No mundo cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto; existem1 bilhão de
analfabetos; 1,1 bilhão de pessoas vivem na pobreza, destas, 630 milhões são
extremamente pobres, com renda percapta anual bem menor que 275 dólares; 1,5 bilhão
de pessoas sem água potável; 1 bilhão de pessoas passando fome;150 milhões de
crianças subnutridas com menos de 5 anos (uma para cada três no mundo); 12,9 milhões
de crianças morrem a cada ano antes dos seus 5 anos de vida.
As causas naturais para justificar a fome são: clima; seca; inundações; terremotos; ss
pragas de insetos e as enfermidades das plantas.
Uma tragédia a conta-gotas, dispersa, silenciosa, escondida nos rincões e nas periferias.
Tão escondida que o Brasil que come não enxerga o Brasil faminto e aí a fome vira só
número, estatística, como se o número não trouxesse junto com ele, dramas, histórias,
nomes.
Já está mais que evidenciado que o crescimento econômico, por mais importante que
possa ser, é absolutamente insuficiente para se acabar com a pobreza no país. Da mesma
forma, o equilíbrio macroeconômico e a estabilização da moeda produzem, no máximo,
efeitos mitigadores e temporários, sem alterar a situação de desigualdade social.
Os programas sociais que instituídos nos últimos anos, visam amenizar a problemática
da fome e da miséria. O "Fome Zero", menina dos olhos do governo Lula, segue o
mesmo rumo. Todavia amenizar não é o que queremos. O povo brasileiro quer e exige
uma verdadeira guerra contra a fome e a miséria, que passa, necessariamente, por
mudanças estruturais e profundas na organização social e na mentalidade da elite
nacional.
O Governo de Luís Inácio Lula da Silva tem demonstrado vontade política e disposição
para o combate a fome e a miséria. Porém só boa vontade e disposição não são
suficientes para resolver o problema de milhões de famílias que sofrem de fome todos
os dias. Como já dizia Betinho "Quem tem fome tem pressa". Tem pressa de comida, de
cidadania, de justiça e de direitos. Saciar essas fomes exige mais que dinheiro e que
políticas sociais. Exige uma ruptura com o modelo econômico aplicado, com afinco e
precisão, nos últimos 15 anos, no Brasil.
O Brasil não é um País pobre. É sim um País muito rico. Rico pela produção e pela
própria natureza. Mas é um País desigual e injusto, com um mar de pobres e miseráveis
que cercam ilhas de acumulação, luxuria e esbanjamento. A desigualdade é a única
questão que se mantém estável ao longo da história brasileira. Essa realidade resulta da
intensa falta de eqüidade na distribuição da renda e nas oportunidades da inclusão social
e econômica. Não é suficiente insistir, apenas, no crescimento econômico para erradicar
a fome. O combate à fome e à pobreza é uma exigência ética. São necessárias medidas
eficientes e eficazes na aplicação de políticas para a geração de maior igualdade no
acesso aos alimentos e para a cidadania plena.
O Brasil tem centenas de entidades de combate a fome, de todo tipo. Desde programa de
geração de renda até a adoção de famílias pobres através do pagamento de uma mesada.
Uma rede invisível de solidariedade à espera de adesões.
Mas porque será que as pessoas não têm o costume de ajudar quem mora perto de casa?
Não é preciso ir muito longe. Só a Ação da Cidadania Contra a Fome tem mais de mil
comitês espalhados pelo país. Além de acessar o site , você pode ligar para o telefone
0800-202000.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, tem uma lista de entidades que
precisam de ajuda permanente. Você pode ligar para o telefone da Unicef no Brasil:
0800-618407.
"O brasileiro é extremamente solidário, haja visto a Pastoral da Criança que conseguiu
uma solidariedade humana de 150 mil voluntários", comemora Zilda. O telefone da sede
nacional da Pastoral da Criança, em Curitiba, é (41) 336-0250.
A Aval, o braço das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação diz que o
desempenho da sociedade é fundamental, mas erradicar a fome, só se melhorarmos a
distribuição de riquezas.
O médico Flávio Valente coordena 87 unidades que lutam contra a fome e se dedicam a
superar o comportamento comum. "A aceitação que existe por parte da sociedade de
que crianças ainda morram de fome no nosso país e que isso seja considerado natural,
todos nós somos responsáveis para ajudar essa situação. Somente no momento que nós
não aceitarmos mais isso é que vamos ter a coragem para tomar as decisões políticas
necessárias para resolver um problema que não é tão difícil assim de resolver".
Diversas pesquisas foram realizadas com base em indicadores de renda - uma forma
indireta de se inferir a população carente. O pressuposto, nesses casos, é que a
insuficiência de renda constitui o principal fator que leva as pessoas à não ingerir
alimentos na quantidade adequada. Assim, define-se uma linha de pobreza abaixo da
qual a renda seria inadequada para suprir as necessidades básicas - entre as quais a
alimentação -, e calcula-se o número de pessoas abaixo dela.
Conclusão
Cerca de 5 a 20 milhões de pessoas falecem por ano por causa da fome e muitas delas
são crianças.
Alterar essa situação significa alterar a vida da sociedade, o que pode não ser desejável,
pois iria contrariar os interesses e os privilégios em que se assentam os grupos
dominantes. É mais cômodo e mais seguro responsabilizar o crescimento populacional,
a preguiça do pobre ou ainda as adversidades do meio natural como causas da miséria e
da fome no Terceiro Mundo.
"Garantir o alimento para todos, superando a miséria e a fome, exige de cada um de nós
o engajamento pessoal. Mais do que isto, supõe a experiência pessoal do humilde e
corajoso processo de gestação de uma nova sociedade, que atenda aos direitos e às
necessidades básicas da população: educação, saúde, reforma agrária, política agrícola,
demarcação das terras indígenas e das terras remanescentes dos quilombos, distribuição
de renda, reforma fiscal e tributária, moradia. Exige também que desenvolvamos novas
relações de trabalho e de gestão da empresa, criando uma economia de comunhão
comprometida com a solidariedade e atenta às exigências da sustentabilidade".
A fome e a desnutriçao
Para levar uma vida saudável e ativa precisamos ter acesso a alimentos em
quantidade, qualidade e variedade adequadas que respondam às nossas
necessidades energéticas e nutrientes. Sem uma nutrição adequada, as crianças não
poderão desenvolver seu potencial máximo e os adultos encontrarão dificuldades em
manterem ou expandirem este potencial.
Como nem todas as pessoas têm um acesso adequado aos alimentos que
necessitam, a fome e a desnutrição se tornaram um problema de grande
abrangência no mundo. Hoje em dia, mais de 850 milhões de pessoas sofrem por
desnutrição crônica e nem podem obter alimentos suficientes para satisfazerem suas
necessidades energéticas mínimas. Aproximadamente 200 milhões de crianças menores
de cinco anos sofrem sintomas de desnutrição aguda ou crônica, cifra que aumenta em
períodos de escassez de alimentos ou em épocas de epidemia de fome e conflitos
sociais. Segundo algumas estimativas, a desnutrição é um fator importante entre os que
determinam a cada ano a morte de aproximadamente 13 milhões de crianças com menos
de cinco anos por doenças ou infecções evitáveis, como: sarampo, diarréia, malária,
pneumonia e combinações das mesmas.
Acabar com a fome pressupõe, como condição prévia, que se produzam alimentos
suficientes e que os mesmos estejam disponíveis para todos. No entanto, cultivar
alimentos em quantidades adequadas não é suficiente para assegurar a erradicação da
fome. É preciso garantir o acesso de toda a população, em todo o momento, a alimentos
nutritivos e seguros, em quantidade suficiente para levar uma vida ativa e saudável; em
síntese, garantir a segurança alimentar. Uma intensificação dos esforços se faz
necessária em todo o mundo para garantir a segurança alimentar e assim acabar com a
fome e a desnutrição, junto com suas terríveis conseqüências, para as gerações atuais e
futuras. A contribuição de cada um de nós (através do intercâmbio de informação, da
solidariedade e da participação em atividades) é absolutamente necessária para garantir
o direito fundamental que todos os seres humanos têm de viver em um mundo livre da
fome.