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INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL – QI, QE e QS: o que é isso?

Margareth de Fátima Maciel

No início do século XX, um estudo de Binet (1905) para determinar o QI (Quociente


de inteligência) com a finalidade de medir a capacidade intelectual do ser humano, chegou-se
a conclusão de que só era inteligente quem sabia matemática, cuja idéia que permaneceu por
muito tempo.
Na década de 80, o norte-americano Howard Gardner começou a mudar essa
concepção com a teoria das inteligências múltiplas onde verificou que haviam outras
capacidades importantes na vida de uma pessoa. No final dos anos 90 já se ouvia falar em QE
(Quociente Emocional) principalmente no mundo empresarial, que tornou Gardner uma
celebridade.
Mas foi na virada para o século XXI que a física e filósofa norte americana Danah
Zohar juntamente com o marido psiquiatra Ian Marshal lançaram o livro Inteligência
Espiritual (Spiritual Quocient, ou QS), cuja importância ultrapassa o QI e o QE, é a
inteligência com que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor.
Quem pensa que Inteligência Espiritual está relacionada com religião, engana-se. A
religião constitui-se em UMA das linguagens usadas para o crescimento espiritual.
“QS é a inteligência que leva o ser humano, a criar situações novas, a perceber, por
exemplo, a necessidade de mudar de rumo, de investir mais num projeto ou de dedicar mais
tempo a família.”(Zohar, ap. Detoni, out. 2001)
A maior descoberta deste estudo está no fato de que QS faz parte do cérebro. Algumas
pesquisas científicas, descobriram que o ser humano tem uma área no cérebro que o faz buscar
os valores para sua vida. Conhecida como "Ponto de Deus", ela estaria situada na região dos
lóbulos temporais. Por um processo de escaneamento é possível verificar que essas áreas se
iluminam quando se discutem temas espirituais.
Zohar diz que a vida diária de hoje é muito tumultuada e existem muitos artifícios
materiais para nos distrair, fazendo com que deixemos de pensar concreta e profundamente
sobre nossa vida e, isso se deve também “à falta de líderes, porque líderes são pessoas que nos
inspiram para uma qualidade de vida melhor, para os valores mais profundos.” Na realidade
preferimos mais um chefe do que um líder. O chefe, muitas vezes, determina o que faremos e
isso incide sobre o que, como e em que tempo faremos, ou seja, não decidimos, não
inventamos, não temos iniciativa. Muitas atividades acabam se tornando automáticas e,
freqüentemente, manifestamos em nossas atitudes, mascarando o que somos com o que a
sociedade quer que sejamos.
Para desenvolver o QS é preciso assumir a responsabilidade sobre a própria vida e
transcender os obstáculos e a dor.
Segundo os autores do QS a pessoa espiritualmente inteligente apresenta como sinais:
a prática do autoconhecimento profundo, são levadas por valores idealistas, têm capacidade de
encarar e utilizar a adversidade, são holísticas, celebram a diversidade, têm independência,
perguntam sempre por quê, têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo,
têm espontaneidade e têm compaixão e capacidade de seguir as próprias idéias e ir contra as
convenções.
O QS é a fundação necessária para o funcionamento eficiente do QI e do QE. É a nossa
inteligência final. É com ela que podemos pôr nossos atos e nossa vida em um contexto mais
amplo e com a qual avaliamos se uma ação faz mais sentido do que outra. É esse poder
transformador que diferencia o QS do QE, por exemplo.
A sociedade mundial corre o risco de destruir a espécie por um ato desesperado de
tentar encontrar a paz, mas enquanto não buscar respostas dentro de si mesma não terá
perspectivas de um mundo onde se possa viver com respeito e com verdade.
Quanto mais nos conhecemos, mais desenvolvemos nossa Inteligência Espiritual e este
avanço poderá evitar maiores desentendimentos, novas crises e desequilíbrios destrutivos
provenientes de um nível de QS inferior onde prevalece o preconceito religioso, racial, sexual,
contra o diferente, os deficientes, etc.; a excessiva valorização da aparência, a busca pelo
poder, etc., que são incentivados pelo pensamento neoliberal.
O QS retorna ao início da história da humanidade quando o homem começou os
questionamentos sobre a vida, sobre o mundo e sobre si mesmo, mas não avançou nesta busca.
O século XXI impõe a nós esse desafio: adotar uma nova atitude diante da vida e de nós
mesmos.

DETONI, Marcia. Questionamento é base da inteligência espiritual. Equilíbrio. In: Folha de


São Paulo. Out. 2001.
ZOHAR, Danah; MARSHAL, Ian. QS - Inteligência espiritual: o “Q” que faz a diferença. Rio
de Janeiro: Record, 2000.

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