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Rondonópolis-MT
Abril/2006
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Instituto de Ciências Exatas e da Terra
Departamento de Física
Curso de Especialização em Perícia de Acidentes de Trânsito
Monografia submetida à
Coordenação do Curso de Pós-graduação
de Perícia em Acidentes de Trânsito “latu
sensu”, promovido pela Universidade
Federal de Mato Grosso como requisito
parcial para obtenção do grau de
Especialista em Perícia de Acidente de
Trânsito.
Rondonópolis-MT
Abril/2006
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Dedico a Rosália Cândido da Silva
que, sem instrução e recursos
financeiros e com coragem e luta
obstinada conseguiu transformar-me
num homem de verdade, sincero e,
principalmente, honesto.
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AGRADECIMENTOS
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“Se eu pudesse deixar algum presente a
você, deixaria aceso o sentimento de
amar a vida dos seres humanos. A
consciência de aprender tudo que foi
ensinado pelo tempo afora. Lembraria
os erros que foram cometidos para que
não mais se repetissem. A capacidade
de escolher novos rumos. Deixaria para
você, se pudesse, o respeito àquilo que
é indispensável: além do pão, o
trabalho. Além do trabalho, a ação [...]”
(Mahatma Gandhi)
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RESUMO
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................................................8
2. DISCIPLINA JURÍDICA..........................................................................................20
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INTRODUÇÃO
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Finalmente, na terceira parte, com base em dados estatísticos e na leitura de
alguns dispositivos do Código de Trânsito, passa-se à discussão do valor probatório
do exame pericial dentro dos acidentes de trânsito.
A Metodologia a ser adotada para sua execução será o do uso de pesquisas
bibliográficas. Serão utilizadas obras de diversos autores, bem como artigos da
internet voltados para o assunto em questão. Ao final, foram registradas obras lidas
e bibliografia de livros que poderão auxiliar na realização da monografia. Ressalte-
se, ainda, que as obras serão consultadas tendo fonte de pesquisa as bibliotecas de
Instituições de Ensino Superior – Universidade Federal de Mato Grosso, Centro de
Ensino Superior de Rondonópolis –, algumas obras de posse do especializando,
empréstimos de professores e amigos.
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1. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
1
AMARAL, Gustavo. Direito, escassez & escolha: em busca de critérios Jurídicos para lidar com a escassez de
recursos e as decisões trágicas. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 7 ss.
2
BARROSO, Luiz Roberto; BARCELLOS, Ana Paula. O começo da história. A nova interpretação
constitucional e o papel dos princípios no direito brasileiro. p. 2.
3
MAIOR, A. Souto. História do Brasil. São Paulo: São Paulo Editora S. A., 1974. p. 221 ss.
4
Em estudo sobre a Democracia, Celso Antônio Bandeira de Mello classifica os Estados em formalmente
democráticos, substancialmente democráticos e em transição para a democracia. Neste estudo, dá, mesmo o
Brasil atual, como exemplo de Estado formalmente consitucional. Ver: BANDEIRA DE MELLO, Celso
Antônio. A democracia e suas dificuldades contemporâneas. Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centro
de Atualização Jurídica, V, I, n° 4, julho, 2001. Disponível em: http://www.direitopúblico.com.br. Acesso em:
10 de janeiro de 2006.
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– hauridos dos países política, econômica e socialmente mais
evoluídos – teoricamente aptos a desembocarem em resultados
consonantes com os valores democráticos, neles não aportam.
Assim, conquanto seus governantes (a) sejam investidos em
decorrência de eleições, mediante sufrágio universal, para mandatos
temporários; (b) consagrarem uma distinção, quando menos material,
entre as funções legislativa, executiva e judicial; (c) acolham, em
tese, os princípios da legalidade e da independência dos órgãos
jurisdicionais, nem por isso, seu arcabouço institucional consegue
ultrapassar o caráter de simples fachada, de painel aparatoso, muito
distinto da realidade efetiva. 5
5
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. A democracia e suas dificuldades contemporâneas. Revista Diálogo
Jurídico, Salvador, CAJ – Centro de Atualização Jurídica, V, I, n° 4, julho, 2001. Disponível em:
http://www.direitopúblico.com.br. Acesso em: 10 de janeiro de 2006.
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aquele governo, para omitir da opinião pública informações acerca do evento
envolvendo a sublevação dos tenentes em São Paulo, iniciada a 5 de julho de 1924.
Consoante Domingos Meirelles:
6
MEIRELLES, Domingos. As noites das grandes fogueiras: uma história da Coluna Prestes. 2 ed. Rio de
Janeiro: Record, 1995. p. 609.
7
AMARAL, Gustavo. op. cit. p. 9.
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inúmeros e suspeitos expedientes de interpretação para esvaziar-lhe o conteúdo, um
importante segmento da doutrina constitucional, embora reconhecendo toda esta
problemática, vê, com arrebatador otimismo, em oposição histórica a quase dois
séculos de ilegitimidade renitente do poder, de falta de efetividade das múltiplas
constituições um novo momento constitucional. Luiz Roberto Barroso, por exemplo,
já declarou que o “constitucionalismo vive um momento sem precedentes, de
vertiginosa ascensão científica e política”.8
Fala-se mesmo, como é o caso de Paulo Ricardo Schier, num “novo
constitucionalismo”. Veja-se:
8
BARROSO, Luiz Roberto. Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional brasileiro (Pós-
modernidade, teoria crítica e pós-positivismo). Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centro de
Atualização Jurídica, v. I, n° 6, setembro, 2001. Disponível em: http://www.direitopublico.com.br. Acesso em:
16 de janeiro de 2006.
9
A expressão foi colhida na leitura de artigo do Professor Paulo Ricardo Schier. SCHIER, Paulo Ricardo. Novos
Desafios da Filtragem Constitucional no Momento do Neoconstitucionalismo. Revista Eletrônica de Direito do
Estado. Salvador, Instituto de Direito Público da Bahia, n° 4, outubro/novembro/dezembro, 2005. Disponível na
Internet: http://www.direitodoestado.com.br. Acessado em:
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A nova interpretação constitucional assenta-se em um modelo de
princípios, aplicáveis mediante ponderação, cabendo ao intérprete
proceder à interação entre fato e norma e realizar escolhas
fundamentadas, dentro das possibilidades e limites oferecidos pelo
sistema jurídico, visando à solução justa para o caso concreto. 10
10
BARROSO, Luiz Roberto. Fundamentos teóricos e filosóficos do novo direito constitucional brasileiro (Pós-
modernidade, teoria crítica e pós-positivismo). Revista Diálogo Jurídico, Salvador, CAJ – Centro de
Atualização Jurídica, v. I, n° 6, setembro, 2001. Disponível em: http://www.direitopublico.com.br. Acesso em:
16 de janeiro de 2006.
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regionais; e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,
idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Na doutrina constitucional pátria, o significado do princípio da dignidade
humana tem sido ora interpretado como sendo uma regra que condensa todas as
dimensões dos direitos fundamentais – os individuais clássicos, bem como aqueles
de fundo econômico e social –, já que em última análise estes podem ser
compreendidos como o conjunto de direitos que visa assegurar a dignidade
humana11.
Nesta razão, por exemplo, vai a doutrina do professor Uadi Lammmêgo
Bulos:
11
VERONESE, Josiane Rose Petry. Temas de direito da criança e do adolescente. São Paulo: LTr, 1997. p. 19.
12
BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição federal anotada. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 81.
13
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 19 ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 109.
14
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 51.
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Todavia, para os professores Ives Gandra Martins e Celso Ribeiro Bastos o
princípio da dignidade humana, apesar de parecer, não se confunde com os direitos
fundamentais, veja-se:
15
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Gandra. Comentários à constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva,
1988. p. 425.
16
BULOS, Uadi Lammêgo. op. cit. p. 81-82.
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Ainda, segundo o referido doutrinador, todo o Direito Penal deve ser
pensado, construído, e implementado em consonância com a dignidade da pessoa
humana. Segue citado:
17
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 12.
18
BULOS, Uadi Lammêgo. op. cit. p. 82.
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autoridades e da sociedade, os números têm apontado para uma sensível e
perigosa agudização do problema.
De outro lado, a Constituição Federal de 1988, no caput do seu art.5°,
estabeleceu o seguinte:”Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade”.
Ao inserir a palavra segurança no referido artigo, o legislador
constitucional erigiu a segurança à condição de direito fundamental. Dito de outra
maneira, não se pode pensar em dignidade da pessoa humana sem o gozo efetivo
deste direito, a segurança. Nem se precisa dizer que esta segurança inclui também a
tutela da incolumidade pública no espaço relativo ao trânsito.
Neste sentido, o Código de Trânsito, Lei n° 9.503, de 23 de setembro de
1997, no seu art.1°, §2°, estabeleceu que:”O trânsito, em condições seguras, é um
direito de todos [...]”. Além disso, no seu art.28, ressalta a necessidade dos
motoristas atentarem para “a segurança do trânsito”.
É justamente nesse movimento de busca de segurança para o trânsito que
se pode inserir o tema aqui perseguido. Afinal de contas, como, se poderá constatar
pelas leituras seguintes, o laudo pericial se consubstancia num poderoso e eficaz
instrumento de que dispõe a Justiça para solucionar os problemas nascidos nos
acidentes de trânsito. E não apenas problemas de ordem técnica, mas, também,
como desdobramento, problemas de ordem social. Já que, como bem salientam
inúmeros autores de nomeada, a solução justa e eficaz da Justiça se traduz num
eficiente instrumento de pacificação social.
A insegurança no trânsito é um dado insofismável. Os números são
preocupantes. Acerca dos custos sociais destes acidentes – delitos –, Damásio de
Jesus registrou o seguinte:
19
JESUS, Damásio E. de. Crimes de trânsito: anotações à parte criminal do código de trânsito (Lei n.
9.503, de 23 de setembro de 1997). 2 ed. São Paulo: Saraiva, 1998. p. 16.
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Portanto, o que busca proteger com a regulamentação do trânsito, antes
do patrimônio moral e material do indivíduo, são os valores sociais. Com efeito,
Heleno Cláudio Fragoso ressalta esta mesma dimensão, veja-se:
20
FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal. Rio de Janeiro: Forense, 1985. p. 278.
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2. DISCIPLINA JURÍDICA
21
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 260.
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Trata-se, portanto, de todo e qualquer meio de percepção
empregado pelo homem com a finalidade de comprovar a verdade de
uma alegação. 22
22
CAPEZ, Fernando. op. cit. p. 260
23
Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Edições Vértice, 2005. p. 24.
24
SILVA, José Geraldo da; LAVORENTI, Wilson; GENOFRE, Fabiano. Leis penais especiais anotadas.
Campinas: Millenium, 2001. p. 288.
25
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Crimes hediondos, tóxicos, terrorismo, tortura. 2 ed. São Paulo:
Saraiva, 2002. p. 93.
26
CAPEZ, Fernando. op. cit. p. 276.
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Segundo o princípio da auto-responsabilidade das partes, são elas as
responsáveis pelas conseqüências advindas dos atos de prova. Assim, se não as
produzirem ou se ao produzi-las o fizerem com erros, são elas os únicos
responsáveis.
O princípio da audiência contraditória encontra seu lastro da Constituição
Federal, inc. LV :” aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”. 27
O princípio da aquisição ou comunhão da prova estabelece regra segundo a
qual a prova que vier a ser produzida passa a integrar o processo, irradiando seus
efeitos não apenas para aquele responsável por sua juntada aos autos, mas, sim,
para todas as partes.
Segundo o princípio da oralidade “deve haver a predominância da palavra
falada (depoimentos, debates, alegações); os depoimentos são orais, não podendo
haver a substituição por outros meios, como as declarações particulares”.28
Por princípio da concentração entenda-se a busca de concentrar a produção
das provas numa só audiência.
O princípio da publicidade encontra também sua sustentação no texto da
Constituição Federal, inc. LX, nos seguintes termos: “a lei só poderá restringir a
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
social o exigirem”. 29
Finalmente, o princípio do livre convencimento motivado “as provas não são
valoradas previamente pela legislação; logo, o julgador tem liberdade de apreciação,
limitado apenas aos fatos e circunstâncias constantes nos autos”. 30
27
Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Edições Vértice, 2005. p. 24.
28
CAPEZ, Fernando. op. cit. p. 277.
29
Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Edições Vértice, 2005. p. 24.
30
CAPEZ, Fernando. op. cit. p. 277.
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de modo diverso, bem como a Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995,
no que couber.
31
MIRABETE, Julio Fabbrini. op. cit. p. 217.
32
CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 12 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 294.
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tenha conhecimento da infração. Obviamente, será mais precisa a perícia se
realizada próxima da consumação do delito. A única exceção existe em relação ao
exame necroscópico, que deve ser realizado pelo menos seis horas depois do óbito,
salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feito
antes daquele prazo, o que declararão no auto (art. 162 do Código de Processo
Penal). Na hipótese de lesão corporal grave em razão da incapacidade da vítima
para as ocupações habituais por mais de 30 dias, deverá ser realizado um outro
exame, chamado de complementar, após o trigésimo dia (art. 129, § 1°, I, do Código
Penal e art. 168, § 2°, do Código de Processo Penal). Veja-se:
33
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de processo penal interpretado. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2000. p. 416.
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indevida. Nulidade. Indispensabilidade da diligência nos crimes que
deixam vestígios, enquanto estes existirem (art.158). Princípio da
verdade real. Ordem concedida para anular as decisões da justiça
estadual, devendo ser proferida nova sentença após a realização do
exame pericial” (RT 672/388).
34
MIRABETE, Julio Fabbrini. op. cit. p. 416.
35
TUCCI, Rogério Lauria apud ARAGÃO, Ranvier Feitosa. Acidentes de trânsito: aspectos técnicos e jurídicos.
3 ed. Campinas: Millenium, 2003. p. 30.
36
ARAGÃO, Ranvier Feitosa. op. cit. p. 30.
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São realizadas as perícias ou na fase administrativa da persecução penal
(inquérito policial), ou na fase judicial e sempre por dois peritos oficiais com
conhecimento técnico e específico sobre determinado assunto, e, conforme já
assinalado acima, serão realizadas obrigatoriamente, sob pena de nulidade, se a
infração deixar vestígios, não podendo supri-la a confissão do acusado.
Caso não existam peritos oficiais, o exame poderá ser realizado por duas
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior, escolhidas, de
preferência, entre as que tiverem habilitação técnica relacionada à natureza do
exame exigido para o caso. Tais peritos obrigar-se-ão a prestar compromisso de
bem e fielmente desempenhar o encargo. Veja-se o art.159:
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Existem dois sistemas de apreciação do laudo pericial: vinculatório e
liberatório. No primeiro caso, o juiz está obrigado a acolher as conclusões trazidas
ao processo pelo laudo pericial, daí a expressão vinculado, já que se trata de uma
vinculação ao laudo. No segundo caso, as conclusões esposadas no laudo pericial
não vinculam a decisão do juiz, já que este pode rejeitá-lo no todo ou em parte e
desde que haja a respectiva fundamentação. O art. 182 do Código de Processo
Penal adotou o sistema liberatório. Cite-se: “O Juiz não ficará adstrito ao laudo,
podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte”. Assim a jurisprudência de
alguns tribunais: Veja-se:
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motivação, constituir-se também em flagrante e injusta violação do art. 5°, LV da
Constituição Federal, que assegura aos acusados o contraditório e a ampla defesa:
“aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes”.
Tão importante tem sido a prova pericial em alguns casos específicos que a
jurisprudência de alguns tribunais pátrios tem sido construída no sentido da
exigibilidade de exames periciais. Veja-se:
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qualquer responsabilidade da instituição oficial de assistência
médica, que não contribuiu de qualquer forma para o sofrimento
da autora. Apelação a que se nega provimento. (TJRJ - AC
5222/96 - Reg. 270697 - Cód. 96.001.05222 - Capital - 10ª C.Cív. -
Rel. Des. Afrânio Sayão - J. 13.051997)
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autos. Justamente por isso, o mesmo Código exige, no artigo 458, que a sentença
seja fundamentada, isto é, que conste dela a fonte de onde o juiz tirou as suas
deduções, porquanto tais fontes não podem ser outras senão as provas constantes
dos autos do processo.
Nem por isso, todavia, pode-se dizer que a liberdade concedida ao juiz seja
letra morta, porque, na verdade, essa liberdade existe, inclusive facultando que as
conclusões do juiz se fundem em fatos e circunstâncias não alegados pelas partes,
mas desde que constante dos autos.
Existe, portanto a liberdade, porém não absoluta, e a limitação imposta pelo
Código de Processo Civil é sobremaneira salutar e democrática, pois se ao juiz fosse
conferida a faculdade de, discricionariamente, formar o seu convencimento, seria
implantar-se a tirania judiciária, com a negação e a ineficácia de todo o direito de
defesa.
Desde que os fatos e circunstâncias constem da prova existente no
processo, o juiz pode, livremente, valer-se deles para tirar as suas conclusões, ainda
que não tenham sido alegadas pelas partes, mas fundamentando a sua decisão e
apontando, na sentença, as fontes em que se baseou. De outra forma, isto é, se o
juiz pudesse valer-se de fatos e conhecimentos oriundos de acontecimentos extra-
autos, a sua função deixaria de ser a de julgador. Seria mera testemunha.
A limitação imposta ao livre convencimento do juiz não se restringe, porém,
ao estatuído no art. 131, de só se poder valer das provas dos autos para proferir a
sua decisão. Outras restrições há no Código, como, por exemplo, a constante do art.
366, onde está disposto que não prevalecerá aquela liberdade de interpretação
quando a lei considerar determinada forma como substância do ato. Assim, por
exemplo, numa demanda em que se discute a propriedade de um imóvel, não pode
o juiz, por maiores provas que existirem em contrário, deixar de reconhecer o
domínio em favor daquele que possua uma escritura devidamente formalizada, para
reconhecê-lo em favor de quem somente apresentou prova testemunhal, mesmo que
essa prova seja em grande quantidade e produzida por pessoas do mais alto
conceito, uma vez que, pelo Código Civil, a propriedade se prova por um dos
documentos hábeis para esse fim, como a escritura.
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3. O LAUDO PERICIAL NOS CRIMES DE TRÂNSITO
37
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 1.
38
CAPEZ, Fernando. op. cit. p. 1.
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referentes à própria dinâmica social dos acidentes a) o comportamento do motorista
e do pedestre; b) as condições de segurança da via e do veículo. O que, no Brasil,
segundo Letícia Marin e Marcos S. Queiroz, ainda é pouco significativo. Veja-se:
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IV – a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito,
com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito.
40
CHIMENTI, Ricardo Cunha. Curso de direito constitucional. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 56.
41
FÜHRER, Maximilianus Cláudio; FÜHRER, Maxiliano Roberto Ernesto. Resumo de direito penal. 20 ed. São
Paulo: Malheiros Editores, 2002. p. 33.
42
JESUS, Damásio E. de. Código penal anotado. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 1991. p. 52.
43
CARNEIRO, Joseval. Comentários ao código de trânsito brasileiro: comentários, doutrina, jurisprudência,
tabelas e cálculos, gráficos com as normas gerais de circulação. São Paulo: LTr, 1998. p. 18.
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Basicamente estas as causas dos acidentes. 44
44
CARNEIRO, Joseval. op. cit. p. 19.
45
PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral. 2 ed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2000. p. 341.
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Esta modalidade de homicídio culposo pode ter a pena aumentada de 1/3,
se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou
se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
Todavia, pouco ou nenhum efeito pode ser esperado daí se não se punir
realmente o eventual infrator. Aliás, a punição sem presteza e celeridade, na
verdade, produz justamente um efeito contrário ao que se espera com a aplicação
da pena. Punir tardiamente ou, o que é pior, punir injustamente pode trazer
conseqüências dramáticas para a sociedade. De um lado a não punição ou a
punição tardia reforça o ânimo de cometer crimes tanto daqueles que já os
praticaram como daqueles que apenas imaginam em praticá-los. De outro lado, a
punição injusta revolta a sociedade sendo que esta, ao invés de ver a Justiça como
uma aliada, passa a enxergar e a encontrar nela uma fonte de inúmeros e temerosos
sentimentos. Assim, para produzir seus efeitos esperados, a de prevenir o crime,
bem como a de ressocializar o condenado é necessário rapidez e precisão.
É justamente neste espaço que ganha relevância a realização do exame
pericial, já que, de forma especial no acidente de trânsito, é ele que conseguirá
compor um panorama probatório suficientemente robusto para fazer frente à
complexidade dos fatos. Obviamente que nem todas as vítimas fatais em acidentes
de trânsito decorrem de homicídio culposo, todavia, pode-se ter uma idéia da
freqüência deste tipo penal veja-se abaixo um quadro de estatística fornecido pela
Polícia Rodoviária Federal e que tem por objeto de estudos os acidentes de trânsito
ocorridos nas rodovias federais. Cite-se:
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A doutrina classifica o homicídio como crime material. Trata-se de figura
delitiva que só se consuma com a produção de um resultado natural, crime que
deixa vestígios. Tal resultado natural, seus vestígios, de outro lado, conforme já
verificado em outro momento deste trabalho, torna obrigatório o exame de corpo de
delito que se consubstancia no meio hábil para a constatação da materialidade do
delito. Vale ressaltar que, segundo o Código de Processo Penal, tal exame não pode
ser substituído nem mesmo pela confissão do acusado.
Ressalte-se, ainda, que, conforme já dito anteriormente, o Código de
Processo Penal prevê a realização de duas espécies de exame de corpo de delito a)
exame de corpo de delito direto; exame de corpo de delito indireto.
O exame de corpo delito direto é de realização obrigatória nos crimes que
deixam vestígios, como é o caso da figura delitiva que ora segue sendo estudada.
Sendo que este realiza-se mediante inspeção e necrópsia no cadáver, na busca da
causa mortis, bem como o exame pericial do local do acidente, este buscando
identificar os fatores que condicionaram a sua ocorrência.
Segundo Osvaldo Negrini Neto, o objetivo do exame pericial no acidente de
trânsito é de, a partir de um determinado efeito conhecido, identificar as causas
desconhecidas. Veja-se :
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danos e a posição de repouso ou final. Examinam-se as condições
de estática e dinâmica do acidente. Verifica-se a extensão dos
danos, diretamente ou por fotografias apensadas aos autos. Estima-
se a velocidade provável, pela extensão dos danos, à falta de
medições outras de frenagem, posição de impacto, desbordamento e
posição final, confrontando-se com a sinalização e suas restrições.
São vários os fatores a considerar. O perito não pode resumir-se
ao visum et repertum, ou seja, ver e dizer. Há que sentir (feeling)
o acidente em seus meandros. 47 (negrito nosso)
47
CARNEIRO, Joseval. op. cit. p. 23.
48
CARNEIRO, Joseval. op. cit. p. 243.
49
ARAGÃO, Ranvier Feitosa. Acidentes de trânsito: aspectos técnicos e jurídicos. 3 ed. Campinas: Millenium,
2003. p. 361.
50
Código Penal. São Paulo: Rideel, 1995.
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Trata-se também de figura delitiva que se consuma por resultados concretos,
que deixam vestígios e que, portanto, exigem a confecção de exame pericial.
No Código de Trânsito, a lesão corporal culposa se encontra descrita no art.
303, nos seguintes termos:
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Letícia Marín e Marcos S. Queiroz informam que o álcool está intimamente
relacionado com acidentes de trânsito. Cite-se:
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Figura curiosa que foi inserida no art. 312 do Código de Trânsito e que diz
respeito à obrigação de, por parte dos envolvidos no acidente, ou de qualquer
pessoa que tenha interesse indireto no acidente, conservar intacto o conjunto fático
que compõe a cena material do acidente. Cite-se:
52
CAPEZ, Fernando. Direito penal: parte geral. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. p. 1.
53
GOMES, Luis Flávio. Direito penal: parte geral. São Paulo:RT; IELF; 2003. p. 13.
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Assim, ao inserir a preservação dos vestígios materiais do acidente de
trânsito no rol dos bens protegidos pelo Direito Penal, o legislador, na verdade,
apenas confirmou a enorme importância do exame pericial para a sua justa
elucidação.
Nota-se, portanto, que nas figuras acima assinaladas, o exame pericial se
coloca de forma imperiosa para a solução. De outro lado, o que se tem por certo é
que as soluções das questões jurídicas colocadas pelo trânsito estão intimamente
ligadas às soluções dos problemas sociais levantados aí. Daí, a conclusão deste
trabalho, o do laudo pericial como um poderoso instrumento científico e jurídico ao
lado democracia.
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CONCLUSÃO
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição federal anotada. 5 ed. São Paulo: Saraiva,
2003.
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral. 6 ed. São Paulo: Saraiva,
2003.
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FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal. Rio de Janeiro: Forense,
1985.
GOMES, Luis Flávio. Direito penal: parte geral. São Paulo:RT; IELF; 2003.
MAIOR, A. Souto. História do Brasil. São Paulo: São Paulo Editora S. A., 1974.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
PRADO, Luiz Régis. Curso de direito penal brasileiro: parte geral. 2 ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 19 ed. São
Paulo: Malheiros, 2000.
SILVA, José Geraldo da; LAVORENTI, Wilson; GENOFRE, Fabiano. Leis penais
especiais anotadas. Campinas: Millenium, 2001.
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