Planejamento urbano • Contextualização: – O ensino no Brasil (antes); – o plano de massa; – o equilíbrio geométrico; – Bom efeito gráfico; – Qualidade na originalidade das formas; – Regras abstratas; – Mais escultóricas, gráficas ou até ilusórias, do que urbanísticas e espaciais; Planejamento urbano – O ensino atual: – Importante mudança no ensino e na forma de compreender o planejamento urbano; – Formas geométricas, com semelhança com ruas, quadras e praças; – Traçam eixos, simetrias, continuidade de ruas; Planejamento urbano Duas áreas do conhecimento auxiliarão para melhor planejar um espaço urbano: 1. Histórico e cultural = processo de formação das cidades; 2. Reflexão da forma urbana interrelacionada à vida humana em comunidade; Histórico do Planejamento urbano È necessário ter sempre presente que tanto a arquitetura como o urbanismo são disciplinas criativas cujo fim é uma intervenção no espaço, transformando-o. Planejamento urbano Processo para determinar ações futuras, através de uma seqüência de opções (DAVIDOFF &REINER, 1962);
Aplicação de um método científico no processo
de elaboração de políticas (FALUDI, 1973);
Realização de uma série de procedimentos
racionais para o embasamento da tomada de decisão. Planejamento urbano As atividades de planejamento urbano e regional buscam, de uma forma geral, caracterizar a cidade, o município e a região, nas dimensões ambiental, econômica, social e nas intervenções antrópicas (feitas pelo homem) , como sistema viário, localização e tipo de equipamentos urbanos, forma urbana... Planejamento urbano A partir dessa caracterização e da análise dos resultados, busca-se definir estratégias para a reversão dos problemas identificados e para o desenvolvimento dos municípios e/ou regiões. Planejamento urbano O planejamento age sobre o meio físico, seja natural ou construído, e sobre a esfera social e econômica, apontando em qualquer um dos casos as políticas mais adequadas. Planejamento urbano Percebe-se que o processo de planejamento envolve um grande número de temas mais específicos, por isso o ideal é que as equipes sejam formadas por advogados, sociólogos, economistas, administradores, geógrafos, geólogos; engenheiros de todas as áreas e arquitetos. Planejamento urbano O arquiteto tem que trabalhar com a transposição de diretrizes da escala teórica ou técnica para a escala física. Planejamento urbano - objetivos a definição padrões adequados de distribuição espacial da população;
a definição sobre a alocação de equipamentos
comunitários como postos de saúde, escolas, hospitais;
a proposição do sistema viário, considerando as
peculiaridades locais;
PUR I – Planejamento Urbano e Regional I – Prof. Hitomi Mukai
Planejamento urbano - objetivos o melhoramento e ou manutenção da qualidade ambiental das cidades e regiões;
a definição do sistema de transporte coletivo;
o controle do uso do solo;
a integração com as atividades desenvolvidas no meio
rural, com vistas ao desenvolvimento econômico e na manutenção do equilíbrio ambiental; Planejamento urbano - objetivos a promoção de um desenvolvimento baseado em uma relação de produção de bens e serviços sustentável;
a distribuição equânime dos benefícios e ônus do
processo de urbanização;
a proteção do patrimônio natural e construído dos
Municípios;
a promoção da regularização fundiária;
Planejamento urbano - objetivos O controle do uso do solo volta-se a coibir: • a utilização inadequada de imóveis urbanos; • a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes;
O parcelamento do solo ou o uso excessivos ou
inadequados em relação à infra-estrutura urbana; Histórico do Planejamento urbano Estudaremos o passado como respaldo para as intervenções futuras: Temos que a forma da cidade foi mudando com o tempo: referente ao modo de crescimento – temos a forma orgânica, segundo regras de espontaneidade e a racional, segundo plano ou idéia previamente traçada. Histórico do Planejamento urbano O crescimento orgânico obedecia a idéia de cidade que nada teria de caótico, o ritmo de crescimento permitia que cada nova construção se adaptasse à forma preexistente e a prolongasse com integração. Histórico do Planejamento urbano O crescimento racional exigia planos minuciosamente calculados, procedentes de esquemas mentais predeterminados: desde a Grécia e Mesopotâmia até nossos dias – Príamo, Mileto, Ville Richelie, as cidades novas do século XX. Histórico do Planejamento urbano Esses dois aspectos são observáveis nas cidades tal como se formaram no início do século XX e serão abandonados e abolidos na cidade moderna, para serem retomados parcialmente nos últimos vinte anos, no “novo Urbanismo”. Histórico do Planejamento urbano Forma Urbana na Grécia e em Roma. Cidade de Príamo – Grécia. 1. Plano de Assentamento Romano – Tingad. 2. Planta tipo castro romano. 3. Plano de Dagantya, instalação romana fortificada na Jordânia Existe um forte sentimento religioso no plano da cidade romana. A delimitação do perímetro da cidade e o seu traçado obedeciam a um ritual religioso, a uma ordem sagrada. A cidade orienta-se de leste a oeste – no sentido do nascer ao por do sol – ligação a uma ordem cósmica e universal. É em Roma que se coloca pela primeira vez em seu pleno sentido, a regulamentação urbanística. O contexto era de falta de espaço e de água, a necessidade de defesa e a grande dimensão. Foi então organizado: regras, posturas, interdições, controle sobre demolições e construções, circulação, distribuição de água e crescimento urbano. Estabeleceu-se taxas, isenções e direitos de construção. O zoneamento é feito como consequencia da hierarquia social. As obras públicas tinham escala monumentais: teatros, circus para 400.000 lugares, mais tarde (séc. XIX e XX) isso volta a acontecer com os estádios olímpicos. Forma Urbana Medieval, •Após a queda do Império Romano, diminuiu o crescimento demográfico, consequentemente o urbano. •As cidades medievais tem origens diversas: •Antigas cidades romanas que permaneceram, ou abandonadas, foram reocupadas; •Burgos que se formam nas periferias das cidades romanas e que de desenvolveram até formar cidades. •Antigos santuários cristãos instalados fora das cidades romanas; •Aldeias rurais que cresceram até formar cidades; •Novas cidades, fundada como bases comerciais e militares, a partir de um plano geométrico predeterminado. Forma Urbana Medieval, •Assim a forma medieval vai se desenvolver organicamente a partir das antigas estruturas de eixos das cidades romanas ou por novo traçado segundo um plano regulador.
Braga medieval, 1594.
Muralhas, ruas, espaços públicos – praça e mercado, edifícios singulares, quarteirão. A forma urbana no Renascimento – séc. XV a´te final de XVII. •Desejo de ordem e disciplina geométrica; •Para Alberti, a cidade deve constituir-se com o objetivo do prazer austero da geometria. •A forma radiocêntrica, como traçado da cidade ideal; •Almeida, a fortificação da cidade medieval fortificada no século XVII. Histórico do Planejamento urbano A partir do Renascimento até o período moderno, o desenho da cidade e a composição urbana foram utilizando as mesmas ferramentas, ou seja, o mesmo sistema de relações entre os elementos morfológicos, ou partes da cidade, e o espaço urbano. Histórico do Planejamento urbano Os elementos morfológicos eram: o traçado ou a rua, o quarteirão subdividido em lotes, edifícios e logradouros; a praça e os recintos; os prédios com suas fachadas; os edifícios singulares; os monumentos; as fortificações; e outros como as árvores e os jardins e acessoriamente o mobiliário urbano. • A rua torna-se um elemento de grande importância, possui um percurso retilíneo, que mantem a função de acesso ao edifício. Passa a ser eixo de perspectiva, ganha um caráter de efeito cênico e estético.
A Place Albertas, organizada
para enquadramento e aparato do palácio Albertas. • A rua também ganha importância já que se generaliza o uso de carroça e coches, no qual as ruas medievais – tortuosas, não se encontravam preparadas. •A rua renascentista será um importante sistema de circulação, até se tornar no período barroco, em cenário – corredor para as grandes movimentações, com procissões, cortejos, paradas. •A burguesia e a nobreza necessitavam das fachadas dos seus palácios para ostentar seu poder e magnificência, encontraram na rua o suporte do sistema social que se serve da arquitetura como meio de ostentação. • Os espaços verdes passam a acontecer com as árvores nas ruas, as praças, o parque, o jardim – apoiados em elementos construídos – muros, esculturas; •Os desenhos das fachadas se repetem com ordem e disciplina, o traçado adquire grande unidade e intensidade estética. •A composição urbana clássica apresentava uma perfeita complementariedade entre os elementos geradores principais: o traçado retilíneo, a quadra e a praça. •Versailles. O plano de Le Nôtre, no final do reinado de Luis XIV, com os traçados dos jardins e florestas. O Desenho e as formas urbanas do século XIX •Surgem novas tipologias preparando para a cidade moderna. A ESPECULAÇÃO FUNDIÁRIA SEM DESENHO URBANO O CRESCIMENTO PERIFÉRICO AS EXPERIMENTAÇÃO URBANÍSTICA AS UTOPIAS SOCIAIS A cidade do Século XIX é uma cidade em transformação. Neste momento a cidade deixa de concentrar uma pequena parte da população ligada ao poder e ao comércio para abrigar um elevado percentual da população que participa de atividades de produção (industrial). Nesse momento de transição a cidade abriga formas de desenvolvimento contraditórias: •A total desorganização das áreas industriais, onde a especulação fundiária definia a forma da cidade; •O crescimento periférico que rompe com as estruturas urbanas tradicionais e volta-se a suprir as demandas de melhores condições de vida. Para responder ao caos que havia se transformado à cidade e buscar formas de oferecer melhores condições de vida à população surgiram diversas alternativas para o desenvolvimento e reformulação das cidades. Algumas dessas alternativas eram até mesmo anti-urbanas. Considerando as características dessas alternativas, podemos agrupá-las em dois grandes grupos: •Experimentação Urbanística; •Utopias sociais. A ESPECULAÇÃO FUNDIÁRIA •A demanda por novas habitações era muito grande na Revolução Industrial. Isso despertou o interesse da burguesia. Com o pensamento liberal e a falta de regulamentação das cidades a burguesia percebeu a oportunidade de lucrar, construindo empreendimentos de baixo custo para o aluguel. As partes antigas e desvalorizadas das cidades também sofreram um processo de adensamento, através da ocupação de vazios e da transformação de antigas residências em cortiços. Adensamento do centro antigo Tratando-se especificamente de novos empreendimentos, a imagem que se tem é de ruptura com os padrões clássicos e barrocos de composição dos espaços, onde a perspectiva e a composição rebuscada são aspectos relevantes. Esses empreendimentos são totalmente baseados na repetição, e na densificação, criando ambientes monótonos e com tendência a criação de condições desfavoráveis em termos de salubridade. A utilização da repetição é uma conseqüência da Revolução Industrial que influenciará posteriormente o modelo modernista de urbanismo. Expansão para as demandas dos trabalhadores das fábricas Expansão para as demandas dos trabalhadores das fábricas As Cidades Periféricas
Além da expansão urbana voltada às classes baixas,
houve um grande crescimento nas periferias, voltado às classes de maior poder aquisitivo. A idéia era construir residências de qualidade, inseridas em um ambiente com praças e jardins e assim proporcionar altos níveis de qualidade de vida aos usuários do espaço. Esse modelo rompe com as características espaciais do urbanismo clássico onde as edificações delimitavam as ruas e onde as praças eram locais de encontro e de atividades variadas, como o comércio e a celebração religiosa. As Cidades Periféricas
•Nesse novo modelo espacial, são canais para o
deslocamento e ficam cercadas por jardins, que escondem as edificações. As praças e os parques passam a ser elementos que devem favorecer o contato entre homem e natureza. •Esse novo modelo espacial é uma das bases do surgimento da cidade jardim e é um marco da ruptura da cidade tradicional. As Cidades Periféricas A Experimentação Urbanística
A experimentação urbanística refere-se a uma série de
propostas realizadas após a metade do Século XIX e que tentaram criar um novo ambiente, distinto da proposta de ocupação especulativa e da periférica voltada à burguesia. As propostas incorporavam avanços tecnológicos e necessidades induzidas pelos novos modelos de vida. A Experimentação Urbanística
Dentre essas propostas destacam-se a de Haussmann
para Paris e a de Ildefonso Cerdá para Barcelona. Em certos pontos as propostas são influenciadas pela urbanística tradicional, enquanto em outros elas antecipam princípios que serão intensamente utilizados pelos urbanistas modernistas. As Mudanças de Paris por Haussmann
As mudanças propostas por
Haussmann incidem sobre a Paris Antiga. As ações realizadas foram: •a introdução de um novo traçado de vias; •a reestruturação fundiária; •a construção de infra-estrutura, equipamentos e espaços livres. As Mudanças de Paris por Haussmann
Os objetivos dessas ações eram:
•melhorar a circulação no interior da cidade, conectando os diversos bairros; •eliminar a insalubridade e a degradação dos bairros, através da aeração, do acesso à luz e da arborização; •revalorizar e reenquadrar os monumentos, unindo-os através de eixos viários e criando efeitos de perspectiva. As Mudanças de Paris por Haussmann
Características das intervenções:
•a cidade é retalhada por vias que surgem de pontos específicos, que são praças ou cruzamentos importantes e no trânsito funcionam como rotatórias; •esses espaços, que constituem pontos de partida, geralmente abrigam monumentos ou edificações importantes; As Mudanças de Paris por Haussmann Características das intervenções: •essa preocupação com a criação de efeitos de perspectiva constitui uma continuidade da composição barroca; •a ocupação do território é baseada no quarteirão, o que também conecta a proposta ao passado. A forma do quarteirão é residual, submetendo-se ao traçado viário, o que gerou quarteirões com formas poligonais irregulares e triangulares; As Mudanças de Paris por Haussmann •após a definição dos quarteirões foi feita a divisão em lotes, que eram traçados a partir de uma perpendicular à rua e divididos pela bissetriz do ângulo entre as ruas; •em relação ao projeto dos lotes, havia dois objetivos que eram evitar lotes que apresentassem fachada para duas vias e evitar lotes com testadas muito extensas, esses dois objetivos visavam otimizar a infra-estrutura instalada; As Mudanças de Paris por Haussmann •a forma dos lotes foi definida em função de potencializar a venda das partes do quarteirão, para assim pagar os custos de desapropriação e de urbanização; •o tipo de arquitetura é controlado, visando fornecer uma imagem mais homogênea do tecido urbano, aumentando a qualidade formal da cidade, ou seja existe uma pré- definição dos tipos arquitetônicos que podem ser utilizados e uma padronização de ornamentos, proporções das aberturas, materiais e revestimentos; As Mudanças de Paris por Haussmann
•o interior dos quarteirões é utilizado
como complemento das atividades desenvolvidas nas edificações dos lotes (jardins, áreas de apoio à comércios e pequenas indústrias) e como galerias comerciais, o que representa uma inovação. As Mudanças de Paris por Haussmann
O plano de Haussmann constitui uma
experiência que influenciou muito o urbanismo, não apenas pelo seu reconhecido valor estético, mas também pelo seu valor enquanto uma obra que necessitou um grande planejamento estratégico devido ao grande número de variáveis envolvidas, tais como: As Mudanças de Paris por Haussmann
•propriedade urbana, gerando
inclusive conflitos com antigos proprietários; •levantamento preciso das condições existentes; •busca de boas condições de salubridade e ao mesmo tempo densificação por questões financeiras e de aproveitamento de recursos; •necessidade de implantação de infra-estrutura. As Mudanças de Paris por Haussmann As Mudanças de Paris por Haussmann As Mudanças de Paris por Haussmann As Mudanças de Paris por Haussmann As Mudanças de Paris por Haussmann