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Minas Betim.
Resumo
Os resultados desse estudo mostraram que os alunos são muito receptivos a essas
metodologias alternativas e inclusive declaram ter seu aprendizado potencializado e
estimulado através das mesmas.
ambiental.
Introdução
um de nós exerce como atores nas atividades que causam modificações nesse meio,
supracitados. É comum que uma pessoa não compreenda como ela é parcialmente
responsável por determinados impactos ambientais que ocorrem muito longe do
alcance de seus olhos, isso se dá em muitos casos por concepções errôneas de Meio
Ambiente, excludentes em relação ao ser humano (Carvalho; Molin et. al., 2007, de
interações que as liga a tais processos (Molin et al., 2007; Bezerra e Gonçalves, 2007).
quanto estudar o meio nos faz sentir mais pertencentes à vida e ao mundo. Mas até
que ponto será que precisamos realmente ser estudiosos do meio para nos sentirmos
de tal forma? E até que ponto ser um estudioso do meio é suficiente para que esse
meio ambiente”, mas não é impossível que todos tenham noções básicas de cidadania
e respeito pelos recursos comuns à sociedade. Concomitante a isso, penso que seja
outros seres vivos) como “bens”. Isso somente reforça as formas mercantilista e
al., 2008), afinal de contas, não podemos exigir uma mudança de postura de quem
sequer sabe como efetivamente contribui para essas modificações negativas no meio.
Tão pouco, podemos esperar, que essas pessoas que não sabem de sua co-
ser ideais.
educação formal, que tem como um de seus objetivos oferecer subsídios para que o
indivíduo consiga se situar como componente do meio que o cerca e participante dos
processos que afetam esse meio (PCN). No entanto, a forma como o ensino de ciências
vem se popularizando cada vez mais no mundo (Tapper, 2006). É uma importante
biodiversidade e não tão ricos economicamente, como Costa Rica, Tanzânia, África do
Sul, Botswana, Belize, Zâmbia, Equador, Indonésia e Quênia (Yourth, 2001), nos quais
(Yourth, 2001).
Dentro do amplo espectro de atividades compreendidos na “Observação da
Vida Selvagem”, está incluída a Observação de Aves (Birdwatching), uma de suas mais
popularmente chamado por seus adeptos, é uma atividade que envolve lazer, pesquisa
consideráveis quando posto frente a outras vertentes do turismo (U.S. Fish and
Wildlife Service), e ainda conta com a vantagem de ser uma atividade baseada na
esses temas são tratados pode ser facilmente adaptado de acordo com o público alvo.
abordagem seja feita nas mais diversas escalas e nos mais variados temas, visto que
durante sua pratica são trabalhados aspectos da historia natural das aves, abordando
desde sua estrutura física até as complexas relações de interdependência que esses
seres (assim como todos os demais) estabelecem com seus semelhantes, com as
Materiais e Métodos
O presente estudo foi realizado na Escola Estadual Raul Saraiva Ribeiro, situada no
bairro Angola, área central da cidade de Betim – MG. O público alvo foi composto
posterior avaliação é uma adaptação da que foi utilizada por Vieira da Rocha e Molim
(2008). Primeiramente foi feita uma aula expositiva, que teve como principal finalidade
Outros assuntos abordados foram: Como, onde e o que usar para praticar a
observação de aves, uma breve introdução aos equipamentos que podem ser
utilizados durante essa prática, aves como indicadores da qualidade ambiental, uma
introdução à zoofonia das aves e uma analise descritiva dos principais locais na região
informações sobre os seres que nos cercam. Para tal, foram tocadas vocalizações de
três espécies de aves, o joão-de-barro (Furnarius rufus), o sanhaçu-cinzento (Thraupis
por seus repertórios vocais) e que são muito comuns em áreas urbanas (Sick, 1997;
toda área urbana de Betim (obs. pessoais). Logo em seguida, os alunos eram
visavam avaliar a compreensão e a aceitação da proposta por parte dos alunos (Tabela
Tabela 1: Questionário aplicado aos alunos afim de se avaliar a efetividade dos método
utilizado enquanto ferramenta efetiva para o ensino das Ciências Naturais.
tema em si, o quanto a exposição teórica foi capaz de despertar neles a vontade de se
aprofundar mais nesse assunto. A última pergunta tem por finalidade saber como os
observação de aves.
Resultados e Discussões
que não seria avaliada, mas que poderia servir para despertar o interesse dos alunos
pelas espécies com as quais convivem diariamente, mesmo sem perceber. No entanto
com certeza em caso de uma nova aplicação dessa metodologia, a prática de zoofonia
receberia mais destaque e haveria uma metodologia definida para avaliar seus
resultados. Porém como isso não foi feito, me atenho a tecer alguns comentários e
Pude perceber durante sua realização que nenhum dos participantes havia feito
algo similar. Quando os cantos foram tocados muitos risos e tentativas de acerto
frustradas tomaram conta do recinto, porém num nível muito adequado, não
de que a maioria das espécies sugeridas pelos alunos eram espécies amplamente
criadas em cativeiro no Brasil (Pereira e Brito, 2005), como sabiás (Turdus sp.), trinca-
ferro (Saltator similis), canário-da-terra (Sicalis flaveola), dentre outros. No fim das
grande parte dos alunos muito provavelmente entra em contato todos os dias. A
idéia de qual ave poderia emitir aqueles sons, os alunos partiram para palpites
lançados a esmo, com nomes de aves que eles nem sabiam ao certo se existiam na
região. No entanto ao ter a resposta revelada e uma foto da ave exibida ficaram
surpresos, alguns pelo fato de ter uma ave tão bela ao seu redor e nunca terem
reparado nela, outros por já conheciam o pássaro mas não sabiam que ele possuía um
deixou intrigados, pois é uma ave muito comum, que canta com freqüência, mas
dificilmente recebe atenção das pessoas, logo, os comentários mais comuns eram do
tipo: “Eu tenho certeza que já ouvi esse bicho antes, mas não sei o que é!”. Quando a
resposta foi revelada, mais uma vez a surpresa foi o sentimento dominante, porque a
ave era familiar a todos eles, mas ninguém havia sido capaz de associar seu canto tão
amplamente conhecido bem-te-vi, que foi prontamente reconhecido por grande parte
dos alunos, talvez em virtude do seu nome popular se originar de uma onomatopéia
de uma de suas vocalizações mais comuns. Acredito que o objetivo principal dessa
prática tenha sido alcançado com sucesso. Objetivo esse que era a de fazer com que os
alunos despertassem para a importância de se manter olhos e ouvidos abertos e
teoricamente foi feita através de um questionário, contendo três questões (Tabela 1),
a primeira delas abordava um tema que foi muito enfocado durante a palestra, que é a
informações tinham sido realmente assimiladas, ainda que de forma simplista. Para
Questionário 1.
Questionário 2.
A análise das respostas da primeira questão (Tabela 2) demonstra que a
palestra ministrada aos alunos foi efetiva quanto à finalidade explicar que todo espaço
físico no qual estamos inseridos faz parte do nosso meio ambiente e que
compartilhamos esse espaço com uma infinidade de outros organismos, já que cerca
de 95% dos alunos (n=18) apresentaram respostas satisfatórias para essa questão.
Molin et al. (2007), Bezerra e Gonçalves, (2007) ressaltam que o conceito de meio
ambiente excludente em relação ao homem e focado apenas nas áreas naturais sem
intervenções antrópicas é muito comum no ambiente escolar, tanto por parte dos
alunos quanto por parte dos professores, por isso acredito que sejam de extrema
importância atividades que abordem a real proximidade do homem com o meio que o
Questionário 2.
Questionário 3.
aplicação desse projeto despertou o interesse dos alunos em aprender mais sobre as
aves. Os números demonstram claramente que a maioria absoluta (n=18) dos alunos
demonstrou interesse em aprender mais sobre o tema. Acredito que o resultado seja
realmente fidedigno, pois os questionários foram recolhidos sem nenhum tipo de
identificação dos alunos que os responderam e tão pouco foram passiveis de alguma
avaliação que resultasse em pontos para o semestre letivo, logo, havia completa
(2008), que obtiveram 83% de aceitação por parte dos alunos quanto à perspectiva de
Um outro dado muito interessante é que 44% dos alunos além de responder
essa razão com argumentos que indicam o entendimento das complexas relações
real complexidade dos conteúdos tratados, para que os alunos deixem para trás a
Questionário 2.
interesse dos alunos por atividades similares às desenvolvidas nesse projeto ainda
ensino, atribuindo grande parte dessa não efetividade ao fato dessas metodologias
diversos tipos de justificativas para essa aceitação, algumas muito interessantes, que
refletem possíveis deficiências nas metodologias com as quais esses alunos vêm se
parcela deles (28%) alegou que essas metodologias poderiam ser interessantes por
atenção para o fato de que além de aprender com o auxilio das aves, gostariam de ter
também práticas envolvendo outras áreas da biologia. No fim das contas, a validade e
Considerações finais
trabalho foi muito bem aceita, todos os alunos demonstraram surpresa e interesse ao
constatar que as aves eram seres muito mais interessantes que eles supunham e
inclusive, objetos de estudo e pesquisa capazes de ilustrar incontáveis processos
reuniriam para discutir e realizar atividades teóricas e práticas, tendo como foco
principal a observação e estudo das aves. Essa perspectiva é fantástica, visto que os
um instrutor que esclarece todas as suas dúvidas. Nesse caso a busca pelas
partiriam dos próprios alunos. Logo, a motivação dos mesmos, ao menos em tese,
possível agendar junto à escola uma saída de campo em tempo hábil para que os
corrente no meio dos observadores, que se refere ao ato de sair para observar aves).
campo terá que contar com o apoio de terceiros, familiarizados com a avifauna da
extremamente complicado.
Outro ponto que deve ser mais bem explorado e avaliado em trabalhos futuros
de tudo, essas informações são perfeitos objetos de estudo para a ecologia, etologia e
muitos outros ramos da biologia. Inclusive, a prática de zoofonia foi um dos momentos
de maior interatividade com os alunos e despertou muito interesse por parte deles.
encaro muito mais como proposição de melhorias para futuros trabalhos, meus ou de
Referências
ANPOCS.
1997.
Caudill, J.. 2003. Addendum to the 2001 National Survey of Fishing, Hunting and
Watching.
Molin, R.F.; Pasquali, E.A; Valduga, A.T.. 2007. Concepções de Meio Ambiente
Ecologia do Brasil.
13.
SICK, Helmut. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. 862p.
Tapper, R.. 2006. Wildlife Watching and tourism. A study on the benefits and risks of a
fast growing tourism activity and its impacts on species. United Nations Environment
Victório Siquierolli, zona urbana de Uberlândia (MG). Biotemas (UFSC), v. 19, p. 81-91.