Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
à Fernanda,
De forma especial
o ”Grande Mestre!”
iii
Sumário
1 Conceitos Fundamentais 2
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Funções Contı́nuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Funções Deriváveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3.1 Interpretação Geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3.2 Pontos Crı́ticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Alguns Teoremas da Análise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4.1 Teorema de Rolle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4.2 Teorema do Valor Médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4.3 Teorema do Valor Médio de Cauchy . . . . . . . . . . . . 10
1.4.4 Regra de L’Hôpital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.5 A integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.5.1 O Conceito de integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.5.2 Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . 15
3 Aplicações 38
3.1 Critérios de Máximo e Mı́nimo Locais para Pontos Crı́ticos De-
generados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.2 “e”é irracional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Referências Bibliográficas 44
SUMÁRIO 1
INTRODUÇÃO
Capı́tulo 1
Conceitos Fundamentais
1.1 Introdução
Iniciamos nosso trabalho com alguns conceitos fundamentais do Cálculo Di-
ferencial e Integral. Continuidade de uma certa função, funções deriváveis,
integral e ainda Teoremas da Análise é o que veremos a seguir. É importante
frisar que este capı́tulo é de suma importância para um melhor entendimento
dos capı́tulos seguintes.
x ≥ a ∀ a de A.
sup A
x ≤ a ∀ a de A.
FIGURA 1
Prova: Como f é contı́nua, então lim f (x) = f (a), existe, para todo ² > 0,
x→a
um δ > 0 tal que, para todo x, se |x − a| < δ, então |f (x) − f (a)| < ².
CAPÍTULO 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 4
Prova:
Sabemos que f está limitada no intervalo [a, b], o que significa que o conjunto
está limitado. Evidentemente este conjunto não é vazio, de modo que se tenha
uma cota superior mı́nima α. Visto que α ≥ f (x) para todo x ∈ [a, b], basta
demonstrar que α = f (y) para algum y no intervalo [a, b].
Faremos uma contradição e supondo que α 6= f (y) para todo y de [a, b],
então a função g definida por
1
g(x) = , x ∈ [a, b]
α − f (x)
é contı́nua no intervalo [a, b], visto que o denominador do segundo membro não
é nunca 0. Por outro lado, α é a cota superior mı́nima de {f (x) : x ∈ [a, b]};
isto significa que
Mas, isto é uma contradição, pois g(x) não está limitada no intervalo [a, b].
f (x) − f (x0 )
∃ lim = f 0 (x).
x→x0 x − x0
f (x1 ) − f (x0 )
Fixando x1 > x0 , o quociente é o coeficiente angular da reta
x1 − x0
que passa pelos pontos (x0 , f (x0 )) e (x1 , f (x1 )), logo esta reta é secante ao
gráfico de f . (ver figura 1)
f (x1 ) − f (x0 )
Se fixamos x0 < x2 < x1 , novamente é o coeficiente angular
x1 − x0
da reta que passa pelos pontos (x0 , f (x0 )) e (x1 , f (x1 )).
Assim, vemos que f 0 (x0 ) é o limite dos coeficientes angulares das retas se-
cantes que passam por (x0 , f (x0 )) quando x tende a x0 . Como este limite
existe, representa o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f no
ponto (x0 , f (x0 )).
Definição 7. Se uma função f : D → R é derivável em todos os pontos de seu
domı́nio D, dizemos simplesmente que f é derivável e a função f 0 : D → R que
a cada número x ∈ D associa o número f 0 (x) é chamada a primeira derivada
de f ou função derivada de f . Logo, se a função f 0 for diferenciável, denotamos
CAPÍTULO 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 6
Figura 2
Figura 3
Observe que as retas secantes traçadas à esquerda de (x, f (x)) tem inclinação
≥ 0 e as secantes traçadas por pontos a direita de (x, f (x)) tem inclinação ≤ 0.
Se h é um número qualquer tal que (x + h) está em (a, b), então
f (x) ≥ f (x + h)
Logo,
f (x + h) − f (x) ≤ 0
CAPÍTULO 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 8
Como, por hipótese, f é derivável em x, então estes dois limites devem ser
iguais e iguais a f 0 (x), ou seja, f 0 (x) ≤ 0 e f 0 (x) ≥ 0.
Logo,
f 0 (x) = 0
e
f (x + h) − f (x)
f 0 (x) = lim .
h→0 h
f 0 (x) = 0.
3. Supondo agora que o valor mı́nimo está num ponto x pertencente a (a, b):
Então, segundo o teorema anterior, f 0 (x)=0.
f (b) − f (a)
f 0 (x) =
b−a
Prova: · ¸
f (b) − f (a)
Seja h(x) = f (x) − (x − a).
b−a
Por hipótese, f é contı́nua em [a, b] e derivável em (a, b), então h também é.
Assim,
· ¸ · ¸
f (b) − f (a) f (b) − f (a)
h(a) = f (a) − (a − a) = f (a) − (0) = f (a)
b−a b−a
· ¸
f (b) − f (a)
h(b) = f (b) − (b − a) = f (b) − f (b) + f (a) = f (a)
b−a
Como h(a) = h(b) = f (a), podemos aplicar o Teorema de Rolle e deduzir
que existe algum x em (a, b) tal que
f (b) − f (a)
0 = h0 (x) = f 0 (x) −
b−a
CAPÍTULO 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 10
Então
f (b) − f (a)
0 = f 0 (x) −
b−a
Logo,
f (b) − f (a)
f 0 (x) = .
b−a
Prova: Seja
e também
Logo, h(a) = h(b). Do Teorema de Rolle, segue que h0 (x) = 0 para algum x
pertencente a (a, b). Então:
Logo,
f (b) − f (a)
f 0 (x) =
g(b) − g(a)
f (b) − f (a)
f 0 (x) b−a
=
g 0 (y) g(b) − g(a)
b−a
Prova:
f 0 (x)
A hipótese de que lim existe contém implicitamente duas suposicões:
x→a g 0 (x)
1. Existe um intervalo (a − δ, a + δ) tal que f 0 (x) e g 0 (x) existem em todo x
pertencente a (a − δ, a + δ) exceto possivelmente para x = a;
2. Neste intervalo g 0 (x) 6= 0 com a possı́vel exceção de x = a.
ou
f (x) f 0 (αx )
= 0 .
g(x) g (αx )
1.5 A integral
1.5.1 O Conceito de integral
Se a e b são números reais com a < b, uma partição P para o intervalo [a, b]
é um conjunto finito de pontos do intervalo, P = {t0 , t1 , t2 , ..., tk }, satisfazendo
|ti−1 , ti | ≤ |P |, para 1 ≤ i ≤ k.
pois,
n
X
L(f (x), P ) = mi (ti − ti−1 ),
i=1
n
X
U (f (x), P ) = Mi (ti − ti−1 ),
i=1
Z b̄ Z b
f (x)dx = f (x)dx.
a ā
Neste caso, o número I, comum a ambos, recebe o nome de integral de f e
é escrito da seguinte maneira:
Z b
I= f (x)dx.
a
Z b
Se f (x) ≥ 0, a integral f (x)dx é a área da região abaixo do gráfico de f
a
entre a e b e acima do eixo x.
Então, se f é integrável,
Z b
L(f (x), P ) ≤ f (x)dx ≤ U (f (x), P )
a
Prova:
Seja
Z b
f (x)dx = sup{L(f, P )} = inf {U (f, P )}.
a
CAPÍTULO 1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 15
F 0 (c) = f (c).
Prova:
Como c está contido no intervalo [a, b], teremos, por definição,
F (c + h) − F (c)
F 0 (c) = lim .
h→0 h
Supondo primeiro que h > 0, então
Z c+h
F (c + h) − F (c) = f (t)dt.
c
Sejam:
mh = inf {f (x) : c ≤ x ≤ c + h},
Mh = sup{f (x) : c ≤ x ≤ c + h}.
Do teorema anterior segue que
Z c+h
mh .h ≤ f (t)dt ≤ Mh .h.
c
Logo,
F (c + h) − F (c)
mh ≤ ≤ Mh .
h
Se h ≤ 0, teremos:
Figura 6
Z c+h
−mh .h ≤ − f (t)dt ≤ −Mh .h
c
Como h ≤ 0 obteremos o mesmo resultado para h > 0, que é
F (c + h) − F (c)
mh ≤ ≤ Mh .
h
Esta igualdade se faz para qualquer função integrável. Como f é contı́nua em
c, teremos
lim mn = lim Mn = f (c),
h→0 h→0
F (c + h) − F (c)
F 0 (c) = lim = f (c)
h→0 h
Prova:
Seja P = {t0 , t1 , ..., tn−1 , tn } uma partição qualquer de [a, b]. Pelo teorema
do valor médio, existe um ponto xi em [ti−1 , ti ] tal que
Se
mi = inf {f (x) : ti−1 ≤ x ≤ ti },
Mi = sup{f (x) : ti−1 ≤ x ≤ ti },
Então
mi (ti − ti−1 ) ≤ f (xi )(ti − ti−1 ) ≤ Mi (ti − ti−1 ),
é o mesmo que
de maneira que
Capı́tulo 2
2.1 Introdução
Um polinômio p de grau n ∈ N, com coeficientes reais na variável x é dado
por
p(x) = a0 + a1 x + a2 x2 + ... + an xn
onde os coeficintes ai ∈ R ∀ i = 0, 1, 2, 3, ..., n.
p(1) (a)
p0 (a) = p(1) (a) = a1 =⇒ a1 = ;
1!
n
X j!
p(k) (x) = aj (x − a)j−k
(j − k)!
j=k
Então
p(k) (a)
p(k) (a) = k!ak =⇒ ak = . (2.1)
k!
Definição 16. Dada f : R → R uma função que tenha derivadas até ordem n
no ponto x = a, associamos a f o polinômio Pn,a (x) de grau ≤ n dado por
sen(0) = 0
sen(1) (0) = cos(0) = 1
sen(2) (0) = −sen(0) = 0
sen(3) (0) = −cos(0) = −1
sen(4) (0) = sen(0) = 0
Então,
a0 = a1 = a2 = ... = an = 1
x2
P1,0 (x) = 1 + x e P2,0 (x) = 1 + x + .
2
y 3
0
-2 -1 0 1 2
x
-1
Exponencial
Polinomio Grau 1
Polinomio Grau 2
Analiticamente, verificaremos que P2,0 (x) está mais mais próximo de h(x)
do que P1,0 (x), ou seja, a ordem de convergência é mais próxima se a ordem de
proximidade for maior.
x2
f (x) − P2,0 (x) ex − 1 − x −
2. lim = lim 2 = 0.
x→0 (x − 0)2 x→0 x2 0
Aplicando a Regra de L’Hôpital 2 vezes temos que
O primeiro limite (2.3) nos diz que a diferença h(x) e P1,0 (x) tende a zero
mais rápido que a função linear “x”.
O segundo limite (2.4) nos diz que a diferença de h(x) e P2,0 (x) tende a zero
ainda mais rápido que uma função quadrática “x2 ”.
n−1
X f (k) (a) f n (a)(x − a)n
Pn,a (x) = (x − a)k + .
k! n!
k=0
Então,
n−1
X f (k) (x − a)k f (n) (a)(x − a)n
f (x) − −
f (x) − Pn,a (x) k! n!
k=0
= .
(x − a)n (x − a)n
n−1
X f (k) (a)(x − a)k
f (x) −
f (x) − Pn,a (x) k! f (n) (a)
k=0
= − .
(x − a)n (x − a)n n!
n−1
X (k)
f (a)(x − a)k
Chamemos de g(x) = e h(x) = (x − a)n .
k!
k=0
Devemos mostrar que
· ¸
f (x) − g(x) f (n) (a)
lim − = 0.
x→a h(x) n!
f n−1 (a)
Sendo que g(x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + ... + (x − a)n−1 , então temos
(n − 1)!
que, derivando sucessivamente como em (2.1)
P =Q
Prova:
Como P e Q são iguais até ordem n em a, por definição, temos que:
P (x) − Q(x)
lim = 0.
x→a (x − a)n
R(x)
lim = 0. (2.6)
x→a (x − a)n
Seja 0 6 i 6 n,
· ¸
R(x) R(x) n−i
lim = lim (x − a) = 0. (2.7)
x→a (x − a)i x→a (x − a)n
lim R(x) = b0 =⇒ b0 = 0.
x→a
CAPÍTULO 2. APROXIMAÇÃO POR FUNÇÕES POLINOMIAIS 25
Logo,
R(x)
= b1 + b2 (x − a) + ... + bn (x − a)n−1 .
x−a
De (2.7), para i = 1, temos
R(x)
lim = lim [b1 + b2 (x − a) + ... + bn (x − a)n−1 ] = 0
x→a x − a x→a
Então,
R(x)
lim = b1 = 0.
x→a x−a
Seguindo este processo e usando (2.7), temos que
b0 = b1 = b2 = ... = bn = 0
Prova:
Como f é igual a P até a ordem n em x = a, temos que:
f (x) − P (x)
lim =0 (2.8)
x→a (x − a)n
Por outro lado, do teorema 11
t(k) (a)
Note que, para determinarmos cada valor de ak = , devemos deter-
k!
minar t0 (a), t00 (a), t000 (a), ..., tk (a). Assim
1
arctg 0 (x) = −→ arctg(0) = 1;
1 + x2
−2x
arctg 00 (x) = −→ arctg(0) = 0
(1 + x2 )
(1 + x ) .(−2) + 2x.2(1 + x2 ).2x
2 2
arctg 000 (x) = −→ arctg(0) = −2
(1 + x2 )4
Se continuar-mos derivando, teremos uma expressão cada vez maior, uma
conta cada vez mais complicada e, para evitar isto, o Corolário 1 simplifica ba-
stante o nosso trabalho.
Seja a equação Z x
1
arctg(x) = dt
0 1 + t2
Dividindo o integrando (isto é 1 entre 1 + t2 , até obter um quociente de
ordem 2n, o resto é (−1)n+1 t2n+1 , então
1 2 4 6 n 2n (−1)n+1 t2n+2
= 1 − t + t − t + ... + (−1) t +
1 + t2 1 + t2
Logo,
CAPÍTULO 2. APROXIMAÇÃO POR FUNÇÕES POLINOMIAIS 27
Z x · ¸
(−1)n+1 t2n+2
arctg(x) = 1 − t2 + t4 − t6 + ... + (−1)n t2n + dt
0 1 + t2
Z x 2n+2
x3 x5 (−1)n x2n+1 t
arctg(x) = x − + − ... + + (−1)n+1 2
dt
3 5 2n + 1 0 1+t
Z x
x3 x5 (−1)n x2n+1 t2n+2
arctg(x) = x − + − ... + + (−1)n+1 dt (2.10)
3 5 2n + 1 0 1 + t2
x3 x5 (−1)n x2n+1
Denotemos por P (x) = x − + − ... + , então de (2.10)
3 5 2n + 1
Z x 2n+2
t
arctg(x) = P (x) + (−1)n+1 dt
0 1 + t2
Z x 2n+2
n+1 t
(−1) dt
arctg(x) − P (x) 0 1 + t2
= (2.11)
(x − a)2n+1 (x − a)2n+1
De fato,
¯Z x ¯ ¯Z ¯
¯
¯ t2n+2 ¯¯ ¯¯ x 2n+2 ¯¯ |x|2n+3
¯ dt ≤ t dt¯ = (2.12)
0 1 + t2 ¯ ¯ 0 2n + 3
Então
¯ Z x 2n+2 ¯
¯ t ¯
¯ ¯
¯ 0 1 + t2 dt ¯ 2n+3
|x|2
¯
lim ¯ ¯ 6 lim |x| = lim = 0.
x→a ¯ (x − a)2n+1 ¯¯ x→a x2n+1 x→a 2n + 3
¯ ¯
arctg(x) − P (x)
lim = 0.
x→a (x − a)2n+1
Então as funções arctg e P são iguais até ordem 2n + 1 no ponto x = a.
Logo, do Corolário 1, P é o Polinômio de Taylor de grau 2n + 1 centrado em
CAPÍTULO 2. APROXIMAÇÃO POR FUNÇÕES POLINOMIAIS 28
x = a.
x3 x5 (−1)n x2n+1
P2n+1,0 (x) = x − + − ... + .
3 5 2n + 1
Z x
x3 x5 (−1)n x2n+1 t2n+2
arctg(x) = x − + − ... + + (−1)n+1 dt.
3 5 2n + 1 0 1 + t2
Seria desejável dispor de uma expressão para Rn,a (x) que nos permita facil-
mente estimar uma boa aproximação para uma determinada função.
Do exemplo 3, para a função arctg(x), encontramos que
Z x 2n+2
t
R2n+1,0 (x) = (−1)n+1 2
dt
0 1+t
e mostramos que
|x|2n+3
|R2n+1,0 (x)| ≤ .
2n + 3
Lema 1. Seja f : [a, x] → R função n-vezes diferenciável em [a, x]. Para
t ∈ [a, x] denotemos por
f (n) (t)
Rn,t (x) = S(t) = f (x) − f (t) − f 0 (t)(x − t) − ... − (x − t)n .
n!
Então
f (n+1) (t)
S 0 (t) = − (x − t)n .
n!
Prova:
Fixado x e para cada t ∈ [a, x], podemos escrever a equação (2.13) em termos
do Polinômio de Taylor centrado em t, e denotamos o resto por S(t) = Rn,t (x).
Assim temos
f n (t)
f (x) = f (t) + f 0 (t)(x − t) + ... + (x − t)n + S(t). (2.14)
n!
∂f
Derivando ambos os membros de (2.14) em relação a t temos que (x) = 0.
∂t
Então, · ¸ · 00 ¸
f 00 (t) f (t) f 000 (t)
0 = f 0 (t) + −f 0 (t) + (x − t) + − (x − t) + (x − t)2 + ...
1! 1! 2!
· ¸
f (n) (t) f (n+1)
(t)
... + − (x − t)n−1 + (x − t)n + S 0 (t)
(n − 1)! n!
f (n+1) (t)
Simplificando temos 0 = (x − t)n + S 0 (t). Então
n!
f (n+1) (t)
S 0 (t) = − (x − t)n . (2.15)
n!
De forma
Z x análoga, obtemos uma expressão para R1,a (x). Para isto, inte-
gramos f 0 (t)dt, utilizando o método de integração por partes.
a
Z x Z x
Veja que f (x) = f (a) + f 0 (t)dt = f (a) − f 0 (t)(−dt).
a Z x a
Z x Z x
= f 0 (x)(x−x)−f 0 (a)(x−a)− f 00 (t)(x−t)dt = 0−f 0 (a)(x−a)− f 00 (t)(x−t)dt =
a a
Z x
= −f 0 (a)(x − a) − f 00 (t)(x − t)dt.
a
Z x
Como f (x) = f (a) − f 0 (t)(−dt), temos então que
a
· Z x ¸
0 00
f (x) = f (a) − −f (a)(x − a) − f (t)(x − t)dt
a
Z x
f (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + f 00 (t)(x − t)dt.
a
Assim então, Z x
R1,a (x) = f 00 (t)(x − t)dt.
a
Uma generalização desta forma de escrever o resto é dado no seguinte teo-
rema:
CAPÍTULO 2. APROXIMAÇÃO POR FUNÇÕES POLINOMIAIS 31
Teorema 13. Seja f : [a, x] → R uma função n+1 vezes diferenciável com
f n+1 integrável em [a, x]. Então
f n (a)
f (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + ... + (x − a)n + Rn,a (x),
n!
onde o resto é da forma:
Z x
f x+1
Rn,a (x) = (x − t)n dt.
a n!
Prova:
Escrevendo f (x) em função dos Polinômios de Taylor centrados em t ∈ [a, x],
como no Lema 1, e da equação (2.15), temos que a função resto S(t) = Rn,t (x)
satisfaz
f (n+1) (t)
S 0 (t) = − (x − t)n .
n!
Aplicando o Teorema Fundamental do Cálculo, temos
Z x Z x (n+1)
0 f (t)
S(x) − S(a) = S (t)dt = − (x − t)n dt.
a a n!
Como S(t) = Rn,t (x), temos que S(x) = Rn,x (x) = 0 (pois f (x) = f (x) +
f 0 (x)(x − x) + ... + Rn,x (x)) e S(a) = Rn,a (x).
f n (a)
f (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + ... + (x − a)n + Rn,a (x),
n!
f (n+1) (t)
Rn,a (x) = (x − t)n (x − a), para algum t ∈ (a, x).
n!
CAPÍTULO 2. APROXIMAÇÃO POR FUNÇÕES POLINOMIAIS 32
Prova:
Escrevendo f (x) em função dos Polinômios de Taylor centrados em t ∈ [a, x],
como no Lema 1, e da equação (2.15), temos que a função resto S(t) = Rn,t (x)
satisfaz
f (n+1) (t)
S 0 (t) = − (x − t)n
n!
Aplicando o teorema do valor médio na função S em [a, x], temos que existe
um t em (a, x) tal que
f (n) (t)
Como S(t) = Rn,t (x) = f (x) − f (t) − f 0 (t)(x − t) − ... − (x − t)n ,
n!
temos que S(x) = Rn,x (x) = 0 e S(a) = Rn,a (x).
Assim então,
f (n+1) (t)
Rn,a (x) = (x − t)n (x − a)
n!
f n (a)
f (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + ... + (x − a)n + Rn,a (x),
n!
f (n+1) (t)
Rn,a (x) = (x − a)n+1 , para algum t ∈ (a, x).
(n + 1)!
Prova:
Escrevendo f (x) em função dos Polinômios de Taylor centrados em t ∈ [a, x],
como no Lema 1, e da equação (2.15), temos que a função resto S(t) = Rn,t (x)
satisfaz
f (n+1) (t)
S 0 (t) = − (x − t)n
n!
CAPÍTULO 2. APROXIMAÇÃO POR FUNÇÕES POLINOMIAIS 33
f (n+1) (t)
0 − Rn,a (x) (x − t)n
= n!
0 − (x − a)n+1 (n + 1)(x − t)n
f (n+1) (t)
Rn,a (x) (x − t)n
= n!
(x − a)n+1 (n + 1)(x − t)n
Então,
f (n+1) (t)
Rn,a (x) = (x − a)n+1 .
(n + 1)!
6
f (4) (x) = − 4 −→ f (4) (1) = −6
x
Logo,
· 2n+1 ¸ Z x
x3 x5 n x sen(2n+2) (t)
P2n+1,0 (x) = x− + −...+(−1) + (x−t)2n+1 dt
3! 5! 2n + 1! 0 (2n + 1)!
Iremos estimar o valor da integral acima, uma vez que é bastante compli-
cado resolvê-la. Estimar este valor é fácil e ao mesmo tempo teremos uma boa
aproximação para o valor desta função.
¯Z x ¯ ¯Z x ¯
¯ sen(2n+2) (t) ¯ 1 ¯ ¯
¯ (x − t)2n+1 dt¯¯ ≤ ¯ (x − t)2n+1 ¯
dt
¯ (2n + 1)! ¯
(2n + 1)! 0 ¯
0
Então,
Z x · ¸
2n+1 (x − t)2n+2 (x − x)2n+2 (x − 0)2n+2
(x − t) dt = − =− − − =
Z x 0 2n + 2 2n + 2 2n + 2
2n+2
x
(x − t)2n+1 dt =
0 2n + 2
Logo,
¯Z x ¯
¯ sen(2n+2) (t) ¯ 1 |x|2n+2 |x|2n+2
¯ (x − t)2n+1 ¯
dt ≤ =
¯ (2n + 1)! ¯ (2n + 1)! 2n + 2 (2n + 2)!
0
Se quisermos calcular sen2 com um erro menor que 10−4 , temos que
sen2 = P2n+1,0 (2) + R,
22n+2
onde |R| ≤ . Assim, utilizamos P2n+1,0 (2) como solução sempre que
(2n + 2)!
22n+2
< 10−4
(2n + 2)!
CAPÍTULO 2. APROXIMAÇÃO POR FUNÇÕES POLINOMIAIS 35
23 25 27 29 211
sen2 = P11,0 (2) + R = 2 − + − + − + R onde |R| < 10−4 .
3! 5! 7! 9! 11!
211
Veja que |R| = < 10−4 , ou 0, 00004 < 0, 0001.
11!
Logo, com esta tolerância temos que sen2 = 0, 909296136.
A figura a seguir mostra o gráfico da função sen(x) bem como o gráfico de
seu Polinômio de Taylor de grau 11.
y 4
0
-8 -4 0 4 8
x
-4
-8
Seno
Polinomio de Taylor
cos(0) = 1
cos(1) (0) = −sen(0) = 0
cos(2) (0) = −cos(0) = −1
cos(3) (0) = sen(0) = 0
cos(4) (0) = cos(0) = 1
As derivadas se repetem em ciclo de 4. Então os números
cos(k) (0)
ak =
k!
serão
CAPÍTULO 2. APROXIMAÇÃO POR FUNÇÕES POLINOMIAIS 36
1 1 1
a0 = 1, a1 = 0 a2 = − , a3 = 0, a4 = , a5 = 0, a6 = − , a7 = 0, ...
2! 4! 6!
O Polinômio de Taylor P2n,0 de grau 2n para a função cos(x) no ponto a = 0
é:
Se quisermos calcular cos1 com um erro menor que 10−5 , temos que cos1 =
12n+2
P2n,0 (1) + R, onde |R| ≤ . Assim, utilizamos P2n,0 (2) como solução
(2n + 2)!
sempre que
1
< 10−5 .
(2n)!
1
Logo, quando n = 5, obtemos o resultado procurado, pois < 10−5 .
10!
12 14 16 18 110
cos1 = P10,0 (1) + R = 1 − + − + − + R onde |R| < 10−5 .
2! 4! 6! 8! 10!
y 4
0
-8 -4 0 4 8
x
-4
-8
Cosseno
Polinomio de Taylor
38
Capı́tulo 3
Aplicações
f (n) (a)
Pn,a (x) = (x − a)n .
n!
CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 39
f (n) (a)
f (x) − Pn,a (x) f (x) − (x − a)n
0 = lim = lim n! .
x→a (x − a)n x→a (x − a)n
· ¸
f (x) f (n) (a)
lim − = 0.
x→a (x − a)n n!
Logo,
µ ¶
1 f (n) (a)
Como ² = , então
2 n!
µ (n) ¶ µ ¶
1 f (a) f (x) 3 f (n) (a)
0< < < . (3.2)
2 n! (x − a)n 2 n!
Figura 10
µ ¶ µ ¶
3 f (n) (a) f (x) 1 f (n) (a)
< < < 0. (3.3)
2 n! (x − a)n 2 n!
Figura 11
Caso 3: Se n é ı́mpar.
CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 41
Se x > a, temos que (x − a)n > 0, então f (x) > 0. Se x < a, temos que
(x − a)n < 0, então f (x) < 0. Logo, f tem um ponto de inflexão em x = a (ver
figura 12).
Figura 12
Figura 13
ex xn+1 3x xn+1
<
(n + 1)! (n + 1)!
Temos que
ex < 3x
ex < exln3
x < xln3
1 < ln3
Se x > 0, e < 3.
Se 0 ≤ x ≤ 1, então
x2 xn 3
ex = 1 + x + + ... + + R, onde 0 < R < .
2! n! (n + 1)!
Se quisermos estimar o valor de e com um erro menor que 10−5 , temos que
1 1
e = e1 = 1 + 1 + + ... + +R
2! n!
CAPÍTULO 3. APLICAÇÕES 43
3
onde |R| ≤ .
(n + 1)!
Assim, basta exigir que:
3
< 10−5 .
(n + 1)!
3
Notemos que quando n = 7 temos > 10−5 , o que não nos atenderá.
(n + 1)!
3
Porém quando n = 8 temos < 10−5 . Assim então, temos que
(n + 1)!
1 1 1 1 1 1 1
e = 1 + 1 + + + + + + + + R,
2! 3! 4! 5! 6! 7! 8!
20
y 15
10
0
-4 -2 0 2 4 6 8 10
x
Exponencial
Polinomio de Taylor
1 1 1 3
e = e1 = 1 + + + ... + + Rn onde 0 < Rn <
1! 2! n! (n + 1)!
a
Suponha que e seja racional, isto é, e = , onde a e b são números inteiros
b
positivos. Seja n inteiro tal que n > b ≥ 2.
a 1 1
= 1 + 1 + + ... + + Rn .
b 2! n!
Se multiplicarmos ambos os lados por n!, temos
n!a n! n!
= n! + n! + + ... + + n!Rn .
b 2! n!
Veja que todos os termos diferentes de n!Rn são inteiros (o primeiro termo
é inteiro pois n > b). Assim n!Rn é inteiro. Mas
3
0 < Rn < ,
(n + 1)!
de modo que para n > 3,
3 3
0 < n!Rn < < <1
n+1 4
Isto é uma contradição, logo e é irracional.
45
Referências Bibliográficas