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1. Introdução
2. Teoria da empresa
2.1.O empresário
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exercício da profissão constituir elemento da empresa".1
2.2. A empresa
Vamos nos valer do ilustre Asquini e sua teoria poliédrica dos perfis da empresa para
melhor explica-la:
1
Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002
1. perfil subjetivo. A empresa é o empresário, pois empresário é quem exercita a atividade
econômica organizada, de forma continuada. Nesse sentido, a empresa pode ser uma pessoa física
ou uma pessoa jurídica, pois ela é titular de direitos e obrigações. Quando se diz "arrumei um
emprego em uma empresa", temos a palavra empresa empregada com esse significado.
2. perfil funcional. A empresa é uma atividade, que realiza produção e circulação de bens
e serviços, mediante organização de fatores de produção (capital, trabalho, matéria prima etc).
Quando se diz "a empresa de estudar será proveitosa", temos a palavra empresa empregada com
esse significado.
3 perfil objetivo (patrimonial). A empresa é um conjunto de bens. A palavra empresa é
sinônima da expressão estabelecimento comercial. Os bens estão unidos para uma atividade
específica, que é o exercício da atividade econômica. Como exemplo desse significado, podemos
dizer "a mercadoria saiu ontem da empresa".
4. perfil corporativo. A empresa é uma instituição, uma organização pessoal, formada pelo
empresário e pelos colaboradores (empregados e prestadores de serviços), todos voltados para
uma finalidade comum.
Analisando a empresa à luz do art.966, a empresa possui o segundo perfil, funcional,
apresentado por Asquini.
4. Empresário
4.1. Artesão
O enquadramento da figura do artesão é uma questão que ainda não está claramente
definida. Entendemos que o artesão não é empresário, portanto, é autônomo, pelos motivos a
seguir expostos.
De acordo com o art. 7º, I, do Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados,
produto de artesanato é aquele proveniente de trabalho manual realizado por pessoa natural, nas
seguintes condições:
a) quando o trabalho não conta com auxílio ou participação de terceiros assalariados;
b) quando o produto é vendido a consumidor, diretamente ou por intermédio de entidade
de que o artesão faça parte ou pela qual seja assistido.
O Parecer Normativo - CST N. 94/77, referente ao Imposto sobre Produto Industrializado,
esclarece, ainda, acerca das atividades de artesanato:
“Atividade caracterizada pela manufatura de objetos para as mais variadas finalidades e
realizada segundo critérios artísticos ou estéticos. É um tipo de trabalho que dispensa máquinas e
instrumentos complexos, dependendo apenas da destreza manual de um indivíduo ou grupo. Em
alguns casos, admite-se chamar de artesanais certas obras, mesmo quando há intervenção parcial
de alguma máquina. Por outro lado, mesmo quando repetido em numerosos exemplares
dificilmente se obtém absoluta identidade entre cada produto artesanal. Há sempre uma diferença,
às vezes minúscula, o que confere característica própria e inconfundível a esse tipo de produção."
“Atividade de criação da fabricação ou mesmo de manutenção de objetos, efetuada
segundo técnicas de nível elevado, mas independentemente de produção industrial em série”.
“Os artesanatos variam de uma sociedade a outra conforme a sua finalidade, prestígio,
meios e qualidade de execução. Possuem em comum um único ponto, que consiste em certo nível
de conhecimento e habilidade. O artesanato é uma especialização que se distingue do trabalho
doméstico ou da produção de objetos de uso exclusivamente familiar. Este caráter especializado
explica como em muitas sociedades os artesãos se organizaram em confrarias ou castas, nas quais
as técnicas se conservavam de pais para filhos e de mestre a aprendiz.”
Produtor rural é a pessoa física – pessoa natural – que explora a terra visando à produção
vegetal, à criação de animais – produção animal – e também à industrialização artesanal desses
produtos primários – produção agroindustrial.
O Produtor Rural, cuja atividade constitua sua principal profissão, pode requerer inscrição
no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito,
ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro, no Registro Público de
Empresas Mercantis (art. 971).
A lei assegura tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural
quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes (art.970). Entretanto, não informa como.
5. Sociedade Simples – Considerações gerais
6.1. Generalidades
Cabe alertar que não deve ser confundida esta obrigação do sócio, com sua eventual
responsabilidade pelas dívidas da sociedade. Como adiante será demonstrado, dependendo do
tipo societário adotado, o sócio poderá responder limitadamente à sua quota de capital, ou até
mesmo por todo o capital social declarado, como também poderá ficar vinculado de maneira
ilimitada e subsidiária pelas obrigações sociais.
Na verdade, a responsabilidade pelas obrigações da sociedade não constitui fato
indissociável da condição de sócio, ficando vinculada ao contexto societário no qual está inserida.
Em outras palavras, tudo vai depender do tipo societário escolhido.
Destaca-se que nem sempre a obrigação de contribuir para a constituição do capital social
se fará presente. Há, algumas exceções, que estão indicadas na lei, e que correspondem a casos
em que o sócio apenas participa dos resultados, como por exemplo o sócio de serviço, na
sociedade simples, e o sócio oculto, eventualmente, na sociedade em conta de participação.
Este dever de lealdade resulta da regra constante do § 3°, do art.1.010 do C.C./2002, clara
no sentido de que responde por perdas e danos o sócio que, tendo em alguma operação interesse
contrário ao da sociedade, participar da deliberação que a aprove graças ao seu voto. São
obrigações dos sócios não só a de contribuição para a constituição do capital social, como
também a de observância seu dever de lealdade, pelo que suas ações precisam ser dirigidas à
execução do objeto social da sociedade.
Como acima foi destacado, ao integrar uma sociedade surge para o sócio a obrigação de
contribuir para a formação do capital social. Sem dúvida essa representa a principal obrigação
decorrente da condição de sócio. Na forma já sinalizada, não deve ser confundida esta obrigação
do sócio para com a sociedade, com sua eventual responsabilidade subsidiária ou solidária pelas
dívidas sociais. Como mais adiante restará demonstrado, dependendo do tipo societário o sócio
poderá responder de forma limitada à sua quota de capital ou até mesmo por todo o capital
subscrito. Pode ainda esta responsabilidade ser solidária e ilimitada.
Portanto, a criação de uma sociedade gera diversas conseqüências para seus integrantes,
entre elas direitos e obrigações essenciais à adquirida condição de sócio, que possibilita a fruição
do benefício econômico e delimitação de sua responsabilidade pelos débitos contraídos pela
sociedade. A partir de então, cumpridas suas obrigações, pode o sócio exigir sua participação nos
lucros nos limites de sua quota, bem como pode se retirar da sociedade nos casos definidos pelo
contrato ou pela lei.
Em síntese, suas obrigações nascem a partir da data do contrato social, se este não fixar
outro termo inicial, e se extinguem a partir da liquidação da sociedade, com o pagamento de
todas as obrigações sociais (art. 1.001 do C.C./2002).
Por fim, possível responsabilizar ainda o sócio no caso de defeito na integralização. É que
sendo possível a integralização do capital subscrito mediante utilização de créditos ou bens, o
sócio responde pela evicção no caso dos bens e pela solvência do devedor quando ocorrer
transferência de crédito.
Destaca-se que no caso de utilização de bens ou créditos, incide a regra do parágrafo
único do art.1.053, segundo a qual pela exata estimação dos bens conferidos ao capital social
respondem solidariamente todos os sócios.
Em outras palavras, o legislador resolveu envolver todos os integrantes da sociedade, de
modo a exigir que os mesmos se auto-fiscalizem, quando promoverem a integralização mediante
bens ou créditos. Na verdade, esta obrigação de auto-fiscalizar nada mais é do que a aplicação
ampla da regra do art. 1.052.
7. Distribuição de lucro
Duas disposições no atual Código Civil fixam regras a respeito da distribuição de lucros e
suas conseqüências. A primeira corresponde ao art. 1.009, que prevê a responsabilização dos
administradores e dos sócios no caso de distribuição de lucros ilícitos ou fictícios. Segundo a
referida norma, nesta hipótese haverá responsabilidade solidária dos administradores que a
realizarem e dos sócios que os receberem, conhecendo ou devendo conhecer-lhes a ilegitimidade.
Pela redação do artigo verifica-se que em ambas as hipóteses, a responsabilidade independe de
condição, ou seja, tem natureza objetiva. E isto pelo fato de que nos dois casos, por óbvio, tanto
administradores, como sócios, se não conheciam a irregularidade da distribuição, no mínimo
deveriam dela conhecer.
A segunda regra é a do artigo 1.059, constante do Capítulo IV, que trata da sociedade
limitada, segundo a qual os sócios são obrigados à reposição dos lucros e das quantias retiradas a
qualquer título, ainda que autorizadas pelo contrato, quando tais lucros ou quantias se
distribuírem com prejuízo do capital.
Especificamente no que tange a débitos de natureza tributária, há norma específica a Lei
4.357, de 16 de julho de 1964, que veda às pessoas jurídicas que estiverem em débitos para com a
Fazenda Pública Federal e Previdência Social, distribui resultados aos seus integrantes e
consultores.
Recentemente, ajuste foi feito em nível de penalizacão para os casos de inobservância da
regra supra citada, com a alteração da redação dos parágrafos do art. 32 pela Lei 11.051/04.
Em relação às normas acima indicadas duas observações se fazem necessárias. A
primeira, de que a multa somente tem aplicação para os casos em que haja débito tributário
devidamente inscrito, cuja exigibilidade não esteja suspensa por uma das alternativas constantes
do artigo 151 do CTN. E a segunda, de que cessada a suspensão, deverão ser os sócios
cientificados individualmente para promover a reposição dos valores recebidos, pena de multa e
ajuizamento de demanda específica contra cada um deles, que respondem pessoalmente até o
limite das quantias recebidas.
Inicialmente destacamos que a sociedade simples pode ser vista como espécie de
sociedade como também pode ser avaliada sob a ótica de tipo societário. Tal afirmação é feita
considerando que a segunda parte do artigo 983 do Código Civil, estabelece a possibilidade da
sociedade simples constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts.1.039 a 1.092, e, não o
fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. E este registro é de grande importância de
modo a permitir a análise das várias possibilidades de vinculação dos sócios às obrigações da
sociedade.
Na verdade, a matéria relativa à responsabilidade dos sócios na sociedade simples abriga
inegáveis equívocos por parte da doutrina. E isto foi mero resultado, em nosso entender, da
análise apressada e isolada da regra do art. 1.023 do novo Código Civil, segundo a qual na
insuficiência dos bens sociais para atender às dívidas da sociedade, "respondem os sócios pelo
saldo, na proporção em que participam das perdas sociais, salvo cláusula de solidariedade".
Se há norma prevendo que cabe ao contrato dispor a respeito da responsabilidade
subsidiária dos sócios, bem como dispositivo autorizando a adoção de tipo societário em que há
limitação da responsabilidade, tudo vai depender do que estiver fixado no contrato social.
Em outras palavras, a responsabilidade dos sócios vai depender do tipo societário adotado.
A responsabilidade dos sócios da sociedade simples comporta todo tipo possível. Se a
forma da sociedade for pura, a responsabilidade poderá ser subsidiária ou solidária, dependendo
do que estabelecer o contrato social; se a forma for a especial, dependerá da legislação específica
a ser aplicada obrigatoriamente; e se a forma for a alternativa, ficará vinculada ao tipo societário
escolhido pelos sócios.
De acordo com o código civil, a Sociedade Simples possui regras próprias (arts. 997 a
1.038) que a regulamenta, neste caso chamamos de Sociedade Simples "pura", se ela for
constituída obedecendo às normas que lhe são próprias.
Entretanto, na sua constituição pode optar por uma das modalidades de sociedade
empresária, exceto Sociedade Anônimas e Sociedade em Comandita por Ações, que serão sempre
sociedades empresárias.
Assim, a Sociedade Simples pode ser constituída como Sociedade em Nome Coletivo;
Sociedade em Comandita Simples; e Sociedade Limitada. Nestes casos, se a Sociedade Simples
optar por uma dos tipos de sociedade acima (art. 983), deverá se submeter às normas da
respectiva sociedade, lembrando que a sociedade cooperativa será sempre considerada Sociedade
Simples.
Bibliografia
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito societário. 8. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
NEGRÃO, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
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