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Amigos do Ministério Público Federal

Não sou muito de vir à nossa rede interna. Fiz apenas uma vez, nesses
quinze anos de Instituição. Se venho agora, é para me despedir. Formalizei
hoje, junto à chefia de nossa Instituição, o pedido de exoneração do cargo
de Procurador Regional da República. Penso me candidatar a um cargo
eletivo, provavelmente ao Senado, pelo Estado de Mato Grosso.

Peço exoneração depois de quase 15 anos de ininterrupta atividade como


membro do Ministério Público Federal. Exerci, orgulhosamente, a função
de Procurador da República em Rondônia, Acre e Mato Grosso, sem contar
as várias designações para atuar perante júris federais pelo Brasil, bem
assim como a de Procurador Regional da República na 3ª Região. Nesse
período errei muito, mas honrei, no limite da minha capacidade, a função
que a Constituição deu a nosso órgão.

Quantas lutas! Quantos desafios! Quantas derrotas!

Quando foi preciso, arrostei forças que muitos pensavam que jamais
poderiam ser arrostadas. Contei com preciosíssima ajuda, colaboração e
empenho de colegas da nossa carreira, de funcionários, de gente boa que
não tremeu diante das adversidades. Só assim consegui vitórias.

Percebi porém, nesses anos, que nossa atuação exclusivamente técnica e


processual (ao contrário do que sustentam nossos muitos inimigos) não é
suficiente para, por si só, proceder às transformações sociais que nossa
Constituição exige e construir uma sociedade livre, justa e solidária.

Sustento que é errado impedir a participação política dos membros do


Ministério Público pois, ao conjurar o mal do partidarismo, essa restrição
nos deixou enfraquecidos diante de poderes adversos que, estes sim, se
fazem representar fortemente nas casas legislativas, e, queiramos ou não, a
nossa atuação firme depende muito dos trabalhos nelas realizado.

Eu quis permanecer em nossa querida instituição e, ao mesmo tempo, me


afastar para tentar ocupar um lugar no Congresso Nacional, mas, como
sabido, não se pode.

Os tempos são difíceis. Gente séria diz que já não há lugar para gente séria
na Política. Eu não acredito nisso e vou, mais uma vez, remar contra a
maré: pretendo me candidatar e sei que, se for eleito, honrarei minha
história de vida. O Ministério Público terá, em mim, um forte aliado.
Pedro Taques, Procurador da República. É assim que os outros me
conhecem, e confesso, é assim que eu mesmo me vejo há tanto tempo. Um
dia a minha filha me chamou assim. Pai, Procurador da República, Pedro
Taques, cidadão... Esses nomes se fundiram na minha vida. E a fusão não
vai ceder, embora esse seja meu momento de despedida.

Não interessa onde estejamos, não importa o título que ostentamos, sem
qualquer significado o cargo que ocupamos, o mais importante é a luta que
travamos. Agradece a todos os meus colegas, irmãos de fé e de coragem.
Eu vou porque tenho que ir. Mas a saudade já me aperta.

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