Rio de
Janeiro: Tempo Brasileiro, 1979. 3 ed. Col. Biblioteca Tempo Universitrio
42. (p. 97-106)
O gnero lrico
A essncia lrica
A essncia lrica se manifesta nos fenmenos estilsticos prprios. Quando a
obra apresenta predomnio desses traos sobre os demais, se situa no ramo da Lrica.
Assim se pronuncia Rosenfeld:
Pertencer Lrica todo poema de extenso menor, na medida em que nele no
se cristalizarem personagens ntidos e em que, ao contrrio, uma voz central quase
sempre um Eu nele exprimir seu prprio estado de alma.
formas verbais
Elementos intensificadores
substantivos
adj. e pron. adj.
custa
suportar
penei
sofri (3 vezes)
padeci
amar (3 vezes)
dor
mal (3 vezes)
pesar (2 vezes)
tristezas
d
mgoa
quanto
s
seno
cada dia
cada hora
muito
tamanha
todo (3 vezes)
profundo
mais
sem par
os demais aspectos tpicos, desde que estrutura lgica do discurso expressa as formas
da cogitao racional que no se concilia com a linguagem lrica. Naturalmente esta
propriedade diz respeito ao componente do imaginrio que integra toda criao
artstica, entretanto, o poema lrico parece romper com mais veemncia os estatutos
da realidade controlada pela razo. o que verificamos na definio do amor, atravs
da srie de oxmoros no soneto de Cames, numa das mais belas manifestaes do
petrarquismo renascentista:
Amor fogo que arde sem se ver;
ferida que di e no se sente;
um contentamento descontente;
dor que desatina sem doer;