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SÁBADO
Para quem deseja percorrer o caminho que conduz à santidade, a sua vida
não pode ser como uma grande avenida de ocasiões perdidas, pois o Senhor
quer que as nossas palavras sirvam de eco aos seus ensinamentos para
sacudir os corações. “É certo que Deus respeita a liberdade humana, e pode
haver pessoas que não queiram dirigir os seus olhos para a luz do Senhor. Mas
muito mais forte, e abundante, e generosa, é a graça que Jesus Cristo quer
derramar sobre a terra, servindo-se – agora, como antes e como sempre – da
colaboração dos apóstolos que Ele mesmo escolheu para que levem a sua luz
a toda a parte”4.
São Lucas diz do Senhor que Ele começou a fazer e a ensinar9; e que as
pessoas simples comentavam: Vimos coisas incríveis10. O Concílio Vaticano II
ensina que a Revelação se realizou gestis verbisque, com obras e palavras
intrinsecamente ligadas11. Nós, cristãos, devemos mostrar com a ajuda da
graça o que significa seguir de verdade o Senhor. “Quem tem a missão de
dizer coisas grandes (e todos os cristãos têm a doce obrigação de falar do
seguimento de Cristo), está igualmente obrigado a praticá-las”, dizia São
Gregório Magno12. Os nossos amigos, parentes, colegas de trabalho e
conhecidos devem ver que somos alegres, leais, sinceros, optimistas, bons
profissionais, enérgicos, afáveis, valentes..., ao mesmo tempo que lhes
mostramos com naturalidade e simplicidade a nossa fé em Cristo. “São
necessários – diz João Paulo II – arautos do Evangelho, peritos em
humanidade, que conheçam a fundo o coração do homem de hoje, participem
das suas alegrias e esperanças, das suas angústias e tristezas, e ao mesmo
tempo sejam contemplativos, enamorados de Deus. Para isso são precisos
novos santos [...]. Devemos suplicar ao Senhor que aumente o espírito de
santidade na Igreja e nos envie novos santos para evangelizar o mundo de
hoje”13.
III. “ALGUNS NÃO SABEM nada de Deus..., porque não lhes falaram em
termos compreensíveis”14. São muitas as maneiras de dar a conhecer
amavelmente a figura e os ensinamentos de Cristo e da Igreja: com uma
conversa em família, participando numa catequese, defendendo com clareza,
caridade e firmeza o dogma cristão numa conversa, elogiando um bom livro ou
um bom artigo... Ou, em certas ocasiões, com o nosso silêncio, que os outros
apreciam; ou escrevendo uma carta simples de agradecimento aos jornais por
um artigo de bom critério: sempre faz bem a alguém, talvez de um modo que
nunca nos tenha passado pela cabeça. Em qualquer caso, todos devemos
perguntar-nos neste tempo de oração: “Como posso ser mais eficaz, melhor
instrumento? De que ambientes, de que pessoas poderia aproximar-me, se
fosse menos comodista – mais enamorado de Deus! – e tivesse mais espírito
de sacrifício?”15
Devemos ter presente que muitas vezes teremos que avançar contra a
corrente, como também o fizeram tantos bons cristãos ao longo dos séculos.
Com a ajuda do Senhor, seremos fortes para não nos deixarmos arrastar por
erros que estejam em voga ou por costumes permissivos que contradigam a lei
moral natural e a lei cristã. E também nesses casos falaremos de Deus aos
nossos irmãos os homens, sem perder uma só oportunidade: “Vejo todos os
acontecimentos da vida – os de cada existência individual e, de algum modo,
os das grandes encruzilhadas da História – como outras tantas chamadas que
Deus dirige aos homens para que encarem de frente a verdade; e como
ocasiões que se oferecem aos cristãos para que anunciem com as suas
próprias obras e palavras, ajudados pela graça, o Espírito a que pertencem (cfr.
Lc 9, 55).
“Cada geração de cristãos tem que redimir e santificar o seu próprio tempo:
para isso, precisa compreender e compartilhar os anseios dos outros homens,
seus iguais, a fim de lhes dar a conhecer, com dom de línguas, como devem
corresponder à acção do Espírito Santo, à efusão permanente das riquezas do
Coração divino. Compete-nos a nós, cristãos, anunciar nestes dias, a esse
mundo a que pertencemos e em que vivemos, a mensagem antiga e nova do
Evangelho”16.
(1) Jo 7, 46; (2) A. Del Portillo, Fieles y laicos en la Iglesia, EUNSA, Pamplona, 1969, pág. 38;
(3) João XXIII, Enc. Ad Petri cathedram, 29-VI-1959; (4) A. Del Portillo,Carta pastoral, 25-XII-
1985, n. 7; (5) Mc 6, 34; (6) Jo 5, 7; (7) Hebr 4, 12; (8) Jo 7, 45-46; (9) At 1, 1; (10) Lc 5, 26;
(11) Conc. Vat. II, Const.Dei Verbum, 2; (12) São Gregório Magno, Regra pastoral, 2, 3; (13)
João Paulo II, Discurso ao Simpósio de Bispos Europeus, 11-X-1985; (14) São Josemaría
Escrivá,Sulco, n. 941; (15) A. Del Portillo, Carta pastoral, 25-XII-1985, n. 9; (16) São Josemaría
Escrivá, É Cristo que passa, n. 132; (17) cfr. Lc 12, 11-12.