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Autor premiado, Gustavo Cerbasi concede

entrevista para a equipe jornalística da


ADCom Comunicação Empresarial
www.adcompress.com.br

O que significa para você ter sucesso?


R: O sucesso é conseqüência de escolhas. Muitas pessoas encaram
como sorte, como oportunidade. Na verdade, se a pessoa não tem
competência para aproveitar a oportunidade, vai se deparar com
milhões de oportunidades todos os dias e não vai saber aproveitá-las.
Então, o sucesso é estar preparado para aproveitar as incontáveis
oportunidades que as pessoas têm na vida. Eu vejo muita gente em
uma zona de conforto acreditando que algo cairá do céu sem que
estejam agindo e planejando essa mudança. É como acreditar que a
pessoa terá mais horas de sono, que vai perder peso, que vai se
alimentar melhor sem tomar alguma atitude, sem dedicar um tempo
planejando sua mudança de cardápio, de agenda, sua mudança de
atitude perante a vida. Eu acho que o sucesso será conseqüência de
uma iniciativa pessoal, que muitas vezes tem que ser estimulada por
uma palestra, por um livro, por um professor ou por uma pessoa
querida. A iniciativa que a pessoa tem para executar um projeto
pessoal é o que vai determinar o grau de sucesso dela.

Você dividiria o sucesso em financeiro e pessoal ou é um


conjunto de ações? O sucesso é um conjunto?
R: É um conjunto. A pessoa pode ter sucesso no relacionamento sem
ter sucesso financeiro ou vice-versa. Porém, esses sucessos não se
mantêm. A pessoa pode ter um sucesso pontual: naquele momento
ela está bem na carreira, mas, lá na frente, ela vai pagar um preço
por não ter estruturado um sucesso financeiro ou no relacionamento.
Ou ela pode ter sucesso na vida pessoal, deixando em segundo plano
a carreira, porém lá na frente ela vai se ressentir disso. Então, o
sucesso real, que a fará, no final da vida, deixar muitas saudades é
aquele que se constitui de vários pilares, de qualidade e escolhas de
vida que a pessoa procura reforçar a cada dia de seu viver. Por
exemplo, é como tentar equilibrar vários pratos de uma vez só: o
sucesso é conseguir equilibrar todos os pratos por toda a vida.

O que é necessário ser feito para se chegar ao sucesso


financeiro?
R: Primeiro é importante reconhecer que nenhum extremo é
saudável. Planejamento financeiro não é fazer poupança, porque isso
é uma escolha extremista, assim como alguns optam pelo extremo de
gastar tudo ou mais do que ganham. O sucesso financeiro requer que
a pessoa tenha qualidade de consumo, para que, ao conseguir
viabilizar a poupança com algum planejamento – não importa se a
poupança seja muito, pouco ou suficiente – o que importa é que a
poupança esteja preservada. Por quê? Uma pessoa que consome bem
é uma pessoa mais feliz e que irá recorrer menos a recursos
emergenciais, a pequenos ‘seguros’ pessoais. Eu acho que o sucesso
financeiro vai depender do foco que a pessoa der ao seu
planejamento ou às suas escolhas de investimentos. Quanto mais ela
estiver consciente dessas escolhas, mais ela vai amadurecendo,
maturando suas escolhas e limitando seus erros ao longo da vida.
Como nós não temos educação financeira nas escolas, e quando
recebemos é uma educação que vem em um momento além do ideal,
quando nos deparamos com essa nova orientação, seria interessante
que percebêssemos que existe algum atraso em nossas vidas e que
procuremos criar compensações nos dedicando um pouco mais às
escolhas financeiras, planejamento, a leitura sobre o assunto para
que, ao longo do tempo, com escolhas e conhecimentos mais
consistentes, precisemos nos dedicar menos. É uma construção: a
pessoa vai construindo prosperidade a partir de suas escolhas, que
vão se refinando a partir da correção de pequenos erros.

Se o indivíduo já está com cinquenta, sessenta anos, ainda dá


tempo de fazer isso?
R: Sim, dá tempo. Sempre dá tempo porque existem regras para se
construir uma riqueza material. Essa riqueza, que é necessária para
que tenhamos independência financeira, é construída com o processo
de ganhos sobre ganhos, de acúmulo de investimentos que depende
de boas escolhas e a uma rentabilidade necessária que, ao longo do
tempo, vai alimentar nosso projeto. Se eu tenho muito tempo pela
frente, eu não preciso me apegar à rentabilidade, pois uma simples
caderneta de poupança resolve minha situação. Uma pessoa que tem
cinqüenta, sessenta anos não deve se lamentar por ter nascido antes
da hora, por não ter tido conhecimento ou oportunidade, ela precisa
reconhecer que existe um prazo limitado e que, dentro dele, precisa
ter mais rentabilidade. Ela precisa ter uma dedicação intensa aos
investimentos, não é aos estudos, e sim in persona: indo aos eventos
de investidores, fazendo pequenos cursos gratuitos, assinando jornais
e revistas especializados, para que ela consiga entender seu
mercado. Investir não é comprar e vender, é saber o que é uma boa
oportunidade e ter o dinheiro disponível para que, quando identificá-
la, ela esteja apta a dar liquidez à pessoa que está vendendo algo
com um preço inadequado em um momento errado. Essa pessoa de
cinqüenta, sessenta anos precisa acreditar nas crises que virão pela
frente e estar consciente do que será uma boa oportunidade quando
ela estiver diante de alguém disposto a vender um bem a um preço
abaixo do mercado. Assim ela conseguirá acelerar seu projeto com
ganhos de 60% ao ano ou mais, porque ela saberá muito bem o que
é investir naquele mercado.

Nós percebemos nas pessoas mais jovens aqui no Brasil certo


ceticismo em relação ao chegar ao primeiro milhão de reais.
Existe uma visão de que pessoas como Samuel Klein ou de
pessoas mais sofridas conseguiam alavancar mais na década
de 70 e agora não? Alguém pode chegar ao primeiro milhão
mais rapidamente do que eles?
R: Sim, pode. Eu acho que é mais fácil chegar ao primeiro milhão
agora do que antes. Antes as pessoas não tinham oportunidade de
investir. Pode ser que o Samuel Klein, há vinte anos, não tivesse o
mesmo mérito que ele tem agora: ele seria um empresário como
qualquer outro, mas que nos últimos anos de sua carreira se
destacou. Por quê? Porque ele contou com o tempo. Hoje, no Brasil, a
pessoa tem certeza de que o mercado de imóveis, ações, metais
preciosos deve prosperar. A economia está crescendo. Quem decidir
se envolver com qualquer mercado específico e quem escolher uma
carreira de investidor terá boas escolhas a fazer desde que se
aprofunde. Eu vejo o jovem hoje muito ansioso, porque ele quer
encontrar informação fácil. Ele acreditou ingenuamente, por exemplo,
que seu avô enriqueceu colocando dinheiro em imóveis, que seu tio
enriqueceu colocando dinheiro em ações, quando, na verdade, essas
pessoas não tinham opção. Hoje, quando o jovem tem muitas
opções, ele tem que reconhecer que precisa eleger o seu mercado e
estudá-lo, pois o envolvimento que eu tanto falo tem a ver com ter o
pé no chão e saber que a ganância tem que ser domada. Quando as
revistas começam a apregoar que a bolsa está batendo níveis
recordes, o jovem precisa identificar que quem investiu no momento
certo agora está colhendo frutos e que, não é o momento para
investir, e sim de esperar outra oportunidade. Eu me preocupo mais
com o jovem que tem pressa para ganhar do que com o cético, que
segue o caminho do plano de previdência e, aos poucos, ele vai
acertando e errando, e, provavelmente, daqui há trinta anos ele
estará em uma situação muito segura. O jovem que sabe que pode
ganhar dinheiro nos investimentos pode ser traído pela ganância,
porque ele vai encontrar oportunidade, vai se informar de forma
superficial e vai descobrir que no mercado de derivativos, por
exemplo, é possível transformar mil reais em dez em único dia, mas
vai ignorar que nesse mesmo mercado é possível transformar dez mil
reais em zero também em um dia. Esse jovem pode ganhar muito e
perder muito, então prefiro um meio termo, que ele conte com o
tempo, mas vá se especializando a ponto de identificar oportunidades
certas e abundantes. E, para isso ele requer trabalho. Eu posso
garantir para esse jovem que, no Brasil, não se ganha mais dinheiro
sem trabalhar que era o que acontecia até pouco tempo atrás. As
pessoas estavam acostumadas a depositar o dinheiro no banco para
ele se multiplicar, isso não vai mais acontecer, porque com juros
baixos o que se estimula é o crescimento das várias formas de
investimento com algum grau de risco. Se tem risco, é só o mais
informado que vai ganhar.
Existe um trabalho nessa questão para que o jovem possa
saber dimensionar ou colocar no lugar certo e no momento
certo...
R: Exatamente. Quando falamos em trabalho em investimentos,
falamos em estudo. E, nesse caso, estudo não é se debruçar nos
livros, é estar em eventos, estar atento às informações, é estar
sempre lendo jornais e gostar daquele investimento para que esse
jovem tenha apetite para digerir aquele conteúdo.

Existe uma diferença entre o jovem investidor brasileiro e


norte-americano? Existem diferentes comportamento? Por
que?
R: Sim, porque a cultura da formação de poupança é mais sólida nos
países desenvolvidos. É curioso porque se analisarmos os censos
norte-americanos, pouco menos de 20% dos americanos dizem ter
poupança, porém mais 70% contam com plano de previdência
privada, ou seja, a poupança não é vista como investimento, e sim
como uma conta de uma renda futura. A pessoa tem um patrimônio,
mas não é visto como investimento. Investimento é o dinheiro que a
pessoa poupa para melhorar de vida, trocar de carro, para viagens e
etc. A preocupação do norte-americano com a previdência é tão
enraizada que ele sequer considera como investimento. Já o brasileiro
não valoriza a previdência. Prefere contratar o seguro de previdência
aos trinta e cinco anos e vai achar um valor muito alto se o corretor
orientá-lo a poupar quinhentos, seiscentos reais por mês. Ele vai
querer saber quanto ele terá de renda no futuro se ele poupar 1/3
desse valor. A partir daí ele vai construir uma previdência com um
valor aquém do que seria recomendado, e vai contar com a sorte que
ele acha que aparecerá no futuro, porém vai acabar dependendo dos
filhos para alimentar sua velhice perpetuando aquele ciclo negativo
de consumo da renda da geração mais jovem. Eu acho que alguma
geração terá que quebrar esse ciclo e deve começar pelos mais
jovens.

Você acha que está tendo uma troca de mentalidade no que se


refere ao público brasileiro?
R: Sim, porque com a eleição do Lula, em 2002, havia um temor do
mercado de que quando a oposição chegasse ao poder o plano real
cairia por água abaixo. Do ponto de vista econômico, aquela eleição
foi muito importante porque não deixou de haver uma continuidade
que fez diversas instituições começarem a planejar mais em longo
prazo, por exemplo: os bancos começaram a incentivar o plano de
previdência privada. E com esse incentivo, a imprensa veio
questionar por que os brasileiros iriam acreditar agora em
investimentos em longo prazo sendo que os que acreditaram no
passado se deram mal. Foi nesse momento que vários especialistas
surgiram para justificar o motivo de se pensar no longo prazo agora
que temos uma economia estável. Esse assunto ficou muito presente
na mídia. A juventude atual está se deparando com orientações
financeiras que seus pais, ou seus avós não tiveram. Por exemplo,
antes mesmo de abrir uma conta, a pessoa é convidada a vasculhar
um site muito rico que explica como investir, como tomar crédito,
como não errar, como planejar as contas. Eu tenho certeza que essa
juventude terá um nível de consumo/poupança muito mais alto do
que as gerações anteriores. Eu acredito que ainda não seja o nível
ideal, porque essa orientação ainda é muito comercial, ou seja, ela
vem no momento da aquisição, quando o ideal seria que ela viesse
antes nas escolas, mas já é um bom começo. A educação financeira
está muito presente na vida das pessoas, porém falta, aos mais
jovens, saber explorar. Ainda vejo os jovens encarando o banco como
uma instituição poderosa, a qual deve ser respeitada, não é isso: é
um prestador de serviços e se quiser atender a jovens, precisa
atendê-los bem. O jovem precisa ter consciência do seu poder como
consumidor.

Qual é a diferença entre ganhar e fazer dinheiro?


R: Fazer dinheiro é um conceito norte-americano. O brasileiro ainda
entende como ganhar dinheiro. Enquanto o brasileiro não quebrar
esse vício de que o patrão deve orientar seu caminho ou assegurar
suas condições, nós seremos eternas vítimas do emprego. E nós
sabemos que o emprego é uma instituição em extinção. Então, o
brasileiro deveria ser mais empreendedor, e entender que ele estuda
não para ganhar um emprego, e sim para se aperfeiçoar, para
multiplicar os lucros da empresa, para que, tenha solidez na carreira.
Assim ele terá condições de aumentar sua renda e passar para o
outro lado do capitalismo, ou seja, chegar a um momento da vida em
que o seu emprego se (???) e, com isso, ele tenha capital para seu
pequeno negócio, sua carteira de ações, ter condições de fazer
dinheiro com seu próprio conhecimento. Ele precisa entender que,
durante uma fase da vida, trabalhamos para gerar riquezas para
nosso empregador. Se fizermos isso bem, teremos certeza de um
bom emprego até o momento de gerar riquezas para nós mesmos.

Indo ao encontro dessa afirmação de ter a iniciativa, sabemos


que há uma forma que existe há cinqüenta anos e que, de um
tempo para cá, por conta da realidade econômica, vem criando
forças. Trata-se do networking marketing. Qual é sua análise
para isso? E como você vê a comparação entre networking
marketing e pirâmide?
R: Marketing de rede depende do aspecto piramidal. A pirâmide é
muito mal vista porque se supõe que na base da pirâmide todos
perderão. E isso precisa ser mudado porque as empresas de
marketing de rede superam, por exemplo, a estrutura de uma
franquia. Quando eu quero abrir um negócio, eu opto por uma
franquia, porque o marketing, o visual e a comunicação estão
prontos. As empresas de marketing de rede dão um passo além, pois
dão tudo “mastigado”: o estoque e a estratégia não são do
empreendedor; o que ele tem é somente a ponta final de atuação do
negócio e isso simplifica bastante sua rotina. Se essa pessoa entrar
em um projeto de marketing multinível com a consciência de que é
um empreendedor, que vai ter que planejar a melhor forma de
chegar ao público, de vender, expor seu produto, essa pessoa terá
um ótimo negócio, muito mais fácil e seguro do que seria com uma
franquia ou negócio próprio. Se a pessoa acreditar que, ao entrar em
um sistema de marketing multinivel, ela enriquecerá
automaticamente dedicando-se poucas horas da semana para o
negócio crescer, ela estará se iludindo, porque quem empreende vai
crescer, agora aquele que está simplesmente colocando sua rede de
contatos de uma forma passiva, não. Primeiro porque se ela não
acredita no negócio, ela não vai conseguir transmitir essa crença para
quem está comprando a idéia dela. Então, ela terá a ilusão de que
ganhará dinheiro fácil, e eu já afirmei que, no Brasil, não se ganha
dinheiro sem trabalhar. Finalmente, nós temos uma economia justa,
onde quem se dedica e investe mais, vai colher mais frutos. Se a
pessoa souber explorar isso no marketing multinivel, ela irá ganhar
dinheiro mais rapidamente do que ganharia em outras modalidades.

Quais pontos serão abordados no seminário?


R: Sabendo que haverá um público jovem e um público de pessoas
que não perderam a esperança de construir riqueza ao longo de sua
vida, a minha intenção é comunicar e provar ao público que
enriquecer é uma questão de escolha. Quero também abordar as
limitações desse processo, por exemplo: como melhorar a qualidade
de consumo, como restringir o desperdício de dinheiro, falar sobre o
mau uso do crédito – e o maior desperdício hoje é o brasileiro pagar
juros sem precisar. Se nós usássemos melhores alternativas de
crédito, se explorássemos esse crédito, ao mesmo tempo em que
exploramos a formação de poupança, estaríamos em um equilíbrio
saudável que permitiria que essa poupança cresça com qualidade. Se
não estamos preocupados com o mau uso do dinheiro, com
cobranças, estamos dedicando algum tempo para escolher melhor
nossos investimentos. Quero falar também sobre as alternativas de
investimentos e mostrar que qualquer pessoa que estará ali presente,
em um prazo de trinta anos, pode se tornar milionária. Pode até ser
que isso aconteça antes, se a pessoa fizer boas escolhas e seguir as
orientações para investimentos. E vou mostrar o porquê: é uma
questão de escolha, é escolher o investimento certo, ter disciplina, ter
recursos - estou falando de poupar cinqüenta reais por mês, que
pode ser um valor alto para quem tem renda de um salário mínimo,
mas se essa pessoa for jovem, ela pode ainda contar com aumento
de renda nos próximos meses, pois estará se dedicando à carreira.
Pode ser que com um salário mínimo ela não consiga poupar, mas se
ela aprender a viver apenas com esse valor, quando ganhar um
salário mínimo e meio, ela conseguirá poupar o valor desse aumento.
Então, eu consigo oferecer a ela um aumento de qualidade de vida
quando esse aumento ocorrer, ao mesmo tempo em que ela faz uma
escolha que lhe garantirá uma bela escalada na pirâmide social. Não
é ilusão e é isso que eu quero mostrar para todos. É ter disciplina,
pois a maioria das pessoas não está lidando com o dinheiro de forma
consciente, e sim, de forma intuitiva, pois estamos seguindo os
mesmos ensinamentos de nossos pais, o mesmo roteiro de vida que
nos induz ao erro. Erro, por exemplo, de financiar uma casa em trinta
anos, um carro em sessenta meses, entrar em outros financiamentos
e, só aprender o que é certo e errado depois de muitos anos, porém a
pessoa que aprende isso aos cinqüenta anos já não tem massa crítica
de investimento para acelerar seu projeto e, aos sessenta anos, se
aposentar. Então, eu quero quebrar esse ciclo. Se tivermos um
público grande como é o esperado, teremos muitas pessoas (após o
evento) formadoras de opinião para suas comunidades.
De todos os erros existentes, qual deles é o mais grave?
R: É desprezar os pequenos valores. A pessoa se preocupa, ao fazer
seu planejamento pessoal, com o aluguel, com a mensalidade do
colégio dos filhos, com o plano de saúde, com a escolha do carro, etc.
Tudo isso tem grandes valores e a pessoa tem consciência de todos
eles. Quando ela se depara com a oportunidade de comprar um
celular, uma televisão, ou qualquer bem que lhe trará mais conforto,
ela se lembrará deles. Ao comparar os grandes valores com a sua
renda, ela achará que será possível. Porém, ela esquece que entre a
sua renda mensal e o que ela gastará com os grandes valores,
existem também pequenos gastos que acontecem com freqüência,
como a garrafinha de água, o cafezinho, pequenos presentes, flores,
etc. Se eu não tiver domínio sob esses pequenos valores, eu posso
acreditar que qualquer prestação cabe no meu bolso, quando na
verdade, não é isso. E se ela assume essa prestação, quando ela
entrar no vermelho, o culpado será o pequeno valor. Como se ser
feliz estivesse proibido no orçamento e eu quero convidar as pessoas
a refletirem sobre ser feliz: ter orçamento para qualidade de vida,
mesmo que isso signifique ter uma casa ou um carro mais barato. A
pessoa feliz é menos compulsiva e menos dependente de compras.

Fale-me sobre a relação entre saúde X dinheiro X aspecto


psicológico.
R: Dinheiro é o meio para tudo o que queremos hoje, principalmente
em grandes cidades. Tudo custa. Quando começa faltar dinheiro para
as realizações, surge a ansiedade. A pessoa começa a ficar menos
concentrada, menos criativa e isso traz reflexo para o
relacionamento, seja ele familiar ou social. A pessoa que já vem
cultivando ansiedade e começa a ter seu relacionamento pessoal
prejudicado também se sentirá prejudicada no trabalho. Ela estará
preocupada com os filhos, com a esposa, com as contas. Nesse
momento essa pessoa vai começar a ficar doente, porque terá muitas
frustrações, e terá a sensação de que ela trabalha para tentar manter
um equilíbrio, que não é prazeroso, e ela não diz ‘sim’. Aí ela entrará
em um processo depressivo e terá que usar medicamentos que
corrijam frustração, depressão, mal-estar, que vêm dessa sensação
de desequilíbrio constante. O ideal seria termos uma vida financeira
mais equilibrada, gastar com itens pessoais que nos dão prazer, ter
hobbies, para podermos ter uma vida mais realizada. Uma pessoa
mais inspirada tem relacionamentos mais intensos e isso se reflete no
trabalho. Por exemplo, eu posso ter o mesmo nível de conhecimento
que toda a equipe que trabalha comigo, mas se eu for uma pessoa
bem-humorada, eu serei o primeiro a ser promovido ou único a não
ser demitido, porque eu contagio as pessoas ao meu redor. A pessoa
que constrói qualidade de vida com suas escolhas pessoais também
está evoluindo em sua carreira. Quem se sente mais inspirado tem
menos problemas de depressão e, assim conseguirá prolongar sua
saúde e sua vida.

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