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O PECADO DE MOISÉS

Um alerta a todos os cristãos


Baseado em Números 20

Por Bispo Ildo Swartele de Mello

Moisés é conhecido por sua mansidão, fé e obediência a Deus. Tais qualidades


caracterizaram o seu ministério. Mas, agora, já no final, ele peca. Qual foi o seu pecado?

O contexto era o seguinte: Após o funeral de Miriã, irmã de Moisés, o povo de Israel
murmurava contra Moisés e Aarão, servos de Deus, reclamando da falta d'água. Moisés busca a
orientação de Deus, que lhe diz para que falasse a rocha pra que dela saísse água.

O problema foi que Moisés não seguiu estritamente as orientações divinas. Ele acabou
desobedecendo e desapontando a Deus (v. 12).'Em vez de falar a rocha, Moisés, amargurado,
frustrado, irritado, perde a paciência com o povo quando contempla a nova geração cometendo o
mesmo pecado de incredulidade e murmuração de seus antepassados. Moisés está irado (v. 10),
e, por isso, fala irrefletidamente, com o povo e fere a rocha com o bordão por duas vezes (Sl
105.32-33 diz: "Depois, o indignaram nas águas de Meribá, e, por causa deles, sucedeu mal a
Moisés, pois foram rebeldes ao Espírito de Deus, e Moisés falou irrefletidamente").

Por que Moisés se irou tanto? Não era a mansidão o seu ponto mais forte? Moisés
havia amadurecido muito na área de mansidão, pois 40 anos já haviam se passado desde o
registro de sua última atitude mais intempestiva quando quebrou as tábuas da lei em vista da
idolatria do povo. E olha que nestes 40 anos não faltaram oportunidades para a ira de Moisés.
Mas ele se portou de maneira muito mansa e paciente, sinal de sua plena confiança em Deus.

Então, por que ele não demonstrou aqui a mesma paciência de antes? Não teria ele se
irado por achar que todo seu esforço durante aqueles 40 anos dirigindo aquele povo tinha sido
em vão? Não teria ele sido tomado por uma sensação de fracasso pessoal? Digo isto, pois eu
também passei por algo semelhante quando após haver me dedicado a evangelizar e discipular
um locutor da Rádio, onde eu trabalhava, depois de mais de 6 meses de esforço concentrado,
com a graça de Deus, ele havia abandonado os vícios e feito muitos progressos, mas, num
determinado dia, ele retrocedeu abruptamente para o pecado. Fiquei indignado com a situação e
me zanguei com ele. E para minha surpresa, ele me disse: ‘você não está triste por meu estado
em si, mas, principalmente, por seu fracasso em me conquistar para Cristo, pelo seu tempo
perdido!” Ele percebeu que minha ira não possuía as motivações mais puras. Talvez tenha sido
este também o caso de Moisés.

Observar também que Moisés disse ao povo: “Faremos sair água” (v. 10) – Teria
Moisés, aqui, num momento de crise de autoridade espiritual, chamado a glória para si? Pois,
Deus diz que ele “Não Santificou a Deus” (v. 12; Nm 27.14).

Deus disse que Moisés também agiu com incredulidade (v 12). Em que sentido Moisés
não creu em Deus? Parece que Moisés não confiou na Palavra, pois Deus mandou apenas que ele
falasse a rocha, mas Moisés não achou que fosse suficiente falar, ele resolveu apelar para a força
e feriu a rocha, não apenas uma, mas duas vezes. "Nem por força nem por violência, mas pelo
meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos!" Diferente de Moisés, temos o exemplo do centurião
romano que mostrou fé na Palavra: Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que
entres em minha casa; mas apenas manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado (Mateus
8:8). Pedro também demonstrou fé na Palavra: “Nada temos pescado até agora, mas sob tua
Palavra lançaremos as redes". No entando, Moisés apelou para o bom, seguro e tradicional
método da vara. Agiu na carne. Não obedeceu a orientação do Espírito. Não esperou em Deus.
Confesso que já senti esta tentação. As vezes não seguimos a direção do Espírito por nos
sentirmos muito mais seguros em agir de outra forma, ou seja, da nossa maneira. Somos tentados
a apelar para métodos, recursos e artifícios a fim de demonstrar nossa autoridade espiritual. As
vezes o pregador grita, não porque esteja movido pelo Espírito, mas porque sente seu sermão não
está agradando ou exercendo o resultado esperado.

Quando eu estava preparando esta mensagem. Fiquei pensativo. Não sentia muita
firmeza, pois não teria tempo de me preparar como gostaria. Pensei em lançar mão do bom e
seguro método da vara, apelando para o esboço de algum sermão antigo, ou coisa do gênero. Foi
aí que esta mensagem mais me falou ao coração. Vencido pelo Espírito, vim aqui comunicar o
que Deus me deu como mensagem. A Palavra de Deus é viva e eficaz. Ela não volta vazia. Devo
confiar.

Este episódio também nos ensina que devemos perseverar até o fim. Muitos anos de
experiência em andar com Deus não nos tornam imunes ao pecado. É preciso vigiar. Moisés
pecou naqueles que haviam se tornado pontos fortes de seu caráter e ministério: confiança e
mansidão. O pecado traz graves consequências. Moisés foi impedido de entrar em Canaã.
Cuidado com o pecado!

Lendo o salmo 95, notei que a ira de Moisés o levou a desobedecer a Deus. Moisés não
queria dar água ao povo. No entendimento de Moisés, o povo não merecia receber água. Deus
deveria punir o povo e não lhe pedir que falasse a rocha para que dela saísse água para o povo.
Talvez Moisés quisesse fazer justiça com as próprias mãos, não confiando e nem esperando a
manifestação da justiça divina.

Quantas vezes nos sentimos como Moisés indignados com uma ou mais pessoas que
agiram de modo a esgotar a nossa paciência, mas Deus nos diz para falar e dar água ao povo.
Jesus pede para darmos a outra face e para caminharmos outra milha. Deus quer que não
paguemos o mal com o mal, mas deseja nos ver dando água para o nosso inimigo. Ficamos
indignados, não queremos dar água ao povo, queremos justiça. Este texto nos ensina a não
sermos vingativos, mas a darmos lugar a justiça divina (Ver também Rm 12).

Este episódio nos adverte contra o perigo do pecado. Devemos vigiar. Devemos
confiar sempre no Senhor. Precisamos ter fé na Palavra e não em nós mesmos. Jesus falou: "Sem
mim nada podeis fazer!" Devemos depender sempre de Deus e não confiar em nossa própria
técnica. Devemos dar glórias sempre a Deus e não chamar a atenção para nós mesmos. Não
devemos fazer justiça com as próprias mãos, não devemos ser vingativos. Não devemos pagar o
mal com o mal, mas sim com o bem, dando água e comida aos nossos próprios inimigos. Vamos
confiar e sempre esperar em Deus!

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