mais comum podem ser citadas as zonas de processamento de
exportação.

Esse tipo de distrito se caracteriza pela velocidade na sua implantação. Em geral as


plataformas se localizam em áreas distantes dos centros urbanos e funcionam como estímulo
ao desenvolvimento regional, alavancando o desenvolvimento de áreas sem qualquer
possibilidade de absorver os transbordamentos do processo de crescimento econômico
naturalmente observado.

Além disso, as indústrias ocupantes dessas plataformas permanecem isoladas em relação às


cadeias de produção de outras regiões e em relação às indústrias localizadas no mesmo
12

espaço, enquanto que as decisões de investimento são tomadas em suas matrizes, geralmente
localizadas em outros países e as economias de escala obtidas variam de moderadas a altas

Algumas características desse tipo de distrito põem em dúvida sua eficácia enquanto elemento
estratégico sustentável, pois restringem sua capacidade de articulação com a economia
regional.

Em primeiro lugar, as principais fontes de financiamento, experiência técnica e serviços


comerciais das indústrias nele localizadas são supridos pela matriz.

Em segundo lugar, em função da diversidade apresentada no elenco de indústrias, não existe a


possibilidade de se compartilhar a infra-estrutura representada pelas atividades de
gerenciamento, treinamento e marketing. Tais carências são compensadas pelas ações dos
governos nacionais ou locais, hospedeiros das indústrias.

Em terceiro lugar, seu futuro está ameaçado pelo constante aprimoramento da “portabilidade”
das plantas industriais. As plataformas que recebem indústrias concentradas em atividades
dependentes de tecnologia de ponta, nas quais a estabilidade e as amenidades associadas à
esfera residencial e comunitária são essenciais para a atração e manutenção de pessoal
altamente especializado, serão menos vulneráveis. Por outro lado, plataformas que hospedam
indústrias de baixo custo serão mais vulneráveis, principalmente se o investimento em capital
fixo for baixo. Tendo em vista o fato das plantas de produção e suas instalações serem
diversificadas e suas atividades comerciais serem voltadas para a exportação, as plataformas-
satélite não geram o desenvolvimento de laços culturais ou de novas identidades, embora elas
possam destruir aqueles existentes.

Por último, no que respeita ao perfil da renda derivada desses tipos de distrito, a entrada das
plataformas em regiões extremamente deprimidas economicamente, contribui para o aumento
da renda per capita (com efeitos negativos nas regiões de origem !). Os efeitos de distribuição
intra-regionais, entretanto, dependem da natureza da indústria e da atividade. A criação de
empregos industriais de baixa qualificação em regiões agrícolas deprimidas, por exemplo,
possui a capacidade de melhorar o perfil da renda.

O quinto tipo de Distrito Industrial representa uma combinação dos quatro primeiros, daí ser
classificado como “Sistemas Mistos”. A maioria das áreas metropolitanas se caracteriza pela
existência da combinação de distritos do tipo Marshalliano, núcleo-raio, plataformas-satélite
e/ou distritos ancorados pelo Estado, ou uma combinação destes.

Portanto, recuperando a constatação de Hasenclever e Zissimos, pode-se afirmar que a


tipologia dos modelos de distritos com capacidade de atrair e fixar as atividades industriais
são mais sugestivos do que definitivos.
13

PARTE 2

2.1. A Escolha do Modo de Ocupação da AE

O padrão de ocupação industrial a ser implementado na AE tem como contraponto de


referência os Distritos Industriais de Campo Grande, Paciência, Palmares e Santa Cruz, cujas
características são listadas a seguir:

a) seu planejamento segue a conformação Distrito Industrial Centro-Articulado ou


Núcleo-Raio, pois congrega indústrias de porte, com atuação regional ou
internacional.

b) estão implantados em áreas contíguas ao perímetro urbano da cidade, com impactos


negativos no tráfego de carga pesada e no transporte volumoso de passageiros em
horários concentrados;

c) não dispõem de áreas disponíveis para a instalação de outros empreendimentos;

d) sua localização não enseja acesso fácil e de baixo custo ao pessoal empregado nas
indústrias, no comércio atacadista, no transporte rodoviário de carga e urbano de
passageiros, nos centros de serviço comunitários, igrejas, escolas, quartéis da polícia
militar, dentre outras atividades;

e) os terrenos são vendidos às firmas, o que implica elevada imobilização de recursos;

f) desde o início de sua instalação, obtiveram apoio dos Governos Federal, Estadual e
Municipal;

g) o planejamento da manutenção de uma combinação adequada das atividades


industriais, de comércio e de serviços funcionou sempre como elemento de defesa da
autonomia e auto-sustentação do Distrito e de sua capacidade de incrementar sua
produção e seus negócios.

h) a administração dos Distritos desenvolve uma política clara de atração de empresas,


contemplando, prioritariamente, as vantagens decorrentes da localização estratégica
em relação ao Porto de Itaguaí, à proximidade de acesso à Rodovia Presidente Dutra e
aos centros de produção e consumo das cidades localizadas na Região Metropolitana
do Rio de Janeiro.

Ou seja, o modelo de operação a ser construído se aproxima da conformação mais singela –


Marshalliana – com alguns componentes da Variante Italiana, admitindo-se o necessário
envolvimento das lideranças com o executivo e o legislativo, a fim de que seja implementada
uma agenda de desenvolvimento local, democraticamente construída com a população local
interessada na correção dos rumos da AE.
14

2.2. O Perfil de Ocupação da Área de Estudo

Os dados de área e população das quatro Regiões Administrativas componentes da área de


estudo são apresentados na Tabela 1 7 . A título de comparação apresentam-se os dados
referentes às RA da Barra, Jacarepaguá e Copacabana.

Duas colunas mostram os dados de Área Bruta e Área Líquida, conforme metodologia do
Instituto Pereira Passos. A Área Líquida considera como não ocupáveis as áreas acima da cota
100. Tal conceituação é importante, no caso da Zona Oeste pois as ocupações irregulares
(invasões) se concentram nas áreas planas, isto é, consideradas como ocupáveis.

Ao compararmos os dados de Santa Cruz e da Barra da Tijuca, cujas ocupações irregulares


ocorrem em áreas planas, observamos a diferenciação propiciada pelos dois conceitos. Santa
Cruz possui densidade bruta inferior e densidade líquida superior em relação à Barra da
Tijuca.

Entretanto, no caso de Copacabana, esta diferenciação induz a uma interpretação errônea, pois
a diferença entre os conceitos bruto e líquido, de cerca de 21%, fica prejudicada pelo fato da
existência de ocupações irregulares acima da cota 100.

Tabela 1 - Área de Estudo


8
População , Área e Densidade Demográfica das RAs

D ensidade Á rea D ensidade


P opulação Á rea B ruta
REG. A D M IN IS T . D em ográfica Líquida D em ográfica
(2007) a (km 2 ) b
B ruta (km 2 ) b Líquida
S anta C ruz 344.015 164,1 2.097,0 161,3 2.133,0
C am po G rande 551.355 153,4 3.593,3 108,3 5.089,0
R ealengo 236.907 54,6 4.342,9 43,4 5.453,0
B angu 437.609 67,8 6.453,5 42,7 10.246,0
TOTAL GERAL 1.569.886 439,9 3.569,1 355,8 4.412,5
B arra da Tijuca 257.931 165,6 1.557,6 117,4 2.197,8
Jacarepaguá 513.189 126,6 4.053,3 75,1 6.834,8
C opacabana 146.042 5,0 29.444,0 4,1 35.579,8
F onte:
a - w w w .riocom ovam os.org.br/indicadores
b - w w w .arm azem dedados.rio.rj.gov.br

7
www.riocomovamos.org.br/indicadores e www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/
8
A estimativa de população por Região Administrativa (RA) em 2006 e 2007 foi feita com o uso dos dados do
estudo desenvolvido pelos demógrafos Kaizô Iwakami Beltrão, Ana Amélia Camarano, Solange Kanso e Sonoe
Sugahara, disponível no site Armazém de Dados. Foi empregada a hipótese 2 do referido estudo.
15

Tabela 2 - Área de Estudo


Distribuição Por Tipo de Ocupação dos Imóveis das RAs

Áreas expressas em m2
APAR-
REG. ADMINIST. CASA GALPAO INDUSTRIA TELHEIRO TERRENO
TAMENTO
Unidades 17.152 26.655 124 57 8 9.132
Santa Cruz
Área 729.694 1.569.994 120.235 637.165 1.101 54.402.482
Unidades 23.092 47.503 413 54 60 44.137
Campo Grande
Área 1.284.820 3.529.854 242.668 370.329 10.152 61.869.046
Unidades 5.584 4.826 58 4 5 1.886
Realengo
Área 329.769 423.153 30.467 7.454 722 5.393.299
Unidades 37.315 25.578 239 43 20 11.138
Bangu
Área 1.724.469 1.737.811 183.260 71.060 3.017 29.194.595
Unidades 83.143 104.562 834 158 93 66.293
TOTAL GERAL
Área 4.068.753 7.260.812 576.630 1.086.008 14.992 150.859.422
Fonte: Cadastro do IPTU 2008

Ainda tomando como base os dados das Tabelas 1 e 2 , ao confrontarmos os valores relativos
às áreas da tipologia “terrenos” com “área líquida disponível”, observa-se que a RA de Bangu
é a que apresenta coeficiente mais elevado (68%), seguida das RAs de Campo Grande (57%),
Santa Cruz (34%) e Realengo (12%). Tais grandezas demonstram a possibilidade da ocupação
de áreas pelo uso comercial e industrial, devendo ser levada em conta a legislação existente e
as chances da sua adaptação e flexibilização a fim de atender ao desenvolvimento econômico
local.

Com relação à população residente, a RA de Campo Grande é a que apresenta maior


contingente, seguida da de Bangu, Santa Cruz e Realengo, muito embora a densidade
demográfica de Bangu seja aproximadamente cinco vezes maior em relação à de Santa Cruz e
cerca de duas vezes maior em relação às de Campo Grande e Realengo.

Assim, Bangu é o bairro com maior concentração de apartamentos (37.315 unidades), seguido
de Campo Grande (23.092 unidades). Já Campo Grande possui 47.500 casas, seguido de
Santa Cruz, com 26.656 unidades, enquanto que o estoque em Bangu é de cerca de 25.500
unidades.

Um aspecto a ser destacado é o estoque de terrenos localizados nas RAs de Campo Grande
(41%)e de Santa Cruz (33%), cuja área conjunta representa cerca de 77% do total das quatro
RAs tomadas em conjunto.

Deve ser ressaltado que neste estudo não foi estudada a titularidade das propriedades
imobiliárias, assunto de complexa investigação, tendo em vista a necessidade de pesquisa
junto aos registros cartorários, ao cadastro detalhado do IPTU, dos arquivos do Serviço de
Patrimônio da União e das Secretarias de Administração do Município e do Estado do Rio de
Janeiro.

Não há qualquer dúvida em relação ao fato de que qualquer plano destinado a promover a
requalificação da Área de Estudo deverá ser precedido de levantamento minucioso da sua
estrutura fundiária, a fim de que possam ser elaborados os instrumentos normativos de
regularização, sem o que torna-se praticamente impossível a transmissão da titularidade entre
os agentes privados ou entre os agentes públicos e privados.
16

Entretanto, e relembrando ao leitor, no cerne das premissas a serem verificadas pelo Projeto,
conforme definido na Proposta IE/FAPERJ, chama a atenção o fato de que

“[Esse} padrão de especialização produtiva na área de aço inox


contribui para que empresas sejam atraídas pela especialização da mão
de obra local, sendo esta altamente capacitada para atuar sob regime
fabril, e pela existência de inúmeros empreendedores com sofisticado
conhecimento e educação formal em outras áreas da cidade em função
da incorporação das chamadas indústrias criativas - arquitetura, design
e artes plásticas”.

De acordo com os depoimentos colhidos junto aos representantes das Associações Comerciais
e Industriais locais durante a fase de levantamentos deste estudo, no que respeita à estratégia
de cunho comercial, a esperada robustez dos distritos não tem atraído novas indústrias, e não
tem apresentado bons indicadores de transbordamentos para a região. Na realidade, esses
transbordamentos, se ocorrerem, poderão se dar num prazo longo, o que dificulta a avaliação
ex-ante. (Jacobs,1985). Procura-se com este Projeto, complementar as ações de longo prazo
desenhadas pelos administradores públicos, com medidas de impacto imediato, mas que
possuem condições de alavancar negócios de imediato, aproveitando condições de oferta de
mão-de-obra, de conhecimento e de recursos ociosos a disposição no local. Mas não só. Será
necessário reorientar o processo de desenvolvimento, criando novas empresas capazes de
adensarem o tecido produtivo local não apenas com atividades relacionadas à cadeia
produtiva de metal-mecânica e aço, mas também outras atividades correlatas de serviços
gerais e industriais, tais como escritórios de contabilidade e assistência jurídica e empresas de
calibração.

A reorientação do processo de desenvolvimento tem como um de seus pilares, portanto, a


implantação de inúmeras firmas. Este número indeterminado tem como referência o estoque
de micro e pequenas empresas apontado no DSE – ver tabela 3, as quais, somadas, perfazem
um total aproximado de 8 mil firmas. Admitindo-se que se consiga realizar a implantação de
10% do total – 800 micro e pequenas firmas – no primeiro ano de vida do Projeto, e que o
espaço médio por “firma-tipo” necessário para o seu funcionamento seja de mil metros
quadrados, seriam necessários cerca de 800 mil metros quadrados de terrenos disponíveis
capazes de alojar os empreendimentos.

Os dados de oferta de terrenos (número de unidades e área), apresentados na tabela 2,


evidenciam a abundância relativa quanto à satisfação das necessidades demandadas pelo
Projeto
17

Tabela 3 – Distribuição do Número de Empresados por Porte de Empresa

A partir deste contingente de firmas, poder-se-á admitir, para efeito de futura ocupação dos
espaços existentes nos diversos bairros da Área de Estudo, a introdução de firmas
pertencentes à cadeia metal-mecânica, segundo porte, espaço a ser ocupado, localização no
território, e outros critérios a serem formulados, com base nos demais diagnósticos oferecidos
pelos pesquisadores.

A título de ilustração, ao simularmos um acréscimo de 10% no número total de firmas e


admitindo-se a absorção proporcional do número de empregos gerados atualmente pelas oito
mil firmas, teríamos a geração de cerca de 5 mil empregos diretos, ou 10% do total de 50.600
empregos atualmente gerados.

2.3. Atributos Necessários para a Absorção de Novas Firmas na Área de Estudo

Os atributos que se esperam existentes na malha urbana da AE capazes de atender à demanda


das “firmas-tipo” do Projeto, isto é, que assumem uma conformação Marshalliana, são:
• possibilidade de acesso rápido, fácil e conveniente para transportes de carga, incluindo
ferrovias, rodovias, portos e aeroportos;
• adequado suprimento de mão-de-obra, fontes de matérias- primas e mercados;
• quantidade adequada de terra apropriada, livre de problemas de fundações, drenagem e
outros riscos do terreno que aumentem o custo da construção, com reserva suficiente
para crescimento futuro;
• adequado e confiável suprimento de utilidades: água, energia, combustíveis,
disposição de resíduos sólidos e líquidos, telecomunicações;
• facilidades tecnicamente compatíveis às demandadas pela atividade industrial, como
sistema viário apropriado, estacionamentos, pátios de carga e descarga, serviços
comerciais, sociais e jurídicos para empresas,
• regularização fundiária, definição clara e adequada quanto ao uso dos terrenos, ao
tamanho dos lotes, às limitações de emissão de ruído, fumaça, odores, luz, vibrações,
calor e outros impactos indicados na regulamentação;
• gerenciamento integrado da área de localização das firmas, possibilitando a criação de
sinergias, com redução dos custos das matérias-primas e componentes e otimização da
escala do volume de carga movimentada;
• incentivos para a atração, implantação, desenvolvimento e expansão das atividades
industriais, na forma de redução de impostos, tecnologia, capital e infra-estrutura;
• custos adequados para a terra e competitivos para as tarifas por serviços prestados;
18

• proteção contra o desrespeito às regras estabelecidas, tais como interferências de


residências e outros usos do solo não compatíveis;
• localização de maneira a minimizar efeitos externos indesejáveis nas vizinhanças não
industriais e a reduzir os riscos de acidentes.

Em suma, são necessárias adaptações ao território, requalificação da infra-estrutura, a consolidação do


processo de governança local, a destruição de fronteiras simbólicas entre o centro e a periferia, pois quando
não é possível o centro utilizar a periferia, a periferia deve se utilizar da periferia, a fim de extinguir o
sentido da dependência.

2.4. O Comportamento Recente do Mercado Imobiliário da Área de Estudo

Esta seção apresenta os resultados parciais de levantamentos realizados, análises referentes à


dinâmica imobiliária.

Para tanto, são apresentados dados sobre o dinamismo do mercado imobiliário apoiado em
estatísticas de vendas e de lançamentos de projetos imobiliários e no cadastro do IPTU da
Cidade do Rio de Janeiro.

A atividade imobiliária no Rio de Janeiro é naturalmente intensa devido às suas características


populacionais e econômicas. Em 2007 a população da cidade atingiu 6.093.472 habitantes
(IBGE, 2007) e, em 2005, foi responsável por 5,5% do PIB nacional.

Além disso, é a segunda maior cidade do Brasil e núcleo da também segunda maior Região
Metropolitana do país que abriga mais de 10 milhões de habitantes.

Os investimentos no mercado imobiliário se caracterizam como intensivos em capital, com


baixa liquidez e retornos muito lentos, devendo-se considerar ainda as incertezas existentes na
demanda, preço dos imóveis e custo dos terrenos e construção que elevam o risco percebido
pelos investidores. Dessa forma, a opção por este tipo de investimento imputa
necessariamente um sobre-valor aos projetos, a fim de compensar a excessiva exposição ao
risco.

Os investimentos no mercado imobiliário estão sujeitos às flutuações conjunturais. No Brasil,


a política de altas taxas de juro real dificulta o funcionamento do mercado imobiliário.
Ademais, os investimentos no setor apresentam baixos níveis de giro e liquidez, consomem
grande volume de capital e não são incorporados de forma instantânea.

Estes investimentos enfrentam longo prazo de construção e venda das unidades, além de
diversas incertezas, como, por exemplo, a demanda, o preço do m2 do imóvel, a velocidade
de vendas e ainda contratos relativos à permuta e direito de exclusividade do terreno.

Incertezas quanto à regulação e legislação são freqüentes, o que aumenta o risco das
operações.

O planejamento e a execução dos projetos exige uma alta dose de conhecimento específico, o
que gera importantes custos administrativos para as empresas, devido à alteração constante da
legislação sobre aluguéis, impostos e aprovação de projetos dentre outros. Há casos em que
as obras são embargadas, mesmo após a liberação da Licença de Construção.
19

O comportamento do mercado imobiliário do Rio de Janeiro entre 2003 e 2007 é


marcadamente ascendente. Este fato pode ser constatado pelo número crescente de
lançamentos imobiliários, em parte explicado pelo aumento do volume de crédito e
modificações na legislação sobre o financiamento de imóveis novos e usados.

Analisando os dados estatísticos deste período esta posição é confirmada. Como podemos
observar na Tabela 4, enquanto no biênio 2003/2004 o número de unidades lançadas foi em
torno de 6.700 unidades/ano, no biênio 2005/2006 este número passou cerca de 9.000
unidades/ano, representando um crescimento da ordem de 34%.

Tabela 4 - Unidades Imobiliárias Lançadas na Cidade do Rio de Janeiro


Dados Mensais
2003 a 2007

M eses 2003 2004 2005 2006 2007


Janeiro 348 177 244 231 46
Fevereiro 574 502 154 432 690
M arço 700 777 321 954 791
Abril 216 253 560 64 512
M aio 713 641 657 1000 1323
Junho 383 506 527 709 1363
Julho 227 202 1800 423 1070
Agosto 423 1193 357 476 546
Setem bro 526 799 232 10 1833
Outubro 340 870 1239 886 1876
Novem bro 1323 628 2697 1745 1588
Dezem bro 878 209 424 1863 1387
Total 6.651 6.757 9.212 8.793 13.025
Fonte: ADEMI/RJ

Em 2007 o resultado do setor foi superior: considerando como base o ano de 2006, o número
de unidades lançadas sofreu uma elevação de 48%, alcançando o patamar de 13.000
unidades/ano.

Exceto pela alta representatividade do setor comercial em 2004, quando os lançamentos


imobiliários com esta finalidade alcançaram participação de 20%, nos demais anos analisados
podemos verificar um percentual pequeno de lançamentos comerciais frente aos residenciais.
A Tabela 5 apresenta esta separação dos lançamentos por finalidade. Com base na tabela
podemos verificar que, em 2006, das 13.025 unidades lançadas, 12.155 eram residenciais,
uma participação de 93,3% nos lançamentos.
20

Tabela 5 – Total de Unidades Imobiliárias Lançadas na Cidade do Rio de Janeiro por


Finalidade

Ao considerarmos a variável “número de empreendimentos lançados”, é possível observar


que o movimento é inverso: embora o número de unidades lançadas seja ascendente ao longo
do período analisado, esta tendência não se aplicou ao número de empreendimentos. Entre
2003 e 2006 houve queda de aproximadamente 30% no número de empreendimentos
lançados ao ano. Apenas em 2007 esta variação foi positiva, sendo o número de
empreendimentos 25% superior ao de 2006, mas ainda inferior ao patamar de 2003 e 2004.

Uma explicação para este fato é a ocupação urbana do Rio de Janeiro nos últimos anos, a qual
fez com que condomínios de grande porte se concentrassem na Zona Oeste da cidade, em
particular na Barra da Tijuca e Recreio.

Analisando o perfil das incorporações realizadas na cidade do Rio de Janeiro ao longo do


período 2003-2007, é possível perceber que as principais empresas do setor voltaram sua
oferta basicamente aos segmentos de média e alta rendas.

Em 2007, 7% das unidades lançadas na Cidade tinham preço inferior a R$ 130.000,00,


enquanto 70% destas situavam-se entre R$ 130.000,00 e R$ 350.000,00 e os outros 23%
correspondiam a unidades acima de R$ 350.000,00.

Tabela 6 - Incorporações residenciais por faixa de preço – 2007

Até R$ 130.000 De R$ 130.000 a R$ 350.000 De R$ 350.000 a R$ 500.000 Acima de R$ 500.000


Número de unidades 859 8.649 2.196 642
Participação 7% 70% 18% 5%
Elaborada pelo autor, com base em dados da ADEMI

A mudança nos padrões de localização espacial dos investimentos imobiliários é um dos


principais fatores que geram transformações na estrutura da cidade. Os agentes atuantes neste
mercado se utilizam de diversas estratégias de diferenciação das moradias para atrair
demanda, e tais estratégias resultam na valorização ou desvalorização de determinadas áreas
da cidade e têm como conseqüência a expulsão/atração de famílias de baixa/alta renda.

Por outro lado, as próprias mudanças nas preferências dos indivíduos, resultado de
transformações ocorridas na sociedade, trazem importantes implicações para o mercado
imobiliário, redefinindo os critérios de localização e as estratégias de atuação do capital.
21

2.5. Licenças de Obras Concedidas pela Prefeitura do Rio de Janeiro

A licença de obra é o documento concedido pela Prefeitura que permite construir, lotear ou
instalar comercialmente de acordo com a legislação. Dentre os tipos de licenças estão:

• Licença de Construção ou acréscimo


• Instalação comercial
• Transformação de Uso
• Parcelamento da Terra

Desta forma, dependem de licença da Secretária Municipal de Urbanismo:

• Obra de construção total ou parcial, modificação, acréscimo, reforma e conserto de


edificações em geral, marquises e muros;
• Parcelamento da terra, a abertura de logradouros e o remembramento;
• Demolição;
• As obras, reformas, ou modificação de uso em imóveis situados em áreas submetidas a
regime de proteção ambiental, em área tombada ou em vizinhança de bem tombado.

Embora os dados de licenças de obra possam não refletir exatamente a determinação espacial
das novas unidades construídas, uma vez que englobam diversas outras aprovações, podem
ser considerados um bom indicador.

Traçando-se um paralelo entre os dados disponíveis, as conclusões obtidas através das


informações dos lançamentos imobiliários na cidade podem ser ratificadas ao analisarmos os
licenciamentos de obra, tanto em termos de área licenciada como número de unidades e
edificações.

A Tabela 7 traz essas informações para os anos de 2006 e 2007. Em ambos os anos a Área de
Planejamento AP 4 desponta como a região com maior área e número de unidades
licenciadas. . Em 2007, em termos de unidades, a AP 5 aparece em segundo lugar na relação
de licenças de obra concedidas.

Tabela 7 – Total de Licenças de Obras Concedidas pela Prefeitura da Cidade do Rio de


Janeiro, por Área de Planejamento
2006 e 2007
22

As tabelas 8, 9, 10 e 11 apresentam o detalhamento das quatro RAs da Área de Estudo pelos


respectivos bairros, seguindo a mesma distribuição das duas tabelas anteriores. Este
detalhamento tem como objetivo subsidiar a implementação da política de ocupação industrial
pelas quatro RAs, segundo o cronograma estabelecido no plano a ser formulado.

Cabe salientar que os dados observados nas tabelas foram detalhados pelos principais
logradouros de cada um dos bairros constantes das RAs, a fim de subsidiar o planejamento e a
implementação das ações de requalificaç

Tabela 8 – Bairro das Região Administrativa de Realengo


Bairros da Região Administrativa de Realengo
Número e Área de Unidades Residenciais e Industriais
Deodoro Vila Militar Campo dos Afonsos Jardim Sulacap Magalhães Bastos Realengo Total

Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
Área Área Área Área Área Área Área
Unidades Unidades Unidades Unidades Unidades Unidades Unidades
REALENGO
APARTAMENTO 1.368 78.361 61 4.114 468 25.279 1.878 117.450 1.809 104.565 12.775 699.141 18.359 1.028.910
CASA 138 22.443 384 47.006 167 18.573 1.526 154.104 2.611 181.027 14.059 1.006.992 18.885 1.430.145
GALPAO 8 18.785 1 2.590 6 1.941 14 1.891 29 5.260 110 42.458 168 72.925
INDUSTRIA 1 654 - - - - - - 3 6.800 24 8.347 28 15.801
TELHEIRO - 1 - - - - - - 5 721 11 662 16 1.384
TERRENO 33 53.242 567 139.380 68 30.455 558 4.528.128 660 642.094 5.073 6.286.500 6.959 11.679.799
Fonte: Cadastro do IPTU 2008
Exclui as Tipologias: Sala, Loja, Loja de Shopping, Shopping, Colégio, Clube e Especial
Exceto para a tipologia terreno, área significa "área construída".

Tabela 9 - Bairro das Região Administrativa de Bangu


Bairros da Região Administrativa de Bangu
Número e Área de Unidades Residenciais e Industriais

Padre Miguel Bangu Senador Camará TOTAL


Nº Nº Nº Nº
Área Área Área Área
BANGU Unidades Unidades Unidades Unidades
APARTAMENTO 4.916 282.957 27.163 1.156.534 5.236 284.979 293.109 595.099
CASA 5.155 351.145 15.220 1.042.251 5.203 344.414 361.503 710.779
GALPAO 64 32.971 141 142.072 34 8.217 33.069 41.329
INDUSTRIA 15 7.615 22 37.360 6 26.085 7.636 33.722
TELHEIRO 5 1.022 15 1.995 1.027 1.037
TERRENO 2.406 1.952.130 6.231 22.201.770 2.501 5.040.695 1.957.037 6.999.056
Fonte: Cadastro IPTU (2008)
Exclui as Tipologias: Sala, Loja, Loja de Shopping, Shopping, Colégio, Clube e Especial
Exceto para a tipologia terreno, área significa "área construída".
23

Tabela 10 - Bairro das Região Administrativa de Campo Grande

Bairros da Região Administrativa de Campo Grande


Número e Área de Unidades Residenciais e Industriais
Santíssimo Campo Grande Senador Vasconcelos Inhoaíba Cosmos TOTAL
Nº Nº Nº Nº Nº Nº
Área Área Área Área Área Área
CAMPO GRANDE Unidades Unidades Unidades Unidades Unidades Unidades
APARTAMENTO 441 29.573 18.117 1.039.421 639 41.011 1.297 64.243 2.598 110.573 23.092 1.284.820
CASA 2.428 171.913 34.425 2.652.097 4.110 272.744 2.739 187.858 3.801 245.242 47.503 3.529.854
GALPAO - - 355 212.445 33 20.352 6 2.380 19 7.491 413 242.668
INDUSTRIA 1 551 46 297.784 1 1.085 4 70.099 2 810 54 370.329
TELHEIRO 5 405 44 7.768 7 1.422 - - 4 557 60 10.152
TERRENO 4.101 5.607.636 30.878 47.996.709 1.550 2.523.720 1.201 1.800.069 6.407 3.940.912 44.137 61.869.046
Fonte: Cadastro IPTU (2008)
Exclui as Tipologias: Sala, Loja, Loja de Shopping, Shopping, Colégio, Clube e Especial
Exceto para a tipologia terreno, área significa "área construída".

Tabela 11 - Bairro das Região Administrativa de Santa Cruz

Bairros da R egião Adm inistrativa de Santa C ruz


N úm ero e Área de U nidades R esidenciais e Industriais
Santa C ruz Paciência Sepetiba TO TAL

SAN TA C R U Z Nº Nº Nº Nº
Área Área Área Área
U nidades U nidades U nidades U nidades

APAR TAM EN TO 9.283 399.264 6.802 271.775 1.067 58.655 17.152 729.694
C ASA 15.583 870.667 3.813 268.868 7.259 430.459 26.655 1.569.994
G ALPAO 79 84.229 31 32.756 14 3.250 124 120.235
IN D U STR IA 39 542.207 16 94.458 2 500 57 637.165
TELH EIR O 8 1.100 - - - 1 8 1.101
TER R EN O 4.302 39.225.333 4.572 13.501.634 258 1.675.515 9.132 54.402.482
Fonte: C adastro IPTU (2008)
Exclui as Tipologias: Sala, Loja, Loja de Shopping, Shopping, C olégio, C lube e Especial
Exceto para a tipologia terreno, área significa "área construída".

2.6. Assentamentos Irregulares 9

A área de estudo do Projeto é caracterizada pela ocupação de assentamentos classificados


como irregulares, clandestinos, ilegais, precários ou inapropriados. O conjunto de dificuldades
referentes aos assentamentos não se resume apenas aos problemas associados à propriedade
da terra. Existem outros tipos de irregularidade, quanto à legislação edilícia, quanto ao uso do
solo e quanto ao parcelamento do solo.

Os dois primeiros tipos estão presentes em toda a trama urbana, inclusive em áreas habitadas
por alta renda. Vão existir quando, por exemplo, uma edificação não respeitar o Código de
Obras vigente ou quando alguma loja se localizar em área não permitida. Estas irregularidades

9
Neste estudo utiliza-se a expressão “Assentamentos Irregulares” para denominar qualquer assentamento que
esteja em desacordo com qualquer norma jurídica.
24

não impedem o registro da propriedade fundiária, embora gerem conflitos quanto ao alvará ou
quanto à regularização do habite-se e, portanto, da escritura definitiva da edificação. Por essa
razão, dependendo da situação específica, um assentamento pode ser incluído em todas as
categorias mencionadas.

Tal situação se configura como dificilmente sustentável do ponto de vista econômico e


ambiental se não se efetivarem intervenções que visem à inclusão sócio-espacial do
expressivo contingente populacional que reside nesses assentamentos.

2.7. Uso e Ocupação Ilegais

Os loteamentos irregulares, as ocupações informais e as favelas têm se assentado justamente


nas áreas ambientais mais frágeis, nominalmente protegidas por lei através de fortes restrições
de uso, e que, por isso, são desprezadas pelo mercado imobiliário formal.

A ausência de leis urbanísticas — ou sua existência baseada em critérios técnicos irreais e


sem considerar os impactos socioeconômicos das normas urbanísticas e regras de construção
— tem tido um papel fundamental na consolidação da ilegalidade e da segregação,
alimentando as desigualdades provocadas pelo mercado imobiliário.

Além disso, deve-se ressaltar a dificuldade de implementação das leis em vigor, devida em
parte à falta de informação e educação jurídicas e ao difícil acesso ao Poder Judiciário para o
reconhecimento dos interesses sociais e ambientais.

A combinação desses processos tem feito com que o lugar dos pobres na cidades como um
todo e, de maneira crescente na AP 5, sejam as áreas não dotadas de infra-estrutura
urbanística, áreas, freqüentemente, inadequadas à ocupação humana ou de preservação
ambiental.

Mesmo sendo a única opção de moradia permitida aos pobres nas cidades, não se trata de uma
boa opção, em termos urbanísticos, sociais e ambientais, e nem sequer de uma opção barata,
já que o crescimento das práticas de informalidade e o adensamento das áreas ocupadas têm
gerado custos elevados de terrenos e aluguéis nessas áreas, além de altos custos e baixa
qualidade de gestão da própria cidade. Em outras palavras, os pobres têm pago um preço
muito alto — em vários sentidos — para viverem em condições precárias, nas favelas,
ocupações, loteamentos clandestinos ou irregulares e cortiços, que se configuram de maneiras
distintas.

Até mesmo loteamentos e conjuntos promovidos pelo Estado fazem parte desse vasto
universo de irregularidade.

As especificidades se referem às formas de aquisição da posse ou da propriedade e aos


distintos processos de consolidação dos assentamentos, freqüentemente espontâneos e
informais, já que não foram fruto de uma intervenção planejada pelo Estado nem foram
formalmente propostos por empreendedores privados no interior do marco jurídico e
urbanístico vigente.

A falta de compreensão da natureza e da dinâmica do processo de informalidade urbana tem


levado a todo tipo de problema. Com freqüência, os programas de regularização acabam por
reproduzir a informalidade urbana em vez de promover a integração sócio-espacial. Por outro
25

lado, a regularização fundiária só é efetivamente demandada pela população quando existe


ameaça de expulsão.

Passada a ameaça, a demanda maior é por urbanização e por melhores condições de


habitabilidade. Os programas de regularização devem objetivar a integração dos
assentamentos informais ao conjunto da cidade, e não apenas o reconhecimento da segurança
individual da posse para os ocupantes.

Em muitos casos, mesmo na ausência da legalização de áreas consolidadas e dos lotes


ocupados, os moradores se encontram efetivamente menos expostos às ameaças de despejo
e/ou remoção, e os assentamentos informais têm recebido serviços públicos e infra-estrutura
urbanística em alguma medida, sendo que muitos moradores têm tido acesso a diversas
formas de crédito informal, e em alguns casos mesmo ao crédito formal. Ainda que a
combinação desses fatores gere uma percepção de posse para os ocupantes, a legalização
dessas áreas e lotes continua sendo importante.

As possibilidades de responder adequadamente a este desafio dependem, em grande parte, da


capacidade das administrações municipais implementar ações que combinem legitimidade
social com um mínimo de eficácia operacional. Isso porque, constitucionalmente, cabe ao
município promover as políticas urbanas, responsabilizando-se pela gestão de um amplo
arsenal de instrumentos capazes 10 de municiá-lo para o exercício dessa função.

Estas decisões possuem o poder de influir na reestruturação da base fundiária e na localização


de projetos estratégicos com possibilidades de regeneração do tecido urbano e
redirecionamento dos planos de desenvolvimento local.

Tal situação demanda uma resposta por parte do Poder Público, no que respeita às ações
voltadas para a regularização desses tipos de assentamento. Dentre o elenco de medidas
voltadas para frear o processo de ocupações irregulares figura o Decreto nº 28.801 de 2007,
que cria o Macrozoneamento da Cidade para orientar as ações de planejamento urbano e de
controle do uso do solo, estabelecendo Macrozonas de Ocupação (Controlada, Condicionada,
Incentivada e Assistida), no qual as regiões da AP3 (Subúrbios) e AP5 (Zona Oeste) são
consideradas prioritárias para empreendimentos sociais envolvendo habitação, transportes,
saneamento e infra-estrutura urbana e para iniciativas geradoras de emprego e renda.

O Decreto orienta os órgãos municipais no sentido de privilegiar suas ações nessas áreas.
Encontram-se tramitando na Câmara dos Vereadores medidas direcionadas para a revisão da
legislação de áreas estagnadas, que prioriza a implantação de empreendimentos residenciais
de cunho social tais como as Áreas Militares (ZE7) e as Agrícolas (ZR6), a maioria em Santa
Cruz.

Este conjunto de ações vai ao encontro dos pontos defendidos pelo Projeto, pois incentiva a
ocupação regular de áreas abandonadas, invadidas ou ociosas, que podem se renovar com os
novos usos, ao mesmo tempo em que estimula a produção de habitações, sobretudo as
destinadas à população de baixa renda, reduzindo as exigências para licenciar projetos
destinados a essa camada populacional, a fim de conter ou reduzir as invasões e construções
irregulares. O Decreto prevê ainda a criação de áreas destinadas à implantação de pequenos
negócios de natureza comercial e industrial com o objetivo de oferecer emprego e renda aos

10
Podem ser citados, o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor, os Planos de Estruturação Urbana, etc.
26

moradores locais.(Pinheiro, 2008) Pinheiro, A.I. Políticas públicas urbanas na Prefeitura do


Rio de Janeiro Coleção Estudos Cariocas. Nº 200811 01 Novembro – 2008..

A Cidade do Rio de Janeiro possui 750 favelas cadastradas, de acordo com o levantamento de
2004. São distribuídas de forma desigual pelas Áreas de Planejamento. A Área de
Planejamento 3, por exemplo, abriga o maior número (312 favelas) e a AP 2, o menor: 52
favelas. O crescimento das áreas ocupadas por estes assentamentos irregulares foi observado
em quase todas as APs, com exceção da correspondente aos bairros da Zona Sul, a qual
apresentou decréscimo percentual de 0,2%.

A Área de Estudo, somando-se a RA de Guaratiba, foi a que apresentou maior crescimento no


período, atingindo 6,5%, ante um crescimento total da Cidade de 3,4%.

Tabela 12 – Número de Favelas Identificadas por Área de Planejamento (AP)

N ú m e ro e á re a d e fa v e la s id e n tific a d a s p o r Á re a d e P la n e ja m e n to (A P )
C re s c im e n to d a s Á re a s O c u p a d a s n o p e río d o 1 9 9 9 -2 0 0 4

N º de Á re a k m 2 V a ria ç ã o
Á re a d e P la n e ja m e n to
fa v e la s 1999 2004 %
A P 1 – C e n tro 63 2 ,2 6 2 ,2 8 0 ,9
AP2 - Zona Sul 52 4 ,1 1 4 ,1 0 (0 ,2 )
A P 3 - Z o n a N o rte 312 1 7 ,3 6 1 7 ,7 5 2 ,2
A P 4 - B a rra e J a c a re p a g u á 150 6 ,0 1 6 ,2 9 4 ,7
A P 5 - Z o n a O e s te 173 1 1 ,7 1 1 2 ,4 7 6 ,5
T o ta l d a C id a d e 750 4 1 ,4 6 4 2 ,8 9 3 ,4
F o n te : IP P /D IG - S A B R E N e C a rto g ra fia D ig ita l

Em 1999, as favelas ocupavam 41,5 Km2 e em 2004, 43,0 Km² representando 3,5 % de
crescimento entre esses dois anos. Quando dividimos a cidade por Áreas de Planejamento, as
APs que apresentaram aumento nas respectivas áreas ocupadas foram as APs 5, 4, 3 e 1. A AP
2 teve um decréscimo de 0,2 %. A AP 5 foi a que mais cresceu percentualmente (6,4 %).
27

Tabela 13 – Proporção de área ocupada por favela

Proporção de área ocupada por favela, sobre a área total da AP


Cidade do Rio de Janeiro - 1999 e 2004.
Favelas Favelas
Total Proporção de área
em 1999 em 2004
(C) ocupada por favela
(A) (B)
Área de Planejamento
% %
Área (km²) (A)/(C) (B)/(C)
1999 2004

AP1 – Centro 2,3 2,3 34,4 6,6 6,7


AP2 - Zona Sul 4,1 4,1 100,4 4,1 4,1
AP3 - Zona Norte 17,4 17,8 203,5 8,5 8,7
AP4 - Barra e Jacarepaguá 6,0 6,3 293,8 2,0 2,1
AP5 - Zona Oeste 11,7 12,5 592,5 2,0 2,1
Cidade 41,5 43,0 1.224,6 3,4 3,5
Fonte: IPP/DIG - SABREN e Cartografia Digital

Das 33 RA’s, as que possuem bairros com maior número de favelas são: Jacarepaguá (94),
Madureira (53) e Méier (52). Centro (0), Rocinha (1), Ilha de Paquetá (3) e Copacabana (4)
apresentam as menores quantidades.

As RA’s com maior área de favela são: Jacarepaguá (4,58 km2), Bangu (3,74 km2) e Pavuna
(3,26 km2) e as com menor, são: Centro que não tem nenhuma favela, Ilha de Paquetá (0,03
km2), Cidade de Deus (0,11 km2) e Copacabana (0,28 km2).

A tabela 14 apresenta os dados de crescimento das áreas de ocupação irregular por bairro e
respectiva Região Administrativa. Fica evidenciado o problema da concentração do número e
do tamanho dos assentamentos nas RAs localizadas na Zona Oeste.
28

Tabela 14 – Favelas por Região Administrativa

C id a d e d o R io d e J a n e ir o
F a v e la s p o r R e g iõ e s A d m in is t r a t iv a s
V a r ia ç ã o 1 9 9 9 - 2 0 0 4

N ú m e ro d e Á re a (k m ²) V a r ia ç ã o
R e g iã o A d m in is tr a tiv a
fa v e la s %
1 999 20 04
X X V I – G u a r a tib a 25 1 ,3 7 8 1 ,6 8 1 2 1 ,9 9
X X IV - B a r r a d a T iju c a 50 1 ,5 0 7 1 ,5 9 8 6 ,0 2
X IX - S a n ta C ru z 31 2 ,9 3 9 3 ,0 9 1 5 ,1 9
X II – In h a ú m a 19 0 ,6 0 3 0 ,6 3 2 4 ,9 0
X V III - C a m p o G ra n d e 44 3 ,0 8 8 3 ,2 3 1 4 ,6 4
X X X IV - C id a d e d e D e u s 6 0 ,1 0 7 0 ,1 1 2 4 ,4 0
X V I – J a c a re p a g u á 94 4 ,3 9 7 4 ,5 8 3 4 ,2 3
X X V – P avuna 37 3 ,1 3 5 3 ,2 6 7 4 ,2 1
X X X III – R e a le n g o 30 0 ,6 8 8 0 ,7 1 5 3 ,8 3
X X X - C o m p le x o d a M a r é 10 0 ,9 1 0 0 ,9 4 3 3 ,6 9
X V II – B a n g u 43 3 ,6 1 8 3 ,7 4 8 3 ,5 8
X X I - Ilh a d e P a q u e tá 3 0 ,0 3 0 0 ,0 3 1 3 ,3 3
X X - Ilh a d o G o v e r n a d o r 29 1 ,5 1 1 1 ,5 5 7 3 ,1 0
X III – M é ie r 52 1 ,9 2 7 1 ,9 8 1 2 ,7 6
X V – M a d u r e ir a 53 1 ,9 8 3 2 ,0 3 6 2 ,6 5
X – R am os 19 0 ,9 5 5 0 ,9 7 3 1 ,8 8
X X V II – R o c in h a 1 0 ,8 5 3 0 ,8 6 4 1 ,3 5
X X III - S a n ta T e re s a 17 0 ,3 1 4 0 ,3 1 8 1 ,3 5
V – C opacaban a 4 0 ,2 8 0 0 ,2 8 4 1 ,2 9
I – P o r tu á r ia 11 0 ,4 0 6 0 ,4 1 1 1 ,1 7
X I – P e nha 16 1 ,1 0 6 1 ,1 1 7 0 ,9 9
X IV – Ir a já 9 0 ,8 2 1 0 ,8 2 9 0 ,9 3
III - R io C o m p r id o 18 0 ,7 8 3 0 ,7 8 9 0 ,7 1
IV – B o ta fo g o 14 0 ,3 3 1 0 ,3 3 3 0 ,5 6
X X V III - J a c a r e z in h o 9 0 ,4 4 1 0 ,4 4 3 0 ,4 5
V I – L agoa 7 0 ,4 8 8 0 ,4 9 0 0 ,4 1
X X IX - C o m p le x o d o A le m ã o 12 1 ,8 5 4 1 ,8 6 1 0 ,3 7
X X X I - V ig á r io G e r a l 17 1 ,0 2 3 1 ,0 2 4 0 ,1 4
II – C e n tro 0 0 ,0 0 0 0 ,0 0 0 0 ,0 0
X X II – A n c h ie ta 30 1 ,0 9 0 1 ,0 9 0 -0 ,0 2
V II - S ã o C r is tó v ã o 14 0 ,7 2 8 0 ,7 2 7 -0 ,1 5
V III – T iju c a 16 1 ,2 1 9 1 ,2 1 1 -0 ,7 1
IX - V ila Is a b e l 10 0 ,9 4 3 0 ,9 2 3 -2 ,1 2
C id a d e 750 4 1 ,4 6 4 2 ,8 9 3 ,4 6
Fonte: IPP/DIG - SABREN e Cartografia Di

As RA’s que apresentaram maior crescimento de área foram as RA’s de Guaratiba (21,99 % -
muito superior a todas as outras), Barra da Tijuca (6,02 %) e Santa Cruz (5,19 %). As que
tiveram maior decréscimo de área foram as RA’s de Vila Isabel (- 2,12 %), Tijuca (- 0,71 %)
e São Cristóvão (- 0,15 %).

Já a tabela 15 apresenta as dez maiores favelas localizadas na AE e o total desses


assentamentos no Município do Rio de Janeiro, na qual podemos verificar que::

a) as duas maiores favelas (m2) situam-se na Área de Estudo e


b) as dez maiores favelas inseridas na Área de Estudo representam cerca de 10% do total da
área ocupada por favelas no Município do Rio de Janeiro.
29

Tabela 15 –Dez Maiores Assentamentos Irregulares

Dez Maiores Assentamentos Irregulares Localizados na Área de Estudo


Posição no Ranking Geral das Maiores Áreas Ocupadas no Município do Rio de Janeiro

Área Ocupada
Favela/ Ranking
Bairro Variação
Comunidade Geral 1999 2004
%
Fazenda Coqueiro 1ª Senador Camará 1.072.682,9 1.094.848,4 2,07
Nova Cidade 2ª Campo Grande 921.756,3 933.162,6 1,24
Vila do Vintém 6ª Padre Miguel 476.615,3 476.615,3 0,00
Três Pontes 11ª Paciência 359.729,7 369.054,3 2,59
Divinéia 17ª Paciência 304.619,9 305.429,2 0,27
Nova Jersei 23ª Paciência 235.455,5 262.201,0 11,36
Saquaçu 24ª Paciência 253.419,9 255.912,7 0,98
São Jerônimo 30ª Campo Grande 221.001,6 232.579,2 5,24
Vila do Céu 41ª Cosmos 198.737,5 198.737,5 0,00
Vila São Jorge 63ª Senador Camará 147.550,4 148.530,4 0,7
Total 4.191.569,0 4.277.070,6 2,04
Total Rio de Janeiro (745) 41.115.604,3 42.460.724,9 3,27
Fonte: IPP/DIG - SABREN e Cartografia Digital

2.8. Uso e Ocupação Industrial 11

O início da ocupação industrial do Rio de Janeiro foi marcado pela convivência entre os usos
- indústrias e imóveis residenciais e comerciais ocupavam espaços contíguos. Restrições
quanto à localização das fábricas só ocorriam quando elas eram consideradas prejudiciais à
vizinhança. A partir da década de 1930 teve início a definição das zonas de ocupação mais
específicas, em geral com a manutenção dos núcleos industriais já existentes. A primeira
Zona Industrial (ZI) efetivamente delimitada foi a de São Cristóvão.

Em 1937 é promulgado o Dec.Lei nº 6.000, pelo qual são definidas pela primeira vez áreas
específicas para a localização de indústrias, à margem direita dos trilhos da Central do Brasil.
A partir dos anos 1940, ocorre a construção da Av. Brasil e, a partir dela, a Rodovia
Presidente Dutra.

Data desta época os primeiros desentendimentos entre os Governos Federal e do Estado do


Rio de Janeiro com relação ao vetor de crescimento da Cidade; Do ponto de vista federal,
seguia no sentido São Paulo (pela Zona Oeste em direção ao Sul), enquanto que o interesse
fluminense era o da expansão em direção ao Norte, a fim de que houvesse maior integração
entre a Metrópole e os municípios do Estado do Rio. (Oliveira,2003).

Posteriormente, com a expansão do setor, ampliaram-se os limites da Zona Industrial.

A Avenida Brasil, por exemplo, foi quase toda inserida em uma Zona Industrial (ZI), com
exceção de algumas áreas especificamente residenciais, reservadas pelos programas de
moradias populares do governo federal. Cabe acrescentar que os núcleos urbanos do subúrbio
11
Grande parte deste texto está baseado no documento “A Recuperação de Imóveis Abandonados” Prefeitura
Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, 2007
30

surgiram ao longo das linhas férreas, abrigando construções residenciais destinadas à


população operária das indústrias ali existentes. Destaque-se a existência de conjuntos
habitacionais nos bairros do Engenho de Dentro (com as Oficinas), de Del Castilho (com a
Tecelagem Nova América), da Penha (com o Curtume Carioca) e de Madureira (com a
Piraquê e a Linhas Corrente).

Na Área de Planejamento III, além de se localizarem no entorno da Avenida Brasil, as


indústrias se espalharam pelas áreas de influência da linha auxiliar da Central do Brasil, das
avenidas Dom Hélder Câmara (antiga Suburbana) e Pastor Martin Luther King Jr. (antiga
Automóvel Clube) e da Rodovia Presidente Dutra (Rio - São Paulo). Assim, dentre outras,
existiram, a General Electric, em Maria da Graça; a Klabin, em Bonsucesso; a Tecelagem
Nova América e a Estacas Franki, em Del Castilho; a fábrica de cimento, em Irajá; o Curtume
Carioca, na Penha; a CCPL, em Triagem; e a Gillete, em Benfica.

Na Área de Planejamento 5 as áreas industriais começaram a ser definidas nos anos 60, após a
criação do Estado da Guanabara. Foi implantada a infra-estrutura necessária (ramal
ferroviário Sepetiba-Japeri e termelétrica de Santa Cruz) e construída a Companhia
Siderúrgica da Guanabara (COSIGUA). O Distrito Industrial de Santa Cruz surgiu com a
desapropriação do antigo Campo de Marte, tendo sido financiado pela Companhia Progresso
do Estado da Guanabara (COPEG).

Na década de 70, foram criados vários Distritos Industriais ao longo da Avenida Brasil. Em
1976, foram definidas e classificadas as zonas industriais em ZI-1 e ZI-2, conforme o porte e
as tipologias das unidades fabris, de acordo com o Regulamento de Zoneamento do Município
(Decreto Municipal 322/76).

Em 1986, foi elaborado o projeto municipal dos Pólos Industriais, que visava, em parte, à
descentralização das atividades econômicas, à concentração das indústrias poluidoras e à
expansão das áreas industriais, tendo em vista o seu elevado grau de ocupação. Concebidos
para atender às pequenas empresas, os Pólos contavam com a participação efetiva da
iniciativa privada em quase todos os passos de implantação do projeto: associação dos
empresários, escolha do terreno, loteamento, construção dos equipamentos comuns e
administração. Apesar da boa comercialização dos lotes, a taxa de ocupação foi muito baixa.

Nas últimas décadas, ocorreu o processo de esvaziamento industrial do Rio de Janeiro, com a
desocupação de inúmeros galpões em toda a Região Metropolitana, particularmente em áreas
próximas às favelas. Segundo a CODIN, a insegurança gerada nessas áreas contribui
sobretudo para o deslocamento das indústrias de pequeno e médio porte.

Devem ser considerados ainda outros fatores não ligados à questão urbana, como novas
formas de produção devido ao avanço tecnológico; a transmissão de informações; e a guerra
fiscal promovida por diversos estados que oferecem isenções, atraindo grandes indústrias para
o Nordeste e o Sul do país.

A alteração econômica, seja qual for sua causa, conduziu não só à diminuição da atividade
industrial como à dificuldade de reaproveitamento dos imóveis construídos com fins
específicos e à degradação de seu entorno, pois o comércio e as pequenas atividades afins
perderam a razão de existir. Assim, na cidade do Rio de Janeiro, aumenta a cada dia o número
de imóveis abandonados, com seu entorno degradado.
31

A isso se soma a expansão das comunidades carentes que, muitas vezes, invadem esses
espaços, gerando situações de difícil solução, devido ao alto custo do seu reassentamento.

2.9. O Sistema Viário

A ocupação do solo da AE, acompanhou o desenvolvimento do transporte de massa,


conformando um modelo de dispersão/concentração (dispersão ao longo da linha, entre
paradas, e concentração na periferia das estações). A nucleação existente no sentido Leste-
Oeste obedeceu ao mesmo princípio da ocupação ao longo da ferrovia, com a concentração
em torno das estações de Bangu, Campo Grande e Santa Cruz.

O processo de urbanização e as características topográficas do Rio de Janeiro resultaram na


criação de uma área com graves problemas de segurança pública, altos níveis de
congestionamento, transporte público deficiente, com grandes desigualdades sociais.

A hierarquia viária não é resguardada e o tráfego de passagem invade as ruas locais, servindo
de alternativa aos engarrafamentos, desagregando e descaracterizando áreas residenciais que
deveriam ser preservadas.

A infra-estrutura dos trens também funciona como elemento desagregador dos espaços nos
bairros servidos pela ferrovia, pois nesses bairros o potencial atrativo das estações não exerce
a sua função de catalisador das atividades comerciais.

O diagnóstico setorial realizado no âmbito do PDTU – RMRJ, desenvolvido a partir de dados


levantados no período de março de 2002 a dezembro de 2004, relativos aos diversos modais
atualmente em operação, permitiu a caracterização da situação atual do sistema de transportes
da RMRJ e, conseqüentemente, serviu de orientação para a concepção das alternativas,
identificadas como capazes de minimizar as limitações observadas no sistema atual e que
foram testadas no modelo de simulação.

A avaliação da estrutura dos serviços de transporte na RMRJ foi conduzida através da análise
dos diversos componentes do modelo vigente na prestação dos serviços de transporte nas
condições atuais, de modo a possibilitar a estruturação das diretrizes propostas pelo PDTU e
orientar a concepção das alternativas simuladas.

São poucos os eixos estruturados para o atendimento das demandas verificadas, uma vez que
faltam corredores exclusivos e as faixas preferenciais são poucas e desrespeitadas pelos
condutores dos demais veículos; - o subsistema de trens não conta com tecnologia adequada
para seu desempenho como corredor estrutural e para conforto dos usuários.

Quanto à infra-estrutura de transporte, assim entendida como questões afetas ao suporte


viário, equipamentos públicos de integração e corredores, observam-se carências que
decorrem das características da estrutura da rede. Com efeito, a estrutura atual, constituída
primeiramente pelas linhas ferroviárias e depois reforçada pela malha viária que seguiu
também na mesma diretriz, induziu a concentração da demanda ao longo desses eixos –
criação da ferrovia Central do Brasil e posterior construção da Avenida Brasil .

A Área de Estudo dispõe de vias secundárias que correm no sentido leste-oeste, a partir de
Bangu, atingindo praticamente o limite Oeste. As Avenidas Campo Grande, Av. de Santa
32

Cruz – entre Realengo e Santíssimo - e Cesário de Melo – entre Senador Vasconcelos e Santa
Cruz (junto ao Distrito Industrial de Paciência) verdadeiras paralelas aos eixos principais, o
rodoviário (Av. Brasil) e ferroviário (Supervia).

No sentido norte-sul, o que permite o acesso ao corredor da Av. Brasil, há outros logradouros
importantes, tais como a Estrada do Mendanha (das proximidades do West Shopping até a
Av. Brasil – altura do nº 40.400); Estrada do Lameirão (da fábrica de solda até a Av, Brasil
39.500), e Estrada do Magarça.

Esta estrutura viária indica as vantagens da RA de Campo Grande em relação às demais áreas
constantes do estudo, podendo ser um fator relevante no processo de escolha do foco das
ações a serem implementadas após a concretização do estudo e das discussões em torno das
propostas sugeridas aos interessados.

Estabelecimento de um conjunto de terminais e estações, de forma a garantir a conectividade


entre as sub-redes e maior acessibilidade geral aos pólos de interesse da população;

Implantação de corredores de transporte coletivo por ônibus, com tratamento preferencial nos
eixos de grande demanda por este serviço;
Qualificação geral do serviço de transporte prestado no campo de infra-estrutura, visando
maior regularidade, menor lotação das viagens, maior conforto da viagem e menores tempos
gastos pelas pessoas.

O sistema ferroviário atende 11 dos 20 municípios que compõem a RMRJ: Rio de Janeiro,
Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Queimados, São João de Meriti, Belford
Roxo, Japeri, Paracambi e Magé. São 220 km de extensão sendo 560 km de vias e 89
estações.

Considerando o número de partidas programadas e a capacidade média das composições, o


sistema operado pela Supervia transporta cerca de 18 milhões de passageiros por ano entre os
16 bairros servidos pelas estações ferroviárias conforme pode ser observado na Tabela 16.
33

Tabela 16 - Movimento anual de passageiros embarcados por estações e subsistemas do


sistema ferroviário
2001-2007

Extensão Passageiros Transportados (milhares)


Estações de embarque
(Km) 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Total do Sistema 169,34 80.247 87.276 100.657 95.391 97.686 105.768 118.802
Total do Subsistema 32,72 10.305 12.045 13.912 13.787 14.942 15.815 18.339
Vila Militar 2,21 63 92 118 155 148 160 191
Cel. Magalhães Bastos 0,92 174 205 237 375 379 415 491
Realengo 2,22 371 479 563 657 764 922 1 156
Padre Miguel 1,85 435 546 644 665 724 828 976
Guilherme Silveira 0,95 228 313 375 386 421 483 619
Bangu 0,89 847 1 083 1 285 1 535 1 714 1 867 2 368
Senador Camará 2,14 587 743 846 789 840 827 926
Santíssimo 2,65 267 345 413 411 450 457 549
Augusto Vasconcelos 3,20 242 309 374 327 359 410 480
Campo Grande 2,54 1 944 2 193 2 530 2 636 3 078 3 171 3 790
Benjamim do Monte 2,18 366 433 497 406 387 384 387
Inhoaíba 1,52 874 773 857 788 842 879 900
Cosmos 2,08 530 671 775 740 736 733 806
Paciência 1,89 856 993 1 160 1 095 1 063 1 085 1 206
Tancredo Neves 1,67 579 705 793 672 688 692 719
Santa Cruz 3,82 1 942 2 162 2 446 2 150 2 349 2 502 2 775
Fonte: IPP. Tabela 1264 -Movimento anual de passageiros embarcados por estações e subsistemas do sistema ferroviário - 2001-2007

O total de viagens oferecidas em dias úteis é da ordem de 635 viagens, sendo que 108
viagens (17%) se referem ao Corredor Santa Cruz, 22% ao Corredor Deodoro, 26% ao
Corredor Japeri, 14% ao Corredor Belford Roxo e 18% ao Corredor Saracuruna. No Corredor
Vila Inhomirim, com tração diesel, a participação em relação à oferta total do sistema é de
2%.

O Ramal de Santa Cruz é responsável pelo transporte de cerca de 15% do total anual de
passageiros. Do total desse ramal, cerca de 21% se refere ao transporte de passageiros na
estação de Campo Grande.
34

PARTE 3

3.1. Legislação de Interesse do Projeto

• O Regulamento de Zoneamento - Decreto nº 322/1976;


• PUB-Rio, 1977;
• Lei Complementar 16/92 - Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro;
• Projeto Rio Cidade, 1994;
• Plano Estratégico de 1995 e Plano Estratégico II (com o Plano regional para Campo
Grande). Decreto “E” 3.800 - Código de Obras da Cidade do Rio de Janeiro;
• Decreto 19.828: Institui Grupo de Trabalho ao qual os projetos destinados a
grupamentos de edificações que se beneficiem da Lei Complementar nº 40, de 20 de
julho de 1999;
• Lei Complementar nº 49, de 27/12/2000 - Modifica o Decreto nº 7.914, de 3 de
agosto de 1988 – PEU Bangu, no que se refere às áreas agrícolas, com vistas ao
atendimento ao artigo 1º do Decreto nº 13.391, de 21 de novembro de 1994, e ao
artigo 48 da Lei Complementar nº 16, de 4 de junho de 1992, e no que se refere aos
tipos de edificações permitidos;
• Estatuto da Cidade, Lei Federal nº 10.257/01.
• Lei Complementar nº 72, de 27/07/2004 - Institui o PEU Campo Grande - Projeto de
Estruturação Urbana dos Bairros de Campo Grande, Santíssimo, Senador
Vasconcelos, Cosmos e Inhoaíba, integrantes das Unidades Espaciais de Planejamento
51 e 52 (UEP 51 e 52), e dá outras providências.
• Decreto Nº 27.492 de 22 de dezembro de 2006 - Dispõe sobre a publicação dos
Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005

A dificuldade no levantamento e sistematização e análise da legislação deve ser ressaltada


como um dos indicadores de complexidade de pesquisa, devido em grande parte, à quantidade
de leis e decretos que se superpõem, alterando dispositivos anteriores sem consolidação clara
e objetiva.

A legislação urbanística do Rio de Janeiro ainda é bastante vinculada ao Decreto nº 322/76 –


sobretudo no que se refere ao zoneamento urbano baseado em categoriais de uso
eminentemente funcionalista. A exemplo de outras normas, o Decreto 322/76 foi
significativamente alterado 12 por diversas leis e decretos, porém continua sendo a principal
referência do zoneamento da cidade.

Em linhas gerais pode-se dizer que o Decreto 322/76 além de atualizado e revogado nos
bairros que foram objeto dos Projetos de Estruturação Urbana – PEU, como é o caso de
Campo Grande, convive com outras normas e atualizações temáticas, muitas vezes, com foco
em áreas específicas.

12
O decreto nº 322/76, assim como demais normas relacionadas ao zoneamento e edificações encontram-se
(disponível em formato Word) no site da “Associação de Fiscais de Atividades Econômicas do Rio de Janeiro” –
AFAERJ: http://www.afaerj.org.br/consulta.
35

Nem sempre é fácil identificar com precisão o que de fato vigora para efeito de licenciamento
urbano, já que diferentes categorias são criadas e não são incorporadas explicitamente nas
normas posteriores que são editadas com o intuito de atualizar a legislação anterior.

Em 1991, os Anexos do Decreto 322/76 tiveram suas redações alteradas pelo Decreto nº
10.426/91. O objetivo expresso na revisão da norma anterior foi simplificar formalidades no
processo de licenciamento de edificações, dispensando exigências de áreas mínimas úteis e
estabelecendo normas e prazos para análise e aprovação de projetos. Tal exemplo demonstra
uma situação comum na legislação urbanística do Rio, na qual diversos regulamentos e
normas coexistem para tratar de assuntos correlatos e com o mesmo objetivo geral.

A alteração da legislação por leis e decretos sucessivos sem consolidar ou revogar


integralmente dispositivos anteriores é uma prática comum.

Um aspecto de alta gravidade, porém, é o fato da legislação urbanística da Cidade não estar
disponível ao público de maneira facilitada e traduzida não deve ser subestimado.

O Decreto nº 322/1976

O Regulamento de Zoneamento - Decreto nº 322/1976, criou oito zonas para o território do


Município:

Área Central – subdividida em 1 e 2; Zona Industrial – 1 e 2; Zona Portuária; Centros de


Bairro – 1, 2 e 3; Zona de Indústria e Comércio; Zona Turística – 1 e 2; Zona Residencial – 1,
2, 3, 4, 5 e 6; e Zona Especial – 1 a 8.

A estas zonas foram vinculados usos e atividades, taxas de áreas livres mínimas nos lotes,
tipos de edificações permitidos, categoria dos lotes e índices/coeficientes de aproveitamento
do terreno a serem aplicados no cálculo da área máxima a ser construída, estabelecendo uma
relação entre a área do lote e a área edificada.

Além disso, outras condições de ocupação das edificações foram colocadas, como a
determinação de afastamentos, número máximo de construções no terreno, gabaritos e
pavimentos destinados à guarda de veículos.

O Estatuto da Cidade - Lei Federal nº 10.257/01

O Estatuto da Cidade estabelece que os Municípios devem se utilizar de mecanismos capazes


de efetuar a justa distribuição dos ônus e dos bônus decorrentes do processo de urbanização.
Em outras palavras, a mais valia obtida nas operações imobiliárias executadas pelo setor
privado deve ser repartida de forma coletiva, cabendo ao Poder Público o papel de
redistribuidor desses recursos. Tais recursos se adicionam aos recursos arrecadados sob a
forma de tributos e devem ser utilizados para os mais variados fins, inclusive o financiamento
da melhoria e da construção de novas infra-estruturas.

O Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro, aprovado em 1002 – isto é – antes do advento
do Estatuto da Cidade, mas ainda em vigor, prevê quatro instrumentos:
36

• Solo criado, art.s 23 a 27, (denominado pelo Estatuto da Cidade de outorga onerosa do
direito de construir);
• Operação Interligada, art.s 28 e 29;
• Urbanização Consorciada, art.s 30 a 32 e
• Parcelamento, Edificação e Uso compulsórios, art.s 33 a 37.

O solo criado é a previsão de o Município autorizar construções em coeficiente maior que


uma vez a área do terreno, mediante o pagamento de determinado valor pelo interessado,
conforme fórmula de cálculo prevista no artigo 25 do Plano Diretor. Apenas as hipóteses de
isenção deste pagamento devem estar previstas em lei específica.

A operação interligada permite a alteração dos parâmetros urbanísticos, nos limites traçados
em lei, mediante contrapartida dos beneficiários.

A urbanização consorciada trata de empreendimentos conjuntos da iniciativa privada e dos


poderes públicos federal, estadual ou municipal. O Estatuto da Cidade, ao disciplinar as
operações urbanas consorciadas, conceitua o instituto como conjunto de intervenções e
medidas coordenadas pelo poder público municipal (art. 32) com possibilidade de alteração
de índices urbanísticos e contrapartida dos beneficiados (art. 33, VI).

O fato de a lei federal somente prever a alteração de parâmetros no âmbito de um programa de


intervenções e medidas, não impede que o Município exerça sua competência para disciplinar
o uso do solo e preveja em suas normas a simples alteração de índices mediante contrapartida
e através de lei.

Assim, tanto as operações interligadas quanto a urbanização consorciada podem ser aplicadas
pelo Município, desde que sejam disciplinadas por lei específica.

Portanto, todas as edificações no Município devem utilizar apenas o coeficiente um, podendo
utilizar coeficiente maior mediante o solo criado, nos limites estabelecidos no Anexo II do
Plano. A norma é aplicável independentemente de previsão em norma específica, e ela é, na
sua natureza jurídica, a materialização do que o Estatuto da Cidade denominou de “outorga
onerosa do direito de construir” (art.28 de ECi). Ë através deste instituto que o Município
pode, e deve, cumprir a diretriz de justa distribuição de ônus e bônus do processo de
urbanização.

O parcelamento e edificação compulsórios dependem de previsão no Código Tributário do


Município e lei específica, não tendo sido localizada a legislação pertinente. Por esta razão
entende-se que o instrumento não pode ser aplicado, até que a legislação seja editada.

Com isso dispõe-se de outros instrumentos de gestão do uso e ocupação do solo capazes de
gerar recursos para a implementação do Projeto conforme sugerido neste estudo.

3.2. Os PEUs

Seguindo uma tradição do planejamento do Rio de Janeiro, o Plano Diretor assumiu como
herança do Plano Urbanístico Básico do Rio de Janeiro – PUB-Rio, a divisão territorial do
município em Áreas de Planejamento; e determinou uma “macro-definição para o
37

zoneamento, deixando as definições específicas das áreas para os Projetos de Estruturação


Urbana – PEU, institucionalizando-os como um instrumento de planejamento complementar”.

De acordo com a Lei Complementar nº 16/1992(Plano Diretor - art. 11.), “o detalhamento das
normas gerais de parcelamento da terra e de uso e ocupação do solo será feito em Projeto de
Estruturação Urbana – PEU, instituído por lei. O PEU definirá a legislação urbanística das
Unidades Espaciais de Planejamento – UEP, a partir das peculiaridades de cada bairro ou
do conjunto de bairros que as compõem”.Na prática os PEUs contêm diretrizes para a
expansão urbana e parâmetros urbanísticos destinados a um conjunto de bairros fisicamente
próximos, que contenham alguma similaridade e que estejam inseridos em uma mesma
Unidade Espacial de Planejamento (UEP).

Associando várias UEPs, o Projeto de Estruturação Urbana comporta em seu conteúdo desde
a delimitação das Zonas, com seus respectivos usos, e das Áreas de Especial Interesse à
fixação de Índices de Aproveitamento de Terreno (IAT). O Município foi dividido em 55
UEPs, das quais 17 foram indicadas como prioritárias para a elaboração dos PEUs.

Dentre estas, apenas cinco foram contempladas: a UEP 16, englobando os bairros da Tijuca e
Praça da Bandeira – na Área de Planejamento (AP) 2; as UEPs 42 e 43, relativas à Taquara,
Freguesia, Pechincha e Tanque – na AP 4; e as UEPs 51 e 52, referentes à Campo Grande,
Santíssimo, Senador Vasconcelos, Cosmos e Inhoaíba – na AP 5.

Nota-se que, de acordo com o Anexo IV do Plano Diretor, estes locais tinham como objeto a
“reestruturação urbana” de áreas remanescentes da implantação do metrô; e de áreas de
expansão de comércio e serviços, respectivamente..

A razão da escolha das áreas que foram objeto dos PEUs não tem uma definição clara,
podendo resultar de uma combinação de articulações políticas locais e da intenção de voltar a
atenção dos planejadores para áreas menos valorizadas da Cidade, enquanto mudanças
pontuais e estratégicas continuavam guiando a legislação urbanística nas áreas de interesse
imobiliário.

Outras iniciativas da administração municipal incidindo no campo do planejamento local


objetivaram a alteração dos limites das áreas agrícolas nas regiões de Campo Grande, Bangu e
Santa Cruz, acarretando novos parâmetros de parcelamento da terra nas áreas excluídas; além
da criação e delimitação da Área de Especial Interesse Urbanístico.

No período 1997-2000, durante a administração de Luiz Paulo Conde, houve um aumento


significativo de subdivisões de APs e de suas respectivas Subprefeituras. Apresentando
algumas variações no governo seguinte, o segundo de César Maia na Prefeitura da Cidade,
verifica-se a subdivisão da AP 4 – separando a Barra da Tijuca, região que concentra uma
população de alto poder aquisitivo; e a junção das áreas de Campo Grande, Santa Cruz e
Guaratiba em uma única Subprefeitura, a despeito de sua grande extensão territorial e
precariedade de infra-estrutura básica..

O PEU Campo Grande

Lei Complementar nº 72, de 27/07/2004:


38

Institui o PEU de Campo Grande - Projeto de Estruturação Urbana dos Bairros de Campo
Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Cosmos e Inhoaíba, integrantes das Unidades
Espaciais de Planejamento 51 e 52 (UEP 51 e 52).

Dentre os objetivos gerais explicitados na LC 72/2004 que vão ao encontro dos itens
preconizados pelo Projeto figuram:

I - estimular os usos e atividades econômicas, garantindo a convivência das funções de


comércio, serviço e indústria, com o uso residencial;

II - criar mecanismos adequados à produção habitacional para a população de menor renda;

III - reforçar centralidades e revitalizar espaços, estimulando referências culturais existentes


ou potenciais;

IV - possibilitar a parceria com a iniciativa privada na implementação das políticas


municipais;

V - restringir o adensamento nas áreas críticas em infra-estrutura;

VI - integrar os dois lados da linha férrea;

VII - revitalizar as áreas de entorno das estações ferroviárias;

VII - promover a utilização efetiva dos bens imóveis destinados ao poder público para a
instalação de equipamentos públicos e áreas de lazer.

Quanto às Diretrizes, na realidade um conjunto de ações, que também satisfazem à reunião de


propostas apontadas neste estudo, são listadas:

I - priorização das Áreas de Especial Interesse Urbanístico 1, 2, 3 e 4, identificadas como


centralidades potenciais, para realização de Urbanização Consorciada, respeitado o disposto
nos arts. 30 a 32 do Plano Diretor;

II - revitalização da área de entorno das estações ferroviárias, mediante ações de:


a) pavimentação e iluminação das vias de acesso às estações ferroviárias;
b) indicação da localização das estações ferroviárias por meio de orientação e sinalização nas
vias arteriais nos principais pontos de acesso;
c) recuperação paisagística;
d) priorização dessas áreas em programas de revitalização urbana e de edificações, realizados
nos bairros objeto desta Lei Complementar .

III - promoção de gestões junto ao governo estadual para executar, mediante regime de
parceria, as seguintes medidas:
a) reforma das estações ferroviárias;
b) instalação de pequenos terminais rodoviários nas áreas centrais existentes e projetadas
(Áreas de Especial Interesse Urbanístico), funcionando em regime de integração tarifária com
o sistema ferroviário;
39

c) aproveitamento do espaço aéreo da linha férrea para empreendimentos comerciais, de


serviços e equipamentos públicos;

IV - complementação da execução das vias lindeiras à linha férrea;

V - investimento no sistema de sinalização gráfica horizontal e vertical, prioritariamente nas


vias principais de circulação, visando ao aumento das condições de segurança e à fluidez do
trânsito;

IV- implantação de via alternativa ao traçado da GB-10, possibilitando ligação longitudinal


entre o Viaduto dos Cabritos e a Estrada do Magarça;

V.- incentivo a formas alternativas de transporte coletivo e individual;

VI.- incentivo à implantação de ciclovias;

VII - utilização, por parte do Poder Público, nas áreas que apresentem problemas de
drenagem, de material que possibilite a infiltração de águas pluviais em obras de urbanização
de logradouros;

VIII - criação de cadastros, na forma do art. 217, inciso II, do Plano Diretor, e fornecimento
dos dados cadastrados aos órgãos públicos setoriais responsáveis pela implantação dos
serviços, em especial aqueles das áreas de Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Cultura
e Lazer;

IX - localização de serviços e equipamentos em vias compatíveis com a sua natureza e


clientela;

X - incentivo à instalação de edifícios-garagem na área central de Campo Grande.

As Zonas

I - Zona de Comércio e Serviços 1 (ZCS 1);


II - Zona de Comércio e Serviços 2 (ZCS 2);
III - Zona de Uso Misto (ZUM);
IV - Zona Exclusivamente Industrial (ZEI);
V- Zona de Uso Predominantemente Industrial (ZUPI);

Art. 77. Fica definida como Área de Especial Interesse Funcional (AEIF), aquela destinada à
implantação do Terminal Rodoviário Norte, situado na região ao norte da estação ferroviária
de Campo Grande.

3.3. Análise da Legislação

A análise da legislação urbanística referente à área de estudo busca relacionar as normas de


controle do uso e ocupação do solo aos demais dispositivos e instrumentos criados pelo Plano
Diretor Decenal da Cidade – Lei Complementar nº 16/92 e pelo Estatuto da Cidade, Lei
Federal nº 10.257/01.
40

A legislação de interesse do Projeto é listada a seguir, devendo ser ressaltado que, do ponto de
vista da intervenção que se vislumbra oportuna, apenas o PEU de Campo Grande receberá
comentários e sugestões capazes de contribuir para as discussões a ocorrerem no Seminário
previsto no Projeto.

O PEU de Bangu, instituído pelo Decreto nº 7.914, de 3 de agosto de 1988, apesar de haver
sido modificado pela Lei Complementar nº 49, de 27/12/2000, ainda se mostra relativamente
rígido no tocante à ocupação e uso industrial do solo, estabelecendo como única alternativa
uma ZPI – Zona Predominantemente Industrial. Já o PEU de Campo Grande apresenta maior
flexibilidade quanto à ocupação e uso do solo, pois estabelece três tipos de Zonas capazes de
hospedar estas atividades: Zona de Uso Misto – ZUM, Zona Predominantemente Industrial-
ZUPI e Zona Estritamente Industrial - ZEI

Seccionado em Subprefeituras, que gerenciam determinados bairros e agrupam várias Regiões


Administrativas, o Município passou a comportar doze Planos Regionais, que contêm, além
de seu objetivo central, estratégias e objetivos específicos. As Áreas de Planejamento (AP) da
Cidade detém uma ou mais Subprefeituras, para as quais foram elaborados objetivos centrais.

Atuando de forma isolada, mediante intervenções pontuais e localizadas, as várias instâncias


não conseguem controlar o ritmo e a forma de expansão da cidade, nem atuar de modo efetivo
para minorar os problemas gerados.

Em resumo, a legislação que trata da ocupação e uso do solo se caracteriza como um dos
fatores importantes referentes ao desenvolvimento urbano. A falta de definições claras sobre o
conteúdo de uma política urbana possui impactos tão nocivos quanto a omissão do poder
público a esse respeito. Na prática, é o que ocorre. Várias ações setoriais são executadas sem
que haja coordenação institucional e a fragmentação daí decorrente provoca aumento nos
custos da urbanização.
41

PARTE 4

4.1. Sugestão de Agenda sobre Uso e Ocupação do Solo a Serem Explorados No


Seminário

Mudança da legislação
Mudança da legislação, pelo menos nas áreas que continuam regidas pelo Decreto 322/76,
quanto à flexibilização do uso e ocupação com a criação de áreas classificadas como ZR,
passando a permitir algumas atividades próprias de Zonas de Uso Misto e Zonas Comerciais e
de Serviços e Pequenas Indústrias.

Abertura de Logradouros
A abertura de logradouros em terrenos de grandes dimensões a fim de modernizar a malha
viária local e também facilitará seu aproveitamento, com a criação de novos acessos.

Criação de Aglomerações de Pequenas Indústrias


Telheiros, Galpões e Terrenos abandonados ou subutilizados podem hospedar firmas de micro
e pequeno porte, voltadas para as atividades de indústria e comércio de produtos de acordo
com a legislação a ser aprovada. A circulação de pessoas nos galpões, e de pessoas e veículos
no entorno, amplia a oferta de trabalho regular e melhora a ambiência, dando maior
visibilidade às grandes vias, como a Avenida Brasil. Tal iniciativa permitirá a ocupação de
espaços com área em torno de mil metros quadrados.

Revisão de Parâmetros de Uso e Ocupação do Solo


Quanto aos parâmetros de uso e ocupação do solo a serem adotados, sugere-se a localização
de indústrias de micro e pequeno porte, com adensamento limitado pelas restrições associadas
à fragilidade do meio ambiente mas que, por outro lado, não ignore o processo desordenado
de adensamento em andamento.

Parcelamento
Sugere-se, ainda, o parcelamento de grandes terrenos ociosos que reduza o tamanho dos lotes
em algumas áreas, assim evitando a ocupação irregular, pois seu uso passa a ser produtivo,
além do efeito decorrente do aumento do emprego da população local.

Criação de Faixas Intermediárias de Uso


A diversidade de usos deve ser facilitada. A flexibilização dos parâmetros, propondo um
parcelamento em lotes menores do que permitido no local e admitir outros usos além do
comercial e do residencial possui condições de preservar a área, em vez de degradá-la.

Utilização dos Instrumentos Previstos no Estatuto da Cidade para a Obtenção de


Recursos de Financiamento da Infra-Estrutura Local
(Ver discussão na Seção sobre Análise da Legislação)
42

Referências Bibliográficas:

CHALFUN, N. “Tipologia de Distritos Industriais. O Caso da Cidade Industrial de Curitiba”.


Archétypon. Ano 6, nº 18. pp. 89-94. set-dez (1998).

GRAY, M., GOLOB, E. e MARKUSEN, A. (1996). “Big Firms, Long Arms, Wide
Shoulders: The ‘Hub-and Spoke’ Industrial District in the Seattle Region”. Regional Studies,
30, 651-66

HASENCLEVER, L.; SILVA NETO, A.J.; MONNERAT, W.M.S.P, WEIDLICH, S.


Desenvolvimento Regional e Governança: UERJ Exercendo o Papel de Hub em Nova
Friburgo. Anais do XIII Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de
Empresas, pp. 387-396, Brasília, 2003

HASENCLEVER, L.; ZISSIMOS, I. “A evolução das configurações produtivas locais no


Brasil: uma revisão da literatura”. Estudos Econômicos, vol.36, no.3, São Paulo, Jul/Set.
2006

HINDSON, D. e STAMER, J. M.. “The Local Business Environment and Local Economic
Development: Comparing Approaches”.. Working Paper 11/2007. Mesopartner. Duisburg.
Alemanha. Disponível em www.mesopartner.com))

JACOBS, J. Cities and the Wealth of Nations. Vintage. N.Y. (1985)

ROVERE, R. La, HASENCLEVER, L, Lopes, Rodrigo. Desenvolvimento Econômico Local


da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno: Diagnóstico Sócio Econômico do
Local (versão preliminar). Julho/2008

MARKUSEN, A. (1996). “Sticky Places in Slippery Space: A Tipology of Industrial


Districts”. Economic Geography. Fall. 293-313.

MARSHALL, A. (1996). Princípios de Economia. liv. IV, cap. X. Organização Industrial.


Concentração de Indústrias Especializadas em Certas Localidades. 317-25. Nova Cultural.
São Paulo.

PINHEIRO, A.I. Políticas públicas urbanas na Prefeitura do Rio de Janeiro. Coleção Estudos
Cariocas. Nº 200811 01 Novembro – 2008.

OLIVEIRA, F.J.G. “Reestruturação Produtiva e Regionalização da Economia no Território


Fluminense”. Depto de GeografiaUSP. Tese de Doutorado. Nov. 2003.

PINHEIRO, A.I. Políticas públicas urbanas na Prefeitura do Rio de Janeiro Coleção Estudos
Cariocas. Nº 200811 01 Novembro – 2008

WANDERLEY, L.A. e SANCHES, C.A.(1997). “Distritos Industriais Marshallianos no


Nordeste: Uma Proposta de Metodologia de Pesquisa”. Revista Econômica do Nordeste. 28,
279-92.
43

ANEXO 1

PEU DE CAMPO GRANDE


44

PEU de Campo Grande

DECRETO Nº 27.492 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006


Dispõe sobre a publicação dos Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005
DESCRIÇÃO DA DELIMITAÇÃO DAS ZONAS INDUSTRIAIS

ZONA PREDOMINANTEMENTE INDUSTRIAL

ZUPI ESTRADA DO TINGUI

Área limitada a partir do encontro da Estrada do Campinho com o prolongamento da Rua


Dalcy de Albuquerque; Rua Mario Giorelli, Rua Achiles de Araújo; Rua Frei Timótheo; Rua
Santo Hipólito Estrada de Austin, rio Campinho; Rua Asa Branca; Estrada do Tingui; Rua
Vasconcelos Torres; Praça Nilo Coelho do Projeto Aprovado de Loteamento (PAL) nº
37.303; até à Rua Renato Gabizo; Rua João Alfredo, Rua Frederico de Menezes; Rua José
de Siqueira Jr.; Rua Maurício Vaitsman; Rua Cícero de Magalhães Gomes; Rua Edison
Carneiro, Estrada Rio-São Paulo; Projeto Aprovado de Loteamento (PAL) n.º 35.779
(Distrito Industrial de Campo Grande); Avenida Brasil, adutora do Guandu; limite do
Município do Rio de Janeiro; rio Guandu-Mirim; rio Campinho; Avenida Brasil; Projeto
Aprovado de Loteamento (PAL) n.º 26.724; Estrada do Campinho.
Estão excluídas desta Zona as áreas abrangidas pela ZCA do Morro da Ventosa, pela
ZCA do Morro do Carapuçu e pela ZCA do Morro da Bandeira

ZUPI ESTRADA DO MENDANHA

Área limitada a partir do entroncamento da Estrada do Mendanha com a Avenida Brasil;


Rua Carobinha; Estrada dos Sete Riachos; Rua Votorantim; Estrada do Mendanha; por esta,
adutora do Guandu; Projeto Aprovado de Loteamento (PAL) n.º 35.779 (Distrito Industrial
de Campo Grande); Avenida Brasil, Rua Byron, Rua Erasmo; Avenida Paulo Afonso;Estrada
do Mendanha

DESCRIÇÃO DA DELIMITAÇÃO DAS ZONAS INDUSTRIAIS

ZONA ESTRITAMENTE INDUSTRIAL

ZEI - DISTRITO INDUSTRIAL DE CAMPO GRANDE

Área contida pelos limites do Projeto Aprovado de Loteamento (PAL) n.º 35.779 - Distrito
Industrial de Campo Grande.

ZEI - DISTRITO INDUSTRIAL DE PALMARES

Área limitada a partir do encontro da Avenida Brasil com a Estrada dos Palmares; Estrada do
Campinho; lote 1 do Projeto Aprovado de Loteamento (PAL) n.º 26.724 (inclusive as
modificações introduzidas pelos PAL’s n.º 31.137 e 31.571); Avenida Brasil
45

ANEXO – PEU CAMPO GRANDE

USOS E ATIVIDADES

Quadro 1 – Caracterização das situações de impacto

SITUAÇÕES CRITÉRIOS USOS PARÂMETROS/PADRÕES


DE IMPACTO
residencial acima de 200 unidades habitacionais por lote
A estabelecimentos ou edificações
Impacto no que induzem à concentração de comercial acima de 250m2 de área construída
Sistema Viário veículos leves
de serviços acima de 250m2 de área construída
residencial acima de 500 unidades habitacionais por lote
B Atividades indutoras de
Pólos concentração de veículos leves e
Geradores de que , em razão do seu
Tráfego funcionamento e porte geram um
(PGTs) grande número de viagens
causando impacto em seu
entorno imediato.

comercial acima de 2500m2 de área construída, comércio em geral.


acima de 500 m2 de área construída, restaurantes e similares

de serviços acima de 5000 m2 de área construída, prestação de serviço


em geral;
acima de 500 m2 de área construída, serviços de saúde sem
internação e de hospedagem;
acima de 2500 m2 de área construída, serviços de educação
seriada

industrial acima de 4000 m2 de área construída


C estabelecimentos potencialmente comercial acima de 250m2 de área construída (caracterizando médio
Impacto no geradores de tráfego pela atração porte) ou de 1000 m2 de área construída ( grande porte)
Sistema Viário de veículos pesados ou de
carga que inibam a fluidez do de serviços acima de 250m2 de área construída ( caracterizando médio
trânsito por lentidão de porte) ou de 1000 m2 de área construída ( grande porte)
manobras.
industrial acima de 500 m2 de área construída
D atividades potencialmente comercial devem obedecer a normas e padrões estabelecidos pela
Impacto no geradoras de ruídos, exalações, de serviços legislação em vigor.
Meio Ambiente trepidações e ruídos que possam industrial
causar incômodo à vizinhança.
E atividades potencialmente comercial devem obedecer a normas e padrões estabelecidos pela
Impacto no geradoras de poluição sonora, do de serviços legislação em vigor.
Meio Ambiente ar, da água e dos demais recursos industrial
naturais que possam dar origem a
explosão e incêndios, e quaisquer
outras que possam por em risco
pessoas ou propriedades vizinhas.
F empreendimentos que em função comercial devem obedecer a normas e padrões estabelecidos pela
Impacto no do porte ou localização, possam de serviços legislação em vigor.
Meio Ambiente causar danos ao meio ambiente industrial
durante sua construção, instalação
ampliação e funcionamento.
46

ANEXO IV – PEU CAMPO GRANDE


USOS E ATIVIDADES
Quadro 2 - Condições de implantação dos usos do solo urbano

ZONAS USOS CONDIÇÕES DE IMPLANTAÇÃO


ADEQUADOS
Residencial I adequado
Residencial II adequado, grupamento residencial I
ZA 1,2 Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c)
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c)
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c)
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c)
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c)
II.a),II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c)
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.b), II.a), II.b) e II.c) e
a algumas atividades
Industrial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.b), II.a), II.b) e II.c) e
a algumas atividades
Agrícola adequado
ZR1 Residencial I adequado
Residencial II adequado com restrições ao porte
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.b), I.c) e
a algumas atividades
Agrícola adequado com restrições a algumas atividades
ZR2 Residencial I adequado
Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço III adequado com restrições ao porte, às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
47

ANEXO IV – PEU CAMPO GRANDE


USOS E ATIVIDADES
Condições de implantação dos usos do solo urbano
ZONAS USOS CONDIÇÕES DE IMPLANTAÇÃO
ADEQUADOS
ZR2 Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Agrícola adequado com restrições a algumas atividades
ZR3 Residencial I adequado
Residencial II adequado com restrições à situação de impacto I.b)
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.b), I.c)
II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

ZR4 Residencial I adequado


Residencial II adequado com restrições à situação de impacto I.b)
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).

Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.b), I.c)
II.a) e II.c). Vedada a situação de impacto II.b).

ZUM Residencial I adequado


Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c), II.a), II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Comercial II adequado com restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c), II.a), II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Comercial III adequado com restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c), II.a), II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço I adequado com restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c), II.a), II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço II adequado com restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c), II.a), II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço III adequado com restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c), II.a), II.b) e II.c)
e a algumas atividades
ZONAS USOS CONDIÇÕES DE IMPLANTAÇÃO
48

ADEQUADOS
Industrial I adequado com restrições ao porte, às situações de impacto I.c), II.a), II.b) e II.c)
ZUPI Residencial I adequado
Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c) e a
algumas atividades

ZUPI
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Industrial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Agrícola adequado com restrições ao porte e restrições a algumas atividades
ZEI Industrial I adequado com restrições ao porte e restrições às situações de impacto II.a), II.b) e II.c)
Industrial II adequado com restrições ao porte e restrições às situações de impacto II.a), II.b) e II.c)
Industrial III adequado com restrições ao porte e restrições às situações de impacto II.a), II.b) e II.c)
ZCS1 Residencial I adequado
Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades.
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
ZCS2 Residencial I adequado
Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições à situação de impacto I.c)
e a algumas atividades
ZCA Residencial I adequado
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c) e a
algumas atividades
Serviços II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviços III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Agrícola adequado com restrições a algumas atividades
49

DECRETO Nº 27.492 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006


Dispõe sobre a publicação dos Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005
50

DECRETO Nº 27.492 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006


Dispõe sobre a publicação dos Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005
51

DECRETO Nº 27.492 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006


Dispõe sobre a publicação dos Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005
52

DECRETO Nº 27.492 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006


Dispõe sobre a publicação dos Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005
53

DECRETO Nº 27.492 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006


Dispõe sobre a publicação dos Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005
54

DECRETO Nº 27.492 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006


Dispõe sobre a publicação dos Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005

DECRETO Nº 27.492 DE 22 DE DEZEMBRO DE 2006


Dispõe sobre a publicação dos Anexos 1 e 2 do Decreto nº 25.700 de 25 de agosto de 2005
55
56

ANEXO 2

PEU DE BANGU
57

PEU BANGU
Lei Complementar nº 49, de 27/12/2000
Modifica o Decreto nº 7.914, de 3 de agosto de 1988 – PEU Bangu, no que se refere às áreas
agrícolas, com vistas ao atendimento ao artigo 1º do Decreto nº 13.391, de 21 de novembro de
1994, e ao artigo 48 da Lei Complementar nº 16, de 4 de junho de 1992, e no que se refere aos
tipos de edificações permitidos.

BANGU ZONA PREDOMINANTEMENTE INDUSTRIAL - (ZPI)

Área delimitada a partir do encontro da Avenida Brasil com a Estrada Sargento Miguel
Filho; por esta (incluído apenas o lado par), até o limite norte do PAL 38.788; por este limite,
em direção nordeste (incluídos apenas os lotes com testada para a Avenida Brasil), até
encontrar a faixa da Adutora do Ribeirão das Lages; por esta (excluída), até a Estrada do
Engenho; por esta (incluído apenas o lado ímpar), até a Praça Piquirobi; por esta (incluída), até
a Avenida Ministro Ari Franco; por esta (incluído apenas o lado par), até encontrar a faixa da
Adutora do Ribeirão das Lages; por esta (excluída), até o limite do PAL 38.714; por este
(incluídos apenas os lotes com testada para a Avenida Brasil), até o leito do Rio Sarapuí ou das
Tintas; por este, até encontrar a Avenida Brasil; por esta (incluído apenas o lado par), até a
Estrada da Cancela Preta; por esta (incluído apenas o lado par), até a Estrada do Encanamento;
por esta e por seu prolongamento (incluído apenas o lado par), até encontrar o leito do Rio
Sarapuí ou das Tintas; por este, até a Rua Catiri; por esta em direção oeste (incluído apenas o
lado par), até o limite do PAL 25.759; por este (incluído) e pelo seu limite norte, até a Estrada
de Gericinó; por esta (incluído apenas o lado ímpar), até encontrar o limite norte do PAL
4.573; por este limite (incluído), até o Caminho do Encanamento do Guandu (não
reconhecido); por este (incluído apenas o lado ímpar), a Rua Treze de Março (não
reconhecida); por esta (incluído apenas o lado par), até a Estrada do Quafá; por esta (incluído
apenas o lado ímpar), até a Rua Paulino do Sacramento; por esta (incluído apenas o lado par),
até a Avenida Brasil; por esta (incluído apenas o lado par), até encontrar o ponto de partida.

ZONA COMERCIAL 1 (ZC-1)

Área delimitada a partir do encontro da Rua Coronel Tamarindo com Rua Falcão
Padilha; por esta (incluída), até a Rua Sul América; por esta (incluída) e incluindo a Avenida
Ministro Ari Franco até a Rua Gil Amora (excluída), até a Avenida Sargento Alberto da Costa;
por esta (incluída), até o leito da RFFSA, por este, até o prolongamento da Rua dos Açudes;
por esta (incluído apenas o lado ímpar), até a Rua da Feira; por esta (incluída), até a Praça Dr.
Raymundo Paz; por esta (incluída), até a Rua Francisco Real; por esta (incluída), até a Rua
Fonseca: por esta (incluída), até a Rua Santa Cecília, Praça da Fé (incluída), até a Rua Silva
Cardoso; por esta (incluída), até a Rua Francisco Real; por esta (incluída), até a Rua Doze de
Fevereiro; por esta (incluída) e pelo seu prolongamento, até a Rua Coronel Tamarindo; por esta
(incluída), até o ponto inicial.

ZONA COMERCIAL 2 (ZC-2) - ESTAÇÃO DE PADRE MIGUEL

- Praça dos Abrolhos;


- Rua Estância - entre a Avenida de Santa Cruz e a Praça dos Abrolhos;
58

- Rua Francisco Real - entre a Praça dos Abrolhos e a Avenida de Santa Cruz;
- Rua Joaquim de Maia;
- Rua Moniz de Souza;
- Avenida de Santa Cruz - entre a Rua Francisco Real e a Rua Estância;
- Rua Ubatuba - entre a Rua Limites e a Rua Moniz de Souza.

ZONA COMERCIAL 2 (ZC-2) - CONJUNTO DOM JAIME CÂMARA

- Rua Andorra;
- Rua Cherburgo - apenas o lado ímpar, entre a Rua Tirana e a Rua Figueiredo
Camargo;
- Rua Figueiredo Camargo - apenas o lado ímpar, entre a Rua Cherburgo e a Rua Sofia;
- Rua Luxemburgo;
- Rua Sofia - entre a rua Figueiredo Camargo e a Rua Tirana;
- Rua Sul América - entre a Rua Cherburgo e a Rua Sofia;
- Rua Tirana.

ZONA COMERCIAL 2 (ZC-2) - VILA KENNEDY

- Praça Dolomitas;
- Rua Lomé - entre a Rua Romualdo Peixoto e Avenida Alfredo Albuquerque;

- Praça Miami;
- Rua Oscar Ferreira - entre a Rua Romualdo Peixoto e a Avenida Alfredo Albuquerque;

- Rua Romualdo Peixoto - entre a Rua Oscar Ferreira e a Rua Lomé;


- Rua Tunísia - no trecho compreendido na Praça Miami.

ZONA COMERCIAL 2 (ZC-2) - ESTAÇÃO SENADOR CAMARÁ

- Rua Carnaúba - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Rua Coronel Tamarindo;
- Rua Coronel Tamarindo - entre a Rua Oliveira Paiva e a Rua Carnaúba;
- Rua Dr. Augusto Figueiredo - entre a Rua Carnaúba e a Rua OliveiraPaiva;

- Rua Oliveira Paiva - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Rua Coronel Tamarindo;

- Rua Tamboril - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Rua Coronel Tamarindo;
- Rua Ubatã - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Rua Coronel Tamarindo.
ZONAL COMERCIAL 2 (ZC-2) - BAIRRO JABOUR

- Rua Coroados - entre a Rua Silvio Fontes e a Rua Francisco Pereira;


- Rua Francisco Pereira - entre a Rua Coroados e a Rua Raul Azevedo;
- Largo Ludgero;
- Rua Raul Azevedo - entre a Rua Francisco Pereira e o Largo Ludgero;
- Avenida de Santa Cruz - entre o Largo Ludgero e a Rua Vítor Guisard;
- Rua Silvio Fontes - entre a Rua Vítor Guisard e a Rua Raul Azevedo;
59

- Rua Vítor Guisard - entre a Avenida de Santa Cruz e a Rua Silvio Fontes.

Bangu ZONA COMERCIAL 3 (ZC-3)

- Estrada da Água Branca - entre a Rua General Jacques Ourique e a Rua Imeneari;
- Avenida Brasil entre a Estrada General Americano Freire e a Estrada da Cancela Preta lado
ímpar, entre a Estrada da Cancela Preta e Avenida Doutora Maria Estrela lado ímpar, entre o
ponto de cruzamento da Avenida Brasil com a Rua Sargento Miguel Filho e o limite leste do
terreno n.º 39.057 da Avenida Brasil lado par, entre a Rua Paulino do Sacramento e uma linha
perpendicular à Avenida Brasil, distante 450m (quatrocentos e cinqüenta metros) do encontro
desta com o limite oeste do PAL 25.572;
- Rua Carangola;
- Rua Catiri - entre a Avenida Brasil e a Rua Roque Barbosa;
- Rua da Chita - entre a Rua Sul América e a Estrada da Água Branca;
- Rua Coronel Tamarindo entre a Rua General Gomes de Castro e a Rua Falcão Padilha entre a
Avenida Sargento Alberto da Costa e a Rua Carnaúba entre a Rua Oliveira Paiva e a Estrada
dos Coqueiros;
- Rua Dr. Augusto Figueiredo - entre a Estrada do Engenho e a Rua Carnaúba;
- Estrada do Engenho - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Praça Piquirobi;
- Rua da Feira - entre a Rua dos Açudes e a Avenida de Santa Cruz;
- Rua Figueiredo Camargo - incluído apenas o lado ímpar, entre a Rua Sofia e a Rua da Chita;
- Rua Francisco Real - entre a Praça dos Abrolhos e a Rua Doze de Fevereiro;
- Rua General Gomes de Castro - entre a Rua Coronel Tamarindo e a Rua General Jacques
Ourique;
- Rua General Jacques Ourique - entre a Rua General Gomes de Castro e a Estrada da Água
Branca;
- Avenida Ministro Ari Franco - entre a Rua Gil Amora e a Avenida Doutora Maria Estrela;
- Rua Paulino do Sacramento entre a Rua Romualdo Peixoto e a Rua Viúva Guerreiro lado
ímpar, entre a Rua Romualdo Peixoto e Avenida Brasil;
- Estrada Porto Nacional - entre a Estrada da Água Branca e a Rua Carangola;
- Avenida Ribeiro Dantas - entre a Rua Falcão Padilha e a Rua Figueiredo Camargo;
- Rua Rio da Prata - entre a Praça Miguel Pedro e a Rua Cairo;
- Avenida de Santa Cruz entre a Rua Limites e a Rua Maria Carvalho entre a Rua Estância e a
Rua Doze de Fevereiro entre a Rua dos Açudes e a Rua Vítor Guisard entre a Rua Raul
Azevedo (excluído o Largo Ludgero) e a projeção da Linha de Transmissão (Nova Iguaçu-
Jacarepaguá);
- Rua Sul América - entre a Rua Falcão Padilha e a Rua Sofia Estrada;
- Taquaral - entre a Estrada do Engenho e a Estrada dos Coqueiros;
- Polo Calçadista - Lote N.º 2 do PAL N.º 41.842 ;

No Polo Calçadista (lote n.º 2 do PAL n.º 41.842), podem ser instaladas além das atividades
previstas para ZC-3, todas as atividades de apoio às atividades agrícolas, aí incluídas a
comercialização de produtos rurais, de derivados de matadouros e as atividades ligadas ao
“agrobusiness” de uma maneira geral.
60

ANEXO 3

Divisão Administrativa Geral do

Município do Rio de Janeiro -


61
Divisão Administrativa Geral do Município do Rio de Janeiro - 2008

Áreas de Planejamento e Bairros Áreas de Planejamento e Bairros Áreas de Planejamento e Bairros


Regiões Administrativas Nome Código Regiões Administrativas Nome Código Regiões Administrativas Nome Código

Área de Planejamento 1 Área de Planejamento 3 (cont) Área de Planejamento 4


I Portuária Saúde 001 XIII Méier Jacaré 051 XVI Jacarepaguá Jacarepaguá 115
Gamboa 002 São Francisco Xavier 057 Anil 116
Santo Cristo 003 Rocha 058 Gardênia Azul 117
Caju 004 Riachuelo 059 Curicica 119
II Centro Centro 005 Sampaio 060 Freguesia (Jacarepaguá) 120
III Rio Comprido Catumbi 006 Engenho Novo 061 Pechincha 121
Rio Comprido 007 Lins de Vasconcelos 062 Taquara 122
Cidade Nova 008 Méier 063 Tanque 123
Estácio 009 Todos os Santos 064 Praça Seca 124
VII São Cristóvão Imperial de São Cristóvão 010 Cachambi 065 Vila Valqueire 125
Mangueira 011 Engenho de Dentro 066 XXIV Barra da Tijuca Joá 126
Benfica 012 Água Santa 067 Itanhangá 127
Vasco da Gama 158 Encantado 068 Barra da Tijuca 128
XXI Paquetá Paquetá 013 Piedade 069 Camorim 129
XXIII Santa Teresa Santa Teresa 014 Abolição 070 Vargem Pequena 130
Pilares 071 Vargem Grande 131
Área de Planejamento 2 Recreio dos Bandeirantes 132
IV Botafogo Flamengo 015 XIV Irajá Vila Cosmos 072 Grumari 133
Glória 016 Vicente de Carvalho 073 XXXIV Cidade de Deus Cidade de Deus 118
Laranjeiras 017 Vila da Penha 074
Catete 018 Vista Alegre 075
Cosme Velho 019 Irajá 076 Área de Planejamento 5
Botafogo 020 Colégio 077 XVII Bangu Padre Miguel 140
Humaitá 021 XV Madureira Campinho 078 Bangu 141
Urca 022 Quintino Bocaiúva 079 Senador Camará 142
V Copacabana Leme 023 Cavalcanti 080 Gericinó -
Copacabana 024 Engenheiro Leal 081 XVIII Campo Grande Santíssimo 143
VI Lagoa Ipanema 025 Cascadura 082 Campo Grande 144
Leblon 026 Madureira 083 Senador Vasconcelos 145
Lagoa 027 Vaz Lobo 084 Inhoaíba 146
Jardim Botânico 028 Turiaçu 085 Cosmos 147
Gávea 029 Rocha Miranda 086 XIX Santa Cruz Paciência 148
Vidigal 030 Honório Gurgel 087 Santa Cruz 149
São Conrado 031 Oswaldo Cruz 088 Sepetiba 150
VIII Tijuca Praça da Bandeira 032 Bento Ribeiro 089 XXVI Guaratiba Guaratiba 151
Tijuca 033 Marechal Hermes 090 Barra de Guaratiba 152
Alto da Boa Vista 034 XX Ilha do Governador Ribeira 091 Pedra de Guaratiba 153
IX Vila Isabel Maracanã 035 Zumbi 092 XXXIII Realengo Deodoro 134
Vila Isabel 036 Cacuia 093 Vila Militar 135
Andaraí 037 Pitangueiras 094 Campo dos Afonsos 136
Grajaú 038 Praia da Bandeira 095 Jardim Sulacap 137
XXVII Rocinha Rocinha 154 Cocotá 096 Magalhães Bastos 138
Bancários 097 Realengo 139
Área de Planejamento 3 Freguesia 098
X Ramos Manguinhos 039 Jardim Guanabara 099
Bonsucesso 040 Jardim Carioca 100
Ramos 041 Tauá 101
Olaria 042 Moneró 102
XI Penha Penha 043 Portuguesa 103
Penha Circular 044 Galeão 104
Brás de Pina 045 Cidade Universitária 105
XXXI Vigário Geral Cordovil 046 XXII Anchieta Guadalupe 106
Parada de Lucas 047 Anchieta 107
Vigário Geral 048 Parque Anchieta 108
Jardim América 049 Ricardo de Albuquerque 109
XXV Pavuna Coelho Neto 110
XII Inhaúma Higienópolis 050 Acari 111
Maria da Graça 052 Barros Filho 112
Del Castilho 053 Costa Barros 113
Inhaúma 054 Pavuna 114
Engenho da Rainha 055 Parque Colúmbia 158
Tomás Coelho 056 XXVIII Jacarezinho Jacarezinho 155
XXIX Complexo do Alemão Complexo do Alemão 156
XXX Maré Maré 157

Fonte: Secretaria Municipal de Urbanismo - SMU.

Você também pode gostar