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Planejamento Urbano e

Regional

Prof. Eduardo Rocha


Planejamento urbano
• Contextualização:
– O ensino no Brasil (antes);
– o plano de massa;
– o equilíbrio geométrico;
– Bom efeito gráfico;
– Qualidade na originalidade das formas;
– Regras abstratas;
– Mais escultóricas, gráficas ou até ilusórias,
do que urbanísticas e espaciais;
Planejamento urbano
– O ensino atual:
– Importante mudança no ensino e na forma
de compreender o planejamento urbano;
– Formas geométricas, com semelhança
com ruas, quadras e praças;
– Traçam eixos, simetrias, continuidade de
ruas;
Planejamento urbano
Duas áreas do conhecimento auxiliarão para
melhor planejar um espaço urbano:
1. Histórico e cultural = processo de
formação das cidades;
2. Reflexão da forma urbana
interrelacionada à vida humana em
comunidade;
Histórico do Planejamento urbano
È necessário ter sempre presente que tanto a
arquitetura como o urbanismo são
disciplinas criativas cujo fim é uma
intervenção no espaço, transformando-o.
Planejamento urbano
Processo para determinar ações futuras,
através de uma seqüência de opções
(DAVIDOFF &REINER, 1962);

Aplicação de um método científico no processo


de elaboração de políticas (FALUDI, 1973);

Realização de uma série de procedimentos


racionais para o embasamento da tomada de
decisão.
Planejamento urbano
As atividades de planejamento urbano e
regional buscam, de uma forma geral,
caracterizar a cidade, o município e a região,
nas dimensões ambiental, econômica, social
e nas intervenções antrópicas (feitas pelo
homem) , como sistema viário, localização e
tipo de equipamentos urbanos, forma
urbana...
Planejamento urbano
A partir dessa caracterização e da análise dos
resultados, busca-se definir estratégias para
a reversão dos problemas identificados e
para o desenvolvimento dos municípios e/ou
regiões.
Planejamento urbano
O planejamento age sobre o meio físico,
seja natural ou construído, e sobre a
esfera social e econômica, apontando
em qualquer um dos casos as políticas
mais adequadas.
Planejamento urbano
Percebe-se que o processo de
planejamento envolve um grande
número de temas mais específicos, por
isso o ideal é que as equipes sejam
formadas por advogados, sociólogos,
economistas, administradores,
geógrafos, geólogos; engenheiros de
todas as áreas e arquitetos.
Planejamento urbano
O arquiteto tem que trabalhar com a
transposição de diretrizes da escala
teórica ou técnica para a escala física.
Planejamento urbano - objetivos
a definição padrões adequados de distribuição espacial
da população;

a definição sobre a alocação de equipamentos


comunitários como postos de saúde, escolas,
hospitais;

a proposição do sistema viário, considerando as


peculiaridades locais;

PUR I – Planejamento Urbano e Regional I – Prof. Hitomi Mukai


Planejamento urbano - objetivos
o melhoramento e ou manutenção da qualidade
ambiental das cidades e regiões;

a definição do sistema de transporte coletivo;


o controle do uso do solo;

a integração com as atividades desenvolvidas no meio


rural, com vistas ao desenvolvimento econômico e
na manutenção do equilíbrio ambiental;
Planejamento urbano - objetivos
a promoção de um desenvolvimento baseado em uma
relação de produção de bens e serviços sustentável;

a distribuição equânime dos benefícios e ônus do


processo de urbanização;

a proteção do patrimônio natural e construído dos


Municípios;

a promoção da regularização fundiária;


Planejamento urbano - objetivos
O controle do uso do solo volta-se a coibir:
• a utilização inadequada de imóveis urbanos;
• a proximidade de usos incompatíveis ou
inconvenientes;

O parcelamento do solo ou o uso excessivos ou


inadequados em relação à infra-estrutura
urbana;
Histórico do Planejamento urbano
Estudaremos o passado como respaldo para as
intervenções futuras:
Temos que a forma da cidade foi mudando com
o tempo: referente ao modo de crescimento
– temos a forma orgânica, segundo regras
de espontaneidade e a racional, segundo
plano ou idéia previamente traçada.
Histórico do Planejamento urbano
O crescimento orgânico obedecia a idéia de
cidade que nada teria de caótico, o ritmo de
crescimento permitia que cada nova
construção se adaptasse à forma
preexistente e a prolongasse com
integração.
Histórico do Planejamento urbano
O crescimento racional exigia planos
minuciosamente calculados, procedentes de
esquemas mentais predeterminados: desde
a Grécia e Mesopotâmia até nossos dias –
Príamo, Mileto, Ville Richelie, as cidades
novas do século XX.
Histórico do Planejamento urbano
Esses dois aspectos são observáveis nas
cidades tal como se formaram no início do
século XX e serão abandonados e abolidos
na cidade moderna, para serem retomados
parcialmente nos últimos vinte anos, no
“novo Urbanismo”.
Histórico do Planejamento urbano
Forma Urbana na Grécia
e em Roma.
Cidade de Príamo –
Grécia.
1. Plano de
Assentamento Romano
– Tingad.
2. Planta tipo castro
romano.
3. Plano de Dagantya,
instalação romana
fortificada na Jordânia
Existe um forte sentimento
religioso no plano da cidade
romana. A delimitação do
perímetro da cidade e o seu
traçado obedeciam a um
ritual religioso, a uma ordem
sagrada.
A cidade orienta-se de leste
a oeste – no sentido do
nascer ao por do sol –
ligação a uma ordem
cósmica e universal.
É em Roma que se coloca pela primeira vez em seu pleno sentido, a
regulamentação urbanística.
O contexto era de falta de espaço e de água, a necessidade de defesa
e a grande dimensão.
Foi então organizado: regras, posturas, interdições, controle sobre
demolições e construções, circulação, distribuição de água e
crescimento urbano.
Estabeleceu-se taxas, isenções e direitos de construção.
O zoneamento é feito como consequencia da hierarquia social.
As obras públicas tinham escala monumentais: teatros, circus para
400.000 lugares, mais tarde (séc. XIX e XX) isso volta a acontecer com
os estádios olímpicos.
Forma Urbana Medieval,
•Após a queda do Império Romano, diminuiu o crescimento
demográfico, consequentemente o urbano.
•As cidades medievais tem origens diversas:
•Antigas cidades romanas que permaneceram, ou
abandonadas, foram reocupadas;
•Burgos que se formam nas periferias das cidades romanas e
que de desenvolveram até formar cidades.
•Antigos santuários cristãos instalados fora das cidades
romanas;
•Aldeias rurais que cresceram até formar cidades;
•Novas cidades, fundada como bases comerciais e militares,
a partir de um plano geométrico predeterminado.
Forma Urbana Medieval,
•Assim a forma medieval vai
se desenvolver
organicamente a partir das
antigas estruturas de eixos
das cidades romanas ou por
novo traçado segundo um
plano regulador.

Braga medieval, 1594.


Muralhas, ruas, espaços
públicos – praça e mercado,
edifícios singulares,
quarteirão.
A forma urbana no Renascimento – séc. XV a´te final de
XVII.
•Desejo de ordem e disciplina geométrica;
•Para Alberti, a cidade deve constituir-se com o objetivo
do prazer austero da geometria.
•A forma radiocêntrica, como traçado da cidade ideal;
•Almeida, a fortificação da
cidade medieval fortificada
no século XVII.
Histórico do Planejamento urbano
A partir do Renascimento até o período
moderno, o desenho da cidade e a
composição urbana foram utilizando as
mesmas ferramentas, ou seja, o mesmo
sistema de relações entre os elementos
morfológicos, ou partes da cidade, e o
espaço urbano.
Histórico do Planejamento urbano
Os elementos morfológicos eram: o traçado ou
a rua, o quarteirão subdividido em lotes,
edifícios e logradouros; a praça e os
recintos; os prédios com suas fachadas; os
edifícios singulares; os monumentos; as
fortificações; e outros como as árvores e os
jardins e acessoriamente o mobiliário
urbano.
• A rua torna-se um
elemento de grande
importância, possui um
percurso retilíneo, que
mantem a função de acesso
ao edifício. Passa a ser eixo
de perspectiva, ganha um
caráter de efeito cênico e
estético.

A Place Albertas, organizada


para enquadramento e
aparato do palácio Albertas.
• A rua também ganha importância já que se
generaliza o uso de carroça e coches, no qual as
ruas medievais – tortuosas, não se encontravam
preparadas.
•A rua renascentista será um importante sistema de
circulação, até se tornar no período barroco, em
cenário – corredor para as grandes movimentações,
com procissões, cortejos, paradas.
•A burguesia e a nobreza necessitavam das fachadas
dos seus palácios para ostentar seu poder e
magnificência, encontraram na rua o suporte do
sistema social que se serve da arquitetura como
meio de ostentação.
• Os espaços verdes passam a acontecer com as
árvores nas ruas, as praças, o parque, o jardim –
apoiados em elementos construídos – muros,
esculturas;
•Os desenhos das fachadas se repetem com ordem e
disciplina, o traçado adquire grande unidade e
intensidade estética.
•A composição urbana clássica apresentava uma
perfeita complementariedade entre os elementos
geradores principais: o traçado retilíneo, a quadra e a
praça.
•Versailles. O plano de Le
Nôtre, no final do reinado de
Luis XIV, com os traçados dos
jardins e florestas.
O Desenho e as formas urbanas
do século XIX
•Surgem novas tipologias
preparando para a cidade moderna.
A ESPECULAÇÃO
FUNDIÁRIA SEM DESENHO
URBANO
O CRESCIMENTO
PERIFÉRICO
AS EXPERIMENTAÇÃO
URBANÍSTICA
AS UTOPIAS SOCIAIS
A cidade do Século XIX é uma cidade em transformação.
Neste momento a cidade deixa de concentrar uma pequena
parte da população ligada ao poder e ao comércio para
abrigar um elevado percentual da população que participa
de atividades de produção (industrial).
Nesse momento de transição a cidade abriga formas de
desenvolvimento contraditórias:
•A total desorganização das áreas industriais, onde a
especulação fundiária definia a forma da cidade;
•O crescimento periférico que rompe com as estruturas
urbanas tradicionais e volta-se a suprir as demandas de
melhores condições de vida.
Para responder ao caos que havia se transformado à cidade
e buscar formas de oferecer melhores condições de vida à
população surgiram diversas alternativas para o
desenvolvimento e reformulação das cidades. Algumas
dessas alternativas eram até mesmo anti-urbanas.
Considerando as características dessas alternativas,
podemos agrupá-las em dois grandes grupos:
•Experimentação Urbanística;
•Utopias sociais.
A ESPECULAÇÃO FUNDIÁRIA
•A demanda por novas habitações era muito grande na
Revolução Industrial. Isso despertou o interesse da
burguesia. Com o pensamento liberal e a falta de
regulamentação das cidades a burguesia percebeu a
oportunidade de lucrar, construindo empreendimentos de
baixo custo para o aluguel. As partes antigas e
desvalorizadas das cidades também sofreram um processo
de adensamento, através da ocupação de vazios e da
transformação de antigas residências em cortiços.
Adensamento do centro antigo
Tratando-se especificamente de novos
empreendimentos, a imagem que se tem é de ruptura
com os padrões clássicos e barrocos de composição
dos espaços, onde a perspectiva e a composição
rebuscada são aspectos relevantes.
Esses empreendimentos são totalmente baseados na
repetição, e na densificação, criando ambientes
monótonos e com tendência a criação de condições
desfavoráveis em termos de salubridade. A utilização
da repetição é uma conseqüência da Revolução
Industrial que influenciará posteriormente o modelo
modernista de urbanismo.
Expansão para as demandas dos trabalhadores das fábricas
Expansão para as demandas dos trabalhadores das fábricas
As Cidades Periféricas

Além da expansão urbana voltada às classes baixas,


houve um grande crescimento nas periferias, voltado às
classes de maior poder aquisitivo. A idéia era construir
residências de qualidade, inseridas em um ambiente com
praças e jardins e assim proporcionar altos níveis de
qualidade de vida aos usuários do espaço.
Esse modelo rompe com as características espaciais do
urbanismo clássico onde as edificações delimitavam as
ruas e onde as praças eram locais de encontro e de
atividades variadas, como o comércio e a celebração
religiosa.
As Cidades Periféricas

•Nesse novo modelo espacial, são canais para o


deslocamento e ficam cercadas por jardins, que
escondem as edificações. As praças e os parques
passam a ser elementos que devem favorecer o
contato entre homem e natureza.
•Esse novo modelo espacial é uma das bases do
surgimento da cidade jardim e é um marco da
ruptura da cidade tradicional.
As Cidades Periféricas
A Experimentação Urbanística

A experimentação urbanística refere-se a uma série de


propostas realizadas após a metade do Século XIX e
que tentaram criar um novo ambiente, distinto da
proposta de ocupação especulativa e da periférica
voltada à burguesia.
As propostas incorporavam avanços tecnológicos e
necessidades induzidas pelos novos modelos de vida.
A Experimentação Urbanística

Dentre essas propostas destacam-se a de Haussmann


para Paris e a de Ildefonso Cerdá para Barcelona.
Em certos pontos as propostas são influenciadas pela
urbanística tradicional, enquanto em outros elas
antecipam princípios que serão intensamente
utilizados pelos urbanistas modernistas.
As Mudanças de Paris por Haussmann

As mudanças propostas por


Haussmann incidem sobre a Paris
Antiga. As ações realizadas foram:
•a introdução de um novo traçado
de vias;
•a reestruturação fundiária;
•a construção de infra-estrutura,
equipamentos e espaços livres.
As Mudanças de Paris por Haussmann

Os objetivos dessas ações eram:


•melhorar a circulação no interior
da cidade, conectando os diversos
bairros;
•eliminar a insalubridade e a
degradação dos bairros, através
da aeração, do acesso à luz e da
arborização;
•revalorizar e reenquadrar os
monumentos, unindo-os através
de eixos viários e criando efeitos
de perspectiva.
As Mudanças de Paris por Haussmann

Características das intervenções:


•a cidade é retalhada por vias que
surgem de pontos específicos, que
são praças ou cruzamentos
importantes e no trânsito
funcionam como rotatórias;
•esses espaços, que constituem
pontos de partida, geralmente
abrigam monumentos ou
edificações importantes;
As Mudanças de Paris por Haussmann
Características das intervenções:
•essa preocupação com a criação
de efeitos de perspectiva constitui
uma continuidade da composição
barroca;
•a ocupação do território é
baseada no quarteirão, o que
também conecta a proposta ao
passado. A forma do quarteirão é
residual, submetendo-se ao
traçado viário, o que gerou
quarteirões com formas poligonais
irregulares e triangulares;
As Mudanças de Paris por Haussmann
•após a definição dos quarteirões
foi feita a divisão em lotes, que
eram traçados a partir de uma
perpendicular à rua e divididos
pela bissetriz do ângulo entre as
ruas;
•em relação ao projeto dos lotes,
havia dois objetivos que eram
evitar lotes que apresentassem
fachada para duas vias e evitar
lotes com testadas muito extensas,
esses dois objetivos visavam
otimizar a infra-estrutura instalada;
As Mudanças de Paris por Haussmann
•a forma dos lotes foi definida em função de
potencializar a venda das partes do
quarteirão, para assim pagar os custos de
desapropriação e de urbanização;
•o tipo de arquitetura é controlado, visando
fornecer uma imagem mais homogênea do
tecido urbano, aumentando a qualidade
formal da cidade, ou seja existe uma pré-
definição dos tipos arquitetônicos que
podem ser utilizados e uma padronização
de ornamentos, proporções das aberturas,
materiais e revestimentos;
As Mudanças de Paris por Haussmann

•o interior dos quarteirões é utilizado


como complemento das atividades
desenvolvidas nas edificações dos
lotes (jardins, áreas de apoio à
comércios e pequenas indústrias) e
como galerias comerciais, o que
representa uma inovação.
As Mudanças de Paris por Haussmann

O plano de Haussmann constitui uma


experiência que influenciou muito o
urbanismo, não apenas pelo seu
reconhecido valor estético, mas
também pelo seu valor enquanto uma
obra que necessitou um grande
planejamento estratégico devido ao
grande número de variáveis
envolvidas, tais como:
As Mudanças de Paris por Haussmann

•propriedade urbana, gerando


inclusive conflitos com antigos
proprietários;
•levantamento preciso das condições
existentes;
•busca de boas condições de
salubridade e ao mesmo tempo
densificação por questões financeiras
e de aproveitamento de recursos;
•necessidade de implantação de
infra-estrutura.
As Mudanças de Paris por Haussmann
As Mudanças de Paris por Haussmann
As Mudanças de Paris por Haussmann
As Mudanças de Paris por Haussmann
As Mudanças de Paris por Haussmann

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