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Análise, Citações e Críticas

à obra

Filosofia Clínica – Propedêutica

De Lúcio Packter

Versão 2 de 11 de março de 2010

Por

Saurater Faraday
saurater.blogspot.com

Parte I Versão 2

Campinas, 11de Março 2010


Notas:

O trabalho aqui apresentado reflete citações do livro Filosofia Clínica –


Propedêutica, de Lúcio packter, disponível em
http://www.readoz.com/publication/read?i=1021037.

Notas do compilador, Saurater Faraday, são encontradas no rodapé com


as iniciais N.C. e refletem unicamente o pensamento deste, sem nenhum
vínculo com o Instituto Packter nem seu fundador, Lúcio Packter.

Saurater Faraday é graduando em Administração de Empresas e Gerente


de Projetos de Tecnologia da Informação. Co-compilador do livro
Terapia em Filosofia Clínica - Percepções e Aprendizagens, em parceria
com Vânia Dantas e e Marta Claus, cuja resenha está disponível em
http://saurater.blogspot.com/2009/07/terapia-em-filosofia-clinica-
percepcoes.html
Relativismo1 e Verdades
Como cada coisa aparece para mim, assim ela é para mim. Como cada coisa aparece para ti, assim ela é
para ti.

(p. 4) Protágoras de Abdera (Abdera, 480 a.C. - Sicília, 410 a.C.)

O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são,
enquanto não são.

(p. 5) Protágoras de Abdera (Abdera, 480 a.C. - Sicília, 410 a.C.)

(...) aquilo que uma pessoa sente, vive, afirma , imagina, faz – isso é assim para ela – independente de
ser compartilhado com outras pessoas , de ser aceito, compartilhado, criticado, ironizado, proibido (...)

(p.5) Lúcio Packter

O Mundo é representação minha... Quando o homem adquire essa consciência...então sabe com clara
certeza que não conhece o sol nem a terra, mas somente que tem um olho que vê o sol e uma mão que
sente o contato de terra: sabe que o mundo circunstante só existe como representação, isto é, sempre e
somente em relação com o outro ser, com o ser que o percebe, com ele mesmo... Tudo o que o mundo
inclui ou pode incluir é inegavelmente depedente do sujeito, não existindo senão para o sujeito. O
mundo é representação.

(p. 5) Arthur Schopenhauer (Danzig, 22 de Fevereiro 1788 — Frankfurt, 21 de Setembro 1860)

O que será do mundo e de nós se cada um fizer o que bem entender, alegando que na opinião dele está
fazendo o que correto?

1
N.C. Como conceber um Filosofia que é relativista e que, acima de tudo, busca responder, enquanto a tradicional
Filosofia é universalmente aceita como uma indagadora, inquieta com o aí posto no mundo? Quando conheci o
Packter e sua proposta clínica, logo fiquei encantado com a idéia utilitarista para a Filosofia; entretanto, alguns
anos após o primeiro contato com a F.C., mais imaturo do que quando da composição deste trabalho, logo me veio
o receio de estar tentando transformar a inquietação da Filosofia pela quietação passiva do relativismo ao aceitar
aos proposições de Protágoras e de Schopenhauer, tão fortes no Packter, de que as coisas são tal somente assim
como aparecem para ti. Apaixonado pela Fenomenologia da Percepção em Ponty e sua epoché, mesmo assim,
fiquei dividido e passei olhar com olhos desconfiados de filósofo as proposições relativistas. Seria como cruzarmos
os braços e aceitarmos as pessoas e seus modos de pensar, e, para as quais, uma ética e uma moral relativistas.
Seria o fim da Filosofia como a conhecemos?
As propostas do Packter, enquanto clínica, ainda me parecem melhores, em alguns pontos, do que outras
seculares, ao mesmo tempo que ainda me parecem um tanto quanto perigosas e ameaçadoras à inquietação que
levou os filósofos, através dos tempos, a pensarem e buscarem entender o mundo e seu dinamismo.
Imagine duas pessoas brigando por terem pontos de vista divergentes sobre uma mesma questão!

(p. 6) Lúcio Packter

Em algum remoto rincão do universo cintilante que se derrama em um sem-número de sistemas solares,
havia uma vez um astro, onde animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais
soberbo e mais mentiroso da ‘história universal’: mas também foi somente um minuto. Passados poucos
fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer. – Assim poderia
alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quão lamentável, quão
fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza.
Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver passado, nada terá
acontecido. Pois não há para aquele intelecto, nenhuma missão mais vasta que conduzisse além
2
da vida humana . Ao contrário, ele é humano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão
pateticamente, como se os gonzos do mundo girassem nele.

(p. 6) Friedrich Wilhelm Nietzsche (Röcken, 15 de Outubro de 1844 — Weimar, 25 de


Agosto de1900)

(...) as verdades de uma abelha não são necessariamente as verdades de um pequeno ursinho panda,
que por sua vez não são as verdades de uma rocha estacionada em solo lunar, que por sua vez não são
as verdades de uma pessoa.

(p. 7) Lúcio Packter

“Todo mundo quer um pedacinho de terra, não muito. Alguma coisa que seja nossa. Um lugar onde a
gente pudesse viver sem ser botado para fora. Eu nunca tive nada assim. Já plantei pra quase todos os
desgraçados desse estado, mas não eram safras minhas; e quando eu fazia a colheita, ela não era minha.
Mas agora isso vai mudar, pode ter certeza... Eu, Lennie e George. A gente vai ter um lugarzinho pra nós.
E um cachorro e coelhos e galinhas. E também muito verde e quem sabe até uma vaca ou uma cabra.”

Essa pessoa não fala do meu ou do seu mundo. É sempre, e de qualquer jeito, o mundo dela, o mundo
conforme ela entende e vive. Outro homem, na mesma situação, poderia ter um entendimento muito
diferente.3

(p. 7) Lúcio Packter ao citar John Ernst Steinbeck (Salinas, 27 de fevereiro de 1902 — Nova
Iorque, 20 de dezembro de1968) foi um escritor estadunidense.

2
N.C. (Negrito do Compilador) – Aqui Packter busca explicar a questão do relativismo a partir de Nietzche e é
possível ligar tal passagem com Protágoras, ao afirmar que as coisas são enquanto são (...havia (existia lá, era lá,
enquanto era) uma vez um astro, onde animais inteligentes inventaram o conhecimento...) e não são enquanto
não são (...houve eternidades enquanto ele não estava...).
3
N.C. Mais uma vez, Packter busca afirmar a questão do relativismo. Aqui, retrata um discurso universal e afirma
que não passa de um modo de singularidade do seu locutor, ou seja, assim como o mundo lhe parece.
Em Filosofia Clínica, há dois tipos básicos de verdade.

O chocolate quente cremoso que seus lábios tocam, os sentimentos de carinho que você experimenta,
suas opiniões, seus conhecimentos, o som distante de uma flauta de pau que chega até seus ouvidos, as
delicadas cores do outono, o aroma dos cabelos da pessoa que você ama, essas são as suas verdades.
Então, o primeiro tipo de verdade é aquela verdade que habita seu coração, suas células, você.

O segundo tipo básico de verdade é a verdade convencionada, consensual, estabelecida em conjunto


por todas as pessoas. Deste modo, o sinal verde do semáforo indica que o caminho está liberado à
passagem, as horas que o relógio marca estipulam um padrão de tempo, a palavra mel tem um
significado ou mais de um, conforme as convenções, e assim subseqüentemente.

(p. 7) Lúcio Packter

A verdade subjetiva de uma pessoa pode se associar harmoniosamente, ou colidir, ou negar, ou


aumentar, ou refletir, ou evitar a verdade convencionada.

(pp. 7 e 8 ) Lúcio Packter

Pré-Juízos4

Os pré-juízos são verdades que a gente carrega e que vão prestar contas com as nossas novas vivências.

(p. 9) Lúcio Packter ao citar a idéia de pré-juízo em Hans-Georg Gadamer (Marburg,11 de


Fevereiro de 1900 – Heidelberg,13 de Março de 2002) filósofo alemão.

4
N.C. Aqui Packter introduz a idéia de pré-juízos, ou seja, juízos pré-concebidos. “Quem quiser compreender um
texto realiza sempre um projetar. Tão logo apareça um primeiro sentido no texto, o intérprete prelineia um
sentido do todo. Naturalmente que o sentido somente se manifesta porque quem lê o texto lê a partir de
determinadas expectativas e na perspectiva de um sentido determinado. A compreensão do que está posto no
texto consiste precisamente na elaboração desse projeto prévio, que, obviamente, tem que ir sendo
constantemente revisado com base no que se dá conforme se avança na penetração do sentido”. GADAMER,
Hans-Georg. Verdade e Método. Vol. II, 2 edição, Editora Vozes, Rio de Janeiro, 2004. Apud JOBIM, Marcos Félix
em http://www.tex.pro.br/wwwroot/00/00compreender_MF.php conforme visita em 2 de janeiro de 2010.

Note-se que sentido semelhante é encontrado na Fenomenologia de Edmundo Hussel, ao retratar a necessidade
de uma suspensão do juízo, também conhecida pelo termo grego epoché ou epokhé (εποχη), o que implica na
"contemplação desinteressada" de quaisquer interesses naturais na existência. Em outras palavras, significa a
suspensão de juízo fenomenológica , a qual não põe em dúvida a existência, mas se abstem de emitir juízos sobre
ela, ou seja, deixar de lado o racional, os julgamentos e os pré-conceitos.
(...) Tudo o que o velho pescador5 disser ou fizer mostrará como as coisas são para o próprio pescador e
que, de qualquer modo, o filósofo já iniciará a clínica com um pequeno amontoado de pré-juízos (que
mais tarde pode ter de colocar exatamente no lixo).

(p. 9) Lúcio Packter

(...) como cada pessoa tem um mundo individual como representação, não pode o filósofo começar a
clínica de tipologias ou estereótipos ou dogmas como6:

 Falta Deus no coração dessa pessoa.


 Esta pessoa não permite o fluir natural das emoções.
 Há um distúrbio quanto à sexualidade em algum lugar.
 Ela foge do presente.
 Ela não se gosta, eis o problema.
 Não há um sentido em sua existência.
 Ela faz jogos existenciais infelizes.
 A criança que existe nela briga com o adulto que existe nela.
 Este estreitamento e tensão no pescoço mostra um narcisismo secundário.
 A primeira coisa é liberar o diafragma, para que ela respire.
 O que será que houve na vida passada para que esta pessoa apresente tais problemas agora?
 A pessoa é aquilo que come. Que tipo de lixo está intoxicando esta pessoa a ponto de deixá-la
desse jeito?

(pp. 15, 16) Lúcio Packter

Assunto Imediato7

(...) o que a pessoa está dizendo é somente algo imediato, como alguém que procura o médico com
febre alta de 39 graus com o intuito de se livrar da febre, mas o médico, sensato, não dará antitérmicos

5
N.C. O velho pescador é um cliente, paciente ou, mais precisamente, um partilhante conforme a nomenclatura da
Filosofia Clínica.
6
N.C. Cerca de 6 ou 7 anos se passaram desde que tive o primeiro contato com a Filosofia Clínica e ainda me
pergunto quanto tempo realmente um filósofo clínico se manterá minimamente livre das idéias pré-concebidas,
dos pré-juízos. Ao mesmo tempo em que abomino a rapidez com que outras formas de terapias logo fazem uso de
taís idéias, digo, as pré-concebidas, tais como o Complexo de Édipo de Freud, e mesmo reconhecendo a
individualidade do ser e seu singularismo, reconheço haver termos universais deixados pela essência do Ser, pelas
culturas e subculturas.
7
N.C. O assunto imediato, conforme tratado por Packter, pode não passar de um sintoma, assim como a febre o é,
e somente exames detalhados (exames categorais) poderão idenficar o assunto final, a verdadeira queixa do
partilhante.
e analgésicos à pessoa e a mandará para casa repousar. Ele iniciará uma série de exames médicos para
descobrir o que está ocasionando a febre: uma infecção, uma inflamação, alguma moléstia mais grave.

(p. 11) Lúcio Packter

Exames Categoriais8

Aristóteles desenvolveu 10 categorias, alicerces fundamentais para que possamos pesquisar qualquer
coisa: substância, quantidade, qualidade, relação,lugar, tempo, posição, posse, atividade, passividade.

8
Exames categorais, conforme Wikipedia em http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_clínica visitado em 2 de Janeiro
de 2010.
Assunto

Sobre a categoria Assunto: O assunto, o qual chamamos imediato ou último, é aquilo que leva o partilhante à
clínica, ou seja, a causa, o motivo, a questão que faz com que a pessoa procure o atendimento filosófico clínico.

Circunstância

Sobre a categoria Circunstância: Diz respeito à situação, o estado em que a pessoa (partilhante) se encontra,
quando este, chega à clínica com uma demanda. É o mesmo que dizer: o todo do partilhante, ou seja, é o seu
entorno.

Lugar

Sobre a categoria Lugar: Diz respeito a como a pessoa (partilhante) se movimenta sensorialmente e abstratamente
no espaço geográfico que ocupa.

Tempo

Sobre a categoria Tempo: Diz respeito à como a pessoa (partilhante) lida com o tempo cronológico, aquele do
relógio e o tempo subjetivo, aquele vivido pela pessoa. Aqui, levamos em consideração como a pessoa vive o
tempo, se no futuro, se no passado, ou se há uma mescla desse tempo e quais problemas existenciais pode existir
para essa pessoa em relação à como a mesma vive essa categoria na sua vida.

Relação

Sobre a categoria Relação: Diz respeito a relação da pessoa (partilhante) com o que, com quem, se com ela
mesma, e a qualidade dessa relação.
(...)a Filosofia Clínica se utiliza dessas categorias, modificadas e adaptadas à clínica.

O objetivo de usarmos as categorias em clínica é o de localizar existencialmente a pessoa. Através dos


exames categoriais o filósofo saberá o idioma da pessoa, seus hábitos, sua época, a política e os dados
sociais da localidade onde viveu, a geografia, o contexto religioso, histórico, entre outros aspectos que
podem ter importância.

(p. 13) Lúcio Packter

O filósofo necessita que a pessoa conte a história dela por ela mesma, sem intérpretes, e procurará todo
o tempo manter-se atento, evitando interferências que deturpem a história da pessoa.9

Nas quatro ou cinco consultas iniciais, o filósofo se limitará a expressões como: “E então? E daí?
Continue, por favor. Siga contando. O que mais? E depois? Como segue a partir disso? Você estava me
contando sobre tal fato, prossiga”10. Porque simplesmente o filósofo tem interesse em um histórico
superficial que comece, tenha um desenvolvimento e chegue a um término.

(p. 14) Lúcio Packter

Afinal, o que sabe inicialmente o filósofo sobre a pessoa com quem acaba de ter um primeiro contato?
Sabe pouco, muito pouco mesmo.

(p. 14) Lúcio Packter

Às vezes a pessoa apagou dez anos de sua vida e não se recorda de tê-los vivido – como um modo de
lidar com um grande sofrimento que teve naquele período; às vezes é o contrário: ela se lembra
perfeitamente daquele sofrimento porque acredita que é preciso sofrer muito nesta vida a fim de
alcançar a porta do céu; às vezes a pessoa inventou fatos e criou enredos que jamais existiram como
um modo pessoal de suportar uma existência difícil.

(p. 16) Lúcio Packter

O filósofo clínico deve obedecer a critérios para que a pessoa possa elaborar apropriadamente sua
autobiografia. (...)

Às vezes a pessoa chega ao filósofo sentindo-se subjetivamente péssima, como um vulcão à véspera da
erupção, e seria então grotesco que o filósofo fizesse os exames categoriais, porque é quase evidente

9
N.C. Em outras palavras, buscará evitar os pré-juízos, ou, pelo menos, mantê-los ao mínimo.
10
N.C. ainda não é hora de enraizamentos, aprofundamentos. A história deve fluir sempre contada pelo
partilhante, com o mínimo possível de interferência do filósofo clínico, pois isso poderia contaminar o discurso do
partilhante.
que não conseguiria. Em caso assim, usamos de um procedimento denominado esteticidade, uma
espécie de livre curso da manifestação, como a abertura de comportas de uma represa. A pessoa então
chora de modo convulso, ou desata a falar de modo opulento e sem freios, ou apresenta reações como
desmaios e vômitos.

(...)

Há pessoas, por exemplo, que julgam ser inútil ou ilusório fazer uma revisão histórica da própria vida,
mesmo que sob pretexto de condição para se iniciar a clínica; outras podem acreditar que toda revisão
histórica é uma farsa em que um mentiroso tenta se reabilitar; há quem entenda que o passado não
sirva para explicar o presente, que o presente deve explicar-se a si mesmo.

Há gente que rompeu tão definitivamente com seu próprio passado, que se torna um massacre querer
usar dele como início de clínica. O erro não está na pessoa, eu acho, mas no filósofo se tentar forçar
uma intervenção que afronte o modo de ser da pessoa.

Sabemos apenas que deveremos negociar uma alternativa: fazer a colheita categorial por fotografias
ordenadas cronologicamente e comentadas pela pessoa, levantar um histórico através de pessoas da
família, por anotações que a pessoa tenha feito em um diário ou quaisquer alternativas que possam ser
trabalhadas. Não é uma solução ótima. Muitas vezes é apenas a única que o filósofo poderá ter.

(pp. 17, 18) Lúcio Packter


Dados de Semiose11

(...) o filósofo procurará desenvolver sua clínica utilizando os dados de expressão mais acessíveis e ricos
de que a pessoa dispuser. Por isso, além de disciplinas como Filosofia da Arte, História, Sociologia,
Filosofia da Linguagem – dadas nas Faculdades de Filosofia - , os filósofos clínicos ainda estudam12 argila
e escultura, línguas, cinema, pinturas e somaticidade no Instituto Packter. Do contrário, como seria
possível a clínica com um mudo, ou com quem fosse cego e surdo, ou com pessoas que não pudessem
dispor, por qualquer razão, do dado verbal?

(p. 17) Lúcio Packter

Lógica Formal

(...) a lógica formal, (... )estuda os conceitos, os juízos e o raciocínio, além das leis do pensamento.

(p.20) Lúcio Packter

(...) a pessoa constrói um inferninho mental qualquer devido a formações infelizes de estruturações
conceituais.

(p.21) Lúcio Packter

11
Dentro da ciência dos signos (Semiologia; Semiótica), semiose foi o termo introduzido por Charles Sanders Peirce
para designar o processo de significação, a produção de significados. Qualquer que seja o ponto de vista, uma
preliminar definição da semiose é qualquer ação ou influência para sentido comunicante pelo estabelecimento de
relações entre signos que podem ser interpretados por qualquer audiência. Semiose, Wikpedia em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Semiose visitado em 2 de Janeiro de 2010.

N.C. Packter ilustra a idéia de semiose em exercício ao sugerir que, dada uma figura de uma casa, de uma casa em
Canela, na serra gaúcha, se construa um enunciado no qual se utilizará um dado de semiose como instrumento
para vivenciar a casa, e sugere como resposta a vivêncio da casa pelo dado de semiose escrito, quando se escreve
sobre ela, vivenciando intensamente e, assim, se expressa de si o que se experimenta dela. Em
http://www.filosofiaclinica.com.br/acervo%20exerc%C3%ADcios/mais%20exerc%C3%ADcios/index%207.htm
conforme visita em 2 de Janeiro de 2010.
12
N.C. Visto dessa forma, a Filosofia Clínica sempre parece brilhante e um tanto completa, entretanto, quão
verdadeiro é que os Filósofos Clínicos realmente têm uma formação curricular adequada que os permita se
qualificarem em Filosofia da Linguagem, argila e escultura, línguas, cinema, pinturas e somaticidade? A grade
curricular da Filosfia Clínica é deveras abragente, assim como grande e espaçoso são o coração e o conhecimento
do amigo Packter, mas as aulas de F.C. são carentes de estruturas didáticas, de verificação adequada do
conhecimento ensinado-aprendido. Falta um estrutura pedagógica formal. De modo geral, o conhecimento
transmitido é generalista e superficial e muitos alunos acabam praticando poesia, por se apaixonarem pela F.C.,
ignorando os rigores do conhecimento científico, levando-os a não-credibilidade da academia. Muitos vivem de
citações, algumas românticas, mas carentes de fundamentação. É muito comum ver os estudantes de F.C. sacarem
uma citação de Gadamer, Protágoras, Locke quando, na verdade, não passam de citações de livros que não leram
ou, se leram, foram passagens rápidas quando do curso acadêmico.
Dados Celulares ou Singulares
(p.22) Lúcio Packter

Idéias Complexas13

(...) às vezes a pessoa viveu sensorialmente um verdadeiro inferno em vida, e , no entanto, através de
idéias complexas que desenvolveu a partir dali, e talvez exatamente por aquilo, tenha conseguido viver
consideravelmente bem, conforme a subjetividade dela.

(...) o filósofo clínico associa ao logicismo formal o empirismo inglês, e associa os dois à analítica da
linguagem e epistemologia. Afinal, o filósofo precisa ter instrumentação clínica para poder pesquisar o
conteúdo do termo, o significado, o uso, as ramificações.

(p.22) Lúcio Packter

Estrutura de Pensamento
(...) a maneira como estão associados em você todos os seus sentimentos, os seus entendimentos, seus
dados éticos e epistemológicos, religiosos e o que mais houver.

(p.23) Lúcio Packter

13
Segundo Andrade em citando Hume e Locke, as idéias complexas se referem a imagens mentais que se seguem
a alguma vivência relacionada aos sentidos e/ou que sejam simultâneas a estes. Em Idéias Complexas a pessoa vai
associando termos/conceitos, sempre mais, vinculando-os uns aos outros, derivando juízos, ampliando uma rede
de pensamentos que a cada instante se afasta dos dados básicos, sensoriais, aqueles oriundos da experiência.
(ANDRADE, Márcio José, Filosofia Clínica e Cinema, artigo online disponível em
http://www.filosofiaclinica.com.br/acervo%20de%20artigos/M%C3%A1rcio%20Jos%C3%A9%20Andrade.htm
conforme visita em 3 de março de 2010.

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