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Supremo Tribunal Federal 20/08/2015 15:40 0040944 NOE MINISTERIO PUBLICO FEDERAL Procuradoria-Geral da Repiiblica EXCELENTISSIMO SENHOR MINISTRO. TEORI ZAVASCKI 2" TURMA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL N° /2015/GTLJ-PGR Inquérito n. 3893/DF Relator: Ministro Teori Zavascki Autor: Ministério Ptiblico Federal Denunciados: EDUARDO COSENTINO CUNHA e SOLANGE PEREIRA DE ALMEIDA (Plenario, art. 5°, 1, RISTF) “Quando me desespero, ett me lemtbio de que, dnaute toda « histéria, 0 caminho dir verdade © do anor sempre wrciaran, Thin existide tees ¢ assassines, ¢ por tans feanpo cles parecene inverstvcs, nas no final sempre cen Pence nisto: sempre.” (Mabsath thi) © PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA, no exetcicio da fangio institucional prevista no art. 129, inciso 1, da Constituigio de 1988, no art, 6°, inciso V, da Lei Complementar 1 75/1993 e no art. 24 do Cédigo de Processo Penal, tendo em vista 0s fatos apurados no Inquérito n° 3983-DR vem oferecer DENUNCIA em face de: PER Deniincia Inquérito w* 398% EDUARDO COSENTINO DA CUNHA, Deputado Federal, atualmente Presidente da Camara dos Deputados, nascido em 29/09/1958, no Rio de Janeiro, filho de ELZA COSENTINO DA CUNHA e ELCY TIXEIRA DA CU- NHA, CPF 504.479,717-00, RG 381135 , com enderego fincional na Praga dos Ties Poderes - Cimara dos Deputa dos Gabinete: 510 ~ Anexo: IV, Brasilia ~ DFse SOLANGE PEREIRA DE ALMEIDA, Prefeita do Mu- nicipio de Rio Bonito/RJ, nascida em 26.02.1961, filha de VINICIUS DE ALMEIDA e ZULEIKA PEREIRA DE ALMEIDA, CPF 260.979.580-72, enderego na Rua Dr. Wilson Kleber Moreira, n, 89, Centro, Rio Bonito/RJ Rua Monsenhor Anténio de Souza Gens, 23, Centro, Rio Bonito/RYJ. 1. Resumo das imputagdes No periodo compreendido entre 14 de junho de 2006 e ou tubro de 2012, com condutas praticadas ao menos no Rio de Ja- neiro/RJ e Brasilia/DE 0 denunciado EDUARDO CUNHA solicitou para si e para outrem e aceitou promessa de vantagem in. devida no montante aproximado de US$ 15.000.000,00 (quinze milhdes de dolares) de JULIO GERIM DE ALMEIDA CA- MARGO (‘JULIO CAMARGO"), em razio da contratagio pela TROBRAS do navio-sonda PETROBRAS 10000 com o es- taleiro SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES CO., na Coreia do Sul, no valor de US$ 586.000.000,00, para perfiragio de aguas profundas a ser utilizado na Africa. EDUARDO CUNHA con- tou com a participagio de SOLANGE ALMEIDA, entio no rcicio de mandato de Deputada Federal, de FERNANDO. PI 2 dle 85 4 POR Dendncia Inquévito ® 3983 ANTONIO FALCAO SOARES (“FERNANDO SOARES") ¢ RVERO (“NESTOR CERVERO") -, este ltimo na qualidade de diretor da 4 internacional da Petré- Ico Brasileiro S.A. (“PETROBRAS”), na época ¢ em razio desta fungio exercida, todos agindo em concurso ¢ unidade de desfg- nios.' Em virtude da vantagem oferecida © recebida, NESTOR CERVERO tanto deixou de praticar atos de offcio a que estava t obrigado, como também os praticou infringindo dever funci Ademais, no periodo entre fevereito de 2007 e outubro de 2012, com condutas praticadas ao menos no Rio de Janeito/RJ Brasilia/DE o denunciado EDUARDO CUNHA solicitou ¢ aceitou promessa, para sie para outtem, direta ¢ indiretamente, vantagem indevida no montante aproximado de US$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhdes de délares) de JULIO CA- MARGO, a fim de que fosse realizada a contratagio do navio~ sonda VITORIA 10000 com o estaleiro SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES CO., na Coreia, no valor de US$ 616.000.000,00, para perfuragio de 4guas profundas a ser utilizado no Golfo do México. Mais uma vez EDUARDO CUNHA contou com a participagiio de SOLANGE ALMEIDA, entio no exercicio de mandato de Deputada Federal, de FERNANDO ANTONIO FALCAO SOARES (“FERNANDO SOARES”) ¢ de NESTOR CUNAT CERVERO (“NESTOR CI RVERO”) 1 FERNANDO SOARES, NESTOR CERVERO e JULIO CAMAR foram denunciados e, inclusive, condenados por esses fatos no bojo ‘0s 5083838-59.2014,404.7000, perante a 13* Vara Federal de Curieil em razio dos desmembramento realizado pelo STR, conforme solicitado pelo PGR. Cépia integral da referida agio se encontta no Doc. 2 este dltimo Jide 85 PGR, Denineis Inquérito w” 3983 na qualidade de diretor da drea internacional da Petréleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS”), na época em razio desta fangio exer- ida, todos agindo em concurso e unidade de designios. Em vir- tude da vantagem oferecida recebida, NESTOR CERVERO tanto deixou de praticar atos de oficio a que estava obrigado, como também os praticou infringindo dever funcional As vantagens indevidas (“propinas”), no valor total de US$ 40.000.000,00, foram estabelecidas apés negociagdes entre FER- NANDO SOARES ~ representando os interesses de EDU- ARDO CUNHA - c JULIO CAMARGO, sendo que tais vantagens indevidas foram oferecidas, prometidas ¢ pagas por JU- LIO CAMARGO a FERNANDO SOARES, NESTOR C! VERO e ao denunciado EDUARDO CUNHA. Nos dois navios-sonda, EDUARDO CUNHA era 0 “s6- cio oculto” de FERNANDO SOARES e também foi o destinatario final da propina paga,? tendo efetivamente re- cebido ao menos cinco milhées de délares - 0 equivalente atualmente a R$ 17.345.000,00 reais.’ A solicita¢io ¢ a aceitagio da promessa de vantagens indevi- das por EDUARDO CUNHA foi, em um primeiro momento, para g; tira manutengo do esquema ilicito implantado no am- bito da PETROBRAS, omitindo-se em interferir ou impedir a contratagio do estaleiro SAMSUNG, assim como para manter os 2 Nesse sentido foi © depoimento prestado em juizo por JULIO CA MARGO, _nos autos 5083838-59.2014.404.7000, Evento 553, no dia 16/07/2015. 3. Cotagio do dia 18.08.2015, 4 de 85 POR, Dentineis Inguiéeito n” 398 indicados politicos em seus cargos na referida sociedade de econo~ imia mista, Em um segundo momento, o recebimento de valores indevides — no montante de US$ 5.000.000,00 — foi para pressio- nar 0 retorno do pagamento das propinas, valendo-se de requeri~ mentos, formulados por interposta pessoa e com desvio de finalidade, perante 0 Congresso Nacional Por fim, uma vez j& consumados os delitos de corrupgio ativa, o denunciado EDUARDO CUNHA ocultou ¢ dissimulou a natureza, origem, localizagio, disposi¢io, movimentagio ¢ propri- edade de valores provenientes, direta © indiretamente, do crime contra a Administragio acima mencionado, mediante 0 recebi- mento fracionado de valores no exterior, em contas de empresas offshore e por meio de empresas de fachada, mediante simulagio de contratos de prestagio de servigos ¢, ainda, pagamento de propina sob a falsa alegagio de doagdes para Igreja. Para ARDO CUNHA teve 0 concurso de FERNANDO ANTO- NIO FALCAO SOARES, NESTOR CUNAT CERVERO, JULIO GERIN DE ALMEIDA CAMARGO (“JULIO MARGO”) © ALBERTO YOUSSEF (“YOUSSEF”)', todos tanto, EDU- agindo com unidade de designios, Em apertada sintese, PEERNANDO SOARES intermediou o agamento de propina de cerca de 40 milhdes de délares para 0 Diretor da Area Internacional da PETROBRAS, NESTOR CERVERO, assim como para o denunciado EDUARDO CU- 4 Ja denunciados © condenados também por estes fatos no bojo dos autos 5083838-59.2014.404.7000, perante a 13*Vara Federal de Curitiba, Bde 85 PGR, Denvineia Inquérite n° 3984 NHA.A finalidade do pagamento da propina foi facilitar ¢ viabili~ zar a contratagio do estaleiro sul coreano SAMSUNG HEAVY, INDUSTRIES CO. para construgio de dois navios-sonda pela PETROBRAS (de nome PETROBRAS 10000 © VITORIA 10000), inclusive sem licitagio, contratos que foram firmados em 2006 ¢ 2007. Nos dois casos,a propina foi no montante total apro- ximado de US$ 40.000.000,00 (quarcnta milhées de délares ame ricanos), paga por meio de JULIO CAMARGO, Para dar aparéncia licita 4 movimentagio das propinas acerta~ das, foram celebrados dois contratos de comissionamento entre a SAMSUNG ¢ a empresa PIEMONTE EMPREENDIMENTOS PIEMONTE”), de JULIO CAMARGO, que juntos totalizaram US$ 53.000.000,00. Dessas comissdes sairam as propinas prometi- das a FERNANDO SOARES, NESTOR CERVERO e¢ EDU- ARDO CUNHA. POR CERVERO levou a questio 4 Dirctoria Executiva da PETRO. Em razio do recebimento de vantagens indevidas, N BRAS, tendo obtido a aprovagio da construgio dos dois navio~ sonda, nos termos propostos pela SAMSUNG, cujos contratos fo~ ram de US$ 586 ¢ 616 milhées de délares respectivamente. A partir dai, iniciou-se 0 pagamento das vantagens indevidas, que seriam descontadas dos valores que JULIO CAMARGO x ceberia, a titulo de comissionamento, da SAMSUNG. Os paga- mentos se iniciaram através de transferéncias internacionais de offshore de JO~ alores, por intermédio da empresa PIEMONT 6 de 85 PGR Deniineia nguerite w" 3983 LIO CAMARGO. Em relagio ao navio-sonda PETROBRAS 10000, houve a transferéncia, pela SAMSUNG, de um total de US$ 13.750.000°, enquanto, em relagio ao navio-sonda VITTORIA 10000, houve o pagamento total de US$ 26.605.000,00." No total, com lastro nestes contratos, a SAMSUNG transferiu, em cinco parcelas pagas no exterior, entre 08/09/2006 © 28/09/2007, a quantia total de US§ 40.355.000,000 para JULIO CAMARGO, que em seguida transferiu, a partir da conta mantida em nome da offshore PIEMONTE INV. CORP. (“PIEMONTE”) no Banco Winterbothan, no Uruguai, parte destes valores para contas banci- rias, também no exterior, indicadas por FERNANDO SOAR as quais eram controladas por si proprio e por terceiros beneficii- rios do esqu na No entanto, a partir de determinado momento — mais espe- cificamente apés os recebimentos das sondas, ocorridos em 30 de julho de 2009 (navio-sonda PETROBRAS 10000} e 09 de julho de 2010 (navio-sonda VITORIA 10000) — a SAMSUNG deixou de pagar as comissdes para JULIO CAMARGO, acabando por ip- viabilizar o repasse da propina aos destinatrios finais, Lr 5 fo, em 08.09.2006, a quanitia de US$ 6.250.000,00 ¢, em 30.03.2007, a quantia de US$ 7.500.000,00 (conforme extratos da conta 2009071 da Pl- EMONTE INVESTMENT CORP no Wintbotham Merchant Bank, constantes do Doc. 6, nte deniincia). 6 As datas das transferéncias © valores sio, respectivamente: em 20.04.2007, a de US$. 10.230.000,0% 02.07.2007, a quantia de US$ 12.375,000,00; ¢, em 28.09.2007, a quantia de US$ 4.000.000,00 (con- forme extratos da conta 2009071 da PIEMONTE INVESTMENT CORP no Winthotham Merchant Bank, constantes do Doc. 6,em anexo i presente deniincia). T de 85 Par Dengue Inyuérite u” 3983 A partir de entio, EDUARDO CUNHA, como destinatirio de parte dos valores e a pedido de FERNANDO SOARES, passou a pressionar JULIO CAMARGO pelo retorno do paga~ mento das propinas, Para tanto, o denunciado EDUARDO CU- NHA se valeu de dois requerimentos perante a Comissio de Fiscalizagio Financeira e Controle da Camara dos Deputados (CFFC), solicitando informagdes sobre JULIO CAMARGO, SAMSUNG € 0 grupo MITSUI Os requerimentos foram feitos em julho de 2011 pela denunciada SOLANGE ALMEIDA, a pedido do denunciado EDUARDO CUNHA, tendo a entio Deputada cigncia de que os requerimentos seriam formulados com desvio de finalidade ¢ abuso da prerrogativa de fiscalizacio inerente ao mandato popular, para obtengio de vantagem indevida Um dos requerimentos solicitava informagdes ao Tribunal de Contas da Unilio, enquanto 0 outro as solicitava a0 Ministério de Minas ¢ Energias. Em ra da pressio exercida, os pagamentos foram retoma- dos, por volta de setembro de 2011, apds reuniio pessoal entre FERNANDO SOARES, JULIO CAMARGO e o denunciado EDUARDO CUNHA, ocorrida no Rio de Janeiro, em 18 de se~ tembro de 2011. O valor restante — cerca de dez milhdes de déla~ res — foi pago por meio de pagamentos no exterior, entregas em dinheiro em espécie, simulagio de contratos de consultoria, com emissio de notas frias, e transferéncias para Igreja vinculada ao de- nunciado EDUARDO CUNHA, sob a filsa alegacio de que se u tratava de doagdes religiosas. PER Dengineia Inquérita w" 3983 2. Da contextualizacio da Operagao. Lava Jato A intitulada “Operagio Lava Jato" desvendow um grande esquema de corrupgio de agerites piblicos © de lavagem de dinheiro relacionado 4 sociedade de economia mista federal Petréleo Brasileiro S/A — PETROBRAS. No decorrer das investigagdes sobre lavagem de dinheiro, detectaram-se elementos que apontavam no sentido da ocultagio de recursos provenientes de crimes de corrupgio praticados no mbito da PETROBRAS, O aprofundamento das apuragdes conduziu a indicios de que, no minimo entre os anos de 2004 ¢ 2012, as diretorias da sociedade de economia mista estavam divididas entre partidos politicos, que eram responsiveis pela indicagio ¢ manutengio de seus respectivos diretores. Por outro lado, as empresas que possuiam contratos com a PETROBRAS, notadamente as maiores construtoras brasileiras, am um cartel, que passou_a atuar de maneira mais efetiva a partir de 2004,’ we 7 Esse cartel era formado, dentre outras, pelas seguintes empreiteinis: GAL. VAO ENGENHARIA, ODEBRECHT, UTC, CAMARGO CORREA, TECHINT, ANDRADE GUTIERREZ, MENDES JUNIOR, PRO- MON, MPE, SKANSKA, QUETROZ. GALVAO, IESA, ENGEVIX, SE- TAL, GDK ¢ OAS. Eventualmente, participavam das fraudes as empresas ALUSA, FIDENS, JARAGUA EQUIPAMENTOS, TOME ENGENHA- RIA, CONSTRUCAP ¢ CARIOCA ENGENHARIA. Especialmente a partir de 2004, as empresas passaram a dividir enue si as obras da PETRO- BRAS, evitando que outras empresas mio pacticipantes do cartel fossem convidadas para os correspondentes processos seletivos, Referido cartel atuou 20 longo de anos, de maneira organizada, inclusive com “tegras” previamente estabelecidas, semelhantes ao regulamento de um campeonato de futebol, Havia, ainda, a reparti¢io das obras a0 modo da distribuigio de Ode 85 PGR Dentincia Inquérite 3983 As empresas privadas, pertencentes ou nio ao cartel, pai garantit a obtengio de vantagens indevidas, cooptaram agentes piblicos da PETROBRAS, especialmente os diretores', que possuiam grande poder de decisio no ambito da sociedade de economia mista. Isso foi facilitado em razio de os diretores, como jf ressaltado, terem sido nomeados com base no apoio de partidos, tendo havido comunhio de esforgos ¢ interesses entre os poderes econémico € politico para implantagio e fancionamento do esquema, Os funcionarios de alto escalio da PETROBRAS recebiam vantagens indevidas das empresas ¢, em contrapartida, atuavam ou se omitiam no interesse destas, quando fosse necessirio. Ademais, esses funciondrios permitiam negociagées diretas injustificadas, celel ravam aditivos desnecessirios € com precos excessivos, aceleravam contratagdes com supressio de etapas relevantes vazavam informagdes sigilosas, dentre outras irregularidades, todas em prol das empresas cartelizadas. Apurou-se que os valores indevidos, porém, destinavam-se no apenas aos diretores da PETROBRAS, mas também aos partidos politicos € aos parlamentaresresponsiveis pela manutengio dos diretores nos cargos. Tais quantias eram repassadas 208 agentes politicos de maneira periddica e ordiniria, e também prémios de um bingo. Assim, antes do inicio do certame, ji se sabia qual seria a empresa ganhadora, As demais empresas apresentavam propostas ~ em valores maiores do que os apresentados pela empresa que deveria ven: cer ~ apenas para dar aparéncia de legalidade a0 certame, em flagrante ofensa 3 Lei de Licitagées. 8A PETROBRAS, na época, possufa as seguintes Diretorias: Financeira; Gas nergia; Explorago ¢ Produgio; Abastecimento; Internacional; Servigas. 10 de 85 PR Deuincis nquérise 0" 3943 de forma episédica e extraordiniria, Esses politicos, por sua vez, conscientes das priticas indevidas que ocorriam no bojo da PETROBRAS, nio apenas patrocinavam a manutencio do diretor € dos demais agentes ptiblicos no cargo, como também niio terferiam no cartel existente. A. repartigio politica das diretorias da PETROBRAS revelou-se mais evidente em relagio a Diretoria de Abastecimento, 4 Diretoria de Servigos © 4 Diretoria Internacional, envolvendo sobretudo o Partido Progressista ~ PP, 0 Partido dos Trabalhadores = PT © © Partido do Movimento Democritico Brasileiro — PMDB, da seguinte forma: a) A Diretoria de Abastecimento, ocupada por PAULO ROBERTO COSTA entre 2004 © 2012, era de indicagio do PP, com posterior apoio do PMDB; b) A Diretoria de Servigos, ocupada por RENATO DUQUE entre entre 2003 ¢ 2012, era de indicagio do PT; c) A Direto: CERVERO entre 2003 e 2008, e por JORGE ZELADA, de 2008 Internacional, ocupada por NESTOR a 2012, que era de indicagio inicialmente do PT ¢ posteriormente, do PMDB. Para que fosse possivel transitar os valores desviados entre os dois pontos da cadein — ou seja, das empresas para os diretores € politicos ~ atuavam profissionais encarregados da lavagem de ativos, que podem ser chamados de “operadores” ou “jntermediarios”. Referidos operadores er arregavam-se de, mediante estratégias de ocultagio da origem dos recursos, lavar 0 de 11de as POR Demineia Inquériza w” 3983 dinheiro ¢, assim, permitir que a propina chegasse aos scus destinatirios de maneita insuspeita. © repasse dos valores dava-se em duas etapas. Primeiro, o dinheiro era repassado das empresas para o dperador. Pa tanto, havia basicamente trés formas: a) entzega de valores em espécie; b) depésito ¢ movimentagio no exterior; ¢) contratos simulados de consultoria com empresas de fachada’. Uma vez disponibilizado 0 dinheiro ao operador, iniciava a segunda etapa do branqueamento, na qual a vantagem indevida saia do operador e era enviada aos desti frios finais (agentes publicos e politicos), descontada a comissio do operador."” Feitos tais esclarecimentos, pass «A descri¢io pormenori- zada das imputacdes. 7 simolava-se a prestagio de servigos, com a emissio de nota fiscal pelas empresas de fichada, sendo que a cmpresa depositava os valores na contas das empresas de ‘em espécie © entregue ao operador, transferide para contas correntes em ‘or do operador ou eram efetuados pagamentos em favor do operador 10 Havia pelo menos quatro formas de os operadores repassarem os valores aos destinatirios finais das vantagens indevidas: a) A primeira forma — uma das mais comuns entre os politicos ~ consistia na entrega de valores em es fachada. O valor depositado era, em seguida, sacado, pécie, qu Zam ingen em voos comerciais, com valores ocultos no corpo, ou em voos fictados. b) A segunda forma era a realizagio de transfer hiicas para empresas ou pessoas indicadas pelos destinatirios ou, ainda, 0 pa~ gamento de bens ou contas em nome dos beneficiirios. c) A teteeira forma ocorria por meio de tansferéncias e depésitos em contas no exterior, em nome de empresas affliores de responsabilidade dos funcionarios pitblicos ow de seus familiares. d) A quarta forma era a realizagio de doagdes “ofici~ ais”, devidamente declaraclas, pelas construtoras ou empresas coligadas, di~ nente para os politicos ou para o diretério nacional ou estadual do partido respectivo, as quais, em verdade, consistiam em propinas pagas ¢ disfargadas do seu real propésito. era feita por meio de fancionirios dos operadores, os quais fa~ as eletrd~ 12 de 85 Par Dengincia Inquérite u" 3983 3. Das imputagdes Houve pagamento de propina em relagio A construgio de dois navios-sondas'!: 0 PETROBRAS 10000 ¢ o VITORIA 10000. 3.1. Do primeiro navio-sonda (PETROBRAS 10000) A partir de 2005, a MITSUI toma conhecimento de que a PETROBRAS necessitaria de navios-sondas de perfuragio de Aguas profiandas na Africa Assim, ainda em 2005, a MITSUI procurou JULIO CA- MARGO®, informando-o de que havia recebido a noticia de que a PETROBRAS precisaria de um navio-sonda. © interesse da MITSUL era verificar se a PETROBRAS realmente teria interesse em firmar sociedade na construgio da referida sonda, para posteri- ormente afretar referida sonda para a propria PETROBRAS. Quem ficaria responsivel pela construgio seria o estaleiro da em= presa coreana SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES. Para lograr seus objetivos, JULIO CAMARGO, ainda no ano de 2005, agindo como representante (broke) da SAMSUNG, pro onda “6 um navio projetado para a perfuragio de pogos submari- nos. Sua torre de perfuragio localiza-se no centro do navi, onde uma abettura no casco permite a passagem da coluna de perfuragio. © sistema de posicionamento do navio-sonda, composto por sensores aciisticos, pro- pubores € computadores, anula os efeitos do vento, ondas € correntes que rendem a deslocar © navio de sua posigio”. Disponivel em http://pt.wiki pedia.org/wiki/ Plataforma_petrol¥C3%A Dfera. Acesso em 21.08.2015. 12[GLIO CAMARGO ji era representante da empresa TOYO, sécia da MITSUI, 2240 pela qual foi procarado por aquela empresa. 13 de 85 POR Deniincia Ingquérito y" 3983 curou © lobista FERNANDO SOARES (conhecido como FER- NANDO “BAIANO”), para apurar o interesse da PETROBRAS na parceria com a MITSUI na referida sonda: FERNANDO SOARES foi procurado justamente por ser conhecido “intermediirio” da Diretoria Internacional” e pelo “bom trinsito e relacionamento” e pelo “compromisso de confi- anga’" que possuia com o diretor da area internacional da PE~ TROBRAS na época, NESTOR CERVERO. Inclusive, ambos possufam amizade intima.'® O intuito era facilitar a contratagio da empresa SAMSUNG para a construgio do navio-sonda, sem qual- quer procedimento licitatério, Deve-se destacar que era sistemé- tico 6 pagamento de propina na Diretoria Internacional.“ FERNANDO SOARES, sempre representando os interesses do PMDB," iais especificamente do denunciado EDUARDO laracdes Complementar n, 2 de JULIO CAMARGO — Doc. 9 - € termo de depoimento de PAULO ROBERTO COSTA no Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 188, TERMO1, Pagina 26. 14.Cf. Termo de Colaboragio n. 04 de JULIO CAMARGO — Doc. 1 em anexo 3 presente dentincia 15 Segundo Termo de Declaragdes Complementar n, 01 de PAULO RO- BERTO COSTA (tomado 11.02.2015) ~ Doc. 44 om anexo 4 presente Itimo afirma que foi NESTOR CERVERO quem o apresentou a FERNANDO SOARES, em 2006. No mesmo sentido, termo de depoimento de PAULO ROBERTO COSTA perante a 13°Va Federal (Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 188, TERMOI, Pigina 2). Por fim, entre fevereiro de 2004 a janciro de 2008, FERNANDO SOARES visitow CERVERO por 72. vezes na PETRO- BRAS (Cf. Auditoria R-02.£,003/2015, em especial p. 11, feita pela PE- TROBRAS ~ Doc. 12 em anexo 4 presente dentinéia) 16 Ouvido em juizo, JULIO CAMARGO afirmou que o pagamento de pro~ pinas era sistemético no Ambito da PETROBRAS (Processo. 5083838- 59.2014.4.04.7000/PR, Evento 430, DESPADECI, Piginal) 17 Cf. interrogatério de ALBERTO YOUSSEF no Processo 5083838- dentin: 14 de 85 por, Dentineis tnquérite aw” 3983 CUNHA" ¢ wmbém de NESTOR CERVERO, solicitou, aceitou promessa ¢ recebeu vantagens indevidas em proveito dos trés, be- neficiarios tiltimos ao menos de parte dos valores indevidos.”” Ao contatar FERNANDO SOARES, JULIO CAMARGO propés uma “parceria” para o desenvolvimento desse_projeto, sendo que FERNANDO afirmou que verificaria, no prazo de 72 horas, o interesse da PETROBRAS.” No prazo mencionado, FERNANDO SOARES confirmou © interesse da Diretoria Internacional — miais especificamente com 59.2014.4.04,7000/ PR, Evento 415, TERMO| 18 Nesse sentido, ALBERTO YOUSSEF afirmou que “FERNANDO SOA- RES representava 0 deputado EDUARDO CUNHA, do PMDB” (Proceso 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 415, TERMOI, Pi gina 14). Também JULIO CAMARGO afiemou que FERNANDO SO. ARES atuava em nome do PMDB ¢, dentre outros, de EDUARDO. CUNHA. Cf Termo de Declaragées Complementar n. 1 de JULIO CA- MARGO (Doe. 8 em anexo 4 presente dentincia). Em juizo, nos autos 5083838-59.2014.4.04.700, Evento 553, perante a 13* Vara Federal de tiba/PR, em audiéncia ocorrida no dia 16/07/2015, JULIO CA- MARGO afirmou que EDUARDO CUNHA “era “sécio oculto” de FERNANDO SOARES (Doc. 3 em anexo 4 presente dendincia) 19 Embora EDUARDO CUNHA tenia negado o fato perante seus pares, no ha dividas de que FERNANDO SOARES representou os interesses de EDUARDO CUNHA na obtengio de valores espiitios provenientes da PETROBRAS, conforme seri visto. Perante a CPI da PETROBRAS, EDUARDO CUNHA afitmou: “Delegado Waldir, estou dizendo para V.Exa., clara ¢ textualmente, as coisas bem concretas: 0 Sr. Fernando Soares nio representa 0 PMDB ¢ nao me representa; nio tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que nio seja a conta que esta declarada no meu Imposto de Renda; ¢ nio recebi qualquer vant: ilicity ou qualquer vantagem com relagio a qualquer naturcza vind desse proceso”. (CPI da PETROBRAS, Audiéncia Péblica, REUNIAO. No: 0074/15, DATA: 12/03/2015, Notas taquigrificas, p. 26 — Doc. 7 em liente-se que EDUARDO CUNHA expressamente negou interesse em ser interogude no inguérito que instraiu a presente impuitagio (fls. 220 e petigao de fls. 292/294) 20Cf. Termo de £ agdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO. (Doc. 9 em anexo i presente demincia). anexo 4 presente dentincia 15 de 85, PER Dendincia Inquérivo nw” 3983 NESTOR CERVERO ~ na sonda para 4guas profimdas na Africa € comunicou o fato a JULIO CAMARGO. A PETROBRAS aceitou nio apenas a sociedade com a MITSUI, mas também a SAMSUNG como construtora do navio. couse uma reuniio no gabinete de NESTOR CERVERO, na sede da PE- TROBRAS, no Rio de Jani As reunides se iniciam em junho de 2005. Ver ro, em 10 de junho de 2005, que contou com a presenga do proprio NESTOR CERVERO, do en- tio g cionais da estatal, LUIS CARLOS MOREIRA DA SILVA, de nte executivo para desenvolvimento de negécios interna~ pessoas ligadas 1 SAMSUNG e 4 MITSUI, assim como de FER- NANDO SOARES ¢ JULIO CAMARGO Nessa reunido, di 21 LUIS CARLOS MOREIRA DA SILVA, subordinado de NESTOR CERVERG, foi subscritor dos dois memorandos de entendimentos para investimento na construgio do navio-sonda~ PETROBRAS10000, conforme seri adiante descrito. 22 Esta reuniio consta da agenda eletrénica de NESTOR CERVERO e foi agendada _(Process05083838-59.2014.4.04.7000/PR, evento 396 = OUTI4 ~ pagina 04) tendo como assunto: “Reuniio ¢/Mitsui Brasileira Imp.c Exportagio ~ Sts. Kenta Hori, Rogério Soares Leite, Shunsuke Murai e Jilio Camargo. Ass.: Projeto Tamazunchale, Alianga entre PB & Mitsui ¢ Outros Projetos.” Acontece que essa reunito no conto apenss com a presenga de NESTOR CERVERO e representantes da MITSUI, mas também de FERNANDO SOARES ¢ JULIO CAMARGO, que estavai PETROBRAS no mesmo hoxirio, conforme aponta 0 relatério de acessos fornecido pela PETROBRAS para o dia 10 de junho de 2005 (anexo XV da Auditorin R-02.E.003/2015, p. 10 - Doc. 12 em anexo di presente deniincia). Da mesma forma, segundo a mesma Audito da Petrobras, consta reuniio na referida data (10 de junho de 2005) entre NESTOR CERVERO, FERNANDO ANTONIO FALCAO SOARES (epresentando a empresa IBERBRAS) e JULIO CAMARGO (pela MITSU) 10 de 85, POR Dentincia Luquérito wn” 4983 finiu-se o interesse de todas as partes envolvidas no negécio, assitn como foram ctiados dois grupos de trabalho. eguiram-se reunides, inclusive, para assinatura do Meinoran- dun of Undestanding* (MoU) com a SAMSUNG para tratar do tema em 02 de agosto de 2005. Em 12 de janeiro de 2006 ¢ em 24 de fevereiro de 2006 houve a assinatura do 1° ¢ do 2° "Memorandum of Undestanding* (MoU) de cariter nfo vineulante 23.Um para tratar das questées do consércio entre a PETROBRAS ¢ a MITSUL € 6 outro para questdes técnicas referentes i construgio do navio pela SAMSUNG ¢ posterior venda para 0 consércio. Nesse sentido, Termo de Declaragdes Complementar n, 2 de JULIO CAMARGO (Doc. 9 em anexo a presente dentincia). Entre junho de 2005 e abril de 2006, fincionirios da equipe técnica da Area internacional, sob a determinagio expressa de NESTOR CERVERO, passaram a acertar os detalhes: do navio-sonda ¢ os instrumentos contratuais necessarios pa investimento conjunto. O objetivo era verificar a adequagio da contra com © planejamento estratégico da companbia, tealizando estucos que indicassem a necessidade daqucla embarcagio para o desenvolvimento do plano de negécios da estatal, Portanto, a PETROBRAS somente iniciou os estudos para aferir a necessidade de contrat sido procurada pelas empresas estrangeitas, 0 governanga: 24Em 02 de agosto de 2005 houve reuniio com NESTOR CERVERO, combinada em 26 de julho de 2005, para assinatura do Memorandum of Undestanding* (MoU) da SAMSUNG, com a presenga de varios esentantes da empresa ¢ da PETROBRAS (Proceso 5083838- 59.2014.4.04.7000/PR, Evento 396, OUT14, Pigina 16). Em 26 de outubro de 2005 a MITSUI contata oficialmerite a ‘rea Internacional para desenvolver em conjunto projeto de construgio de um navio-sonda, com vaga (siot) em estaleiro para entrega em junho de 2009.A auditoria da PETROBRAS (Anexo | do Doc. 12 em anexo a presente dentin constatou que nesse dia (26 de outubro de 2005), um representante da MITSUI enviou e-niaif a Nilo Duarte, gerente de engenharia de pogo da rea internacional, agendando com empregados da irea de exploragio e producio da DINTER reuniio sobre “possibilidades de adiantar tratativas com a MITSUI, como por exemplo, simulagio de cenitios para unr potencial contratagio” (destacamos). Em O1 de novembro 2005 houve hova teuniio de CERVERO com os diretores da MITSUI de Toquio ¢ do. Brasil (Autos 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 396, OUTI4, igina 17), io dos navios-sonda apés ter We contraria as regeas de boa 17 de 85 PGR Demineis Inquérito 9 2983 ("Non-binding”) agora entre MITSUI © PETROBRAS, inclusive estabelecendo cronograma para oferecimento, pela MITSUI, da proposta de neydcio © sua respectiva apreciagio pela PETRO- BRAS.” Apés outras reunides®, em 31 de marco de 2006, 2 SAM- SUNG/MITSUI apresentou sua proposta técnica 4. PETRO- BRAS. Nessa data é elaborado um Letter of Intent (Lol)~ uma carta de intengdes. Somente em 13 de abril de 2006 - aproximadamente um ano apés inicio das tratativas com a MITSUL e SAMSUNG -, a Diretoria Executiva da PETROBRAS emitiu-a necessaria aprova~ TOR CERVERO, da assinatura Gio, sob a recomendagio de N da Leiter of Intent (Lol) para a construgo do navio-sonda para ex- ploragio em aguas profindas, conforme Ata DE 4579.” Até entio, Z xo A presente 25 Anexo III da Auditoria da PETROBRAS (Doc. 12 dendncia) 26m 01 de fevereiro de 2006 houve teunitio de NESTOR CERVERO, JULIO CAMARGO ¢ INAGAKI, da MITSUI (Proceso 5083838- 59.2014.4.04.7000/PR, Evento 396, OUTI4, Pigina 19), Em 21 de feverciro de 2006 houve nova reunito, agora com a Comitiva do Japio da MITSUI, pata tratar do tema “Sonda de Perfura 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 396, OUT14, Pagina 20) 27 A aprovagio se deu com base em documento interno da PETROBR, datado de 07 de abril de 2006, com solicita 4 Diretoria considerar a construgio de um navio sonda voltado para operagdes da Area Internacional em Jguas ultraprofundas, com inicio do operagio programado para junho de 2009. © navi sonda seria de propriedade cle uma SPC ("Special Purpose Company" estabeleciaa no exterior, provavelmente em conjunto com a Mititi & Co., Led.. A SP contrataria um Operador quilificado e prestaria servicos de perfuragio & Petrobras de forma exclusiva, Adicionalmente, 0 acordo potencial com a Mitsui oferece um adequado grau de flexibilidade operacional e financeito para a Petrobras”. O documento considerava, ainda, a necessidade de pelo menos duas sondas nos proximos cinco anos ¢ seis io” (Proceso seguinte sintese:“O DINTER ondas nos proximos 18 de 85 POR Deniineia Inquérive w 3983 Portanto, toda a negociagio conduzida pela Diretoria Internacio~ nal foi feita sem a imprescindivel autorizagio prévia da Diretoria Executiva da PETROBRAS. Importante apontar que no mesmo dia 13 de abril de 2006 ~ data em que houve a aprovacio pela Diretoria Executiva do Letter of Intent (Lol) para construgio do navio-sonda ~, NESTOR, CERVERO recebeu longa visita de FERNANDO SOARE com quem ficou das 10 horas até aproximadamente as 16 horas." Em 14 de abril de 2006 ha a assinatura da Letier Of Intent (Lol) ~ Carta de Intengdes ~ com a SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES (SH1), pelo valor de US$ 551.000.000,00, na qual a SAMSUNG afirmou sua pretensio em construir, entregar ¢ vender 0 navio- sonda 4 PETROBRAS (shipbuilding contract), sendo 6 documento assinado por NESTOR CERVERO, como representante da PE: TROBRAS.” 4 dez anos e previa que 0 mercado de sondas par tendéncia estivel ou de alta a curto, médio ou longo prazos. Asseverava, ainda, que havia previsio de economia de cerca de US$ 100 milhdes de dilares, se comparado com alternativa de aftetamento direto. Referielo documento foi assinado pelo. Gerente Executive LUIZ CARLOS MOREIRA DA SILVA, subordinado de CERVERO, ¢ consta dos autos do Proceso 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 156, OUTS 28 CE Auditoria R-02.E.003/2015, p. 10, feita pela PETROBRAS em reli- Ho a0 processo de contratagio ¢ execugie da referida sonda (Doc. 12 em anexo & presente denincia) 29 Anexo IV ao Relatorio de auditoria da PETROBRAS (Doe. 12 em anexo & presente deniincia). Referida carta de intengdes foi assinada por NESTOR CERVERO. Na ocasiio, a PETROBRAS (PIBBV) realizou 0 Pagamtento de um depésito inicial (“reservation fee") de US$ 10,000,000,00 4 SAMSUNG para reserva do estaleiro, 30. C6pia constante dos autos do Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Byento 156, OUT7. A tradugio deste documento consta do Doc. 14, em anexo 3 presente dentineia, as ultraprofumdas teria 19 de 85 PGR, Denineia Inquérite n° 3983 Pouco antes de estarem acertados os detalhes técnicos para a construgio do navio-sonda ¢ finalizada a negociagio comercial — ow scja, aproximadamente entre janeiro e abril de 2006 — FER NANDO SOARES reuniu-se com JOLIO CAMARGO, pois “preci ia estabelecer os valores” e@ os “termos de nossa 'parceria’.*! Em outras alavras, deveriam fixar o valor da propina a ser paga, Nessa oportunidade, FERNANDO SOARES, representando sempre os interesses de NESTOR CERVERO e de EDUARDO CUNHA, afirmou: “JULIO, quero receber por esta parceria a quantia de US$ 15 milhies de délares.” Assim, a quantia de US$ 15.000.000,00 (quinze milhdes de délares) foi solicitada para que FERNANDO SOARES “'pudesse concluir a negociagio em bom éxito! junto @ Diretoria Internacional” Ainda afirmou a JULIO CA- MARGO que, certamente, com o pagamento deste valor, “nds va~ mos ter sucesso”.* Nada obstante as tentativas, FERNANDO. SOARES foi inflexivel em relago ao valor, falando para JULIO CAMARGO: “JULIO, cuida da sua parte que en cuido da minha, ew civido da area internacional” Py 31 Neste sentido, cf. Termo de Declaragdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doc. 9). 32Termo de Declaragées C %, 33 CE Termo de Colaboracio n. 4 ¢ Termo de Declaragdes Complem 2, ambos de JULIO CAMARGO (Doc. 1 ¢ Doc. 9, ambos em presente deniincia) i 34CE. Termo de Declaragées Complementar n, 2 de JULIO CAMARGO 9). mplementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doc. no de Declaragdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doe. 9), 20 de 85 PGR, Dendncia fnquériee u® 3983 Para o pagamento da propina, JULIO CAMARGO logrou aumentar a sua comissio pela intermediagio do contrato com a SAMSUNG para o valor de USS 20.000.000,00 (e nio mais US$ 15.000.000,00, como sinalizado anteriormente). JULIO C MARGO, entio, anuiu com o valor proposto por FERNANDO SOARES, oferecendo © pagamento dos US$ 15.000.000,00. soli- citados, como inica forma de fechar 0 negécio.* Apés reunides de CERVERO com representantes da MIT SUI ¢ da SAMSUNG”, foi apresentado, no dia 07 de julho de 2006, © resultado final das negociagdes entre PETROBRAS ¢ MITSUI/SAMSUNG.™ Interessante apontar que, conforme s 36 CF Termo de Declaragdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doc. 9 em anexo 4 presente denéincia) 37 Houve reuniio. dos representantes da MITSUI com NESTOR. CER. VERO, em 26 de maio de 2006, para tratar de sondas de perfuragio {Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 396, OUTI4, Pigina 22). Em 05 de junho de 2006 honve reuniio com representantes da SAMSUNG ~ dentte eles 0 Vice-Presidente HARRIS LEE ~ ¢ da MIT- SUI, para tratar de navio de perfuragio (Driling Ship) (Process 5083838- 59.2014.4.04.7000/PR, Evento 396, OUTI4, Pagina 26), Em 28 de ju nho de 2006 houve nova visita “de cortesia” dos representantes da MIT- SUI brasileira ¢ jeponesa, para tratar de sonda’ (drilling rig (Processo 5083838-59,201 4.4.04.7000/PR, Evento 396, OUT 14, Pagina 28) 38 Realmente, neste dia 07 de julho de 2006, a Unidade Internacional de Desenvolvimento de Negécios - INTER-DN, sob ditegio de NESTOR CERVERO, claborou 0 Documento Interne — DIP 150/2006 (anexo VI da Auditoria da PETROBRAS, constante do Doc, 12 em anexo 4 presente dentincia), que apresentou ao colegiado executivo da estatal o resultado f- nal das negociagSes entre a PETROBRAS ¢ a MITSUI/SAMSUNG, soli- citindo aprovagio de contrato de construgio do navio-sonda com o extileiro SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES, assim como outras ques es relacionadas (Proceso 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 156, OUTS). Nessa mesma data foi elborado parecer da geréncia executiva concluindo que as condigées juridicas seriam satisfatorias (Proceso 5083838-59.2014 4.04.7000/PR, Evento 156, OUTI3) 21 de 85 PGR Dentineia Inquérito w W983 visto, nesse mesmo dia 07 de julho foi assinado 0 contrato de co- missionamento de JULIO CAMARGO com a SAMSUNG. Em 13 de julho 2006, conforme extrato da ata da reuniio realizada da Diretoria Executiva (Ata DE 4.595), NESTOR CER. VERO sugeriu, submeteu ¢ teve aprovada pela referida Diretoria a estrutura da sociedade com a MITSUP”, bem como a recomen- dacio para que a empresa PETROBRAS International Braspetro B.V., empresa subsidiéria da PETROBRAS, celebrasse 0 contrato para a construgio do navio-sonda (Ship Building Contract - SBC) com a empresa SAMSUNG, conforme acordado com JULIO CAMARGO, pelo valor de US$ 586.000.000,00. Confira-se 0 trecho da ata: assunto a seguir, transcrito na integra: “UNIDADE. INTERNACIONAL | DESENVOLVIMENTO DE NEGOCIOS, (INTER-DN) - Construgado de Navio Sonda | Para Exploragao em Aguas Ultra Profundas_(DIP-INTER-DN-150/2006, de 7-7- 2008), - O-Diretor NEStor Cunat Cerveré submeteu a Diretoria Executtvere-matéria da | feleréncia, propondo: a) recomendar que a Petrobras International Braspetro B. | FIG BV celebre, em conjunto com a Japan Drillship Investment Co. Ltd., 0 contrat para constragac_canavio sonda "PETROBRAS-10000" com o-estaleins-Sdmsung | Heavy Industries Co., Ltd. na Corgia, no valor total de US$586.000.000,00, nos termos do subpardgrafo 4.4 do DIP em aprego, sendo de 50% a participagao de cada | Companhia; b) aprovar a emissao de Carta de Garantia Corporativa Financeira em | Da reuniio da Diretoria Executiva participaram os entio di- retores Guilherme Estrella, Ildo Luis Sauter, NESTOR CERVERO, ¢ PAULO ROBERTO COSTA“. LI 39.0 “Participation Agreement” entre PIB BV e Mitsui (50%-50%), com a incorporagio de uma Sociedade de Propésito Especifico (SPC) na Ho- Landa (P&M Drilling Ineernational B.V,~ P&M DI). 40 PAULO ROBERTO COSTA jé afirmou que, em outro caso, recebeu propinas para nio interferir nos negécias ilicitos conduzidos pela Diretoria Internacional ¢ pelo diretor NESTOR CERVERO, embors nao haja ele- de 85 Por Deniincia Inquérite w” 3983 Exatamente no dia seguinte 4 aprovagio pela Diretoria Exe- cutiva, conforme ji “planejado”, no dia 14 de julho de 2006, sexta-feira, foi firmado o respectivo contrato entre a PETRO- BRAS INTERNATIONAL BRASPETRO BV e JAPAN DRILLSHIP INVESTMENT CO. LTDA (subsidiaria da MIT- SUI) com a SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES CO. LTDA, para a construgio do navio-sonda, no valor de US$ 586.000.000. Também se logrou estabelecer os termos da parceria entre PE- TROBRAS e MITSUI, exatamente nos moldes acertados. Houve inclusive ceriménia na PETROBRAS para assinatura, com partici pacio dos altos executivos das empresas cnvolvidas."” No dia 07 de julho de 2006, uma semana antes da aprova~ cio da compra pela diretoria executiva da PETROBRAS ~ que ocorreu no dia 13 de julho de 2006 —, mas j4 com a certeza de que © contrato seria aprovado”, JULIO CAMARGO, por meio a PIEMONTE EMPREENDIMENTOS LTDA, de sua empr mentos que comprovem que tenha recebido vantagens indevidas em rel io A presente imputagio. 41 Conforme — const 5083838-59.2014.4.04,7000/PR, Evento 396, OUTH,p.30. 42.A aprovacio da celebrag3o do contrato com a SAMSUNG/MITSUI era tio certa que DEMARCO EPIFANIO — Gerente Geral da Area nterna~ cional = no dia 5 de julho de 2006 ~ ou seja, oito dias antes da aprova~ cio pela Diretoria Executiva -, enviou e-mail ‘para LUIZ CARLOS MOREIRA DA SILVA, Getente Executivo da Area Internacional, afir~ mando que ava prevista para o dia 13 de julho a apreciagio da Dircto~ Exccutiva © que a assinatura do instrumento contratual ocorreria no dia seguinte, em 14 de julho de 2006 (Processo5083838- 59,201 4.4.04.7000/PR, Evento 396, OUTH, Pagina 32). Apés a funcio- naria perguntar a NESTOR CERVERO se MOREIRA havia conversado com ele, CERVERO afirmou: “O Moreira ja falou, vas assinar na 6" pela manha” (Proceso 5083838-59.2014.4.04.7000/ PR, Evento 396, OUTI4, P32) 23 dle 85 PGR Dendineia Inquérita n° 3988 firmou contrato de consultoria com a mpresa SAMSUNG HE- AVY INDUSTRIES CO. LTD.® Por meio do referido contrato de consultoria, a SAMS JING comprometeu-se a pagar o valor total de US$ 20.000.000,00 pela intermediagio do negécio (“Commission Agreement”) em relagio nente consta do “Commis- 4 primeira sonda.** Conforme expre sion Agreement”, os valores deveriam ser pagos pela SAMSUNG na conta n° 2009071 da offshore PIEMONT. INVESTMENT CORP. no Banco Winterbothan Trust Company Limited., no Uruguai, O valor seria recebido pelos seus “esforgos em induzir contribuir” para 0 contrato de construgio n. 1727, entre SAM- SUNG e PETROBRAS INTERNACIONAL BRASPETRO BY, juntamente com JAPAN DRILLSHIP INVESTMENT CO. LTD. Jé estava acertado que JULIO CAMARGO repassar FERNANDO SOARES a propina no exterior, i medida que re- cebesse 05 comissionamentos da SAMSUNG, 0 que efetivamente ocorren, por meio de transferéncias internacionais, conforme sera descrito abaixo, FERNANDO SOARES, entio, se encarregaria de dividir e transferir os valores devidos aos demais in sgrantes do es- quema, \ue-se, conforme visto, que 0 contrato € firmado no mesmo dia - 07 de julho de 2006 - em que a Unidade Internacional de Desenvalvi- mento de Negécios ~ INTER-DN sugeriu a aprovagio do contrato com a SAMSUNG para a Diretoria Executiva 44 Item 22 do Auto de apreensio de JULIO ©. 6 em anexo a presente deniincia).A tradu 4 presente dentincia MARGO, p. 66-69 (CE. Doe. consta do Doc. 14, em anexo 24 de 85 PGR Dendineis Inquérito uw 3988 Os valores da comissio da SAMSUNG deveriam ser pagos em ts parcelas, de US$ 6.250.000,00 (que foi paga em 8 de se~ tembro de 2006), de US$ 7.500.000,00 (que foi paga em 31 de margo de 2007) e US$ 6.250.000,000 (que seria paga quando da entrega da sonda) © pagamento das propinas transcorreu normalmente até a entrega do navio, ocorrida em 30 de julho de 2009. No entanto, a Giltima parcela do contrato de comissionamento acabou io sendo paga pela SAMSUNG 4 PIEMONTE EMPREENDI- MENTOS, pela suposta falta de cumprimento das condigées con- tratuais, dando origem a uma disputa arbitral em Londres, inclusive, 4 cessagio temporaria do pagamento da propina Em razio da cessagio do pagamento da propina, FER- NANDO SOARES acionou o denunciado EDUARDO CU- NHA, que passou a atuar perante 0 Congtesso, com a participagio de SOLANGE ALMEIDA, para pressionar 0 retorno do paga- mento da propina, conforme sera visto a seguir. Por fim, deve-se destacar que Auditoria feita pela PETRO- BRAS sobre 0 proceso de aquisi¢io do referido navio-sonda ve- rificou diversas irregularidades, entre clas: (i) necessidade de contratagio suportada por estudo baseado em premissas otimistas ¢ sem 0 embasamento em dados geolégicos ou negécios firm: previsdes, inclusive, que no se realizaram"; (ji) falta de processol 45CE. depoimento em juizo do auditor PAULO RANGEL (Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 513 ~ TERMOD). Inclusive, 0 navio-sonda PETROBRAS 10000 perfurou trés pogos secos em Angola - pais em que foi inicialmente designado - ¢ depois teve de ser realocado 25 de 85 PGR Denticia Inquérivo w* 398% competitive para suportar a escolha do estaleiro SAMSUNG para construgio do referide navio-sonda, sem qualquer selecio de pro- postas"® ~ e sem negociacio efetiva das condigdes comerciais inici- ais, que partiram da MITSUI/SAMSUNG, no existindo discussio real do prego (tanto assim que houve reajuste de 3% ~ US$ 19.000,000,00 ~ no. prego de construgio do navio PE’ 10000 pela SAMSUNG, TROBRAS m indicagio de qualquer objegio ou questionamento pela Area Internacional); (jii) elevada e indevida autonomia da Area Internacional, em especial representada pelo recebimento de propostas, negociagdes ¢ assinaturas de memoran= dos de entendimento sem prévia autorizagio da Diretoria Execu- Gva, conforme era necessirio”, além de outras irregularidades."* 3.2. Do segundo navio-sonda (VITORIA 10000) Cerca de trés meses aps concluido primeito negécio — ou seja, por volta de setembro/outubro de 2006 — FERNANDO SOARES procurou JULIO CAMARGO e informou sobre 0 in- teresse da PETROBRAS em adquirir um novo navio-sonda, agora J. para 0 Golfo do México. Nessa oportunidade, porém, a PETRO+ para operar no Brasil, tendo ficado ocioso por algum tempo. 4OCE depoimento em juizo do auditor PAULO RANGEL (Proceso 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 313 -TERMO1), 47 Conforme visto, constatou-se auséncia de autorizagio formal da Diretoria Executiva para as negociagdes realizadas previamente com a MITSUI. antecedendo a0 MoU de 12 de janeiro de 2006, embora j correspondéncias trimestre de 2005 48 Alem disso, foram constatadas pela contrato de operacionalizagio (leasing © affetamento) do referide navio~ sonia, que no sio pertinentes ao fato ort imputado. houvese Fesentacdo de propostas da MITSUI desde o tiltimo auditoria outras irregularidades no 26 de 85 PGR Dentintcia Inquérito n” 3983 BRAS no tinha mais interesse em realizar a parceria com a MIT- SUL, embora aceitasse 2 SAMSUNG como construtora também dessa sonda.” Inicia-se, assim, 0 segundo procedimento de so- licitag%o, aceitagio de promessa e recebimento de vanta- gem indevida, agora referente ao navio-sonda VITORIA 10000, para o Golfo do México. FERNANDO SOARES, mais uma vez representando os in~ teresses de NESTOR CERVERO e do denunciado EDUARDO CUNHA, entabulou negociagio com JULIO CAMARGO «, desta vez ja no inicio das negociagdes, solicitou, apenas para este segundo navio-sonda, 0 pagamento de propina no montante de US$ 25.000.000,00 (¢ nio mais de US# 15.000.000,00, como su cedeu na primeiza tansagdo).” Houve, inclusive, reunides entre CERVERO, JULIO CAMARGO e FERNANDO SOARES na sede da PETROBRAS no periado.** W/ 49CE Termo de Declaragées Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO. (Doc. 9 em anexo A presente dentincia} mentado pois, segundo FERNANDO SOA- RES, os custos do novo contrato seriam menores para a emprest SAM~ SUNG por se tratar de navio-sonda semethante a0 anterior. CFTermo de Declaragées Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doc. 9 em anexo 3 presente deniincia) : 51 Houve reunides de NESTOR CERVERO com JULIO CAMARGO ¢ com FERNANDO SOARES, na PETROBRAS, em 14 de setembro de 2006 (neste dia, FERNANDO SOARES entrou ¢ sain da PETRO- BRAS, para visitar CERVERO, por sete vezes, entre 11h09min e 18h41~ min, ef, Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 396, OUT34 p. 6) © 25 de setembro de 2006, em horirios diferentes. No dia 13 de novembro de 2006, porém, os és se refnem na PETROBRAS no mesmo horirio, ef, Auditoria R-02.F,003/2015, p. 10 (Doc. 12 em anexo 4 prese ), feita pela PETROBRAS em relacio ao processo de contratagio e execucio da referida sonda, No dia seguinte, em 14 de no- vembro de 2006 hi nova reuniio de NESTOR-CERVERO, agora com 50 0 valor da propina foi ce dentin, 27 de 85 Par. Denineis Inquérito u” JULIO CAMARGO levou, entio, a questio até o represen- tante da SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES CO., conseguindo aumentar 6 montante da comissio. O valor total das comissdes para JULIO CAMARGO, pelos dois navios-sonda, passou a ser US$ 53.000.000,00, sendo US$ 40.000.000,00 a titulo de pro- pina pelos dois navios-sonda.” Assim, estabeleceu-se 0 valor de US$ 25.000.000,00 como ame- propina apenas pelo segundo contrato, valor este a ser pag a em- dida que as comissdes fossem pagas pe SAMSUNG pa presa PIEMONTE, de JULIO CAMARGO, O destinatirio final dos valores mais uma vez eram, pelo menos, 0 proprio PER NANDO SOARES, o entio Diretor da Area Internacional NES- TOR CERVERO ¢ 0 denunciado EDUARDO CUNHA. Acertado 0 valor da propina, NESTOR CERVERO tomou providéncias para viabilizar a aquisigio do segundo navio-sonda (‘navio-sonda VITORIA 10000), nos moldes acertados. Em 13 de dezembro de 2006 houve carta da SAMSUNG ofertando 1 vaga (slot) para construgio de um 2° navio-sonda, sendo a proposta apresentada no valor de USD 616.000.000.** Em 15 de janeiro de 2007, o gerente executivo para desen~ volvimento de negécios da drea internacional, LUIS CARLOS representantes da MITSUI do Japiio e do Brasil, com o intuito de “discutir virios projetos da Mitsui” (Proceso 5083838-$9.2014.4.04.7000/PR Evento 396, OUTI4, Pigina 41) 52 Neste sentido, cf. Teemo de Declaragdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doc. 9 em anexo a presente deniincia), 53 Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 157, OUT. 28 de 85 POR Dentineia faquérite »° 3983 MOREIRA DA SILVA, sob a chancela do diretor NESTOR. CERVERO, encaminhou 3 Diretoria Executiva documento solici tando considerar a construgio de um segundo navio-sonda vol- tado para as operagdes da Area Internacional em aguas ultraprofundas, com inicio de operag%o programada para junho de 2010, a ser construido no estaleiro SAMSUNG HEAVY INDUS- TRAES, “visando uma economia de escala e vantagens operacio~ nais no gerenciamento de unidades gémeas”. Interessante apontar que, mesmo se afirmando na justificativa da aquisigio dese navio- sonda que a operacio traria economia para a PETROBRAS, o va~ lor do novo navio é 5% superior ao do primeiro, sendo certo tam bém que nio houve praticamente nenhuma negociagio sobre 0 prego. Em 18 de janeiro de 2007 (cf. Ata de 4624) foi aprovada a Letter of Intent da PETROBRAS OIL AND GAS B.V. com o esta leiro SAMSUNG, que foi firmada em 26 de janeiro de 2007, pelo Diretor NESTOR CERVERO™ Nesse mesmo dia, FER- NANDO SOARES esteve por bastante tempo na PETROBRAS, em visita a CERVERO.” Em 05 de margo de 2007 o gerente executivo LUIS CAR- LOS MOREIRA DA SILVA encaminhou documento sobre o re~ 54 Proceso 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 157, OUTS. 55 Realmente, em 26 de janeito de 2007, FERNANDO SOARES pasou Praticamente © dia inteiro em visita ao acusado NESTOR CERVERO, subscritor do documento, conforme atesta 0 relatérie de visitas trazido pela auditoria (anexo XV da Auditoria da PETROBRAS ~ Doe. 12 em anexo 3 presente deniincia). FERNANDO SOARES entrou is 15h15: € 86 saiu as 21h33niin do prédio da estatal, provavelmente estando presente atura do referido documento. no horirio da ass 29 de 85 PGR Demineis Inquérito uw” 3983 TOR CERVERO.* 06 de margo de 2007 houve reuniio entre JULIO CA- sultado final das negociagSes ao diretor N No di: MARGO e NESTOR CERVERO.” No dia 08 de marco de 2007, conforme extrato da ata da reuniio realizada (Ata Diretoria Executiva 4.632)", novamente NESTOR CERVERO submet teve aprovada pela Diretoria Executiva a recomendagio para que a empresa PETROBRAS Oil & Gas B.V. (PO&G), empresa subsidi- aria da PETROBRAS na época, celebrasse 0 contrato para a cons~ trugio do navio-sonda VITORIA 10000 com a empresa SAMSUNG, conforme anteriormente acordado com JULIO C MARGO, pelo valor total de US$ 616.000.000,00. Confira-se 0 trecho pertinente da a a YL 56 Documento intitulado DIP-INTER-DN 78/2007 - anexo XVIII da auditoria da PETROBRAS (Doc. 12 em anexo 3 presente dentincia) Neste documento, 0 Gerente Executive da Area Internacional, LUIZ CARLOS MOREIRA DA SILVA, subordinado a CERVERO, solicits 4 Diretoria Internacional considerar a construgio de um segundo navio- sonda voltido para operagdes em siguas profundas, mais uma vez a ser construido peli SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES, visando economia nto de unidades tv (uma vez que a S NG também era responsivel pela prim aquisigio). © valor do contrato seria de USD 616 milhdes de délares, 5% superior ao anterior, em razio. de “supostas melhorias introduzidas a0 projeto € a0 aquecimento do mercado de sondas”. Mais uma vez documento sugere a constragio sob a justificativa de que o sondas de esc icionais no gerencia reacloy aria aquecido e em Fazio das altas taxas de ocupagio. Af que haveria necessidade de pelo menos 2. sondas nos proximos cinco anos sondas nos proximos dez anos e que © projeto tr icios, economia de US$ 72 milhées quando co alternativa. de afretamento—direto.— (Proceso. -5083838- 59.2014.4.04.7000/PR, Evento 157, OUT! © Proceso 5083838- 59,201 4.4.04.7000/PR, Evento 157, OUT13) 57 Provesso 5083838-59.2014.4.04.7000/ER, 58 Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, entre outros Fado com a ento 396, OUTIS, Pagina 4 vento 157, OUTI3. 30 de 85 Denies buquerite nt! 39838 outros, sobre o assunto a seguir, transcrito ma integra: “UNIDADE | INTERNACIONAL DESENVOLVIMENTO DE NEGOCIOS (INTER-DN) - Contrato [de Construgao do Navio-Sonda PETROBRAS 10000 (DIP-INTER-DN-78/2007, de-5-3-2607}"- 0 Diret stor Nestor Cufiat Cerveré submeteu a Diretoria Exétutiva-a. imatériada_sefer€ncia, propondo: a) aprovar_a emissdo de Carla.de-Garanta |\Corporativa em favor da Samsung Heavy Industries Co. Ltd. conforme descrito no | |o) necemenda® que a Petrobras Oil and Gas B.V. - POG BV assine com oestaleiro |Samsung Heavy Industries Co. Ltd., o instrumento do contrato de construgao de um US$616.000.000,00, nos termas-do-subyaragrato 10.5 do DIP em paula, e d) determinar 40 Diretor da Area Internacional que, no Em 09 de marco de 2007, dia imediatamente seguinte 3 autorizagio pela Diretoria Executiva, da mesma forma como ocorreu na primeira aquisigio, foi formalizado © respective con- trato para a construgio do navio-sonda VITOR IA 10000.” No dia 21 de margo de 2007, foi formalizado o segundo contrato de comissio (Comission Agreement for the 2nd Drillship of Petrobras — Hull n. 1766) entre JOLIO CAMARGO, através de sua empresa PIEMONTE, EMPREENDIMENTOS LTDA., ¢ a empresa SAMSUNG HEAVY INDUSTRIES CO., LTD. O valor da comissio foi, conforme previsto, majorado para USS. 33.000.000,00, a fim de cobrir 0 custo da’ propina (de USS 25.000.000,00, dividida entre FERNANDO SOARES, NES- TOR CERVERO e o denunciado EDUARDO CUNHA, mais a “comissio” de JULIO CAMARGO no montante de US$ ie 59 Processo 5OR3838-59.201 4.4.04.7000/PR, Evento 157, OUT22 60 Tradugio deste documento consta do Doc, 14, em anexo i presente demincia 31 de 85, PGR, Deutineia Inquérito "3988 8.000.000,00). © valor seria pago em 4 parcelas: (i) US$ 10.230.000,00; (ii) US$ 12.375.000,00; (iii) US$ 4.000.000,00; (iv) US$ 6.395.000,00 (este dltimo quando da entrega do navio). Ape nas as trés primeiras parcelas foram pagas.“* A forma de pagamento das comisses e posterior repasse das propinas ocorreu de maneira em tudo semelhante ao primeito navio-sonda, com pagamentos no exterior, em contas indicadas por FERNANDO SOARES, conforme sera visto. © pagamento das propinas transcorreu_normalmente até a entrega do navio, ocorrida em 09 de julho de 2010 — aproxima- damente um ano apés a entrega do primeiro navio-sonda.® Em razio de problemas contratuais, a dltima parcela do contrato — US$ 6.395.000,00 — também nio foi paga pela SAMSUNG, dando inicio a uma disputa arbitral em Londres ¢ & paralisagio do pagamento da propina. 61 Cinco dias apés a celebragio do contrato de comisio - em 26 de margo de 2007 - NESTOR CERVERO recebeu a visita de JULIO CA- MARGO, representante da MITSUI e, logo de FERS NANDO SOARES. Cf Processo 5083838-59,2014.4,04.7000/PR, Evento 396, OUTI3, Pigina 3, 62 Mais uma vez, conforme expressann diagio, os valores foram pagos pela SAMSUNG na conta n® 2009071 ch affhow PIEMONT INVESTMENT CORP, no Banco Winterbothan, no Unuguai.A medida gue foram recebidos os pagimentos de comissio pela SAMSUNG para JULIO CAMARGO, ocorreram as transfert FERNANDO SOARES, em relagdo as duas sondas. 63 Antes ~ em 03 de jutho de 2007 - ¢ depois da entrega - em 11 de ju- Iho de 2007 ~ houve visitas a NESTOR CERVERO na PETROBRAS. por JULIO CAMARGO, juntamente com mais um representante da MITSUI ¢ outros dois representantes da SAMSUNG (CE. Auditoria R- 02.£.003/2015, p. 19, feita pela PETROBRAS em relagdo ao proceso de contratagio © execugio da referida sonda - Doc. 12 em anexo A presente dentincia). re constou do contrat de incerme- 32 de 85 PGR. Dentincia lnaucrite n” 3983 Ji citado anteriormence, em razio da cessagiio do pagamento da propina, FERNANDO SOARES acionou 0 denunciado EDUARDO CUNHA, que passou a atuar perante 0 Congresso, com a participagio de SOLANGE ALMEIDA, para pressionar 0 retorno do pa amento da propina Por fim, deve-se destacar que Auditoria feita pela PETRO- BRAS sobre o proceso de aquisigio do navio-sonda VITTORIA 10000 também apurou diversas irregularidades, similares as consta- tadas no primeiro navio-sonda, dentre outras, as seguintes™: (i) fra gil comprovagio da necessidade de contratar, pois se valeu do mesmo estude que justificou a contratagio da PETROBRAS 10000, sem estudos geoldgicos, resultando em idéntica fragilidade em relagio real demanda de pocos; (ii) condugio de negociagdes visando & contratagio sem prévia anuéncia da autoridade compe- tente, pois as negociagdes com o estaleiro e a escolha de parceiro foram feitas antes de autorizagio ¢ aprovagio da Diretoria Execu- tiva para o negécio, contrariando a regra geral adotada na compa- nnhia; (fi) falta de proceso competitivo para suportar a escolha do estaleiro SAMSUNG para construgio do referido navio-sonda — sem realizagio de processos competitivos para selecio da proposta, aceitando-se uma dnica proposta, sem comissio de negociagio Te G4 Nese sentido, Auditoria R-02.£,003/2015, em especial pp. 14/19, feita peh PETROBRAS em rel ata referidh sonda (Doe. 12 em anexo 3 presente dev tido, depoimento do auditor PAULO RANGEL, responsivel por elaborar a auditoria, perante a 13(Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, Evento 513 ~TERMO1). para escola do estaleiro inexisténcia de atas de reunifo que ev 10 a0 processo de contratagio € execugio da incia). No. mesmo set 33 de 85 PGR Dendneis tnquérita n? 3983 denciassem as negociagSes. Ademais, na exposi¢io de motivos que justificou 0 negécio, dentre as raz6es para a escolha do estaleiro es taria a suposta economia de escala na supervisio, racionalizagio na compra de equipamentos e estoques para ambas as unidades, bem como assinatura de contrato semelhante ao do Navio-sonda PE- TROBRAS 10000. Porém, nada obstante tal justificativa, 0 prego pactuado superava © do primeiro navio-sonda em 5%. 3.3. Dos pagamentos da propina Apés a entabulagio dos acordos e do acerto do valor das pro- pinas, inicia-se 0 seu pagamento, no valor total de US$ 40.000.000,00, referentes 3s duas sondas. Os pagamentos dos valo~ res totais da propina se iniciaram em 16 de setembro de 2006 — dois meses apés a aprovagiio do primeiro contrato - ¢ se estenderam até outubro de 2012. Conforme visto, JULIO CAMARGO recebeu os valores da SAMSUNG, por meio da conta no Uraguai (Banco Winterbo than), em nome da da offshore PIEMONTE INV. CORP. (“PIE- MONTE”). No total a SAMSUNG repassou, em cinco parcelas, entre 08 de setembro de 2006 e 28 de sctembro de 2007, a quantia total de US$ 40, 55.000,000.° Em segnida, os valores da propina 65 Ainda em relag3o 4 primeira sonda, a SAMSUNG pagow duas parcelas na conti da empresa offshore PIEMONTE INVESTMENT CORP, no Uruguai, sendo US$ 6.250.000,00 em 8 de setembro de 2006, ¢ US$ 7.500,000,00 em 31 de margo de 2007, nos exatos termos do contravo de comissio. Conforme visto, havia a previsio, ainda, de US$ 6.250.000,000 quando da entrega da sonda, p ocorreu, cm razio de disputay contratuais, No to gamento esse que nio ante a segunda sonda, a 34 de 85 POR, Dentineia Inquérite n” 3983 foram sendo repassados para contas no exterior de empresas offshore indicadas por FERNANDO SOARES, que se encarregou de repassar aos demais destinatérios, também mediante pagamentos no exterior. De inicio, foram identificadas 34 (trinta ¢ quatro) operagées, pelas quais JULIO CAMARGO transferiu o valor de US$ 14.564.6: FERNANDO SOARI 3,00 para diversas contas no exterior indicadas por de sua propriedade, sob © seu controle ou de terceiros indicados por ele. Os pagamentos no exterior se iniciaram em 13 de setembro de 2006 € continuaram normal- mente até junho de 2008. © valor foi pulverizado e fiacionado em diversos pagamen- tos. Discrimina-se no quadro abaixo as operagdes de pagamento desses US$ 14.317.083,00 realizadas a partir da conta n° 2009071 SAMSUNG efetuou os pagamentos (cmbém na conta da offshoy PIEMONTE INVESTMENT) dos valores de US$ 10.230.000,00, em 20 de abril de 2007, US$ 12.375.000,00 em 02 de julho de 2007 ¢ Us$ 4.000,000,00, em 28 de setembro de 2007. Destaque-se que em 03 de julho de 2007 (um dia depois do p ento da segunda parcela) NESTOR CERVERO tecebeu a visita de JULIO CAMARGO, representante da MITSUI e logo cm sequéncia FERNANDO SOARES. Em 11 de julho de 2007, houve visitas de JULIO CAMARGO. juntamente com mais um representante da MITSUI © outros dois representantes da SAMSUNG. 66 Neste sentide, PAULO ROBERTO COSTA confirmou que ja recebeu propinas por meio de FERNANDO SOARES, que as pagou em contas no exterior em outro caso, referente 3 compra da Refinaria de Passadena ¢ em telagio também a alguns contratos da Andrade Gutierrez (Processo. 5083838-59,2014.4.04.7000/PR, Evento 188, TERMO1, Pigina 3). Ademais, PAULO ROBERTO COSTA confirmou que foi com FERNANDO SOARES no exterior, para abrir uma conta em Liechtenstein (Processo 5083838-59.2014.4.04.7000/PR, BE) TERMOI, Pigina 5) uum Banco eto 188, 35 de 85 PGR, Dentineis Inquérito n° 3983 da offshore Piemont Investment Corp., no Banco Winterbothan, no Urnguai, de propriedade de JULIO CAMARGO, para as contas indicadas por FERNANDO SOARES, tr nsferéncias estas que tém_ correspondéncia nos respectivos extratos banca uanne a smwaisin loans ~ Hea seamen ta anos Winton Ts avian, Pons hse Comp? [CHA wd ain Ponvone Iman Comp | Sng aac wt Coep? | Gali Coup. oF New| 2h + oer Tt Cong = wea? 36 de 85 PGR, Deniineia Inquérito 9" 3983 src Tre Copy | Lanter = ARI Winey Tost Ganpuy| HSC = Canee/Aonane ~ aan? avon tawecnene Corp? | Waa noice ds Nope | aang TEMP Ine /Wacbois Hk Sm Waa Tne Conny stat = Accra Wines Tae Cony | Remade Hols He hve 37 de 85 PGR Dentineia Inquérito n® 3083 | fice = tne inonrraren 1 Sa ab Lg Sc how a = 7TH ey Hak = Hag RomyAc Wisin Toe rk = Mog Kop Ae Ls nc TOT terror Pomme ienere Cin? Aviom Goes Whelan tank | ABDI | ry Liesl = Assan ut Sis Ach rr ono taste Gop | eg sma ULF CHA =| Sanna 38 de 85 Par Dendineis Inquérita n* 3988 Em telagio a tais pagamentos, destaque-se que em 17 de ju- Tho de 2007 CERVERO recebeu a visita de representante do Banco Credit Suisse. Conforme visto, pouco. antes, no dia 29 de junho de 2007, houve transferéncia da quantia de US$ 200.000,00 da offshore Piamonte Investment Corp para a conta da FTP Sons Limited, justamente no Banco Credit Suisse — Zurich/ Account — 0835-920283-6. Importante destacar ainda que as autoridades suigas jt envia- ram documentagio demonstrando que a THREE LIONS ENERGY ETD (no Banco Clariden LEU Ltd ~ Zurich Iban — CH 95 0507 1026 0647 1200 0) era de propriedade de FER- NANDO SOARES" ¢, conforme visto, recebeu cerca de US$ 800.000,00 da conta da PIEMONTE INVESTMENT CORPORATION, controlada por JULIO CAMARGO". Ade- 67 Conforme documentagio enviada, a conta foi aberta em 7 de dezembro de 2006 ¢ FERNANDO SOARES aparece na qualidade de deweficial owner, conforme indica o cartio de assinatunas da refer Conferir Doc. 13 e Doc. 14 (traduga0), ambos em anexo 4 presente deniincia: 68 Essa transferéncia de US$ 800.000,00 & comprovada pelos extratos, 39 de 85, PGR, Deniincis Inguérite 0 S988 mais, referida conta repassou, em 17 de setembro de 2008, a quantia de US$ 75.000,00 para empresa offshore panamenha de nome RUSSEL ADVISORS SA, com conta bancaria na Institui— Ho Bancéria UPB, de propriedade de fato de NESTOR CER. VERO, conforme informado também pelas autoridades suigas.” bastasse, a empresa IBERBRAS INTEGRACION DE. NEGOCIOS Y TECNOLOGIA S.A - empresa offshore que rece- beu wés wansferéncias relativas A propina das sondas - em 20 de junho de 2007 (no valor de US$ 150.000,00) © duas transfer cias m 19 de outubro de 2007 (nos valores de US$ 110,000,00 ¢ US$ 59.113,00) - € ligada a FERNANDO SOARES. Tanto assim que cle se identificou, por diversas vezes, como representante da IBERBRAS ao visitar a sede da PETROBRAS.” apresentados por JULIO CAMARGO e pelos documentos encaminhados pelas autoridades suigas em relagio as contas da THREE LIONS (Conferit Docs. 06, 13 ¢ 14, todos em anexo i presente dentincia). 69 Segundo as autoridades sufgas, “[FERNANDO] SOARES, incriminado substancialmente por JULIO] CAMARGO, consta como benefici econdmico da Thice Lions Energy Ine. nos documentos bancarios; ~ em 1709/2008 ocorzeu um pagamento por parte da Three Lions Energy Ine para uma empresa offshore panamenha com nome de Russel Advisors SA, com conta bancéria na UBB, no valor de US$ 75.000,00. 6. © posterior levantamento dos documentos bancirios da Russel Advisors SA na UBP demonstrou que CERVERO, aqui acusado, & beneficiario da empresa offshore panamenha Russel Advisors SA" (Proceso 5083838- 59.2014.4.04.7000/PR, EVENTO 448 ~ OUT3). Conferit Doc. 13 ¢ Doc. 14 (tadu¢io), ambos em anexo a presente deniincia, 70 Insta salientar que a referida empresa possuti uma sucursal brasileita denominada IBERBRAS INTEGRAGAO DE NEGOCIOS (CNPJ n° 068.785,595/0001-69), a qual esti registrada em nome de HILADIO 1VO. MARCHETTI, marido de CLAUDIA TALAN MARIN, que por sua vez © proprictiria do condominio VALE DO SEGREDO GESTAO DE PATRIMONIO EIRELI (CNPJn? _ 18.573.216/0001-01), em ‘Trancoso/BA. Conforme apurado nos autos do pedido de medida cautelar de sequestro n° 5032377-14.2015.404,7000, FERNANDO SOARES 40 de 85 PGR Deniineia Inquérito 9” 3983 Ademais, também foram pagos, a titulo de propina referentes as sondas, a quantia de US$ 3.949.105,15, Tais valores foram pa- gos a partir de contas controladas por JULIO CAMARGO (mais especificamente a conta da empresa BLACKBURN VENTURE LTD e da PELEGO, esta Gltima vocacionada para 6 pagamento de propinas”) para contas também indicadas ¢ controladas, direta indiretamente, por FERNANDO SOARES, coincidentes, com excegio de uma delas (Odalisa Invest.), com as transferéncias des~ critas acima. As transferéncias ocorreram em 05 de outubro de 2006, 27 de novembro de 2006, 12 de janeiro de 2007, 25 de fevereiro de 2008, 05 de margo de 2008 e 18 de junho de 2008, conforme descritas abaixo: qurono2 [aA 5 MONE D cert Vere esrionis five = Zar lca Fay basso isan Wonne tare bevitos [ise Zurich loss tc bv.c0398 cian Wee tar 0.707 fox ~2avish fous bono, 9 bare ia Sonepat Po hare geting Cad aT arisen go tn Sse = ar |g Sng ening Eat famine USS TOTAL 3.949.105,15 possui uma mansio de fuxo no mesmo condominio VALE DO SEGREDO, bem como realizou diversas transferéncias que benefici: CLAUDIA TALAN MARIN, as quais totaliz: n cerca de RF 1.636.000,00, a A 71 Conforme declarou o proprio JULIO CAMARGO, termo ye colaboragio n.7 (Doc. 1, em anexo a presente dentincia). 41 de 85 PGR Dentineis Inquérite n® 3983 Conforme ja dito, todas as contas no exterior foram indicadas a JULIO CAMARGO por FERNANDO SOARES. Emb ra nem todas pertengam a este tiltimo, foram contas utilizadas para permitir que o dinheiro chegasse aos destinatarios j4 conhecidos da propina: FERNANDO SOARES, NESTOR CERVERO ¢ 0 denunciado EDUARDO CUNHA Assim, os pagamentos da propina transcotreram normalmente desde agosto de 2006 até meados de 2009. Ocorreu, entio, a entrega da primeira sonda, em julho de 2009. A SAMSUNG alegou questdes contratuais ¢ nio efetuou 0 pagamento da diltima parcela do contrato de comissionamento, no valor de US$ 6.250.000,000. Em consequéncia, JULIO CAMARGO deixou de repassar 0 valores da propina a FERNANDO SOARES, que cobrava os pagamentos, mas ainda de maneira “amena” Para diminuir as cobrangas, ainda em 2010, com o intuito de ntre 14 dar continuidade aos pagamentos das propinas das sondas, de setembro de 2010 © 29 de dezembro de 2010, JULIO CA- MARGO promoveu a e 3.074.408,87, através de trés operagSes de cimbio, sob a falsa ru- io © posterior reintegragio de US$ brica de investimento no exterior, com o intuito de ter disponibi- lidade de valores em “caixa dois”, para pagamento de propina. U7 Le 72 Cf. Termo de Declaragses Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO. (Doc.9 em anexo 4 presente de 42 de 85 Pare Dentincia Inquéeite w Assim, as empresas TREVISO © PIEMONTE, de modo ofi- cial, por meio de contratos de cimbio, sob a falsa rubrica de inves mento — direto no exterior “CBLP-INV.DIR.EXT.- PARTICIPAGOES EM EMPRESAS”, remet ram, Tespectiva~ mente, US$ 1.535.985,96, US$ 950.000,00 ¢ US$ 588.422,91 para as suas contas no Banco Merry Linch, em Nova lorque, Em seguida, dando como garantia esses mestnos valores, contraiu um empréstimo nesse mesmo banco em favor da offsliore Devonshire Global Fund, empresa controlada por ALBERTO YOUSSEF: Este iltimo, por meio de 4 operagdes de cimbio, também sob a falsa rubrica “Capitais Estrangeiros a Longo Prazo” ~ Investimentos Di- retos no Brasil”, aportou o valor de US$ 3.135.875,20 na empresa SFD EMPREENDIMENTOS LTDA. » promovendo, sob a falsa rubrica de investimento estringeiro no Brasil, a internalizagio da referida quantia no territério. nacional. Em seguida, YOUSSE! disponibilizou tais valores em espécie para JULIO CAMARGO, Com tal disponibilidade, © préprio JULIO CAMARGO entregou parcela de tais valores, em espécie, pata FERNANDO SOARES.” T3Destaque-se que ALBERTO YOUSSEF nego valores enviados para a GFD tivessem relacio com 0 pagamento das propinas de sondas. Porém, isso se justifica porque ALBERTO YOUSSEF hao tinha conhecimento de gue o dinheiro em espécie ~ disponibilizado no Brasil ~ seria utilizado por JULIO CAMARGO para pagamento da propina referente as sondas. Nese sentido, Termo de Declar Complementar n. 3 de JULIO CAMARGO (Doc. 10 em ancxo 3 presente dentincia), No mesmo sentido, ALBERTO YOUSSEF no iiltimo interrogatério da ago penal 5083838-59.2014.404.7000 (CF. Doe. 3 em anexo 4 presente dentincia). Veja: “Juiz Federal: E possivel que o senhor (...) tenha feito operagdes envolvendo esses contratos dos navios-sonda, antes desses requetimentos, sem que o senhor tivese conhecimento? Interrogado: B possivel... Juiz Federal: Através do senhor Jilio Camarg, Interrogado: Sim senhor.” é inicialmente, que os a 43 de 85 PGR Deonineis Inquériva n® 3988 Assim, em sintese, houve remessa de valores para a empresa DEVONSHIRE, de ALBERTO YOUSS 5 para levantar dinheiro em espécie © posterior conversio em reais, para entrega no Bras por JULIO CAMARGO para FERNANDO SOARES. Porém, com a entrega da segunda sonda, mais uma vez a SAMSUNG se recusou a pagar a diltima parcela do contrato de comissio, alegando descumprimento das condigdes _contratuais previstas.” Em razio disto, JULIO CAMARGO comunicou FER- NANDO SOARES sobre o problema da suspensio dos pagamen- tos pela SAMSUNG. FERNANDO SOARES foi incisivo, afirmando que a responsabilidade pelo recebimento dos valores era de JULIO CAMARGO e que no poderia esperar mais, pois pos- suia compromissos inadijveis. Afirmou a JOLIO CAMARGO: “Eu tenho 0s meus compromissos do meu lado, que sito irrevogdveis ¢ eu nao posso dar este tipo de explicagio que voc esté me dando”, FER- NANDO SOARES inclusive orientou JULIO CAMARGO a quitar os valores devidos a titulo de propina com seus recursos pessoais.”” Cerca de uma semana depois, FERNANDO SOARES ca nova reuniio com JULIO CAMARGO, no escritério deste 4, limo. C 74 Cf. Termo de Declaragdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO. (Doe. 9 em anexo 4 presente dentincia). 75 No Termo de Declaragées Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doc. 9 em anexo a presente dentincia), 44 de 85, eat PGR Dentincia Inquérito x” 3988 A partir de entio, surgiu expressamente 0 nome do denunciado EDUARDO CUNHA como destinatario dos valores. Nesta oportunidade, FERNANDO SOARES a LIO CAMARGO: firmou a JU~ “Estou vindo na qualidade de seu amigo ¢ na dltima vez disse que tinha compromissos inadié is € quero te dizer © seguinte: Fu tenho um compromisso com 0 De- putado EDUARDO CUNHA”’* FERNANDO SOARES entio, esclarecen a JULIO CA MARGO que tinha um saldo a pagar de 5 milhées de dé- lares para o Deputado EDUARDO CUNHA, em razio desse “pacote” das sondas. FERNANDO SOARES ainda afir- mou a JGLIO CAMARGO que EDUARDO CUNHA tealizaria um tequerimento perante 0 Congreso Nacional, em nome de JOLIO CAMARGO e das empresas que este tiltimo represer como forma de pressiona-los a retomar 0 pagamento das propinas. Por fim, FERNANDO SOARES ainda disse que o denunciado EDUARDO CUNHA estava sendo “extremamente agressivo” na cobranga e que criaria dificuldades com os contratos ja firmados € os ainda em negociagio na PETROBRAS, de interesse de JULIO / CAMARGO.” 76 CE. Termo de Declaragdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO. (Doc. 9 em anexo A presente denéneia). Em jutzo, perante a 13* Vara de Curitiba, JULIO CAMARGO também confirmou (Processo 5083838- 59.2014.4.04.7000/ PRL evento 553 —VIDEO10 e evento 586) 77 CE. Termo de Declaragdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doc. 9 em anexo 3 presente dentincia) 45 de BS PaR Demineia tnquérita n° 3983 Assim, para pressionar © retorno dos pagamentos das propi- nas, 0 denunciado EDUARDO CUNHA realmente concreti- zou as ameacas feitas, a partir de julho de 2011. Nesse sentido, © denunciado EDUARDO CUNHA, va- lendo-se do poder inerente ao seu cargo, passou a pressionar pelo restabelecimento do pagamento das propinas por meio de dois re- querimentos p\ Controle da Camara dos Deputados (CFFC). ante a Comissio de Fiscalizagio Financeira e Para tanto, valendo-se da atuagio da denunciada SOLANGE, também de seu Partido (PMDB) ¢ sua aliada politica”, proprio denunciado EDUARDO CUNHA elaborou dois requerimentos, perante a referida Comissio (C pagio nos fatos, o denunciado EDUARDO CUNHA FC). No entanto, para dissimular sua p. elaborou os requerimentos em nome da entio Deputada e ora de- nunciada SOLANGE ALMEIDA, do PMDB, com assinatura também do Deputado SERGIO BRITO.” 2 & 78 A proptia SOLANGE ALMEIDA afirmou, em discurso politico no ano de 2014, a telagio préxima com EDUARDO CUNHA. SOLANGE também confirmou isto em seu depoimento. 79SOLANGE solicitou auxilio do Deputado SERGIO BRITO, mas nio ha, até © momento, qualquer indicio de seu envolvimento com os fatos Na época, SERGIO BRITO era pre Financeita de Controle (CFFC) ¢ assinou apenas a versio impressa dos re= querimentos, de maneira manuscrita, conjuntamente com a entio De tada SOLANGE. Porém, a insergio do requerimento no sistema foi feita pela entio Deputada Federal © ora denunciada SOLANGE ALMEIDA, (atual_prefeita de Rio Bonito/RJ). Ouvido sobre o tema, © Deputado SERGIO BRITO confirmou que atuou a pedido da denunciad’ SO- LANGE ALMEIDA, por esta no ser integrante da CFFC e por ser prixt © Presidente assinar, e que nio tinha nenhuma participagio ativa nos refe- ridos requerimentos (fl. 368/370) ente da Comissio de Fiscalizagio 46 de 85 Par Detmineia Inquérite n” 3983 Assim, 0 denunciado EDUARDO CUNHA claborou 0s dois requerimentos, logado no sistema Active Directory da Camara dos Deputados como 0 usuario “Dep. Eduardo Cunha”, utilizando sua senha pessoal e intransferivel. Os arquivos dos requeri- mentos criados por EDUARDO CUNHA teceberam os meta dades do usuario logado no momento de sua criagio ~ “Dep. Eduardo Cunha”. Annbos requerimentos sio datados de 07 de julho de 2011 € protocolados na Comis jo de Fiscalizagio Financeira e Controle no dia 11 de julho de 2011. © primeiro requerimento, de n. 114/2011-CCFC, tinha por objetivo que fossem “solicitadas a0 Tribunal de Contas da Unido informagSes sobre auditorias feitas aos contratos do Grupo Mitsui com a Petrobris ou qualquer das suas subsididrias no Brasil ou no Exterior”. segundo requerimento, de n, 115/2011 ~ CCFC, por sua vez, tinha por intuito que fossem “solicitadas ao Ministro das Mi- nas e Energia, Senhor EDISON LOBAO, informagdes ¢ cépia do todos os contratos, aditivos © respectivos processos licitatérios, en- volvendo o Grupo Mitsui e a Petrobras e suas subsidise sil ou no Exterior”, aN, no Bra- 80CF. se extrai do depoimento de Luiz Atonio de Souza da Eira © das informagSes prestadas pela Diretoria-Geral da Camara dos Deputados por mneio dos Offcios ns° 59, 62 € 63/2015-DG, em cumprimento a requisigio clo STP nos autos da agi 47 de 85 PER Demineiy Inquérito "3983 Importante destacar, desde logo, que ambos os requerimentos foram baseados em justificativas genéricas e falsas"'. Nao se mencionou qualquer noticia conereta veiculada na imprensa ow qualquer dado objetivo que pudesse identificar as supostas inroga- laridades mencionadas. Inclusive, a contritio do que constou na Justificativa, na época no havia qualquer noticia jornalistica men- cionando fraudes envolvendo JULIO CAMARGO ou as emrpres mencionadas,* A justificativa era a seguinte: “Virios contratos envolvendo a construgio, operagio ¢ financiamento de plataformas ¢ sondas da Petrobras, eclebrados com 0 Grupo Mitsui, contém especulag incias de improbidade, superfaturamento, juros clevados, auséneia de licitagao ¢ beneficiamento a esse grupo que tem como cotista o senhor Jilio Camargo, conhecido como intermedidio, Nesse contexto, requeiro que seja adotada providén. cia necessiria por esta douta Comissio, a fim de acompanharmos todo o andamento dos referidos contratos ¢ verificarmos a procedéncia de tais de. niincias” 82JULIO CAMARGO confirmou que na gpoca dos requerimentos (julho de 2011) nio havia qualquer noticia mencionando seu envolvimento com es de den fraudes € que seu nome somente foi ligado a irregularidades apds a defla- grigtio da Operacio Lava Jato, Cf Termo de Deckaragdes Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doc. 9 em anexo a presente deniincia). Ade- mais, pesquisas no banco de dados de dois grandes jornais (Escudo de S, Paulo ¢ Folha de S. Paulo) ¢ de uma Revista (Veja), todos de abrangéncia nacional, nio apontaram qualquer envolvimento de JULIO CAMARGO com fiaudes da PETROBRAS naquela época € muito menos que fosse “conhecido como intermedidrio”, conforme constou no requerimento, Em pesquisa com © nome JULIO GERIN DE ALMEIDA CAMARGO, tno acervo do jornal Folha de $. Paulo (desde 1921 até 0 presente), nio constou nenhum resultado entre os anos de 1984.€ 2013, Disponivel em hup://acervo.folha.com.br/resultados 2%C39 ALIO+ GERIN+DE+ALMEIDA+CAMARGO&site=eperiodo acervoRx=168y=9, Da mesma forma, pesquisa no acervo da Revista Veja (heep://veja.abril.com.br/acervodigital/), entre 1980 ¢ 2009, com as mesmas expresses de pesquisa, resultow negativa. Nas pesquisas no acervo do Jornal O Fstado de S. Panto, com os termos mencionados JULIO GE. RIN DE ALMEIDA. CAMARGO) forom encontradas 11 ocorréncias en- tre 1990 a 2000, todas envolvendo corridas de cavalo ¢ nenhuma ligando fraudes com a PETROBRAS. De 2000 a 2013 nao aparece nenhum outro a 48 de 85 Dentincia Inquérito n” 398% © teor da justificativa do requerimento j4 era indicative de que se bus cava no um objetivo republicano, mas sim, especific ‘mente, “investigar” apenas as pessoas e empresas envolvidas no pa- gamento de propinas, que haviam cessado tais pagamentos, como forma de constrangé-las. Os requetimentos 114 © 115/2011 foram autenticados (ou seja, incluidos no sistema da Camara)" pelo gabinete da entio De- resultado (hetp://acervo.estadio.com.br/ procura/#1/%22} %C3%IALIO+GERIN +DE+ALMEIDA+CAMARGO %22/ Acervo/acervo). Todas as noticias envolvendo 0 nome de JOLIO CAMARGO com o esquema di PETROBRAS sio datades de 2014 2015, apés a deflagragio da Operagio Lava Jato. No mesmo sentido, os Relatérios de Pesquisa. 509/2015, 510/2015 © 483/2015, todos ca SPEA/PGR (Does. 15 ¢ 16, em anexo 4 presente dentincia), contirmaramn que nio havin noticia de inregularidades em 2011 em relagio MITSUI/TOYO © PETROBRAS, JULIO CAMARGO ¢ MITSUI/PE- TROBRAS. Da mesma forma, 0 Presidente: da CFFC, SERGIO BRITTO, que assinou o requerimento juntamente com SOLANGE AL- MEIDA, afirmou que “nunca tinha ouvido falar em Grupo MITSUI, nem na pessoa de JULIO CAMARGO”. A propria SOLANGE ALMEIDA. a0 ser ouvida, disse nao se recordar dos envolvidos, 83 Importante esclarecer, ainda que sumariamente, como funciona o Sistema Autenticador da Camara dos Deputados, © parlumentar interessado em submeter uma proposi¢io parlamentar pode fazé-lo de duas formas: a pro- osigio pode ser feita maneita fisica, em papel, com a assinatura do parla mentar, ou por documento no formato word ~ editor de texto utilizado na Ciara -, que posteriormente € insericlo no Sistema Autenticador conver~ tido para formato pdf: No primeiro caso ~ se 0 requerimento for apresen- tado em papel ~ 0 documento é escaneado e convettide em formato pif para set disponibitizado pela internet, sem necessidade de se utilizar do Sis tema Autenticador da Cémara, pois ji consta a assinatura do parlamentar Porém, se @ proposi¢io for apresentada em formato word, hd necessidade de ser urtilizado o sistema Autenticador da Camara, pata girantir a autentici- dade (oma vez que nfo hi assinatura) € para assegurar que 0 arquivo word & © mesmo que seri apresentado pelo parlamentar 3s Comissdes ou a Secre- (aria Geral da Mesa. Os dois requerimentos (0. 114 © 115/2011 CFEC) fo- tam criados em formato word c, assim, inseridos no sistema Autenticador Por fim, apés a inclusio do arquivo word no Sistema de Autenticagio, & g rado um ndmero, que & impresso pelo purlamentar © conferide no mo= mento di apresentagio fisica, com sua assinatura, Importante apontar que 49.de 85 oe PER Deniincia Inquérite 3983 putada SOLANGE ALMEIDA, de néimero 585. Destaque que a denunciada SOLANGE ALMEIDA nio era integrante ou suplente da Comissio de Fiscalizagio e nao havia apresentado ne~ nbum outro requerimento 4 CFFC naquele ano. Inclusive, na sessio do dia 03 de agosto de 2011, na Reamiio Ordinaria da Co- missio de Fiscalizagio Financeira ¢ de Controle, a denunciada SOLANGE ALMEIDA, mesmo confirmando niio ser da Comis~ sio, esteve pessoalmente na reunio ~ 0 que nao era comum"™ - e defendeu a aprovagio dos requerimentos 114 ¢ 115." sistema Autenticador guarda as informagdes relativas ao log, que indica a daca, hora, matricula, maquina, etc, da pessoa que insert 6 arquivo no sis- tema, Posteriormente, 0 arquivo em formato word — inserido no Sistema Autenticador - € convertido em formato pdf, para divulgagio pela rede mundial de computadores. Nesta conversio, alguns metadados — inform ges acopladas que constam ‘word se transmitem automaticam indo © autor, com exc um novo arquivo. Foi © que acontecen em relagio ao autor dos arquiivos dos requerimentos n. 114 ¢ 115/2011 CFEC, identificado nos metadados fanto dos arquivos originais (em formato word) quanto os convertidos ¢ acessiveis por qualquer pessoa (em formato pdf) como “Dep. nha”, 84 Veja, nesse sentido, o Relatério das Atividades da Comissio de Fiscalizagio Financeira e Controle da Cimara dos Deputades no ano de 2011 (Doc 46, em A presente dendincia), No mesmo sentido, o depoimento de SER- GIO BRITTO, Presidente da CFFC na época. 85 Sobre © tema, SERGIO BRITTO afirmou que ndo es comum que o autor original do inteiro teor do requerimento estivesse pre dleliberativa da CFFC, uma vez que o pleito ji havia sido subscrito. por algum integrante membro dt CFEC. sse sentido cépia da ata ¢ do audio da referida ata. Na transcrigio Et constou, no minuto 00:02:43, a seguinte passagem da denunciada SOLANGE sobre 0 Requetimento n. 114: “E, nio sou dessa comissio né mas, € , tenho © conhecimento também deises fatos ¢ a gente quer apurar a ver Macris de que ele diz que a gente tem que ter acesso is informagdics, né, enti nds estamos aqui pedindo, & as informagdes pra que a gente possa s propriedades do arquive — do arquivo fe para © arquivo em formato pdf inclu Jo da data de criagio do arquivo, pois se trata de do Cur ado Vanderlei ‘dade deles ¢ af também concordo com o dep saber se existem ou nio veracidade nas deniincias". Em relagio a0 Requerimento n. 115, a deputads SOLANGE ALMEIDA afirmou 50 de 85, PGR, Dentineis Inquérito n° 3988 Por n, nao ha diividas de que o verdadeiro autor, material ¢ intelectual, dos requerimentos foi o denunciado EDUARDO CUNHA. Isso € confirmado pelas informagées dos metadados constan- tes dos arquivos dos requerimentos ~ ou seja, daclos acoplados que constam nas propriedades dos arquivos. Apurou-se que os arquivos do requerimento n. 114/2011 CFFC e do requerimento n. 4115/2011 CFFC, constantes do préprio sitio da Camara dos De- putados em formato pdf efetivamente registram em seus me- tadados, no campo autor, “Dep. Eduardo Cunha”. Sobre tais informagdes constantes nos metadados, a Secretaria io n° 126/2015~ Pesquisa ¢ Anilise da PGR. produziu a Informa SPEA/PGR, na qual se demonstra que, em relago aos requeri- mentos 114 e 115/201, apresentados em 7 de julho de 2011, consta no campo “autor” do documento o nome do Deputado EDUARDO CUNHA: (00:04-28):"“E a mesma sitagao do anterior, entio é somente pra gente ter acesso as informagées”. Ver, neste sentido, Relatério de Informagio n. 002/2015 — SPEA/PGR. 51 de 85 vor. Demineia haquerins a 3988 ARQUIVO EME FDE- REQUERIMENTO 114-2011 | ide) season Fontes Peas vance moe RLU NL CHR [Pepto Cosa t eater Marat one AROUIVO EM PP HROUEIIMENTO 52011 > agian Fates ye REQUISO1 CHC stn [en foto Além disso, informacdes _prestadas pela Diretoria-Geral da Camara dos Deputados nos autos da Agio Cautelar n, 3865 per- mitem confirmar que os arquivos originais dos requerimentos, em PGR, Dentineis tnquérite w formato word (.dox), também registram em seus metadados o autor “Dep. Eduardo Cunha” ¢ foram criados em horirios nos quais usudtio “Dep. Eduardo Cumha” estava logado no sistema de Dire- trio da Camara dos Deputados. De acordo com o officio n 63/2015-DG, “FORAM identificados registros que atestam que a ce nta de usuario em nome de Eduardo. Cosentino da Cunha (De- putado Federal) estava logada no Sistema Active Directory da Ci- mara dos Deputados no dia 07/07/2011 entre 11:58 e 12:19, periodo que compreende os supostos horiitios de criagio dos do~ cumentos (12:02 ¢ 12:05), conforme metadados dos arquivos ori ginais no formato .doc obtidos do sistema Autenticador”. Destaque-se que o nome cadastrado do denunciado EDU- ARDO CUNHA no Servigo de Diretério (Active Directory) da Cimara era realmente “Dep. Eduardo Cunha” ¢ que essa identifi- casio ~ ou seja, a informagio do autor ~ é feita por meio de uma senha, pessoal e intransferivel Referidas informagdes demonstram que os dois requerimen- tos foram efetivamente elaborados pelo Deputado Federal EDU- ARDO CUNHA, que estava logado no sistema da CAmara dos Deputados no momento de criagio dos arquivos utilizando sua se- tha pessoal ¢ seu login de rede, e apenas inseridos posteriormente no Sistema Autenticador de proposigdes legislativas pela entio De~ putada Federal SOLANGE ALMEIDA.” 87 LUIZ ANTONIO SOUZA DA EIRA afirmou: “Que, questionado seo Deputado EDUARDO CUNHA enviasse um documento elaborado com seu fegin para_o gabinete da Deputada SOLANGE ALMEIDA, par que autenticasse, apareeia o documento como sain na imprensa, responde que 53 de 85 PGR Demincia Inquérite n® 4983 Nao bastassem tais elementos, outros confirmam que foi o demmciado EDUARDO CUNHA 0 autor dos reféridos reque rimentos. De inicio, SOLANGE ALMEIDA e EDUARDO CU- NHA, além de pertencerem ao mesmo Partido, eram préximos.* Por sua vez, 0 colaborador ALBERTO YOUSSEF trouxe essa informagio a luz, afirmando que EDUARDO CUNHA era o responsavel pela formulacio de requerimentos para pressionar JU- LIO CAMARGO, por meio de interpostos Deputados,”” quando sim 88 Ouvids, SOLANGE ALMEIDA, embora negue que EDUARDO CUNHA tenha pedido para ela formalar os requerimentos, confirmot tal Proximidade com cle, afirmando que seu selacionamento com EDUARDO CUNHA se estreitow ao longo de seu: primeiro mandato, recebeu_doagdes do PMDB do Rio e do PMDB nacional em sua campanha de 2010 que apoiou 6 Deputado EDUARDO CUNHA na tiltima cleigio _para_o Congreso Nacional. Afirmou, ainda, que o Deputado EDUARDO CUNHA esteve em Rio Bonito/RY por duas ou trés_vezes cm sua_campanha para Deputado Federal em 2014, tendo SOLANGE ALMEIDA estado com ele nos eventos de csmpanha 89 ALBERTO YOUSSEF em seu Tetmo de Colaboragio n. 13, prestado no dia 13 de outubro de 2014, afirmou: “QUE durante © aluguel, a SAM- SUNG suspendeu 0 comissionamento que era pago em fivor de JULIO CAMARGO no exterior referente @ tal locagio, embort continuasse a prestar e a receber da PETROBRAS os valores devidos a titulo de aluguel do navio plataformat...); QUE diante da paralisagio do pagamento das co- misses, JULIO CAMARGO deixou de repassar tal dinheiro a FER- NANDO SOARES; QUE EDUARDO CUNHA, por conta disto, fealizow uma representagio perante uma comissio na Cimara dos Depu clos, ¢ neki pediu informagées junto 4 PETROBRAS acerca da MITSL TOYO c JULIO CAMARGO; QUE requisitou q sem prestadas pel PETROBRAS, sendo que na realidade isso foi uny sub terfiigio para fazer pressio em JULIO CAMARGO a fim de que este voltasse a efetivar os pagamentos a FERNANDO SOARES que, por sua vez, 08 repassatia ao PMDB”. c tais informagdes fos 54 de 85, Dendineia Inguérita "3983 hem sequer os metadados do arquivo eram conhecidos e ninguém mais apontava a participagio do referido denunciado. Analisando todos os 32 requerimentos elaborados pela entio Deputada SOLANGE ALMEIDA em seus dois mandates, inchi- sive os apresentados em datas proximas aos requerimentos n. 114 & 115, nenhum outro requerimento apresentava os metadados do Deputado EDUARDO. CUNHA, a no ser os acima menciona- dos (n. 114 € 115). Imports apontar, ainda, que os requerimentos n. 114 ¢ 115 nao guardavam a menor pertinéncia temitica com a pauta parla mentar de SOLANGE ALMEIDA.” A maio: a de seus requeri- mentos refere-se a temas ligados 4 area de saide © a0 desenvolvimento econdmico do Estado do Rio de Janeiro, nunca tendo tratado, como ela propria declarou, de pauta de atuagio Ii gada & fiscalizagio de verbas piblicas. Questionada, disse que 1 a da pessoa de JULIO CAMARGO ou das em- m sequer se record presas mencionadas.” Ademais, 08 requerimentos referentes a0 Grupo MITSUL ¢ a PE TROBRAS apresentam, em seu conteiido ¢ escopo, desvio de padrio de objeto dos requerimentos usualmente apresentados pela 90 Conforme InformagSes_n.126/2015-SPEA/PGRe 141/2015- SPEA/PGR. 91 A maioria dos seus tequerimentos refere-se a temas ligados © que pode ser explicado pelo fato de ser médica veterinsria, ef, Informa Go n. 141/2015-SPEA/PGR. 92. Ouvida, SOLANGE ALMEIDA confirmou que nio se lemt extrait a motivagio para formular o requerimento relative 3 Petrobras € que 0 ter parlamentar desse requerimento no se inseria em suas pautas de attagio 55 de 85 Par Deni ica Inqquérite BORA entio Deputada SOLANGE ALMEIDA. em toda a sua trajetéria no Congresso Nacional, pois jamais apresentou requerimentos so- licitando a Srgios piblicos informagées ou de cépia de documen- tos, pois seu perfil de atuagio ¢ no sentido de fomentar debates ¢ audiér s pliblicas.” Nao por coincidéncia, a andlise dos requeti mentos do denunciado EDUARDO CUNHA permite verificar que ele s¢ valeu de requerimentos para solicitar informacSes e c6- pia de documentos a drgios publicos em mimero consideravel de vezes.™" mentos 114 € 115 se nt dos apresentados por SOLANGE ALMEIDA em sua tra- Também no aspecto formal os requ afasta Jetétia como congressista, aproximando-se daqueles apresentados por EDUARDO CUNHA.” 93.CE Informagio n, 141/2015-SPEA/PGR. 94. CE Informagio 1. 141/2015-SPEA/PGR. 95 Em primeiro lugar, além dos requerimentos n. 114 © 115/201 1, referentes a0 Grupo MITSUI © PETROBRAS, a entio Deputada utilizou em ap. has quatro outros requerimentos (Requerimentos n, 105/2007, 421/2009, 453/2009 © 12/2011), a palavra “justificagio” para intitular o segmento do texto que fundamento do requerimento, sendo que em todos os denis ow ndo havia estrutura de titulo ou utilizow a palavra “justificativa”. A segunda importante observagio € que, antes de 2011, a denunciada SOLANGE ALMEIDA nunca conchuiu seus requerim des nabre Pares para aprovajo deste reguerimento", © que passou a ser fie~ quente apés apresentago dos requerimentos alusivos a0 Grupo MITSUI e a PETROBRAS. Por sua vez, em diversos requerimentos apresentados pelo Deputado EDUARDO CUNHA foram encontradas essas doas a os requerimentos formulados entre os anos de ntos com o pedido de "apoio tacteristicas formais, Em va 2008 e 2013 foi utilizado 0 sezmento de findamentagio intitulado como "justificagdo" © cm pelo menos cinco requerimentos de sta auttor' apresentados nos a nos de 2011 ¢ 2012, os quais tazem, na conelusio, 6 pedido de apoio de seus pares. 56 de 85 PGR Denducis Inquévito u® 3988 Interessante reiterar, conforme visto, que, na data © hora exata em que os requerimentos 114 e 115 foram criados, 0 denunciado EDUARDO CUNHA se encontrava “logado” no sistena, assim como a entio Deputada SOLANGE ALMEIDA.” Nio existit nenhum desdobramento dos referidos requeri- mentos, indicando que a finalidade deles nao era investigar ou fis~ calizar. A propria denunciada SOLANGE afitmou que, “en geral, 45 respostas a requerimentos tinham desdobramentos”.” No entanto, com a resposta do TCU, nada obstante houvesse elementos para continuidade das apuragdes (em especial o envolvimento da PE- TROBRAS com empresas em paraiso fiscal),"* nenhuma medida 96 Agio Cautelar n, 3865. Interessante apontar que, embora a entio Deputada SOLANGE ALMEIDA stivesse também logic no mesmo diac horirio (Oficio n, 62/2015-DG, datado de 05/05/2015), seu nome de usuirio nfo constou como autora nos metadados dos arguivos dos requerimentos, como seria usual se ela realmente tivesse criado os arquivos 97 Depoimenta prestado no dia 18 de margo de 2015, 98 Em resposta a0 Requerimento n, 114/2011-CCFC, 0 TCU afirmou que nao havin apuriges no imbito do Tribunal e nio identificou fraudes envolvendo, especificamente, a construgio, operagio ¢ financiamento de plataformas ¢ sondas (Acérdio n, 2747 TCU Plenirio). No entanto, 0 Tribunal afirmou que registrou a existéncia de dois processos (n° TC 013.321/2006-3 ¢ TC 010.462/2007-6), nos quais se mencionava a participagio do grupo MITSUI em contratagées com a Petrobras em outios | empreendimentos, mais especificamente com 0 projet CABIUNAS. Referido projeto se constituiu em uma Socicdade de Propdsito Especifico (SPE) denominada CAYMAN CAIBUNAS CO LTDA, localizada nas has Cayman (notdrio paraiso fiscal), © controlada pelo grupo MITSUI, que adquiriu ativos da PETROBRAS © que, no excerto do teferide acérdio, havin mengio 4 necessidade de fiscalizagio cspecifica. Tanto assim que a decisio pleniria do TCU. no referido proceso ((10.462/2007-6) foi no sentido de realizar apuragio espec por parte do Tribunal, visando apurar eventuais irregularidades em ‘operagdes semelhantes, envolvendo a criagie de Sociedade de Propésitos Expecificos com a Participagio minoritéria da PETROBRAS. Veja 0 que constou: "(...) Outw aspecio que deve mercier apwragito especfica por parte desta Corte & a celebnagio pela Petwhas de conttos como ‘operadona de ativos' de 57 de 85 PR Deniincis Inquérite uw" 3983 foi tomada pela Comissio de iscalizagio ou pela entio Deputada SOLANGE. Em consequéncia, o requerimento 114/201 foi ar- quivado em 21 de margo de 2012.” Da mesma forma, 0 Ministério das Minas ¢ Energias encami- nhou resposta da PETROBRAS, apresentando as informagdes so- licitadas.'"" Porém, da mesma forma, nenhuma providéncia foi propriedade de empresas como a Cayman Cabitinas tnvestnents sediadas em paralsos fiscais, B de indaar-se como tal empresa uliewigena tornou-se proprietiria de ativos loealizadas dentro de uma refinaria da Petrobras (Refinaria Duque de awias ~ Reduc) ¢, nas palavras dos gesiores, “om ama eaacerstca fovtemente estiatéyiea, ima vex que objetion assegurar 0 abastecinento de gis natunl, especianente térntce, sendo fundamental para a garantia do sistensa Elttvico 0 Sul-Sudeste'. 8.2.3.2. O projeto Cabittnas se constitui de wna SPE denominada Ciymnan Cabitinas Investments Co. Led. (CCIC), lvcalizada nas Was Cayman, que através de recursos préprios (US$ 85 milhses) e de divida contiaida no merade financcite (US$ 765 mithses), adquire da Petrobras os ativus do projeta € as isponibitiza para uso da pripria Petwhnas através de um coutrato de Teasin.(...) Em fungio dos aspectos abordaclos, foi determinada a Segecex a sealiz de fiscaliz ‘io especifica visanclo apurar a legalidade, legitimidade economicidade das operagécs envolvendo a criagio de Sociedades de Propésito Expecifico (SPE) sediadas no exterior © com participagio minoritéria da Petrobras (item 9.2 daquela decixto)” 99 Isso & confirmado por JULIO CAMARGO. Em reuniio ocortida no final de 2011 entre JULIO CAMARGO ¢ EDUARDO CUNHA, par tratar do pagamento restante da propina, JULIO CAMARGO questionou sobre © resultado do requerimento, oportunidade em que CUNHA afirmou que somente iriam receber a documentagio © encerrariam, No Termo de Dechragdes Complementar n, 2, JULIO CAMARGO (Doe. 9 )) afirmou: “QUE inclusive © declarante chegou a tratar do requerimento feito na Camara com EDUARDO CUNHA durante a reuniio, assim como a ligagio do Ministto LOBAO, ¢ perguntou a EDUARDO CUNHA como se encerratia esta question do requerimento; QUE entio EDUARDO CUNHA disse para nao se Preocupar, pois somente iriam receber a documentagio e iriam encerrar; QUE ficou nitido na reuniio que © requerimento na Camara partin de EDUARDO CUNHA” 100 Nessas informagées, a PETROBRAS informou que © Grupo MITSUI, cmbora hastante amplo, possuia seis contratos relacionados 3 consteugi operagio e financiamento de plataformas © sondas (todos cles com y m= presa Mitsui Ocean Development & Engineering Co. Ltda) em anexo a presente dentine / 58 de 85 PGR Denmineia Inquérite 1° 3983 tomada pela entio Deputada SOLANGE ALMEIDA ¢ o reque rimento 115/2011 foi arquivado em 5 de margo de 2013, em ra- zio de ter, supostamente, aleangado 0 fim a que se destinava Destaque-se que era de atribuigio do autor do requerimento - no caso, formalmente, SOLANGE ALMEIDA - acompanhar sew andamento junto i Comissio,'”' O denunciado EDUARDO CUNHA ji se valeu dos servi- gos de SOLANGE ALMEIDA em outra oportunidade, da mesma forma, com 0 intuito de pressionar a SCHAIN ENGE- NHARLIA, que estava em disputa com LUCIO BOLONHA FU NARO, pessoa que possui antigo contato com EDUARDO CUNHA." Apurou-se que SOLANGE ALMEIDA formulou o Requerimento 333/2009, datado de 11/11/2009, perante a Co- 101 Nese sentido, em depoimento, SERGIO BRUTTO afirmou: “QUE, normalmente, cabia a0 autor do tequerimento exercer 0 acompanhamento de sett andamento junto 3 comissio; QUE niio recorila de ter sido cobrado por SOLANGE ALMEIDA, nem por qualquer outta pessoa, sobre 0 andamento dos requerimentos 114 ¢ 115" 102 Realmente, LUCIO BOLONHA FUNARO cta 0 representante de fato pret CEBEL ~ CENTRAIS ELETRICAS BELEM SA, empresa responsivel pela Pequena Central ica (PCH) de APERTADIHO, em Rondénia, Com o objetivo de consteuir a PCH de APERTADIHO, a CEBEL contratou os servigos di SCHAIN ENGENHARIA, Porém, a Usina se rompeu em 09 de janeiro de 2008, conforme amplimente veiculado na midia. Passa a haver uma deckarada disputa entre a BELEM CENTRAIS HIDRELETRICAS ¢ a SCHAIN ENGENHARIA sobre a responsabilidade pelo agamento do seguro da obra e, assim, pelas danos causados. Ein seguida, como niio hi entre FUNARO © 0 grupo SCHAIN, surgem dezenas de requerimentos no Congresso Nacional, dentre eles 0 da Deputada SOLANG ALMEIDA. © envolvimento de EDUARDO CUNHA © LUCIO BOLONHA FUNARO é antigo, [dentificou-se gue FUNARO pagava as despesas da tesidéncia do denunciado EDUARDO CUNHA cm um Hotel em Brasilia, assim como também dew “carona” em seu jato particulat a0 Deputado, 59 de 85 Dentineia Inquérite w 3084 mnissio de Seguridade Social e Familia, solicitando informagdes so- bre a SCHAHIN.' Deve-se destacar que, mais uma vez, 0 reque- rimento nfo tina nenhuma relagio com a pauta de atuagio parlamentar da denunciada SOLANGE ALMEIDA. Nao bastassem tais elementos, o denunciado EDUARDO CUNHA alterou sua versio repetidas vezes para tentar justificar sua participagio nos fatos A primeira versio aptesentada pelo denunciado EDUARDO CUNHA, em 12 de marco de 2015, foi negar, inclusive perante seus pares na CPI da PETROBRAS, que tenha elaborado qual- quer requerimento para quem quer fosse € que nfo poderia res- ponder pelos atos dos demaisparlamentares. Afirmout textualmente: “Cada tun & responsavel peto seu mandato” ¢ “clada umn responde pelos seus atos”!° 103 Esse requerimento “solicita sejam convidados © Senhor Paulo Fernando Lermen, Promotor de justiga; 0 Senhor Guilherme Medeiros dias, Centrais Elérieas Belém S/A - CEBEL; 0 Senhor Francisco José Silveina Pereira Perito do Juizo; 0 Senhor Milton Schahin, Presidente da Schahin Enge- nharia S/A e os Senhores representantes dos Fundos de Pensio: PETROS, PRECE © CELOS, a fim de prestar esclarecimentos sobre os prejuizos causidos peli interrupgio do empreendimento da Batragem da Pi Apertadinho em Vilhena/RO”, 104 Perante a CPI da PETROBRAS o der afirmou:“ (...) Cada um é conhecimento do que alguém faz ow deixa de fazer? Cada um responde pelos seus atos. Alissa Deputada Solan, vista, que cu vi na televisio, no programa Fanti nciado EDUARDO CUNHA responsivel pelo seu mandato. Como eu tenho Imeida dew nota pablica, entre~ tico, de domingo, rha- tendo (...)”. Depois foi ainda mais assertivo: “Com relag 0 a0s olange, mas também do Deputado Sérgio Brito. O Parlamentar nio precisa sequer requerimentos da Deputada Solange, no foi, aliis, so da Deputada § submeter a uma Comissio um requerimento de informagoes ao Tribunal dle Contas, Faz parte do seu mandato a sua prerrogativa constitucional de solicitar requerimento de informagdes dirctamente. Nio é preciso sul meté-lo a Comissio alguma, B eu ( “ 60 de 85 io estou aqui para comentar 0 coy fe POR Dentincia Inquérite 1° 30H3 Ao ser constatado que os metadados dos arquivos apresentarn © nome “Dep, Eduardo Cunha”, o denunciado EDUARDO CU- NHA, em 28 de abril de 2015, apresentou a implausivel versio de fraude, como se alguém buscasse incriminé-lo, em razio da dife- renga entre as datas dos arquivos, tendo inclusive demitido o chele do Setor de Informatica da Camara.” Porém, a diferenga entre as datas ocorreu em razio do lapso temporal entre a inseryio do ar- quivos dos requerimentos em formato word no Sistema Autentica- dor ¢ a sua posterior conversio para 0 formato pdf) nio tendo havido qualquer fraude nisso. Ao contri io, tratava-se de pro mento completamente normal na época." A propria Cimara dos Deputados informou que nio houve alteragio nos arquives refe- rentes aos requerimentos 114 e 115.1" Confrontado com tais informagdes, 0 denunciado EDU- ARDO CUNHA, no dia 29 de abril de 2015, apresentow nova versio: a de que a entio Deputada SOLANGE ALMEIDA, por tidlo do mandato de quem quer que seja. A quem faz seus atos, no exerci cio de seu mandato, cabe explicar se assim entender que deve” (CPI da PETROBRAS, Audiéncia Pablica, REUNIAO No: 0074/15, DATA 12/03/2015, Notas taquigrificas, p.26 - Doc. 7 cm anexo a presente den Gncia), Destaque-se que EDUARDO CUNHA cx teresse ent ser interrogado durante © presente inquérite, 105 Alegou que isso supostamente seria confirmado pela data de claboragio do arquivo “pdf”, que seria datado de julho de 2011 ¢, assim, posterior 3 data do requetimento (apresentado em julho de 2011). 106 Na época, a conversio do arquivo word inserido no sistema em pdf para samente negou in~ que pudesse ser divulgado, tardava cerca de trinta dias. Isso pode ser confir- mado por todos os requerimentos elaborados no mesmo dia (07 de julho de 2011), que foram convertidos em péfna mesma data ou em data bas tante proxinia, Neste sentido, depoimento de LUIZ ANTONIO SOUZA DA FIRA e as informagdes da Ca © motivo da diferenga de data 107 Cf. Officio n. 62/2018-DG, nara dos Deputados, em que se explic © 0 fancionamento do sistema. constante do Doc, I1, em anexo a den G1 de 85 oo PGR Deniurcia Inqudrita w" 3988 ser cla uma Deputada inexperiente, teria se valido dos servicos do gibinece do denunciado EDUARDO CUNHA. Poréin, mais uma vez a versio se mostra inverossimil. Nao ha via motivo razofvel para a entio Deputada SOLANGE AL- MEIDA ter se valido dos servigos do gabinete de EDUARDO CUNHA. Ela tinha na época seus proprios servidores e seus pré prios computadores ¢ no haveria motivo paca solicitar ajuda a um Deputado que nio possuisse nenhum relacionamento com o pe- dido, em especial por se tratar de pedido bastante simples ¢ roti~ neito, Ademais, os gabinetes. de EDUARDO CUNHA SOLANGE ficavam em anexos distintos!, e a propria denunci- ada SOLANGE afirmou que nio frequentava o gabinete de EDUARDO CUNHA. Por fim, a propria denunciada $O- LANGE afirmou nio ter pedido ajuda ao denunciado EDU- ARDO CUNHA para realizar referidos tequerimentos.!” ‘Todos esses elementos jé indicavam que os requerimentos ha- viam sido utilizados pelo denunciado EDUARDO CUNHA, com a participagio consciente da denunciada SOLANGE AL- MEIDA, como uma forma de pressionar a continuidade do paga~ 108 Enquanto SOLANGE ocupava 0 Gabinets 0. 585, situado no Aneso Ill, EDUARDO CUNHA ocupava © Gabinete 510, situado no Ancxo IV, Informagéies disponiveis em p://www.camara.gov.br/internet/Deputado/dep_Detalhe.asp? TANTS. 109 Em nova oitiva, SOLANGE ALMEIDA negou que tivesse auviliado ou reeebido auxilio do demneiado EDUARDO CUNHA na realizagio dos tequerimentos ¢ que mio se tecordava de ter utilizado o gabinete del embora nio tenha sabido explicar 0 motivo pelo qual aparecia o nome de CUNHA nos requerimentos Gi 62 de 85 PGR Deniineis inguceiv 0” 3988 mento das propinas estabelecidas ¢ que os valores, a0 menos em parte, eram destinados ao denunciado EDUARDO CUNHA. Logo apés tomar conhecimento do envolvimento de EDU- ARDO CUNHA no destino dos valores ¢ de saber da existéncia dos requerimentos no Congresso, no dia 31 de agosto de 2011, JULIO CAMARGO foi ao gabinete do etitio Diretor da PE TROBRAS, PAULO ROBERTO COSTA, no Rio de Janeiro!” € solicitow auxilio deste tiltimo para realizar uma reuniio urgente com o Ministro das Minas ¢ Energias EDISON LOBAO, destina~ tirio de um dos requerimentos formulades no Congreso Nacio- nal.!!! A reuniio entre JULIO CAMARGO e 0 Ministro das Minas e Bnergias ficou marcada para aquele mesmo dia, na Base Area do Santos Dumont, entre 18 e 19 horas. JULIO CAMARGO, no local ¢ horitio marcado, reuniu-se, entio, com © Ministro EDISON LOBAO, por volta das 19 ho- tas.'* Apés relatar ao Ministro que se considerava F q PMDB”, JOLIO CAMARGO, esclareceu que havia ficado sur- 110 Conforme relatrio de entradas na sede da PETROBRAS, JULIO CA- MARGO realmente entrou no prédio no dia 31 de agosto de 2011. Da mesma forma, consta entrada do motorista de JOLIO CAMARGO, PAULO ROBERTO CAVALHEIRO DA ROCHA, na PETROBRAS: no dia 31 de agosto de 2011. CE. Relatorio de Pesquisa SPEA 710/2015 (Doe, 38, em anexo d presente deniineia). 111 No Termo de Declarages Complementar n.2 (Doe. 9 em anexo 4 pre~ sente deniincia), JULIO CAMARGO confirmou a reuniio com PAULO ROBERTO COSTA PAULO, Bste tiltimo também confirmou referida reuniio com JULIO CAMARGO na PETROBRAS. Nesse sentido, ver termo de acareagio realizado no dia 21 de junho de 2015 entre JULIO GERIN DE ALMEIDA CAMARGO e PAULO ROBERTO ¢ (Doc. 18, em anexo 3 presente deniincia “amigo. do 63 de 85 Por Dentiuicis Inquérite 9° 3983 Preso com um requerimento da entio Deputada SOLANGE ALMEIDA, solicitando todos os contratos da MITSUI para serem apurados, inclusive da atuagio de JULIO CAMARGO, De imedi- ato, EDISON LOBAO espontaneamente disse: “Isto é coisa de EDUARDO", referindo-se a0 Deputado EDUARDO CUNHA. Interessante apontar que JULIO CAMARGO em momento al- gum havia feito men¢io a0 nome de EDUARDO CUNHA, mas apenas ao requerimento da denunciada SOLANGE ALMEIDA. Imediatamente 0 entio Ministto LOBAQ, na fiente de JULIO CAMARGO, ligou para EDUARDO CUNHA e disse: “EDU: 112 Essa reuniio entre JULIO CAMARGO € 0 Ministro EDISON LOBAO é confirmada por diversos elementos. De inicio, pelo Termo de Dechara- ses Complementar n. 2 de JULIO CAMARGO (Doe. 9 em anexo 4 pre Sente dentincia). Da mesma forma, pelo depoimento de PAULO ROBERTO COSTA, conforme termo de acareagio com JULIO CA- MARGO (Doc. 18 em anexo 3 presente denineia). Ainda, pelo depoi- mento do motorisca de JULIO CAMARGO, PAULO ROBERTO CAVALHEIRO, que confirmou que levou JULIO CAMARGO até refe- rido local (Doc. 25 em anexo a presente dentincia). Ademais, oficiado ao Ministro de Minas ¢ Energias, solicitando e6pia da agenda do entio Minis to EDISON LOBAO, verifica-se que no dia 31 de agosto de 2011 cle r almente possuia comptomisso no Rio de Janeiro. Segundo sva agenda, partit, em avido da FAB, is 15 horas de Brasilia para 0 Rio, visando parti cipar de Reuniio do Comité Estratégico do Programa Rio Capital da Energia, que ovorteria no Palacio da Guanabara. Tal evento ocorreu entre 17 © 19 horas. Cf, Informagio n° 216/2015 da SPEA/PGR, (Doc. 44 em anexo 4 presente deniincia). Neste mesmo dia, 31 de agosto de 2011, con forme visto, JULIO CAMARGO visitou a PETROBRAS, assim como sett motorista, Por fim, a Aeroniutica, oficiada, confirmou que o motorista dle JULIO CAMARGO, PAULO ROBERTO CAVALHEIRO DA RO- CHA, adentrou na Base Aérea do Santos Dumont, no dia 31 de agosto de 2011, as 19h10min, conduzindo um veiculo Toyota placa EIT 6566, cor Prat, com destino ao auditério (Cf. Doc. 27, em anexo presente dentin cia). Este veiculo estava tegistrado em nome de uma das empresas d LIO CAMARGO, a PIEMONTE, em 2011 (CE. Relatorio de Pesq 708/2015, da SPEA/PGR ~ Doc. 37, em anexo & presente dentincia) 64 de 85, eX POR Dendineis Inquérito 9” 3983 ARDO, eu estou com 0 JELIO CAMARGO agui av men lade, voce eongueceu?” ! No entanto, mesmo com a intervene’ do Ministro das Mi nas ¢ Bnergias, a pressio niio c ou Em nova reuniio com FERNANDO SOARES, poucos dias depois, JULIO CAMARGO informou ter procurado 0 Ministro das Minas e Energias. Porém FERNANDO SOARES foi taxative € disse a JULIO CAMARGO: “Voeé pode falar com quem vocé guise, enquanto nie pagar 0 que vocé deve, a presse continuart cada vex maior” "4 JOLIO CAMARGO, entio, buscou resolver a questio direta- mente, O débito residual nesta época era de aproximadamente US$ 15 milhdes de ddlares."" De inicio, JULIO CAMARGO solicitow o auxilio do doleiro ALBERTO YOUSSEF, em razio da atuacio politi ‘a deste Gltimo, chamando-o com urgéncia ao seu escritério em Sio Paulo Apos relatar a ALBERTO YOUSSEF que estava softendo presses por parte de FERNANDO SOARES, JULIO CA- MARGO esclareceu a ALBERTO YOUSSEF que EDUARDO CUNHA era o destinatirio de parte dos valores ¢, por isto, teria pedido a Deputados que enviassem oficios por meio de uma Co- 113 CAMARGO (Doe. 9 em an 114 CE Termo de Dev (Doc. 9 en i 115 CETermo de Declarag (Doc. 9 em anexo nplementar n, 2 de JULIO CAMARGO. e incia). dl Z s Complementar n. 2 de JULIO CAMARGC eres deniincia).

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