Você está na página 1de 16

LinhaFina

Jornal Laboratório do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Faculdade Pitágoras Campus Londrina-PR | Ano 1 Ed. 3 | Setembro de 2008

Estágio

Polêmica antiga e sem solução


Quase três décadas depois da proibição, ainda durante a ditadura militar, o estágio para
para estudantes de jornalismo ainda está longe de se tornar realidade (página 9)

A dura luta pela sobrevivência nos palcos da vida


O garoto Eric, de 15 anos, que ganha dinheiro e ajuda a família fazendo
malabarismo no semáforo (página 11)

Crise do Legislativo dói no bolso O cinema que virou mercado O futuro que nunca chega
A crise da Câmara passou a doer no Em Jaguapitã, cinema fundado na Neste o Tubarão busca de uma
bolso do contribuinte, depois que o década de 1950 virou supermercado. vaga na Série D na Copa Paraná.
Legislativo passou a pagar salários Agora os moradores da cidade têm Para o presidente Peter Silva, em
para vereadores afastados e seus duas opções para assistir filmes: cinco ou seis anos o clube pode estar
suplentes. viajar ou alugar DVDs. disputando uma vaga na série A.
Página 3 Página 5 Página 15
2 LinhaFina Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

E E E ditorial
vvvv C Comentário
Expediente Estágio em Jornalismo: Horário não político
uma eterna polêmica
Espaço destinado a discutir a situação da
Entidades procuram evitar que o estágio cidade é utilizado para ataques pessoais e
se torne exploração de mão-de-obra promessas sem lógica
Proibido pela legislação que regulamenta a profissão de Rodrigo Gutuzo vel. Assim, o horário político
jornalista (artigo 19 do Decreto 83.284/79) por reivindica- Estamos em época eleito- se torna o momento de “entre-
Faculdade Pitágoras ção, inclusive, dos próprios estudantes, o estágio voltou a ral, visando às eleições para tenimento familiar”. Parte da
Unidade Metropolitana ser motivo de polêmica e embates especialmente na década vereadores e prefeito. Tempo população assiste para se “di-
Rua Edwy Taques de de 1990. A partir de então, os estudantes passaram a reivin- de acompanharmos o horário vertir” com as rimas, jingles e
Araújo, n. 1100 CEP dicar e pressionar por sua volta, alegando que o contato com eleitoral gratuito, ou pelo me- promessas apresentadas. Ou-
86047-790 o mercado de trabalho contribuiria para a formação profis- nos deveria ser assim. Mas, tros preferem assistir a um
Gleba Palhano sional. infelizmente, são poucos os filme, ouvir uma música, ou
Londrina-PR Por muitos anos, então, jornalistas, professores e estu- que assistem e pior, raros os até desligar a televisão.
dantes de jornalismo debateram e polemizaram em torno da candidatos que aproveitam Esses fatores criaram um
Fone: necessidade e viabilidade da realização do estágio. Os pro-
(43) 3373-7333 bem esse espaço democrático. desinteresse do eleitor com a
fissionais, através da FENAJ e seus Sindicatos, sempre bus- O horário destinado aos política. Deve-se pensar que
www.faculdadepitagoras. cando evitar que, sob a justificativa de estágio, o mercado de candidatos a vereador e pre- raramente alguém consegue
com.br/metropolitana trabalho explorasse mão-de-obra barata e aviltasse a profis- feito deveria ser explorado mudar o que não conhece e
são por demais já atacada. Porque era exatamente essa a para discutir propostas e as assim também ocorre com a
LinhaFina é um jornal realidade.
laboratório do Curso de necessidades da cidade, prin- política. É preciso participar,
Para a FENAJ e Sindicatos, se realmente fosse necessá- cipalmente para os concor- analisar as campanhas dos
Comunicação Social com ria a volta do estágio, este teria de retornar a partir de en-
habilitação em rentes a administrar o muni- candidatos e perceber quem
tendimentos e mudanças que envolvessem não apenas sua cípio nos próximos quatro está usando o espaço eleitoral
Jornalismo. prática, mas todo o processo de formação em jornalismo. De anos. Porém, o que se vê é para discutir o que é melhor
Tiragem: acordo com o presidente do Sindicato dos Jornalistas de um show de marketing pes- para a cidade.
1000 exemplares Londrina, Ayoub Hanna Ayoub, o estágio é muito importan- soal, de promessas e músicas Não assistir ao horário
te para os estudantes que precisam vivenciar a prática, po- de apelo popular. Mais próxi- eleitoral gratuito pode até ser
Impressão: rém deve funcionar como complemento e não como substi-
Gráfica Jornal de mo às eleições, geralmente um sinal de “revolta”. Porém,
tuição de profissionais já formados. começam os ataques pesso- será mais uma forma de man-
Londrina Para Hanna Ayoub se o estudante tivesse a consciência ais, em que derrubar a ima- ter os mesmos políticos no Po-
Diretor Geral do Campus de que o estágio hoje é o emprego que ele não terá amanhã gem do concorrente se torna der. E assim a política conti-
Professor Eduardo ao terminar a faculdade, as irregularidades seriam bem me- mais importante que a pró- nuará em decadência, como
Moreira Dias nores. O Sindicato dos Jornalistas de Londrina tem se posi- pria cidade. uma “bola de neve”. A atual
cionado de forma rigorosa na fiscalização de empresas que Com os escândalos de cor- situação exige atitudes, e cru-
Coordenador do Curso de exploram estudantes que procuram o estágio como aprendi-
Comunicação rupção virando rotina no Po- zar os braços não é o ideal
zado e também ganhar um dinheiro extra. Essa posição do der Legislativo, o eleitor vê a para o momento político do
Prof. Hertz Wendel de sindicato é louvável, considerando que as empresas de co-
Camargo política como algo abominá- Brasil.
municação, com base em interesses econômicos, acabam

C
Coordenação Jornalística substituindo profissionais por estagiários, o que caracteriza
Prof. Fabio Silveira exploração de mão-de-obra. E deve ser combatida.
(mtb 3361-PR)
Crônica
O
Coordenação de Opinião

Opinião
Prof. Celso Mattos
Coordenação de
Fotojornalismo
Prof. Luciano Pascoal
Branco mortífero
Coordenação de
Projeto Gráfico
Prof. Sérgio Mari Jr.
Disque 100 medo Naiane Souza
Vejo-me sentada nova-
modada... não gosto dessas
inovações. Desligo novamen-
No primeiro semestre de 2008 as mente em frente ao computa-
dor sem ter idéia do que es-
te. Penso. Mas não existo.
O telefone toca, tenho cer-
Redação:
Aíme Lima denúncias de violência e abuso sexual crever. Entro no Google, teza que é o Joça desesperado
porém não encontro nada que pelo meu atraso, e eu ainda
Alessandra Cristina
Alika Moro
aumentaram em 78% seja relevante e que mereça mais por não ter escrito algo
Ana Luiza Elias os meus minutos de desespe- que considerava relevante
Camila Ramos Caroline Moretti feminino. E sobre os tipos de ro antes do Joça ligar pedindo para publicação. Atendo, e é
Camilla Ribeiro Os casos de violência e denúncias, duas são as mais algo para apresentar. Ele vai ele. Deixa claro: tenho poucos
Daniela Ishiyama abuso sexual contra crianças freqüentes: negligência 35% e me matar. minutos... Começo a digitar
Daniele Machado e adolescentes aumentam to- violência (psicológica ou físi- Penso em escrever sobre sobre minhas angústias do
Davi Baldussi dos os dias. Para tentar mu- ca), 34%. política, afinal estamos em tempo, das horas, minuto e
Fabiana Torres dar essa situação o Governo Alcoolismo, desemprego, o época de eleição, mas lembro segundos cada vez mais valio-
Fábio Bortoleto criou o Disque-denúncia para uso de drogas são alguns dos que não gosto nem um pouco sos. Quando vi, termino um
Janaina Oliveira auxiliar no combate à violên- fatores que mais levam aos desse grande espetáculo que artigo digno dos filósofos gre-
Janaína Portello cia e abuso sexual contra maus tratos a crianças e ado- é a nossa “demo-cracia”. Jor- gos. Entro no meu e-mail, en-
Jane Marques crianças e adolescentes. Em lescentes. Só o auxílio nas de- nalista frustrada. Pareço-me vio o texto.
João Calor Nascimento 2006, o número mudou para núncias não é suficiente para com Dimitri Borja Korosec, o Minutos depois ele liga no-
Mariana Gatzk outro de mais fácil assimila- diminuir os números. Faltam homem que matou Getúlio vamente. Grita de novo pelo
Mariana Sapia ção: o disque 100. programas públicos de orien- Vargas que, segundo meu meu atraso. Fala dos impor-
Osvaldo Henrique No primeiro semestre de tação para que as pessoas não amigo Jô, fora um assassino tantes minutos que perdeu,
Thaiz Vaz 2008 as denúncias aumenta- tenham medo de denunciar e treinado para matar, mas mas acaba elogiando o que
Valdemar Loredo ram em 78% se comparado com sofram menos com essa situa- nunca atingira o sucesso. fiz. Calores de satisfação pas-
Valero Junior o mesmo período do ano passa- ção, além da melhora das es- Treinada para escrever, mas sam pelo meu corpo. Tarefa
do. Esse aumento pode ser re- truturas nos órgãos de de- sem atingir o sucesso. cumprida.
Diagramação: sultado de uma maior divulga- núncia. Saio da mesa. Tomo água, Levanto-me da cadeira,
Caroline Moretti ção e a troca por um número de É importante que exista fumo um cigarro, ligo a televi- trago mais um cigarro, tomo
Leandro Munhóz memorização mais fácil. um tratamento e acompanha- são, mas está passando a tal uma dose de whisky Johnnie
Naiane Souza Os registros da Secretaria mento psicológico tanto dos de A Favorita. Não entendo Walker de oito anos. Perfeito.
Natália Lima Castro Especial dos Direitos Huma- abusadores e principalmente essa jogada do João Emanuel Tomo um banho, janto, relaxo
Rodrigo Gutuzo nos (SEDH) mostram que em das vítimas. Não é raro que a Carneiro em revelar a verda- e durmo tranqüilo no fim de
Stephane Massareli 61% dos casos de abuso e vio- esta se torne um abusador no de no meio da trama; acho mais um dia de desespero
Vinícios Souza lência às vítimas são do sexo futuro. que estou ficando velha e aco- inútil de minha vida.
G
LinhaFina 3


Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

Professor de cursinho:
educador ou show man?
Pág. 4


Produção da Indústria Gráfica
deve crescer 30% com campanhas
eleitorais. Pág. 5


Londrina aumenta em 3,7%
sua frota e trânsito preocupa
Geral população. Pág. 7

A CONTA
Biodiesel: IAPAR pesquisa
Crise aumenta em 12% novas alternativas
Instituto Agronômico do Paraná pesquisa novas

gastos com vereadores plantas para a produção de biocombustível no Estado


Fábio Bortoleto
Em busca de novas alterna-
tivas para a produção do bio-
Afastamento de vereadores prejudica a cidade e provoca diesel, o Instituto Agronômico

Fábio Bortoleto
aumento com o pagamento paralelo de afastados e suplentes do Paraná, (IAPAR) está pes-
quisando algumas plantas que
têm potencial para a produção
Valero Junior e também possuem um bom
A crise da Câmara Muni- aproveitamento das tortas re-
Valero Junior

cipal, que transformou mais siduais, provenientes do esma-


da metade dos vereadores que gamento das sementes.
iniciaram a atual Legislatura O pesquisador do IAPAR
em réus, começa a pesar no Ruy Yamaoka destaca que dutores. “Muitos ficam com re-
bolso do contribuinte, na for- muitas plantas já foram culti- ceio em cultivar uma oleaginosa
ma de um aumento de gastos vadas no Paraná, mas que será e posteriormente não ter mer-
da Casa. Esse aumento se difícil produzir uma espécie cado para comercializar a pro-
deve ao fato, que mesmo com que possa substituir futura- dução”, ressalta Yamaoka.
o afastamento judicial dos ve- mente a soja na produção de Um aspecto importante é
readores, eles continuam re- biocombustíveis. tentar dar maior clareza para
cebendo seu pagamento nor- “Estamos trabalhando na os produtores em relação à co-
malmente. Portanto a cidade linha de como utilizar melhor mercialização dos grãos, já que
de Londrina está remuneran- uma espécie para complemen- a soja e o milho têm mercado
do 22 vereadores ao invés dos tar a safra de inverno para a definido com as cooperativas
habituais 18. De acordo com produção de biodiesel. Temos para a comercialização dos pro-
projeção das despesas com que implantar o cultivo de ou- dutos.
pessoal para 2008, fornecida A casa do povo tem sua reputação manchada tras plantas no período entres- De acordo com o pesquisa-
pela Câmara, a previsão é safra que possam trazer bons dor do IAPAR houve muita
resultados”, ressalta Yama- preocupação com a implanta-
que o gasto adicional com o
Para vereador, crise provocou oka. ção das usinas e foi deixada em
pagamento dos vereadores
segundo plano a produção de
afastados e dos seus suplen- Zoneamento Agroclimático
tes, seriam gastos R$ 258.500 paralisia na Casa óleo vegetal. É a partir dele
Segundo Yamaoka, o zone- que pode se produzir o biodie-
a mais do que o previsto no Valero Junior amento agroclimático vem sen- sel.
começo do ano. O valor incluía O vereador Tercílio Turini (PPS), que não disputa as eleições deste ano, ava- do feito em todo o Estado para
os subsídios de três suplentes lia que “a Câmara teve uma paralisação muito grande no primeiro semestre, UEL
descobrir qual planta se so-
e mais exonerações dos asses- em função da crise”. Turini revela que não somente quem foi denunciado pelo
bressai melhor em determina- O professor Egídio Cavena-
sores dos gabinetes daqueles Ministério Público, mas a instituição acabou tendo a imagem comprometida.
O vereador ressalta que matérias técnicas, como é o caso de mudança de da região do Paraná. Outra fi- ghi Prete, do departamento de
que foram afastados. zoneamento, deveria se evitar que o vereador possa dar origem a projetos de nalidade do programa é definir agronomia da Universidade
Segundo o demonstrativo lei como esse. “Eu tenho dito aqui, que no plano diretor, eu vou fazer uma qual a melhor época para o Estadual de Londrina (UEL),
da folha de pagamento, de ja- emenda para que, essa que é uma matéria essencialmente técnica, não tenha plantio das oleaginosas para disse em entrevista ao jornal
neiro a julho de 2008, o total mais a iniciativa do vereador e só do executivo”. que o produtor possa assegu- Linha Fina que outra oleagino-
gasto na Câmara com os salá- Turini reitera que segundo a diretoria administrativa da Câmara, os novos rar o sucesso do cultivo e dimi- sa com grande potencial para a
rios dos vereadores foi de R$ gastos não irão comprometer o orçamento nesse período. Ele pede que a po- nuir o custo para a produção. produção de biodiesel é o nabo
6.501.314,80. De abril a julho, pulação tire lições positivas deste evento e a participação ativa da sociedade Estão sendo pesquisadas forrageiro.
nas próximas eleições, “está na mão do eleitor”. algumas oleaginosas que pos- Segundo Prete, o nabo além
R$ 82.425,60 foram gastos
com suplentes. Com o afasta- suem um alto teor de óleo. O de possuir alto teor de óleo, cer-
mento de Luiz Carlos Tama- to pagamento de propina para entrou no lugar de Henrique girassol, por exemplo, possui ca de 40%, possui grande con-
rozzi (PTB), a conta deve ficar alterar a lei de zoneamento e Barros (sem partido) e Vera de 40% a 45% de óleo nos grãos. centração de proteínas nos
um pouco mais alta. Com o A planta tem apresentado um grãos, por volta 35%. De acor-
permitir a regulvarização da Rubbo (PSB) substituiu Or-
pagamento de afastados e su- bom potencial para o cultivo na do com Prete, a planta tem
boate Shirogohan. lando Bonilha (sem partido).
plentes, os gastos da Câmara época da safrinha, no norte do grande aproveitamento, por
O problema é que a partir do
Suplentes Paraná. Os resíduos podem ser ser cultivada no período en-
podem sofrer um aumento de afastamento de Flávio Vedoa- utilizados na alimentação ani- tressafra.
até 12% neste ano. Desde o início das investi- to (PSC), Renato Araújo (PP) mal por apresentar alto nível A cultura do nabo forragei-
A Câmara de Londrina gações seis suplentes assumi- e Osvaldo Bergamin (sem de proteína e grande valor ro não atrapalha outras cultu-
passa por uma das piores fa- ram os cargos dos vereadores partido), os suplentes assu- energético. ras agrícolas e, além disso, ser-
ses de toda a sua história. As afastados. Porém, somente miram o mandato, mas os ti- ve como adubo verde, com
investigações já levaram o dois deles assumiram defini- tulares continuam recebendo, Mercado para a produção
grande concentração de fósforo
Ministério Público a protoco- tivamente no lugar dos verea- já que o afastamento decreta- Segundo o pesquisador, e nitrogênio. A planta também
lar 14 ações judiciais. A últi- dores que renunciaram ao do pelo Judiciário é sem pre- muitas barreiras ainda são en- pode ser empregada como com-
ma delas foi no caso do supos- cargo. Antenor Ribeiro (PP) juízo dos vencimentos. frentadas em relação aos pro- plemento na alimentação ani-
mal no período de inverno.
4 LinhaFina

G
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

Geral
Educação

Professor de cursinho:
educador ou show man?
Diretores e professores de cursinho dizem que esse método está em desuso
Janaina Portello
“Uma fimose é igual a um
pinguelo mais uma pelinha”.
É assim que, dentre outros
métodos (aulas em laborató-
rios, experimentos e exercí-
cios), o professor Rodrigo
Mendonça, do Colégio Ateneu
e do curso pré-vestibular Sig-
ma, embora seus alunos da
“fórmula da fimose” - 1/f = 1/p
+ 1/p, o nome com o qual ele
batizou a Equação Conjugada
de Gauss. Quem nunca se
apegou a uma musiquinha ou
ainda uma combinação de
macetes como este para deco-
rar alguma fórmula?
Conhecidos pelos métodos
de show man, os professores de
cursinhos pré-vestibular já não
são tão adeptos a esses tipos de
práticas. Segundo eles, foi-se o
tempo em que o professor can-
tava qual seria a questão do
Janaina Portello

vestibular e acertava. Eles não


gostam do rótulo de show man
e alegam que esses métodos es-
tão caindo em desuso. “Eu não
gosto. O bom professor é aque- Quem são eles
le que não enrola, transmite o
conteúdo e o aluno aprende”, Paulo César Quícoli – Gradua- Professores dizem que não gostam do rótulo
afirma o professor de geografia do em Geografia com Especializa-
ção em Economia. Professor do
Paulo César Quícoli.

Matrículas no EJA
Colégio Estadual Vicente Rijo e do
Segundo Mendonça, do cursinho pré-vestibular SIGMA
Ateneu e do curso Sigma, o Rodrigo Mendonça – gradua-
professor que canta muito em do em Engenharia Eletrônica, es-
sala de aula, logo perde o em-

crescem; Índice de
pecialização em Automação In-
prego, visto que os alunos es- dustrial e Graduando de Física.
tão mais interessados no con- Professor do pré-cursinho vesti-
teúdo. “Hoje se você começa a bular Ateneu.

evasão fica estável


fazer muita palhaçada (show), Roberto Macedo – Graduado
em Matemática. Professor do cur-
o aluno reclama e não quer
sinho pré-vestibular SIGMA.
assistir a sua aula. Tem que
ser agradável, mas tem que
passar muito conteúdo”, afir- das, Macedo descontrai os
ma o professor de Física.
Conciliar conteúdo, rapidez
mais de 100 alunos na sala de
semi-extensivo. Fazendo ex-
Número matrículas no EJA cresce 13% em 2007. Evasão
e clareza não é nada fácil. Ro- pressão em tom de oração, permanece próxima a 40%
berto Macedo que é professor algo parecido com uma missa,
em cursos pré-vestibulares há os alunos fixam a fórmula Jane Marques 80 escolas municipais de Lon- anos faço supletivo e não con-
mais de 25 anos afirma que matemática e então a con- A professora Elaine de Fá- drina, 32 atendem ao projeto sigo completar porque traba-
“professores de fato são profes- cluem em uníssono: “Amém”. tima Carvalho, pedagoga da EJA – Educação de Jovens e lho e ajudo minha mãe a cui-
sores de pré-vestibular”. “Os O encontro com um desses Secretaria Municipal de Edu- Adultos”, afirma a pedagoga. dar dos meus irmãos. Ainda
outros tentam”, alfineta. Se- alunos é um dos momentos cação de Londrina, acompa- Dados de 2007 revelam bem que fazemos nosso horá-
gundo ele, todos os professores mais gratificantes para eles. nha há 10 anos a educação de um aumento de 13% no nú- rio, assim posso vir quando
de cursinho pré-vestibular pas- “A maior satisfação é reen- jovens e adultos na cidade. mero de matrículas: foram não estiver fazendo nada”, re-
sam por uma triagem, reforço e contrar um aluno e ouvir ele Segundo ela muitos alunos 2.920 alunos, contra 2.532 do lata.
por uma monitoria para pode- dizer: - professor, você foi im- enfrentam problemas para ano anterior. Entre os matri- A escola entrou tarde na
rem dar aula. Questionado so- portante na minha vida, não conclusão do curso que tem culados, 25% foram aprova- vida de Diva Constantino, 31
bre a terminologia que os carac- pela piadinha que você con- duração de um ano – neste dos e entre 32% e 42% não anos, em decorrência das difi-
teriza hoje, Macedo afirma: tou, mas pela aula que você período o aluno deverá mar- concluíram. O restante não culdades financeiras. “Tive
“você vê maldade em tudo quan- deu”, lembra Quícoli. car as provas de acordo com concluiu na data certa, mas que trabalhar cedo para aju-
do não está bem com você, a Entre os alunos, a aprova- sua disponibilidade. ainda está fazendo o curso. dar meus pais. É a segunda
partir do momento que você ção é maciça: “além de pres- “O ingresso de estudantes Os números são semelhantes vez que estou tentando termi-
acredita no seu trabalho, no que tar atenção na matéria, o alu- é grande, muitos procuram o aos do ano anterior, quando nar. Se eu parasse de traba-
você está fazendo, a pessoa pode no se distrai, mas não fugindo ensino a fim de completar o 24/% concluíram e 38% e 42% lhar seria difícil vir, porque
ser caracterizada como quiser”. do assunto. Ele envolve o alu- segundo grau. A permanência abandonaram o curso. sem dinheiro não dá, eu moro
Para ele, “o importante é estar no com a matéria”, afirma Re- é difícil quando alunos de- Eli Rocha, 19 anos, aluna longe”. Para estudar ela dei-
fazendo um bom trabalho”. nan de Assis, aluno do semi- sempregados abandonam pri- conta que tem dificuldades xa seus dois filhos pequenos
Em meio a altas gargalha- extensivo do Sigma. meiramente os estudos. Das para fazer o curso. “Há dois sob os cuidados da sogra.
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008 LinhaFina 5

Regional

Cinema antigo vira mercado


O Cine Guaracá foi inaugurado em 21 de junho de 1956
Ana Luiza Elias
O cinema Guaracá, locali- Empresário
zado na cidade de Jaguapitã
foi inaugurado em 21 de julho
quer melhorar
Ana Luiza Elias

de 1956 pela família Bordin, instalações


após o “cine Jaguapitã” falir.
De acordo com o livro “Jagua- Ana Luiza Elias
pitã – histórias e História”, O mercado Jaguapitã tem
era considerado “o segundo atualmente uma péssima locali-
zação. Construído no meio de
mais luxuoso da região” até
uma avenida o lugar fica fora do
1984 “quando a televisão ga- centro co­mercial da cidade onde
nhou mais espaço no Brasil e passam caminhões e veículos
os cinemas passaram a figu- grandes a todo momento. Ali não
rar somente dentro dos shop- há visibilidade para se atravessar,
pings centers”. Perdia apenas estacionamen­tos e sinaleiros. E
para o cine teatro Ouro verde, por causa da construção que ele
ainda existente em Londrina mesmo está fazendo no quartei-
– atualmente só como teatro. rão de cima não há sequer uma
calçada.
Hoje, ambos os cinemas são
O mercado atual parece mais
tombados pelo patrimônio um armazém antigo. Tem bons
históri­co e os donos, a prefei- preços e bons produ­tos, mas é
tura ou particulares devem mal iluminado, tudo fica entulha-
preservar as arquiteturas ori- do e espremido sem quase ne-
ginais dos prédios. A utiliza- nhum espaço nas prateleiras.
ção dos imóveis é definida pe- Procurado pela reportagem,
los seus proprietários. Campagner disse que pretende
Durante os 30 anos em construir a nova loja para melho-
rar as instalações do seu estabele-
que existiu o Cine Guaracá
cimento.
teve apenas três donos: os ir- Mudança tem dividido opinições
mãos Bordim, José Leite e
Beto Viera. cidade: “ele pode preservar a reformar do que deixar o dono gundo ela, o preço do trans- faculdade e um monte de coi-
Há pouco mais de quatro arquitetura, mas não a histó- construir um prédio novo”, porte para comprar em ou- sas para o lazer e a cultura”,
anos foi comprado pelo em- ria da cidade. A cidade perde relatou. Para outros morado- tras cidades pesa no afirmou. “O único cinema que
presário Jorge Campaner, muito com isso, a sua identi- res, a construção só fa­vorece orça­­mento. “Eu acho que com tem aqui é uma locadora e o
dono de uma rede de merca- dade e também as suas a cidade. Doralice Ribeiro, 63 um mercado grande, a gente cara ainda cobra mui­to caro,
dos locais e que pretende perspec­tivas de futuro”, ana- anos, vendedora de salgados não precisa ficar buscando as R$ 12 por pessoa”, conta Ro-
transformar o prédio em uma lisa Rosana. Ela também diz e ex freqüenta­dora do antigo coisas em Maringá ou em silaine, referindo-se ao “cine-
de suas lojas. que é culpa da prefeitura e da cinema, é uma das que Rolândia”, completa. ma” improvisado por um co-
A transformação do antigo Secretaria de Cultura que apóiam a construção do mer- Para os jovens da cidade, merciante local. O problema
prédio em um mercado tem isso tenha acontecido. “Nós cado. “Ah, eu acho melhor né? não ter um cinema é conside- é que os filmes apresentados
dividido as opiniões entre os fizemos abaixos-assinados e Eu tenho que sair daqui, ir rado “prejuízo”. A estudante na locadora já passaram no
moradores da cidade. Para a encaminhamos ao prefeito, para outra cidade, pegar ôni- Rosilaine Gaino reclama que cinema.
professora de teatro Rosana mas ele disse que não podia bus para compra as coisas Jaguapitã fica longe dos cen- “Se fosse para ir em outra
Sales, reformar o prédio para ajudar porque o imóvel é par- que eu preciso. Se eu ainda tros urbanos e por isso deve- cidade, custaria pelo menos
construir uma loja é perder ticular e que sairia mais caro tivesse carro dava, só que eu ria ter mais espaços de lazer. R$ 50 com gasolina, comida e
completamente a história da para o município comprar e não tenho”, diz Doralice. Se- “Aqui tinha que ter cinema, ingresso”, concluiu.

Campanha eleitoral faz a festa das gráficas


Setor deve crescer 30% com a produção de santinhos para os candidatos a cargos públicos
Davi Baldussi mento do mês passado para na demanda de serviços gráfi-
Davi Baldussi

Quando abrem suas caixas este mês foi de 30% a 40% e cos de apenas 1,41%, entre ja-
de correio, habitantes de esperamos que a demanda au- neiro e maio deste ano. Mas
Rolândia e região, dificilmen- mente ainda mais”. Nos fun- com o impulso de 30% na pro-
te encontram cartas ou contas dos da Gráfica é possível ver cura, motivada pela eleição, a
a pagar. É mais provável que centenas de panfletos embru- perspectiva é que o segmento
se deparem com santinhos e lhados com papel craft, onde cresça 14,4% neste ano, acu-
folhetos de candidatos à elei- escrevem com canetinha pre- mulando um total de R$ 3,1
ção. Muitos nem sequer olham ta: 5 mil, 10 mil e 15 mil. É o bilhões, contra R$ 2,71 bilhões
o papel colorido e já o jogam no método utilizado para separar em 2007.
lixo. O candidato pode não ter os santinhos dos diferentes A Gráfica Bortolassi, tam-
ganho seu voto, mas a gráfica, candidatos, que segundo ele bém de Rolândia, espera atin-
contratada pelo aspirante a giram em torno de 30, incluin- gir esta previsão de cresci-
cargo público recebeu o seu do concorrentes de Rolândia, mento. Segundo a direção da
pagamento. Antes do início Prado Ferreira, Florestópolis, empresa, a Gráfica está impri-
destas eleições o departamen- entre outras cidades. “Essa é a mindo santinhos de 15 candi-
to de Estudos Econômicos da época em que a gráfica fica datos a vereador da cidade.
Associação Brasileira da In- mais movimentada. De quatro “Até agora cerca de 500 mil Folhetos amontoam-se na mesa enquanto funcionário retira
dústria Gráfica (Abigraf), já em quatro anos passamos por panfletos já saíram das má- mais santinhos da impressora. Com o desenrolar das campa-
estimava que as campanhas estes três meses de muitos pe- quinas”, estimou. Apesar des- nhas eleitorais começou a “corrida do ouro” para gráficas
eleitorais de 2008 promove- didos”, comemora Kendrique te enorme montante ele reve-
riam um crescimento de apro- se referindo a julho, agosto e lou que a última eleição serviço fora. Na última eleição pode não ter igualado sua pro-
ximadamente 30% no setor. setembro, meses que antece- municipal deu mais lucros o serviço estava bem mais cor- dução à de quatro anos atrás,
Neto Kendrique funcioná- dem as eleições municipais. para a gráfica. “Não fechamos rido, as máquinas trabalha- mas os santinhos continuam
rio da MG Gráfica em Rolân- De acordo com dados da com muitos candidatos neste vam 24 horas de domingo a preenchendo as caixinhas de
dia confirma: “nosso cresci- Abigraf, houve um acréscimo pleito. Muitos foram procurar domingo”. A gráfica Bortolassi correio.
6 LinhaFina

G
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

Geral
A encruzilhada dos “sete palmos”
Suicídios motivados por “forças inferiores” foram marcas do
edifício Julio Fuganti. Uma história desconhecida de Londrina
A imprensa não noticia fatos um dos corredores do prédio.
desse tipo para não motivar Um rapaz abriu a janela e se
outros, como recentemente jogou”, conta. “Isso aconteceu
ocorreu com a menina Isabela há muitos anos, e não sei di-
Nardoni, em São Paulo. O reito como foi e o que moti-
caso não foi de suicídio, mas vou”, completa.
levou uma enfermeira de Mas, o principal motivo da
Curitiba a praticar o mesmo quantidade de suicídios que
ato com a sua filha. ocorreram é a grande dimen-
Advogada, especialista em são das janelas dos escritórios
adoção de crianças, Maria Ig- e dos corredores do edifício.

João Carlos Nascimento


nez Barros Alcalde Nasci- Como não havia, na época da
mento, de 56 anos, já possuiu construção, um sistema ar-
um escritório no prédio. Ela quitetônico que previna os
lembra que, durante o tempo transeuntes de se desequili-
em que esteve trabalhando brarem nas janelas, a facili-
no edifício, houve um suicídio. dade de pessoas se jogarem
“Havia uma janela no fim de era visível.

Consumismo e falta
de dinheiro empurram
Com sua fachada imponente, o prédio tem localização estratégica
jovem para o crime
João Carlos Nascimento com imponência na fachada, Maioria dos jovens que comete atos infracionais
Uma pessoa está passando além de excelente insolação têm baixa renda e pouca escolaridade
pela rua Minas Gerais, atra- durante todos os dias, em to-
vessa a rua Santa Catarina, dos os lados. Valdemar Loredo tado com a criança e com ado-
tem de pegar a imperdoável Sendo um prédio exclusi- Uma equação entre o ape- lescente, políticas de base na
Celso Garcia Cid e, finalmen- vamente comercial, resguar- lo para o consumo e o baixo área da educação saúde”, ava-
te, chega à rua Souza Naves. da várias histórias interes- poder aquisitivo contribui lia.
Logo percebe que está debai- santes ou não, impregnadas para que alguns jovens enve- Para o professor universi-
xo de um edifício totalmente nas paredes e janelas. redem por caminhos tortuo- tário e sociólogo Marco Rossi,
diferente dos outros da cidade Porém, há uma história sos e partam para prática de é preciso “admitir que as for-
pela sua arquitetura e pelo com relação ao prédio que é crimes para poder saciar seu ças paralelas de sedução como
fato de ser o único edifício da quase desconhecida por todos desejo de consumir. A avalia- o crime e a publicidade têm
a ocupar duas esquinas de que residem em Londrina. ção é da promotora da Vara sido mais eficientes do que a
uma mesma quadra. Um edi- Uma série de histórias de sui- da Infância e Juventude de lógica, o convívio e a educa-
fício de pastilhas amareladas, cídios que moldaram a fama e Londrina, Édina Maria de ção família”. “Estas são ques-
com janelas grandes e maio- a imaginação das pessoas em Paula. Para ela “o consumis- tões do capitalismo, que surge
res que o convencional, que relação ao prédio. Os suicídios mo está de um lado falando como promessa de desenvol-
não se “comunicam” devido as começaram na década de que para você se integrar pre- vimento, mas cria uma exclu-
João Carlos Nascimento

divisões por vigas e lajes ex- 1970, segundo pessoas que já cisa disso. Por outro lado tem são. E para conter essa exclu-
ternas. Este é o edifício Julio trabalharam e que continuam uma impossibilidade real eco- são ele tem que criar formas
Fuganti, um bloco de 12 an- a trabalhar no edifício. nômica social”, analisa. de contenção”, analisa Rossi.
dares, localizado bem no cora- Na imprensa, por questões De acordo com a promoto- Para o sociólogo, uma dessas
ção de Londrina. Um edifício de ética, não há registros de ra, a maior parte dos atos in- formas é “a publicidade de
de esquina estrategicamente acontecimentos do gênero no fracionais são cometidos por mau caráter, que vai gerar
posicionado para proporcio- prédio, o que dificultou o enri- jovens entre 15 e 17 anos, com essas necessidades artifi-
nar requinte arquitetônico, quecimento de informações. renda familiar de um salário ciais”.
mínimo e com baixo nível de A outra é permitir que
escolaridade. Os crimes mais uma série de grupos excluídos
“Louco”, Razgulaeff já previu o “desequilíbrio” cometidos são roubos e tráfico crie seus nichos de sobrevi-
de drogas. “O problema hoje é vência como é o caso do tráfi-
Na primeira planta de Londrina, desenhada pelo projetista russo espe- que os adolescentes estão aí co de drogas. “O tráfico é um
cializado em Geodésica, Alexandre Razgulaeff (foto), a idéia de se cruzar sete na vida. Televisão todo mun- negócio e essa rapaziada que
ruas já era visível no projeto, elaborado segundo os padrões ingleses de ur- do tem em casa e ela está vê o pai e a mãe trabalhando
banismo. As ruas Minas Gerais, Santa Catarina, Senador Souza Naves, a Ala- mostrando que pra você ser dessa maneira e sendo vítima
meda Manoel Ribas, as avenidas Paraná e Celso Garcia e a travessia Maestro incluído em um grupo você de uma vida desgastante e
Egídio do Amaral se cruzam no quarteirão do edifício, dando a “idéia” do precisa usar uma roupa, um sem sentido, troca tudo isso
cruzamento dos sete palmos, como é conhecida a confluência dessas vias. tênis de marca”, avalia Édina por uma arma na mão, presti-
Quando Razgulaeff desenhou a primeira planta, em março de 1932, não de Paula. Ela diz que a difi- gio entre as meninas e R$ 500
imaginava que sua idéia de se cruzar sete ruas resultaria em tantos suicídios culdade de acesso a esses por semana. Para esse jovem
como acabou por acontecer. Segundo o misticismo, o cruzamento de sete
bens de consumo empurra al- é (um bom) negócio”, explicou
guns adolescentes para a cri- o sociólogo.
ruas indica disparidade de forças espirituais, o que justificaria o desequilí-
minalidade. “Não adianta fi- Rossi e Édina de Paula
brio. Mas isso é só lenda, pois não há nada que comprove.
carmos procurando culpados concordam que para melho-
A primeira planta da cidade, desenhada pelo geodesista. No não há um único culpado, to- rar esta situação é preciso re-
detalhe, o quarteirão do edifício e o cruzamento das sete dos são. A falta de políticas ver a base educacional destes
ruas, conhecido por “sete palmos” públicas, a falta de atenção jovens, não só a escolar, mas
tanto dos pais quanto do Es- também familiar.
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008 LinhaFina 7

Frota cresce
Zona norte

Sem luz no fim do túnel


e trânsito
Falta iluminação numa das principais rotatórias da zona norte

preocupa a
da cidade. E não há nem previsão para que “se faça a luz”
Naiane Souza

população
O descaso da prefeitura de
Londrina fica claro, ou melhor,
escuro em vários pontos da ci-
dade. Um deles é a rotatória
Naiane Souza

da rodovia Carlos João Strass,


localizada na região dos Cinco
Conjuntos, na zona norte, en- Londrina aumenta em 3,7% sua frota
tre o Lago Norte e o Lago Ca-
brinha. A rotatória dá acesso de carros e começa a agravar ainda
a vários conjuntos, entre eles mais a situação das ruas da cidade
Violin, Semírames, Maria Ce-
cília, Luiz de Sá e Jardim Bel-
leville, além do hospital da Janaina Oliveira der a paciência no engarra-
Zona Norte e dos distritos da O número de veículos que famento”, desabafa Jaquely-
Warta e Heimtal. circulam nas ruas de Lon- ne Balduino, estudante de
Apesar da via ser usada drina cresceu 3,7% entre ja- Publicidade e Propaganda
por milhares de pessoas dia- neiro e julho deste ano, se da Pitágoras.
riamente, não existe um proje- comparados com dezembro Outro fator que causa
to de iluminação pública por de 2007, conforme dados do desgaste nos motoristas são
parte da prefeitura para a ro- Rotatória é passagem obrigatória para milhares de pessoas Detran-PR. Segundo a pági- os acidentes, que cresceram
tatória da Carlos João Strass. iluminação. O engenheiro do na do órgão na internet, 4% em relação ao ano passa-
Ao serem procurados pelo Li- Departamento de Estradas de eram 235.457 em circulação do: “Dia sim, dia não, passo
nha Fina, os responsáveis por Rodagem (DER), Marco Auré- Escuro na cidade até dezembro, con- por algum acidente”, relatou
dar informações sobre a falta lio, responsável pela fiscaliza- tra 244.400 em julho. A frota o empresário Mário Almeida,
de luz na região se mostraram ção da obra na João Strass, con-
aumenta londrinense cresce na mes- que sempre transita pelas
contraditórios. ma velocidade que a do Es- avenidas JK e Higienópolis.
Antônio Luiz Sokoloski, ge-
firma que o projeto foi do
governo do Estado, mas lem-
risco de tado. No Paraná, o cresci- Para que estes problemas
rente de Iluminação Pública tenham uma diminuição no
da Secretaria de Obras, res-
brou que “a prefeitura é respon-
sável pela iluminação pública
acidente,diz mento da frota é duas vezes
maior que a do Estado de cotidiano londrinense, a Po-
pondeu prontamente às per-
guntas sobre o projeto de ilu-
de sua cidade”. E completou:
“concordo que há outros pontos
motorista São Paulo, o maior do país.
Conforme o Detran, são
lícia Militar está fazendo vá-
rias blitzes, além de progra-
minação da pista de caminhada importantíssimos na zona nor- Naiane Souza 147.348 carros, 52.905 mo- mas educacionais para o
do “Cabrinha”, porém, ao ser te que precisam de iluminação Ao longo dos 4 quilômetros tos, 23.843 camionetes, trânsito, nos ensinos funda-
questionado sobre a rotatória, e isso cabe ao governo munici- da rodovia são encontrados pou- 7.503 caminhões em circula- mental e médio, nas associa-
informou que a prefeitura não pal resolver”. cos postes para iluminar o cami- ção nas ruas de Londrina. ções de bairros e nas entida-
tem projetos para resolver o nho dos usuários. Estes são os A conseqüência disso é o des carentes: “O trânsito
problema, pois a construção “Cabrinha” maiores prejudicados. Principal-
aumento do número de aci- está em perpétua mutação.
mente os motoristas de ônibus.
da rodovia foi feita pelo gover- Foi aprovado o projeto para dentes, além dos engarrafa- Hoje existe um maior respei-
“Não conseguimos enxergar nada
no estadual. “Não houve in- iluminação da pista de cami- à noite, e isso faz com que aumen- mentos em vários locais da to entre motoristas e pedes-
vestimento de recursos da nho do Lago Cabrinha, que tem as chances de uma pessoa cidade. Um desses pontos tres. Falta muito para che-
prefeitura para a rotatória da contará com 35 postes de 13 entrar na frente do ônibus e acon- críticos é o trecho da Madre gar ao ideal, mas estamos
Carlos João Strass por ques- metros cada um, e 4 comandos tecer um acidente. Várias pessoas Leônia Milito, que dá acesso caminhando para isso”, ex-
tão de prioridades”, completa. sem tubulação, o que dificulta- já morreram na rotatória devida à ao Shopping Catuaí e à Fa- plicou o soldado Rodrigo Ga-
A duplicação da rodovia foi rá os furtos e vandalismos no falta de luz”, diz Carlos Ramos No- culdade Pitágoras. “Sempre zzola Monteiro, responsável
feita pelo governo estadual em local, já que esta foi a razão
gueira, motorista, que trabalha há venho para a faculdade an- pela comunicação da PM e
cinco anos na Transportes Coleti- também pelos programas do
parceria com a prefeitura, mas pela qual o lago ficou na escu- tes ou depois do horário de
vos da Grande Londrina (TCGL).
no projeto não estava inclusa a ridão por tanto tempo. pico. É impossível não per- trânsito comunitário.

Obra pode desafogar trânsito na região sul


A extensão da avenida Ayrton Senna visa melhorar o tráfego e desenvolvimento da zona sul
Fabiana Torres ção ao Catuaí e universidades
Disputa judicial
Fabiana Torres

O trânsito de Londrina tem próximas”, declarou o secretá-


vários pontos críticos. Um dos rio. atrasou a obra
principais é o trecho da Gleba De acordo com o Núcleo de
Palhano, que envolve as ave- Comunicação da Prefeitura de Fabiana Torres
A obra de duplicação da ave-
nidas Madre Leônia Milito e Londrina, na primeira parte
nida Ayrton Senna ficou muito
Ayrton Senna, em direção ao da extensão, a prefeitura en-
tempo paralisada devido a um ter-
Shopping Catuaí e as univer- trou em acordo com as cons- reno que pertencia a Hikaru Goto.
sidades próximas – dentre trutoras interessadas nos be- A discussão em torno da desapro-
elas o campus da Faculdade nefícios que a obra trará. priação do terreno acabou na Jus-
Pitágoras. Por isso, a obra de Foram elas que bancaram tiça. A 4ª Câmara Cível do Tribunal
extensão da avenida Ayrton grande parte nessa etapa e a de Justiça do Paraná decidiu por
Senna, que teve início em prefeitura bancou com mão- unanimidade aceitar a proposta
2004, é considerada pelas au- de-obra própria o asfalto e a da Prefeitura de Londrina para de-
sapropriar a área. No dia 20 de ou-
toridades municipais impor- iluminação. Para a finalização
tubro de 2005 a Prefeitura e repre-
tante para desafogar o trânsi- Trecho da avenida em construção: pendência judicial atrasou a obra
da parte de duplicação da via
sentantes da família de Goto
to e ajudar no desenvolvimento ainda está previsto um gasto assinaram um acordo que permu-
da zona sul da cidade. vão para as universidades. a continuação da avenida Ayr- de R$ 550 mil, com prazo de tou a área avaliada em R$ 930.985
De acordo com o secretário Além disso, nesse horário há ton Senna à rodovia PR-445 conclusão para o início do pró- – e que impedia a obra – por três
municipal de Obras, Aloysio fluxo de carros na direção do ajudará quem vai do centro ximo ano. O viaduto, que será terrenos: um no jardim Alcântara,
Crescentini, o volume de trá- shopping e dos condomínios para a região. “A obra é uma feito pela empresa Visatec um no residencial Jamaica e um
fego é de cerca de 1.600 veícu- fechados localizados na re- transposição da PR-445 que Construções e Empreendi- no jardim Maringá, avaliados em
los por hora no horário de pico, gião. vai desafogar o volume de veí- mentos Ltda e tem prazo de R$ 907.900. A diferença de R$ 23
Para Crescentini, a cons- culos que trafega pela avenida mil foi paga pela Prefeitura em di-
que vai das 18h às 19h, mo- um ano para ser construído e
nheiro à família de Hikaru Goto.
mento em que os estudantes trução de um viaduto ligando Madre Leônia Milito em dire- custará R$ 4 milhões.
8 LinhaFina

G
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

Geral
Mercado imobiliário vive “gangorra”
Especialistas dizem que clientes preferem pagar financiamento
a aluguel. Mudança desaquece mercado de locações
Thais Vaz prefere vender seu veículo (Secovi/PR), Marla Cristian

Thais Vaz
O mercado de imóveis de para se capitalizar, na tenta- Joaquin, de janeiro a agosto
Londrina vive uma gangorra: tiva de realizar o sonho da de 2008 foram edificados 628
enquanto as vendas estão em casa própria”. prédios em Londrina. “Houve
alta, o mercado de locações um crescimento imobiliário,
Aquecimento
está em queda. Segundo a co- principalmente em condomí-
ordenadora executiva da Ins- O aquecimento no merca- nios fechados e prédios refe-
tituto Paranaense de Pesqui- do de vendas também reflete rentes”, explicou. Conforme
sa e Desenvolvimento do na construção civil. Segundo Marla, em 1999 a cidade con-
Mercado Imobiliário e Condo- a coordenadora do Sindicato tava com 734 prédios residen-
minial (Inpespar), Bernarde- da Habitação e Condomínios ciais e comerciais.
te Jede, os imóveis para loca-
ção cresceram 0,96% entre

Thais Vaz
janeiro e agosto deste ano, se
comparados com o mesmo pe-
ríodo do ano passado. Já o nú-
mero de vendas de aparta-
mentos, casas e terrenos são
em média 2.413 ao mês, o que
representa um crescimento
de 5,4% entre julho de 2007 a Pedro Filho: “o crescimento de locação é pequeno, pois a maior
este ano. procura está nas compras”
O gerente de vendas imo-
biliárias Pedro Filho afirma prando suas próprias casas.”
que “o crescimento de locação Londrina Para a da corretora de
vendas Aparecida dos Santos,
é pequeno, pois a maior pro-
cura está nas compras, ou conta com 365 “os investidores ficam entre
seja, nas vendas dos imóveis
novos ou usados”. “As agên-
imobiliárias que 10, 20 ou 30 anos, pagando
um financiamento por um va-
cias de bancos estão facilitan- trabalham com lor menor, sendo assim que
as agências bancárias finan-
do as formas de financiamen-
to” justificou. Na avaliação de locação, imóveis ciam 80%, desde que o com-
prador tenha 20% em dinhei- Aparecida dos Santos: “as agências bancárias financiam 80%,
Pedro Filho, “agora as pesso-
as se sentem aliviadas com- novos e usados ro”. Segundo ela, “muita gente desde que o comprador tenha 20% em dinheiro”

Corretoras buscam
clientes em Londrina
Camilla Ribeiro sa área. As pessoas só inves- nores”, analisa. Para Kusch-
O mercado de investimen- tiam através de bancos, até nir, ainda há muita informa-
tos tem cada vez mais, se tor- então não existiam corretoras ção a ser absorvida: “a
nado acessível a pessoas físi- completas, focadas em aten- corretora está focada a aju-
cas no Brasil. Seguindo dimento, com estruturas para dar o cliente a ter mais fun-
Publicidade mercados de Primeiro Mun-
do, a Bovespa (Bolsa de Valo-
o assessoramento dos clien-
tes”, relata o corretor. Segun-
damentos, tanto técnicos
como culturais e informações
res de São Paulo) tem busca- do ele, os londrinenses são de mercado para poder tomar
do alcançar uma ampla gama mais receptíveis a esses pro- decisão de forma mais ativa”,
de investidores, possibilitan- fissionais do que os clientes afirma. “A E.UM está com
do que os investimentos em de grandes cidades, como São uma agenda de cursos mon-
empresas de capital aberto Paulo. tada para capacitar o inves-
vão além das grandes finan- De acordo com David Kus- tidor e despertar seu interes-
ceiras. Sendo Londrina consi- chnir, diretor comercial da se”, completa.
derada uma cidade de desen- corretora E.UM Investimen- Londrina tem se beneficia-
volvimento regional e de tos, serão lançados progra- do com esse momento parti-
grande influência em todo o mas como palestras, eventos cular da Bolsa de Valores, no
Estado, para as corretoras de e disponibilização de infor- qual as corretoras seguem o
valores – intermediárias no mações sobre a corretora em mesmo interesse e estendem
processo de investimento - o diversas mídias, com o obje- essa oportunidade a um pú-
município é um campo aberto tivo de facilitar o conheci- blico mais diversificado.
ao mercado financeiro. mento e a inserção de um
Para o corretor de valores maior número de pessoas “É um mercado
Tiago Schietti, Londrina tem nesse mercado, o que segun-
uma demanda de pessoas físi- do ele, é interesse da própria
virgem, com espaço
cas e jurídicas para o merca- Bovespa. “A Bovespa abriu para a atuação
do de ações. “É um mercado espaço para pessoas físicas,
virgem, com espaço para a para ter uma lucratividade
dos profissionais
atuação dos profissionais des- maior com investidores me- dessa área.”
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008 LinhaFina 9

Estágio: debate antigo e mal resolvido


Para a Fenaj, estágio só com vínculo com o Fenaj defende estágio com “limites”
curso superior e a supervisão dos professores Mariana Sapia
A proposta da Federação Na-
lio, atividades de estágio que vão
ser desempenhadas, carga horária
cional dos Jornalistas (Fenaj), incluí- de no máximo 20 horas semanais,
Mariana Sapia lismo debateram e polemiza-
da no Programa de Estímulo à Qua- tempo de vigência do estágio (seis
O estágio para estudantes ram em torno da necessidade lidade do Ensino de Jornalismo, meses a um ano), turno em que
de jornalismo é motivo de po- e viabilidade da realização do proposta pela entidade, colocou a será exercido, obrigatoriedade do
lêmica desde o dia 13 de mar- estágio. A Fenaj defende que, questão do estágio em outro pata- relatório, número da apólice de se-
ço de 1979, quando foi proibi- se realmente fosse necessária mar. No entendimento da Fenaj, a guro e a referência de que o paga-
do pelo decreto 83.284, a volta do estágio, este teria partir de então, ele não mais dividi- mento relativo à bolsa auxílio será
assinado pelo então presi- de retornar a partir de enten- ria os jornalistas, mas seria um dos feito diretamente ao estudante.
dente Ernesto Geisel. Segun- dimentos e mudanças que en- elos com o ensino superior. Lembrando que o convênio deve
volvessem não apenas sua A Fenaj incentiva projetos pilo- ser acompanhado pelo sindicato
do o artigo 19, “constitui tos de estágio acadêmico inseridos dos jornalistas.

Mariana Sapia
fraude a prestação de servi- prática, mas todo o processo
no programa nacional, que acon- O estagiário não pode substi-
ços profissionais gratuitos, de formação em jornalismo. tecem a partir de um acordo entre tuir o jornalista no mercado de tra-
ou com pagamentos simbóli- Por isso a entidade incentiva, a faculdade, a empresa e o sindica- balho. Ou seja, o estágio acadêmi-
cos, sob pretexto de estágio, promove e coordena o desen- to, sem que o aluno se desvincule co é voltado para aprimorar a
bolsa de estudo, bolsa de volvimento de projetos pilo- do curso. A faculdade deve dispo- formação do estudante de jorna-
complementação, convênio tos de estágio acadêmico. nibilizar um professor para super- lismo. O site da entidade afirma
ou qualquer outra modalida- Para Ayoub, o estágio é visionar o aluno e a empresa deve que em hipótese alguma deve ser-
de, em desrespeito à legisla- muito interessante para os es- Ayoub: se comprometer com as normas vir para atender às necessidades
tudantes, pois existem situa- do programa: valor da bolsa auxí- empresariais ou do mercado.
ção trabalhista e a este regu- “fiscalização é rigorosa”
lamento”. ções no curso que os alunos
De acordo com artigo pu- precisam vivenciar na práti-
blicado na página da Federa- ca. Porém, funciona como Fiscalização é
ção Nacional dos Jornalistas “complemento” e não “substi-
(Fenaj), esta regulamentação tuição” da atividade escolar. rigorosa, diz
pretendia “moralizar” o mer- Sem a regulamentação, mui- sindicato
cado de trabalho, pois a lei tos empresários da comunica-
Mariana Sapia

972/69, conhecida como “lei ção exploram os estagiários. Mariana Sapia


do terço”, permitia que nas “Isso não significa que o está- O presidente do Sindicato dos Jor-
redações houvesse um esta- gio seja uma coisa ruim. Aque- nalistas Profissionais de Londrina, Ayoub
giário para cada três jorna- le modelo (antes do decreto), a Hanna Ayoub, afirma que existe muito
listas. Ou seja, se numa re- liberalidade e a prostituição “estágio irregular” na cidade, embora a
fiscalização seja muito rigorosa. Segun-
dação trabalhassem 30 acabam com o mercado de tra-
do ele, se houver irregularidades o sin-
jornalistas poderiam ter 10 balho”, comenta o presidente dicato encaminha denúncia ao Ministé-
estagiários. do sindicato. rio Público do Trabalho (MPT), o
De acordo com o presiden- O chefe de redação do de- processo não será somente contra a
te do sindicato dos jornalistas partamento de jornalismo da empresa, mas também contra os estagi-
de Londrina, Ayoub Hanna rádio Paiquerê AM, Lino Ra- ários, que são considerados cúmplices.
Ayoub, que também é diretor mos, considera o estágio im- Ayoub diz que se os estudantes tives-
da Fenaj, com o tempo as portante para o estudante ter sem consciência de que o estágio hoje é
fraudes começaram a existir contato com o mercado de o emprego que ele não terá amanhã ao
Lino Ramos: terminar a faculdade, as irregularidades
e as empresas contratavam trabalho, contanto que não
“estágio é bom desde que não explore a mão-de-obra barata” seriam bem menores.
um número menor de jorna- haja a exploração da mão de
listas, substituindo os profis- obra barata. “Isso é um pro-
sionais por estagiários, explo- blema, que todo mundo que giário, bolsa de complemen- com a rádio Paiquerê, e nem sor, por isso ele concorda com
rando a mão-de-obra barata. trabalha na área sabe que tação (leia texto nesta a Paiquerê com uma rádio a Fenaj e acha importante o
Ayoub avalia que o artigo 19 ocorre”, declarou Ramos. O página). Ramos diz que cada menor numa cidadezinha do estágio ter uma supervisão
foi decretado para “salvar” a chefe de redação desaprova a empresa deve ser avaliada interior do Paraná”. pedagógica, “pois nem sem-
profissão de jornalista. proposta de estágio da Fenaj para ser viável a realização Ramos diz que quando era pre o profissional vai poder
Por muitos anos, profes- em alguns pontos, como ofe- do estágio. “Não se pode com- estudante e fez estágio, foi dar atenção ao estagiário”.
sores e estudantes de jorna- recer seguro de vida ao esta- parar a Folha de São Paulo acompanhado por um profes-

Londrina já teve 101 casos de dengue em 2008


O alto índice de casos registrados no inverno alerta para que sejam criados programas de conscientização à população

Daniele Machado hemorrágica com complica- ocasião são distribuídos sa-


Ministério da Saúde

O último Boletim Infor- ção registrados pelas regio- quinhos plásticos e panfle-
mativo divulgado pelo Minis- nais no Paraná é de 868. tos.
tério da Saúde com dados da Esta estatística foi retirada De acordo com Rogério
17ª Regional de Saúde de da Coordenação Estadual do Lampe, diretor de Saúde
Londrina, registrou 337 ca- Programa de Controle da Ambiental, o objetivo das
sos de dengue na região nor- dengue. campanhas é multiplicar as
te do Paraná, sendo 311 con- Em 2007, Londrina viveu informações sobre os cuida-
traídos nas próprias cidades um período crítico, com 819 dos necessários quando o as-
e 26 importados. Segundo in- casos confirmados. Neste sunto é o Aedes Aegypti.
formação da secretária do se- ano, algumas ações de com- A proliferação do mosqui-
tor de epidemiologia da Se- bate ao mosquito foram pre- to nesta época do ano preo-
cretaria Municipal de Saúde, paradas pelo poder público cupa, já que as epidemias
Sonia Fernandes, deste nú- em parceria com empresas acontecem normalmente no
mero, Londrina concentrou privadas para evitar o au- verão. O clima frio não pro-
101 casos da doença. mento deste índice. As ações picia o aumento dos casos e
De acordo com o respon- são feitas por meio de blitzes os registros nesta estação
sável pelo setor de epidemio- educativas, através das deixaram alerta para a pri-
logia da 17ª Regional de quais as autoridades saem mavera, quando o mosquito
Saúde em Londrina, Marce- pelas ruas e abordam moto- costuma multiplicar-se em
lo Viana de Castro, o total ristas sobre os riscos dos ambientes como água para-
de casos de dengue e febre criadouros do mosquito. Na da em plantas e pneus.
10 LinhaFina

G
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

Geral PM diz que “lei


seca” mudou o
Resgate da vida das drogas comportamento
O que se fazer quando um conhecido se envolve num
universo perigoso e fatal dos motoristas
Alika Moro Lei seca causa diminuição de acidentes e
O que faz uma pessoa ser mudança de comportamento nos motoristas
mais vulnerável às drogas
que outras? Como tratar a Caroline Moretti
pessoa amada, mas está
transformada devido aos efei-
Assim como aconteceu em
todo o país, Londrina também
Os efeitos do
tos das drogas?
Hoje não se usa mais o ter-
sentiu as mudanças de com- álcool no
portamento depois da aplica-
mo “viciado” ou ainda “depen- ção da lei chamada “lei seca”, organismo*
dente químico”. O termo usa- a lei que torna mais rigorosa
do é o “adicto”. Rotina e fé são a fiscalização e mais dura a
- Só cerca de 5% do álcool in-
alguns dos itens que podem gerido é eliminado diretamente
punição para quem dirige al- através da expiração, saliva,
salvar uma pessoa das dro- coolizado. De acordo com a transpiração e urina. O restante
gas, explica a psicóloga Julia- Polícia Militar, a fiscalização passa rapidamente para a cor-
na Oliveira Barbino, do Li- é feita na cidade através de rente sanguínea através das pa-
bertad – Centro de blitzes e bloqueios viários. De redes do estômago e da parte
Recuperação de Toxicômanos acordo com o soldado Paulo superior do intestino delgado
e Alcoolistas. Rodrigo Gazzola Monteiro, sem sofrer qualquer transforma-
Para Barbino, a droga hoje Palestrante da Companhia de ção química.
Alika Moro

é uns dos grandes vilões que Trânsito e Auxiliar de Comu-


- Quando o álcool atinge o
invadem casas em todo o mun- cérebro, órgão abundantemente
nicação Social do 5º Batalhão irrigado de sangue, afeta, pro-
do. Atualmente os adictos são da Polícia Militar, as viaturas gressivamente, as capacidades
tratados como pessoas que têm bafômetros e o teste é so- sensoriais, perceptivas, cogniti-
têm uma predisposição para Centro de recuperação
licitado quando é notado sinal vas e motoras, incluindo o con-
as drogas. Ou seja, pessoas de embriaguez no motorista trole muscular e o equilíbrio do
que ao experimentar uma be- gem pela família, que vai pro- psicólogos, reuniões de con- do veículo. Hoje a PM traba- corpo.
bida, um cigarro de maconha, curar um apoio. Assim o adic- fronto, de sentimentos e espi- lha com oito bafômetros na - Um copo de cerveja demo-
vão de fato se entregar ao uso to e a família passam por uma ritualidade. Existe a oração cidade. ra cerca de seis horas para ser
delas, pois consideramos que triagem com psicólogos para própria deles que é muito im- Conforme Gazzola, a lei se
eliminado pelo organismo. Uma
para estas pessoas ser um dose de uísque, mais forte que a
definir o seu tratamento, que portante para o tratamento, refletiu na mudança de com- cerveja, leva mais tempo.
adicto é uma doença, incurá- se baseia em 9 meses. Nos 6 além das atividades ocupacio- portamento dos motoristas. - O garantido após beber é
vel, progressiva e fatal. primeiros meses a visita fa- nais e os esportes. A rotina Antes a legislação permitia que o motorista dirija após 24
Em Londrina a Libertad miliar ocorre no primeiro do- vira a base do dia deles para que os motoristas dirigissem horas. Se estiver de ressaca e
faz um trabalho no tratamen- mingo de mês e a partir do sempre, mantendo a mente com até seis decigramas de com sintomas provocados pela
to dessa doença que atinge sexto mês o interno sai para ocupada. Os exercícios físicos álcool por litro de sangue. De ingestão de álcool em grande
pessoas de diferentes idades e passar uma semana na casa são importantes para a produ- acordo com a nova lei é proi- quantidade, o melhor é não diri-
classes sociais. Em entrevista da família, começando a rein- ção de serotonina pelo orga- bido o consumo de qualquer gir. Porque esse é o momento
ao Linha Fina, Juliana Barbi- tegração social. nismo, a mesma substância quantidade de bebidas alcoó-
em que o álcool começa a ser tó-
no, explicou que esta doença xico e permanece no corpo por
No tratamento o adicto faz que é fabricada quando se licas por condutores de veícu- mais tempo.
tem que ser tratada desde a atividades laborais e terapêu- usam drogas. Assim, na absti- los. Anteriormente era permi-
base da família, pois para sal- ticas. Criar uma rotina para nência, quando esta substân- tida a ingestão de até seis *Fontes:
var um adicto, a união da fa- ele, acordando cedo, com horá- cia faz falta, os esportes a pre- decigramas de álcool por litro www.aderenaline.com.br
mília é essencial. rio para almoço. Enquanto enchem. www.detran.ce.gov.br e
de sangue, equivalente a dois www.sindinoticias.com.br
uns trabalham na lavoura, ou- Os remédios não são pres- copos de cerveja.
Vontade Própria
tros ficam na limpeza e outro critos na Comunidade e caso Gazzola afirmou que “hou-
A psicóloga afirmou que o grupo fica responsável pelo al- o adicto venha com remédios ve uma diminuição de aciden- víssima no valor de R$ 955 e
adicto pode entrar na Comu- moço. As funções são mudadas é feita uma conversa com o tes, principalmente nas sex- a perda da Carteira Nacional
nidade por vontade própria semanalmente. O grupo tem psiquiatra para que se retire tas-feiras e sábados à noite”. de Habilitação (CNH) por 12
ou ainda por meio de aborda- horários para conversas com o remédio aos poucos. “Hoje os jovens não conso- meses. Nos primeiros dias em
mem bebida alcoólica antes vigor da nova lei, houve certa
de dirigir por receio”, analisa. mudança de comportamento
Grupo trabalha com programa de 12 passos Segundo ele, algumas pesso-
as já foram tiradas de circula-
dos motoristas, até mesmo de
bares e restaurantes, todos
Alika Moro 4º. Fizemos um profundo e destemido inventário ção por dirigirem embriaga- tentam se adaptar, criando
Os 12 passos é um programa que é o suporte para o moral de nós mesmos. dos e os acidentes que causam formas para não serem puni-
adicto criado pelo AA- Alcoólatras Anônimos, o termo 5º. Admitimos a Deus, a nós mesmos e a outro ser grandes danos também dimi- dos e afetados pela lei.
que eles trazem é: “Só por hoje”, como é uma doença humano a natureza exata das nossas falhas. nuíram.  Segundo a Polícia Rodovi-
incurável, “só por hoje não usará drogas”, “só por hoje 6º. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus ária Federal (PRF) a lei seca
Linha Dura
estou limpo”. O amanhã não pertence a eles, então este removesse todos esses defeitos de caráter. provocou a diminuição de
lema traz que apenas hoje ele se manterá longe dos 7º. Humildemente pedimos a Ele que removesse A Lei 11.705, de junho de 13,6% de acidentes com víti-
malefícios das drogas. nossos defeitos.
2008, a popular “lei seca”, al- mas fatais nas estradas fede-
Para uma pessoa adicta tem que se trabalhar na mu- 8º. Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínha-
dança de vida. Enquanto o interno trabalha na comunida- mos prejudicado, e dispusemo-nos a fazer reparações a terou o Código de Trânsito rais. Além de o país ter econo-
de com outros internos a família participa de reuniões do todas elas. Brasileiro e entre outras dis- mizado cerca de R$ 48, 4
Amor Exigente que é voltada para familiares de pessoas 9º. Fizemos reparações diretas a tais pessoas, sem- posições, estipula multa gra- milhões.
com esta doença. E quando o adicto gradua, ele é aconse- pre que possível, exceto quando fazê-lo pudesse preju-
lhado a freqüentar o NA – Narcóticos Anônimos ou no dicá-las ou a outras.
caso do alcoolismo ao AA- Alcoólicos Anônimos. Nestas
reuniões vários adictos se encontram para falar dos seus
10º. Continuamos fazendo o inventário pessoal e,
quando estávamos errados, nós o admitíamos pronta-
SERVIÇO
mente. A Comunidade Terapêutica Libertad existe desde janeiro deste ano e em
sentimentos com quem os realmente entendem.
11º. Procuramos, através de prece e meditação, me- sua fazenda de recuperação masculina tem a capacidade de 70 adictos. Na
Esses são os 12 passos:
lhorar nosso contato consciente com Deus, da maneira feminina a capacidade é para 30 adictas.
1º. Admitimos que éramos impotentes perante a
como nós O compreendíamos, rogando apenas o co- A instituição é mantida pela ajuda de família de adictos e raramente doa-
nossa adicção, que nossas vidas tinham se tornado in-
nhecimento da Sua vontade em relação a nós, e o poder ções. Há um acordo entre as famílias e a Comunidade para a internação. A Li-
controláveis.
de realizar essa vontade. bertad está tentando a ajuda do governo para ampliar o número de vagas
2º. Viemos a acreditar que um Poder maior do que
12º. Tendo experimentado um despertar espiritual, sociais que estão lotadas.
nós poderia devolver-nos à sanidade.
como resultado destes passos, procuramos levar esta A Casa de Apoio da Libertad fica na Rua Senador Souza Naves n° 754
3º. Decidimos entregar nossa vontade e nossas vi-
mensagem a outros adictos e praticar estes princípios Telefone (43) 3029- 9988- Londrina
das aos cuidados de Deus, da maneira como nós o com-
em todas as nossas atividades. SITE: www.libertadcomunidade.com
preendíamos.
E-mail: semdrogas@libertadcomunidade.com
C
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008 LinhaFina 11


Cia de Teatro Fase 3 completa
22 anos marcados por oficinas e
espetáculos. Pág. 12


Projeto “Quizomba-samba e
outros batuques” reúne os mais
variados ritmos. Pág. 12


Wagner Moura e outros atores

Cultura
do filme Topa de Elite encenam
Hamlet em São Paulo. Pág. 14

Os sonhos de um equilibrista
Aos 15 anos, Eric se equilibra entre a luta pela sobrevivência no semáforo e o sonho de ser ator
Janaina Portello a instabilidade no emprego Preconceitos? Sempre
O sorriso, o aceno com a de seu padrasto – pintor existe. “Preto feio” e “maca-
Janaina Portello

cabeça e o assovio são os si- (“nem sempre ele tem servi- co” são palavras que não o
nais de partida para um novo ço”). atingem mais. “Eu nem ligo
espetáculo. Em tempos seg- Eric até então se desdo- quando eles me chamam de
mentados pelo simples piscar brava fazendo “shows” com macaco, preto, preto feio”, diz
ascendendo e apagando as os dois irmãos mais novos no o garoto, referindo-se a al-
luzes de um farol, ele entra calçadão de Londrina. O vio- guns colegas da escola. No
em cena. Eric é o seu nome. lão era a base e com apenas semáforo, alguns dos que as-
Em sua mão três bolinhas um acorde ou dois de uma sistem o espetáculo chamam
vermelhas. Seu olhar acom- única música, da qual ele de ”emprego de vagabundo” o
panha o vai e vem dos movi- lembra apenas o refrão: “uru- que para ele é arte.
mentos de sua arte. bu rei, urubu rei”. Ele e os Mesmo assim Eric arreca-
O menino de 15 anos, alu- irmãos encantavam as pesso- da cerca de R$ 30 reais por
no da 6ª série do Colégio Es- as que passavam pelo local. dia durante a semana, e aos
tadual Professor Carlos Au- Depois passou a fazer a má- finais de semana R$ 70. De-
gusto Mungo Genez e gica do dedo falso no farol, pois de trabalhar ele vai a
morador no Conjunto Habi- ele presenciou um malaba- um supermercado, onde com-
tacional Jamile Dequech rista dando o seu espetáculo. pra mantimentos e em segui-
(Zona Sul), é o filho mais ve- Instantaneamente o interes- da vai para casa se arrumar
lho de três irmãos. Morando se surgiu e como um desper- porque uma outra arte come-
com a mãe e o padrasto em tar, Eric viu ali uma nova ça no período da tarde. A arte
uma casa de apenas um cô- possibilidade de garantir o de se preparar para a vida: a
modo (dividido em três) que sustento de sua família. escola. Eric arrecada cerca de R$ 30,00 por dia
ele considera “muito aperta- Entre uma pausa e outra Sonhos? Ah... eles são tan-
da”, pois tem que dormir na no farol da avenida Madre tos. Seu último pedido foi um Mas em que tipo de dra- Funcart. Ainda almeja fazer
sala. “Queria uma casa maior Leônia Milito, perto do Shop- apartamento. Pedido de ani- maturgia? Independe, sua faculdade de Artes Cênicas
com mais quarto”, sonha Eric ping Catuaí, Eric luta pela versário feito a Deus. Segun- principal cena é variável, o na UEL. Filhos e casamentos
Augusto Mendes, que se vê sobrevivência. Devidamente do ele ainda não foi possível. desejável mesmo é estar lá. também estão nos seus pla-
responsável pelo sustento de caracterizado o menino pas- “Eu tenho vários sonhos, o Sua parte ele já está fazendo, nos, mas isso é um sonho que
sua família. A principal cau- seia entre os olhares dos primeiro sonho é ser ator e o galgando os primeiros pas- ainda pode esperar para que
sa é uma doença ainda não curiosos e a indignação dos meu segundo é morar num sos. Eric faz aula de teatro a própria vida se encarregue
detectada que sua mãe tem e insensíveis. apartamento”, relata. três vezes por semana no de realizá-lo.

Setor gastronômico muda de eixo em Londrina


Setor gastronômico e lazer vêm crescendo muito nos últimos anos e geram muitos empregos na cidade
Camila Ramos do Shopping Catuaí, instala- em todo o país (o equivalente samos trabalhar junto ao meio seca municipal (que não foi vo-
O crescimento da cidade do desde 1990. a 65% dos empregos pelo tu- ambiente na reciclagem de tada pela Câmara) e a lei anti-
mudou o eixo gastronômico Embora a entidade não te- rismo brasileiro). O setor gas- todo tipo de material , vidros, tabagismo. “O que estes legis-
de Londrina. O que na década nha dados estatísticos a res- tronômico corresponde a 2,4% óleo, lâmpadas fluorescentes e ladores não sabem ou não
passada se restringia à aveni- peito, há uma avaliação de do PIB nacional (40% do PIB compostagem”, afirma. querem que se saiba, é que
da Higienópolis, hoje está di- que o ramo de alimentação e do turismo) e passa por inten- Giovanna Rizzo, sócia do este é o setor que mais empre-
vidido em várias avenidas, lazer tem crescido nos últimos so processo de modernização bar e restaurante Taqueria El ga no país”, reclamou.
como a Maringá, a Santos anos em Londrina. Com isso, e melhoria na qualidade dos Mexicano localizada na Aveni-
Dumont e a Madre Leônia os moradores da cidade con- serviços. da Santos Dumont, região les- “O que estes
Milito. Na avaliação do presi- tam com várias opções para se te de Londrina, se preocupa legisladores não sabem
Projetos
dente da Associação de Bares alimentar e se divertir. com a postura dos legisladores
Segundo Falanca, o setor
ou não querem que se
e Restaurantes de Londrina Em entrevista concedida para o setor. “Nosso setor é
(Abrasel), Arnaldo Falanca, o por e-mail ao Linha Fina, Fa- cresce “a passos largos”. A muito massacrado pelos legis- saiba, é que este é o
eixo da Madre Leônia Milito, lanca afirmou que o segmento mentalidade do empresariado ladores e pela mídia”, reclama setor que mais
que é o mais recente, é reflexo emprega milhões de pessoas também. “Isso faz com que pos- a empresária, citando a lei emprega no país.”
12 LinhaFina

C
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

Cultura Quizomba
divulga o
Teatro com muita jovialidade e encanto samba em
A Cia. de Teatro Fase 3 completa 22 anos, marcados por oficinas de teatro e espetáculos Londrina
Rodas de samba,

Divulgação
oficinas variadas
e animação
Natália Lima Castro
O Projeto “Quizomba-
samba e outros batuques”,
reúne os tipos mais variados
do ritmo e atrai um público
cada vez maior. O evento, re-
alizado em parceria com a
Casa de Cultura da Univer-
sidade Estadual de Londrina
(UEL), acontece há três anos
e surgiu da necessidade da
reunião de pessoas com um
objetivo em comum: apreciar
o gênero popular da música
brasileira e as suas variadas
manifestações.
Em suas últimas edições,
trouxe para a realização de
oficinas nomes como Thiago
Spengler, do Studio SR, que
ministrou aulas de samba de
gafieira e o músico Guilher-
me Handa, com a oficina de
A companhia não recebe o apoio necessário maracatu. “A intenção é ter
respeito com os instrumen-
Aíme Lima uma exposição de fotografias da Cultura e as oficinas reali- já existentes. Porém, continua tos, um resguardo e um fun-
A Casa da Fases – Núcleo que conta a trajetória destes zadas na Cia têm o apoio do não recebendo o apoio necessá- damento”, lembra Handa. As
de Arte e História com Senho- 22 anos. “Ponto de Cultura”, do Gover- rio para a realização de seus oficinas reúnem um público
res e Senhoras e a Cia. de The- Em paralelo a Casa das Fa- no Federal. Durante dois anos projetos. “Somos um grupo que diferenciado que busca uma
atro Fase 3 desde 1986 inte- ses trabalha com oficinas de o grupo terá o suporte para re- anda na contramão, pois nosso iniciação com instrumentos e
gram o ciclo das artes em teatro para a comunidade, atu- alizar oficinas na cidade e na público alvo é o idoso e a políti- variadas práticas de dança,
Londrina, sendo uma das pri- almente o grupo é constituído região. “Tentamos descentra- ca pública para o idoso é muito mas acima de tudo diversão.
meiras companhias de teatro por senhoras que conheceram lizar o nosso trabalho, esse for- precária. Nossa cultura não “Freqüento sempre as ofici-
com idosos do Brasil e a que o trabalho da Cia através do mato de oficina nós já fizemos valoriza o velho, e sim dá assis- nas e estão cada vez melho-
está há mais tempo em atua- FILO - Festival Internacional mais de 25, em Brasília, São tência a ele. Mas temos espe- res e variadas”, afirma Ra-
ção. O grupo é formado por ido- de Londrina. Em dezembro a Paulo, e várias cidades no Pa- rança de mudar e por isso esta- quel Sampaio, estudante de
sos acima de 60 anos, alguns equipe da oficina já estará com raná”. mos com este trabalho”, declara Artes Cênicas da UEL.
estão desde a fundação. A Cia a formação completa e irá apre- O Fase 3 já recebeu vários Borges. “Visamos o potencial Para o tempero musical,
de Theatro Fase 3 começou no sentar espetáculos pela cidade prêmios, dentre eles o Prêmio artistíco deles, porque um ator reuniu bandas e músicos da
SESC – Londrina. “A assisten- para além de divulgar o traba- Funarte de Teatro Myriam velho é muito melhor que um cidade. Grupos como Chá de
te social do Sesc dividiu os dias lho, comemorar o aniversário Muniz, que visa apoiar finan- ator novo, pois, ele tem toda a Chocalho, que toca músicas
da semana em várias temáti- de Londrina. ceiramente a produção de gru- bagagem cultural dentro dele”, próprias e funde ritmos bra-
cas, nós fazíamos parte do gru- O projeto com a comunida- pos independentes de teatro, e concluiu. sileiros e a banda Sarará
po de cultura e deste pessoal de foi aprovado pelo Ministério a consolidação de companhias Criolo, que faz uma junção
Serviço entre samba rock e samba
surgiu a idéia de fazer teatro”,
afirma João Henrique Bernar- Cia de Theatro Fase 3 – funk. “Talvez o que marque
di, fundador da Fase 3. Núcleo de Arte e História com mais o samba rock seja a fi-
O elenco permaneceu com o senhoras e senhores gura do Jorge Ben”, diz Je-
apoio da instituição até 1999, e Rua Henrique dos Santos, ferson Mendonça, vocalista
Divulgação

em 2000 o grupo foi convidado 55 (perto do Robs) da banda.Também contou


a participar do festival It´s my FONE: 3304-8757 com a participação do grupo
life, na Alemanha, encenando Site: www.casadasfases. de percussão L.A.T.A (Labo-
a peça “Londrina: Zona Paraí- wordpress.com ratório Aberto de Trabalhos
so”, que conta a história da ci- Artísticos), comandado por
dade. Edgar de Abreu, que traba-
De acordo com Fabrício “Me redescobri”, lha com ritmos africanos.
Borges, organizador da Cia, as diz aluna Entre os assíduos fre-
peças não têm um tema fixo, o qüentadores, o primeiro do-
que prevalece é a inspiração do Aíme Lima mingo do mês é sempre espe-
momento e a realidade do gru- As alunas do projeto, cujo rado. Conta com a
po. “Não existe tema principal, objetivo é transmitir cultura participação de crianças, es-
existe a inspiração do momen- para as pessoas, demonstram tudantes e público em geral e
satisfação em participar da ofi- costuma reunir cerca de 700
to e na realidade do grupo. A
cina. Silvania Pialarissi, aluna da
gente sempre tem uma linha pessoas para a mistura de
oficina “Eu me redescobri, sem-
mestra que é a história e a me- pre tive uma vontade imensa de
ritmos e a troca de experiên-
mória e, a partir das vivências fazer teatro, parece que eu vol- cias.
das alunas é que montamos tei a ser menina. O professor Serviço
nossas histórias. Com este gru- uma vez disse que a alma não
po estamos trabalhando a tem idade, e agora eu entendo O Projeto Quizomba acon-
questão da mulher e sua iden- o que isso quer dizer. Nas aulas tece na Usina Cultural (Ave-
tidade”. eu me transporto para aquela nida Duque de Caxias, 4159)
Perto de novembro, mês de menina, cheia de sonhos, que e é patrocinado pelo Promic
tinha vontade de fazer teatro e (Programa Municipal de In-
aniversário do Fase 3, o grupo não fez na época”, conta.
lançará uma rádio novela, e Companhia ja ganhou vários prêmos centivo à Cultura).
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008 LinhaFina 13

Toda cura para todo mal Brasil é o segundo país


As terapias alternativas vindas do oriente se incorporaram em cirurgias plásticas
à nossa cultura. Mas ainda tem muito a provar Com média de 616 mil cirurgias por ano, país fica
atrás só dos EUA; 31% dos pacientes são homens

13% - 7 a 13 anos
8% - 14 a 18 anos
79% - Acima de 18 anos

59% - Cirurgias estéticas


41% - Cirurgias reparadoras

31% - Homens
69% - Mulheres

Vinícius Zanin
Paula Carneiro gião plástico. Para o médico,
O Brasil é o segundo país do “Londrina é uma cidade muito
mundo em número de cirur- preparada para toda essa de-
gias plásticas, com cerca de manda”. “Temos hospitais de
616 mil operações realizadas excelente qualidade em expan-
Sessão de acupuntura. Agulhas a serviço da saúde todos os anos. Os últimos nú- são e novos em término de
meros divulgados pela Socie- construção. Isto reflete o po-
dade Brasileira de Cirurgia tencial de nossa cidade”, justi-
Vinícius Zanin ram como uma ciência e fa- zendo uma posição”, analisa. Plástica (SBCP) datam de fica.
A maioria das terapias al- zem o tratamento”. Segundo ele, a adesão de cele- 2004. De acordo com o assessor No ranking da SBCP, a ci-
ternativas surgiu no oriente, A nutricionista Débora bridades à prática aumenta de imprensa da SBCP, Raul dade de São Paulo lidera a ta-
mais especificamente na Chi- Ideriha recomenda a pratica bastante a procura. Kury, as próximas pesquisas bela, com 126.815 cirurgias.
na e na Índia. Trazidas para o de terapias alternativas e diz Mazeto atribui ao conser- serão realizadas até o fim des- Minas Gerais é o segundo, com
ocidente tiveram seu “boom” que sempre que procurou al- vadorismo da região as difi- te ano. “Apesar de as últimas 87.930 operações. Surpreen-
no final do século passado, gum recurso foi para trata- culdades da disseminação da pesquisas terem sido realiza- dentemente, até mesmo o inte-
impulsionadas pela promessa mento e bem estar. “Eu faço terapia. “Na capital as coisas das e divulgadas há quatro rior de São Paulo ultrapassou
de curar um dos males que porque dá resultados e é um acontecem mais rápido e os anos, estimamos que os núme- o Rio de Janeiro, com 85.309
chegou junto com a era tecno- ótimo tratamento”, confirma. recursos são outros, aqui ain- ros da atualidade não estejam contra 76.078.
lógica: o stress. Professor de yôga há 6 da existe um pensamento tão distantes dos últimos obti- Só o número da cidade de
A cada dia mais pessoas anos, Hudson Mazeto, que conservador”. dos”, explica Kury. São Paulo é suficiente para
descobrem as diversas moda- está em Londrina há apenas O professor chega a co- As cirurgias plásticas mais deixar o Sudeste em primeiro
lidades de terapias alternati- a oito meses comentou que mentar que, ainda hoje, exis- realizadas no Brasil são: lipo- lugar. No ranking das regiões,
vas como o yôga, reiki, shiat- com relação a pratica desta te preconceito com relação aspiração em primeiro lugar; o Sul fica em segundo lugar
su, feng shui, taishishuan e modalidade existem aqueles aos homens, pelo desconheci- mamas em geral e implante com 97.886. Nos duas últimas
acupuntura. Ampliaram-se que procuram por modismo e mento “Os homens costumam mamário em segundo; e em colocações estão , a região Cen-
as técnicas e na mesma pro- na sua maioria são as mulhe- procurar menos, mas os que terceiro lugar, plásticas na face tro-Oeste com 71.897 e as regi-
porção as sugestões para a res. “Um dos fatores que con- começam não param nunca, em geral. ões Norte e Nordeste – juntas
melhoria na qualidade de tribuiu muito para a divulga- porque o homem não vem por De acordo com Flavio Nazi- – com 70.372 cirurgias.
vida. ção do yôga foi o fato de a modismo praticar, ele vem ma – formado pela Universida- A dona-de-casa Marcela (o
A fisioterapeuta Karize Madonna aparecer na capa porque esta procurando me- de Estadual de Londrina (UEL) nome não é o verdadeiro) foi
Silva, especialista em acu- de uma revista americana fa- lhorar, se aprimorar”. e especializado em cirurgia operada há poucos meses em
puntura (técnica que utiliza plástica na Escola do Professor duas regiões: nos seios e nas
agulhas) acredita que já exis- Ivo Pitanguy, no Rio de Janei- orelhas. Mãe de dois filhos, ela
te uma procura pelas terapias ro – o perfil dos pacientes que se queixava da assimetria e da
alternativas como meio de procuram a cirurgia plástica queda dos seios, conseqüências
tratamento. “Existem vários foi diversificado. “Além de ter diretas da gravidez e amamen-
Vinícius Zanin

artigos científicos que com- se tornado acessível a outras tação. Já as orelhas sempre lhe
provam os resultados e a po- parcelas da população, muito incomodaram.
pulação tem acesso e procura mais homens têm realizado os Desde muito nova, Marcela
no intuito de tratamento”. procedimentos”, afirma o cirur- se sentia complexada por não
De acordo com a fisiotera- gião plástico. “A evolução das poder prender os cabelos e se
peuta a mídia tem colaborado técnicas que tornam os proce- sentir à vontade. “Se tivesse
também para divulgar esse dimentos mais seguros, a recu- tido dinheiro para operar as
lado das terapias alternati- peração mais precoce e a me- orelhas, já teria feito há muitos
vas, principalmente da acu- lhora do poder aquisitivo da anos. A decisão de colocar sili-
puntura. “A acupuntura fun- população foram alguns dos fa- cone tomei há cerca de um ano.
ciona para tratamento de tores que cooperaram para a Nunca tinha imaginado que
várias doenças como as do acessibilidade da cirurgia plás- um dia fosse querer, mas preci-
sistema nervoso central... tica”, explica. sava ‘consertar’ o problema.
para as mulheres TPM, me- O cirurgião plástico ainda Assim que tive condições finan-
nopausa e para dores tanto fala da cidade de Londrina ceiras, fiz no ato!”, explica Mar-
crônicas como agudas”, afir- como referência em termos mé- cela. Apesar de ter sido decidi-
ma a acupunturista. dicos de uma maneira geral. “A da e corajosa, a dona-de-casa
Sobre a aceitação, segundo cidade está servida de profis- não ficou totalmente satisfeita
a entrevistada, hoje a técnica sionais de alto padrão. Ao meu com os resultados obtidos. “Os
é vista “com melhores olhos”, modo de ver, nossa cidade não seios ficaram bons, mas as ore-
inclusive superando barreiras deixa a desejar para qualquer lhas poderiam ter ficado me-
de crenças contra a prática grande centro”, afirma. lhores. A gente cria uma expec-
das terapias alternativas. O que poucos sabem é que tativa errônea no pré-cirúrgico,
“Antigamente algumas religi- muitas pessoas de outras cida- de que aquilo tudo que você vai
ões não aceitavam a terapia, des, Estados e até de outros consertar vai ficar perfeito. E o
os pacientes preferiam ficar países vem para cá com a in- bom acaba não sendo suficien-
com as dores, e hoje já enca- Hudson Mazeto, professor de yôga tenção de consultar um cirur- te”, concluiu.
14 LinhaFina

C
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

Cultura A ironia no
Crítica cinema de
Cena I, Ato IV Lucrecia Martel

Divulgação
Wagner Moura e os principais personagens do filme
Tropa de Elite encontram-se novamente, mas desta
vez para enfrentar Hamlet, em cartaz em São Paulo
Naiane Souza tações: “O exagero e o des-
“Como é expressivo, como cuido, no ato de representar,
é admirável”, tomo as pala- podem provocar riso aos ig-
vras da própria peça para norantes, mas causam enfa-
descrever o que é assistir a do às pessoas judiciosas...”
Hamlet, no Teatro Faap em Foram cuidadosos em suas Filme “O Pântano” retrata de forma metafórica
São Paulo, nos 170 minutos emoções, tons e falas, ele-
o sofrimento do povo argentino
Divulgação

da obra shakespeariana mais mentos nítidos em Georgia-


encenada no mundo. na Góis que surpreende a
Uso ainda as palavras de- todos interpretando Ofélia. Natália Lima Castro questões da família e dos fi-
clamadas com tanta beleza e Seu ápice de loucura é tão Em seu primeiro longa, lhos, e ambos possuem uma
emoção por Wagner Moura, doce, inocente e emocionan- “O Pântano”, Lucrecia Mar- dependência temperada ao
incorporado pelo príncipe di- te que faz com que os mais tel, uma das mais aclama- álcool. Já Tali (Mercedes
namarquês em diálogo com emotivos chorem. das diretoras e roteiristas Morán), prima de Mecha, é
atores da peça que desmasca- Os elogios são vários para da nova geração do cinema exacerbadamente preocupa-
ra seu tio Cláudio (Tonico Pe- Wagner Moura: “Ele tem essa argentino, apresenta uma da com as questões familia-
reira), assassino de seu pai: e assistiu a todas as adapta- extraordinária combinação de narrativa não-linear e cheia res e dedica seu tempo inte-
“Acomoda o gesto à palavra e ções disponíveis de Hamlet inteligência e emoção. Conse- de especificidades em um gral aos filhos e ao marido,
a palavra ao gesto, tendo em no Brasil. gue ser inteligente sem dei- universo ficcional próprio, mas mesmo assim, não con-
mira não ultrapassar a mo- Em seguida veio a difícil xar de ser carnal”, mas houve que foge dos circuitos co- segue conter um acidente
déstia da natureza”. missão da escolha dos atores, destaque também para o leal merciais. com o filho mais novo.
O resultado do trabalho feita de forma precisa e corre- Horácio, e quem defende o O filme, premiado no A trama é provocadora,
presenciado pelos espectado- ta. Vieram então: Tonico Pe- personagem é o próprio Caio Festival de Berlim de 2001, cheia de discussões, san-
res é fruto de longas pesqui- reira (Cláudio), Carla Ribas Junqueira: “A nossa idéia foi mostra a história de duas gue, em um ambiente nada
sas realizadas pela produção (Getrudes), Georgiana Góes trazer mais calor, vivacidade famílias desajustadas que amável. O filme discute re-
da peça. Trabalho que come- (Ofélia), Caio Junqueira (Ho- a ele. Agora ele é o documen- se contrapõem em diversos lacionamentos familiares,
çou pela tradução adaptada rácio), Fábio Lago (Laerte), tarista, o cronista da peça, re- aspectos, mas que acabam culpas religiosas, regras,
para os atores, feita a seis Cláudio Mendes (Guildens- gistrando as emoções dos per- cruzando os destinos. Apre- comportamentos sociais,
mãos: Aderbal Freire Filho, tern), Felipe Koury (Bernar- sonagens em momentos senta a família de Mecha vínculos físicos entre os
diretor do espetáculo, Bárba- do), Gillray Coutinho (Polô- importantes com uma câme- (Graciela Borges), que se personagens. Lucrecia tra-
ra Harrington, professora de nio) e Marcelo Flores ra, e as imagens são projeta- corta gravemente e é obser- ta de temas fortes e per-
inglês e Wagner Moura. De- (Rosencrantz). das num telão ao fundo do vada com descaso pela famí- sonagens acomodados ao
pois as pesquisas de interpre- O elenco levou ao pé da palco. “, comenta. A peça en- lia. sofrimento, algo que a di-
tação, no qual o ator leu inú- letra os conselhos do prínci- contra-se em cartaz no Teatro O marido de Mecha é to- retora afirma perceber no
meras obras em várias línguas pe em mais uma de suas ci- Faap, em São Paulo. talmente indiferente às povo argentino.

Publicidade
E
Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008 LinhaFina 15


Mesmo com calendário
“encolhido”, LEC consegue manter
a paixão dos torcedores. Pág. 16


Linha Fina entrevista o presidente
do LEC, Peter Silva sobre sua
situação no clube. Pág. 16


Equipe Londrina Racing Truck

Esporte
é uma das grandes na Fórmula
Truck. Pág. 16

Crianças treinam judô em projeto no Cafezal


Aulas são gratuitas e alunos são escolhidos com base no rendimento escolar
Alessandra Cristina na, representado a região vão
Alessandra Cristina

Cerca de 50 crianças do até para campeonatos brasi-


Conjunto Cafezal (zona sul) es- leiros”. Segundo ela, os alunos
tão treinando judô a partir de ganham quimono e o projeto
um trabalho feito por voluntá- tem boa infra-estrutura.
rios na Escola Estadual Pro-
Monitores
fessora Maria José Balzanelo
Aguileira. As aulas realizadas Os próprios monitores que
duas vezes por semana são ensinam o esporte, acompa-
gratuitas. Os alunos são esco- nham as crianças que estão in-
lhidos com base no rendimento seridas no projeto, verificando
que têm na sala de aula. Os suas notas no boletim escolar.
professores são estudantes de As crianças são assessoradas
Educação Física e praticantes pelo colégio e seus colaborado-
de judô. Uma delas, Ednea res para o funcionamento do
Santos de Oliveira, passou pelo projeto nas instalações da esco-
projeto como aluna, em 2000, e la, com o incentivo e infra-es-
hoje, já formada em Educação trutura de qualidade.
Física pela Universidade Esta-
Disciplina
dual de Londrina (UEL), atua
como instrutora voluntária no “A molecada que faz judô é
projeto. bem mais disciplinada. O Ga-
“Estou muito feliz em fazer briel hoje é bem mais concen-
Crianças em combate durante campeonato de judô em Londrina: esporte e educação
parte do projeto. É gratifican- trado”, diz Ana Maria da Sil-
te dar oportunidade para as va que levou o filho para tica o esporte há um ano e praticando esportes tem cres- do Cafezal, ela faz ginástica
crianças praticarem esporte disputar o seu primeiro cam- meio, já está na faixa cinza. O cido nos últimos anos em Lon- rítmica e está sempre acom-
de graça, praticando um es- peonato, no dia 23 de agosto. garoto demonstrou estar con- drina. Uma dessas jovens panhada de seus pais, Edson
porte que é muito caro com as “O interessante no projeto é o tente em participar do cam- atletas, Taís dos Santos Mar- Marques dos Santos e Neuza
mesmas qualidades de uma acompanhamento dos instru- peonato com seus amigos: “o ques, de 7 anos, aprecia o es- de Souza Vieira dos Santos,
academia particular”, declara tores no boletim escolar”, judô é um esporte muito le- porte que pratica. “Gosto além do irmão André Mar-
Ednea. “As crianças têm a completou. gal, aprendo novas técnicas e muito do judô, é muito bom ques dos santos que também
oportunidades de viajar para Gabriel Alexandre de 11 faço novos amigos”. vir ao campeonato”, diz a me- participa do projeto há mais
campeonatos fora de Londri- anos, filho de Ana Maria, pra- A quantidade de meninas nina. Além do judô no projeto de cinco anos.

Socialização através da prática de esportes


A mola mestra do Projeto Futuro é o social, retirar crianças e adolescentes da ociosidade e de situações de risco
Daniela Ishiyama As modalidades esportivas Embora o objetivo principal do da ociosidade e de situações de lhor, mas os outros 95 ficam na
Retomado em 2001, pela oferecidas são: basquetebol, vo- projeto seja a socialização atra- risco”, explicou Santos. As periferia, onde eles não teriam
Fundação de Esportes de Lon- leibol, futebol de campo, futebol vés do esporte, muitos bons perspectivas para o futuro do acesso a práticas esportivas e
drina (FEL), o projeto Futuro de salão, handebol, ginástica atletas têm sido revelados. projeto são aumentar o núme- através desse projeto conse-
consegue oferecer acesso a ini- artística, ginástica rítmica, na- O supervisor do projeto José ro de pólos, estagiários e de guem treinar”, analisa. “Os
ciação esportiva para crianças tação, judô, taekwondo, karatê, Donizette dos Santos, acha que alunos. treinos servem como base e re-
e adolescentes e oferecer opor- bicicross, ciclismo e beisebol. o projeto tem conseguido aten- Bethânia Coelho é coorde- velam novos talentos no mun-
tunidades de estágio para es- Os resultados foram vistos der com sucesso as necessida- nadora do pólo no Colégio Vi- do dos esportes”, completa a
tudantes de Educação Física. na 22ª edição dos Jogos da ju- des de crianças e adolescentes. cente Rijo, o único localizado coordenadora.
Um único projeto é capaz de ventude do Paraná ( JOJUPs), “Percebo através das crianças na região central de Londrina. Laís Gutierres, 15 anos, foi
atender a dois públicos distin- realizados em Cianorte, entre o e adolescentes e dos relatos de Dá aula nas modalidades de visitar um dos pólos por inter-
tos. Atualmente são 100 esta- final de agosto e o começo de se- seus pais a mudança de com- basquete e voleibol de segunda médio de uma amiga e acabou
giários que atendem 6.572 tembro. Estiveram presentes portamento. Os pais nos con- à sexta. Trabalha com crianças se interessando. Treina basque-
crianças e adolescentes de 7 a atletas revelados pelo Projeto tam que elas ficam mais tran- de 12 a 17 anos e tem 80 alu- te e voleibol há 1 ano. “Antes eu
17 anos. Com pólos distribuí- Futuro. Londrina foi a grande qüilas, começam a organizar os nos. Segundo Bethânia o proje- ia passear com minhas amigas
dos por toda a área urbana e vencedora em Cianorte, com objetos pessoais, cumprem as to foi bem elaborado, pois con- e agora eu venho todas as noi-
em mais seis distritos; São 481 pontos – somadas todas as tarefas em casa e na escola. A tribui com a comunidade. “No tes praticar esportes. Gosto das
Luís, Guaravera, Lerrovile, modalidades –, batendo Curiti- mola mestra é o social, retirar meu pólo as crianças possuem aulas e dos amigos que fiz aqui”,
Irerê, Paiquere e Maravilha. ba, que ficou com 408 pontos. essas crianças e adolescentes uma condição financeira me- conta a estudante.
16 LinhaFina Ano 1 Ed. 3 | Outubro de 2008

Com calendário “encolhido”, Tubarão vive de passado


Atuando poucos meses por ano, LEC ainda consegue manter acesa a paixão dos torcedores
Mariana Gatzk jogadores ‘bem tratados’, não
O Estádio Jaci Scaff, mais
conhecido como Estádio do
Café, é a casa do Londrina Es-
conseguir vencer um campeo-
nato?”, questiona Daniel Arru-
da, 20 anos, torcedor do Tuba-
Entrevista: O futuro do Tubarão
Rodrigo Gutuzo base, não tinha um jogador no ficar mais no clube, o clube pode
porte Clube, chamado carinho- rão desde que se mudou para
Em setembro começa mais amador, no profissional e o tor- andar com as próprias pernas.
samente por seus torcedores Londrina, há quatro anos.
uma edição da Copa Paraná. cedor quer ver o resultado. Te- LF – Qual o futuro do
como Tubarão. O LEC, que traz A assessoria de imprensa do
Mais uma chance para o Lon- mos que dar estrutura para o Londrina?
em seu currículo títulos valio- clube foi procurada para res-
drina se classificar para o clube, para depois dar o passo Peter – O futuro do Londrina
sos, como o de campeão Parana- ponder a estas perguntas, mas
Campeonato Brasileiro, dessa nos gramados. Então acho que é muito promissor. Quando as-
ense de 1992, e que chegou a fi- não respondeu aos questiona-
vez para a Série D, caso seja o nesse sentido, o time vai tran- sumi o Londrina, disse que o clu-
car em quarto lugar no mentos até o fechamento desta
campeão da competição. A tor- qüilo daqui para a frente. be seria em quatro ou cinco anos
Brasileirão de 1977, parece ser edição. Enquanto isso, os torce-
cida se pergunta: qual o futuro LF – Como vai funcionar altamente viável. Nós consegui-
um time inconstante, que alter- dores do Tubarão aguardam
do Tubarão? Em entrevista ao a gestão da Leme & Leme? mos implantar a categoria de
na entre maravilhas e letargia ansiosos pela estréia do time na
Linha Fina, o presidente do Peter – Foi feito um contrato base, estreitar o relacionamento
dentro de campo. Copa Paraná, prevista para se-
Londrina Esporte Clube, Peter de três anos, podendo chegar a com a CBF, colocamos o Londri-
Isto tudo, porém, parece não tembro, contra o Engenheiro
Silva, falou sobre a atual situ- dez, sendo renovado ano a ano. na na Timemania. Conseguimos
ser suficiente para desacreditar Beltrão, fora de casa.
ação do clube, a nova parceria Nesse período, a figura do presi- investidores, um acordo com a
seus torcedores: o Tubarão es- As novas contratações do
e o que esperar do LEC nos dente do Londrina é o que tem o Justiça do Trabalho, que viabili-
teve em julho na 23ª colocação LEC prometem ser melhores
próximos anos. poder da caneta. O Adir Leme é ze o Londrina ter daqui pra fren-
no ranking da Timemania, a lo- do que o famoso Zé Elias. Pelo
Linha Fina – O que le- o investidor do clube e vai ser te uma gestão diferente. Não é
teria federal do futebol no Bra- menos é o que espera Arruda,
vou o Londrina a cair tanto responsável pelo gerenciamento que não podia ter transparência
sil. Com mais de 10 mil apostas, que freqüenta a maioria dos
nos últimos anos? do dia-a-dia. Do que ele vender no Londrina. É que até esse
o alviceleste ficou na frente de jogos do Londrina no Estádio
Peter Silva – Gestão. Tudo ou emprestar, 85% fica com ele, acordo, você não podia divulgar
times que disputam hoje a pri- do Café. “A torcida precisa
na vida tem que ter o profissio- e esta vai ser a única maneira e fazer tudo pelos problemas
meira divisão do Campeonato acreditar para ajudar o time,
nalismo. Mesmo que você não que ele pode fazer retirada de com a Justiça do Trabalho. A
Brasileiro, como Portuguesa e mas o time precisa dar motivo
tenha muita estrutura finan- dinheiro. Fora isso, do que o partir de agora, estamos pas-
Figueirense e da segunda divi- para que isso seja possível”,
ceira. Faltou encarar o Londri- Londrina arrecadar, 15% vai sando para o Adir (Leme, presi-
são, como Ponte Preta. completa.
na como uma empresa. Por isso para a Justiça do Trabalho e dente da Leme & Leme) uma
A diretoria do clube desen- E pelo visto os fiéis torcedo-
que, quando a gente fala que o 85% vai para pagar as contas do gestão em que ele tenha possibi-
volve uma campanha de res- res do Londrina não pensam
sucesso do Londrina só virá em mês. Espera-se já nesses três lidade de ter tranqüilidade de
ponsabilidade social onde os em abandonar o time: segundo
cinco, oito anos, é porque você primeiros anos que o Londrina divulgar balanço, fazer as coisas
jogadores, do time de base ao a vendedora que trabalha no
precisa arrumar a estrutura consiga pagar todas as suas com transparência. O Londrina
profissional, recebem ajuda quiosque do LEC no shopping
primeiro. Quando cheguei ao ações trabalhistas. Assim, pode- começa a ser um clube totalmen-
psíquica, nutricional, médica e Catuaí, as vendas não caíram
Londrina, não tínhamos condi- rá em três anos receber o dinhei- te viável. E dentro do planeja-
odontológica. A dúvida, então, nem mesmo nessa época em
ção de trazer parceiro, de ga- ro da Timemania. Então, foi fei- mento do Adir, o clube em cinco
aumenta: “Como pode um time que o time não vem atuando. O
nhar titulo, de ir a campo, por- to um contrato pensando que, se ou seis anos o time pode estar
que tem tudo isso, um estádio item mais procurado é a cami-
que não tinha um trabalho de amanhã o investidor não quiser brigando na série A.
legal, uma torcida numerosa, seta alviceleste.

Você também pode gostar