De acordo com o autor, a tradição teve um papel mais importante do que os critérios ideológicos na definição canônica dos livros bíblicos. Se um livro era considerado sagrado pela tradição, ele era incluído no cânone, mesmo que não atendesse completamente aos critérios estabelecidos. A autoridade que definiu os critérios de autenticidade canônica provavelmente teve origem na tradição recebida pelas igrejas sobre quais livros eram sagrados.
Descrição original:
Você sabe como os livros do novo testamento entraram no canon? Veja aqui uma pequena introdução.
De acordo com o autor, a tradição teve um papel mais importante do que os critérios ideológicos na definição canônica dos livros bíblicos. Se um livro era considerado sagrado pela tradição, ele era incluído no cânone, mesmo que não atendesse completamente aos critérios estabelecidos. A autoridade que definiu os critérios de autenticidade canônica provavelmente teve origem na tradição recebida pelas igrejas sobre quais livros eram sagrados.
De acordo com o autor, a tradição teve um papel mais importante do que os critérios ideológicos na definição canônica dos livros bíblicos. Se um livro era considerado sagrado pela tradição, ele era incluído no cânone, mesmo que não atendesse completamente aos critérios estabelecidos. A autoridade que definiu os critérios de autenticidade canônica provavelmente teve origem na tradição recebida pelas igrejas sobre quais livros eram sagrados.
Num comentrio aos critrios de canonicidade da Bblia, Jlio Trebolle
Barrera afirma que tanto no AT como no NT os critrios ideolgicos
de canonicidade no parecem ter sido to importantes como o peso da tradio sobre o carcter sacro e cannico de um determinado livro. Se o grupo religioso considerasse necessrio incluir um livro que no possua, com rigor, os critrios estabelecidos, no duvidava em forar os critrios ideolgicos para justificar tais condies. Se a tradio atestava o carcter sagrado de um livro, mas este no cumpria as outras condies exigidas, respeitava-se acima de tudo a tradio recebida. (Barrera 1999 op.cit. 183) Qual o papel da tradio enquanto critrio de definio cannica? Poder-se- supor que a tradio representa de alguma maneira uma expresso de autoridade protocannica? Por ltimo, qual a origem da autoridade que define os critrios de autenticidade cannica? Alguns autores defendem mesmo que o Novo Testamento cita passagens de alguns livros chamados pseudepigrficos (cf. Dorival, Harl. Munnich 1988: 323-325), livros estes, que acabaram por no ser includos em nenhum cnone cristo. Historiograficamente, Melito de Sardes (170-180 a.D.) o primeiro a utilizar a expresso Antigo Testamento, enquanto, s por volta de 200 a.D. Tertuliano utiliza pela primeira vez a locuo Novo Testamento. o critrio da apostolicidade (o autor reconhecidamente um apstolo ou algum prximo a um apstolo) foi-se revelando como uma marca de autoridade, no tanto pelo valor espiritual intrnseco do autor, mas sobretudo pela fiabilidade do seu testemunho, tendo em considerao a sua proximidade com as tradies transmitidas. O segundo critrio o da ortodoxia. Mesmo quando um determinado livro pretendesse ter autoridade apostlica, se o seu contedo no se integrasse na linha ideolgica representada pela regra de f existente na Igreja, conclua-se que certamente no teria sido escrito pelo seu pretenso autor. O terceiro e ltimo critrio de canonicidade, analisado neste trabalho, o critrio da utilizao eclesistica. Este critrio baseava-se na importncia e no espao que um determinado livro ocupava nos servios litrgicos das diferentes congregaes. Notas (1) Em 2 Timteo 3:16 a Bblia afirma que De facto, toda a Escritura inspirada por Deus (pasa graphe theopneustos). Para ver uma abordagem possvel, acerca das diferentes problemticas relacionadas com a questo da inspirao divina, ver Gulley (2003), SystematicTheology Prolegomena, Michigan: Andrews University Press. (2) Ver especialmente o artigo Sobre as Categorias de Leitura Especficas da Bblia escrito pelo Professor Doutor Jos Augusto Ramos na obra Percursos do Oriente Antigo (editado em 2004, pelo Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em homenagem ao Professor Doutor Jos Nunes Carreira na sua jubilao acadmica). (3) It has been the constant belief of the people of God both before and after the time of Christ that their Sacred Scriptures have been divinely inspired. In New Catholic Encyclopedia, vol. 2, Washington: The Catholic University of America, 1967, pp. 381-382. (4)
Encontramos uma anlise interessante acerca do processo histrico de
formao do cnone bblico nas palavras de Jlio Trebolle Barrera: Se importante a deciso final de uma autoridade religiosa sobre a lista de livros oficialmente reconhecidos, mais importante o processo histrico pelo qual os livros vo adquirindo carcter sagrado e reconhecimento cannico. (Barrera (2 1999), A Bblia Judaica e a Bblia Crist Introduo histria da Bblia, p. 179.) (5) De acordo com o Novo Testamento, o cristianismo era visto nas suas origens como uma ramificao do judasmo (Actos 9:2; 24:5,14; 28:22). O termo seita (hairesis) utilizado no livro de Actos dos Apstolos para se referir a outras faces do judasmo, como os saduceus ou os fariseus (Actos 5:17; Actos 15:5). (6) Para uma abordagem sinttica do contedo de cada umas destas trs partes, ver o artigo Bblia e Cristianismo de Jean Baubrot na obra dirigida por J. Delumeau (1997), As Grandes Religies do Mundo, pp. 67-68. (7) Esta concluso no aborda a problemtica levantada pelo cnone da LXX ou pelas divergncias cannicas dos escritos essnios, tal como nos so propostos pelos manuscritos de Qumran. (8) O livro de Actos dos Apstolos, no captulo 11, no versculo 26, relata, de acordo com a perspectiva bblica, o momento em que o ttulo cristos foi atribudo pela primeira vez aos seguidores de Jesus, enquanto messias. (9) Referimo-nos por exemplo s tradues da Bblia de Wy Monografias ARCHER G.L. (1991), Introduction LAncien Testament, Saint-Lgier: Editions Emmas. AUNE D.E. ed. (2010), The Blackwell Companion to the New Testament, Blackwell Publishing Ltd. BARRERA J.T. (21999), A Bblia Judaica e a Bblia Crist Introduo histria da Bblia, Petropolis: Editora Vozes. CULLMANN O. (4 1982), Le Nouveau Testament, Paris: Presses Universitaires de France. DELUMEAU J. (1997), As Grandes Religies do Mundo, Lisboa: Editorial Presena. DORIVAL G., HARL M., MUNNICH O. (1988), La Bible Grec Des Septante Du judasme hellnistique au christianisme ancien, Paris: ditions du Cerf, ditions du C.N.R.S. GULLEY Norman R. (2003), Systematic Theology Prolegomena, Michigan: Andrews University Press. RAMOS J.A., ARAJO L.M., RAMOS DOS SANTOS A., coords (2004), Percursos do Oriente Antigo Homenagem a Jos Nunes Carreira, Lisboa: Instituto Oriental da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.