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O trabalho foi proposto pela professora de Estudo Acompanhado, realizado na aula de Área
de Projecto. O trabalho é sobre a Comemoração Centerária da república, e o meu trabalho
caracteriza a bandeira nacional (de Portugal) em todos os aspectos. Cabe me a mim
apresentar todos os aspectos da bandeira nacional, tudo o que a bandeira nacional ͚guarda͛
e significa.

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{ O significado da Bandeira.

A bandeira tem um significado republicano e nacionalista. A comissão encarregada da sua


criação explica a inclusão do verde por ser a cor da esperança e por estar ligada à revolta
republicana de 31 de Janeiro de 1891. Segundo a mesma comissão, o vermelho é m 
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m  m    m  m   m  m Durante o Estado Novo, foi difundida a
ideia de que o verde representava as florestas de Portugal e de que o vermelho representava o
sangue dos que tinham morrido pela independência da Nação. As cores da bandeira podem,
contudo, ser interpretadas de maneiras diferentes, ao gosto de cada um.

No seu centro, acha-se o escudo de armas portuguesas (que se manteve tal como era na
monarquia), sobreposto a uma esfera armilar, que veio substituir a coroa da velha bandeira
monárquica e que representa o Império Colonial Português e as descobertas feitas por Portugal.

Os cinco pontos brancos representados nos cinco escudos no centro da bandeira fazem
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. A história diz que antes
da Batalha de Ourique (26 de Julho de 1139) D. Afonso Henriques rezava pela protecção dos
portugueses quando teve uma visão de Jesus na cruz. D.Afonso Henriques ganhou a batalha e,
em sinal de gratidão, incorporou o estigma na bandeira de seu pai, que era uma cruz azul em
campo branco.
Outra explicação aponta ainda para o uso da bandeira em escudos; a cruz azul teria pintados (ou
incorporados) pregos brancos para a segurar ou pinturas brancas, podendo já aludir às chagas de
Cristo. Esta decoração nos escudos sofreria danos com as batalhas e com o tempo, deixando
apenas o azul envolto com os pregos ou pinturas de branco, dando a ilusão dos actuais escudos
azuis com as (actualmente) 5 quinas em cada um.
Há ainda a referência que, segundo a lenda, o número das quinas (5) e dos besantes (25) está
relacionada com os 30 dinheiros que Judas terá recebido pela traição a Jesus Cristo.

Tradicionalmente, os sete castelos representam as vitórias dos portugueses sobre os seus


inimigos e simbolizam também o Reino do Algarve. No entanto, a verdade é que os castelos
foram introduzidos nas armas de Portugal pela subida ao trono de Afonso III de Portugal. Este
rei português não podia usar as armas do irmão, D.Sancho II sem   m por não ser filho
primogénito de D.Afonso II. Adoptou assim as armas de sua mãe que era castelhana, sendo que
a bandeira de Castela, à data, era composta por um fundo vermelho e três filas e três colunas de
castelos dourados. Há quem considere que, com a subida ao trono de D.Afonso III e já na
qualidade de rei, este deveria ter abandonado as suas armas pessoais e usado as do pai e do
irmão.

A evolução da Bandeira ao longo dos tempos.

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A bandeira sempre evoluiu ao longo dos tempos, passou por mudanças enormes devido a
acontecimentos importantíssimos passados, e foi evoluindo e se construindo devido a essas
mudanças nos significados históricos.

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cccO escudo do Condado Portucalense era o do conde D. Henrique, o
qual consistia numa simples cruz azul sobre fundo de prata (idêntico,
curiosamente, ao braso da cidade portu#ria de Marselha).

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ccNo seguimento da independência de Portugal, Afonso Henriques teria
sobreposto à cruz azul do seu escudo os  m   (ou   ), indicando
assim que o dono desse escudo de armas poderia cunhar dinheiro ² sinal de
clara reivindicaço de autonomia face a Afonso VII. No obstante, no era
esse o )nico motivo: os besantes, como pregos de aço que eram, podiam
oferecer mais solidez ao escudo.

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O sucessor de D. Afonso Henriques, D. Sancho I, substituiria a cruz azul
por cinco quinas da mesma cor. Diz a tradiço que, do escudo que D.
Afonso Henriques recebera do pai, com uma cruz azul, à qual sobrepusera
os besantes, nada mais restava que os pregos que representavam os
dinheiros e pequenos pedaços de tecido azul a eles pegados, dando assim a
impresso dos cinco escudetes de quinas que ainda hoje a bandeira possui.
A cruz azul  a , assim, definitivamente e estava  m o
elemento central das armas da naço nascente .

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De acordo com as práticas heráldicas da época, por não ser filho primogénito de D. Afonso II,
ao herdar o trono de seu irmão D. Sancho II por imposição do papa Inocêncio IV, Afonso III
não poderia usar mm m, isto é, usar o brasão de seu pai sem introduzir alterações. Pensa-

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se que a introdução da bordadura vermelha castelada a ouro tivesse a ver com o facto de sua
mãe (Urraca de Castela), ser castelhana ou, em menor probabilidade, influenciado pelo seu
casamento com Beatriz de Castela.

No entanto, a tradição fixou outra história, corroborada por inúmeros cronistas ao longo da
nossa história (Duarte Nunes do Leão, Frei António Brandão, etc.) ² a de que os castelos
representavam as fortalezas tomadas por Afonso III aos mouros no Algarve. Estes representam,
assim, a integração do Reino mouro do Algarve na coroa de Portugal, doravante chamada de
ð    a
  
a .

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Em 1383, com a morte de D. Fernando, é aclamada rainha de Portugal em algumas
localidades a sua única filha, D. Beatriz, então casada com o monarca de Castela, João I.
Este desde logo mandou adicionar as armas de Portugal às suas, colocando-as por baixo
do brasão de Castela (como se vê na imagem da esquerda), tal como se depreende na
Crónica de D.João I de Fernão Lopes: V m  m      mm   m
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(capítulo LV). Sucedeu, porém, que ao sair da Sé de Toledo, onde foi aclamado às
vozes de $ m  m  %$  & '(  "m m  # m pelos dignitários
castelhanos e os membros do séquito de D. Beatriz aí presentes, quando a bandeira era
transportada pelo alferes-mor Juan Hurtado de Mendoza, que seguia a cavalo, ³ 
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  m  m     m . (Fernão Lopes, " m  & '( /, capítulo
LVI). A bandeira armorial de Portugal e Castela tomou então o aspecto com que surge
representada à direita (idêntica às armas constantes nos selos que sobreviveram dos
documentos assinados por D. Beatriz como rainha de Portugal).

Esta bandeira não é uma das bandeiras históricas do país nem é legítimo que figure na
galeria das bandeiras nacionais, sendo aqui apresentada a mero título de interesse
histórico. Pelo tratado ou contrato antenupcial de Salvaterra de Magos, de Março de
1383, D. Beatriz e D. João I de Castela seriam soberanos nominais ou de jure de
Portugal, sem qualquer poder efectivo ou de facto de governação (Crónica de el-rei D.
Fernando, capítulo CLVIII). Este acto de criar uma bandeira conjunta para ambos os
reinos, assim como o de nomear um Alferes-mor de Castela e de Portugal, configuram
actos efectivos ou de facto de governação e constituem as duas primeiras violações
substanciais do tratado de Salvaterra cometidas por João I de Castela. Assim logo o
entendeu o fidalgo português Vasco Martins de Melo, a quem João I de Castela

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ofereceu esse cargo de Alferes-mor e pediu
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(Crónica de el-rei D. João I, capítulo LV). Jamais tendo sido hasteada em Lisboa,
enquanto capital do reino sempre fiel ao Mestre de Avis, esta bandeira esvoaçou nas
alcáçovas dos vários castelos que reconheceram o governo ilegítimo de João I de
Castela e D. Beatriz, designadamente o de Santarém, onde D. Beatriz e o seu marido se
instalaram na tentativa do reconhecimento do seu poder  m. Mas a cada seu novo
acto de governo constituía-se mais uma violação do tratado antenupcial de Salvaterra,
pelo que não é de estranhar a afirmação do Doutor João das Regras, nas Cortes de
Coimbra de 1385: #    *    m  m 
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m  m (capitulo CLXXXV).

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Com a subida ao trono do Mestre de Avis, D. João, produziu-se nova quebra na


continuidade dinástica, já que não era filho legítimo de D. Pedro I; assim sendo, para se
distinguir do predecessor (o seu meio irmão D. Fernando I), adicionou às armas
nacionais a flor-de-lis verde que constituía o símbolo da Ordem de Avis, ficando cada
uma das quatro pontas visível sobre a bordadura dos castelos. É a primeira bandeira cuja
historicidade está comprovada ² todas as anteriores são reconstruções. É também nesta
época que surgem as primeiras referências ao uso do termo
 m para designar os
escudetes das armas nacionais.

Esta bandeira esteve na origem da bandeira da organização de juventude salazarista: a


Mocidade Portuguesa.

Paralelamente à bandeira armorial de Portugal, generalizou-se o uso da chamada


Bandeira de São Jorge, santo protector de Portugal na luta contra os Castelhanos. Esta
bandeira consistia numa cruz vermelha firmada sobre campo branco, semelhante às
bandeiras de Inglaterra, de Génova ou de Barcelona, que também tinham São Jorge por
patrono. Esta bandeira  a  
  a   a     ,
sendo uma das que se destacam nas tapeçarias de Pastrana, que retratam a tomada de
Arzila por D. Afonso V.

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Em 1474, falece o rei de Castela, Henrique IV. O rei deixava como herdeira a sua filha
Joana, chamada m 6 m 4m pelos seus detractores, que apoiavam a meia-irmã de
Henrique, Isabel, como candidata ao trono. Na esperança de fazer valer os direitos da
sua filha, o defunto rei pedira ao cunhado, D. Afonso V que casasse com a sobrinha, no
sentido de legitimar a sua débil posição como herdeira. Em 1475 D. Afonso dá
sequência ao projecto de Henrique e casa com Joana, junta ao seu título régio o da
Coroa de Castela ($   "m m   (  # m     2m!m 
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8m  2mm  , m )  m 6mm  0 m)  a  
   
 a a       a
 , com as
armas de Portugal no I e IV quartéis, e as de Castela no II e III. No ano seguinte, quando
invade Castela e é derrotado em Toro, é esta a bandeira que as suas hostes transportam -
e é esta a bandeira que o quase-mítico alferes-mor Duarte de Almeida,  &  m,
defende com a maior valentia, tendo perdido ambas as mãos na defesa do estandarte
nacional e acabando a segurá-lo com os dentes. É esta também a bandeira que
acompanha o rei D. Afonso V na sua deslocação até França, onde tenta
desesperadamente obter auxílio junto do rei Luís XI para prosseguir a guerra contra
Isabel e Fernando de Aragão, seu marido.

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Após a assinatura do Tratado das Alcáçovas-Toledo, em 1479, e a renúncia de D.


Afonso V, em seu nome próprio, e no de sua mulher, D. Joana, à Coroa de Castela,
voltou-se à anterior fórmula da bandeira nacional.

 m m 

Um século volvido, D. João II foi o responsável pela elaboração do escudo de armas


português tal como hoje o conhecemos, nos seus traços gerais. Foi também o último rei
português a usar uma bandeira armorial. Assim, em 1485 (segundo o relato de Rui de
Pina na sua crónica de D. João II) ordenou a supressão da flor-de-lis da Ordem de Avis
da bandeira (por sentir que a mesma estava à margem da identidade nacional que o

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escudo dos castelos e quinas começavam a transmitir). þ 
   
                
                
     Finalmente, a         a   
 
 a  a                 

      a   a          a  !
  
!  "a #$ Contudo, o seu sucessor D. Manuel 
a  %a 
 
      a     a &
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Versão 7 Castelos Versão 8 Castelos

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Dez anos depois, D. João II é sucedido pelo primo, o Duque de Beja, D. Manuel I. com
o novo Rei a bordadura do escudo voltou a ser carregada com um número superior a
sete castelos (embora também haja representações com apenas sete), terminando em
forma de cunha. Igual forma assumiam os pequenos escudetes no seu interior. Por fim,
D. Manuel I ordenou que sobre o escudo fosse colocada uma coroa real aberta, símbolo
de autoridade régia e da centralização do Estado que tanto ele como o seu antecessor
procuraram levar a cabo.

Vários autores indicam que, neste reinado - ou mesmo já no reinado anterior - teria sido
feita uma alteração à bandeira. As armas reais teriam passado a estar assentes sobre um
campo branco de formato quadrangular ou rectangular (até aqui, a bandeira mais não era
que a quadratura do escudo de armas ² uma bandeira armorial). Apesar desta bandeira
vir incluída em quase todas as histórias da Bandeira de Portugal, o seu uso é discutível,
já que, na iconografia da época, aparece sempre a bandeira armorial de 1485, pelo
menos, até ao reinado de D. Sebastião.

Refira-se, ainda, que, durante o reinado de D. Manuel, devido à intensa actividade


marítima, é frequentemente usado como pavilhão naval português a bandeira da Ordem
de Cristo, já que é esta a grande ordem ligada às viagens de expansão.

Também é bastante usado o estandarte pessoal do Rei. É usada uma versão em que a
esfera armilar aparece sobre um campo franchado de branco e vermelho e outra em que
está sobre um campo talhado.

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Bandeira da (1495)
(1495) (1495) (1495)
Ordem de Cristo Estandarte
Estandarte
pessoal de D.
alternativo
Manuel I
pessoal de D.
Manuel I

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Com a subida ao trono do filho de D. Manuel I, D. João III, procedeu-se a alterações


menores no formato e composição do escudo. Seguindo o gosto humanista, típico da
época, estabeleceu-se o formato redondo na parte inferior do escudo (formato dito
  ), acompanhando as quinas a mesma alteração. 3        
                    

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Pouco antes de embarcar para África e de perder a vida em Alcácer-Quibir, D. Sebastião


a        a        a   

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  ! $
Este pormenor simbolizava o a  a da autoridade régia através da conquista de
Marrocos e da obtenção de um título imperial, que a coroa fechada simbolizava. De
igual forma, ao gosto da época maneirista, regressou-se ao escudo em formato ogival.
Parece ter sido a primeira bandeira portuguesa com formato rectangular; anteriormente
todas eram quadrangulares.

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O decreto de D. Sebastio relativo à bandeira determinou também que, doravante, e à


semelhança do que j# antes fizera D. Joo II, se estabelecesse para sempre em n) mero
de sete os castelos na bordadura.

De observar que, na altura em que D. Sebastião partiu para o Norte de África, usava um
estandarte pessoal carmesim, com as Armas Reais bordadas numa face e a imagem de
Cristo na outra.

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Bandeira militar dos Habsburgos, utilizada pelas embarcaçes de guerra portuguesas em


esquadras conjuntas.

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Bandeira armorial dos Habsburgos: as armas de Portugal em ponto de honra, no abismo do
chefe.

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Durante o governo dos Filipes, uma vez que o reino de Portugal permanecia,  4  , separado
dos demais domßnios dos Habsburgos de Espanha, Portugal manteve as suas armas e bandeira.
Este facto decorre do princßpio de unio din#stica, segundo o qual existiam na Penßnsula Ibérica
dois reinos diferentes com um s rei.

Foi nas armas familiares dos Habsburgos de Espanha que se verificou uma mudança,
com a sobreposição do escudo português ao conjunto Leão-de-castela/ Aragão -
Catalunha-Nápoles-Sisília). Esta honrosa posição do escudo português no conjunto
armorial dos domínios da Coroa Espanhola fora um dos pontos mais debatidos entre o
Cardeal D. Henrique e Filipe II de Espanha (através dos seus plenipotenciários em
Lisboa, Cristóvão de Moura e o Duque de Ossuna). A partir do momento em que o rei
português compreendeu que seria impossível resistir à pressão castelhana para a
absorção de Portugal, o velho cardeal pediu ao monarca espanhol que o escudo de
armas português ocupasse um dos lugares mais distintos nas suas novas armas
(eventualmente, todo o primeiro quartel do escudo, onde se achavam as armas de Leão e
Castela, reformulando a localização dos demais brasões dentro do escudo). Os
embaixadores de D. Filipe a a esta proposta, por considerarem que Sua
Majestade Católica não poderia m!  ( +  mm m m m  3  m
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m (Castela e Aragão), mas que, não obstante, daria às armas de Portugal o
lugar de peça mais honrosa do escudo. Assim sendo, acabou por colocá-las no abismo
do chefe, o ponto importante e digno do escudo.

Note-se que esta bandeira, no entanto, não é relativa a um país ou um estado.


ð a   isso sim, o poder de uma família real sobre os seus vários domínios
europeus. Curiosamente ou não, a sua utilização em Portugal foi pouco expressiva,
tendo apenas sido usada a bandeira armorial dos Habsburgos por ocasião das
deslocações de Filipe II a Tomar e de Filipe III a Lisboa (1619). Subsistem ainda alguns
exemplares das armas em espécimes numismáticos e em algumas peças de artilharia
preservadas no Museu Militar e no Museu da Marinha.

Por outro lado, a bandeira dos Habsburgos da Espanha (a cruz vermelha aspada da
Borgonha) torna-se co-oficial, juntamente com o pavilhão português, para efeitos de
utilização marítima.

Contudo, em certas representações (de origem desconhecida) surge a bandeira adoptada


por D. Sebastião rodeada por 16 ramos de oliveira (com dez pés visíveis e os seis
restantes ocultos), dando particular realce ao escudo português. Assim, se a conservação
das armas e bandeira nacional parece demonstrar o respeito dos monarcas filipinos pelos
costumes e independência de Portugal, tal como acordado nas Cortes de Tomar, a
presença dos elementos vegetais podem representar, consoante as teorias:

yc aluso ao apelido Silva do Marquês de Alenquer, Vice-Rei de Portugal, com o objectivo


de melhor distinguir, ao longe, a bandeira portuguesa da castelhana (também branca
com as armas ao centro);
yc a alegria demonstrada pelo novo rei em obter o domßnio de Portugal (ou ao invés, a
alegria das classes dirigentes portuguesas, encantadas com uma unio que previam
benéfica, sobretudo a nßvel econmico);
yc a relativa paz com que se fizera a junço da coroa de Portugal aos domß nios dos
Habsburgos (mau grado a batalha de Alcântara), ou o desejo do novo rei de que a paz
voltasse a reinar célere em Portugal;

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yc ser um sßmbolo da vitria de Castela, demonstrando assim a conquista e submisso de
Portugal. Esta interpretaço parece pouco consistente, tendo em conta o esforço que D.
Filipe II fez para pacificar o paßs e no ferir o seu orgulho;
yc por fim, como Filipe II entrou em Elvas, a fim de se deslocar às Cortes de Tomar e aß
ser jurado rei, em Dezembro de 1580, precisamente quando os camponeses festejavam a
colheita das oliveiras, h# também quem sugira que o novo monarca decidiu acrescentar
à bandeira portuguesa aquele elemento vegetal em lembrança dessa viagem, ou ento
serem os ramos de oliveira um convite para o povo português se dedicar mais ao
trabalho agrßcola, to descurado ao longo do século XVI.

Ao que parece, a dita bandeira terá sido adoptada em 1616.

m m 

Com a restauração da independência, isto é, com o fim do domínio da Dinastia Filipina,


a bandeira permaneceu inalterada, excepto num pequeno detalhe estético ² o regresso
ao escudo português redondo. No essencial, esta foi a base da bandeira usada por
Portugal até ao liberalismo. Durante o período considerado, foi também amplamente
usada a bandeira da restauração, que era a bandeira da Ordem de Cristo com fundo
verde.

Entretanto, o rei D. João IV, por decreto de 25 de Março de 1646, declara Padroeira do
Reino Nossa Senhora da Conceição. Nessa altura teria agregado à bandeira nacional
uma orla azul. Também teria usado uma bandeira com o campo totalmente azul.

No reinado de D. João IV as tropas empenhadas na Guerra da Restauração usam como


estandarte de guerra, uma bandeira verde com a cruz de Cristo.

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(1640) (1646) (1646) (1640) Bandeira


de guerra

m m

Neste ano dá-se o golpe de estado que afasta do poder D. Afonso VI e coloca na
regência do reino o seu irmão D. Pedro II, que procede a nova mudança na bandeira
(pelos mesmos motivos que Afonso III, João I e Manuel I). A coroa real fechada com
três arcos passa a ter   a  ' , simbolizando assim um novo a  a  
 a  a$

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[A BANDEIRA DE PORTUGAL]c c
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D. Pedro usou como bandeira pessoal as armas nacionais sobre fundo verde.

Como se entendia que só os navios de guerra do Rei deveriam usar uma bandeira com
as Armas Reais, as embarcações mercantes usam bandeiras alternativas. As
embaracações costeiras usam uma bandeira com faixas verdes e brancas. As
embarcações que navegam para o Brasil usam uma bandeira branca com a esfera
armilar - símbolo do Principado do Brasil.

Também é provável que tenha sido a partir do reinado de D. Pedro II que os navios de
guerra portugueses tivessem passado a hastear uma flâmula verde e branca.

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c c
c
c Flâmula naval
(1667)
(1667) Bandeira (1667) Bandeira
Estandarte
(1667) da navegaçãoda navegação
pessoal de D. para o Principado
costeira
Pedro II do Brasil
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c c c c
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Com a subida ao trono de D. João V, as mudanças na bandeira são meramente


cosméticas, atendendo apenas ao gosto da época barroca. A borda inferior passa a
terminar em arco contracurvado (escudo dito m ) e é acrescentado um barrete
púrpura à coroa real. Note-se, no entanto, a importância simbólica da cor púrpura, que é
a cor imperial por excelência. A essa alteração não é alheia a descoberta de ouro no
Brasil, que possibilitou o financiamento de tantas das obras e de todo o fausto deste
reinado, incluindo a atribuição, por parte do Papa, da dignidade de Patriarcado à cidade
de Lisboa (1716) e a concessão do título de ) m 0m4 m 1 3m a el-rei D. João
V e seus sucessores (1744).

O próprio D. João V usou as armas nacionais assentes num pavilhão vermelho/púrpura


como seu estandarte pessoal. Este pavilhão tornar-se-ia no estandarte pessoal dos Reis
de Portugal até 1910.

À medida que nos aproximamos do final do século XVIII, o formato exterior do escudo
torna-se mais intrincado e complexo, de acordo com os padrões artísticos da época,
influenciados pelo rococó.

Terá sido também em meados do século XVIII que a flâmula naval portuguesa terá
passado a ser totalmente branca.

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[A BANDEIRA DE PORTUGAL]c c
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c
(1706) Bandeira Estandarte pessoal de (segunda metade do
(1706) rodeada pelo colar daD. João V século XVIII)
Ordem de Cristo

mm m 

Por decreto do príncipe regente D. João, assinado em 16 de Dezembro de 1815, o Brasil


foi elevado à condição de Reino dentro do Estado Português, que passou a ter a
designação oficial de ð  )   a
*a
 
a . Assim, procedeu-
se a uma nova alteração nas armas nacionais, sancionada por carta de lei de João VI de
Portugal em 13 de Março de 1816.

Para representar o Brasil no quadro do novo reino, foi posta por detrás do escudo uma
esfera armilar de ouro em campo de azul, sobrepondo a todo o conjunto a coroa real
fechada (do mesmo modo que, lendariamente, as quinas representavam o reino de
Portugal e a bordadura dos castelos representava o reino do Algarve.

Recuperou-se, assim, um velho símbolo associado à imagética imperial manuelina para


representar o novo reino.

Segundo algumas teorias, o próprio Reino do Brasil teria direito a uma bandeira própria,
que era semelhante à do Reino Unido, excepto pela ausência do escudo de armas
português. Sendo válida essa teoria, o Reino de Portugal e dos Algarves, seria
representado por uma bandeira só com o escudo português e sem a esfera armilar. Na
verdade, é pouco provável que estas bandeiras tenham existido, sendo o mais provável
apenas o uso da bandeira comum ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

As armas nacionais, que consistiam no escudo português envolvido pelo colar da Ordem
de Cristo e por dois grifos passaram inclusivamente a ter três grifos, simbolizando o
novo reino do Brasil integrado na Coroa Portuguesa.

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Bandeira do Reino Unido de Portugal,Hipotética bandeira do Reino de Portugal e dos
Brasil e Algarves (1816)c Algarves, dentro do Reino Unidoc

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[A BANDEIRA DE PORTUGAL]c c
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m m
 m


Tendo a independência do Brasil sido oficialmente reconhecida em 1825 por Portugal


(Tratado do Rio de Janeiro), após a morte do rei D. João VI, em Março de 1826 voltou-
se à antiga expressão da bandeira, adoptada por D. João V em 1707. Com efeito, não
fazia sentido manter nas armas nacionais um símbolo que representava um país agora
independente.

Esta bandeira foi abandonada em 1830 pela Rainha D. Maria II e pelos liberais. No
entanto, manteve-se em uso pelos partidários de D. Miguel I e do absolutismo até à sua
derrota e capitulação em Évora Monte, em 1834.

De observar que, no reinado de D. Miguel I, os navios de guerra portugueses teriam


passado a hastear, à proa, um jaque branco com uma orla vermelha e as Armas Reais ao
centro. Até então, a bandeira de popa dos navios de guerra era idêntica à bandeira de
popa.

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(1826) Jaque naval

m
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A última bandeira da Monarquia entrou em vigência pelo decreto de 18 de Outubro de
1830, emitido pelo Conselho de Regência em nome da rainha Maria II de Portugal,
Conselho esse que se achava exilado na Ilha Terceira, no quadro da guerra civil de
1832±1834.

Este, determinava que a bandeira nacional passasse a ser verticalmente bipartida de


branco e azul, ficando o azul à tralha; sobre o conjunto, ao centro, deveria assentar as
armas nacionais, metade sobre cada cor.

O branco e o azul tinham sido adoptados como cores nacionais por decreto das Cortes
Gerais da Nação de 22 de Agosto de 1821, na sequência da revolução liberal do ano
anterior. A bandeira nacional tinha, no entanto, mantido a mesma ordenação, com o
campo totalmente em branco.

Reza a tradição que a primeira bandeira constitucionalista teria sido bordada pela
própria rainha Maria II de Portugal e trazida para o continente pelos 6m  0  ,
quando desembarcaram nas proximidades em Vila do Conde para conquistarem o Porto,
onde viriam a ficar sitiados ao longo de mais de um ano.

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[A BANDEIRA DE PORTUGAL]c c
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Tem-se gerado alguma controvérsia acerca das proporções do branco e do azul nesta
bandeira; a bandeira para uso terrestre era igualmente bipartida de branco e azul; a para
uso naval, essa sim, apresentava o azul e o branco na proporção de 1:2, um pouco à
semelhança do que sucede com o actual pendão nacional português.

Ao mesmo tempo foi introduzido um novo Jaque Nacional para os navios de guerra. Era
branco, com uma orla azul e as Armas Nacionais ao centro. Foi também introduzida
uma nova Flâmula Nacional, azul e branca.

c c Flâmula Nacional
c

(1830) (1830)
Jaque Nacional

D. Pedro IV usou um estandarte pessoal, rectangular armorial, cujo campo era


totalmente ocupado pelas Armas de Portugal. A partir de D. Maria II, os Reis
continuaram a usar estandartes pessoais vermelhos, com as Armas Nacionais ao centro.

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Estandarte Imperial de D. Estandarte Real a partir deVariante do Estandarte Real,
Pedro IV D. Maria II usada por D. Pedro V


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[A BANDEIRA DE PORTUGAL]c c
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Actual bandeira portuguesa

Logo após a Revolução Republicana, em 5 de Outubro de 1910, a Bandeira da


Monarquia Constitucional foi abolida, e o Estado promoveu um concurso de bandeiras
para representar o novo governo.

Houve então um grande debate para decidir sobre a manutenção do azul e branco da
monarquia ou pela adopção do verde e vermelho do Partido Republicano Português.
Embora muitas das propostas para bandeiras se centrassem no azul e branco (como,
entre outras, a do poeta Guerra Junqueiro), o vencedor final foi uma bandeira vermelha
e verde, cores associadas ao PRP desde a fracassada revolta de 31 de Janeiro de 1891.
Os autores do actual desenho do símbolo pátrio por excelência são Columbano Bordalo
Pinheiro, João Chagas e Abel Botelho. Para a escolha da nova bandeira o Governo não
esperou pela opinião da assembleia constituinte nem procedeu à realização de um
plebiscito, como foi reclamado pelos opositores das novas cores da bandeira. Anunciada
oficialmente em 30 de Junho de 1911, era baseada na bandeira que Machado Santos, o
"herói" da Rotunda usou, bem como a hasteada pelo navio rebelde Adamastor, durante a
Revolução Republicana. O governo ordenou desde logo à Cordoaria Nacional que
fossem confeccionadas em larga escala, para que fossem hasteadas por todo o país nas
repartições oficiais no 1.º de Dezembro seguinte, feriado que se tornou na altura o &m
m 6m  m.

Mesmo com duas revoluções que conduziram a outras tantas mudanças de regime, os
sucessivos governos republicanos nunca alteraram o desenho da bandeira.

No entanto, a actual Bandeira de Portugal só foi consagrada, constitucionalmente, como


símbolo nacional, em 1976, ao entrar em vigor a nova Constituição da República.

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Igor Rafael Sobral Nicolau. Nº17 8ºD

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[A BANDEIRA DE PORTUGAL]c c
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